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                                               Janeiro/Março
                                               de 2011
                                               ISSN 1517-8021




ATÉ
QUANDO?
A tragédia sem precedentes na Região
Serrana traz à tona uma discussão sempre
presente em situações graves, mas que
rapidamente é esquecida pelo poder público:
o que é possível fazer para que calamidades
como esta não aconteçam mais?
ESPECIAL
ediToRiAl


É preciso cobrar!
E   m meio ao caos na Região Serrana do Rio, há
    duas coisas que podem ser ditas sem preci-
pitações: já é uma das piores catástrofes do país,
                                                      1940 e o início do século XXI. Nesse período, o
                                                      país passou por um processo intenso de urbani-
                                                      zação, tendo que abrigar mais de 125 milhões de
e muitos dos estragos causados pela tempestade        pessoas em suas cidades. E essa transição acon-
que se abateu na região, no dia 11 de janeiro, po-    teceu sem planejamento.
deriam ser evitados ou amenizados.
                                                         Moradias irregulares, despejo de lixo em en-
    A falta de planejamento urbano e a inexis-        costas e construções à margem de rios assorea-
tência de uma estratégia de emergência – que          dos completam a equação mortal.
incluiria não apenas equipamentos meteoroló-
gicos adequados para previsão de tempestades             É preciso cobrar das autoridades públicas um
e outras intempéries, mas uma comunicação             plano amplo e perene nas áreas de habitação, sa-
ágil e eficiente entre os institutos de previsão do   neamento básico, transporte, uso correto do solo
tempo com a Defesa Civil e demais órgãos pú-          e para situações de emergência, para que se deixe
blicos – são os principais responsáveis pela gra-     de contabilizar mortos.
ve situação e a mortalidade elevada. Há poucos
dias, a Austrália sofreu uma das piores enchentes     Artigo publicado no Jornal O Globo em17/01/2011
dos últimos 50 anos, alagando a terceira maior
cidade do país, de 2 milhões de habitantes, em
uma área equivalente ao tamanho da África do          Agostinho Guerreiro
Sul. Apesar do tamanho da tragédia, o número          Presidente do CReA-RJ
                                                      (www.agostinhoguerreiro.blogspot.com)
de mortes registradas não chegou a 20 pessoas e
teve pouco mais de 90 desaparecidas.

    A diferença está no fato de que, no distante
país da Oceania, o plano de emergência funciona
e a consideração pela vida humana se traduz em
ações concretas. A subsecretária da ONU para Re-
dução de Riscos de Desastres, Margareta Wahls-
tröm, recentemente comparou os dois episódios
e citou, em uma entrevista, ser básica a existên-
cia de abrigos para onde a população possa ser
evacuada e uma orientação eficiente para estas
situações. A especialista citou ainda um estudo
feito pelas Nações Unidas que diz que, para cada
dólar investido em prevenção, cerca de US$ 7 são
economizados em resgates e na reconstrução
dos locais afetados.

    O crescimento desordenado das cidades e a
falta de uma política séria de habitação, que in-
cluiria uma fiscalização rigorosa da ocupação de
áreas de risco, também fazem com que seja cria-
do, no Brasil, o cenário perfeito para a destruição
que presenciamos. A população urbana no país
cresceu de 26,3% para 81,2% entre a década de
sumário   Revista do Crea-RJ . Nº 86
                                                             Janeiro/Março de 2011




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                                                                                                                   A TRAGÉdiA NA ReGiÃo SeRRANA
                                                                                       especialistas recomendam mapeamento como ponto de partida para
                                                                                     evitar as catástrofes que vêm castigando o Rio de Janeiro todos os anos


CApA




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iNSTiTuCioNAl
                                   8
                                   iNSTiTuCioNAl
                                                                          10
                                                                          eCoNoMiA e MeRCAdo
                                                                                                                      36
                                                                                                                      Meio AMBieNTe
diA do PRoFiSSioNAl                PRÊMio Meio AMBieNTe                   eNGeNHARiA eM AlTA                          ôNiBuS SuSTeNTÁVel
Na cerimônia, foi entregue o       emoção marca entrega da                Área tecnológica: mais oportunidades        As ações para reduzir a quantidade de
diploma de láurea ao Mérito 2010   tradicional premiação                  do que profissionais no mercado             gases emitidos pelos ônibus no Rio
Presidente
                                                                                                              engenheiro Agrônomo
                                                                                                            Agostinho Guerreiro

                                                                                                                   diretoria
                                                                                                                 1º Vice-Presidente
                                                                                                  engenheiro eletricista e Técnico em eletrotécnica
                                                                                                       Clayton Guimarães do Vabo



                                                             40
                                                                                                                 2º Vice-Presidente
                                                                                                    engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho
                                                                                                                 Sergio Niskier
                                                                                                            1º diretor-Administrativo
                                                             CulTuRA e MeMÓRiA                      eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho
                                                                                                        Rockfeller Maciel Peçanha
                                                             oBRA HiSTÓRiCA                                 2ª diretora-Administrativa
                                                             Alargamento da Avenida Atlântica,                      Meteorologista
                                                             que mudou a cara de Copacabana,         Francisca Maria Alves Pinheiro
                                                             completa 40 anos
                                                                                                            3º diretor-Administrativo
                                                                                                               Técnico em eletrotécnica
                                                                                                                  Sirney Braga
                                                                                                               1º diretor-Financeiro
                                                                                                                engenheiro eletricista
                                                                                                 Antonio Claudio Santa Rosa Miranda
                                                                                                               2º diretor-Financeiro


                                                             45
                                                                                                  Técnico em eletrônica, eng. eletricista – Ênfase em
                                                                                                      Computação e de Segurança do Trabalho
                                                                                                      Ricardo Do Nascimento Alves
                                                                                                               3º diretor-Financeiro
                                                             ARTiGo                                  eng. eletricista, de Segurança do Trabalho e
                                                                                                               Técnico em eletrotécnica
                                                             o MeRCAdo PuBliCiTÁRio                     José Amaro Barcelos Lima
                                                             Saiba o que a publicidade tem
                                                             a aprender com a engenharia                CoMiSSÃo ediToRiAl - Ce
                                                             aplicada às ideias                                     Coordenador
                                                                                                       eng. eletricista-industrial eletrotécnica e
                                                                                                               de operação eletricidade
                                                                                                             Alcebíades Fonseca
                                                                                                              Coordenador-Adjunto
                                                                                                                    eng. Agrônomo
                                                                                                            Luiz Rodrigues Freire



                                                             46
                                                                                                                      Membros
                                                                                                                    eng. Mecânico
                                                                                                        Oduvaldo Siqueira Arnaud
                                                                                                      eng. eletricista e Técnico em eletrotécnica
                                                             iNSTiTuCioNAl                             Clayton Guimarães do Vabo
                                                                                                                    Meteorologista
                                                             ViSToRiA NA CidAde do SAMBA                  Francisca Alves Pinheiro
                                                             Comissão do Conselho apontou
                                                                                                                      Suplentes
                                                             problemas na fiação e nas tomadas
                                                                                                    eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho
                                                             como possíveis causas do incêndio
                                                                                                        Rockfeller Maciel Peçanha;
                                                                                                   engª elétrica Lusia Maria De Oliveira;
                                                                                                    Técnico em eletrônica e engenheiro eletricista
                                                                                                      Ricardo do Nascimento Alves;
                                                                                                   Arquiteto e urbanistaPaulo Oscar Saad;
                                                                                                             Técnico em Agropecuária
                                                                                                    Adriano Martins Carneiro Lopes


                                                                                                             assessoria de
INDÚSTRIA E INFRAESTRUTURA                                                                              Marketing e Comunicação
CoMPRA de NoVoS TReNS Pelo MeTRô Rio GeRA PolÊMiCA. eSPeCiAliSTAS AFiRMAM
Que AiNdA HÁ MuiTo o Que FAZeR PARA ReSolVeR PRoBleMAS                                   14               Assessor Chefe alex Campos
                                                                                                        Assessora Maria dolores Bahia
                                                                                                     editor Coryntho Baldez (MT. 25.489)
                                                                                                  Colaboradores Joceli Frias, Vera Monteiro,
                                                                                                        Uallace Lima e aline Martins
CAMpO                                                                                                      estagiária: nathália ronfini
eSTudoS SoBRe AVAliAÇÃo de RiSCoS NoS TRABAlHAdoReS RuRAiS SeRÃo
oBRiGATÓRioS PARA ReGiSTRo de AGRoTÓXiCoS                                                18      Reportagem Monte Castelo: dânae Mazzini,
                                                                                                     Helena roballo, Joana algebaile,
                                                                                                       Maíra amorim e natália soares
                                                                                                         Projeto gráfico Paula Barrenne
                                                                                                     diagramação trama Criações de arte
CIDADE                                                                                                      ilustração Claudio duarte


                                                                                         34
o CeNTRo de oPeRAÇÕeS Rio (CoR) É PRoJeTo PioNeiRo No PAÍS e VAi AJudAR NA                                  impressão Gráfica esdeva
oRGANiZAÇÃo dA CoPA do MuNdo 2014 e dAS oliMPÍAdAS 2016                                                   Tiragem 140 mil exemplares
                                                                                                           Publicidade: (21) 3232-4600
                                                                                                      Rua Buenos Aires, 40 – Centro – RJ
                                                                                                             www.crea-rj.org.br
cartas
6




    Cursos de engenharia
    Gostaria de manifestar a exatidão do diagnóstico sobre os cursos de engenharia na                                                                       85    Novem
                                                                                                                                                                  Dezem bro/
                                                                                                                                                                 ISSN
                                                                                                                                                                    151
                                                                                                                                                                        bro de
                                                                                                                                                                        7-8021
                                                                                                                                                                               2010




    matéria da dânae Mazzini, publicada na edição 84 da Revista do CReA-RJ. Graduei-
    me em 2000 pela uFRJ em engenharia mecânica e absolutamente todos os proble-
    mas encontrados por mim e pelos meus colegas estão retratados na reportagem.

    Fico muito feliz que haja uma mobilização para a modificação da grade curri-
    cular dos cursos e torço para que os mesmos tornem-se mais atrativos e ade-                     A ER
                                                                                                    O P O A DA S
    quados às necessidades do mercado.                                                                   RTUN
                                                                                                               I DA D
                                                                                                     Form
                                                                                                           ar pro
                                                                                                    para          ssiona
                                                                                                         os
                                                                                                   anun investim is quali
                                                                                                        ci
                                                                                                  grande am no pr
                                                                                                                     entos
                                                                                                                    é-
                                                                                                                                  ca
                                                                                                                           que se dos
                                                                                                                                        ES
                                                                                                 “bom s evento sal e nos
                                                                                                                   s
    Fabiano Coradini
                                                                                                        pr
                                                                                                que re oblema” esportivos
                                                                                                       solver       qu          é
                                                                                                               nos pr e o Brasil o
                                                                                                                     óxim       te
                                                                                                                          os an rá        CREA
                                                                                                                                os
                                                                                                                                         hom -RJ presta
    engenheiro Mecânico                                                                                                                      e
                                                                                                                                         Osca nagem a
                                                                                                                                             r Nie
                                                                                                                                                   meye
                                                                                                                                                        r



    Falta de Profissionais
    Temos visto constantemente na imprensa, em geral, matérias      onde estão os anúncios solicitando todos esses profissionais
    dando conta de uma suposta falta de profissionais, como ocor-   que estariam faltando. Tenho a impressão de que o que que-
    reu em duas matérias publicadas na Revista 84 do CReA-RJ. Se    rem dizer é: “faltam profissionais bons e de baixo custo”. esses,
    assim fosse, veríamos os classificados abarrotados de anún-     porém faltarão sempre...
    cios solicitando esses profissionais, o que não ocorre. Tenho
    25 anos de experiência e respondido a alguns anúncios que       Marcos M. Nascimento
    aparecem aqui e ali, porém sem retorno. Peço que informem       Técnico em eletrotécnica


                                                                    Técnicos de Nível Médio
                                                                    em primeiro lugar, quero parabenizar a equipe responsá-
                                                                    vel pelas matérias que vêm sendo publicadas nesta Revista.
                                                                    Mas o que quero é deixar clara a minha preocupação com
                                                                    a dificuldade na área Técnica, pois estamos diante de duas
                                                                    realidades. em primeiro lugar temos que formar técnicos
                                                                    com base, que começa no estágio; em segundo lugar, dar
                                                                    espaço aos “velhos”, porque os mesmos precisam interagir
                                                                    com os jovens e passar para eles a experiência adquirida ao
                                                                    longo dos anos.

                                                                    Luiz Fernando Figueiredo
                                                                    Técnico industrial




      crea
        Revista do
                                               Sua opinião é muito importante. Acompanhe as ações do

                                   rJ
                                               Crea-RJ e envie ideias, sugestões ou críticas para o e-mail
                                               revista@crea-rj.org.br
institucional       7




                                                   Dia do Profissional
                                                        do Sistema Confea/Crea
André Cyriaco




          P    ara celebrar o Dia do Profissio-
               nal do Sistema Confea/Crea (11
          de dezembro), o CREA-RJ prestou
                                                       A premiação foi marcada pelo
                                                  reencontro de colegas de longa
                                                  data, reconhecimento mais que de-
                                                                                         muito difícil para nós, profissionais,
                                                                                         vermos tantos colegas atuarem em
                                                                                         áreas absolutamente diferentes das
          homenagem aos profissionais e às        vido de méritos e gratas surpresas.    que foram formados. Mas, felizmen-
          instituições que mais se destacaram     “Como meteorologista, fui prepara-     te, estamos vivendo num outro cená-
          por suas contribuições ao meio am-      do para fazer previsões. Mas agora,    rio. Agora recebemos demanda de
          biente e ao Conselho. Em 2010, du-      percebi que errei, pois nunca pode-    dentro e de fora do estado. E, assim
          rante a cerimônia solene comemo-        ria imaginar que ganharia esse prê-    como fomos vítimas dessa econo-
          rativa da data, realizada na sede do    mio”, emocionou-se José Marques,       mia, que durante duas décadas não
          CREA-RJ, no dia 13 de dezembro,         ao receber seu Diploma de Láurea       cresceu, hoje somos os atores sociais
                                                                                                                                      Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




          foram entregues o Diploma de Láu-       ao Mérito.                             do desenvolvimento do país”.
          rea ao Mérito 2010, certificados de          Durante a abertura do evento, o        Também fizeram parte da mesa
          função exercida de serviços meritó-     presidente do CREA-RJ, Agostinho       do eventoos à época vice-presidente
          rios prestados à nação e de serviços    Guerreiro, lembrou das dificulda-      Luiz Antônio Cosenza; diretora
          relevantes, além do Prêmio CREA         des passadas pelos profissionais das   Sônia Le Cocq; diretor Alcebíades
          de Meio Ambiente 2010. Ao todo, fo-     áreas tecnológicas nos anos 1980 e     Fonseca; e coordenador da Comissão
          ram homenageados 61 profissionais       1990 e a mudança desse quadro nos      de Meio Ambiente, Sérgio Velho.
          e duas instituições, em parceria.       últimos anos. “Naquele tempo, era      (Nathália Ronfini)   •
8
8    institucional




                                                                                                                        André Cyriaco
    emoção na entrega do
    Prêmio CREA-RJ de
    Meio Ambiente
    M       uitas vezes, cuidar do meio
            ambiente ainda é uma luta
    solitária de alguns cidadãos ou pe-
                                          do Conselho, foram homenageados
                                          quatro profissionais e duas institui-
                                          ções parceiras.
                                                                                  tribuir com essa causa”, declarou
                                                                                  Magnanini.

