FORMAÇÃO TERRITORIAL E POVOAMENTO EMFORMAÇÃO TERRITORIAL E POVOAMENTO EM
MATO GROSSOMATO GROSSO
By: Professor Eder Júnio Libório
Mato Grosso no Contexto da Colonização do
Brasil
.
Durante os primeiros
300 anos de colonização
portuguesa nas Américas
se desenvolveu
essencialmente margeando
a costa do Atlântico, de
modo que o célebre
sociólogo Darci Ribeiro
comentou: “Os portugueses
promoveram uma
colonização que se
assemelha á ações dos
caranguejos, pois se
restringiram a arranhar as
areias das praias por mais
de dois séculos de
ocupação”.
Mato Grosso antiga posse Espanhola
Por fim, estes dominadores coloniais, estavam
limitados pelo “Tratado de Tordesilhas” – Acordo
diplomático que dividiam os territórios coloniais do
novo mundo entre Portugal e Espanha.
Até meados do século XVIII, o interior do território
colonial brasileiro era completamente desconhecido
pelas autoridades lusitanas, e parcamente ocupadas
por quilombolas, nações indígenas e missões
jesuítas...
Na região da bacia do Rio Prata-Paraná e no Chaco
Paraguaio (e na Amazônia) multiplicaram-se as
reduções, sendo que em pouco tempo, com o
desenvolvimento do trabalho servil dos ex-selvagem
para os padres, a economia dessas missões
religiosas superaram e muito as de algumas
Capitanias oficiais do Estado Monárquico Português
Em 1674, a bandeira de Fernão Dias Falcão
encontrou em Minas Gerais uma pequena
quantidade de ouro, atraindo muitos
aventureiros a região.
As bandeiras
consistiam em
grupos de homens
que saiam
organizados em
expedições
particulares com o
objetivo de penetrar
pelos sertões a
procura de, índios,
de negros foragidos
da escravidão e
posteriormente à
procura de metais
preciosos.
Os paulistas diante da derrota resolveram
continuar as suas incursões pelo interior.
Foi nesse contexto histórico que se deu a
chegada dos paulistas ao atual Estado de
Mato Grosso.
A chegada desses
aventureiros causou um
descontentamento nos
paulistas, que passaram a
chamar os forasteiros de
“emboabas” e a ganância
pelo ouro acabou
provocando um conflito
entre os paulistas e os
portugueses que vieram
em busca do ouro em
Minas Gerais; a Guerra
dos Emboabas. Após o
conflito, o governo
português passou a
controlar as minas.
Os paulistas ao entrarem em Mato Grosso, logo perceberam
que na região habitavam muitas tribos indígenas, como os
Coxiponé, Beripoconé, Bororo, Paresí , Caiapó, Guaicuru,
Paiaguá e muito outros grupos. No entanto, foi com a bandeira
de Pascoal Moreira Cabral, que os interesses dos paulistas e
de Portugal cresceriam por esse território.
As Bandeiras em Mato Grosso
Bandeiras eram expedições militares, semi-clandestinas,
inspiradas nas Entradas (expedições militares exploratórias
oficiais, organizadas pelo Estado Colonial Português que tinha
a missão de explorar o interior e combater nações indígenas
hostis), porém por serem transgressoras das ordens
lusitanas, não respeitavam os limites fronteiriços do Tratado
de Tordesilhas.
Mapa do Estado do Mato Grosso com os pontos Indígenas Em 1718
Assim a expedição de Pascoal Moreira
Cabral deu início a colonização da região.
A presença da bandeira
de Pascoal Moreira
Cabral naquele local
incomodou os índios
aripoconé, que
acabaram atacando os
paulistas, Após o
combate com os
indígenas, os
bandeirantes fundaram
o Arraial da Forquilha,
que recebeu esse nome
por estar localizado na
confluência dos rios
Coxipó, Peixe e Mutuca.
