Este documento discute como a arte da dança pode ser usada para representar espaço de maneiras não convencionais. Ele descreve um espetáculo de dança chamado "Mapa Movediço" que usou lantejoulas para simular um mapa se movendo. O autor também discute como os ensaios teatrais envolvem mapeamento do palco para guiar a mensagem e movimentos dos atores. Representações não convencionais de espaço como esta podem levar a novas perspectivas e entendimentos.
1. Relatório – XIV Colóquio Ibérico de Geografia
Unidade Curricular – Expressão Gráfica e Cartografia | Teórica
Docente: Ana Francisca Silva
Discente: Duarte Nunes A73789
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12 de Novembro
Visualidade e Representação: notas sobre o espetáculo de dança “Mapa
Movediço”
P. C. de Moraesa, V. Cazettab
(a) Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, peticiac@gmail.com
(b) Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, vcazetta@gmail.com
O porquê da escolha | Comentário:
A escolha deste tema foi o que me despertou mais interesse, com a continuidade do estudo
desenvolvido ao longo das aulas teórica foi-nos dado outras perspectivas relativamente à
representação do espaço. Num sentido mais abstrato e geral, interligamos a um sentido cartográfico
apenas, um espaço é apenas representado por um mapa, será mesmo?. Até que ponto é que o espaço
e a sua habitual representação nos induz a um imaginário geográfico relativo?. Inviabilizando um
verdadeiro entendimento do mesmo, porquê aceitar uma representação de terceiros como verdade
absoluta?.
São estas questões que nos remetem para uma problemática e a verdadeira subjetividade da
representação de espaço aos quais não somos levado a refletir. O facto que me conscializou em grande
medida foi a utilização de uma arte performativa de modo a transmitir uma mensagem subjacente,
sem diálogos, a partir de uma dança levar o espectador a interpretar os movimentos de palco, a leitura
da ocupação do palco e o modo como o actor interfere e cria o seu própio lugar.
Uma arte performativa como o teatro envolve uma série de treinos e ensaios que visam a
ocupação do espaço-palco de modo a transmitir a mensagem tanto de modo oratório como o
posicionamento da personagem. Daí nasce o verdadeiro despertar por esta questão, com a
oportunidade de puder estar em palco e fazer representação durante um ano, achei uma óptima
oportunidade de recordar os ensaios e os métodos que utilizávamos de modo a ensaiar e influenciar o
nosso própio espaço os quais irei referir.
Apesar de não se tratar de uma mensagem relacionada com o espaço e cartografia, o simples
acto de existir uma subordinação de deslocação do espaço em determinados tempos envolve um
planeamento. Sendo este:
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Nesta imagens temos dois principais momentos: A fase de preparação, com muito
trabalho e reflexão das posições com a sua demarcação dos espaços no palco, com vista
a criação de hierarquia de importância, guiando o espectador para determinados
acontecimentos. (Fig2., Fig3). Este planeamento é realizado através de ensaios e com
alterações, mas a principal ideia é constante, o nosso objeto de estudo é o palco e os
adornos que se situam e em que situação/momento. Chamo atenção essencialmente
para a Figura 2, onde temos o palco como fundo do nosso mapa, especificidades do
mesmo com a colocação de mobília ao centro, e temos uma definição de movimentos
ao longo da cena, com as setas a indicar os movimentos e as direcções de cada
respectivo actor. Imaginemos se não existisse este tipo de cartografia, não se trata de
Fig.1: Momento do Espectáculo, 2013.
http://omoniz.blogspot.pt/
Fig.2: “Mapa” de uma cena,movimento de
palcos definidos por actor 2013. Arquivo
pessoal.
Fig.3: Posição dos actores no palco, definida com
objectivo de transmitir mensagem específica. 2013
Arquivo pessoal.
Fig.4: Momento do Espectáculo. 2013
http://omoniz.blogspot.pt/
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uma representação cientificamente aceite e comummente conotado à tão banal
cartografia produzida pelas instituições.
A existência deste planeamento e suporte informativo em palco permite e é um factor
essencial, sem estes, as falas, personagens não iriam receber o destaque desejado e a
mensagem sub-entendida seria confundida. Este processo e automatização da ocupação
do palco adquire-se com os ensaios, apesar de sempre até ao último dia existir pequenas
alterações, sendo o caso nestas imagens relacionadas com facto de apenas no último
ensaio pudermos trabalhar com o jogo de luzes e sua intensidade de acordo com as
emoções/espirito a ser transmitido.
O caso da sessão apresentada por Peticia Carvalho de Moraes, temos o estudo de um
espectáculo musical “Mapa Movediço”, relaciona-se com o caso que apresentei e a
utilização do palco com determinado fim e ocupação do mesmo, mas com o tema base
o mapa, através da utilização de duzentos quilos de lantejoulas. Ao longo de 80 minutos,
é apresentada uma modificação da posição das lantejoulas, através do movimento
corporal, ritmos diferenciados e distribuição de formas diferentes. Indicando a
importância e a susceptibilidade de o factor movimento corporal como impacte no
espaço que se encontra e circunda.
Ao longo do nosso crescimento e através do processo de socialização, incutem-nos
determinados padrões da nossa cultura, referenciamos os objetos com o fundamento
que é ensinado, como uma cadeira, e como tal também vamos assimilando o espaço. A
criação de mapas mentais, é um instinto e uma capacidade que se constituí nos animais
de igual modo, diferenciando nos seus sistemas e tipos.
A metáfora do final do espectáculo (Fig.6), simboliza um conceito essencial, os actores
na tentativa de reunir todas as lantejoulas, simbolizam a tentativa do homem de
“montar”, tudo o que foi por ele alterado.
Fig.5: Momento do Espectáculo.
“Mapa movediço”. 2012
Fig.6: Momento do Espectáculo.
“Mapa movediço”. 2012
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No meu ponto de vista a Geografia consistia e tinha como principal foco de estudo a
terra e todas componentes que geralmente são associadas, interligar a geografia com
uma arte de representação, ou através de um espectáculo de representação transmitir
um sentido geográfico diferenciado, levando-nos a pensar e repensar os conceitos de
espaço e a forma como o influenciamos, parte ao meu ver, de uma necessidade de
demonstrar o quanto as ciências estão sujeitas a uma complementaridade e evolução,
é através desta junção/interligação de expressividade que podemos de melhor forma
colmatar a necessidade de olhar de outra forma a uma cartografia e relação com o
espaço que viria a tornar as visões diferenciadas, ao contrário de aceitar conceitos não
consolidados, mal estabelecidos e sem meio de entender a sua verdadeira essência.
O aluno,
Duarte Nunes
Consultas
Livro de Atas do XIV Colóquio Ibérico de Geografia, páginas 380-385;
Vídeo do espectáculo “Mapa Movediço” - http://vimeo.com/63591546.