    quenos grupos. Embora essa seja                                               OUTROS HOMENAGEADOS
    uma questão cada vez mais discuti-    LUTA HISTÓRICA                              Além de Alceo Magnanini, tam-
    da, ainda são poucos os que fazem         Ao receber seu prêmio, o enge-      bém foram agraciados o geógrafo
    muito em prol da preservação.         nheiro agrônomo Alceo Magnanini         Antônio José Teixeira Guerra; o enge-
    Para reconhecer os profissionais e    emocionou os presentes com o tes-       nheiro químico Odir Clécio da Cruz
    instituições que mais se destacaram   temunho de que a preservação do         Roque; a parceria entre a Comissão
    por zelar por essa causa, o CREA-     meio ambiente merece a dedicação        Pastoral da Terra (Baixada Flumi-
    RJ oferece, anualmente, o Prêmio      de uma vida inteira.                    nense) e a Empresa de Assistência
    CREA de Meio Ambiente. Em 13              “Eu acredito que nós precisa-       Técnica e Extensão Rural (Emater)
    de dezembro 2010, durante a co-       mos do meio ambiente, mas o meio        de Nova Iguaçu; e, em homenagem
    memoração do Dia do Profissional      ambiente não precisa de nós. Estou      póstuma, o engenheiro eletricista Ro-
    do Sistema Confea/Crea, na sede       com 85 anos, mas ainda quero con-                                         •
                                                                                  vani Souza Dantas. (Nathália Ronfini)
institucional               9




                                                                                                                                              Fotos: André Cyriaco
                                     CONhEçA OS AGRACIADOS
Alceo Magnanini                                      Recebeu premiações e títulos de          monitoramento, fiscalização, gestão e
                                               instituições nacionais e estrangeiras. Par-    controle Ambiental. era engenheiro elé-
                                               ticipou de vários projetos de preservação      trico, com ênfase em eletrônica de Tele-
                                               e recuperação ambiental e atualizou o          comunicações, e pós-graduado em Ges-
                                               dicionário Geológico-Geomorfológico, de        tão Ambiental.
                                               Antônio Teixeira Guerra.                             Participou ativamente do Consórcio in-
                                                                                              termunicipal da Macro-região Ambiental 5 -
                                               Odir Clécio da Cruz Roque                      MRA5-RJ. Foi membro de vários conselhos e
                                                                                              comissões municipais de Rio das ostras com
                                                                                              vistas na preservação ambiental e bem estar
     Alceo Magnanini é engenheiro Agrôno-                                                     social. Participou também como membro
mo, graduado, em 1948, pela antiga escola                                                     do Conselho estadual de Meio Ambiente
Nacional de Agronomia, atual universidade                                                     (Conema), do Conselho estadual de Recur-
Federal Rural do Rio de Janeiro (uFRRJ).                                                      sos Hídricos (CeRHi-RJ), da Câmara Técnica
     especialista em “ecologia e Conser-                                                      institucional e legal do Comitê da Bacia
vação da Natureza”, tem efetuado, nume-                                                       Hidrográfica do Rio Macaé, entre outros. Na
rosas pesquisas e atividades educacionais                                                     entrega do Prêmio, Rovani foi representado
e é autor de diversos livros e artigos sobre        odir Clécio da Cruz Roque é enge-         pela sua viúva, Bianca Carvalho Rovani.
ecologia.                                      nheiro Químico, e também professor e
     Recebeu homenagens e prêmios              pesquisador, desde 1973, na Área de en-        Comissão Pastoral da Terra
por sua expressiva contribuição na área        genharia Sanitária e Ambiental em cursos       (Baixada Fluminense) e Emater
do meio ambiente e representou oficial-        de pós-graduação na Fundação oswaldo           de Nova Iguaçu
mente o Brasil em congressos nacionais         Cruz e nos cursos de graduação e pós, na
ou internacionais.                             Faculdade de engenharia da universidade
                                               do estado do Rio de Janeiro (uerj).
Antonio José Teixeira Guerra                        Na área de pesquisa, desenvolveu pro-
                                               cessos de tratamento de esgotos e possui
                                               a primeira patente internacional da Fiocruz,
                                               justamente em engenharia sanitária.
                                                    durante toda a sua trajetória profis-
                                               sional, buscou processos e projetos de
                                               baixo custo em tratamento de esgotos,                Juntas, Comissão Pastoral da Terra
                                               redes e operação, de forma que municí-         (Baixada Fluminense) e emater de Nova
                                               pios e cidades pudessem obter melhoria         iguaçu realizam qualificação de comuni-
                                               de qualidade de vida.                          dades rurais para a produção agro-eco-
     Antonio José Teixeira Guerra é Geó-                                                      lógica em regiões no entorno de áreas de
grafo, com bacharelado e mestrado em           Rovani Souza Dantas (Post Mortem)              proteção ambiental.
Geografia, pela universidade Federal do                                                             entre suas ações, destacam-se a
Rio de Janeiro, e doutorado em erosão do                                                      adoção de práticas conservacionistas, a
Solo, pela universidade de londres, e pós-                                                    restrição ao uso de agrotóxicos na pro-
doutorado, pela universidade de oxford.                                                       dução rural, a qualificação comunitária e
     Tem experiência na área de Geoci-                                                        a educação ambiental.
                                                                                                                                                                     Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




ências, com ênfase em Geomorfologia.                                                                o projeto “escolinha de Agroecologia
Trabalhou no instituto Brasileiro de Geo-                                                     de Nova iguaçu”, coordenado por esses
grafia e estatística (iBGe) e em várias uni-                                                  parceiros, estimula práticas que trazem
versidades de grande porte. Atualmente é                                                      efetivas melhorias nas áreas ambiental e
professor da universidade Federal do Rio           Rovani Souza dantas foi um gran-           social e na economia local. o Projeto rece-
de Janeiro (uFRJ).                             de ambientalista, com experiência em           beu o Prêmio Baixada 2009.
10                economia e mercado




                   engenharia em alta
                                  Com grandes investimentos em infraestrutura
                                 nos últimos anos, diversos setores relacionados
                                          à área tecnológica estão abrindo mais
                                  oportunidades do que formando profissionais.
 Cláudio Duarte
economia e mercado        11




A     escassez de profissionais das
      diversas áreas da engenharia
tem provocado uma grande mu-
                                                   outubro de 2010, mostra que oito
                                                   áreas de engenharia estão entre as
                                                   dez profissões com maior aumen-
dança no perfil dos profissionais e                to salarial no ano. A engenharia
na forma como as empresas contra-                  Geológica e Cartográfica lidera os
tam seus funcionários. Se antes a                  aumentos, com 17,6%, seguida de
disputa por uma vaga nas grandes                   Mecatrônica (14,5%) e de Civil,
companhias era acirrada, hoje são                  Qualidade, de Obras, Naval, Minas
as empresas que estão na briga pela                e Meio Ambiente, todas com mais
preferência dos novos engenheiros.                 de 11% de aumento salarial. A pes-
Por conta disso, é cada vez mais co-               quisa também identifica os setores
mum a busca por talentos dentro                    da economia que pagam salários
das universidades e a contratação                  acima da média nacional. Os dois
de recém-formados com bons ní-                     primeiros estão ligados à indústria
veis salariais.                                    petrolífera nas áreas de Mineração
     Segundo o diretor da Poli-USP,                e Extração, com 32,3% acima da
José Roberto Cardoso, em 2000,                     média, e de Refinarias, 24%.
um recém-formado ganhava 1,5 mil                                                               Engenharia de Equipamentos, Pro-
reais, “agora, programas de trai-                  DEMANDA NA ENGENHARIA NAVAL                 dução e Química, Geologia, Geoquí-
nee chegam a pagar 4,5 mil reais a                      A forte demanda por profissio-         mica, Química, além de Técnico In-
engenheiros”, afirma. Para o vice-                 nais de engenharia se deve ao atual         dustrial e Mecânico. Mas ela destaca
presidente do Sindicato dos Meta-                  momento vivido pelo Brasil, com             a área que mais sofre com a escassez
lúrgicos de Niterói, Edson Carlos                  fortes investimentos em infraestru-         de mão de obra: “Por muitos anos,
Rocha da Silva, a escassez de mão                  tura – especialmente por conta de           a engenharia naval morreu para o
de obra no mercado está afetando                   Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos          Brasil e deixou de ser uma área atra-
diretamente as empresas do setor                   de 2016, que serão realizados no país       tiva para quem estava se formando
naval, que estão contratando pro-                  -, e na indústria petrolífera. Na Pe-       na profissão, o que resultou no ce-
fissionais que saem dos cursos de                  trobras, por exemplo, segundo a ge-         nário que vemos hoje. Daqui para
Engenharia Mecânica e Naval com                    rente de Planejamento de Recursos           frente, o mercado vai precisar muito
ótimos salários.                                   Humanos, Mariângela Santos Mun-             de engenheiros navais”, diz.
     O último levantamento sala-                   dim, os segmentos que mais necessi-              O engenheiro naval Rodrigo Ba-
rial da Catho Online, com base em                  tam de profissionais atualmente são         tista Alberto, recém-contratado pela
                                                                                               Petrobras, faz parte do seleto grupo
                                                                               André Cyriaco   de profissionais que concluíram o
                                                                                               curso de engenharia naval. “Na épo-
                                                                                               ca do vestibular procurei entender o
                                                                                               perfil dos cursos ligados à engenha-
                                                                                               ria e me identifiquei muito com a
                                                                                               naval. Achei que era uma área pro-
                                                                                               missora. Acho que a universidade
                                                                                               é um dos momentos mais difíceis,
                                                                                                                                            Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




                                                                                               principalmente no início. A turma
                                                                                               começa com uns 25 alunos e, no fi-
                                                                                               nal, só poucos se formam. Eu optei
                                                                                               por fazer estágio apenas no último
                                                                                               semestre para me dedicar à faculda-
                                                                                               de”, conta o engenheiro de 26 anos,
Rodrigo Batista: “Assim que me formei tive a oportunidade de ser efetivado”.                   que se formou em 2008 pela UFRJ
12    economia e mercado




     e foi contratado pela Petrobras em       vados. Atualmente, segundo infor-       que investir em formar nossos es-
     setembro de 2010.                        mações do Confea, o salário médio       tagiários para, quando se tornarem
         “Eu fazia estágio e, logo assim      de um recém-formado em engenha-         engenheiros, já possuírem a identi-
     que me formei, me senti bastante         ria é de R$ 6 mil e de um especialis-   dade da empresa”, conta Aline Bar-
     valorizado, porque tive a oportuni-      ta sênior em gerenciar projetos na      ros, engenheira e gerente de Gente e
     dade de ser efetivado. Acabei indo       área varia de R$ 25 mil a R$ 30 mil,    Gestão da João Fortes.
     para outra empresa, onde trabalhei       e existe grande disputa no mercado
     por um ano e meio fazendo ancora-        por esses profissionais.                DRIBLANDO A ESCASSEZ
     gem de plataforma. Depois prestei             A João Fortes Engenharia é uma         Para lidar com a falta de enge-
     concurso para a Petrobras, onde es-      das empresas que está na disputa        nheiros no mercado de trabalho,
     tou como Engenheiro Jr. Nessa área       por talentos na engenharia civil,       as empresas têm buscado diversas
     são muitas as oportunidades, mas         área onde mais recruta profissionais,   soluções para que essa nova reali-
     não dá para se acomodar, pois é pre-     e tem encontrado nos recém-forma-       dade não seja um obstáculo para
     ciso se dedicar e se atualizar cons-                                             o próprio crescimento. “Nosso de-
     tantemente. A área ainda vai crescer
     muito porque cada vez mais estão
                                              “de janeiro a outubro                   sejo é não contratar ou contratar
                                                                                      cada vez menos profissionais de
     descobrindo petróleo em águas pro-
     fundas, o que vai exigir profissionais
                                              de 2010, o emprego                      fora da empresa. Para isso, inves-
                                                                                      timos no nosso Programa de Está-
     interessados em desafios”, opina.        formal na construção                    gio. Outra ação é realizar palestras
                                                                                      em universidades que possuem
     ENGENHARIA CIVIL VALORIZADA              nacional cresceu                        os cursos que mais necessitamos
          Outra área que tem demanda-                                                 aqui, entre eles, engenharia civil.
     do um grande volume de mão de            15,10%, de acordo                       Em 2010, realizamos oito pales-
     obra qualificada é a engenharia ci-                                              tras e, este ano, queremos realizar
     vil. De acordo com informações do        com o Ministério                        um total de 12. Além disso, nos-
     Caged, divulgadas pelo Ministério                                                sos funcionários nos ajudam com
     do Trabalho e Emprego, de janeiro        do Trabalho”                            indicações. Somente quando não
     a outubro de 2010, o emprego for-                                                conseguimos um candidato inter-
     mal na construção nacional cresceu       dos a solução para a falta de mão de    namente, partimos para uma con-
     15,10%, com geração de mais de           obra. “Nos últimos 12 meses, contra-    sultoria para fechamento de uma
     300 mil vagas no período.                tamos sete profissionais que tinham     vaga”, explica Aline Barros.
          Segundo registros da Base de        acabado de se formar e já estavam
     Dados do Sistema de Informações          na empresa como estagiários. Bus-
     do Confea, atualmente há 712.418         camos engenheiros que queiram
     engenheiros no Brasil. Desse to-         fazer carreira na empresa. O
     tal, 169.019 são engenheiros civis.      processo de construção civil
     Segundo o presidente do Confea e         é longo e por isso não
     vice-presidente do Conselho Mun-         adianta o profissional
     dial de Engenheiros Civis (WCCE),        ter tempo de formado
     Marcos Túlio de Melo, cerca de 32        e não ter participa-
     mil engenheiros, de todas as modali-     do de algumas obras
     dades, se formam por ano no Brasil,      em todas as fases. Tal
     mas se o ritmo de crescimento per-       experiência só se ad-
     manecer como está, será necessário       quire com a vivência. E
     formar o dobro de engenheiros (60        já que profissionais com
     mil por ano).                            essas características nor-
          Com a escassez, as empresas         malmente já estão empre-
     oferecem salários cada vez mais ele-     gados, muitas vezes temos
economia e mercado       13




              EMPRESAS INVESTEM EM FORMAçãO COMPLEMENTAR
         As empresas também têm enfrentado outro problema: a           A Petrobras é uma das empresas que mais investem em
    qualidade dos engenheiros que compõem o seu quadro. Pes-      capacitação no mundo. Segundo a gerente de Planejamento
    quisa encomendada ao Ibope pela Amcham (Câmara Ameri-         de Recursos humanos, Mariângela Mundim, o programa de
    cana de Comércio), em 2010, mostrou a opinião das empresas    treinamento para os recém-contratados é obrigatório, já que
    sobre a qualidade da formação dos engenheiros brasileiros.    a admissão é feita através de concurso público. “Como a Petro-
    Segundo o levantamento, realizado junto a 211 associadas da   bras não pode ir ao mercado contratar, recebemos grupos bas-
    entidade, a média das respostas sobre a qualidade da mão de   tante heterogêneos. A prova só mostra a competência técnica
    obra formada em relação às necessidades do mercado foi de     dos profissionais, por isso é necessário um forte programa de
    4,9 pontos, sendo que 41% dos entrevistados consideraram a    desenvolvimento de pessoas” opina.
                                                                                                 ,
    formação totalmente inadequada. Outros 52% classificaram           Para desenvolver o seu pessoal e suprir a carência de
    a formação dos engenheiros como adequada.                     mão de obra especializada para a instalação da indústria de
         “Como o Brasil não se preparou para este momento,        petróleo no país, a empresa criou a Universidade Petrobras,
    os profissionais não possuem conteúdo pratico. há mui-        principal órgão para treinamento e desenvolvimento dos
    tos recém-formados que não participaram nem mesmo de          talentos e competências necessárias e que recebe, todos os
    uma obra do início ao fim. Esses profissionais não possuem    dias, em seus três campi – Rio de Janeiro, São Paulo e Salva-
    bagagem para lidar com os problemas do dia a dia de uma       dor –, cerca de mil pessoas para serem treinadas.
    obra e, por isso, seu superior acaba descendo, ou seja, o          “Todas as pessoas que são admitidas pela empresa passam
    gerente passa a lidar com problemas operacionais que não      por um programa de treinamento em nossa universidade com
    fazem parte do escopo de uma função gerencial”, opina a       duração de 13 meses, período em que transmitimos os valores
    gerente de Gente e Gestão da João Fortes Engenharia, Ali-     da companhia e oferecemos cursos de especialização na nossa
    ne Barros.                                                    área de atuação. Outra vertente da Universidade Petrobras são
         Maiores interessadas em ter profissionais bem forma-     os programas de educação continuada, nos quais os funcioná-
    dos, as empresas começam a fazer sua parte. “Para os enge-    rios voltam a se reciclar. Oferecemos, em média, 130 horas de
    nheiros que já estão conosco, buscamos capacitá-los por       treinamento ao ano por funcionário. Além disso, ainda inves-
    meio de cursos de pequena duração, treinamentos on the        timos em cursos nacionais e internacionais de especialização
    job, reuniões periódicas para dar feedback e acompanha-       e mestrado ou doutorado quando os mesmos não podem ser
    mento no dia a dia do superior imediato”, diz Aline.          oferecidos por nossa instituição” conta a gerente da empresa.
                                                                                                    ,