Em 1722, o paulista Miguel Sutil chegou a região com o
propósito de fazer uma visita a sua roça. O bandeirante pediu
aos dois índios que estavam em sua companhia que fossem
buscar mel, Os índios retornaram somente ao anoitecer e a
seguir, os índios colocaram na mão de Miguel Sutil o ouro
encontrado.
Na madrugada, o paulista colocou os gentios para mostrar o
lugar no qual haviam encontrado o ouro. Este achado estava
nas proximidades do córrego da Prainha, e passou a ser
denominado de “Lavras do Sutil”. Havia tanto ouro nessas
minas, que as Lavras do Sutil foram consideradas como “a
maior mancha que teria se encontrado no Brasil”.
A notícia da descoberta chegou ao Arraial da Forquilha,
levando muitas pessoas a migrarem para as “Lavras do
Sutil”. Assim teria início o povoamento às margens do
córrego da Prainha dando origem a atual cidade de Cuiabá.
Em 1734, estando já
quase despovoada a Vila
Real do Senhor Bom
Jesus do Cuiabá, os
irmãos Fernando e
Artur Paes de Barros, á
caça de índios Parecis,
descobriram um veio
aurífero, o qual
denominaram de Minas
do Mato Grosso,
situadas nas margens do
rio Galera,no vale do
Guaporé.
Em 1754, vinte anos
após descobertas as
Minas do Mato
Grosso, pela primeira
vez o histórico dessas
minas foi relatado
num documento
oficial, no qual foi
alocado o termo Mato
Grosso, e identificado
o local onde elas se
achavam.
A região além das Tordesilhas estavam
tomadas por súditos Portuguesas; o quem
levou aquele governo a reivindicar junto
aos tribunais internacionais da época (a
Igreja Católica) a revisão do Tratado de
Tordesilhas e a constituição de um novo
tratado – Tratado de Madri. Na metade do
século XVII os limites traçados no Tratado
de Tordesilhas estavam devidamente
ultrapassados, em 1750, oficializou a
incorporação de vastas possessões
espanholas ao território colonial Português.
. A exploração aurífera e mineral na
região foi intensa e rápida, e por conta
dos meios rudimentares de exploração,
que os obrigava a explorar somente as
camadas mais superficiais dos solos e
das margens dos rios, sendo que logo
se esgotou as jazidas do precioso
mineral levando a região a uma grave
depressão econômica, esvaziamento
populacional e empobrecimento de
modo geral.
A economia mineradora foi gradativamente
substituída pela pecuária extensiva, artesanal, de
subsistência e familiar; em que os pequenos
sitiantes/estancieiros criavam o gado livres/soltos
nos campos (pastos) naturais do Cerrado e do
pantanal. E assim foi por mais de cem anos. O Mato
Grosso transformou-se numa região longínqua,
atrasada técnica e economicamente, selvagem,
embrutecida e sem lei e avessa a presença de
forasteiros – seja imigrantes brasileiros ou
estrangeiros -, verdadeiramente sem a presença da
autoridade e do poder central do Brasil.
O Século XX é inaugurado com uma Política de Integração
nacional proveniente dos ideais republicanos.
O Poder Central com o objetivo de promover a integração da
região Centro-Oeste ao sistema de comunicação nacional e ao
processo de circularidade do capital emergente implementa
duas ações de extrema importância para a região: construção
de ligações ferroviárias e de linhas telegráficas.
Nessa oportunidade emerge a figura célebre e lendária de Marechal Cândido
Rondon. Descendente direto de índios, matogrossense e nascido em um dos
grotões mais distantes da província, esse filho ilustre de Mato Grosso constrói uma
sólida e vitoriosa carreira militar; sendo que é destacado para a missão exploratória
e que o objetivo fundamental foi o de instalar linhas telegráficas (mais moderno
meio de comunicação da época) para prover a comunicação entre os longínquos
interiores á capital: Rio de janeiro.
