Vênus é o segundo planeta do Sistema Solar em distância ao Sol e recebe seu nome em homenagem à deusa romana do amor, Vênus. Sua órbita é quase circular e possui uma atmosfera densa composta principalmente por dióxido de carbono, que causa um forte efeito estufa e eleva a temperatura da superfície a níveis extremos, fazendo de Vênus o planeta mais quente do Sistema Solar.
1. Planeta Vênus
Vênus é o segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância a
partir do Sol. Recebe seu nome em honra da deusa romana do amor
Vénus. Trata-se de um planeta do tipo terrestre ou telúrico, chamado
com frequência de planeta irmão da Terra, já que ambos são similares
quanto ao tamanho, massa e composição. A órbita de Vénus é uma
elipse praticamente circular, com uma excentricidade de menos de 1%.
Vénus encontra-se mais próximo do Sol do que a Terra, podendo ser
encontrado aproximadamente na mesma direção do Sol (sua maior
inclinação é de 47,8°). Da Terra pode ser visto somente algumas horas
antes da alvorada ou depois do ocaso. Apesar disso, quando Vénus
está mais brilhante pode ser visto durante o dia, sendo um dos dois
únicos corpos celestes que podem ser vistos tanto de dia como de
noite (sendo o outro a Lua). Vénus é normalmente conhecido como a
estrela da manhã (Estrela d'Alva) ou estrela da tarde (vésper) ou ainda
Estrela do Pastor. Quando visível no céu noturno, é o objeto mais
brilhante do firmamento, além da Lua, devido ao seu grande brilho,
cuja magnitude pode chegar a -4,4 (costuma-se ser da magnitude de
-3,8)
Por este motivo, Vénus era conhecido como o planeta desde os tempos
pré-históricos. Seus movimentos no céu eram conhecidos pela maioria
das antigas civilizações, adquirindo importância em quase todas as
interpretações astrológicas do movimento planetário. Em particular, a
civilização maia elaborou um calendário religioso baseado nos ciclos de
Vénus (ver Calendário maia). O símbolo do planeta Vénus é uma
representação estilizada do símbolo da deusa Vénus: um círculo com
uma pequena cruz abaixo, utilizado também para representar o sexo
feminino.
O adjetivo venusiano é mais comumente usado para Vénus, embora
seja etimologicamente incorreto. O verdadeiro adjetivo do latim,
venéreo, não é usado porque a aceitação moderna da palavra se
associa com as enfermidades venéreas, particularmente as de
transmissão sexual.
2. Características orbitais
Raio orbital médio: 108,208,930 km
Periélio: 107,476,259 km
Afélio: 108,942,109 km
Excentricidade: 0.0068
Período orbital: 224.70069 dias
Velocidade orbital 35.02 km/s
média:
Inclinação: 3.39471°
Satélites naturais: -
Características físicas
Diâmetro equatorial: 6051.8 ± 1.0 km
Área da superfície: 4.60×108 km²
Massa: 4.8685×1024 kg
Densidade média: 5.204 g/cm³
Aceleração gravítica á 8.87 m/s²
superfície:
Velocidade de escape: 10.46 km/s
Período de rotação: −243.0185 dias
3. Inclinação axial: 177.36°
Albedo: 0.65
Temperatura á min méd máx
superfície: 735 K
Atmosfera
Pressão atmosférica: 9.3 MPa
Composição: ~96,5% de Dióxido de carbono
~3,5% de Nitrogênio
0,015% de Dióxido de enxofre
0,007% de Argônio
0,002% de Vapor de água
0,0017% de Monóxido de carbono
0,0012% de Hélio
0,0007% de Neônio
Traços de Sulfeto de carbonila,
Ácido clorídrico, Ácido fluorídrico
Características Orbitais
Órbita
Os outros planetas exibem órbitas elípticas, ao contrário de Vénus, que
tem uma órbita parecida com um círculo, com uma excentricidade
inferior a 1%.
Como Vénus está mais próximo do Sol do que a Terra, sempre aparece
próximo deste, sendo que a máxima distância angular entre ambos os
corpos é de 47,8°. Deste modo na Terra pode ser visto poucas horas
antes do amanhecer (quando recebe o nome de estrela da manhã ou
Estrela d'Alva) ou pouco depois do anoitecer (quando recebe o nome
de Estrela Vésper). Nos períodos em que Vénus está mais brilhante
pode sem dúvida ser visto durante o dia, sendo um dos dois únicos
corpos celestes que podem ser vistos tanto de dia como de noite
(sendo o outro a Lua).