    Mesmo ainda sem sofrer com a            que tem como uma das principais              mações sobre cinco grandes áreas –
falta de engenheiros no mercado,            rotas de atuação a qualificação              civil, elétrica, mecânica, química e
a Petrobras também tem investido            profissional no setor de petróleo            agronomia. A apresentação inclui,
para ampliar cada vez mais o seu            e gás através de parcerias e cursos          em cerca de 20 minutos, entrevis-
leque de profissionais. “Oferece-           especializados oferecidos para pro-          tas com graduandos, profissionais
mos o Programa de Formação de               fissionais em todo o Brasil”, conta          bem colocados no mercado e pro-
Recursos Humanos, que tem como              Mariângela Mundim.                           fessores experientes falando sobre
objetivo ampliar e fortalecer a for-             As entidades de classe ligadas          as atribuições em cada modalida-
                                                                                                                                        Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




mação de recursos humanos volta-            à engenharia também têm entrado              de, o ensino e perspectivas profis-
dos ao atendimento da demanda               no circuito para evitar um apagão            sionais. Tendo como público-alvo
por profissionais qualificados na           de engenheiros nos próximos anos.            os estudantes do segundo grau,
indústria de petróleo, gás, energia         A Federação Nacional de Engenhei-            que estão escolhendo a carreira
e biocombustíveis, por meio da              ros (FNE), por exemplo, produziu             que irão abraçar, a ideia é incen-
concessão de Bolsas e Taxa de Ban-          o vídeo “Mais engenheiros para               tivá-los a optar pela engenharia.
cada. E ainda temos o Prominp,              construir o Brasil”, que traz infor-         (Dânae Mazzini)   •
14    indústria e infraestrutura



     A polêmica dos
     novos trens
     Metrô investe em alta tecnologia para solucionar
     velhos problemas, mas especialistas afirmam que
     ainda há muito o que fazer




                                                                                             Imagem: Metrô Rio Informa – Setembro/2010




     A     lvo de muitas críticas entre os
           usuários nos últimos meses, o
     Metrô Rio deu o primeiro passo para
                                                  Os primeiros beneficiados com
                                              o início da operação dos novos trens,
                                              previstos para chegar em outubro
                                                                                          “É a primeira vez que se com-
                                                                                      pra trens novos para o Metrô des-
                                                                                      de o início da sua operação, em
     cumprir a meta de investir R$ 1,15 bi-   de 2011, seriam os passageiros da       1978. Eles começam a chegar em
     lhão na melhoria e ampliação dos seus    linha 2 (Pavuna-Botafogo).              2011. Os carros terão ar-condicio-
     serviços, compromisso firmado com o                                              nado adequado às condições da
     Governo do Estado desde a mudança        TEMPO DE ESPERA                         nossa cidade, mais espaço inter-
     dos termos de concessão, em 2007.            A previsão do Metrô Rio é de        no, maior rapidez nas viagens e
     Boa parte desse investimento – R$ 320    que o intervalo de espera entre as      reduzirão o tempo de espera nas
     milhões – concentra-se na compra de      estações Central e Botafogo, tre-       plataformas. Eles serão usados na
     19 novos trens, num total de 114 car-    cho de maior carregamento do            Linha 2 porque o ar-condicionado
     ros, que promete aumentar em 63% a       sistema, seja reduzido para apenas      dessas novas composições está
     capacidade atual do transporte.          dois minutos.                           adaptado para circular na super-
indústria e infraestrutura           15




                                                                                                     imagem: Metrô Rio informa – Setembro/2010
fície e os atuais foram projetados
só para andar no túnel. Por isso,
temos tantos problemas de refri-
geração no verão, com esse calor
fora do comum”, disse o presiden-
te do Metrô Rio, José Gustavo de
Souza Costa, em entrevista ao Jor-
nal Metrô Rio Informa.
     Apesar das promessas de me-
lhoria no serviço oferecido, es-
pecialistas na área de transporte
advertem que os novos trens não
serão suficientes para ampliar a
capacidade atual e oferecer mais
conforto aos usuários. “Estudos
realizados por especialistas indi-           interior dos novos carros que o Metrô Rio está comprando de uma fábrica chinesa.
cam que o tempo de espera nas
plataformas não pode ser reduzi-             Divisão Técnica de Transportes e                 chegada dos novos trens deverá
do enquanto a linha 1A estiver em            Logística do Clube de Engenha-                   sofrer atrasos”.
funcionamento. Sem a redução                 ria. Ele disse ainda que, tendo em
dos intervalos, não será possível            vista que a discussão sobre o pla-               LINHA CONGELADA?
aumentar a capacidade atual do               nejamento e a adequação técnica                      Ex-diretor de Planejamento e
metrô, mesmo com a chegada das               do projeto dos novos carros não                  Projetos do Metrô durante sua fase de
novas composições”, explica o en-            contou com a experiência do qua-                 implantação, o professor e doutor em
genheiro Alcebíades Fonseca, con-            dro de técnicos do antigo Metrô,                 engenharia do transporte, Fernando
selheiro do CREA-RJ e Chefe da               “provavelmente o cronograma de                   Mac Dowell, também compartilha




                                       iNFoRMAÇÕeS TÉCNiCAS
         Os novos trens do Metrô Rio foram produzidos pela fá-       e motor. O motor de tração será feito pela japonesa Mitsu-
    brica chinesa Changchung Railway Vehicles (CRC), fundada         bishi Electric (Melco), o sistema de ar-condicionado é da Aus-
    em 1954, que também está produzindo carros para os me-           trália, o sistema de portas será da austríaca IFE, e o sistema
    trôs de Sydney, na Austrália, e de Beijing (Pequim), na China.   de freios da Knorr-Bremse, da Alemanha.
    Desde 1995, a CRC já exportou cerca de 3.000 composições              Para atender à demanda do Metrô Rio, a CRC construiu
    para países como Irã, Tailândia, Arábia Saudita, Paquistão,      uma via com as mesmas características da existente no me-
    Nova Zelândia, Argentina, entre outros.                          trô carioca para a realização dos testes dos trens. hoje, a fá-
         A montagem das novas composições será na sede da            brica tem capacidade para produzir 1.500 vagões por ano,
    CRC, em Changchun, cidade industrial a 700 quilômetros de        mas está duplicando seu parque industrial para melhor
                                                                                                                                                      Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




    Pequim. A empresa chinesa será responsável ainda pela fa-        atender às encomendas.
    bricação da carroceria e do truque – onde se localizam rodas          Fonte: Metrô Rio Informa – Setembro/2010
16     indústria e infraestrutura




     da mesma opinião. “A proposta da                 da Carioca, por isso, esse trecho con-    fabricado pela australiana Sigma e
     Linha 1A carece de visão sistêmica               seguiria desafogar as outras estações.    vai refrigerar o interior das composi-
     dos transportes, pois congela toda a             Com a quantidade de novos carros          ções com capacidade 33% superior à
     Linha 2 com intervalo de 4 min entre             que foram comprados conseguiría-          existente atualmente. A temperatu-
     trens de apenas 6 carros, que corres-            mos voltar ao sistema antigo, sem a       ra média dentro dos vagões será de
     ponde à capacidade 18 mil passagei-              linha 1A, e ainda dar início ao projeto   23 graus, impulsionados por 336 mil
     ros/hora, considerando 4 passagei-               do novo trecho, que já tinha sido pla-    BTUs, o equivalente a 33 aparelhos
     ros/m², contra o projeto original de             nejado”, opina Mac Dowell.                de ar-condicionado de 10.000 BTUs
     trem de até 8 carros com intervalo de                                                      ligados ao mesmo tempo em cada
     até 100 segundos, que corresponde à              PRÓS E CONTRAS                            composição.
     capacidade de escoamento de 60 mil                    O projeto dos novos trens,                No interior das composições não
     passageiros/hora. Assim, o Rio perde             que começam a chegar a partir do          haverá porta separando os carros,
     o principal sistema de transporte de             segundo semestre deste ano, foi           que serão interligados por sanfonas,
     massa”, defende.                                 desenvolvido em parceria com a            permitindo ao passageiro trocar de
          O engenheiro diz ainda que a cria-          MTR, empresa operadora do metrô           carro. Cada vagão terá 36 assentos
     ção da linha 1A evita a possibilidade            de Hong Kong (China), referência          em vez dos atuais 48, mas, segundo o
     de dar continuidade a um dos trechos             mundial em transporte metroviário.        Metrô Rio, haverá muito mais espaço
     mais importantes do metrô: Estácio               E a fábrica encarregada de produzir       interno para os passageiros. As barras
     – Carioca – Praça XV, com extensão               as composições, a Changchun Rai-          para apoio em pé terão nova distri-
     para São Gonçalo e depois por aero-              lway Vehicles (CRC), localizada na        buição e os novos trens contarão com
     móvel até o Comperj. “Uma pesquisa               província de Changchun, na China,         pega-mãos para aumentar a seguran-
     feita entre os usuários mostrou que o            fornece trens para Canadá, Austrá-        ça do usuário de baixa estatura.
     destino da maioria deles é a estação             lia, Paquistão, Nova Zelândia, entre
                                                      muitos outros países.                     REDUÇAÕ DE ASSENTOS
                                      André Cyriaco        Segundo Mac Dowell, os novos             O engenheiro Alcebíades Fon-
                                                      trens são veículos do tipo reboque,       seca considera que a redução de
                                                      ou seja, não possuem motor nos            assentos dos novos trens vai causar
                                                      vagões. “Os atuais carros do metrô        mais desconforto para os passagei-
                                                      são tracionados, têm todos os eixos       ros. “Uma das novidades das novas
                                                      com tração. Os veículos tipo rebo-        composições é eliminar 25% dos as-
                                                      que são mais baratos, mas possuem         sentos. Essa é mais uma política ado-
                                                      uma capacidade reduzida para subir        tada pela empresa para maximizar o
                                                      e descer rampas, de apenas 1,5%. E        rendimento e minimizar o conforto
                                                      podem ter seu desempenho alterado         dos usuários”, afirma.
                                                      em caso de lotação dos vagões”, diz.          Mac Dowell concorda. “A dimi-
                                                                                                nuição no número de assentos dos
                                                      CARROS INTERLIGADOS                       novos trens só tem como objetivo au-
                                                          Segundo o Metrô Rio, as no-           mentar ainda mais a quantidade de
                                                      vas composições reúnem o que há           passageiros por metro quadrado no
                                                      de mais moderno em tecnologia e           interior dos vagões. Atualmente, em
                                                      têm como objetivo proporcionar ao         horário de grande movimentação, o
     Alcebíades Fonseca: “o antigo quadro técnico
     não tem participado das decisões da direção
                                                      usuário mais conforto e rapidez nas       metrô conta com até oito passageiros
     do Metrô Rio”.                                   viagens. O sistema de climatização é      por metro quadrado. Além disso, o
indústria e infraestrutura   17




                                                                                    Rio de Janeiro tem hoje uma popu-
                                                                                    lação idosa, especialmente em Copa-
                                                                                    cabana, que tem a necessidade de um
                    SoluÇÕeS uRGeNTeS                                               número maior de assentos. Quando
     Além dos problemas vivenciados       quando há um caso de incêndio. No         deixamos de oferecer conforto no in-
diariamente pelos usuários, como          nosso projeto inicial existia um siste-   terior do trem, passamos a criar um
trens superlotados, longa espera nas      ma para proteger a população, mas
                                                                                    custo social”, opina Mac Dowell.
plataformas, falha no sistema de refri-   hoje não sei como está isso. Quando
                                                                                        O engenheiro sustenta que ain-
geração e excesso de paradas inespe-      vi que foram colocados ventiladores
                                                                                    da faltam informações mais técnicas
radas ao longo dos percursos, o Metrô     nas estações, fiquei na dúvida sobre
Rio possui outras fragilidades graves     a conclusão de todo o projeto”, diz.
                                                                                    sobre a aquisição dos novos trens
que, segundo especialistas, devem              Outro problema, segundo o en-        para que seja feita uma avaliação
ser superadas com urgência.               genheiro, é a fragilidade do metrô        mais completa da sua eficácia. “Até
     Fernando Mac Dowell defende          em relação às quedas de energia no        hoje, eles não conseguiram me res-
que um dos maiores problemas do           Rio de Janeiro. “O metrô só deveria       ponder a todas as questões que le-
metrô atualmente é o sistema de           parar de funcionar no caso de um          vantei. Não sabemos ainda quantas
ventilação nas estações. “Falta um        blackout na cidade, mas, atualmente,      portas esses trens terão, qual serão
sistema automático, ou seja, que é ca-    está parando com qualquer pequena         o tamanho delas, qual o peso desse
paz de afastar a fumaça das pessoas,      falta de luz”, conta.                     carro e, principalmente, como é a
                                                                                    curva de desempenho dele”, ques-
                                                                                                         •
                                                                                    tiona. (Dânae Mazzini)




                                                                                                                                Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011
18   campo




     Novas exigências
     para registro de
     produtos
     agrotóxicos
campo        19