Nessa aventura o mesmo praticamente desbrava o Brasil Central, estabelece
contato com inúmeras etnias indígenas ainda desconhecidas, e realiza um
minucioso estudo sobre o interior do Brasil , e seus recursos naturais e
antropológicos, além de lançar a “pedra fundamental” para a criação do Serviço de
Proteção ao Índio (SPI) – atual FUNAI; e o Parque Nacional e Reserva Indígena do
Xingu. Sua frase mais famosa, proferida em uma de suas entrada/contato em
território de silvícolas hostis, expressa bem sua relação e contribuição com a causa
indígena: “Morrer se for preciso, matar jamais...”
F.B.C
• A Fundação Brasil Central (FBC), que teve origem na
Expedição Roncador-Xingu, inicialmente comandada por João
Alberto Lins de Barros, foi um órgão, criado em 1943, com o
objetivo de "desbravar e colonizar as zonas compreendidas nos
altos rios Araguaia, Xingu e no Brasil Central e Ocidental",
região alvo da chamada "Marcha para Oeste", programa de
colonização e ocupação de fronteiras impulsionado pelo então
presidente Getúlio Vargas nos primeiros anos do Estado Novo.
Essa iniciativa fundou as cidades de Aragarças, em Goiás, e
Nova Xavantina, no Mato Grosso; assumiu a administração da
Estrada de Ferro Tocantins; firmou convênios com outros
órgãos para mobilização de trabalhadores do norte do país;
construiu usinas de cana, estradas, campos de pouso, redes de
comunicação; e adquiriu entrepostos comerciais.
Seus componentes ...
• Sobre os componentes da FBC, além de João Alberto de Barros, homem
de confiança de Vargas, envolveram-se no projeto Arthur Hehl Neiva (filho
do sanitarista da Fiocruz Arthur Neiva), burocratas e jovens aventureiros,
caso dos irmãos Villas-Bôas.
A Região!
• Estas regiões encontravam-se,
ainda na época, esparsamente
povoada e precariamente integrada ao
restante do país. Habitavam-nas,
entretanto, numerosos grupos
indígenas. A implantação de novas
cidades levou em conta um projeto
urbanístico, especialmente para elas
concebidas, segundo o ponto de vista
de que deveriam exercer funções
“civilizadoras” e, bem assim, de
coordenação dos movimentos de
expansão em direção ao oeste do país,
de atividades econômicas e culturais
então próprias das regiões litorâneas
brasileiras.
A fundação da cidade ...
• A construção de Brasília foi, sem dúvida, um dos fatos mais
marcantes da história brasileira do século XX. A ideia de construir
uma nova capital no centro geográfico do País estava prevista na
Constituição de 1891, na Constituição de 1934 e na Constituição
de 1946, mas foi adiada, sua construção, por todos os governos
brasileiros desde 1891.
As obras, lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer
começaram com entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200
máquinas e de 30 mil operários - os candangos - vindos de todas
as regiões do Brasil (principalmente do Nordeste do Brasil),
exerceram um regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para
construir e concluir Brasília até a data prefixada de 21 de abril de
1960, em homenagem à Inconfidência Mineira.
Implicações em Mato Grosso
• Em 1957 começa a construção de Brasília, e novamente se
inicia mais uma onda de êxodos rurais de diversos pontos do
Brasil, para o planalto central, desta vez, o fluxo se dirige das
áreas rurais de diversos pontos, sua partida não mais é de uma
única macro região, portanto, não só do Nordeste, e do Norte,
vieram sulistas da região do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná, além de mineiros, paulistas e cariocas, em grande
quantidade, dentre outros.
PLANO DE INTEGRAÇÃO
NACIONAL(P.I.N)
• Objetivos
• Criar condições favoráveis (incentivos fiscais) para à atração de investidores na
Amazônia. Para isso, era necessário encorajar a migração para a região ao mesmo
tempo que se desenvolvia a infra-estrutura de transportes.