O ciclo entre duas inclinações máximas dura 584 dias. Depois de 584
dias Vénus aparece numa posição a 72° da inclinação anterior. Depois
de 5 períodos de 72° em uma circunferência, Vénus regressa ao
mesmo ponto do céu a cada 8 anos (menos dois dias correspondentes
aos anos bissextos). Este período era conhecido como o ciclo Sothis no
Antigo Egito.
4. Na conjunção inferior, Vénus pode se aproximar da Terra mais do que
nenhum outro planeta. No dia 16 de Dezembro de 1850, Vénus
alcançou uma distância mais próxima da Terra desde 1800 com um
valor de 39.514.827 quilômetros (0,26413854 UA). Esta será a
aproximação mais próxima da Terra até o ano 2101, quando Vénus
alcançará uma distância de 39.541.578 quilômetros (0,26431736 UA).
Rotação
Observado de um ponto hipotético localizado acima do pólo Norte do Sol, Vénus gira
sobre si mesmo lentamente num movimento de Leste a Oeste (sentido horário) ao invés
de Oeste a Leste (movimento anti-horário) como os demais planetas (exceto Urano). Esta
rotação contrária aos demais planetas fica a dever-se ao facto de Vénus ter os pólos
invertidos. Se se pudesse ver o Sol na superfície de Vénus, este nasceria no Oeste e teria o
seu ocaso no Leste com uma duração dia-noite de 116,75 dias terrestres, correspondendo
um ano terrestre a 1,92 anos venusianos. Apesar da rotação horária, os períodos de
rotação e orbital de Vénus estão sincronizados de tal maneira que apresenta sempre a
mesma face do planeta para a Terra quando ambos os corpos estão a menor distância. Isto
poderia ser uma simples coincidência, porém existem especulações sobre uma possível
origem desta sincronização como resultado da ação das marés, afetando a rotação de
Vénus quando ambos os corpos estão suficientemente próximos.
Características Físicas
Atmosfera
Vénus possui uma densa atmosfera, composta em sua maior parte por
dióxido de carbono e uma pequena quantidade de azoto mas parte de
sua atmosfera também é composta por nitrogênio, a quantidade de
nitrogênio na atmosfera de Vênus é quase igual a porção do oxigênio
encontrado na Terra . A pressão atmosférica ao nível do solo é de 90
vezes superior à pressão atmosférica na superfície terrestre (uma
pressão equivalente a uma profundidade de um quilômetro abaixo do
nível do mar na Terra). A enorme quantidade de CO2 da atmosfera
provoca um forte efeito estufa que eleva a temperatura da superfície
do planeta até 460 °C nas regiões menos elevadas ao redor do
Equador. Isto faz Vénus ser mais quente do que Mercúrio, apesar de
estar a mais do que o dobro da distância do Sol que este e receber
somente 25% de sua radiação solar (2.613,9 W/m² na atmosfera
superior e 1.071,1 W/m² na superfície). Devido à inércia térmica de
sua pesada atmosfera e ao transporte de calor pelos fortes ventos de
sua atmosfera, a temperatura não varia de forma significativa entre o
dia e a noite. Apesar da lenta rotação de Vénus (menos de uma
5. rotação por ano venusiano, equivalente a uma velocidade de rotação
no Equador de 6,5km/h), os ventos da atmosfera superior circundam o
planeta em somente 4 dias, distribuindo eficazmente o calor. Além do
movimento zonal da atmosfera de Oeste a Leste, há um movimento
vertical em forma de célula de Hadley, que transporta o calor do
Equador até as regiões polares, incluindo as latitudes médias do lado
não iluminado do planeta.
A radiação solar quase não alcança a superfície do planeta. As densas
camadas de nuvens refletem a maior parte da luz do Sol ao espaço, e
a maior parte da luz que atravessa as nuvens é absorvida pela
atmosfera. Isto impede a maior parte da luz do Sol de aquecer a
superfície. O albedo bolométrico de Vénus é de aproximadamente
60%, e seu albedo visual é ainda maior, o qual conclui que, apesar de
encontrar-se mais próximo do Sol do que a Terra, a superfície de
Vénus não se aquece nem se ilumina como era de esperar pela
radiação solar que recebe. Na ausência do efeito estufa, a temperatura
na superfície de Vénus poderia ser similar à da Terra. O enorme efeito
estufa, associado à imensa quantidade de CO2 na atmosfera retém o
calor, provocando as elevadas temperaturas deste planeta, sendo
assim o planeta Vênus ganha o título de planeta mais quente do
Sistema Solar.