O      Brasil é o país que mais utiliza
       agrotóxicos no mundo. Apenas
no primeiro quadrimestre de 2010,
                                                Outra novidade proposta é que
                                           os estudos apresentados pelas empre-
                                           sas para que a Agência realize análise
                                                                                           A Consulta Pública 02/2011
                                                                                      propõe uma atualização da Portaria
                                                                                      03/1992 do Ministério da Saúde. A
foram aplicados 5,5 milhões de to-         toxicológica dos agrotóxicos sejam         proposta é resultado de dois anos de
neladas de produtos sintéticos nas         conduzidos em laboratórios com cer-        trabalho da Agência e foi aprovada
lavouras brasileiras, o que correspon-     tificação de Boas Práticas Laborato-       na Agenda Regulatória de 2009, ins-
de a 7,8% a mais que o consumo no          riais (BPL). Essa ação permitirá maior     trumento que expõe os temas consi-
mesmo período de 2009.                     segurança quanto à credibilidade dos       derados pela Anvisa como prioritários
    No país, são liberados, inclusive,     estudos apresentados e maior ras-          para regulação.
produtos já banidos de uso em cultivos     treabilidade dos resultados, além de            Sugestões para Consulta Pública
na maioria dos países desenvolvidos.       uniformizar nosso trabalho com o do        02/2011 deverão ser encaminhadas
Segundo a Agência Nacional de Vigi-        Ibama, que já efetua essa exigência,       por escrito, no prazo de 60 dias, para
lância Sanitária (Anvisa), a agricultura   afirma Álvares. Além disso, harmoni-       o endereço: Agência Nacional de Vi-
brasileira usa cerca de dez agrotóxicos    za a documentação de avaliações toxi-      gilância Sanitária, SIA, Trecho 5, Área
proibidos na União Européia e nos          cológicas com o que já era solicitado      Especial 57, Bloco D – subsolo, Brasí-
Estados Unidos. No total, 14 insumos       para os estudos de resíduos de agrotó-     lia/DF, CEP 71.205-050; por Fax 61-
agrícolas precisam ser submetidos à        xicos em alimentos, de acordo com a        3462-5726; ou para o e-mail: toxicolo-
reavaliação.                               resolução da Anvisa de 2006.               gia@anvisa.gov.br sobre a proposta.
    Por esse motivo, no dia 28/01/2011,         A consulta pública atualiza, ainda,        A Câmara de Agronomia do
uma consulta pública foi aberta pela       os estudos que devem ser apresenta-        CREA-RJ, por sua vez, vem pautando
Agência Nacional de Vigilância Sa-         dos pelas empresas para obtenção de        constantemente discussões e ações so-
nitária (Anvisa). Segundo a Anvisa, a      avaliação toxicológica de agrotóxicos      bre agrotóxicos, direcionadas para o
apresentação de estudos sobre avalia-      e produtos técnicos. Os critérios de       aperfeiçoamento do receituário agro-
ção de riscos nos trabalhadores rurais     classificação toxicológica dos produtos    nômico, da fiscalização do uso correto
será requisito obrigatório para registro   também foram revisados. Para Álva-         de agrotóxicos, da destinação correta
de agrotóxicos no Brasil.                  res, a nova proposta permite ao Brasil     das embalagens, da proteção do traba-
                                           estar alinhado às normas internacio-       lhador e do meio ambiente. Por outro
AVALIAÇÃO DO RISCO                         nais mais atualizadas para avaliação de    lado, ao convidar os milhares de pro-
     A avaliação do risco é um proce-      agrotóxicos e produtos técnicos.           fissionais do CREA-RJ a participarem
dimento mais sensível e acurado que                                                   da presente consulta pública, reafir-
permite analisar possíveis efeitos dos     REGISTRO DE AGROTÓXICOS                    ma seu compromisso e preocupação
agrotóxicos na saúde. Apesar de já ana-         No Brasil, o registro de agrotó-      constante para o desenvolvimento de
lisarmos a toxicidade das substâncias      xicos é realizado pelo Ministério da       sistemas agrícolas sustentáveis e com
presentes nos agrotóxicos, a avaliação     Agricultura, órgão que analisa a eficá-    segurança alimentar.   •
do risco possibilitará reduzir ainda       cia agronômica desses produtos. Po-
mais os agravos indesejados associa-       rém, a anuência da Anvisa e do Iba-        João Araújo
dos à exposição da população a esses       ma é requisito obrigatório para que o      Coordenador da Câmara Especia-
produtos, explica o diretor da Anvisa,     agrotóxico possa ser registrado.           lizada de Agronomia do CREA-RJ
Agenor Álvares. Os agrotóxicos que              A Anvisa realiza avaliação toxico-    e da Coordenadoria Nacional de
                                                                                                                                        Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




causam mutações genéticas, câncer,         lógica dos produtos quanto ao impac-       Câmaras de Agronomia
alterações fetais e danos reprodutivos     to na saúde da população. Já o Ibama
continuarão impedidos de registro,         observa os riscos que essas substân-       Fontes: Carolina Pimentel - Agência Brasil
conforme determinado pela Lei.             cias oferecem ao meio ambiente.            e Assessoria de Comunicação da Anvisa
20   especial capa




                      um ciclo
                     precisa
especial capa   21




de calamidades que
ser rompido
       especialistas recomendam mapeamento como ponto de
    partida para evitar catástrofes como as que têm castigado o
    estado do Rio. Falta de planejamento e descumprimento de
 leis ambientais estão entre as causas da tragédia que atingiu a
       Região Serrana, segundo relatório preliminar do CReA-RJ




                                                                            Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011
22    especial capa




     T    odos os anos, entre os meses
          de novembro e abril, o Estado
     do Rio é atingido por fortes chuvas.
                                                     mais para sanar estragos causados
                                                     pelas chuvas do que em prevenção.
                                                     Ao todo, foram apenas R$ 167 mi-
                                                                                                       Para os sobreviventes, ficou a dor e
                                                                                                       o desafio de reconstruir a vida e as
                                                                                                       cidades.
     Altos índices pluviométricos, alia-             lhões e meio de reais para prevenir                   O cenário de lama, destruição
     dos à geografia de mares e morros,              e R$ 2,3 bilhões para remediar e,                 e emergência causou comoção na-
     à ocupação irregular em áreas de                assim mesmo, apenas uma pequena                   cional, logo transformada em uma
     encostas e ao baixo investimento                parte do total.
     em prevenção e planejamento fa-                      No Estado do Rio, essa relação
     zem com que tragédias como as da                não foi diferente. Em 2010, gasta-                “em 2010, estado
     Região Serrana, de Angra dos Reis,              ram-se 80 milhões na reconstrução
     do Morro dos Prazeres e do Morro                dos locais atingidos pelas chuvas e               investiu 10 vezes
     do Bumba se repitam num calendá-                apenas R$ 8 milhões foram investi-
     rio sinistro de dor, comoção e de-              dos para evitar novas tragédias. Ou
                                                                                                       mais para remediar
     solação. Afinal, o que se deve fazer
     e o que se está fazendo para evitar
                                                     seja, investiu-se 10 vezes mais para
                                                     remediar os estragos do que para
                                                                                                       estragos do que para
     esse ciclo de calamidades – e ain-
     da um vexame internacional num
                                                     prevenir catástrofes.
                                                          A tragédia climática deixou no
                                                                                                       prevenir catástrofes”
     dos cenários da Copa do Mundo de                Estado do Rio um rastro de devas-
     Futebol de 2014 e sede absoluta das             tação em mais de 20 municípios.                   rede de solidariedade e socorro, da
     Olimpíadas de 2016.                             Cerca de 90 mil pessoas foram di-                 qual o CREA-RJ participou, à pri-
         Segundo a ONG Contas Aber-                  retamente castigadas, sendo que                   meira hora, em várias frentes.
     tas, que monitora gastos públicos,              mais de 900 morreram em enchen-                       Já no dia 15 de janeiro, por de-
     em 2010, a União investiu 14 vezes              tes, deslizamentos e desabamentos.                terminação do presidente Agosti-
                                                                                                       nho Guerreiro, o Conselho publicou
                                                                                    Nathália Ronfini
                                                                                                       no jornal O Globo um apelo para
                                                                                                       que os profissionais de engenharia,
                                                                                                       arquitetura, agronomia, geologia,
                                                                                                       geografia, meteorologia e demais
                                                                                                       especializações procurassem as
                                                                                                       prefeituras para atuar como volun-
                                                                                                       tários nos trabalhos de análise, ava-
                                                                                                       liação, diagnóstico, vistorias, laudos
                                                                                                       e planos de reconstrução. A ideia
                                                                                                       era que todos pudessem contribuir,
                                                                                                       com apoio, suporte, experiência
                                                                                                       e conhecimento técnico, unissem
                                                                                                       forças junto à corrente de doações e
                                                                                                       outras medidas de urgências.
                                                                                                           “A população urbana no país
                                                                                                       cresceu de 26,3% para 81,2% entre
                                                                                                       a década de1940 e o início do sécu-
                                                                                                       lo XXI. Nesse período, o país pas-
     Márcio Machado: “Mapeamento da Geo-Rio identifica áreas que precisam de mais investimentos”.      sou por um processo intenso de ur-
especial capa         23




banização, tendo que abrigar mais        fazer isso com dedicação, honestida-              tetos de Nova Friburgo (AEANF),
de 125 milhões de pessoas em suas        de e transparência”, garantiu.                    engenheiro civil José Augusto
cidades. E essa transição aconteceu          O presidente foi enfático so-                 Spinelli, boa parte da devastação
sem nenhum planejamento”, acres-         bre a contribuição do relatório:                  pode ser atribuída à força da na-
centou o presidente do CREA-RJ.          “Estamos trazendo esse relatório                  tureza, mas os efeitos provocados
     Antes, o presidente já havia li-    para as prefeituras e vamos levá-                 pelo temporal foram agravados
berado a frota de veículos e outros      lo para as autoridades estaduais,                 pela falta de ações e de recursos
equipamentos do CREA-RJ para au-         porque temos aqui diagnósticos                    do poder público – nas esferas
xiliar as prefeituras nas ações neces-   importantes para evitar tragédias                 municipal, estadual e federal –
sárias para a recuperação das condi-     anunciadas como essa”, afirmou                    para obras de infraestrutura em
ções básicas de infraestrutura.          Agostinho.                                        geral.
     No dia 18 de janeiro, Agostinho         Segundo o presidente da As-                       Ao comentar o esvaziamento
tratou do assunto, em reunião na         sociação de Engenheiros e Arqui-                  do quadro de profissionais das
sede do Conselho, com Marcos Tú-
                                                                                                                     Valter Campanato/ABr
lio de Melo, presidente do Confea;
José Tadeu da Silva, do Crea-SP:
Gilson de Carvalho Queiroz Filho,
do Crea-MG; e José Mário de Araú-
jo Cavalcanti, do Crea-PE.

RELATÓRIO DE IMPACTO
    Na quarta-feira, dia 19 de ja-
neiro, o presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, viajou à
Região Serrana para levar a pre-
feitos o Relatório de Impacto do
CREA-RJ sobre as áreas atingi-
das. Um dos objetivos do relató-
rio é auxiliar os órgãos públicos
e contribuir para o restabeleci-
mento da normalidade através de
medidas de prevenção e proteção
da sociedade.
    Em Nova Friburgo, o prefei-
to Dermeval Barbosa agradeceu o
apoio e a iniciativa do Conselho do
Rio. “As providências propostas pelo
CREA-RJ devem ser levadas a sério
e colocadas em prática”, afirmou.
                                                                                                                                                 Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




Em Teresópolis, o secretário de Go-
verno, Rogério Siqueira, disse que a
ajuda do Conselho será fundamental
para reconstruir a cidade. “Vamos        o bairro de duas Pedras ficou destruído com as fortes chuvas que atingiram Nova Friburgo.
24    especial capa




                                                                                                                            Guilherme Parmera
     Prefeituras, Spinelli frisou “que a
     falta de técnicos está diretamente
     ligada aos salários irrisórios que
     as administrações podem ou que-
     rem pagar”. Ele sugere que o mes-
     mo critério para fixar o número
     de vereadores de cada município,
     proporcional à população, seja
     adotado para a contratação de
     técnicos pelas Prefeituras.
         José Augusto Spinelli conta
     que, no primeiro momento após a
     tragédia, a AEANF se mobilizou,
     em conjunto com a defesa civil,
     para salvar vidas. Depois, passou
     a participar de levantamentos de
     novos locais de riscos e de pontes
     e estradas vicinais que precisavam
     de reparos. Agora, segundo ele, é
     necessário começar imediatamen-
                                           Na entrevista coletiva que concedeu à imprensa, Agostinho Guerreiro defendeu uma política nacional
     te a elaboração de planos direto-     de prevenção de acidentes, com orçamento justo e participação de técnicos.
     res, adaptando a sua concepção
     aos novos parâmetros colocados        seu gabinete entrevista coletiva                   que haja prevenção ou, ainda em
     pela dimensão da tragédia na Re-      que reuniu profissionais de qua-                   caso de acidente, haja uma ação
     gião Serrana.                         se todos os jornais, rádios, TVs e                 coordenada para salvar a popula-
         Após duas semanas sendo           portais de notícias com sede ou                    ção mais rapidamente, evitando
     procurado diariamente por jorna-      sucursais no Rio de Janeiro (foto).                o maior número possível de mor-
     listas – todos devidamente atendi-    “Se as prefeituras cumprissem                      tes”, completou Agostinho.
     dos –, no dia 26 de janeiro, o pre-   as leis brasileiras, 80% das vidas                      Outra iniciativa do CREA-RJ
     sidente do CREA-RJ concedeu em        daquelas regiões não teriam sido                   foi a aprovação pelos conselheiros,
                                           perdidas. Não é mais suportável                    na plenária realizada em feverei-
                                           ter a certeza de que, a cada verão,                ro, da prorrogação de descontos
                                           perderemos vidas”, afirmou Agos-                   na anuidade dos profissionais que
                                           tinho. Na ocasião, ele também en-                  atuam na Região Serrana até o dia
                                           tregou aos jornalistas o Relatório                 31 de março. O Ato Administrati-
                                           de Impacto do CREA-RJ sobre as                     vo n° 01/2011 tomou como base
                                           áreas atingidas.                                   para a medida o Estado de Cala-
                                               “Vamos batalhar decisiva-                      midade Pública decretado pelo
                                           mente para que haja uma política                   Governo do Estado do Rio e bene-
                                           nacional capaz de inf luenciar es-                 ficiou os profissionais atuantes nos
                                           tados e municípios, mas com prio-                  municípios de Nova Friburgo, Te-
                                           ridade efetiva, com orçamento                      resópolis, Petrópolis, Bom Jardim,
                                           justo, com grande participação de                  São José do Vale do Rio Preto, Su-
                                           técnicos, de equipamentos, para                    midouro e Areal.
especial capa         25




TRAGÉDIA EM DEBATE
     Após um mês da tragédia, foi
                                        “No estado do Rio, os                               Geo-Rio, órgão da Secretaria Muni-
                                                                                            cipal de Obras.
realizado no Clube de Engenha-
ria, em parceria com o CREA-RJ,
                                        meteorologistas mal                                     Logo após a conclusão desse
                                                                                            trabalho, detectou-se que 21 mil
a Associação Brasileira de Mecâ-        têm acesso à internet                               imóveis e 117 comunidades se en-
nica do Solo e a Associação Bra-                                                            contravam em perigo. Segundo
sileira de Geologia de Engenharia       e ao telefone para                                  dados da Geo-Rio, atualmente são
e Ambiental, o debate “Desliza-                                                             18 mil moradias em áreas de risco,
mentos na Região Serrana 30 dias        fazerem as previsões”                               já que, ao longo de 2010, 47 dessas
depois”. O presidente do Clube,                                                             comunidades receberam obras de
Francis Bogossian, recebeu à mesa       – isimar dos Santos                                 contenção ou seus moradores fo-
de abertura Agostinho Guerreiro e                                                           ram reassentados.
outros especialistas e autoridades,     mentos e um inventário de risco em                      No entanto, "esse número [18
como Anna Laura Nunes, presi-           196 comunidades, encomendado                        mil moradias] não quer dizer que as
denta da Associação Brasileira de       pela Geo-Rio e executado pela Con-                  outras não têm risco algum. Qual-
Mecânica dos Solos e Engenharia         cremat Engenharia. “Com esse tra-                   quer área com declive tem”, decla-
Geotécnica, Moacir Duarte (Co-          balho, feito entre abril e dezembro                 rou o prefeito Eduardo Paes. “Só se
ppe/UFRJ), e o deputado federal         do ano passado, medimos as áreas                    eu revogasse a lei da gravidade aca-
Hugo Leal.                              de alto, médio e baixo risco. Com                   baria esse problema", ironizou.
     “O conhecimento técnico está       essas informações, será possível di-                    De acordo com Vânia Zaeyen,
aqui na casa. Temos que buscá-lo,       mensionar melhor os locais que pre-                 gerente do Núcleo de Estudos e
levá-lo para o governo federal e o      cisam de maiores investimentos em                   Projetos de Geotecnia da Concre-
poder público. E aí temos que fazer     prevenção de deslizamentos”, expli-                 mat Engenharia, “o mapeamento
mais duas junções: a ação política e    cou Márcio Machado, presidente da                   realizado no Município do Rio deve
a ação jurídica, do Ministério Pú-
                                                                                                                        Valter Campanato/ABr
blico”, disse Leal. O evento contou
com a participação da presidente
do Instituto Estadual do Ambien-
te (Inea), Marielene Ramos, e do
engenheiro civil Alberto Sayão,
professor da PUC-RIO. Bogossian
agradeceu o apoio do CREA-RJ e
demais entidades, reiterando o ca-
minho da união em direção aos in-
teresses nacionais.