• “Colonização Dirigida”: Abriu caminho de terra firme para um número crescente de
migrantes. Vilas e povoados multiplicaram-se.
• Rodovias (Integração regional e nacional):
• -Transamazônica (BR-230)
• - Brasília-Acre (BR-364)
• - Perimetral Norte (BR-210)
• - Cuiabá-Brasília (BR-070)
• - Cuiabá-Santarém (BR-163)
• -Roncador – Santarém (BR- 158)
• Cuiabá- Parto Velho (BR- 364)
Plano de Integração Nacional
• 1970: A corrida pela ocupação da floresta
se intensificou na década de 1970, com o
avanço da pecuária.
• Cabia ao governo facilitar o processo de
ocupação, com a abertura de estradas e
incentivos fiscais, através de projetos
financiados pela Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM)
Campanhas publicitárias no
Sul Incentivando a Migração
Gaúcha
• Imagens fantásticas: terras
muito vastas, produtivas e locais já
estruturados.
• Público alvo: Mini-fundiários,
pequenos produtores rurais capitalizados.
• Natureza exuberante: fartura caça e pesca
• O migrante: expectativas e esperanças
• Objetivos comuns: encontrar um lugar melhor
Propaganda enganosa
• “O que a propaganda não revelava era que a
região estava, em alguns casos, mal cortada
por picadões, trilhas nas quais só se passava a
pé, não oferecendo qualquer estrutura de
apoio aos colonos, como postos de saúde,
escolas para as crianças ou estradas para o
escoamento da produção”
Perigos desconhecidos
• Malária: chegou atingir 40% dos
migrantes sulistas.
• Acidentes de trabalho: “O
Motosserra foi um aparelho de
fazer viúva”
A CONTRA-PROPAGANDA...
• Desqualificação do migrante que volta:
• JORNAL DA TERRA (1972): “os erros devem ser
procurados nas condições psicológicas, morais
e intelectuais dos pioneiros e seriam
vagabundos e vadios os colonos que
voltaram”.
• Os mais fracos voltariam “porque a terra é
para macho”
Esgotamento do modelo fundiário no
Paraná: pressão fundiária
• Propriedades familiares:
• Abertura de áreas agrícolas
• Exploração da madeira
• Plantação do café
• Declínio:
• Crescimento populacional: + de 5%/ano
• Introdução da mecanização
• Cultivo produtos exportação (soja): maiores áreas
• Crescimento das famílias: fragmentação das propriedades
• Supervalorização das terras: 160% entre 1980/81
Movimentos sociais no Sul do país: pressão
fundiária (cont.)
• Reivindicações: redistribuição das terras
• 1980: 130 mil agricultores migraram para as
cidades.
• Porto Alegre: 600 mil hab. (1970) para 1,2
milhões habitantes no censo de 1980: grande
cinturão de miséria (favelas)
• Cascavel: 13 mil favelados
• Curitiba: 28 mil favelados
Migrações campo/cidade
• Teoricamente, esse tipo de migração
promoveria o reagrupamento dos
minifúndios.
• Entre 1976 e 1978: “cerca de 61 mil pequenas
propriedades desapareceram no RS,
incorporadas pelo latifúndio.
• Entre o discurso e a prática: projeções
equivocadas, única saída:
• MIGRAÇÃO PARA O NORTE DO PAÍS
Terra e trabalho: alma do migrante
• “Deslocaram-se para se manterem agricultores,
mudaram para não mudar”: (LER GRIFO P. 39)
• “A migração, iniciada há gerações, em inúmeros
casos, tem como objetivo, como ponto de chegada, a
terra, o lote de bom tamanho, fértil, um sonho
estimulada pelo Estado que dela se aproveita para
provocar novos deslocamentos, carinhosamente
acalentados pelo indivíduo como uma necessidade
sagrada”