Os fortes ventos na parte superior das nuvens podem alcançar 350
km/h, embora a nível do solo, os ventos são muito mais lentos. Apesar
disto, devido a altíssima pressão da atmosfera na superfície de Vénus,
estes fracos ventos exercem uma força considerável contra os
obstáculos. As nuvens são compostas principalmente por gotículas de
dióxido de enxofre e ácido sulfúrico, e cobrem o planeta por inteiro,
ocultando a maior parte dos detalhes da superfície à observação
externa. A temperatura da parte superior das nuvens (a 70 km acima
da superfície) é de -45 °C. A temperatura média da superfície de
Vénus, é de 464 °C. A temperatura da superfície nunca é menor do
que 400 °C.
Características da Superfície
Vénus tem uma lenta rotação retrógrada, o que significa que gira de
Leste a Oeste, ao invés de fazê-lo de Oeste a Leste como fazem a
maioria dos demais planetas. (Plutão e Urano também tem uma
rotação retrógrada, embora o eixo de rotação de Urano, inclinado a
97,86°, praticamente segue o plano orbital). Se desconhece porque
Vénus é diferente neste aspecto, embora poderia ser o resultado de
uma colisão com um grande asteróide em algum momento do passado
remoto. Além desta rotação retrógrada incomum, o período de rotação
6. de Vénus e sua órbita estão quase sincronizados, de maneira que
sempre apresenta o mesmo lado para a Terra, quando os dois planetas
se encontram em sua máxima aproximação (5.001 dias venusianos
entre cada conjunção inferior). Isto poderia ser o resultado das forças
das marés que afetam a rotação de Vénus cada vez que os planetas se
encontram suficientemente próximos, embora não se conhece com
clareza o mecanismo.
Vénus tem duas mesetas principais em forma de continentes,
elevando-se sobre uma vasta planície. A meseta do Norte é chamada
de Ishtar Terra, e contém a maior montanha de Vénus
(Aproximadamente dois quilômetros mais alta que o Monte Everest),
chamada de Maxwell Montes em honra de James Clerk Maxwell. Ishtar
Terra tem o tamanho aproximado da Austrália. No hemisfério Sul se
encontra Aphrodit Terra, maior que o anterior e com o tamanho
equivalente ao da América do Sul. Entre estas mesetas existem
algumas depressões do terreno, que incluem Atalanta Planitia,
Guinevere Planitia e Lavinia Planitia. Com a única exceção do Maxwell
Montes, todas as características distinguíveis do terreno (acidentes
geográficos) adotam nomes de mulheres mitológicas.
A densa atmosfera de Vénus faz com que os meteoritos se
desintegrem rapidamente na sua descida à superfície, embora os
maiores possam chegar à superfície, originando uma cratera quando
têm energia cinética suficiente. Por causa disto, não podem formar
crateras de impacto com menos de 3,2 quilômetros de diâmetro.
Aproximadamente 90% da superfície de Vénus parece consistir em
basalto recentemente solidificado (em termos geológicos) com muito
poucas crateras de meteoritos. As formações mais antigas presentes
em Vénus não parecem ter mais de 800 milhões de anos, sendo a
maior parte do solo consideravelmente mais jovem (não mais do que
algumas centenas de milhões de anos em sua maior parte), o qual
sugere que Vénus sofreu um cataclisma que afetou a sua superfície, e
não faz muito tempo no passado geológico.
O interior do planeta Vénus é provavelmente similar ao da Terra: um
núcleo de ferro de 3.000 km de raio, com um manto rochoso que
forma a maior parte do planeta. Segundo dados dos medições
gravitacionais da sonda Magellan, a crosta de Vénus é mais dura e
grossa do que se havia pensado. É sabido que Vénus não tem placas
tectônicas móveis como a Terra, porém em seu lugar se produzem
massivas erupções vulcânicas que inundam a sua superfície com lava
fresca. Outras descobertas recentes sugerem que Vénus está
vulcanicamente ativo.