MAPEAMENTO DE RISCO
    Depois das chuvas que pararam
a Cidade do Rio de Janeiro, em abril
                                                                                                                                                    Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011




de 2010, as autoridades perceberam
que era necessário tomar medidas
mais pró-ativas. Uma das mais im-
portantes foi a elaboração de uma
carta de suscetibilidade a escorrega-   Nova Friburgo (RJ) – Chuvas fortes deixaram rastro de destruição na Região Serrana do estado do Rio.
26    especial capa




         CReA-RJ deFeNde iNSTRuMeNToS de GeSTÃo AMBieNTAl
                                                                                                                                  Guilherme Parmera
              No dia 26 de janeiro, em entrevista coletiva concedida à im-
         prensa, Agostinho Guerreiro apresentou o Relatório Preliminar de
         inspeção Realizada nas Áreas de Teresópolis e Nova Friburgo Afe-
         tadas pelas Fortes Chuvas, produzido logo após a tragédia. Para
         compor o documento, o Conselho do Rio realizou inspeções nos
         dias 13 e 14 de janeiro nas áreas críticas atingidas com a participa-
         ção do assessor de Meio Ambiente, Adacto ottoni, do inspetor de
         Teresópolis, arquiteto Mariano loureiro, do conselheiro do CReA-
         RJ residente em Nova Friburgo, engenheiro civil leiner P. Rezende,
         e dos agentes de fiscalização do CReA-RJ, Marco Antonio Barreto e
         Rodney Benther, bem como o apoio da coordenadora de fiscaliza-
         ção do CReA-RJ para a Região Serrana, Jussara lemos.
              o documento do CReA-RJ aponta que “não existem Planos
         de Contingência efetivos para enchentes e deslizamentos de en-
         costas nos municípios afetados” e lembra que sem instrumentos
         de monitoramento ambiental permanente, como ferramenta fun-             Agostinho Guerreiro apresenta o Relatório produzido pelo CReA-RJ
         damental de gestão ambiental da bacia hidrográfica, não há como
         alertar a população previamente sobre eventos extremos, visando         dencia que a falta de planejamento e as ocupações desordenadas
         à evacuação e evitando mortes causadas por chuvas intensas.             foram alguns dos principais fatores responsáveis pela tragédia
              Já o presidente do CReA-RJ, Agostinho Guerreiro, lembrou           ocorrida.
         que se as regiões afetadas, cobertas pela Mata Atlântica, tives-              As medidas de médio e longo prazo apontam que devem ser
         sem sido preservadas e as prefeituras não permitissem a ocupa-          elaborados um mapeamento das áreas de risco e um Programa
         ção desordenada das encostas, o número de vítimas por conta             de Contingência. Neles, está prevista a retirada das populações de
         do temporal do dia 11 de janeiro teria sido 80% menor. “A chuva         encostas íngremes e topos de morro, e o reflorestamento dessas
         que antes encontrava uma proteção natural, não encontra mais,           áreas, bem como a recuperação das faixas marginais de proteção
         o escoamento das águas, que antes era amortecido no impacto,            (FMP) dos rios, e o monitoramento ambiental das bacias hidrográ-
         volume e velocidade, não acontece mais e, por isso, ocorrem desli-      ficas da região. É importante que sejam construídas barragens de
         zamentos. Antes, descia só água. Agora, desce água com lama e a         cheias nos trechos médio e superior dos rios, para conter as ondas
         velocidade é muito grande”, explica.                                    de enchentes e evitar as manchas de inundação em locais mais
              o relatório assinala medidas para amenizar ou solucionar as        planos e baixos da bacia drenante. Tudo isso só será eficaz com a
         questões latentes. Todo o levantamento feito pelo CReA-RJ evi-          oferta de moradias dignas em locais seguros.




     servir de modelo e incentivo para                 to, como o que fizemos aqui, para                  sirenes, que estão sendo instaladas
     outros municípios devido a sua im-                conhecer bem seu território. Na                    em áreas de risco; no treinamento
     portância e abrangência do tema,                  Região Serrana, por exemplo, não                   de emergência oferecido a agentes
     uma vez que auxilia na implantação                existe um estudo como o que fize-                  comunitários e num novo radar me-
     de uma política racional de uso e                 mos”. Para ele, este ano, a cidade                 teorológico", afirmou. "Mas nunca
     ocupação do solo”.                                está mais preparada para enfrentar                 vamos chegar ao ideal, porque, de-
         Machado, da Geo-Rio, concor-                  as chuvas de verão. “Investimos em                 vido à própria topografia do Rio,
     da: “Cada município deveria con-                  mapeamento de risco; no Centro de                  não há como deixar de conviver
     tratar um serviço de mapeamen-                    Operações da Prefeitura do Rio; em                 com deslizamentos. Essa é a nossa
Região Serrana: planejamento urbano para evitar tragédias
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  • 1. 86 Janeiro/Março de 2011 ISSN 1517-8021 ATÉ QUANDO? A tragédia sem precedentes na Região Serrana traz à tona uma discussão sempre presente em situações graves, mas que rapidamente é esquecida pelo poder público: o que é possível fazer para que calamidades como esta não aconteçam mais? ESPECIAL
  • 2.
  • 3. ediToRiAl É preciso cobrar! E m meio ao caos na Região Serrana do Rio, há duas coisas que podem ser ditas sem preci- pitações: já é uma das piores catástrofes do país, 1940 e o início do século XXI. Nesse período, o país passou por um processo intenso de urbani- zação, tendo que abrigar mais de 125 milhões de e muitos dos estragos causados pela tempestade pessoas em suas cidades. E essa transição acon- que se abateu na região, no dia 11 de janeiro, po- teceu sem planejamento. deriam ser evitados ou amenizados. Moradias irregulares, despejo de lixo em en- A falta de planejamento urbano e a inexis- costas e construções à margem de rios assorea- tência de uma estratégia de emergência – que dos completam a equação mortal. incluiria não apenas equipamentos meteoroló- gicos adequados para previsão de tempestades É preciso cobrar das autoridades públicas um e outras intempéries, mas uma comunicação plano amplo e perene nas áreas de habitação, sa- ágil e eficiente entre os institutos de previsão do neamento básico, transporte, uso correto do solo tempo com a Defesa Civil e demais órgãos pú- e para situações de emergência, para que se deixe blicos – são os principais responsáveis pela gra- de contabilizar mortos. ve situação e a mortalidade elevada. Há poucos dias, a Austrália sofreu uma das piores enchentes Artigo publicado no Jornal O Globo em17/01/2011 dos últimos 50 anos, alagando a terceira maior cidade do país, de 2 milhões de habitantes, em uma área equivalente ao tamanho da África do Agostinho Guerreiro Sul. Apesar do tamanho da tragédia, o número Presidente do CReA-RJ (www.agostinhoguerreiro.blogspot.com) de mortes registradas não chegou a 20 pessoas e teve pouco mais de 90 desaparecidas. A diferença está no fato de que, no distante país da Oceania, o plano de emergência funciona e a consideração pela vida humana se traduz em ações concretas. A subsecretária da ONU para Re- dução de Riscos de Desastres, Margareta Wahls- tröm, recentemente comparou os dois episódios e citou, em uma entrevista, ser básica a existên- cia de abrigos para onde a população possa ser evacuada e uma orientação eficiente para estas situações. A especialista citou ainda um estudo feito pelas Nações Unidas que diz que, para cada dólar investido em prevenção, cerca de US$ 7 são economizados em resgates e na reconstrução dos locais afetados. O crescimento desordenado das cidades e a falta de uma política séria de habitação, que in- cluiria uma fiscalização rigorosa da ocupação de áreas de risco, também fazem com que seja cria- do, no Brasil, o cenário perfeito para a destruição que presenciamos. A população urbana no país cresceu de 26,3% para 81,2% entre a década de
  • 4. sumário Revista do Crea-RJ . Nº 86 Janeiro/Março de 2011 20 A TRAGÉdiA NA ReGiÃo SeRRANA especialistas recomendam mapeamento como ponto de partida para evitar as catástrofes que vêm castigando o Rio de Janeiro todos os anos CApA 7 iNSTiTuCioNAl 8 iNSTiTuCioNAl 10 eCoNoMiA e MeRCAdo 36 Meio AMBieNTe diA do PRoFiSSioNAl PRÊMio Meio AMBieNTe eNGeNHARiA eM AlTA ôNiBuS SuSTeNTÁVel Na cerimônia, foi entregue o emoção marca entrega da Área tecnológica: mais oportunidades As ações para reduzir a quantidade de diploma de láurea ao Mérito 2010 tradicional premiação do que profissionais no mercado gases emitidos pelos ônibus no Rio
  • 5. Presidente engenheiro Agrônomo Agostinho Guerreiro diretoria 1º Vice-Presidente engenheiro eletricista e Técnico em eletrotécnica Clayton Guimarães do Vabo 40 2º Vice-Presidente engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho Sergio Niskier 1º diretor-Administrativo CulTuRA e MeMÓRiA eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho Rockfeller Maciel Peçanha oBRA HiSTÓRiCA 2ª diretora-Administrativa Alargamento da Avenida Atlântica, Meteorologista que mudou a cara de Copacabana, Francisca Maria Alves Pinheiro completa 40 anos 3º diretor-Administrativo Técnico em eletrotécnica Sirney Braga 1º diretor-Financeiro engenheiro eletricista Antonio Claudio Santa Rosa Miranda 2º diretor-Financeiro 45 Técnico em eletrônica, eng. eletricista – Ênfase em Computação e de Segurança do Trabalho Ricardo Do Nascimento Alves 3º diretor-Financeiro ARTiGo eng. eletricista, de Segurança do Trabalho e Técnico em eletrotécnica o MeRCAdo PuBliCiTÁRio José Amaro Barcelos Lima Saiba o que a publicidade tem a aprender com a engenharia CoMiSSÃo ediToRiAl - Ce aplicada às ideias Coordenador eng. eletricista-industrial eletrotécnica e de operação eletricidade Alcebíades Fonseca Coordenador-Adjunto eng. Agrônomo Luiz Rodrigues Freire 46 Membros eng. Mecânico Oduvaldo Siqueira Arnaud eng. eletricista e Técnico em eletrotécnica iNSTiTuCioNAl Clayton Guimarães do Vabo Meteorologista ViSToRiA NA CidAde do SAMBA Francisca Alves Pinheiro Comissão do Conselho apontou Suplentes problemas na fiação e nas tomadas eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho como possíveis causas do incêndio Rockfeller Maciel Peçanha; engª elétrica Lusia Maria De Oliveira; Técnico em eletrônica e engenheiro eletricista Ricardo do Nascimento Alves; Arquiteto e urbanistaPaulo Oscar Saad; Técnico em Agropecuária Adriano Martins Carneiro Lopes assessoria de INDÚSTRIA E INFRAESTRUTURA Marketing e Comunicação CoMPRA de NoVoS TReNS Pelo MeTRô Rio GeRA PolÊMiCA. eSPeCiAliSTAS AFiRMAM Que AiNdA HÁ MuiTo o Que FAZeR PARA ReSolVeR PRoBleMAS 14 Assessor Chefe alex Campos Assessora Maria dolores Bahia editor Coryntho Baldez (MT. 25.489) Colaboradores Joceli Frias, Vera Monteiro, Uallace Lima e aline Martins CAMpO estagiária: nathália ronfini eSTudoS SoBRe AVAliAÇÃo de RiSCoS NoS TRABAlHAdoReS RuRAiS SeRÃo oBRiGATÓRioS PARA ReGiSTRo de AGRoTÓXiCoS 18 Reportagem Monte Castelo: dânae Mazzini, Helena roballo, Joana algebaile, Maíra amorim e natália soares Projeto gráfico Paula Barrenne diagramação trama Criações de arte CIDADE ilustração Claudio duarte 34 o CeNTRo de oPeRAÇÕeS Rio (CoR) É PRoJeTo PioNeiRo No PAÍS e VAi AJudAR NA impressão Gráfica esdeva oRGANiZAÇÃo dA CoPA do MuNdo 2014 e dAS oliMPÍAdAS 2016 Tiragem 140 mil exemplares Publicidade: (21) 3232-4600 Rua Buenos Aires, 40 – Centro – RJ www.crea-rj.org.br
  • 6. cartas 6 Cursos de engenharia Gostaria de manifestar a exatidão do diagnóstico sobre os cursos de engenharia na 85 Novem Dezem bro/ ISSN 151 bro de 7-8021 2010 matéria da dânae Mazzini, publicada na edição 84 da Revista do CReA-RJ. Graduei- me em 2000 pela uFRJ em engenharia mecânica e absolutamente todos os proble- mas encontrados por mim e pelos meus colegas estão retratados na reportagem. Fico muito feliz que haja uma mobilização para a modificação da grade curri- cular dos cursos e torço para que os mesmos tornem-se mais atrativos e ade- A ER O P O A DA S quados às necessidades do mercado. RTUN I DA D Form ar pro para ssiona os anun investim is quali ci grande am no pr entos é- ca que se dos ES “bom s evento sal e nos s Fabiano Coradini pr que re oblema” esportivos solver qu é nos pr e o Brasil o óxim te os an rá CREA os hom -RJ presta engenheiro Mecânico e Osca nagem a r Nie meye r Falta de Profissionais Temos visto constantemente na imprensa, em geral, matérias onde estão os anúncios solicitando todos esses profissionais dando conta de uma suposta falta de profissionais, como ocor- que estariam faltando. Tenho a impressão de que o que que- reu em duas matérias publicadas na Revista 84 do CReA-RJ. Se rem dizer é: “faltam profissionais bons e de baixo custo”. esses, assim fosse, veríamos os classificados abarrotados de anún- porém faltarão sempre... cios solicitando esses profissionais, o que não ocorre. Tenho 25 anos de experiência e respondido a alguns anúncios que Marcos M. Nascimento aparecem aqui e ali, porém sem retorno. Peço que informem Técnico em eletrotécnica Técnicos de Nível Médio em primeiro lugar, quero parabenizar a equipe responsá- vel pelas matérias que vêm sendo publicadas nesta Revista. Mas o que quero é deixar clara a minha preocupação com a dificuldade na área Técnica, pois estamos diante de duas realidades. em primeiro lugar temos que formar técnicos com base, que começa no estágio; em segundo lugar, dar espaço aos “velhos”, porque os mesmos precisam interagir com os jovens e passar para eles a experiência adquirida ao longo dos anos. Luiz Fernando Figueiredo Técnico industrial crea Revista do Sua opinião é muito importante. Acompanhe as ações do rJ Crea-RJ e envie ideias, sugestões ou críticas para o e-mail revista@crea-rj.org.br
  • 7. institucional 7 Dia do Profissional do Sistema Confea/Crea André Cyriaco P ara celebrar o Dia do Profissio- nal do Sistema Confea/Crea (11 de dezembro), o CREA-RJ prestou A premiação foi marcada pelo reencontro de colegas de longa data, reconhecimento mais que de- muito difícil para nós, profissionais, vermos tantos colegas atuarem em áreas absolutamente diferentes das homenagem aos profissionais e às vido de méritos e gratas surpresas. que foram formados. Mas, felizmen- instituições que mais se destacaram “Como meteorologista, fui prepara- te, estamos vivendo num outro cená- por suas contribuições ao meio am- do para fazer previsões. Mas agora, rio. Agora recebemos demanda de biente e ao Conselho. Em 2010, du- percebi que errei, pois nunca pode- dentro e de fora do estado. E, assim rante a cerimônia solene comemo- ria imaginar que ganharia esse prê- como fomos vítimas dessa econo- rativa da data, realizada na sede do mio”, emocionou-se José Marques, mia, que durante duas décadas não CREA-RJ, no dia 13 de dezembro, ao receber seu Diploma de Láurea cresceu, hoje somos os atores sociais Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 foram entregues o Diploma de Láu- ao Mérito. do desenvolvimento do país”. rea ao Mérito 2010, certificados de Durante a abertura do evento, o Também fizeram parte da mesa função exercida de serviços meritó- presidente do CREA-RJ, Agostinho do eventoos à época vice-presidente rios prestados à nação e de serviços Guerreiro, lembrou das dificulda- Luiz Antônio Cosenza; diretora relevantes, além do Prêmio CREA des passadas pelos profissionais das Sônia Le Cocq; diretor Alcebíades de Meio Ambiente 2010. Ao todo, fo- áreas tecnológicas nos anos 1980 e Fonseca; e coordenador da Comissão ram homenageados 61 profissionais 1990 e a mudança desse quadro nos de Meio Ambiente, Sérgio Velho. e duas instituições, em parceria. últimos anos. “Naquele tempo, era (Nathália Ronfini) •
  • 8. 8 8 institucional André Cyriaco emoção na entrega do Prêmio CREA-RJ de Meio Ambiente M uitas vezes, cuidar do meio ambiente ainda é uma luta solitária de alguns cidadãos ou pe- do Conselho, foram homenageados quatro profissionais e duas institui- ções parceiras. tribuir com essa causa”, declarou Magnanini. quenos grupos. Embora essa seja OUTROS HOMENAGEADOS uma questão cada vez mais discuti- LUTA HISTÓRICA Além de Alceo Magnanini, tam- da, ainda são poucos os que fazem Ao receber seu prêmio, o enge- bém foram agraciados o geógrafo muito em prol da preservação. nheiro agrônomo Alceo Magnanini Antônio José Teixeira Guerra; o enge- Para reconhecer os profissionais e emocionou os presentes com o tes- nheiro químico Odir Clécio da Cruz instituições que mais se destacaram temunho de que a preservação do Roque; a parceria entre a Comissão por zelar por essa causa, o CREA- meio ambiente merece a dedicação Pastoral da Terra (Baixada Flumi- RJ oferece, anualmente, o Prêmio de uma vida inteira. nense) e a Empresa de Assistência CREA de Meio Ambiente. Em 13 “Eu acredito que nós precisa- Técnica e Extensão Rural (Emater) de dezembro 2010, durante a co- mos do meio ambiente, mas o meio de Nova Iguaçu; e, em homenagem memoração do Dia do Profissional ambiente não precisa de nós. Estou póstuma, o engenheiro eletricista Ro- do Sistema Confea/Crea, na sede com 85 anos, mas ainda quero con- • vani Souza Dantas. (Nathália Ronfini)
  • 9. institucional 9 Fotos: André Cyriaco CONhEçA OS AGRACIADOS Alceo Magnanini Recebeu premiações e títulos de monitoramento, fiscalização, gestão e instituições nacionais e estrangeiras. Par- controle Ambiental. era engenheiro elé- ticipou de vários projetos de preservação trico, com ênfase em eletrônica de Tele- e recuperação ambiental e atualizou o comunicações, e pós-graduado em Ges- dicionário Geológico-Geomorfológico, de tão Ambiental. Antônio Teixeira Guerra. Participou ativamente do Consórcio in- termunicipal da Macro-região Ambiental 5 - Odir Clécio da Cruz Roque MRA5-RJ. Foi membro de vários conselhos e comissões municipais de Rio das ostras com vistas na preservação ambiental e bem estar Alceo Magnanini é engenheiro Agrôno- social. Participou também como membro mo, graduado, em 1948, pela antiga escola do Conselho estadual de Meio Ambiente Nacional de Agronomia, atual universidade (Conema), do Conselho estadual de Recur- Federal Rural do Rio de Janeiro (uFRRJ). sos Hídricos (CeRHi-RJ), da Câmara Técnica especialista em “ecologia e Conser- institucional e legal do Comitê da Bacia vação da Natureza”, tem efetuado, nume- Hidrográfica do Rio Macaé, entre outros. Na rosas pesquisas e atividades educacionais entrega do Prêmio, Rovani foi representado e é autor de diversos livros e artigos sobre odir Clécio da Cruz Roque é enge- pela sua viúva, Bianca Carvalho Rovani. ecologia. nheiro Químico, e também professor e Recebeu homenagens e prêmios pesquisador, desde 1973, na Área de en- Comissão Pastoral da Terra por sua expressiva contribuição na área genharia Sanitária e Ambiental em cursos (Baixada Fluminense) e Emater do meio ambiente e representou oficial- de pós-graduação na Fundação oswaldo de Nova Iguaçu mente o Brasil em congressos nacionais Cruz e nos cursos de graduação e pós, na ou internacionais. Faculdade de engenharia da universidade do estado do Rio de Janeiro (uerj). Antonio José Teixeira Guerra Na área de pesquisa, desenvolveu pro- cessos de tratamento de esgotos e possui a primeira patente internacional da Fiocruz, justamente em engenharia sanitária. durante toda a sua trajetória profis- sional, buscou processos e projetos de baixo custo em tratamento de esgotos, Juntas, Comissão Pastoral da Terra redes e operação, de forma que municí- (Baixada Fluminense) e emater de Nova pios e cidades pudessem obter melhoria iguaçu realizam qualificação de comuni- de qualidade de vida. dades rurais para a produção agro-eco- Antonio José Teixeira Guerra é Geó- lógica em regiões no entorno de áreas de grafo, com bacharelado e mestrado em Rovani Souza Dantas (Post Mortem) proteção ambiental. Geografia, pela universidade Federal do entre suas ações, destacam-se a Rio de Janeiro, e doutorado em erosão do adoção de práticas conservacionistas, a Solo, pela universidade de londres, e pós- restrição ao uso de agrotóxicos na pro- doutorado, pela universidade de oxford. dução rural, a qualificação comunitária e Tem experiência na área de Geoci- a educação ambiental. Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 ências, com ênfase em Geomorfologia. o projeto “escolinha de Agroecologia Trabalhou no instituto Brasileiro de Geo- de Nova iguaçu”, coordenado por esses grafia e estatística (iBGe) e em várias uni- parceiros, estimula práticas que trazem versidades de grande porte. Atualmente é efetivas melhorias nas áreas ambiental e professor da universidade Federal do Rio Rovani Souza dantas foi um gran- social e na economia local. o Projeto rece- de Janeiro (uFRJ). de ambientalista, com experiência em beu o Prêmio Baixada 2009.
  • 10. 10 economia e mercado engenharia em alta Com grandes investimentos em infraestrutura nos últimos anos, diversos setores relacionados à área tecnológica estão abrindo mais oportunidades do que formando profissionais. Cláudio Duarte
  • 11. economia e mercado 11 A escassez de profissionais das diversas áreas da engenharia tem provocado uma grande mu- outubro de 2010, mostra que oito áreas de engenharia estão entre as dez profissões com maior aumen- dança no perfil dos profissionais e to salarial no ano. A engenharia na forma como as empresas contra- Geológica e Cartográfica lidera os tam seus funcionários. Se antes a aumentos, com 17,6%, seguida de disputa por uma vaga nas grandes Mecatrônica (14,5%) e de Civil, companhias era acirrada, hoje são Qualidade, de Obras, Naval, Minas as empresas que estão na briga pela e Meio Ambiente, todas com mais preferência dos novos engenheiros. de 11% de aumento salarial. A pes- Por conta disso, é cada vez mais co- quisa também identifica os setores mum a busca por talentos dentro da economia que pagam salários das universidades e a contratação acima da média nacional. Os dois de recém-formados com bons ní- primeiros estão ligados à indústria veis salariais. petrolífera nas áreas de Mineração Segundo o diretor da Poli-USP, e Extração, com 32,3% acima da José Roberto Cardoso, em 2000, média, e de Refinarias, 24%. um recém-formado ganhava 1,5 mil Engenharia de Equipamentos, Pro- reais, “agora, programas de trai- DEMANDA NA ENGENHARIA NAVAL dução e Química, Geologia, Geoquí- nee chegam a pagar 4,5 mil reais a A forte demanda por profissio- mica, Química, além de Técnico In- engenheiros”, afirma. Para o vice- nais de engenharia se deve ao atual dustrial e Mecânico. Mas ela destaca presidente do Sindicato dos Meta- momento vivido pelo Brasil, com a área que mais sofre com a escassez lúrgicos de Niterói, Edson Carlos fortes investimentos em infraestru- de mão de obra: “Por muitos anos, Rocha da Silva, a escassez de mão tura – especialmente por conta de a engenharia naval morreu para o de obra no mercado está afetando Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos Brasil e deixou de ser uma área atra- diretamente as empresas do setor de 2016, que serão realizados no país tiva para quem estava se formando naval, que estão contratando pro- -, e na indústria petrolífera. Na Pe- na profissão, o que resultou no ce- fissionais que saem dos cursos de trobras, por exemplo, segundo a ge- nário que vemos hoje. Daqui para Engenharia Mecânica e Naval com rente de Planejamento de Recursos frente, o mercado vai precisar muito ótimos salários. Humanos, Mariângela Santos Mun- de engenheiros navais”, diz. O último levantamento sala- dim, os segmentos que mais necessi- O engenheiro naval Rodrigo Ba- rial da Catho Online, com base em tam de profissionais atualmente são tista Alberto, recém-contratado pela Petrobras, faz parte do seleto grupo André Cyriaco de profissionais que concluíram o curso de engenharia naval. “Na épo- ca do vestibular procurei entender o perfil dos cursos ligados à engenha- ria e me identifiquei muito com a naval. Achei que era uma área pro- missora. Acho que a universidade é um dos momentos mais difíceis, Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 principalmente no início. A turma começa com uns 25 alunos e, no fi- nal, só poucos se formam. Eu optei por fazer estágio apenas no último semestre para me dedicar à faculda- de”, conta o engenheiro de 26 anos, Rodrigo Batista: “Assim que me formei tive a oportunidade de ser efetivado”. que se formou em 2008 pela UFRJ
  • 12. 12 economia e mercado e foi contratado pela Petrobras em vados. Atualmente, segundo infor- que investir em formar nossos es- setembro de 2010. mações do Confea, o salário médio tagiários para, quando se tornarem “Eu fazia estágio e, logo assim de um recém-formado em engenha- engenheiros, já possuírem a identi- que me formei, me senti bastante ria é de R$ 6 mil e de um especialis- dade da empresa”, conta Aline Bar- valorizado, porque tive a oportuni- ta sênior em gerenciar projetos na ros, engenheira e gerente de Gente e dade de ser efetivado. Acabei indo área varia de R$ 25 mil a R$ 30 mil, Gestão da João Fortes. para outra empresa, onde trabalhei e existe grande disputa no mercado por um ano e meio fazendo ancora- por esses profissionais. DRIBLANDO A ESCASSEZ gem de plataforma. Depois prestei A João Fortes Engenharia é uma Para lidar com a falta de enge- concurso para a Petrobras, onde es- das empresas que está na disputa nheiros no mercado de trabalho, tou como Engenheiro Jr. Nessa área por talentos na engenharia civil, as empresas têm buscado diversas são muitas as oportunidades, mas área onde mais recruta profissionais, soluções para que essa nova reali- não dá para se acomodar, pois é pre- e tem encontrado nos recém-forma- dade não seja um obstáculo para ciso se dedicar e se atualizar cons- o próprio crescimento. “Nosso de- tantemente. A área ainda vai crescer muito porque cada vez mais estão “de janeiro a outubro sejo é não contratar ou contratar cada vez menos profissionais de descobrindo petróleo em águas pro- fundas, o que vai exigir profissionais de 2010, o emprego fora da empresa. Para isso, inves- timos no nosso Programa de Está- interessados em desafios”, opina. formal na construção gio. Outra ação é realizar palestras em universidades que possuem ENGENHARIA CIVIL VALORIZADA nacional cresceu os cursos que mais necessitamos Outra área que tem demanda- aqui, entre eles, engenharia civil. do um grande volume de mão de 15,10%, de acordo Em 2010, realizamos oito pales- obra qualificada é a engenharia ci- tras e, este ano, queremos realizar vil. De acordo com informações do com o Ministério um total de 12. Além disso, nos- Caged, divulgadas pelo Ministério sos funcionários nos ajudam com do Trabalho e Emprego, de janeiro do Trabalho” indicações. Somente quando não a outubro de 2010, o emprego for- conseguimos um candidato inter- mal na construção nacional cresceu dos a solução para a falta de mão de namente, partimos para uma con- 15,10%, com geração de mais de obra. “Nos últimos 12 meses, contra- sultoria para fechamento de uma 300 mil vagas no período. tamos sete profissionais que tinham vaga”, explica Aline Barros. Segundo registros da Base de acabado de se formar e já estavam Dados do Sistema de Informações na empresa como estagiários. Bus- do Confea, atualmente há 712.418 camos engenheiros que queiram engenheiros no Brasil. Desse to- fazer carreira na empresa. O tal, 169.019 são engenheiros civis. processo de construção civil Segundo o presidente do Confea e é longo e por isso não vice-presidente do Conselho Mun- adianta o profissional dial de Engenheiros Civis (WCCE), ter tempo de formado Marcos Túlio de Melo, cerca de 32 e não ter participa- mil engenheiros, de todas as modali- do de algumas obras dades, se formam por ano no Brasil, em todas as fases. Tal mas se o ritmo de crescimento per- experiência só se ad- manecer como está, será necessário quire com a vivência. E formar o dobro de engenheiros (60 já que profissionais com mil por ano). essas características nor- Com a escassez, as empresas malmente já estão empre- oferecem salários cada vez mais ele- gados, muitas vezes temos
  • 13. economia e mercado 13 EMPRESAS INVESTEM EM FORMAçãO COMPLEMENTAR As empresas também têm enfrentado outro problema: a A Petrobras é uma das empresas que mais investem em qualidade dos engenheiros que compõem o seu quadro. Pes- capacitação no mundo. Segundo a gerente de Planejamento quisa encomendada ao Ibope pela Amcham (Câmara Ameri- de Recursos humanos, Mariângela Mundim, o programa de cana de Comércio), em 2010, mostrou a opinião das empresas treinamento para os recém-contratados é obrigatório, já que sobre a qualidade da formação dos engenheiros brasileiros. a admissão é feita através de concurso público. “Como a Petro- Segundo o levantamento, realizado junto a 211 associadas da bras não pode ir ao mercado contratar, recebemos grupos bas- entidade, a média das respostas sobre a qualidade da mão de tante heterogêneos. A prova só mostra a competência técnica obra formada em relação às necessidades do mercado foi de dos profissionais, por isso é necessário um forte programa de 4,9 pontos, sendo que 41% dos entrevistados consideraram a desenvolvimento de pessoas” opina. , formação totalmente inadequada. Outros 52% classificaram Para desenvolver o seu pessoal e suprir a carência de a formação dos engenheiros como adequada. mão de obra especializada para a instalação da indústria de “Como o Brasil não se preparou para este momento, petróleo no país, a empresa criou a Universidade Petrobras, os profissionais não possuem conteúdo pratico. há mui- principal órgão para treinamento e desenvolvimento dos tos recém-formados que não participaram nem mesmo de talentos e competências necessárias e que recebe, todos os uma obra do início ao fim. Esses profissionais não possuem dias, em seus três campi – Rio de Janeiro, São Paulo e Salva- bagagem para lidar com os problemas do dia a dia de uma dor –, cerca de mil pessoas para serem treinadas. obra e, por isso, seu superior acaba descendo, ou seja, o “Todas as pessoas que são admitidas pela empresa passam gerente passa a lidar com problemas operacionais que não por um programa de treinamento em nossa universidade com fazem parte do escopo de uma função gerencial”, opina a duração de 13 meses, período em que transmitimos os valores gerente de Gente e Gestão da João Fortes Engenharia, Ali- da companhia e oferecemos cursos de especialização na nossa ne Barros. área de atuação. Outra vertente da Universidade Petrobras são Maiores interessadas em ter profissionais bem forma- os programas de educação continuada, nos quais os funcioná- dos, as empresas começam a fazer sua parte. “Para os enge- rios voltam a se reciclar. Oferecemos, em média, 130 horas de nheiros que já estão conosco, buscamos capacitá-los por treinamento ao ano por funcionário. Além disso, ainda inves- meio de cursos de pequena duração, treinamentos on the timos em cursos nacionais e internacionais de especialização job, reuniões periódicas para dar feedback e acompanha- e mestrado ou doutorado quando os mesmos não podem ser mento no dia a dia do superior imediato”, diz Aline. oferecidos por nossa instituição” conta a gerente da empresa. , Mesmo ainda sem sofrer com a que tem como uma das principais mações sobre cinco grandes áreas – falta de engenheiros no mercado, rotas de atuação a qualificação civil, elétrica, mecânica, química e a Petrobras também tem investido profissional no setor de petróleo agronomia. A apresentação inclui, para ampliar cada vez mais o seu e gás através de parcerias e cursos em cerca de 20 minutos, entrevis- leque de profissionais. “Oferece- especializados oferecidos para pro- tas com graduandos, profissionais mos o Programa de Formação de fissionais em todo o Brasil”, conta bem colocados no mercado e pro- Recursos Humanos, que tem como Mariângela Mundim. fessores experientes falando sobre objetivo ampliar e fortalecer a for- As entidades de classe ligadas as atribuições em cada modalida- Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 mação de recursos humanos volta- à engenharia também têm entrado de, o ensino e perspectivas profis- dos ao atendimento da demanda no circuito para evitar um apagão sionais. Tendo como público-alvo por profissionais qualificados na de engenheiros nos próximos anos. os estudantes do segundo grau, indústria de petróleo, gás, energia A Federação Nacional de Engenhei- que estão escolhendo a carreira e biocombustíveis, por meio da ros (FNE), por exemplo, produziu que irão abraçar, a ideia é incen- concessão de Bolsas e Taxa de Ban- o vídeo “Mais engenheiros para tivá-los a optar pela engenharia. cada. E ainda temos o Prominp, construir o Brasil”, que traz infor- (Dânae Mazzini) •
  • 14. 14 indústria e infraestrutura A polêmica dos novos trens Metrô investe em alta tecnologia para solucionar velhos problemas, mas especialistas afirmam que ainda há muito o que fazer Imagem: Metrô Rio Informa – Setembro/2010 A lvo de muitas críticas entre os usuários nos últimos meses, o Metrô Rio deu o primeiro passo para Os primeiros beneficiados com o início da operação dos novos trens, previstos para chegar em outubro “É a primeira vez que se com- pra trens novos para o Metrô des- de o início da sua operação, em cumprir a meta de investir R$ 1,15 bi- de 2011, seriam os passageiros da 1978. Eles começam a chegar em lhão na melhoria e ampliação dos seus linha 2 (Pavuna-Botafogo). 2011. Os carros terão ar-condicio- serviços, compromisso firmado com o nado adequado às condições da Governo do Estado desde a mudança TEMPO DE ESPERA nossa cidade, mais espaço inter- dos termos de concessão, em 2007. A previsão do Metrô Rio é de no, maior rapidez nas viagens e Boa parte desse investimento – R$ 320 que o intervalo de espera entre as reduzirão o tempo de espera nas milhões – concentra-se na compra de estações Central e Botafogo, tre- plataformas. Eles serão usados na 19 novos trens, num total de 114 car- cho de maior carregamento do Linha 2 porque o ar-condicionado ros, que promete aumentar em 63% a sistema, seja reduzido para apenas dessas novas composições está capacidade atual do transporte. dois minutos. adaptado para circular na super-
  • 15. indústria e infraestrutura 15 imagem: Metrô Rio informa – Setembro/2010 fície e os atuais foram projetados só para andar no túnel. Por isso, temos tantos problemas de refri- geração no verão, com esse calor fora do comum”, disse o presiden- te do Metrô Rio, José Gustavo de Souza Costa, em entrevista ao Jor- nal Metrô Rio Informa. Apesar das promessas de me- lhoria no serviço oferecido, es- pecialistas na área de transporte advertem que os novos trens não serão suficientes para ampliar a capacidade atual e oferecer mais conforto aos usuários. “Estudos realizados por especialistas indi- interior dos novos carros que o Metrô Rio está comprando de uma fábrica chinesa. cam que o tempo de espera nas plataformas não pode ser reduzi- Divisão Técnica de Transportes e chegada dos novos trens deverá do enquanto a linha 1A estiver em Logística do Clube de Engenha- sofrer atrasos”. funcionamento. Sem a redução ria. Ele disse ainda que, tendo em dos intervalos, não será possível vista que a discussão sobre o pla- LINHA CONGELADA? aumentar a capacidade atual do nejamento e a adequação técnica Ex-diretor de Planejamento e metrô, mesmo com a chegada das do projeto dos novos carros não Projetos do Metrô durante sua fase de novas composições”, explica o en- contou com a experiência do qua- implantação, o professor e doutor em genheiro Alcebíades Fonseca, con- dro de técnicos do antigo Metrô, engenharia do transporte, Fernando selheiro do CREA-RJ e Chefe da “provavelmente o cronograma de Mac Dowell, também compartilha iNFoRMAÇÕeS TÉCNiCAS Os novos trens do Metrô Rio foram produzidos pela fá- e motor. O motor de tração será feito pela japonesa Mitsu- brica chinesa Changchung Railway Vehicles (CRC), fundada bishi Electric (Melco), o sistema de ar-condicionado é da Aus- em 1954, que também está produzindo carros para os me- trália, o sistema de portas será da austríaca IFE, e o sistema trôs de Sydney, na Austrália, e de Beijing (Pequim), na China. de freios da Knorr-Bremse, da Alemanha. Desde 1995, a CRC já exportou cerca de 3.000 composições Para atender à demanda do Metrô Rio, a CRC construiu para países como Irã, Tailândia, Arábia Saudita, Paquistão, uma via com as mesmas características da existente no me- Nova Zelândia, Argentina, entre outros. trô carioca para a realização dos testes dos trens. hoje, a fá- A montagem das novas composições será na sede da brica tem capacidade para produzir 1.500 vagões por ano, CRC, em Changchun, cidade industrial a 700 quilômetros de mas está duplicando seu parque industrial para melhor Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 Pequim. A empresa chinesa será responsável ainda pela fa- atender às encomendas. bricação da carroceria e do truque – onde se localizam rodas Fonte: Metrô Rio Informa – Setembro/2010
  • 16. 16 indústria e infraestrutura da mesma opinião. “A proposta da da Carioca, por isso, esse trecho con- fabricado pela australiana Sigma e Linha 1A carece de visão sistêmica seguiria desafogar as outras estações. vai refrigerar o interior das composi- dos transportes, pois congela toda a Com a quantidade de novos carros ções com capacidade 33% superior à Linha 2 com intervalo de 4 min entre que foram comprados conseguiría- existente atualmente. A temperatu- trens de apenas 6 carros, que corres- mos voltar ao sistema antigo, sem a ra média dentro dos vagões será de ponde à capacidade 18 mil passagei- linha 1A, e ainda dar início ao projeto 23 graus, impulsionados por 336 mil ros/hora, considerando 4 passagei- do novo trecho, que já tinha sido pla- BTUs, o equivalente a 33 aparelhos ros/m², contra o projeto original de nejado”, opina Mac Dowell. de ar-condicionado de 10.000 BTUs trem de até 8 carros com intervalo de ligados ao mesmo tempo em cada até 100 segundos, que corresponde à PRÓS E CONTRAS composição. capacidade de escoamento de 60 mil O projeto dos novos trens, No interior das composições não passageiros/hora. Assim, o Rio perde que começam a chegar a partir do haverá porta separando os carros, o principal sistema de transporte de segundo semestre deste ano, foi que serão interligados por sanfonas, massa”, defende. desenvolvido em parceria com a permitindo ao passageiro trocar de O engenheiro diz ainda que a cria- MTR, empresa operadora do metrô carro. Cada vagão terá 36 assentos ção da linha 1A evita a possibilidade de Hong Kong (China), referência em vez dos atuais 48, mas, segundo o de dar continuidade a um dos trechos mundial em transporte metroviário. Metrô Rio, haverá muito mais espaço mais importantes do metrô: Estácio E a fábrica encarregada de produzir interno para os passageiros. As barras – Carioca – Praça XV, com extensão as composições, a Changchun Rai- para apoio em pé terão nova distri- para São Gonçalo e depois por aero- lway Vehicles (CRC), localizada na buição e os novos trens contarão com móvel até o Comperj. “Uma pesquisa província de Changchun, na China, pega-mãos para aumentar a seguran- feita entre os usuários mostrou que o fornece trens para Canadá, Austrá- ça do usuário de baixa estatura. destino da maioria deles é a estação lia, Paquistão, Nova Zelândia, entre muitos outros países. REDUÇAÕ DE ASSENTOS André Cyriaco Segundo Mac Dowell, os novos O engenheiro Alcebíades Fon- trens são veículos do tipo reboque, seca considera que a redução de ou seja, não possuem motor nos assentos dos novos trens vai causar vagões. “Os atuais carros do metrô mais desconforto para os passagei- são tracionados, têm todos os eixos ros. “Uma das novidades das novas com tração. Os veículos tipo rebo- composições é eliminar 25% dos as- que são mais baratos, mas possuem sentos. Essa é mais uma política ado- uma capacidade reduzida para subir tada pela empresa para maximizar o e descer rampas, de apenas 1,5%. E rendimento e minimizar o conforto podem ter seu desempenho alterado dos usuários”, afirma. em caso de lotação dos vagões”, diz. Mac Dowell concorda. “A dimi- nuição no número de assentos dos CARROS INTERLIGADOS novos trens só tem como objetivo au- Segundo o Metrô Rio, as no- mentar ainda mais a quantidade de vas composições reúnem o que há passageiros por metro quadrado no de mais moderno em tecnologia e interior dos vagões. Atualmente, em têm como objetivo proporcionar ao horário de grande movimentação, o Alcebíades Fonseca: “o antigo quadro técnico não tem participado das decisões da direção usuário mais conforto e rapidez nas metrô conta com até oito passageiros do Metrô Rio”. viagens. O sistema de climatização é por metro quadrado. Além disso, o
  • 17. indústria e infraestrutura 17 Rio de Janeiro tem hoje uma popu- lação idosa, especialmente em Copa- cabana, que tem a necessidade de um SoluÇÕeS uRGeNTeS número maior de assentos. Quando Além dos problemas vivenciados quando há um caso de incêndio. No deixamos de oferecer conforto no in- diariamente pelos usuários, como nosso projeto inicial existia um siste- terior do trem, passamos a criar um trens superlotados, longa espera nas ma para proteger a população, mas custo social”, opina Mac Dowell. plataformas, falha no sistema de refri- hoje não sei como está isso. Quando O engenheiro sustenta que ain- geração e excesso de paradas inespe- vi que foram colocados ventiladores da faltam informações mais técnicas radas ao longo dos percursos, o Metrô nas estações, fiquei na dúvida sobre Rio possui outras fragilidades graves a conclusão de todo o projeto”, diz. sobre a aquisição dos novos trens que, segundo especialistas, devem Outro problema, segundo o en- para que seja feita uma avaliação ser superadas com urgência. genheiro, é a fragilidade do metrô mais completa da sua eficácia. “Até Fernando Mac Dowell defende em relação às quedas de energia no hoje, eles não conseguiram me res- que um dos maiores problemas do Rio de Janeiro. “O metrô só deveria ponder a todas as questões que le- metrô atualmente é o sistema de parar de funcionar no caso de um vantei. Não sabemos ainda quantas ventilação nas estações. “Falta um blackout na cidade, mas, atualmente, portas esses trens terão, qual serão sistema automático, ou seja, que é ca- está parando com qualquer pequena o tamanho delas, qual o peso desse paz de afastar a fumaça das pessoas, falta de luz”, conta. carro e, principalmente, como é a curva de desempenho dele”, ques- • tiona. (Dânae Mazzini) Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011
