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Aristóteles

21/02/14

Prof. Jorge Freire Póvoas

1
O Pensamento de Aristóteles
 Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira e aos dezoito anos vai
para Atenas o grande centro intelectual e artístico da Grécia.

 Como muitos outros, vem atraído pela intensa vida cultural da
cidade que lhe acenava com oportunidades para prosseguir seus
estudos.
 Não era belo e para os padrões vigentes no mundo grego,
principalmente na Atenas daquele tempo, apresentava características
que poderiam dificultar-lhe a carreira e a projeção social.
 Em particular uma certa dificuldade em pronunciar corretamente as
palavras, deveria criar-lhe embaraços e mesmo complexos numa
sociedade que além de valorizar a beleza física e enaltecer os atletas,
admirava a eloquência e deixava-se conduzir por oradores.

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O Pensamento de Aristóteles
 Naquela época duas grandes instituições educacionais disputavam
em Atenas a preferência dos jovens, que através de estudos superiores,
pretendiam se preparar para exercer com êxito suas prerrogativas de
cidadãos e ascender na vida pública.
 De um lado, Isócrates, seguindo a trilha dos sofistas, propunha-se a
desenvolver no educando a Aretê Política - ou seja, a “virtude”,
capacitação para lidar com os assuntos relativos à pólis, transmitindolhe a arte de “emitir opiniões prováveis sobre coisas úteis”.
 E de fato, numa Democracia como a ateniense, cujos destinos
dependiam em grande parte da atuação de oradores, a arte de
persuasão por meio da palavra manipulada com o brilho e a eficácia
dos recursos retóricos era fator imprescindível para o desempenho de
um papel relevante na Cidade-Estado.

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O Pensamento de Aristóteles
 Platão ensinava na sua Academia que a atividade humana desde que

pretendesse ser correta e responsável, não poderia ser norteada por
valores instáveis, formulados segundo a diversidade das opiniões,
requeria uma Ciência (episteme) dos fundamentos da realidade na
qual aquela ação estaria inserida.
 Por trás do inseguro universo das palavras sujeitas à arte
encantatória dos retóricos o educando deveria ser levado, por via do
socrático exame do significado das palavras à contemplação e ao ápice
da ascensão dialética, das essências estáveis, que é a razão de ser das
próprias coisas e modelos de todos os existentes do mundo físico.
 Para além do plano da palavra-convenção dos sofistas e de Isócrates,
Platão apontava um ideal de linguagem construída em função das
ideias, essas justas medidas de significação e de realidade.

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O Pensamento de Aristóteles
 Diante dos dois caminhos o de Isócrates e o de Platão o Aristóteles
não hesita e ingressa na Academia, que viria a frequentar durante
cerca de vinte anos.
 Em 347 a.C, com a morte de Platão, Aristóteles deixa Atenas e em
343 a.C, Filipe, rei da Macedônia convida Aristóteles para uma
importante missão a de educar seu filho, Alexandre. Durante anos o
filósofo, encarrega-se dessa missão e ainda preceptor de Alexandre em
338 a.C acompanha os Macedônios derrotarem os Gregos chegando ao
fim a autonomia das Cidades-Estados que caracterizara a Grécia. Em
336 a.C, Filipe é assassinado e Alexandre sobe ao trono, então
Aristóteles volta para Atenas onde funda uma escola, o Liceu, que
passou a rivalizar com a Academia então dirigida por Xenócrates.
 Do hábito que tinham os estudantes de realizar seus debates
enquanto passeavam, teria surgido o termo Peripatéticos (que significa
“os que passeiam”) para designar os discípulos de Aristóteles.
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O Pensamento de Aristóteles
 Apesar da estima que Alexandre tinha ao seu antigo mestre, uma

barreira os distanciava: Aristóteles não concordava com a fusão da
civilização grega com a oriental, pois os gregos e orientais eram
naturezas distintas, com distintas potencialidades e não deveriam
coexistir sob o mesmo regime político.
 Aristóteles estava convencido de que o regime político dos gregos era
inseparável de seu temperamento, sendo impossível transferi-lo para
outros povos. Assim, estabelece nítida distinção entre as populações
“bárbaras” e a polis grega, somente esta sendo uma comunidade
perfeita, pois a única a permitir ao homem uma vida verdadeiramente
boa segundo os princípios morais e a justiça.
 Depois da morte de Alexandre, em 323 a.C, Aristóteles passou a ser
hostilizado pela facção antimacedônica, que o considerava
politicamente suspeito. Acusado de impiedade, deixou Atenas e
refugiou-se em Cálcis, na Eubéia. Aí morreu no ano de 322 a.C.
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O Pensamento de Aristóteles
 A compreensão dos fenômenos que ocorrem no mundo físico depende

de uma hipótese para Platão: a existência de um plano superior da
realidade, atingido apenas pelo intelecto e constituído de formas ou
idéias.

 Através da dialética seria possível ascender do mundo físico
(apreendido pelos sentidos) e a contemplação dos modelos ideais
(objetos da verdadeira Ciência).
 Mas, Aristóteles discorda e retomando a problemática do
conhecimento se preocupa em definir a Ciência como conhecimento
verdadeiro, conhecimento capaz de superar os enganos da opinião e de
compreender a natureza do Devir.
 Ao analisar a oposição entre o mundo Sensível e o Inteligível segundo
a tradição de Platão, inspirado em Heráclito e Parmênides, Aristóteles
recusa as soluções apresentadas e critica o mundo “separado” das
idéias platônicas.
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O Pensamento de Aristóteles
 Aristóteles tinha percebido que a dialética platônica entre mundo

Sensível e Inteligível não poderia lhe garantir aprofundar o
entendimento da Ciência então parte para um projeto de forjar um
instrumento mais seguro para a constituição da Ciência.
 O Organon que é também um tratado sobre Lógica e que significa
“instrumento” ou “ferramenta” porque os Peripatéticos consideravam
que a Lógica era um instrumento para o entendimento da Filosofia.
 Para se atingir a certeza científica e construir um conjunto de
conhecimentos seguros, torna-se necessário, possuir normas de
pensamento que permitam demonstrações corretas e irretorquíveis.
 O estabelecimento dessas normas confere a Aristóteles o papel de
criador da Lógica Formal, que estabelece a forma correta das
operações do pensamento. Se as regras forem aplicadas
adequadamente assim o raciocínio é considerado válido e verdadeiro.
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O Pensamento de Aristóteles
 Vejamos o exemplo clássico da Lógica Formal que é um processo
substancialmente Dedutivo de Silogismo, pois extrai verdades
particulares (conclusão) de verdades universais (premissas). Logo, sua
conclusão está contida nas premissas e retira daí sua validade.
 Se todos os homens são mortais,
 e se Sócrates é homem,
 então Sócrates é mortal.

 Como se vê, que “Sócrates é mortal” por consequência

necessariamente de ter estabelecido que “todos os homens são
mortais” e de “Sócrates é homem”, sendo “homem” o termo sobre o
qual se apóia para concluir.
 Silogismo é então um discurso (raciocínio) no qual, postos alguns
dados (premissas) segue necessariamente algo por força deles, pelo
simples fato de terem sido postos.
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O Pensamento de Aristóteles
 No entanto, a Lógica Formal não implica a verdade, pois nem
sempre o que é correto é verdadeiro (Falácia). Exemplo:
 Todos os homens são loiros.
 Sócrates é homem.
 Logo, Sócrates é loiro.