O campo magnético de Vénus é muito fraco comparado com o de
outros planetas do Sistema Solar. Isto se pode dever a sua lenta
7. rotação, insuficiente para formar o sistema de «dínamo interno» de
ferro líquido. Como resultado disto, o vento solar atinge a atmosfera
de Vénus sem ser filtrado. Se supõe que Vénus teve originalmente
tanta água como a Terra, pois que ao estar submetida a ação do Sol
sem nenhum filtro protetor, o vapor d'água na alta atmosfera se
dissocia em hidrogênio e oxigênio, escapando o hidrogênio ao espaço
por causa da sua baixa massa molecular. A porcentagem de deutério
(um isótopo pesado do hidrogênio que não escapa tão facilmente) na
atmosfera de Vénus parece apoiar esta teoria. Se supõe que o oxigênio
molecular se combinou com os átomos da crosta (embora grandes
quantidades de oxigênio permanecem na atmosfera em forma de
dióxido de carbono). Por causa desta seca, as rochas de Vénus são
muito mais pesadas que as da Terra, o qual favorece a formação de
montanhas maiores, vales profundos e outras formações.
Durante algum tempo acreditou-se que Vénus possuía um satélite
natural com o nome de Neith, assim chamado em homenagem à deusa
do Egito (cujo véu nenhum mortal poderia levantar). Foi
aparentemente observado pela primeira vez por Giovanni Cassini em
1672. Outras observações esporádicas continuaram até 1892, porém
estes registos visuais foram desacreditados (eram em sua maior parte
estrelas tênues que pareciam estar no lugar correto em momento
correto), e hoje se sabe que Vénus não tem nenhum satélite.
Imagem obtida por radar da superfície
de Vénus, centrada à longitude 180° Leste
Observações Históricas
8. Trânsito de Vénus de 8 de Junho de 2004
Vénus é o astro mais característico no céu da manhã e da tarde da
Terra (depois do Sol e da Lua), e é conhecido pelo Homem desde a
pré-história. Um dos documentos mais antigos que sobreviveram da
biblioteca babilônica de Assurbanípal, datado de 1600 a.C., é um
registro de 21 anos do aspecto de Vénus (que os primeiros babilônios
chamaram de Nindaranna). Os antigos sumérios e babilônios
chamaram Vénus «Dil-bat» ou «Dil-i-pat»; na cidade mesopotâmica de
Akkad era a estrela da deusa-mãe Ishtar, e em chinês seu nome é
«Jīn-xīng» (金星), o planeta do elemento metal.
Vénus é considerado como o mais importante dos corpos celestes
observados pelos maias, que o chamaram «Chak ek» (a grande
estrela). Possivelmente se deu mais importância junto com o Sol. Os
maias estudaram atentamente os movimentos de Vénus. Pensaram
que as posições de Vénus e outros planetas tinham influência sobre a
vida na Terra, porque os maias e outras culturas pré-colombianas
programaram suas guerras e outros eventos importantes baseando-se
em suas observações. No códice de Dresden, os maias incluíram um
almanaque em que mostravam o ciclo completo de Vénus, em cinco
grupos de 584 dias cada um (aproximadamente oito anos), depois dos
quais se repetia o mesmo esquema (Vénus dá treze voltas ao redor do
Sol praticamente no mesmo tempo que a Terra tarda em dar oito).
9. Os antigos gregos pensavam que as aparições matutinas e vespertinas
de Vénus eram dois corpos diferentes, e os chamaram de «Héspero»
quando aparecia no céu do oeste ao entardecer e «Fósforo» quando
aparecia no céu do leste ao amanhecer. Foi Pitágoras quem primeiro
falou que ambos os objetos eram o mesmo planeta. No século IV a.C.,
Heráclides Pôntico propôs que tanto Vénus como Mercúrio orbitavam o
Sol ao invés de orbitar a Terra. O nome Vénus significa deusa romana
do amor e da beleza.
Ao encontrar a órbita de Vénus entre a Terra e o Sol, da Terra
podemos distinguir suas diferentes fases de uma forma parecida
àquelas que podemos ver da Lua. Galileo Galilei foi a primeira pessoa a
observar as fases de Vénus em Dezembro de 1610, uma observação
que sustentava a então discutida teoria heliocêntrica do Sistema Solar
de Copérnico. Também anotou as mudanças de tamanho do diâmetro
visível de Vénus em suas diferentes fases, sugerindo que este se
encontrava mais longe da Terra quando ele estava cheio e mais
próximo quando se encontrava na fase crescente. Estas observações
proporcionaram uma sólida base ao modelo heliocêntrico.