  • 18. 18 campo Novas exigências para registro de produtos agrotóxicos
  • 19. campo 19 O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo. Apenas no primeiro quadrimestre de 2010, Outra novidade proposta é que os estudos apresentados pelas empre- sas para que a Agência realize análise A Consulta Pública 02/2011 propõe uma atualização da Portaria 03/1992 do Ministério da Saúde. A foram aplicados 5,5 milhões de to- toxicológica dos agrotóxicos sejam proposta é resultado de dois anos de neladas de produtos sintéticos nas conduzidos em laboratórios com cer- trabalho da Agência e foi aprovada lavouras brasileiras, o que correspon- tificação de Boas Práticas Laborato- na Agenda Regulatória de 2009, ins- de a 7,8% a mais que o consumo no riais (BPL). Essa ação permitirá maior trumento que expõe os temas consi- mesmo período de 2009. segurança quanto à credibilidade dos derados pela Anvisa como prioritários No país, são liberados, inclusive, estudos apresentados e maior ras- para regulação. produtos já banidos de uso em cultivos treabilidade dos resultados, além de Sugestões para Consulta Pública na maioria dos países desenvolvidos. uniformizar nosso trabalho com o do 02/2011 deverão ser encaminhadas Segundo a Agência Nacional de Vigi- Ibama, que já efetua essa exigência, por escrito, no prazo de 60 dias, para lância Sanitária (Anvisa), a agricultura afirma Álvares. Além disso, harmoni- o endereço: Agência Nacional de Vi- brasileira usa cerca de dez agrotóxicos za a documentação de avaliações toxi- gilância Sanitária, SIA, Trecho 5, Área proibidos na União Européia e nos cológicas com o que já era solicitado Especial 57, Bloco D – subsolo, Brasí- Estados Unidos. No total, 14 insumos para os estudos de resíduos de agrotó- lia/DF, CEP 71.205-050; por Fax 61- agrícolas precisam ser submetidos à xicos em alimentos, de acordo com a 3462-5726; ou para o e-mail: toxicolo- reavaliação. resolução da Anvisa de 2006. gia@anvisa.gov.br sobre a proposta. Por esse motivo, no dia 28/01/2011, A consulta pública atualiza, ainda, A Câmara de Agronomia do uma consulta pública foi aberta pela os estudos que devem ser apresenta- CREA-RJ, por sua vez, vem pautando Agência Nacional de Vigilância Sa- dos pelas empresas para obtenção de constantemente discussões e ações so- nitária (Anvisa). Segundo a Anvisa, a avaliação toxicológica de agrotóxicos bre agrotóxicos, direcionadas para o apresentação de estudos sobre avalia- e produtos técnicos. Os critérios de aperfeiçoamento do receituário agro- ção de riscos nos trabalhadores rurais classificação toxicológica dos produtos nômico, da fiscalização do uso correto será requisito obrigatório para registro também foram revisados. Para Álva- de agrotóxicos, da destinação correta de agrotóxicos no Brasil. res, a nova proposta permite ao Brasil das embalagens, da proteção do traba- estar alinhado às normas internacio- lhador e do meio ambiente. Por outro AVALIAÇÃO DO RISCO nais mais atualizadas para avaliação de lado, ao convidar os milhares de pro- A avaliação do risco é um proce- agrotóxicos e produtos técnicos. fissionais do CREA-RJ a participarem dimento mais sensível e acurado que da presente consulta pública, reafir- permite analisar possíveis efeitos dos REGISTRO DE AGROTÓXICOS ma seu compromisso e preocupação agrotóxicos na saúde. Apesar de já ana- No Brasil, o registro de agrotó- constante para o desenvolvimento de lisarmos a toxicidade das substâncias xicos é realizado pelo Ministério da sistemas agrícolas sustentáveis e com presentes nos agrotóxicos, a avaliação Agricultura, órgão que analisa a eficá- segurança alimentar. • do risco possibilitará reduzir ainda cia agronômica desses produtos. Po- mais os agravos indesejados associa- rém, a anuência da Anvisa e do Iba- João Araújo dos à exposição da população a esses ma é requisito obrigatório para que o Coordenador da Câmara Especia- produtos, explica o diretor da Anvisa, agrotóxico possa ser registrado. lizada de Agronomia do CREA-RJ Agenor Álvares. Os agrotóxicos que A Anvisa realiza avaliação toxico- e da Coordenadoria Nacional de Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 causam mutações genéticas, câncer, lógica dos produtos quanto ao impac- Câmaras de Agronomia alterações fetais e danos reprodutivos to na saúde da população. Já o Ibama continuarão impedidos de registro, observa os riscos que essas substân- Fontes: Carolina Pimentel - Agência Brasil conforme determinado pela Lei. cias oferecem ao meio ambiente. e Assessoria de Comunicação da Anvisa
  • 20. 20 especial capa um ciclo precisa
  • 21. especial capa 21 de calamidades que ser rompido especialistas recomendam mapeamento como ponto de partida para evitar catástrofes como as que têm castigado o estado do Rio. Falta de planejamento e descumprimento de leis ambientais estão entre as causas da tragédia que atingiu a Região Serrana, segundo relatório preliminar do CReA-RJ Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011
  • 22. 22 especial capa T odos os anos, entre os meses de novembro e abril, o Estado do Rio é atingido por fortes chuvas. mais para sanar estragos causados pelas chuvas do que em prevenção. Ao todo, foram apenas R$ 167 mi- Para os sobreviventes, ficou a dor e o desafio de reconstruir a vida e as cidades. Altos índices pluviométricos, alia- lhões e meio de reais para prevenir O cenário de lama, destruição dos à geografia de mares e morros, e R$ 2,3 bilhões para remediar e, e emergência causou comoção na- à ocupação irregular em áreas de assim mesmo, apenas uma pequena cional, logo transformada em uma encostas e ao baixo investimento parte do total. em prevenção e planejamento fa- No Estado do Rio, essa relação zem com que tragédias como as da não foi diferente. Em 2010, gasta- “em 2010, estado Região Serrana, de Angra dos Reis, ram-se 80 milhões na reconstrução do Morro dos Prazeres e do Morro dos locais atingidos pelas chuvas e investiu 10 vezes do Bumba se repitam num calendá- apenas R$ 8 milhões foram investi- rio sinistro de dor, comoção e de- dos para evitar novas tragédias. Ou mais para remediar solação. Afinal, o que se deve fazer e o que se está fazendo para evitar seja, investiu-se 10 vezes mais para remediar os estragos do que para estragos do que para esse ciclo de calamidades – e ain- da um vexame internacional num prevenir catástrofes. A tragédia climática deixou no prevenir catástrofes” dos cenários da Copa do Mundo de Estado do Rio um rastro de devas- Futebol de 2014 e sede absoluta das tação em mais de 20 municípios. rede de solidariedade e socorro, da Olimpíadas de 2016. Cerca de 90 mil pessoas foram di- qual o CREA-RJ participou, à pri- Segundo a ONG Contas Aber- retamente castigadas, sendo que meira hora, em várias frentes. tas, que monitora gastos públicos, mais de 900 morreram em enchen- Já no dia 15 de janeiro, por de- em 2010, a União investiu 14 vezes tes, deslizamentos e desabamentos. terminação do presidente Agosti- nho Guerreiro, o Conselho publicou Nathália Ronfini no jornal O Globo um apelo para que os profissionais de engenharia, arquitetura, agronomia, geologia, geografia, meteorologia e demais especializações procurassem as prefeituras para atuar como volun- tários nos trabalhos de análise, ava- liação, diagnóstico, vistorias, laudos e planos de reconstrução. A ideia era que todos pudessem contribuir, com apoio, suporte, experiência e conhecimento técnico, unissem forças junto à corrente de doações e outras medidas de urgências. “A população urbana no país cresceu de 26,3% para 81,2% entre a década de1940 e o início do sécu- lo XXI. Nesse período, o país pas- Márcio Machado: “Mapeamento da Geo-Rio identifica áreas que precisam de mais investimentos”. sou por um processo intenso de ur-
  • 23. especial capa 23 banização, tendo que abrigar mais fazer isso com dedicação, honestida- tetos de Nova Friburgo (AEANF), de 125 milhões de pessoas em suas de e transparência”, garantiu. engenheiro civil José Augusto cidades. E essa transição aconteceu O presidente foi enfático so- Spinelli, boa parte da devastação sem nenhum planejamento”, acres- bre a contribuição do relatório: pode ser atribuída à força da na- centou o presidente do CREA-RJ. “Estamos trazendo esse relatório tureza, mas os efeitos provocados Antes, o presidente já havia li- para as prefeituras e vamos levá- pelo temporal foram agravados berado a frota de veículos e outros lo para as autoridades estaduais, pela falta de ações e de recursos equipamentos do CREA-RJ para au- porque temos aqui diagnósticos do poder público – nas esferas xiliar as prefeituras nas ações neces- importantes para evitar tragédias municipal, estadual e federal – sárias para a recuperação das condi- anunciadas como essa”, afirmou para obras de infraestrutura em ções básicas de infraestrutura. Agostinho. geral. No dia 18 de janeiro, Agostinho Segundo o presidente da As- Ao comentar o esvaziamento tratou do assunto, em reunião na sociação de Engenheiros e Arqui- do quadro de profissionais das sede do Conselho, com Marcos Tú- Valter Campanato/ABr lio de Melo, presidente do Confea; José Tadeu da Silva, do Crea-SP: Gilson de Carvalho Queiroz Filho, do Crea-MG; e José Mário de Araú- jo Cavalcanti, do Crea-PE. RELATÓRIO DE IMPACTO Na quarta-feira, dia 19 de ja- neiro, o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, viajou à Região Serrana para levar a pre- feitos o Relatório de Impacto do CREA-RJ sobre as áreas atingi- das. Um dos objetivos do relató- rio é auxiliar os órgãos públicos e contribuir para o restabeleci- mento da normalidade através de medidas de prevenção e proteção da sociedade. Em Nova Friburgo, o prefei- to Dermeval Barbosa agradeceu o apoio e a iniciativa do Conselho do Rio. “As providências propostas pelo CREA-RJ devem ser levadas a sério e colocadas em prática”, afirmou. Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 Em Teresópolis, o secretário de Go- verno, Rogério Siqueira, disse que a ajuda do Conselho será fundamental para reconstruir a cidade. “Vamos o bairro de duas Pedras ficou destruído com as fortes chuvas que atingiram Nova Friburgo.
  • 24. 24 especial capa Guilherme Parmera Prefeituras, Spinelli frisou “que a falta de técnicos está diretamente ligada aos salários irrisórios que as administrações podem ou que- rem pagar”. Ele sugere que o mes- mo critério para fixar o número de vereadores de cada município, proporcional à população, seja adotado para a contratação de técnicos pelas Prefeituras. José Augusto Spinelli conta que, no primeiro momento após a tragédia, a AEANF se mobilizou, em conjunto com a defesa civil, para salvar vidas. Depois, passou a participar de levantamentos de novos locais de riscos e de pontes e estradas vicinais que precisavam de reparos. Agora, segundo ele, é necessário começar imediatamen- Na entrevista coletiva que concedeu à imprensa, Agostinho Guerreiro defendeu uma política nacional te a elaboração de planos direto- de prevenção de acidentes, com orçamento justo e participação de técnicos. res, adaptando a sua concepção aos novos parâmetros colocados seu gabinete entrevista coletiva que haja prevenção ou, ainda em pela dimensão da tragédia na Re- que reuniu profissionais de qua- caso de acidente, haja uma ação gião Serrana. se todos os jornais, rádios, TVs e coordenada para salvar a popula- Após duas semanas sendo portais de notícias com sede ou ção mais rapidamente, evitando procurado diariamente por jorna- sucursais no Rio de Janeiro (foto). o maior número possível de mor- listas – todos devidamente atendi- “Se as prefeituras cumprissem tes”, completou Agostinho. dos –, no dia 26 de janeiro, o pre- as leis brasileiras, 80% das vidas Outra iniciativa do CREA-RJ sidente do CREA-RJ concedeu em daquelas regiões não teriam sido foi a aprovação pelos conselheiros, perdidas. Não é mais suportável na plenária realizada em feverei- ter a certeza de que, a cada verão, ro, da prorrogação de descontos perderemos vidas”, afirmou Agos- na anuidade dos profissionais que tinho. Na ocasião, ele também en- atuam na Região Serrana até o dia tregou aos jornalistas o Relatório 31 de março. O Ato Administrati- de Impacto do CREA-RJ sobre as vo n° 01/2011 tomou como base áreas atingidas. para a medida o Estado de Cala- “Vamos batalhar decisiva- midade Pública decretado pelo mente para que haja uma política Governo do Estado do Rio e bene- nacional capaz de inf luenciar es- ficiou os profissionais atuantes nos tados e municípios, mas com prio- municípios de Nova Friburgo, Te- ridade efetiva, com orçamento resópolis, Petrópolis, Bom Jardim, justo, com grande participação de São José do Vale do Rio Preto, Su- técnicos, de equipamentos, para midouro e Areal.
  • 25. especial capa 25 TRAGÉDIA EM DEBATE Após um mês da tragédia, foi “No estado do Rio, os Geo-Rio, órgão da Secretaria Muni- cipal de Obras. realizado no Clube de Engenha- ria, em parceria com o CREA-RJ, meteorologistas mal Logo após a conclusão desse trabalho, detectou-se que 21 mil a Associação Brasileira de Mecâ- têm acesso à internet imóveis e 117 comunidades se en- nica do Solo e a Associação Bra- contravam em perigo. Segundo sileira de Geologia de Engenharia e ao telefone para dados da Geo-Rio, atualmente são e Ambiental, o debate “Desliza- 18 mil moradias em áreas de risco, mentos na Região Serrana 30 dias fazerem as previsões” já que, ao longo de 2010, 47 dessas depois”. O presidente do Clube, comunidades receberam obras de Francis Bogossian, recebeu à mesa – isimar dos Santos contenção ou seus moradores fo- de abertura Agostinho Guerreiro e ram reassentados. outros especialistas e autoridades, mentos e um inventário de risco em No entanto, "esse número [18 como Anna Laura Nunes, presi- 196 comunidades, encomendado mil moradias] não quer dizer que as denta da Associação Brasileira de pela Geo-Rio e executado pela Con- outras não têm risco algum. Qual- Mecânica dos Solos e Engenharia cremat Engenharia. “Com esse tra- quer área com declive tem”, decla- Geotécnica, Moacir Duarte (Co- balho, feito entre abril e dezembro rou o prefeito Eduardo Paes. “Só se ppe/UFRJ), e o deputado federal do ano passado, medimos as áreas eu revogasse a lei da gravidade aca- Hugo Leal. de alto, médio e baixo risco. Com baria esse problema", ironizou. “O conhecimento técnico está essas informações, será possível di- De acordo com Vânia Zaeyen, aqui na casa. Temos que buscá-lo, mensionar melhor os locais que pre- gerente do Núcleo de Estudos e levá-lo para o governo federal e o cisam de maiores investimentos em Projetos de Geotecnia da Concre- poder público. E aí temos que fazer prevenção de deslizamentos”, expli- mat Engenharia, “o mapeamento mais duas junções: a ação política e cou Márcio Machado, presidente da realizado no Município do Rio deve a ação jurídica, do Ministério Pú- Valter Campanato/ABr blico”, disse Leal. O evento contou com a participação da presidente do Instituto Estadual do Ambien- te (Inea), Marielene Ramos, e do engenheiro civil Alberto Sayão, professor da PUC-RIO. Bogossian agradeceu o apoio do CREA-RJ e demais entidades, reiterando o ca- minho da união em direção aos in- teresses nacionais. MAPEAMENTO DE RISCO Depois das chuvas que pararam a Cidade do Rio de Janeiro, em abril Revista do Crea-RJ • Janeiro/Março de 2011 de 2010, as autoridades perceberam que era necessário tomar medidas mais pró-ativas. Uma das mais im- portantes foi a elaboração de uma carta de suscetibilidade a escorrega- Nova Friburgo (RJ) – Chuvas fortes deixaram rastro de destruição na Região Serrana do estado do Rio.
  • 26. 26 especial capa CReA-RJ deFeNde iNSTRuMeNToS de GeSTÃo AMBieNTAl Guilherme Parmera No dia 26 de janeiro, em entrevista coletiva concedida à im- prensa, Agostinho Guerreiro apresentou o Relatório Preliminar de inspeção Realizada nas Áreas de Teresópolis e Nova Friburgo Afe- tadas pelas Fortes Chuvas, produzido logo após a tragédia. Para compor o documento, o Conselho do Rio realizou inspeções nos dias 13 e 14 de janeiro nas áreas críticas atingidas com a participa- ção do assessor de Meio Ambiente, Adacto ottoni, do inspetor de Teresópolis, arquiteto Mariano loureiro, do conselheiro do CReA- RJ residente em Nova Friburgo, engenheiro civil leiner P. Rezende, e dos agentes de fiscalização do CReA-RJ, Marco Antonio Barreto e Rodney Benther, bem como o apoio da coordenadora de fiscaliza- ção do CReA-RJ para a Região Serrana, Jussara lemos. o documento do CReA-RJ aponta que “não existem Planos de Contingência efetivos para enchentes e deslizamentos de en- costas nos municípios afetados” e lembra que sem instrumentos de monitoramento ambiental permanente, como ferramenta fun- Agostinho Guerreiro apresenta o Relatório produzido pelo CReA-RJ damental de gestão ambiental da bacia hidrográfica, não há como alertar a população previamente sobre eventos extremos, visando dencia que a falta de planejamento e as ocupações desordenadas à evacuação e evitando mortes causadas por chuvas intensas. foram alguns dos principais fatores responsáveis pela tragédia Já o presidente do CReA-RJ, Agostinho Guerreiro, lembrou ocorrida. que se as regiões afetadas, cobertas pela Mata Atlântica, tives- As medidas de médio e longo prazo apontam que devem ser sem sido preservadas e as prefeituras não permitissem a ocupa- elaborados um mapeamento das áreas de risco e um Programa ção desordenada das encostas, o número de vítimas por conta de Contingência. Neles, está prevista a retirada das populações de do temporal do dia 11 de janeiro teria sido 80% menor. “A chuva encostas íngremes e topos de morro, e o reflorestamento dessas que antes encontrava uma proteção natural, não encontra mais, áreas, bem como a recuperação das faixas marginais de proteção o escoamento das águas, que antes era amortecido no impacto, (FMP) dos rios, e o monitoramento ambiental das bacias hidrográ- volume e velocidade, não acontece mais e, por isso, ocorrem desli- ficas da região. É importante que sejam construídas barragens de zamentos. Antes, descia só água. Agora, desce água com lama e a cheias nos trechos médio e superior dos rios, para conter as ondas velocidade é muito grande”, explica. de enchentes e evitar as manchas de inundação em locais mais o relatório assinala medidas para amenizar ou solucionar as planos e baixos da bacia drenante. Tudo isso só será eficaz com a questões latentes. Todo o levantamento feito pelo CReA-RJ evi- oferta de moradias dignas em locais seguros. servir de modelo e incentivo para to, como o que fizemos aqui, para sirenes, que estão sendo instaladas outros municípios devido a sua im- conhecer bem seu território. Na em áreas de risco; no treinamento portância e abrangência do tema, Região Serrana, por exemplo, não de emergência oferecido a agentes uma vez que auxilia na implantação existe um estudo como o que fize- comunitários e num novo radar me- de uma política racional de uso e mos”. Para ele, este ano, a cidade teorológico", afirmou. "Mas nunca ocupação do solo”. está mais preparada para enfrentar vamos chegar ao ideal, porque, de- Machado, da Geo-Rio, concor- as chuvas de verão. “Investimos em vido à própria topografia do Rio, da: “Cada município deveria con- mapeamento de risco; no Centro de não há como deixar de conviver tratar um serviço de mapeamen- Operações da Prefeitura do Rio; em com deslizamentos. Essa é a nossa