 Na Lógica Material a partir de dados singulares inferimos uma
verdade universal (conclusão) que se evidencia da experiência sensível
dos dados particulares.
 O cobre é condutor de eletricidade,

 e o ouro, o ferro, o zinco e a prata também,
 logo, o metal (isto é todo metal) é condutor de eletricidade.

 A Lógica Material investiga a adequação do raciocínio à realidade.
De caráter Indutivo sua conclusão excede as premissas e tem
probabilidade de ser correta
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O Pensamento de Aristóteles
 Aristóteles divide as Ciências em três grandes ramos do saber. São
elas:
 Ciências Teoréticas, que buscam o saber por si mesmo (Metafísica, Física
[Psicologia] e a Matemática);
 Ciências Práticas, que buscam o saber para alcançar através dele a
perfeição moral (Ética e Política);
 Ciências Poiéticas ou Produtivas, que buscam o saber em vista do fazer,
isto é, com a finalidade de produzir determinados objetos, como a Retórica
que é a arte de fazer discursos persuasivos e a Poética que é a arte de
compor enredos ou narrativas como o drama, tragédia, comédia, poesia
épica e lírica).

 As mais elevadas por dignidade e valor são as primeiras, onde está

incluída à Metafísica, que não é termo aristotélico (talvez tenha sido
cunhado pelos Peripatéticos, se não nasceu por ocasião da edição das
obras de Aristóteles feita por Andrônico de Rodes, no século 1 a.C.)
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O Pensamento de Aristóteles
 Aristóteles usava a expressão Filosofia primeira ou também Teologia
em oposição à Filosofia segunda ou Física. Mas o termo Metafísica é
mais significativo e assim ficou definitivamente consagrado.
 A Metafísica aristotélica é a Ciência que se ocupa das realidades que
estão acima das Físicas. Trata-se da parte nuclear da Filosofia, onde
se estuda “o ser enquanto ser” isto é, o ser independentemente de suas
determinações particulares. É a Metafísica que fornece a todas as
outras Ciências o fundamento comum, o objeto ao qual todas se
referem e os princípios dos quais dependem.
 Todas as ciências se referem continuamente ao ser e a diversos
conceitos ligados diretamente a ele, tais como: quantidade, oposição,
diferença, gênero, espécie, todo, parte, perfeição, unidade, necessidade,
possibilidade, realidade, etc. Mas, nenhuma Ciência examina tais
conceitos e é nesse sentido que Aristóteles considera que o objeto da
Metafísica consiste em examinar o ser e suas propriedades.
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O Pensamento de Aristóteles
 A Metafísica é definida por Aristóteles como a Ciência que indaga
sobre:
 As causas e os princípios primeiros ou supremos (e neste sentido chama-se
Etiologia);
 O ser enquanto ser (e portanto chama-se Ontologia);
 A substância (chama-se Ousiologia, uma vez que em Grego Ousia significa
substância);
 Deus e a substância supra-sensível (Aristóteles a chama de Teologia).

 Quando a Metafísica indaga sobre os princípios primeiros ou
supremos, o ser enquanto ser, a substância e o supra-sensível, devem
encontrar Deus, como Motor Imóvel e assim está posto o problema
Teológico. Também em cima da ideia das causas e dos princípios
primeiros ou supremos Aristóteles formulou a Teoria das Quatro
Causas.
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O Pensamento de Aristóteles
 Em Aristóteles “causa” e “princípio” significam o que funda, o que
condiciona, o que estrutura. As Causas são:
 Causa Formal: Que confere a forma e portanto a natureza e a essência de
cada realidade singular, por exemplo: a alma para os animais, a estrutura
dos diferentes objetos de arte.
 Causa Material: Aquilo de que é composto toda realidade sensível, de que
é feita uma coisa, por exemplo: nos animais são a carne e os ossos, na esfera
de bronze é o bronze, da taça de ouro é o ouro, da estátua de madeira é a
madeira, da casa são os tijolos e cimento.
 Causa Eficiente: Aquilo que produz geração, movimento ou
transformação, por exemplo: os pais são a causa eficiente dos filhos, a
vontade é a causa eficiente das várias ações do homem, o golpe que dou nessa
bola é a causa eficiente do seu movimento.
 Causa Final: Aquilo a que toda coisa tende. O fim de cada coisa. É o fim
ou o escopo das coisas e das ações, ela constitui em função de que cada coisa é
diz Aristóteles: é o bem de cada coisa.
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O Pensamento de Aristóteles
 Para Aristóteles o ser se diz em muitos sentidos, mas todos em
referência a um único princípio, são eles:
 O ser em si - Indica, não o que é por outro como o ser acidental, mas o que
é por si, isto é, essencialmente. Como exemplo Aristóteles indica a
substância.
 O ser como ato e potência - Indica por exemplo, em ato uma estátua já
esculpida e ao invés que é em potência o bloco de mármore que o artista
está esculpindo.
 O ser como verdade - É o contraposto ao significado do não-ser como
falso. Este é o ser que podemos chamar “lógico” de fato, o ser como
verdadeiro indica o ser do juízo verdadeiro, enquanto o não-ser como falso
indica o ser do juízo falso. Esse é um ser puramente mental, é um ser que
só subsiste na razão e na mente que pensa.
 O ser como acidente - O ser se diz como acidental, por exemplo, quando
dizemos que “o homem é músico”, o ser músico não exprime a essência do
homem é apenas um puro acontecer, um mero acidente.
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O Pensamento de Aristóteles
 Toda a estrutura teórica da filosofia aristotélica desemboca na

Teologia. A descrição das relações entre as coisas leva ao
reconhecimento da existência de um ser superior e necessário, ou seja,
Deus.
 Se as coisas são contingentes, já que não têm em si mesmas a razão
de sua existência, é preciso concluir que são produzidas por causas a
elas exteriores. Assim, todo ser contingente foi produzido por outro
ser, que também é contingente e assim por diante. Para não ir ao
infinito na seqüência de causas, é preciso admitir uma primeira causa,
por sua vez incausada, um ser necessário (e não contingente).
 Esse primeiro motor imóvel é também um puro ato (sem nenhuma
potência). Chamamos Deus ao primeiro motor imóvel, ato puro, ser
necessário, causa primeira de todo existente.
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O Pensamento de Aristóteles
 Dado que há um movimento eterno, para Aristóteles é necessário
haver um princípio eterno que o produza e que esse princípio seja:
 Eterno, se eterno é o que ele causa,

 Imóvel, se a causa absolutamente primeira do móvel é o imóvel,
 Ato puro, se é sempre em ato o movimento que ele causa.

 Esse é o Motor imóvel, que não é senão a substância supra-sensível.
Evidentemente, a causalidade do Primeiro Motor não é uma
causalidade de tipo eficiente, do tipo daquela exercida pela mão que
move um corpo, ou pelo pai que gera o filho. A causalidade do Motor
imóvel é uma causalidade de tipo final.
 Mas, que pensa Deus? Deus pensa o que há de mais excelente. Deus
pensa a si mesmo. E atividade contemplativa de si mesmo, é
pensamento de pensamento. É pura abstração.
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O Pensamento de Aristóteles
 A inteligência pensa a si mesma, captando-se como inteligível: de

fato, ela se torna inteligível intuindo e pensando a si, de modo a
coincidirem inteligência e inteligível.
 A inteligência é, com efeito, o que é capaz de captar o inteligível e a
substância, e é em ato quando os possui. Portanto, ainda mais do que
aquela capacidade, essa posse é o que a inteligência tem de divino, e a
atividade contemplativa é o que há de mais aprazível e mais excelente.
 A Inteligência divina é o que há de mais excelente. Deus é eterno,
imóvel, ato puro privado de potencialidade e de matéria.
 Sendo assim, obviamente, Deus “não pode ter nenhuma grandeza”,
mas deve ser “sem partes e indivisível”.
 E deve também ser “impassível e inalterável”.
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O Pensamento de Aristóteles
 A Física ou segunda ciência teorética para Aristóteles ou ainda
“filosofia segunda”, tem por objeto pesquisar a realidade
sensível, caracterizada pelo movimento

 A Metafísica tem por objeto a realidade supra-sensível que é
caracterizada pela falta absoluta de movimento.
 Logo, a Física em Aristóteles trata da substância sensível (animada e
inanimada) afetada pelo movimento. O ser ou é em ato ou é em
potência, ou é, ao mesmo tempo, em ato e em potência.
 Não existe nenhum movimento que esteja fora das coisas: de fato, a
mudança tem lugar sempre segundo as categorias do ser e não há nada
que seja comum a todas e que não entre numa única categoria por
exemplo: na Substância ou essência do ser que se manifesta no homem.

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O Pensamento de Aristóteles
 Na sistematização aristotélica do saber, depois das ciências
teoréticas, em segundo lugar aparecem as ciências práticas. Estas
são hierarquicamente inferiores às primeiras, enquanto nelas o
saber não é mais fim para si mesmo em sentido absoluto, mas
subordinado e em certo sentido servo da atividade prática.
 Estas ciências práticas, de fato, dizem respeito à conduta dos
homens, bem como ao fim que através dessa conduta eles querem
alcançar, seja enquanto indivíduos, seja enquanto fazendo parte de
uma sociedade, sobretudo da sociedade política.
 Aristóteles chama em geral, “Política” (mas também “filosofia das
coisas humanas”) a ciência da atividade moral dos homens, quer
como indivíduos, quer como cidadãos. Em seguida subdivide a
“Política” em Ética e em Política propriamente dita (Teoria do
Estado).

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O Pensamento de Aristóteles
 Nessa subordinação da Ética à Política, incidiu clara e
determinantemente a doutrina platônica que entendia o homem
unicamente como cidadão e punha a Cidade completamente acima
da família e do homem individual: o indivíduo existia em função da
Cidade e não a Cidade em função do indivíduo.
 Sendo idêntico o bem para o indivíduo e para a cidade é mais
importante defender o bem da cidade. É certo que o bem é desejável
mesmo quando diz respeito só a uma pessoa, porém é mais belo e
mais divino quando se refere a um povo e às cidades.
 É verdade, porém, que na medida em que Aristóteles procede na
sua Ética, a relação entre indivíduo e Estado corre o risco de
inverter-se, “e no final da obra fala como se o Estado tivesse uma
simples função subsidiária com relação à vida moral do indivíduo,
fornecendo o elemento de compulsão para tornar os desejos dos
homens submissos à razão”.
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O Pensamento de Aristóteles
 Nas suas várias ações, o homem tende sempre a precisos fins, que se
configuram como bens. Na Ética Nicomaquéia (Ética à Nicômaco)
Aristóteles diz que toda arte e toda pesquisa e do mesmo modo, toda
ação e todo projeto parecem visar a algum bem, por isso o bem foi
definido como aquilo a que tendem todas as coisas.
 Há fins e bens que nós queremos em vista de vários fins e que são
fins e bens relativos, mas os que interessam a Aristóteles são os fins
e os bens aos quais tende o homem para um fim último e de um bem
supremo.
 O fim das nossas ações que queremos é o bem supremo. Mas, qual é
esse bem supremo? Aristóteles não tem dúvidas: todos os homens,
sem distinção, consideram que tal bem é a felicidade. Quanto ao seu
nome, a maioria está praticamente de acordo: felicidade o chamam,
tanto o vulgo como as pessoas cultas, supondo que ser feliz consiste
em viver bem e em ter sucessos.
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O Pensamento de Aristóteles
 Portanto, a felicidade é o fim ao qual conscientemente tendem todos
os homens. Mas que é a felicidade?
 A multidão dos homens considera que a felicidade consiste no
prazer e no gozo. Mas as pessoas mais evoluídas e mais cultas põem
o bem supremo e a felicidade na honra.
 E a honra buscam, sobretudo, aqueles que se dedicam ativamente à
vida política. Contudo, este não pode ser o fim último que
buscamos, porque, nota Aristóteles, é algo exterior.
 A vida política parece depender mais de quem confere a honra do
que de quem é honrado: nós, ao invés, consideramos que o bem é
algo individualmente inalienável. Ademais, os homens buscam a
honra não por ela mesma, mas como prova e reconhecimento
público da sua bondade e virtude, as quais demonstram ser mais
importantes que a honra.
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O Pensamento de Aristóteles
 Aristóteles diz ser inadequada a vida dedicado ao prazer e a esse
tipo de honras, mas rejeita a vida dedicado a acumular riquezas,
pois a riqueza não é o bem que buscamos, ela só existe em vista do
lucro e é um meio para outra coisa.
 As virtudes Éticas permitem a vitória da razão sobre os impulsos,
pois buscam a justa medida entre dois excessos (nada em demasia).
Ao manifesta-se como hábitos elas fixam o fim do ato moral.
 Já a Retórica estuda para Aristóteles as estruturas do pensar e do
raciocinar que procedem não de elementos fundados
cientificamente, mas da opinião que se mostra aceitável a todos ou à
grande maioria dos homens.
 Logo a Retórica estuda os procedimentos com os quais os homens
aconselham, acusam, defendem-se, elogiam que em geral, não
procedem de conhecimentos científicos, mas de opiniões prováveis.
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O Pensamento de Aristóteles
 A Retórica refere-se à estrutura da persuasão em geral, pois é
também verdade que os homens exercem as suas atividades de
persuasão sobretudo nos tribunais (para acusar ou defender), nas
assembléias (para aconselhar e fazer adotar determinadas
deliberações) e em geral, para louvar ou lastimar (sobre o bem e o
mal, sobre a virtude e o vício). Ora, tudo isso, como é evidente, tem
a ver com a Ética e com a Política.
 A Retórica é o correlativo equivalente da Dialética, se consideramos
a seu procedimento formal. Ela é estritamente ligada à Ética e à
Política (e, em parte, à Psicologia), se consideramos a sua esfera de
aplicação.
 Portanto, Aristóteles pode, corretamente, concluir que: A Retórica
é como um ramo da Dialética e da ciência dos costumes, que se
denomina, justamente, Política.

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O Pensamento de Aristóteles
 Na Retórica, Aristóteles distingue, os argumentos persuasivos não
técnicos dos argumentos técnicos.
 As argumentações não técnicas (o texto das leis, os testemunhos, as
convenções, as declarações sob tortura, os juramentos) são dadas de
antemão e não nos compete buscá-las (podemos servir-nos delas, sem
ter necessidade de descobri-las), ao contrário, as argumentações
técnicas são específicas do retórico e são de três espécies:
 a) Refiram-se ao orador e visam dar-lhe credibilidade,
 b) Tendem a dispor o ânimo do ouvinte a deixar-se convencer,
apoiando-se sobre as emoções,
 c) Visam à validez e eficácia da própria argumentação.

 Eis como Aristóteles motiva essa distinção:
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O Pensamento de Aristóteles
 Três são as espécies de argumentações fornecidas pelo discurso:
 Umas residem no caráter do orador e ocorrem quando o discurso é dito de
maneira a tomar digno de fé o orador de fato. Mas é preciso que essa
confiança venha do discurso e não de uma opinião pré-constituída sobre o
caráter do orador.
 Outras em dispor do ouvinte de determinada maneira e ocorrem quando
estes são conduzidos pelo discurso a uma paixão. De fato, não
pronunciamos um juízo da mesma maneira se estamos entristecidos ou
contentes, ou em amizade ou em ódio.
 No próprio discurso através da demonstração ou da aparência de
demonstração e ocorrem quando mostramos o verdadeiro ou o verdadeiro
aparente a partir do que cada argumento oferece de persuasivo.

 Aristóteles, desenvolve o seu tratamento argumentativo em todas as
três direções, destacando a terceira como a mais válida.

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O Pensamento de Aristóteles
 Com relação ao caráter do orador, Aristóteles observa que para ser
digno de fé e persuasivo, um orador deve ser ou mostrar-se dotado
dessas três qualidades:
 Sabedoria - O justo meio-termo como a virtude da prudência;
 Honestidade - Suscita a necessária confiança das pessoas como a sinceridade.
 Benevolência - Solidário, amável praticando o bem com generosidade,
gentileza e simpatia.

 De fato, os oradores podem errar ao falar sobre algo ou por falta de
sabedoria ou porque mesmo sabendo o que seria oportuno falar, não
falam por desonestidade ou porque não têm benevolência por aqueles
com quem falam.
 Os meios que permitam o orador mostrar-se com tais qualidades
devem ser extraídos da Ética, à qual Aristóteles se remete para analise
das emoções e das paixões que comumente se encontram nos ouvintes.
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O Pensamento de Aristóteles
 Conforme o estado de ânimo no qual se encontra o ouvinte, ele julga
de modo diferente as mesmas coisas.
 Por ser assim, um conhecimento da Psicologia das paixões que Platão
punha como um dos fundamentos da verdadeira retórica e que é
indispensável ao orador.
 Esta é a parte da Retórica que se dedica não só à análise das paixões
individuais, mas à descrição das características psíquicas das
diferentes idades da vida humana (juventude, maturidade e velhice).
 Até mesmo à determinação das diferentes disposições de ânimo
ligadas às características provenientes dos diferentes bens de fortuna,
ou seja, à determinação das diferentes psicologias dos ricos, dos nobres
e dos poderosos, revela um conhecimento verdadeiramente
surpreendente dos homens.

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O Pensamento de Aristóteles
 Quanto ao autoritarismo platônico, Aristóteles faz duras criticas,
considerando sua utopia impraticável. Também recusa sua Sofocracia
por atribuir poder ilimitado a apenas uma parte do corpo social, os
mais sábios, tornando a sociedade muito hierarquizada. Não aceita a
proposta de dissolução da família nem considera que a justiça, virtude
por excelência do cidadão, possa vir separada da amizade.
 A reflexão aristotélica sobre a política não se separa da ética, pois a
vida individual está ligada a vida comunitária. Se a finalidade da ação
moral é a felicidade do individuo, também a política tem por fim
organizar a cidade feliz.
 Aristóteles considera que a justiça não pode vir separada da philia.
Embora possa ser traduzida por “amizade” philia é um conceito mais
amplo quando se refere à cidade. Significa a concordância entre as
pessoas que tem ideias semelhantes e interesses comuns, donde resulta
a camaradagem, o companheirismo.
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O Pensamento de Aristóteles
 A amizade não se separa da justiça já que essas duas virtudes se

relacionam e se complementam, fundamentando a unidade que deve
existir na cidade.
 Se a cidade é a associação de homens iguais, a justiça é o que garante
o princípio da igualdade. Justo é o que se apodera de parte que lhe
cabe, é o que distribui o que é devido a cada um.
 É preciso lembrar que Aristóteles não se refere à igualdade simples
mas à justiça distributiva, segundo a qual a distribuição justa é a que
leva em conta o mérito das pessoas. Isso significa que não se pode dar o
igual para desiguais, já que as pessoas são diferentes.
 A justiça está intimamente ligada ao império da lei, pela qual se faz
prevalecer a razão sobre as paixões cegas. Retomando a tradição
grega, a lei é para Aristóteles o princípio que rege a ação dos cidadãos,
é a expressão política da ordem natural.
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O Pensamento de Aristóteles
 O fato de se morar na mesma cidade não torna seus habitantes
igualmente cidadãos. São excluídos os escravos, os estrangeiros, as
mulheres.
 O que também não significa que todo homem livre, nascido na pólis,
possa participar da administração da justiça ou ser membro da
assembléia governante.
 Para Aristóteles, é necessário ter qualidades que variam conforme as
exigências da constituição aceita pela cidade.
 De forma geral, Aristóteles concorda que o bom governante deve ter
a virtude da prudência prática, pela qual será capaz de agir visando o
bem comum. Trata-se de virtude difícil, que não se acha disponível a
muitos.

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Jorge Freire Póvoas

32
O Pensamento de Aristóteles
 Por isso exclui da cidadania a classe dos comerciantes e

trabalhadores braçais, porque a ocupação não lhes permite o tempo de
ócio necessário para participar do governo e também por reforçar o
desprezo que os antigos tinham pelo trabalho manual.

 Esse tipo de atividade embrutece a alma e torna o indivíduo incapaz
da prática de uma virtude esclarecida.
 Para Aristóteles, os homens livres e concidadãos aprisionados em
guerras não deveriam ser escravizados, mas o mesmo não acontece
com os “bárbaros”, os não-gregos, por serem considerados inferiores e
possuírem uma disposição natural para a escravidão.
 Por isso seria legitimo o controle que o senhor exerce sobre o
escravo, embora o tratamento não deva ser cruel, devendo mesmo ser
estabelecidos laços afetivos.

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Jorge Freire Póvoas

33
O Pensamento de Aristóteles

Formas de Governo
UM
Poucos
Muitos

Boas
Corrompidas
Monarquia Tirania
Aristocracia Oligarquia
Politéia
Democracia

 Aristóteles usa o critério da quantidade, para distinguir a Monarquia

(ou governo de um só), a Aristocracia (ou governo de um pequeno
grupo) e a Politéia (ou governo da maioria). As formas podem ser
consideradas boas, quando visam o interesse comum e corrompidas,
quando têm como objetivo o interesse particular.
 A tirania se refere ao governo de um só quando visa o interesse
próprio; a Oligarquia prevalece quando vence o interesse dos mais
ricos ou nobres; e a Democracia quando a maioria pobre governa em
detrimento da minoria rica.
21/02/14

Jorge Freire Póvoas

34
O Pensamento de Aristóteles
 Aristóteles prefere a Politéia como forma correta e adequada ao

exercício do poder, porque à constatação feita de que a tensão política
sempre deriva da luta entre ricos e pobres e se um regime conseguir
conciliar esses antagonismos, torna-se mais propício para assegurar a
paz social.
 Aristóteles retoma o critério já usado na Ética, o de que a virtude
sempre está no meio-termo. É o justo meio termo como equilíbrio,
como neutralidade política.
 A teoria política grega está voltada para a busca dos parâmetros do
bom governo. Platão e Aristóteles envolvem-se nas questões políticas
do seu tempo e criticam os maus governos.
 O que ambos concordam é que a ligação entre Ética e Política é
evidente, na medida em que a questão do bom governo, do regime
justo, da cidade boa, depende da virtude do bom governante.
21/02/14

Jorge Freire Póvoas

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O pensamento de Aristóteles: metafísica, lógica e ciências

  • 2. O Pensamento de Aristóteles  Aristóteles (384-322 a.C.) nasceu em Estagira e aos dezoito anos vai para Atenas o grande centro intelectual e artístico da Grécia.  Como muitos outros, vem atraído pela intensa vida cultural da cidade que lhe acenava com oportunidades para prosseguir seus estudos.  Não era belo e para os padrões vigentes no mundo grego, principalmente na Atenas daquele tempo, apresentava características que poderiam dificultar-lhe a carreira e a projeção social.  Em particular uma certa dificuldade em pronunciar corretamente as palavras, deveria criar-lhe embaraços e mesmo complexos numa sociedade que além de valorizar a beleza física e enaltecer os atletas, admirava a eloquência e deixava-se conduzir por oradores. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 2
  • 3. O Pensamento de Aristóteles  Naquela época duas grandes instituições educacionais disputavam em Atenas a preferência dos jovens, que através de estudos superiores, pretendiam se preparar para exercer com êxito suas prerrogativas de cidadãos e ascender na vida pública.  De um lado, Isócrates, seguindo a trilha dos sofistas, propunha-se a desenvolver no educando a Aretê Política - ou seja, a “virtude”, capacitação para lidar com os assuntos relativos à pólis, transmitindolhe a arte de “emitir opiniões prováveis sobre coisas úteis”.  E de fato, numa Democracia como a ateniense, cujos destinos dependiam em grande parte da atuação de oradores, a arte de persuasão por meio da palavra manipulada com o brilho e a eficácia dos recursos retóricos era fator imprescindível para o desempenho de um papel relevante na Cidade-Estado. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 3
  • 4. O Pensamento de Aristóteles  Platão ensinava na sua Academia que a atividade humana desde que pretendesse ser correta e responsável, não poderia ser norteada por valores instáveis, formulados segundo a diversidade das opiniões, requeria uma Ciência (episteme) dos fundamentos da realidade na qual aquela ação estaria inserida.  Por trás do inseguro universo das palavras sujeitas à arte encantatória dos retóricos o educando deveria ser levado, por via do socrático exame do significado das palavras à contemplação e ao ápice da ascensão dialética, das essências estáveis, que é a razão de ser das próprias coisas e modelos de todos os existentes do mundo físico.  Para além do plano da palavra-convenção dos sofistas e de Isócrates, Platão apontava um ideal de linguagem construída em função das ideias, essas justas medidas de significação e de realidade. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 4
  • 5. O Pensamento de Aristóteles  Diante dos dois caminhos o de Isócrates e o de Platão o Aristóteles não hesita e ingressa na Academia, que viria a frequentar durante cerca de vinte anos.  Em 347 a.C, com a morte de Platão, Aristóteles deixa Atenas e em 343 a.C, Filipe, rei da Macedônia convida Aristóteles para uma importante missão a de educar seu filho, Alexandre. Durante anos o filósofo, encarrega-se dessa missão e ainda preceptor de Alexandre em 338 a.C acompanha os Macedônios derrotarem os Gregos chegando ao fim a autonomia das Cidades-Estados que caracterizara a Grécia. Em 336 a.C, Filipe é assassinado e Alexandre sobe ao trono, então Aristóteles volta para Atenas onde funda uma escola, o Liceu, que passou a rivalizar com a Academia então dirigida por Xenócrates.  Do hábito que tinham os estudantes de realizar seus debates enquanto passeavam, teria surgido o termo Peripatéticos (que significa “os que passeiam”) para designar os discípulos de Aristóteles. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 5
  • 6. O Pensamento de Aristóteles  Apesar da estima que Alexandre tinha ao seu antigo mestre, uma barreira os distanciava: Aristóteles não concordava com a fusão da civilização grega com a oriental, pois os gregos e orientais eram naturezas distintas, com distintas potencialidades e não deveriam coexistir sob o mesmo regime político.  Aristóteles estava convencido de que o regime político dos gregos era inseparável de seu temperamento, sendo impossível transferi-lo para outros povos. Assim, estabelece nítida distinção entre as populações “bárbaras” e a polis grega, somente esta sendo uma comunidade perfeita, pois a única a permitir ao homem uma vida verdadeiramente boa segundo os princípios morais e a justiça.  Depois da morte de Alexandre, em 323 a.C, Aristóteles passou a ser hostilizado pela facção antimacedônica, que o considerava politicamente suspeito. Acusado de impiedade, deixou Atenas e refugiou-se em Cálcis, na Eubéia. Aí morreu no ano de 322 a.C. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 6
  • 7. O Pensamento de Aristóteles  A compreensão dos fenômenos que ocorrem no mundo físico depende de uma hipótese para Platão: a existência de um plano superior da realidade, atingido apenas pelo intelecto e constituído de formas ou idéias.  Através da dialética seria possível ascender do mundo físico (apreendido pelos sentidos) e a contemplação dos modelos ideais (objetos da verdadeira Ciência).  Mas, Aristóteles discorda e retomando a problemática do conhecimento se preocupa em definir a Ciência como conhecimento verdadeiro, conhecimento capaz de superar os enganos da opinião e de compreender a natureza do Devir.  Ao analisar a oposição entre o mundo Sensível e o Inteligível segundo a tradição de Platão, inspirado em Heráclito e Parmênides, Aristóteles recusa as soluções apresentadas e critica o mundo “separado” das idéias platônicas. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 7
  • 8. O Pensamento de Aristóteles  Aristóteles tinha percebido que a dialética platônica entre mundo Sensível e Inteligível não poderia lhe garantir aprofundar o entendimento da Ciência então parte para um projeto de forjar um instrumento mais seguro para a constituição da Ciência.  O Organon que é também um tratado sobre Lógica e que significa “instrumento” ou “ferramenta” porque os Peripatéticos consideravam que a Lógica era um instrumento para o entendimento da Filosofia.  Para se atingir a certeza científica e construir um conjunto de conhecimentos seguros, torna-se necessário, possuir normas de pensamento que permitam demonstrações corretas e irretorquíveis.  O estabelecimento dessas normas confere a Aristóteles o papel de criador da Lógica Formal, que estabelece a forma correta das operações do pensamento. Se as regras forem aplicadas adequadamente assim o raciocínio é considerado válido e verdadeiro. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 8
  • 9. O Pensamento de Aristóteles  Vejamos o exemplo clássico da Lógica Formal que é um processo substancialmente Dedutivo de Silogismo, pois extrai verdades particulares (conclusão) de verdades universais (premissas). Logo, sua conclusão está contida nas premissas e retira daí sua validade.  Se todos os homens são mortais,  e se Sócrates é homem,  então Sócrates é mortal.  Como se vê, que “Sócrates é mortal” por consequência necessariamente de ter estabelecido que “todos os homens são mortais” e de “Sócrates é homem”, sendo “homem” o termo sobre o qual se apóia para concluir.  Silogismo é então um discurso (raciocínio) no qual, postos alguns dados (premissas) segue necessariamente algo por força deles, pelo simples fato de terem sido postos. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 9
  • 10. O Pensamento de Aristóteles  No entanto, a Lógica Formal não implica a verdade, pois nem sempre o que é correto é verdadeiro (Falácia). Exemplo:  Todos os homens são loiros.  Sócrates é homem.  Logo, Sócrates é loiro.  Na Lógica Material a partir de dados singulares inferimos uma verdade universal (conclusão) que se evidencia da experiência sensível dos dados particulares.  O cobre é condutor de eletricidade,  e o ouro, o ferro, o zinco e a prata também,  logo, o metal (isto é todo metal) é condutor de eletricidade.  A Lógica Material investiga a adequação do raciocínio à realidade. De caráter Indutivo sua conclusão excede as premissas e tem probabilidade de ser correta 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 10
  • 11. O Pensamento de Aristóteles  Aristóteles divide as Ciências em três grandes ramos do saber. São elas:  Ciências Teoréticas, que buscam o saber por si mesmo (Metafísica, Física [Psicologia] e a Matemática);  Ciências Práticas, que buscam o saber para alcançar através dele a perfeição moral (Ética e Política);  Ciências Poiéticas ou Produtivas, que buscam o saber em vista do fazer, isto é, com a finalidade de produzir determinados objetos, como a Retórica que é a arte de fazer discursos persuasivos e a Poética que é a arte de compor enredos ou narrativas como o drama, tragédia, comédia, poesia épica e lírica).  As mais elevadas por dignidade e valor são as primeiras, onde está incluída à Metafísica, que não é termo aristotélico (talvez tenha sido cunhado pelos Peripatéticos, se não nasceu por ocasião da edição das obras de Aristóteles feita por Andrônico de Rodes, no século 1 a.C.) 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 11
  • 12. O Pensamento de Aristóteles  Aristóteles usava a expressão Filosofia primeira ou também Teologia em oposição à Filosofia segunda ou Física. Mas o termo Metafísica é mais significativo e assim ficou definitivamente consagrado.  A Metafísica aristotélica é a Ciência que se ocupa das realidades que estão acima das Físicas. Trata-se da parte nuclear da Filosofia, onde se estuda “o ser enquanto ser” isto é, o ser independentemente de suas determinações particulares. É a Metafísica que fornece a todas as outras Ciências o fundamento comum, o objeto ao qual todas se referem e os princípios dos quais dependem.  Todas as ciências se referem continuamente ao ser e a diversos conceitos ligados diretamente a ele, tais como: quantidade, oposição, diferença, gênero, espécie, todo, parte, perfeição, unidade, necessidade, possibilidade, realidade, etc. Mas, nenhuma Ciência examina tais conceitos e é nesse sentido que Aristóteles considera que o objeto da Metafísica consiste em examinar o ser e suas propriedades. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 12
  • 13. O Pensamento de Aristóteles  A Metafísica é definida por Aristóteles como a Ciência que indaga sobre:  As causas e os princípios primeiros ou supremos (e neste sentido chama-se Etiologia);  O ser enquanto ser (e portanto chama-se Ontologia);  A substância (chama-se Ousiologia, uma vez que em Grego Ousia significa substância);  Deus e a substância supra-sensível (Aristóteles a chama de Teologia).  Quando a Metafísica indaga sobre os princípios primeiros ou supremos, o ser enquanto ser, a substância e o supra-sensível, devem encontrar Deus, como Motor Imóvel e assim está posto o problema Teológico. Também em cima da ideia das causas e dos princípios primeiros ou supremos Aristóteles formulou a Teoria das Quatro Causas. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 13
  • 14. O Pensamento de Aristóteles  Em Aristóteles “causa” e “princípio” significam o que funda, o que condiciona, o que estrutura. As Causas são:  Causa Formal: Que confere a forma e portanto a natureza e a essência de cada realidade singular, por exemplo: a alma para os animais, a estrutura dos diferentes objetos de arte.  Causa Material: Aquilo de que é composto toda realidade sensível, de que é feita uma coisa, por exemplo: nos animais são a carne e os ossos, na esfera de bronze é o bronze, da taça de ouro é o ouro, da estátua de madeira é a madeira, da casa são os tijolos e cimento.  Causa Eficiente: Aquilo que produz geração, movimento ou transformação, por exemplo: os pais são a causa eficiente dos filhos, a vontade é a causa eficiente das várias ações do homem, o golpe que dou nessa bola é a causa eficiente do seu movimento.  Causa Final: Aquilo a que toda coisa tende. O fim de cada coisa. É o fim ou o escopo das coisas e das ações, ela constitui em função de que cada coisa é diz Aristóteles: é o bem de cada coisa. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 14
  • 15. O Pensamento de Aristóteles  Para Aristóteles o ser se diz em muitos sentidos, mas todos em referência a um único princípio, são eles:  O ser em si - Indica, não o que é por outro como o ser acidental, mas o que é por si, isto é, essencialmente. Como exemplo Aristóteles indica a substância.  O ser como ato e potência - Indica por exemplo, em ato uma estátua já esculpida e ao invés que é em potência o bloco de mármore que o artista está esculpindo.  O ser como verdade - É o contraposto ao significado do não-ser como falso. Este é o ser que podemos chamar “lógico” de fato, o ser como verdadeiro indica o ser do juízo verdadeiro, enquanto o não-ser como falso indica o ser do juízo falso. Esse é um ser puramente mental, é um ser que só subsiste na razão e na mente que pensa.  O ser como acidente - O ser se diz como acidental, por exemplo, quando dizemos que “o homem é músico”, o ser músico não exprime a essência do homem é apenas um puro acontecer, um mero acidente. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 15
  • 16. O Pensamento de Aristóteles  Toda a estrutura teórica da filosofia aristotélica desemboca na Teologia. A descrição das relações entre as coisas leva ao reconhecimento da existência de um ser superior e necessário, ou seja, Deus.  Se as coisas são contingentes, já que não têm em si mesmas a razão de sua existência, é preciso concluir que são produzidas por causas a elas exteriores. Assim, todo ser contingente foi produzido por outro ser, que também é contingente e assim por diante. Para não ir ao infinito na seqüência de causas, é preciso admitir uma primeira causa, por sua vez incausada, um ser necessário (e não contingente).  Esse primeiro motor imóvel é também um puro ato (sem nenhuma potência). Chamamos Deus ao primeiro motor imóvel, ato puro, ser necessário, causa primeira de todo existente. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 16
  • 17. O Pensamento de Aristóteles  Dado que há um movimento eterno, para Aristóteles é necessário haver um princípio eterno que o produza e que esse princípio seja:  Eterno, se eterno é o que ele causa,  Imóvel, se a causa absolutamente primeira do móvel é o imóvel,  Ato puro, se é sempre em ato o movimento que ele causa.  Esse é o Motor imóvel, que não é senão a substância supra-sensível. Evidentemente, a causalidade do Primeiro Motor não é uma causalidade de tipo eficiente, do tipo daquela exercida pela mão que move um corpo, ou pelo pai que gera o filho. A causalidade do Motor imóvel é uma causalidade de tipo final.  Mas, que pensa Deus? Deus pensa o que há de mais excelente. Deus pensa a si mesmo. E atividade contemplativa de si mesmo, é pensamento de pensamento. É pura abstração. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 17
  • 18. O Pensamento de Aristóteles  A inteligência pensa a si mesma, captando-se como inteligível: de fato, ela se torna inteligível intuindo e pensando a si, de modo a coincidirem inteligência e inteligível.  A inteligência é, com efeito, o que é capaz de captar o inteligível e a substância, e é em ato quando os possui. Portanto, ainda mais do que aquela capacidade, essa posse é o que a inteligência tem de divino, e a atividade contemplativa é o que há de mais aprazível e mais excelente.  A Inteligência divina é o que há de mais excelente. Deus é eterno, imóvel, ato puro privado de potencialidade e de matéria.  Sendo assim, obviamente, Deus “não pode ter nenhuma grandeza”, mas deve ser “sem partes e indivisível”.  E deve também ser “impassível e inalterável”. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 18
  • 19. O Pensamento de Aristóteles  A Física ou segunda ciência teorética para Aristóteles ou ainda “filosofia segunda”, tem por objeto pesquisar a realidade sensível, caracterizada pelo movimento  A Metafísica tem por objeto a realidade supra-sensível que é caracterizada pela falta absoluta de movimento.  Logo, a Física em Aristóteles trata da substância sensível (animada e inanimada) afetada pelo movimento. O ser ou é em ato ou é em potência, ou é, ao mesmo tempo, em ato e em potência.  Não existe nenhum movimento que esteja fora das coisas: de fato, a mudança tem lugar sempre segundo as categorias do ser e não há nada que seja comum a todas e que não entre numa única categoria por exemplo: na Substância ou essência do ser que se manifesta no homem. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 19
  • 20. O Pensamento de Aristóteles  Na sistematização aristotélica do saber, depois das ciências teoréticas, em segundo lugar aparecem as ciências práticas. Estas são hierarquicamente inferiores às primeiras, enquanto nelas o saber não é mais fim para si mesmo em sentido absoluto, mas subordinado e em certo sentido servo da atividade prática.  Estas ciências práticas, de fato, dizem respeito à conduta dos homens, bem como ao fim que através dessa conduta eles querem alcançar, seja enquanto indivíduos, seja enquanto fazendo parte de uma sociedade, sobretudo da sociedade política.  Aristóteles chama em geral, “Política” (mas também “filosofia das coisas humanas”) a ciência da atividade moral dos homens, quer como indivíduos, quer como cidadãos. Em seguida subdivide a “Política” em Ética e em Política propriamente dita (Teoria do Estado). 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 20
  • 21. O Pensamento de Aristóteles  Nessa subordinação da Ética à Política, incidiu clara e determinantemente a doutrina platônica que entendia o homem unicamente como cidadão e punha a Cidade completamente acima da família e do homem individual: o indivíduo existia em função da Cidade e não a Cidade em função do indivíduo.  Sendo idêntico o bem para o indivíduo e para a cidade é mais importante defender o bem da cidade. É certo que o bem é desejável mesmo quando diz respeito só a uma pessoa, porém é mais belo e mais divino quando se refere a um povo e às cidades.  É verdade, porém, que na medida em que Aristóteles procede na sua Ética, a relação entre indivíduo e Estado corre o risco de inverter-se, “e no final da obra fala como se o Estado tivesse uma simples função subsidiária com relação à vida moral do indivíduo, fornecendo o elemento de compulsão para tornar os desejos dos homens submissos à razão”. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 21
  • 22. O Pensamento de Aristóteles  Nas suas várias ações, o homem tende sempre a precisos fins, que se configuram como bens. Na Ética Nicomaquéia (Ética à Nicômaco) Aristóteles diz que toda arte e toda pesquisa e do mesmo modo, toda ação e todo projeto parecem visar a algum bem, por isso o bem foi definido como aquilo a que tendem todas as coisas.  Há fins e bens que nós queremos em vista de vários fins e que são fins e bens relativos, mas os que interessam a Aristóteles são os fins e os bens aos quais tende o homem para um fim último e de um bem supremo.  O fim das nossas ações que queremos é o bem supremo. Mas, qual é esse bem supremo? Aristóteles não tem dúvidas: todos os homens, sem distinção, consideram que tal bem é a felicidade. Quanto ao seu nome, a maioria está praticamente de acordo: felicidade o chamam, tanto o vulgo como as pessoas cultas, supondo que ser feliz consiste em viver bem e em ter sucessos. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 22
  • 23. O Pensamento de Aristóteles  Portanto, a felicidade é o fim ao qual conscientemente tendem todos os homens. Mas que é a felicidade?  A multidão dos homens considera que a felicidade consiste no prazer e no gozo. Mas as pessoas mais evoluídas e mais cultas põem o bem supremo e a felicidade na honra.  E a honra buscam, sobretudo, aqueles que se dedicam ativamente à vida política. Contudo, este não pode ser o fim último que buscamos, porque, nota Aristóteles, é algo exterior.  A vida política parece depender mais de quem confere a honra do que de quem é honrado: nós, ao invés, consideramos que o bem é algo individualmente inalienável. Ademais, os homens buscam a honra não por ela mesma, mas como prova e reconhecimento público da sua bondade e virtude, as quais demonstram ser mais importantes que a honra. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 23
  • 24. O Pensamento de Aristóteles  Aristóteles diz ser inadequada a vida dedicado ao prazer e a esse tipo de honras, mas rejeita a vida dedicado a acumular riquezas, pois a riqueza não é o bem que buscamos, ela só existe em vista do lucro e é um meio para outra coisa.  As virtudes Éticas permitem a vitória da razão sobre os impulsos, pois buscam a justa medida entre dois excessos (nada em demasia). Ao manifesta-se como hábitos elas fixam o fim do ato moral.  Já a Retórica estuda para Aristóteles as estruturas do pensar e do raciocinar que procedem não de elementos fundados cientificamente, mas da opinião que se mostra aceitável a todos ou à grande maioria dos homens.  Logo a Retórica estuda os procedimentos com os quais os homens aconselham, acusam, defendem-se, elogiam que em geral, não procedem de conhecimentos científicos, mas de opiniões prováveis. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 24
  • 25. O Pensamento de Aristóteles  A Retórica refere-se à estrutura da persuasão em geral, pois é também verdade que os homens exercem as suas atividades de persuasão sobretudo nos tribunais (para acusar ou defender), nas assembléias (para aconselhar e fazer adotar determinadas deliberações) e em geral, para louvar ou lastimar (sobre o bem e o mal, sobre a virtude e o vício). Ora, tudo isso, como é evidente, tem a ver com a Ética e com a Política.  A Retórica é o correlativo equivalente da Dialética, se consideramos a seu procedimento formal. Ela é estritamente ligada à Ética e à Política (e, em parte, à Psicologia), se consideramos a sua esfera de aplicação.  Portanto, Aristóteles pode, corretamente, concluir que: A Retórica é como um ramo da Dialética e da ciência dos costumes, que se denomina, justamente, Política. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 25
  • 26. O Pensamento de Aristóteles  Na Retórica, Aristóteles distingue, os argumentos persuasivos não técnicos dos argumentos técnicos.  As argumentações não técnicas (o texto das leis, os testemunhos, as convenções, as declarações sob tortura, os juramentos) são dadas de antemão e não nos compete buscá-las (podemos servir-nos delas, sem ter necessidade de descobri-las), ao contrário, as argumentações técnicas são específicas do retórico e são de três espécies:  a) Refiram-se ao orador e visam dar-lhe credibilidade,  b) Tendem a dispor o ânimo do ouvinte a deixar-se convencer, apoiando-se sobre as emoções,  c) Visam à validez e eficácia da própria argumentação.  Eis como Aristóteles motiva essa distinção: 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 26
  • 27. O Pensamento de Aristóteles  Três são as espécies de argumentações fornecidas pelo discurso:  Umas residem no caráter do orador e ocorrem quando o discurso é dito de maneira a tomar digno de fé o orador de fato. Mas é preciso que essa confiança venha do discurso e não de uma opinião pré-constituída sobre o caráter do orador.  Outras em dispor do ouvinte de determinada maneira e ocorrem quando estes são conduzidos pelo discurso a uma paixão. De fato, não pronunciamos um juízo da mesma maneira se estamos entristecidos ou contentes, ou em amizade ou em ódio.  No próprio discurso através da demonstração ou da aparência de demonstração e ocorrem quando mostramos o verdadeiro ou o verdadeiro aparente a partir do que cada argumento oferece de persuasivo.  Aristóteles, desenvolve o seu tratamento argumentativo em todas as três direções, destacando a terceira como a mais válida. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 27
  • 28. O Pensamento de Aristóteles  Com relação ao caráter do orador, Aristóteles observa que para ser digno de fé e persuasivo, um orador deve ser ou mostrar-se dotado dessas três qualidades:  Sabedoria - O justo meio-termo como a virtude da prudência;  Honestidade - Suscita a necessária confiança das pessoas como a sinceridade.  Benevolência - Solidário, amável praticando o bem com generosidade, gentileza e simpatia.  De fato, os oradores podem errar ao falar sobre algo ou por falta de sabedoria ou porque mesmo sabendo o que seria oportuno falar, não falam por desonestidade ou porque não têm benevolência por aqueles com quem falam.  Os meios que permitam o orador mostrar-se com tais qualidades devem ser extraídos da Ética, à qual Aristóteles se remete para analise das emoções e das paixões que comumente se encontram nos ouvintes. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 28
  • 29. O Pensamento de Aristóteles  Conforme o estado de ânimo no qual se encontra o ouvinte, ele julga de modo diferente as mesmas coisas.  Por ser assim, um conhecimento da Psicologia das paixões que Platão punha como um dos fundamentos da verdadeira retórica e que é indispensável ao orador.  Esta é a parte da Retórica que se dedica não só à análise das paixões individuais, mas à descrição das características psíquicas das diferentes idades da vida humana (juventude, maturidade e velhice).  Até mesmo à determinação das diferentes disposições de ânimo ligadas às características provenientes dos diferentes bens de fortuna, ou seja, à determinação das diferentes psicologias dos ricos, dos nobres e dos poderosos, revela um conhecimento verdadeiramente surpreendente dos homens. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 29
  • 30. O Pensamento de Aristóteles  Quanto ao autoritarismo platônico, Aristóteles faz duras criticas, considerando sua utopia impraticável. Também recusa sua Sofocracia por atribuir poder ilimitado a apenas uma parte do corpo social, os mais sábios, tornando a sociedade muito hierarquizada. Não aceita a proposta de dissolução da família nem considera que a justiça, virtude por excelência do cidadão, possa vir separada da amizade.  A reflexão aristotélica sobre a política não se separa da ética, pois a vida individual está ligada a vida comunitária. Se a finalidade da ação moral é a felicidade do individuo, também a política tem por fim organizar a cidade feliz.  Aristóteles considera que a justiça não pode vir separada da philia. Embora possa ser traduzida por “amizade” philia é um conceito mais amplo quando se refere à cidade. Significa a concordância entre as pessoas que tem ideias semelhantes e interesses comuns, donde resulta a camaradagem, o companheirismo. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 30
  • 31. O Pensamento de Aristóteles  A amizade não se separa da justiça já que essas duas virtudes se relacionam e se complementam, fundamentando a unidade que deve existir na cidade.  Se a cidade é a associação de homens iguais, a justiça é o que garante o princípio da igualdade. Justo é o que se apodera de parte que lhe cabe, é o que distribui o que é devido a cada um.  É preciso lembrar que Aristóteles não se refere à igualdade simples mas à justiça distributiva, segundo a qual a distribuição justa é a que leva em conta o mérito das pessoas. Isso significa que não se pode dar o igual para desiguais, já que as pessoas são diferentes.  A justiça está intimamente ligada ao império da lei, pela qual se faz prevalecer a razão sobre as paixões cegas. Retomando a tradição grega, a lei é para Aristóteles o princípio que rege a ação dos cidadãos, é a expressão política da ordem natural. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 31
  • 32. O Pensamento de Aristóteles  O fato de se morar na mesma cidade não torna seus habitantes igualmente cidadãos. São excluídos os escravos, os estrangeiros, as mulheres.  O que também não significa que todo homem livre, nascido na pólis, possa participar da administração da justiça ou ser membro da assembléia governante.  Para Aristóteles, é necessário ter qualidades que variam conforme as exigências da constituição aceita pela cidade.  De forma geral, Aristóteles concorda que o bom governante deve ter a virtude da prudência prática, pela qual será capaz de agir visando o bem comum. Trata-se de virtude difícil, que não se acha disponível a muitos. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 32
  • 33. O Pensamento de Aristóteles  Por isso exclui da cidadania a classe dos comerciantes e trabalhadores braçais, porque a ocupação não lhes permite o tempo de ócio necessário para participar do governo e também por reforçar o desprezo que os antigos tinham pelo trabalho manual.  Esse tipo de atividade embrutece a alma e torna o indivíduo incapaz da prática de uma virtude esclarecida.  Para Aristóteles, os homens livres e concidadãos aprisionados em guerras não deveriam ser escravizados, mas o mesmo não acontece com os “bárbaros”, os não-gregos, por serem considerados inferiores e possuírem uma disposição natural para a escravidão.  Por isso seria legitimo o controle que o senhor exerce sobre o escravo, embora o tratamento não deva ser cruel, devendo mesmo ser estabelecidos laços afetivos. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 33
  • 34. O Pensamento de Aristóteles Formas de Governo UM Poucos Muitos Boas Corrompidas Monarquia Tirania Aristocracia Oligarquia Politéia Democracia  Aristóteles usa o critério da quantidade, para distinguir a Monarquia (ou governo de um só), a Aristocracia (ou governo de um pequeno grupo) e a Politéia (ou governo da maioria). As formas podem ser consideradas boas, quando visam o interesse comum e corrompidas, quando têm como objetivo o interesse particular.  A tirania se refere ao governo de um só quando visa o interesse próprio; a Oligarquia prevalece quando vence o interesse dos mais ricos ou nobres; e a Democracia quando a maioria pobre governa em detrimento da minoria rica. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 34
  • 35. O Pensamento de Aristóteles  Aristóteles prefere a Politéia como forma correta e adequada ao exercício do poder, porque à constatação feita de que a tensão política sempre deriva da luta entre ricos e pobres e se um regime conseguir conciliar esses antagonismos, torna-se mais propício para assegurar a paz social.  Aristóteles retoma o critério já usado na Ética, o de que a virtude sempre está no meio-termo. É o justo meio termo como equilíbrio, como neutralidade política.  A teoria política grega está voltada para a busca dos parâmetros do bom governo. Platão e Aristóteles envolvem-se nas questões políticas do seu tempo e criticam os maus governos.  O que ambos concordam é que a ligação entre Ética e Política é evidente, na medida em que a questão do bom governo, do regime justo, da cidade boa, depende da virtude do bom governante. 21/02/14 Jorge Freire Póvoas 35