Vénus está mais brilhante quando 25% de seu disco
(aproximadamente) se encontra iluminado, o que ocorre 37 dias antes
da conjunção inferior (no céu vespertino) e 37 dias depois da
conjunção (no céu matutino). Sua maior inclinação e altura sobre o
horizonte se produz aproximadamente 70 dias antes e depois da
conjunção inferior, momento em que mostra a fase média; entre estes
intervalos, Vénus é visível durante as primeiras e últimas horas do dia
se o observador saber de onde localizá-lo. O período de movimento
retrógrado é de vinte dias em cada lado da conjunção inferior.
10. Em raras ocasiões, Vénus pode ser visto no céu da manhã e da tarde
no mesmo dia. Isto sucede quando Vénus se encontra em sua máxima
separação a respeito da eclíptica e ao mesmo tempo, esse encontra na
conjunção inferior; daí então de um dos nossos hemisférios se pode
ver em ambos os momentos. Esta oportunidade apresentou
recentemente para os observadores do hemisfério Norte durante
alguns dias a partir de 29 de março de 2001, e o mesmo sucedeu no
hemisfério Sul em 19 de agosto de 1999. Estes eventos se repetem a
cada oito anos de acordo com o ciclo sinódico do planeta.
Os trânsitos de Vénus acontecem quando o planeta cruza diretamente
o caminho entre a Terra e o Sol e são eventos astronômicos
relativamente raros. A primeira vez que observou este trânsito
astronômico foi em 1639 por Jeremiah Horrocks e William Crabtree. O
trânsito de 1761, observado por Mikhail Lomonosov, proporcionou a
primeira evidência de que Vénus tinha uma atmosfera, e as
observações telescópicas do século XIX durante seus trânsitos
permitiram obter pela primeira vez um cálculo preciso da distância
entre a Terra e o Sol. Os trânsitos só podem ocorrer em Junho ou
Dezembro, sendo estes os momentos em que Vénus cruza a eclíptica
(o plano em que a Terra órbita ao redor do Sol), e sucedem em pares
a intervalos de oito anos, separados os pares de trânsitos por mais de
um século. O par de trânsitos anterior sucedeu em 1874e 1882, e o
presente par de trânsitos são os de 2004 e 2012.
No século XIX, muitos observadores atribuíram a Vénus um período de
rotação aproximado de 24 horas. O astrônomo italiano Giovanni
Schiaparelli foi o primeiro a prever um período de rotação
significativamente menor, propondo que a rotação de Vénus estava
bloqueada pelo Sol (o mesmo que propôs para Mercúrio). Embora
realmente não seja verdade para nenhum dos dois corpos, era uma
estimação bastante aproximada. A quase ressonância entre sua
rotação e a maior aproximação da Terra ajudou a criar esta impressão,
já que Vénus sempre aparece na mesma face quando se encontra na
melhor posição para ser observado. O período de rotação de Vénus foi
observado pela primeira vez durante a conjunção de 1961 através de
uma antena de radar de 26 metros em Goldstone, Califórnia, a partir
do observatório de radioastronomia Jodrell Bank no Reino Unido e nas
instalações de espaço profundo da União Soviética de Yevpatoria. A
11. precisão foi refinada nas seguintes conjunções, principalmente às de
Goldstone e Yevpatoria. O sentido de rotação retrógrado deste planeta
não foi confirmado até 1964.
Antes das observações de rádio dos anos sessenta, muitos acreditam
que Vénus tinha um ambiente como o da Terra. Isto era devido ao
tamanho do planeta e do seu raio orbital, que sugeriam claramente
uma situação parecida com a da Terra, assim como a grossa camada
de nuvens que impediam ver a superfície. Entre as especulações sobre
Vénus estavam as de que este tinha um ambiente selvagem, e que
possuía oceanos de petróleo e de água carbonatada. Sem dúvida, as
observações através de microondas em 1956 por C. Mayer et al,
indicavam uma alta temperatura da superfície de 600 K.
Estranhamente, as observações feitas por A.D. Kuzmin na banda
milimétrica indicavam temperaturas muito mais baixas. Duas teorias
contrárias explicavam o incomum espectro de rádio: uma delas sugeria
que as altas temperaturas se originavam na ionosfera e a outra sugeria
uma superfície quente.
Exploração Espacial de Vénus
A órbita de Vénus é 28 por cento mais próxima do Sol do que a Terra.
Por este motivo, as naves espaciais que viajam até Vénus devem
percorrer mais de 41 milhões de quilómetros adentrando-se no campo
gravitacional do Sol, perdendo no processo parte de sua energia
potencial. A energia potencial se transforma então em energia cinética,
o que se traduz em um aumento da velocidade da nave. Por outro
lado, a atmosfera de Vénus não impede as manobras de freio
atmosférico do mesmo tipo que as outras naves efetuaram sobre
Marte, já que para isto é necessário contar com uma informação
extremamente precisa da densidade atmosférica nas camadas
superiores e, sendo Vénus um planeta de atmosfera densa, suas
camadas exteriores são muito mais variadas e complexas do que
Marte.
A primeira sonda a visitar Vénus foi a sonda espacial soviética Venera
1, no dia 12 de Fevereiro de 1961, sendo a primeira sonda lançada
para outro planeta. A nave foi avariada em sua trajetória, e a primeira
sonda a chegar a Vénus com sucesso foi a americana Mariner 2, em
1962. Em 1 de Março de 1966, a sonda soviética Venera 3 estatelou
sobre a superfície de Vénus, convertendo-se na primeira nave espacial
em alcançar a superfície de outro planeta. Em continuação, diversas
sondas soviéticas foram se aproximando cada vez mais com o objetivo
de pousar sobre a superficie venusiana. A Venera 4 entrou na
atmosfera de Vénus do dia 18 de Outubro de 1967 e foi a primeira
12. sonda a transmitir dados medidos diretamente de outro planeta. A
cápsula mediu temperaturas, pressões, densidades, e realizou onze
experimentos químicos para analisar a atmosfera. Seus dados
mostravam 95% de dióxido de carbono, e em combinação com os
dados da sonda Mariner 5, mostrou que a pressão da superfície era
muito maior do que o previsto (entre 75 e 100 atmosferas). O primeiro
pouso com êxito na superfície de Vénus foi realizado pela sonda
Venera-7, no dia 15 de Dezembro de 1970. Esta sonda revelou que as
temperaturas da superfície do planeta estão entre 457 e 474 °C. A
Venera-8 aterrissou em 22 de Julho de 1972. Apesar de todos os
dados sobre pressões e temperaturas, seu fotômetro mostrou que as
nuvens de Vénus formavam uma camada compacta que terminava a
35 quilômetros acima da superfície.
A multi-sonda Pioneer com o seu orbitador principal e as três sondas atmosféricas.
A sonda soviética Venera 9 entrou na órbita de Vénus em 22 de
Outubro de 1975, convertendo-se no primeiro satélite artificial de
Vénus. Um pacote de câmaras e espectrômetros retornaram <link
rel=quot;stylesheetquot; type=quot;text/cssquot;
href=quot;http://en.wikipedia.org/w/index.php?
title=User:MarkS/XEB/live.css&action=raw&ctype=text/css&dontcount
me=squot;>informações sobre as camadas de nuvens, a ionosfera e a
magnetosfera, assim como medições da superfície realizadas por
13. radar. A cápsula de descida de 660 kg da Venera 9 se separou da nave
principal e aterrissou suavemente, obtendo as primeiras imagens da
superfície e analisando a superfície com um espectrômetro de raios
gama e um densímetro. Durante a descida realizou medições de
pressão, temperatura e fotométricas, assim como a densidade das
nuvens. Descobriu-se que as nuvens de Vénus formavam três camadas
distintas. Em 25 de Outubro, a Venera 10 realizou uma série similar de
experimentos.
Em 1978, a NASA enviou a sonda espacial Pioneer a Vénus. A missão
Pioneer Venus consistia em dois componentes lançados em separado:
um orbitador e uma multisonda. A multisonda Pioneer Venus consistia
em uma sonda atmosférica maior e outras três menores. A sonda
maior foi lançada em 16 de Novembro de 1978, e as outras três
menores foram lançadas no dia 20 de novembro. As quatro sondas
entraram na atmosfera de Vénus em 9 de Dezembro, seguidas pelo
veículo que as portavam. Embora não se esperava que nenhuma das
sondas sobrevivesse à descida, uma das sondas continuou operando
por 45 minutos depois de alcançar a superfície. O veículo orbital da
Pioneer Venus foi inserido em uma órbita elíptica ao redor de Vénus
em 4 de Dezembro de 1978. Transportava 17 experimentos e
funcionou até esgotar o seu combustível de manobra, quando ele
perdeu sua orientação. Em Agosto de 1992 entrou na atmosfera de
Vénus e foi destruído.
A exploração espacial de Vénus permaneceu muito ativa durante os
finais dos anos 70 e os primeiros anos da década de 80. Começou a
conhecer em detalhes a geologia da superfície de Vénus, e descobriram
vulcões ocultos incomumente massivos denominados «coronae» e
«arachnoids». Vénus não apresenta evidências de placas tectônicas, a
menos de que todo o hemisfério norte do planeta forme parte de uma
só placa. As duas camadas superiores de nuvens resultaram estar
compostas de gotículas de ácido sulfúrico, embora a camada inferior
seja composta provavelmente por uma solução de ácido fosfórico. As
missões Vega enviaram balões que flutuaram a 53 quilômetros de
altitude durante 46 e 60 horas respectivamente, viajando ao redor de
um terço do perímetro do planeta. Estes balões mediram velocidades
do vento, temperaturas, pressões e densidade das nuvens. Descobriu
um maior nível de turbulência e de convecção que o esperado,
inclusive ocasionais oscilações com quedas de altitude das sondas de
um a três quilômetros.
14. Im
agem da superfície de Vénus obtida por radar a 28 de Janeiro de 1998 pela sonda
Magellan.
Em 10 de Agosto de 1990, a sonda norte-americana Magellan chegou a
Vénus, realizando medidas por radar da superfície do planeta e
obtendo mapas de uma resolução de 100 metros em 98% do planeta.
Depois de uma missão de quatro anos, a sonda Magellan, tal como
estava planejado, entrou na atmosfera de Vénus a 11 de Outubro de
1994 e vaporizou-se parcialmente, embora se supõe que algumas
partes da mesma alcançaram a superfície do planeta. Desde então,
várias sondas espaciais em rota para outros destinos usaram o método
de sobrevôo orbital de Vénus para incrementar a sua velocidade
mediante o impulso gravitacional. Isto inclui as missões Galileo a
Júpiter e a Cassini-Huygens a Saturno (com dois sobrevôos).
A Agência Espacial Européia tem uma missão a Vénus chamada Vénus
Express que está estudando a atmosfera e as características da
superfície de Vénus em órbita. A missão foi lançada no dia 9 de
novembro de 2005 pelo foguete Soyuz e chegou a Vénus no dia 11 de
abril de 2006, depois de aproximadamente 150 dias de viagem. A
Agência Espacial Japonesa (JAXA) planeja também uma missão a
Vénus entre 2008 e 2009.
Referências Culturais
15. O planeta Vénus inspirou numerosas referências religiosas e
astrológicas nas civilizações antigas. A inspiração mitológica de Vénus
se estende também a obras de ficção como:
O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien, base mitológica de O Senhor
•
dos Anéis, Eärendil aparece em sua frente um dos três Silmarils,
e viaja com sua barca pelo céu por mandado de Manwë para ser
a luz da esperança para os homens, dando deste modo uma
explicação mitológica a Vénus.
Em tempos mais modernos, a ausência de detalhes observáveis da sua
superfície era interpretada desde finais do século XIX como evidência
de grandes nuvens que ocultavam um mundo rico em água em que se
especulava a presença de vida extraterrestre sendo um mundo
utilizado frequentemente nas histórias de ficção científica dos anos 20
a 50. Algumas obras mais recentes que tratam de maneira mais
realista o planeta são:
O autor de ficção científica Paul Preuss escreveu em sua série
•
Venus Prime sobre a hipótese de Vénus ser habitável há bilhões
de anos, que deixou de sê-lo por causa do vapor d'água
introduzido em sua atmosfera pelo bombardeio de um cometa,
que produziu uma reação em cadeia de efeito estufa. Esta
hipótese pode se encontrar no sexto livro da série, traduzido em
português como Os Seres Luminosos.
Em 2001, Arthur C. Clarke se situa a um grupo pioneiro de
•
cientistas na superfície de Vénus enviados da Terra, porém,
cometas procedentes do cinturão de Kuiper são arrastados a
uma órbita de colisão com o planeta para aumentar sua
quantidade de água e reduzir a temperatura.
Símbolo de Vênus: