O documento apresenta um resumo do Evangelho de Mateus. Ele discute a autoria, propósitos, data de publicação e esboço geral da narrativa, incluindo os principais temas, discursos e milagres de Jesus Cristo relatados no evangelho.
1. INTRODUÇÃO
O EVANGELHO SEGUNDO
MATEUS
Autoria
Desde o segundo século da era cristã, a tradição da Igreja atribui ao apóstolo Mateus a autoria do
Evangelho que aparece em primeiro lugar nas várias edições da Bíblia (Mt 9.9 e 10.3).
Eusébio, em sua obra História Eclesiástica, no início do século IV, já trazia citações de Papias, bispo
do século II, de Irineu, bispo de Leão e de Orígenes, grande pensador cristão do século III. Todos os
“pais da Igreja” (como ficaram conhecidos os notáveis discípulos de Cristo e teólogos dos primeiros
séculos), concordam em afirmar que este Evangelho foi escrito (ou narrado a um amanuense, pes-
soa habilidosa com a escrita), primeiramente em aramaico (hebraico falado por Cristo e pelos jovens
judeus palestinos de sua época) e depois, traduzido para o grego. Apesar das muitas evidências
sobre a existência do original em aramaico, todas as buscas e pesquisas arqueológicas somente en-
contraram fragmentos e cópias em grego. Entretanto, os principais estudiosos e teólogos do mundo
não duvidam que o texto grego que dispomos hoje em dia é o mesmo que circulou entre as igrejas
a partir da segunda metade do século I d.C.
Ainda que não apresentando explicitamente o nome do autor, o Evangelho Segundo Mateus,
fornece pelo menos uma grande evidência interna que confirma sua autoria defendida pelos pais da
Igreja. A história da narrativa de um banquete ao qual Jesus compareceu em companhia de grande
número de publicanos e pecadores (pagãos e judeus que não guardavam a Lei e as determinações
dos líderes religiosos da época) é descrita na passagem que começa com as seguintes palavras em
grego original transliterado: kai egeneto autou anakeimeou em te(i) oikia(i). Ou seja: “E aconteceu
que, estando Jesus em casa,...” (Mt 9.10). Considerando que os últimos três vocábulos significam
“em casa”, o trecho sugere que o banquete fosse oferecido “na casa” de Jesus. Contudo, a
passagem paralela em Mc 2.15 revela que essa festa aconteceu “na casa” de Levi, isto é, Mateus
Levi. O texto em Marcos aparece assim transliterado: en te(i) oikia(i) autou, “na casa dele”. O sentido
alternativo de Mt 9.10 esclarece que “em casa” quer dizer “na minha casa”, ou seja, “na casa” do
autor, e isto concorda perfeitamente com Marcos e com os fatos apresentados em todos os Quatro
Evangelhos.
Mateus, que tinha por sobrenome Levi (Mc 2.14), e cujo nome significa “dádiva do Senhor”, era um
cobrador de impostos a serviço de Roma, mas que abandonou uma vida de avareza e desonestidade
para seguir Jesus, o Messias (Mt 9.9-13). Em Marcos e Lucas é chamado por seu outro nome, Levi.
Propósitos
O principal objetivo do Evangelho Segundo Mateus é relatar seu testemunho pessoal sobre o fato de
Jesus Cristo ser o Messias prometido no Antigo Testamento, cuja missão messiânica era trazer o Reino
de Deus até a humanidade. Esses dois grandes temas: o caráter messiânico de Jesus e a presença
do Reino de Deus são indissociáveis e devem ser analisados sempre como um todo harmônico. Cada
qual representa um “mistério” – uma nova revelação do plano remidor de Deus (Rm 16.25-26).
Antes do grande evento da vinda do Messias, como o Filho de Deus (também chamado no AT e
pelo próprio Jesus de “o Filho do homem”), em triunfo e grande glória entre as nuvens do céu, a fim
de estabelecer Seu Reino sobre o planeta todo, terá em primeiro lugar, de vir sob a mais absoluta
humildade entre os homens na qualidade de Servo Sofredor, cônscio de que sua missão será dedi-
car a própria vida em sacrifício voluntário a favor da humanidade, especialmente dos que, crendo em
Seu Nome, se arrependerem dos seus pecados, nascendo para uma nova vida (Jo 1.12; 3.16). Esse
é o mistério da missão messiânica. Era um ensino completamente desconhecido para os judeus
do primeiro século da nossa era. Hoje, a maior parte dos cristãos que lêem o capítulo 53 de Isaías
não sentem qualquer dificuldade em identificar a pessoa de Jesus Cristo com o Messias prometido.
Entretanto, os judeus não observaram com cuidado a descrição do Servo Sofredor e deram mais
atenção às promessas de um Messias que viria com grande poder e glória, o que realmente está
registrado no contexto dessa passagem (Is 48.20; 49.3).
Por esse motivo, os judeus do primeiro século esperavam ansiosamente pelo Filho de Davi, um Rei
divino (uma vez que os reis humanos já haviam provado sua incompetência e limitação). O Filho de
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2. Deus e Rei governará o Reino messiânico (Is 9 e 11 com Jr 33). Nesse Dia, todo pecado e mal serão
extirpados da terra; e a paz e a justiça prevalecerão. O Filho do homem é um ser celestial a Quem
está entregue o governo de todas as nações e reinos da terra.
O mistério do Reino é semelhante e está intimamente ligado ao mistério messiânico. No segundo
capítulo do livro do profeta Daniel temos a descrição da vinda do Reino de Deus em pinceladas
vigorosas e impressionantes. Todo poder que fizer resistência à vontade do Senhor será aniquilado.
O Reino virá todo, completo, de uma só vez, varrendo da sua frente todas as hostes do mal e todo
império contrário a Jesus Cristo. A terra será toda transformada e uma nova ordem, universal e
perfeita será instaurada.
Portanto, tanto a mensagem de Cristo como a Sua pessoa foram totalmente incompreendidas
pelos Seus compatriotas e contemporâneos em geral, incluindo os próprios discípulos. Todavia, a
nova revelação sobre o propósito de Deus é que o Reino deveria vir em humildade e doação: poder
espiritual, antes de vir em plena glória triunfante.
Mateus deixa claro que deseja apresentar, em ordem histórica, o nascimento, ministério, paixão e
ressurreição de Jesus Cristo. Para tanto, ele reúne os fatos em cinco grandes discursos proferidos
pelo Senhor: o chamado, Sermão da Montanha (Mt 5.1 a 7.27); a comissão aos apóstolos (Mt 10.5-
42); as parábolas (Mt 13.1-53); o ensino sobre humildade e perdão (Mt 18.1-35), e a palavra profética
(Mt 24.1 a 25.46). Mateus cita várias passagens e profecias extraídas do Antigo Testamento e, de
fato, interpreta essas profecias como tendo absoluto e certeiro cumprimento em Jesus Cristo; tudo
é escrito e ensinado de um modo que seria para o judeu do século I prova irrefutável, a qual a Igreja
cristã adota até nossos dias.
Data da primeira publicação
Embora alguns estudiosos considerem a forte possibilidade de o Evangelho Segundo Mateus ter
sido escrito na Antioquia da Síria, as evidentes características judaicas do texto original apontam sua
geração para alguma parte da antiga Palestina.
Considerando o fato de a terrível destruição de Jerusalém, ocorrida por volta do ano 70 d.C., ser
ainda considerada um acontecimento futuro (Mt 24.2), e que Mateus, assim como Lucas, terem sido
beneficiados pela leitura dos escritos de Marcos, podemos entender que as primeiras cópias do livro
de Mateus circularam entre os irmãos da recém igreja cristã (chamada de igreja primitiva), quando a
Igreja era em grande parte judaica e o Evangelho pregado quase que exclusivamente aos judeus (At
11.19), por volta dos anos 50 e 60 da nossa era.
Esboço Geral de Mateus
1. Nascimento e infância do Cristo, o Messias (caps. 1,2)
A. A genealogia de Jesus (1.1-17).
B. O anúncio do seu nascimento (1.18 – 25)
C. A adoração ao bebê, filho do Homem, o Salvador (2.1-12)
D. A permanência de Jesus no Egito (2.13-23)
2. Prelúdio do ministério de Jesus Cristo (caps. 3.1 – 4.25)
A. João Batista e seu ministério preparatório para Jesus (3.1-12)
B. O batismo de Jesus Cristo (3.13-17)
C. A grande tentação de Jesus (4.1-11)
D. A investidura do Senhor (4.12-25)
3. O ensino do Rei Jesus Cristo (caps. 5.1 – 7.29)
A. A proposta da Vida no Reino (5.1-16)
B. Os princípios espirituais para se viver no Reino (5.17-48)
C. A Torá e a Lei de Moisés (5.17-20)
D. A lei sobre o assassinato (5.21, 22)
E. A lei sobre o adultério (5.27-30)
F. A lei sobre o divórcio (5.31, 32)
G. A lei sobre os votos (5.33-37)
H. A lei da não resistência (5.38-42)
I. A lei do amor (5.43-48)
4. Aspectos práticos da vida no Reino (caps. 6.1 – 7.12)
A. Sobre as esmolas e ajudas (6.1-4)
B. Sobre a oração (6.5-15)
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3. C. Sobre a disciplina espiritual do jejum (6.16-18)
D. Sobre o dinheiro (6.19-24)
E. Sobre a ansiedade e preocupações (6.25-34)
F. Sobre o Juízo (7.1-5)
G. Sobre a prudência (7.6)
H. Sobre a oração (7.7-11)
I. Sobre o trato com outras pessoas (7.12)
J. Sobre o caminho estreito do Reino (7.13-29)
5. Demonstrações da soberania de Jesus (caps. 8.1 – 9.38)
A. Poder sobre a impureza (8.1-4)
B. Poder sobre a distância (8.5-13)
C. Poder sobre as enfermidades (8.14-17)
D. Poder sobre os discípulos (8.18-22)
E. Poder sobre a natureza (8.23-27)
F. Poder para perdoar pecados (9.1-13)
G. Poder sobre a lei e as doutrinas (9.14-17)
H. Poder sobre a morte (9.18-26)
I. Poder sobre as trevas (9.27-31)
J. Poder sobre os demônios (9.32-34)
K. Poder sobre doenças da alma e do corpo (9.35-38)
6. A grande missão do Rei Jesus (10.1 – 16.12)
A. A missão é anunciada (10.1 – 11.1)
B. A missão é comprovada (11.2 – 12.50)
C. O consolo aos discípulos de João (11.2-19)
D. A condenação das cidades infiéis (11.20-24)
E. A convocação dos discípulos para Si (11.25-30)
F. As controvérsias sobre o uso do sábado (12.1-13)
G. O pecado imperdoável da incredulidade (12.14-37)
H. Alguns sinais extraordinários (12.38-45)
I. Relacionamentos transformados (12.46-50)
7. A missão tem seu objetivo ampliado (13.1-52)
A. A parábola do semeador (13.1-23)
B. A parábola do trigo e o joio (13.24-30)
C. A parábola do grão de mostarda (13.31, 32)
D. A parábola do fermento (13.33)
E. A parábola do trigo e do joio é explicada (13.34-43)
F. A parábola do tesouro escondido (13.44)
G. A parábola da pérola de grande valor (13.45, 46)
H. A parábola da rede (13.47-50)
I. A parábola do pai de família (13.51, 52)
8. A missão sofre fortes ataques (caps. 13.53 – 16.12)
A. Pelos conterrâneos do Rei (13.53-58)
B. Por Herodes – seguido de milagres (14.1-36)
C. Pelos escribas e fariseus – seguido de milagres (15.1-39)
D. Pelos fariseus e saduceus (16.1-12)
9. A teologia prática de Jesus, o Messias (caps.16.13 – 20.28)
A. Quanto à Sua Igreja (16.13-20)
B. Quanto à Sua morte (16.21-28)
C. Quanto à Sua glória (17.1-21)
D. Quanto à Sua traição (17.22, 23)
E. Quanto a impostos (17.24-27)
F. Quanto à humildade (18.1-35)
G. Alimentar uma fé pura e simples (18.1-6)
H. Sincera preocupação com os perdidos (18.7-14)
I. Disciplina e restauração entre os crentes (18.15-20)
J. Disposição para perdoar tudo e sempre (18.21-35)
K. Quanto aos dramas humanos (19.1-26)
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4. L. Problemas físicos (19.1, 2)
M. Divórcio e novo casamento (19.3-12)
N. Quanto às crianças e os pequenos na fé (19.13-15)
O. Quanto ao acúmulo de riquezas (19.16-26)
P. Quanto ao Reino (caps.19.27 – 20.28)
Q. Recompensas no Reino (19.27-30)
R. Reconhecimento no Reino (20.1-16)
S. Graduação e promoções no Reino (20.17-28)
10. A proclamação do Rei Jesus (caps. 20.29 – 23.39)
A. O poder do Rei Jesus (20.29-34)
B. A aclamação do Rei Jesus (21.1-11)
C. A purificação realizada pelo Rei Jesus (21.12-17)
D. A maldição da figueira (21.18-22)
E. O desafio ao Rei Jesus (21.23-27)
F. As parábolas do Rei Jesus (21.28 – 22.14)
G. Quanto à rebeldia de Israel (21.28-32)
H. A retribuição a Israel (21.33-46)
I. A rejeição de Israel (22.1-14)
J. Os pronunciamentos do Rei Jesus (caps. 22.15 – 23.39)
K. Em resposta aos herodianos (22.15-22)
L. Em resposta aos saduceus (22.23-33)
M. Em resposta aos fariseus (22.34-40)
N. Questionando os fariseus (22.41-46)
O. Contra os doutores da lei e fariseus (23.1-36)
P. Contra a cidade santa: Jerusalém (23.37-39)
11. As terríveis profecias do Rei Jesus (caps. 24.1 – 25.46)
A. A destruição do Templo (24.1, 2)
B. As indagações dos discípulos (24.3)
C. Os grandes sinais sobre o final dos tempos (24.4-28)
D. O sinal do glorioso retorno de Jesus (24.29-31)
E. Parábolas ilustrando as profecias (24.32 – 25.46)
F. A figueira (24.32-35)
G. Os dias de Noé (24.36-39)
H. Os companheiros (24.40, 41)
I. O pai de família atento (24.42-44)
J. O servo leal (24.45-51)
K. As dez virgens (25.1-13)
L. Os talentos (25.14-30)
M. O grande julgamento dos gentios (25.31-46)
12. O sacrifício do Rei Jesus por nossa Salvação (caps. 26.1 – 27.66)
A. A preparação da Paixão (26.1-16)
B. A Páscoa da Paixão (26.17-30)
C. A traição predita (26.31-56)
D. Os interrogatórios e julgamentos (26.57 – 27.26)
E. Diante do sumo sacerdote (26.57-75)
F. Perante o Sinédrio (27.1-10)
G. Respondendo a Pilatos (27.11-26)
H. A crucificação (27.27-66)
I. Martírio e humilhação (27.27-44)
J. Jesus entrega sua vida (27.45-56)
K. O sepultamento (27.57-66)
13. A ressurreição e a comissão do Rei Jesus (28.1-20)
A. O triunfo de Jesus sobre a morte (28.1-10)
B. A conspiração alegada (28.11-15)
C. A grande comissão dos discípulos (28.16-20)
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5. O EVANGELHO SEGUNDO
MATEUS
A linhagem real de Cristo 15 Eliúde gerou Eleazar; Eleazar gerou
(Lc 3.23-28) Matã, Matã gerou Jacó;
1 Livro da genealogia de Jesus Cristo,
Filho de Davi, Filho de Abraão:
2 Abraão gerou Isaque, Isaque gerou Jacó,
16 Jacó gerou José, marido de Maria, da qual
nasceu JESUS, denominado o Cristo.2
17 Portanto, o total das gerações é: de
Jacó gerou Judá e seus irmãos, Abraão até Davi, quatorze gerações; de
3 Judá gerou Perez e Zera, de Tamar; Pe- Davi até o exílio na Babilônia, quatorze
rez gerou Esrom; Esrom gerou Arão. gerações; e do exílio na Babilônia até
4 Arão gerou Aminadabe; Aminadabe ge- Cristo, quatorze gerações.
rou Naassom; Naassom gerou Salmom,
5 Salmom gerou Boaz, de Raabe, e Boaz ge- A linhagem divina de Cristo
rou Obede, de Rute; Obede gerou a Jessé. (Lc 2.1-7)
6 Jessé gerou o rei Davi, e o rei Davi ge- 18 O nascimento de Jesus Cristo ocorreu
rou a Salomão, daquela que foi mulher da seguinte maneira: Estando Maria, sua
de Urias1; mãe, prometida em casamento a José,
7 Salomão gerou Roboão; Roboão gerou antes que coabitassem, achou-se grávida
Abias; Abias gerou Asa, pelo Espírito Santo.
8 Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão; 19 Então, José, seu esposo3, sendo um
Jorão gerou Uzias; homem justo e não querendo expô-la à
9 Uzias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz; desonra pública, planejou deixá-la sem
Acaz gerou Ezequias; que ninguém soubesse a razão.
10 Ezequias gerou Manassés; Manassés 20 Mas, enquanto meditava sobre isso,
gerou Amom; Amom gerou Josias; eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo
11 Josias gerou Jeconias e a seus irmãos do SENHOR, dizendo: “José, filho de Davi,
no tempo em que foram levados cativos não temas receber a Maria como sua
para a Babilônia. mulher, pois o que nela está gerado é do
12 Depois do exílio na Babilônia, Je- Espírito Santo.
conias gerou Salatiel; Salatiel gerou 21 Ela dará à luz um filho, e lhe porás o
Zorobabel; nome de Jesus, porque Ele salvará o seu
13 Zorobabel gerou Abiúde; Abiúde ge- povo dos seus pecados”.4
rou Eliaquim, e Eliaquim gerou Azor; 22 Tudo isso aconteceu para que se cum-
14 Azor gerou Sadoque; Sadoque gerou prisse o que o SENHOR havia dito através
Aquim; Aquim gerou Eliúde, do profeta:
1 A expressão “daquela que foi mulher” não se encontra nos originais em grego; entretanto, desde 1611, a Bíblia King James
traz, junto ao texto bíblico, essa explicação rabínica, cujo emprego passou a se observar na maioria das traduções e versões
posteriores, em diversas línguas.
2 A expressão grega christos é o adjetivo verbal semita, equivalente a Messias, que, em hebraico, significa “o Ungido”. No AT,
essa forma designava o rei de Israel (o ungido do Senhor, como em 1 Sm 16.6), o sumo sacerdote (o sacerdote ungido – Lv 4.3).
No plural, essa expressão se refere aos patriarcas em seu ministério de profetas (“meus ungidos” – Sl 105.15). Jesus cumpriu a
profecia messiânica, desempenhando essas três funções.
3 O noivado judaico da época era um compromisso tão solene, que os noivos passavam a se tratar como marido e mulher. A
Lei, contudo, proibia qualquer relação sexual antes do casamento formal. O noivado só poderia ser desfeito por infidelidade, que
era punida com repúdio público e apedrejamento (Gn 29.21; Dt 22.13-30; Os 2.2).
4 Jesus (em hebraico Yehoshú’a) significa Yahweh Salva ou “O SENHOR é a Salvação”. Yahweh é o nome judaico impronunciável,
sagrado e sublime de Deus, na maioria das vezes traduzido por: SENHOR. Em hebraico: (Êx 6.3; Is 41.4). Em grego Egô Eimi.
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6. MATEUS 1, 2 6
23 “Eis que a virgem conceberá e dará à perguntou-lhes onde havia de nascer
luz um filho, e Ele será chamado de Ema- o Cristo.3
nuel”, que significa “Deus conosco”.5 5 E eles lhe responderam: “Em Belém da
24 José, ao despertar do sonho, fez o que Judéia, pois assim escreveu o profeta:4
o Anjo do SENHOR lhe tinha ordenado e 6 ‘Mas tu, Belém, da terra de Judá, de
recebeu Maria como sua mulher. modo algum és a menor entre as prin-
25 Contudo, não coabitou com ela en- cipais cidades de Judá; pois de ti sairá o
quanto ela não deu à luz o filho primogê- Guia, que como pastor, conduzirá Israel,
nito. E José lhe colocou o nome de Jesus. o meu povo’”.5
7 Então Herodes, chamando secretamen-
A visita dos sábios do Oriente te os sábios, interrogou-os exatamente
2 Após o nascimento de Jesus em Belém
da Judéia, nos dias do rei Herodes, eis
que alguns sábios vindos do Oriente che-
acerca do tempo em que a estrela lhes
aparecera.
8 Mandou-os a Belém e disse: “Ide, e
garam a Jerusalém.1 perguntai diligentemente pelo menino, e
2 E, indagavam: “Onde está aquele que é quando o achardes, comunicai-me, para
nascido rei dos judeus? Pois do Oriente que também eu vá e o adore”.
vimos a sua estrela e viemos adorá-lo”.2 9 Após terem ouvido o rei, seguiram
3 Quando o rei Herodes ouviu isso, ficou o seu caminho, e a estrela que tinham
perturbado e toda a Jerusalém com ele. visto no Oriente foi adiante deles, até
4 Tendo reunido todos os príncipes que finalmente parou sobre o lugar onde
dos sacerdotes e os escribas do povo, estava o menino.
5 Mateus demonstra de forma clara e inquestionável que Jesus Cristo é o Messias prometido nas diversas profecias do AT,
como nesse texto de Is 7.14. (Mt 2.15-23; 8.17; 12.17; 13.25; 21.4; 26.54-56; 27.9; cf. 3.3; 11.10; 13.14, etc.) O próprio Jesus usa
as Escrituras para comprovar sua identidade e ministério (Mt 11.4-6; Lc 4.21; 18.31; 24.44; Jo 5.39; 8.56; 17.12, etc.)
Capítulo 2
1 O primeiro calendário foi elaborado por Dionísio Exíguo, de Roma (no século VI) e adotado em todo o mundo predominan-
temente cristão. Com o surgimento de novas e mais precisas tecnologias para a medição do tempo, constatou-se que Dionísio
errou em pelo menos 4 anos em relação ao mais antigo calendário romano.
Herodes, chamado “O Grande”, recebeu, do Senado romano, o título de “rei da Judéia” e, por isso, ficou conhecido como “rei
dos judeus”. Durante seu reinado (de 39 a.C. a 4 a.C.) mandou matar todas as crianças de Belém, de até 2 anos de idade. Nessa
época Jesus estaria em seu segundo ano de vida. E os cálculos demonstram que teria nascido quase 5 anos antes do “Anno
Domini” (ano oficial do nascimento do Senhor).
Quanto à expressão “sábios”, como traduzida pela Bíblia King James, refere-se a um grupo de sacerdotes babilônios, gentios,
reconhecidos entre os povos medo-persas como mestres, cientistas, astrônomos, e que se dedicavam ao estudo da medicina e
da astrologia. Algumas versões trazem a expressão “magos”, mas em nossos dias essa palavra tem uma conotação estritamente
mística e ocultista. A tradição das igrejas cristãs acrescenta que eles eram três reis, devido aos três presentes de alto valor mone-
tário oferecidos a Jesus, mas isso não tem comprovação bíblica.
2 Séculos mais tarde, o astrônomo Kepler calculou que essa imagem de estrela reluzente se tratava da conjunção de Júpiter e
Saturno na constelação de Peixes, em 7 a.C. Na China, o mesmo fenômeno foi observado no ano 4 a.C. e interpretado como o
aparecimento de uma estrela variável, com surgimento e desaparecimento periódicos.
3 Herodes convoca os responsáveis pela vida religiosa e moral da nação judaica. Os sumos sacerdotes eram os membros das
grandes famílias sacerdotais de Jerusalém. Os escribas geralmente pertenciam ao partido político dos fariseus; eram também
doutores da Lei e estudantes profissionais, pagos para estudar e ensinar, ao povo, a Lei e as tradições rabínicas. Também fun-
cionavam como advogados públicos, sendo-lhes confiada à administração da lei e da ordem, como juízes no Sinédrio (22.35).
Esses dois grupos se unem contra Jesus, em 21.15. Mateus associa com mais freqüência os sumos sacerdotes aos anciãos do
povo (26.3,47; 27.1). O sentido em ambos os casos é o mesmo: os principais responsáveis pelo drama de um povo são seus
líderes e chefes.
4 A palavra “profeta” deriva do grego “pro” que significa “para adiante” ou “à frente” e “phemi” que quer dizer “o que fala”.
O profeta é aquele que traz a mensagem de Deus, o servo que anuncia prioritariamente, antes de tudo, a Palavra do Senhor.
Esse ministério pode incluir a previsão de futuros eventos. Deus continua a falar através de seus profetas nas igrejas de hoje.
Os arautos de Deus nos orientam e ensinam a ouvir o Espírito Santo e a obedecer à Palavra. Entretanto, a Bíblia também nos
adverte quanto aos “falsos profetas”, pessoas que são lideradas por um espírito diferente do Espírito Santo e causam confusão à
comunidade e grande dano a si próprios (Jr 7.4, Jr 14.14, Lm 2.4, Ez 13.6, Mt 7.15, Mt 24.11-24, 2Pe 2.1, Ap 19.20).
5 Mq 5.2; Jo 7.42; Ap 2.27
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7. 7 MATEUS 2, 3
10 E vendo eles a estrela, alegraram-se O retorno para Israel
com grande e intenso júbilo. 19 Após a morte de Herodes, eis que um
11 Ao entrarem na casa, encontraram o anjo do SENHOR apareceu em sonho a
menino com Maria, sua mãe, e prostran- José, no Egito, e disse-lhe:
do-se o adoraram. Então abriram seus 20 “Dispõe-te, toma o menino e sua mãe,
tesouros e lhe ofertaram presentes: ouro, e vai para a terra de Israel; porque já
incenso e mirra.6 estão mortos os que procuravam tirar a
12 E, sendo por divina revelação avisados vida do menino”.
em sonhos para que não voltassem para 21 Então, José se levantou, tomou o meni-
junto de Herodes, retornaram para a sua no e sua mãe, e foi para a terra de Israel.
terra, por outro caminho. 22 Mas, ao ouvir que Arquelau estava
reinando na Judéia, em lugar de seu pai
A fuga para o Egito Herodes, teve medo de ir para lá. Con-
13 Depois que partiram, eis que um anjo tudo, tendo sido avisado em sonho por
do SENHOR apareceu a José em sonho e divina revelação, seguiu para as regiões
lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e da Galiléia.
sua mãe, e foge para o Egito. Permanece 23 Ao chegar, foi viver numa cidade
lá até que eu te diga, pois Herodes há de chamada Nazaré. Cumpriu-se assim o
procurar o menino para o matar”. que fora dito pelos profetas: “Ele será
14 José se levantou, tomou o menino e sua chamado Nazareno”.9
mãe, durante a noite, e partiu para o Egito.
15 E esteve lá até a morte de Herodes. E João Batista prepara o caminho
assim se cumpriu o que o SENHOR tinha (Mc 1.2-8; Lc 3.1-18; Jo 1.6-8,19-36)
dito através do profeta: “Do Egito cha-
mei o meu filho”.7
16 Quando Herodes percebeu que havia
3 Naqueles dias surgiu João Batista pre-
gando no deserto da Judéia; e dizia:
2 “Arrependei-vos, porque o Reino dos
sido iludido pelos sábios, irou-se ter- céus está próximo”.1
rivelmente e mandou matar todos os 3 Este é aquele que foi anunciado pelo
meninos de dois anos para baixo, em profeta Isaías: “Voz do que clama no
Belém e em todas as circunvizinhanças, deserto: Preparai o caminho do SENHOR,
de acordo com as informações que havia endireitai as suas veredas”.
obtido dos sábios. 4 João tinha suas roupas feitas de pêlos
17 Então se cumpriu o que fora dito pelo de camelo e usava um cinto de couro na
profeta Jeremias: cintura. Alimentava-se com gafanhotos e
18 “Ouviu-se uma voz em Ramá, pranto mel silvestre.
e grande lamentação; é Raquel que chora 5 A ele vinha gente de Jerusalém, de toda
por seus filhos e recusa ser consolada, a Judéia e de toda a província adjacente
pois já não existem”.8 ao Jordão.
6 Sl 72.10-11; Is 60.6
7 Os 11.1
8 Jr 31.15
9 A expressão hebraica traduzida por “nazareno” significa: desprezível ou desprezado. Nazaré era o lugar mais improvável para
o surgimento ou a residência do Messias, o Ungido de Deus e libertador do povo de Israel (Sl 22.6; Is 11.1; Is 53.3; Mc 1.24).
Capítulo 3
1 João começa seu ministério no deserto da Judéia, uma região árida e estéril, ao longo da margem ocidental do mar Morto.
O Reino dos céus sinaliza o domínio do céu e dos seus valores sobre a terra e o sistema econômico, político, social e religioso
mundial. O povo judeu da época de Cristo esperava esse Reino messiânico (ou davídico) e seu estabelecimento. Foi exatamente
esse o Reino que João anunciou como “próximo”. A rejeição de Cristo pelo povo adiou sua plena concretização até a segunda e
iminente vinda de Cristo (Mt 25.31). O caráter atual do Reino está descrito na série de parábolas (histórias com objetivo didático)
contadas por Jesus em Mt 13.
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8. MATEUS 3, 4 8
6 Confessando os seus pecados, eram 15 Jesus, entretanto, declarou: “Deixe
batizados por João no rio Jordão. assim, por enquanto; pois assim convém
7 E, vendo ele muitos dos fariseus e dos que façamos, para cumprir toda a justiça”.
saduceus que vinham ao seu batismo, E João concordou.
dizia-lhes: “Raça de víboras, quem vos 16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da
ensinou a fugir da ira futura?2 água, e eis que se abriram os céus, e viu o
8 Produzi, sim, frutos que mostrem vosso Espírito de Deus descendo como pomba
arrependimento! e vindo sobre Ele.
9 Não presumais de vós mesmos, dizen- 17 Em seguida, uma voz dos céus disse:
do: ‘Temos por pai a Abraão’; porque eu “Este é meu Filho amado, em quem mui-
vos digo que mesmo destas pedras Deus to me agrado”.
pode gerar filhos a Abraão.
10 O machado já está posto à raiz das Jesus é tentado pelo Diabo
árvores, e toda árvore, pois, que não (Mc 1.12,13; Lc 4.1-13)
produz bom fruto é cortada e lançada
no fogo.
11 Eu, em verdade, vos batizo com água,
4 Jesus foi então conduzido pelo Espí-
rito, ao deserto, para ser tentado pelo
Diabo.
para arrependimento; mas depois de 2 Depois de jejuar quarenta dias e qua-
mim vem alguém mais poderoso do que renta noites, teve fome.
eu, tanto que não sou digno nem de levar 3 O tentador aproximou-se então dele e
as suas sandálias. Ele vos batizará com o disse: “Se tu és o Filho de Deus, manda
Espírito Santo e com fogo. que estas pedras se tornem em pães”.
12 Ele traz a pá em sua mão e separará 4 Jesus, porém, afirmou-lhe: “Está es-
o trigo da palha.3 Recolherá no celeiro o crito: ‘Nem só de pão viverá o homem,
seu trigo e queimará a palha no fogo que mas de toda a palavra que sai da boca de
jamais se apaga”. Deus’”.1
5 Então o Diabo o conduziu à Cidade
O batismo de Jesus Santa, e colocou-o sobre a parte mais
(Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34) alta do templo e desafiou-lhe:
13 Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão 6 “Se tu és o Filho de Deus, joga-te daqui
para ser batizado por João. para baixo. Pois está escrito: ‘Aos seus
14 Mas João se recusava, justificando: anjos dará ordens a teu respeito, e com
“Sou eu quem precisa ser batizado por ti, as mãos eles te susterão, para que jamais
e vens tu a mim?” tropeces em alguma pedra’”.2
2 Os fariseus eram a mais influente das seitas do judaísmo no tempo de Cristo. Embora apegados às doutrinas e à ortodoxia,
seu zelo, sem o entendimento espiritual da Lei de Moisés levara-os, ao longo dos séculos, a uma observância estrita das normas e
regras da Lei e das tradições rabínicas. Eram justos aos próprios olhos e inimigos implacáveis de Jesus Cristo (Mt 9.14; 23.2; 23.15;
Mc 12.40; Lc 18.9). Os saduceus, que pertenciam à elite econômica e às famílias sacerdotais, eram anti-sobrenaturalistas (não criam
em milagres e no poder sobrenatural de Deus). Opunham-se às tradições dos ensinos e interpretações dos fariseus e colaboravam
abertamente com os governantes romanos. Uniram-se aos fariseus apenas em suas perseguições a Cristo (Mt 16.1-4,6).
3 Algumas versões trazem a expressão: “...e limpará a sua eira”. A Bíblia King James optou por uma tradução mais clara dessa
frase, a partir do original grego; pois a “pá”, que Jesus traz em sua mão, tem a ver com uma pá de madeira usada para lançar
o cereal triturado ao ar, de modo que a palha, mais leve, fosse carregada pelo vento, e os grãos se amontoassem no solo. Isso
significa “limpar a eira” e reforça o cumprimento da profecia de Malaquias (Ml 3.1-6 e 4.1).
Capítulo 4
1 O objetivo do Diabo era levar Cristo, o Ungido, Filho de Deus, a pecar. Apenas um pecado seria o suficiente, desqualificando o
Salvador, frustrando assim, o plano de Deus para a redenção humana. O objetivo de Deus foi provar que seu Filho – perfeitamente
divino e perfeitamente humano – viveu, contudo, isento de qualquer pecado; sendo, portanto, um Salvador perfeitamente digno
e suficiente (2Co 5.21; Hb 4.15, Rm 8.3; 1Jo 2.16; Tg 1.13). Jesus escolhe uma passagem das Sagradas Escrituras (Dt 8.3) para
responder ao tentador e a todos quantos têm seus valores invertidos por ganância, egoísmo e inveja.
2 O orgulho, arrogância e empáfia do Diabo não lhe permitiram compreender, muito menos aceitar, a resposta que Cristo lhe
dera. O Diabo tenta, então, replicar, usando também uma passagem bíblica (Sl 91.11-12), mas omitindo parte do texto sagrado
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9. 9 MATEUS 4, 5
7 Contestou-lhe Jesus: “Também está Galiléia, viu Jesus dois irmãos: Simão,
escrito: ‘Não tentarás o SENHOR teu chamado Pedro e André que lançavam a
Deus’”.3 rede ao mar, pois eram pescadores.
8 Tornou o Diabo a levá-lo, agora para 19 Então, disse-lhes Jesus: “Vinde após mim,
um monte muito alto. E mostrou-lhe e Eu vos farei pescadores de homens”.
todos os reinos do mundo em todo o seu 20 Eles, imediatamente deixaram suas
esplendor. redes e seguiram Jesus.
9 E propôs a Jesus: “Tudo isso te darei se, 21 Seguindo adiante, viu Jesus outros
prostrado, me adorares. dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu e
10 Ordenou-lhe então Jesus: “Vai-te, Sata- João, seu irmão, que estavam no barco
nás, porque está escrito: ‘Ao SENHOR, teu com Zebedeu, seu pai, consertando as
Deus, adorarás e só a Ele servirás’”.4 redes; e chamou-os.
11 Assim, o Diabo o deixou; e eis que 22 Eles imediatamente deixaram o barco
vieram anjos, e o serviram. e seu pai para seguirem a Jesus.
23 E percorria Jesus toda a Galiléia,
Jesus inicia seu ministério ensinando nas sinagogas, pregando o
(Mc 1.14-20; Lc 4.14-32; 5.1-11) evangelho do Reino e curando todas as
12 Jesus, entretanto, ouvindo que João enfermidades e males entre o povo.
estava preso, voltou para a Galiléia. 24 E sua fama correu por toda a Síria; e
13 E, deixando Nazaré,5 foi habitar em trouxeram-lhe, então, todos aqueles que
Cafarnaum, situada à beira-mar, nos sofriam, acometidos de várias enfermi-
confins de Zebulom e Naftali. dades e tormentos, os endemoninhados,
14 Assim cumprindo-se o que fora dito os lunáticos e os paralíticos. E Jesus os
pelo profeta Isaías: curava.
15 “Terra de Zebulom e terra de Naftali, 25 E uma grande multidão da Galiléia,
caminho do mar, além do Jordão, Gali- Decápolis, Jerusalém, Judéia e de além
léia dos gentios!6 do Jordão seguia a Jesus.
16 O povo que jazia nas trevas viu uma
grande luz; e aos que estavam detidos O sermão do monte
na região e sombra da morte, a luz (Lc 6.20-29)
raiou”.
17 Daquele momento em diante Jesus
passou a pregar e dizer: “Arrependei-vos,
5 Jesus, vendo as multidões, subiu a
um monte e, assentando-se, os seus
discípulos aproximaram-se dele.
porque é chegado o Reino dos céus!”. 2 E Jesus, abrindo a boca, os ensinava,
18 E, caminhando junto ao mar da dizendo:
que não se ajustava a seus intentos. Esse mesmo método de interpretação inescrupulosa da Bíblia tem-se repetido ao longo dos
séculos, na criação e desenvolvimento de diversas seitas heréticas em todo o mundo.
3 Veja Dt 6.16
4 Somente uma análise profunda e detalhada dos diálogos aqui travados entre Satanás e Jesus pode revelar a magnitude dessa
batalha espiritual vencida por Cristo por meio da Palavra de Deus (Dt 6.13; 10.20), bem como a astúcia e o poder do Diabo para
iludir seus oponentes. Satanás, como príncipe do sistema econômico, político e social do nosso planeta (em grego, Kosmos,
que significa: mundo), estava em seu direito ao ofertar a Jesus as glórias de todos os reinos da terra, pois de fato estes lhe foram
entregues por algum tempo (Jo 12.31; 1 Jo 2.15; 5.19; Jo 3.19; Tg 1.27; 4.4). Jesus manteve-se, porém, íntegro e fiel, resistindo
e vencendo a tentação e o tentador.
5 Conforme Lc 4.16-30, Jesus foi expulso de Nazaré, terra onde fora criado, por ter se apresentado ao povo (em um sábado,
na sinagoga) como sendo o Filho de Deus e aquele que veio cumprir as profecias sobre a vinda do Messias, registradas no AT
(Is 61.1-2 a. Veja também Is 9.1-2 e 42.6-7).
6 Os melhores originais em grego trazem a palavra “gentios” (todos aqueles que não são judeus) em vez de “nações” como
consta em várias versões em português.
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10. MATEUS 5 10
3 “Bem-aventurados1 os pobres2 em espí- 12 Exultai e alegrai-vos sobremaneira,
rito, pois deles é o Reino dos Céus. pois é esplêndida a vossa recompensa
4 Bem-aventurados os que choram, por- nos céus; porque assim perseguiram os
que serão consolados. profetas que viveram antes de vós.
5 Bem-aventurados os humildes, porque
herdarão a terra.3 O cristão deve ser sal e luz
6 Bem-aventurados os que têm fome e 13 Vós sois o sal da terra. Mas se o sal per-
sede de justiça, porque serão fartos. der o seu sabor, com o que se há de tem-
7 Bem-aventurados os misericordiosos, perar? Para nada mais presta, senão para
porque alcançarão misericórdia. se lançar fora e ser pisado pelos homens.
8 Bem-aventurados os limpos de cora- 14 Vós sois a luz do mundo. Uma cidade
ção, porque verão a Deus. edificada sobre um monte não pode ser
9 Bem-aventurados os pacificadores, escondida.
porque serão chamados filhos de Deus. 15 Igualmente não se acende uma candeia
10 Bem-aventurados os que sofrem per- para colocá-la debaixo de um cesto. Ao
seguição por causa da justiça, porque contrário, coloca-se no velador e, assim,
deles é o Reino dos Céus. ilumina a todos os que estão na casa.
11 Bem-aventurados sois vós quando vos 16 Assim deixai a vossa luz resplandecer
insultarem, e perseguirem e, mentindo, diante dos homens, para que vejam as
disserem todo o mal contra vós, por vossas boas obras e glorifiquem o vosso
minha causa. Pai que está nos céus.
1 A KJ de 1611 traz a expressão inglesa blessed (abençoado, bendito, muito feliz) que foi adotada pela maioria das traduções
em todo o mundo, inclusive pelas mais modernas. “Bem-aventurados” transmite melhor a idéia do original grego makarios refe-
rindo-se a uma felicidade que excede às circunstâncias, que tem a ver com o profundo sentimento de paz e alegria que todos os
que foram “abençoados” com a Salvação em Cristo e Seu Reino devem sentir e desfrutar, mesmo em meio às aflições cotidianas.
Esse discurso, conhecido como Sermão do Monte, é o primeiro dos cinco grandes temas tratados por Jesus (Mt 5 a 7; Mt 10;
13; 18 e em Mt 24 e 25). São ensinos primeiramente dirigidos aos discípulos (convertidos, que desejam proclamar ao mundo
sua fé em Jesus Cristo).
A expressão original: “abre a boca”, significa que Jesus passou a falar mais alto para que pudesse ser ouvido pelas demais
pessoas ao redor. A proclamação do “Reino dos Céus” é o ponto central da pregação de Jesus. Essa expressão vem do hebraico
malekhüth shãmayim. A KJ traduz como “Reino do Céu” mas tanto a palavra grega ouranos como a hebraica shãmayim estão no
plural (céus) e têm o mesmo sentido de “Reino de Deus”. Os judeus, por respeito, não mencionavam o nome de Deus e por isso,
Mateus, sensível a esse dado cultural, chamou o Reino de Deus de Reino dos Céus. O ser humano não tem em si mesmo força
moral e ética para viver como Deus ordena. Por isso Jesus Cristo, que viveu essa plenitude de vida espiritual na terra e venceu o
mundo, vem na forma do Espírito Santo habitar na alma humana para ajudar-nos a viver uma nova vida, com uma nova mentalida-
de, como cidadãos do Seu Reino, dirigidos por Deus.A plenitude dessa vida espiritual se dará no futuro (Ap 21.1-4).
2 A primeira estocada de Jesus atinge diretamente o coração arrogante e presunçoso. Jesus conhecia bem os ensinos dos
escribas e fariseus: “Quem cumpre toda a Lei com exatidão é rico no Altíssimo. Quem, além disso, observa literalmente a Halachá
(série de tradições judaicas transmitidas pelos pais de geração a geração) será ainda mais rico”. Jesus não estava dizendo que
não há bênção em obedecer a Lei, mas sim que um coração soberbo e orgulhoso por cumprir ordenanças e preceitos, não pode-
rá “entrar” (viver com amor, paz, alegria e liberdade) no Reino de Deus. Assim, “pobres em espírito” não é uma contradição nem
se refere a pessoas tímidas ou sem poder econômico. Significa sim, que o discípulo (seguidor) de Jesus, aquele que ama a Deus
sobre todas as coisas, conhece suas limitações e fraquezas e reconhece que sem a graça do Senhor é impossível viver a vida
cristã e que por isso não tem qualquer motivo para se orgulhar, pois o Reino dos Céus é também uma dádiva aos quebrantados,
humildes e arrependidos (Jo 3), e não pode ser alcançado através de qualquer esforço, barganha ou talento humano. Reino dos
Céus é o domínio de Deus sobre toda a criação, as pessoas e o mundo; tanto no presente como no futuro (Mt 5.3; 12.28 e Rm
14.17). Às vezes refere-se também a um lugar e uma vida futura com Deus (2 Tm 4.18).
3 A KJ traz aqui a palavra inglesa meek que pode ser traduzida como: pacífico, gentil, brando, suave, amável, manso, dócil,
submisso, resignado. Entretanto, a palavra: “humilde” é mais fiel ao sentido original do termo em grego e comunica melhor, em
português, a idéia dessa qualidade cristã: defender a justiça com paciência e sem amargura, entregando lutas e desafios ao
Senhor que tudo julga retamente. Esse caráter cristão, moldado pelo Espírito Santo, nos capacita a perseverar na fé em Cristo
ainda que em meio às injustiças, ofensas e falta de reconhecimento neste mundo. A promessa é nada menos do que a terra por
herança. Aqueles que aceitam perder algumas coisas nesta terra e neste tempo, mantendo uma fé serena no Senhor, serão os
reis de toda a terra no futuro (Ap 5.9-14), pois já vivem no presente como cidadãos do Reino. Seres humanos esses cujas vidas
estão sendo transformadas pelo Espírito Santo e cujos frutos de caráter lhes conferem a bênção de serem conhecidos como
“bem-aventurados” (muito felizes).
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11. 11 MATEUS 5
A Lei se cumpre em Cristo 22 Eu, porém, vos digo que qualquer que
17 Não penseis que vim destruir a Lei ou se irar contra seu irmão estará sujeito a
os Profetas. Eu não vim para anular, mas juízo. Também qualquer que disser a seu
para cumprir. irmão: Racá, será levado ao tribunal. E
18 Com toda a certeza vos afirmo que, até qualquer que o chamar de idiota estará
4
que os céus e a terra passem, nem um i sujeito ao fogo do inferno.6
ou o mínimo traço se omitirá da Lei até 23 Assim sendo, se trouxeres a tua oferta
que tudo se cumpra. ao altar e te lembrares de que teu irmão
19 Qualquer, pois, que violar um destes tem alguma coisa contra ti,
menores mandamentos e assim ensinar 24 deixa ali mesmo diante do altar a tua
aos homens será chamado o menor no oferta, e primeiro vai reconciliar-te com
Reino dos Céus; aquele, porém, que os teu irmão, e depois volta e apresenta a
cumprir e ensinar será chamado grande tua oferta.
no Reino dos Céus. 25 Entra em acordo depressa com teu ad-
20 Porque vos digo que, se a vossa justiça versário, enquanto estás com ele a caminho
não exceder a dos escribas e fariseus, de do tribunal, para que não aconteça que o
modo nenhum entrareis no Reino dos adversário te entregue ao juiz, o juiz te en-
Céus. tregue ao carcereiro, e te joguem na cadeia.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não 26 Com toda a certeza afirmo que de ma-
matarás; mas quem assassinar estará su- neira alguma sairás dali, enquanto não
jeito a juízo”.5 pagares o último centavo.7
4 A Lei e os Profetas representavam a totalidade do AT, que incluía os Escritos (Sl 78.12-16 é um exemplo desses Escritos e se
refere a Êx 7-12 e Nm 13.22, que fazem parte da terceira seção da Bíblia Hebraica). Jesus é o cumprimento das profecias sobre
a vinda do Messias e Seu Reino. Ao mesmo tempo, Ele foi o único ser humano a cumprir de maneira plena e fiel a essência da
vontade de Deus, não se limitando a uma obediência apenas religiosa, formal e exterior. Jesus levou seu amor pelo Pai e pela
humanidade às últimas conseqüências e enfatizou que toda a Palavra de Deus se cumprirá. Nem a menor letra do alfabeto
hebraico: (yod); em grego: i(iôta) que corresponde à letra “i” em português; nem mesmo o menor sinal gráfico (pequeno traço)
que serve para distinguir certas letras hebraicas, e que pode alterar o sentido de uma expressão, serão suprimidos das Sagradas
Escrituras. Jesus usa essa bem elaborada hipérbole para evidenciar a veracidade e autoridade da Palavra de Deus até o final
dos tempos. As próprias Escrituras testemunham acerca de Jesus de Nazaré como Filho de Deus, Messias (Cristo), Rei dos Reis,
Senhor do Universo, nosso Salvador para toda a eternidade (Mc 14.49; Lc 24.27; Jo 10.35; At 18.24; 2Tm 3.16, 2Pe 1.20-21). Jesus
desejava que os doutores da Lei observassem essa verdade nas Escrituras, uma vez que o povo já estava aceitando que Jesus
Cristo era o Messias, pelas obras que realizava e o poder de suas palavras.
5 Jesus toma como exemplo a situação mais drástica da Lei: a morte (Êx 20.13; Dt 5.17) para demonstrar o que significa
compreender e obedecer ao espírito da Lei e não apenas à letra. Ou seja, uma vida no sentido mais amplo e saudável dos man-
damentos de Deus, em vez da interpretação meramente externa e restrita feita pela tradição rabínica. A KJ traz a palavra murder
(assassinar), pois os verbos em hebraico e grego usados nesse texto e em Êx 20.13 têm especificamente esse sentido claro.
6 Jesus demonstra como entender o sentido mais abrangente da Lei, ao relacionar o pecado de tirar a vida de alguém
(assassinato) com erros, aparentemente menos graves, como irar-se contra um irmão ou insultar alguém. A KJ e as versões de
Almeida acrescentam “sem motivo se irar”. Entretanto, os mais antigos e melhores originais gregos não trazem essa expressão.
Jesus revela que a ofensa verbal está no mesmo nível de um assassinato. Racá era uma antiga expressão aramaica rêqâ’ que
originou a palavra hebraica rêquïm usada no tempo dos juízes (Jz 11.3) para indicar pessoas de mau caráter, levianas e traidoras.
De maneira curiosa, essa era uma expressão freqüentemente usada na tradição rabínica, associada ao vocábulo nãbhãl (néscio),
para se referir aos insensatos e sem sabedoria. Já a palavra grega more, traduzida, em algumas versões, como “louco”, tem sua
origem na expressão hebraica moreh (desgraçado), alguém que por não crer em Deus merecia o inferno. O cerne do ensino de
Jesus está em que o pecado que leva alguém a ofender outra pessoa é o mesmo que motiva o assassinato. O vocábulo grego
synedrio cujo correspondente hebraico é sanhedrïn refere-se ao mais alto tribunal dos judeus, que se reunia em Jerusalém. A KJ
traduziu o termo para o inglês council (conselho), por se tratar da reunião dos sábios que julgavam as causas do povo. Synedrion
deu origem à expressão grega presbyterion que significa “corpo de anciãos” (Lc 22.66; At 22.5) e gerousia “senado” (At 5.21).
A expressão “fogo do inferno” tem a ver com o vale de Hinom em hebraico ge’hinnom que deu origem ao nome grego do lugar:
geena. Durante o reinado dos perversos Acaz e Manassés, sacrifícios humanos ao deus amonita Moloque foram realizados em
geena. Josias profanou o vale por causa das oferendas pagãs que realizou naquele lugar (2Rs 23.10; Jr 7.31,32; 19.6). Com o
passar do tempo, esse vale se transformou num grande depósito de lixo, constantemente em chamas, o que fez a palavra geena
significar o lugar dos perdidos, imprestáveis e destinados ao fogo que nunca se apaga.
7 Graças a Jesus temos a bênção do perdão à nossa disposição. Não fosse essa graça seríamos todos consumidos pela Lei.
Os cristãos devem, então, perdoar tudo e a todos, pedir perdão e procurar a paz com todos aqueles que se sentirem ofendidos
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12. MATEUS 5 12
Adultério no coração 34 Entretanto, Eu vos afirmo: Não jureis
27 Ouvistes o que foi dito: ‘Não comete- de forma alguma; nem pelos céus, que
rás adultério’. são o trono de Deus;
28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que 35 nem pela terra, por ser o estrado onde
olhar para uma mulher com intenção repousam seus pés; nem por Jerusalém,
impura, em seu coração, já cometeu porque é a cidade do grande Rei.
adultério com ela. 36 E não jures por tua cabeça, pois não
29 Se o teu olho direito te leva a pecar, tens o poder de tornar um fio de cabelo
arranca-o e lança-o fora de ti; pois te branco ou preto.
é mais proveitoso perder um dos teus 37 Seja, porém, o teu sim, sim! E o teu
membros do que todo o teu corpo ser não, não! O que passar disso vem do
lançado no inferno. Maligno.8
30 E, se tua mão direita te fizer pecar,
corta-a e atira-a para longe de ti; pois te Jamais use a vingança
é melhor que um dos teus membros se 38 Ouvistes o que foi dito: “Olho por olho
perca do que todo o teu corpo seja lança- e dente por dente”.
do no inferno. 39 Eu, porém, vos digo: Não resistais ao
perverso; mas se alguém te ofender com
O casamento é sagrado um tapa na face direita, volta-lhe tam-
31 Foi dito também: ‘Aquele que se divor- bém a outra.
ciar de sua esposa deverá dar a ela uma 40 E se alguém quiser processar-te e ti-
certidão de divórcio’. rar-te a túnica, deixa que leve também
32 Eu, porém, vos digo: Qualquer que se a capa.
divorciar da sua esposa, exceto por imo- 41 Assim, se alguém te forçar a andar uma
ralidade sexual, faz com que ela se torne milha, vai com ele duas.
adúltera, e quem se casar com a mulher 42 Dá a quem te pedir e não te desvies de
divorciada estará cometendo adultério. quem deseja que lhe emprestes algo.9
Votos e juramentos Ame os que o odeiam
33 Também ouvistes o que foi dito aos an- 43 Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu
tigos: ‘Não jurarás falso, mas cumprirás ri- próximo e odiarás o teu inimigo’.
gorosamente teus juramentos ao Senhor’. 44 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos
com alguma de suas atitudes. Jesus não entra no mérito se o cristão está certo ou não, apenas ordena que a reconciliação seja
promovida o mais rápido possível e que a iniciativa seja sempre da parte daquele que crê em Deus. Jesus usa o exemplo do judeu
religioso e temente ao Senhor em um de seus atos mais sublimes — o sacrifício oferecido a Deus de acordo com a lei mosaica,
para ensinar que não pode haver culto, oração ou oferta maior do que um coração limpo, sincero, humilde, perdoador e em paz
com Deus e com os semelhantes. Em seguida, por meio de uma parábola, Jesus exorta os cristãos que estão em demanda com
alguém a que se apressem a negociar um acordo e estabeleçam a paz, antes que a questão se prolongue demais e acabe na
justiça onde não há misericórdia, apenas a lei.
8 No AT juramentos em nome do Senhor eram obrigatórios em determinadas ocasiões: quando a palavra necessitava de um
fiador idôneo ou mesmo diante de um voto. A quebra da palavra empenhada era um ato sujeito às penas da Lei (Êx 20.7; Lv 19.12;
Dt 19.10-19). Deus era (e é) o juiz onisciente de toda a falsidade. “...tão certo como o Senhor vive” (1Sm 14.39). Essa ênfase na
santidade dos votos ocorria devido à falsidade costumeira entre as pessoas em seus acordos cotidianos. Jesus ensina que o
verdadeiro cristão deve ser autêntico e sincero em suas afirmações; afastando-se de toda a ambigüidade e falsidade comuns
neste mundo controlado pelas forças do Diabo.
9 Jesus trabalha as questões universais do direito. De fato toda a humanidade participa de um grande julgamento, envolvendo
todos os povos de todos os tempos, no qual Cristo é nosso Advogado e garantia absoluta. Jesus começa citando a antiga Lei da
Retaliação (Lv 24.20). Entre os judeus, na época de Jesus, o ato de bater na face direita de alguém, com as costas da mão, era
um insulto e uma provocação; não exatamente uma agressão. O insultado poderia revidar ou ir ao tribunal pleitear uma punição,
em dinheiro, pela ofensa. Jesus exorta seus discípulos a oferecer a outra face, em sinal de paz e disposição para um acordo. A
próxima ilustração tem a ver com as leis dos fariseus: um credor tinha o direito de exigir a túnica do devedor por uma dívida não
paga. Quando não a recebia por bem, tinha o direito de exigi-la por meio de um processo jurídico. Mas, de acordo com Dt 24.10-
13, deveria ceder a roupa ao dono, conforme suas necessidades diárias de uso. Diante dessas questões jurídicas mesquinhas,
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13. 13 MATEUS 5, 6
inimigos e orai pelos que vos perse- 4 Para que a tua obra de caridade fique
guem; em secreto: e teu Pai, que vê em secreto,
45 para que vos torneis filhos do vosso Pai te recompensará.
que está nos céus, pois que Ele faz raiar
o seu sol sobre maus e bons e derrama A oração modelo
chuva sobre justos e injustos. 5 E, quando orardes, não sejais como
46 Porque se amardes os que vos amam, os hipócritas, pois que apreciam orar
que recompensa tendes? Não fazem os em pé nas sinagogas e nas esquinas das
publicanos igualmente assim?10 ruas, para serem admirados pelos outros.
47 E, se saudardes somente os vossos ir- Com toda a certeza vos afirmo que eles já
mãos, que fazeis de notável? Não agem os receberam o seu galardão.
gentios também dessa maneira? 6 Tu, porém, quando orares, vai para teu
48 Assim sendo, sede vós perfeitos como quarto e, após ter fechado a porta, orarás
perfeito é o vosso Pai que está nos céus. a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará ple-
Como viver no Reino namente.
6 Guardai-vos de fazer a vossa caridade
e obras de justiça diante dos homens,
com o fim de serem vistos por eles; caso
7 E, quando orardes, não useis de vãs
repetições, como fazem os pagãos; pois
imaginam que devido ao seu muito falar
contrário, não tereis qualquer recom- serão ouvidos.
pensa do vosso Pai que está nos céus. 8 Portanto, não vos assemelheis a eles;
2 Por essa razão, quando deres um do- porque Deus, o vosso Pai, sabe tudo de
nativo, não toques trombeta diante de ti, que tendes necessidade, antes mesmo
como fazem os hipócritas, nas sinagogas que lho peçais.
e nas ruas, para serem glorificados pelos 9 Por essa razão, vós orareis:
homens. Com toda a certeza vos afirmo Pai nosso, que estás nos céus!
que eles já receberam o seu galardão. Santificado seja o teu Nome.
3 Tu, porém, quando deres uma esmola 10 Venha o teu Reino.
ou ajuda, não deixes tua mão esquerda Seja feita a tua vontade,
saber o que faz a direita. assim na terra como no céu.
Jesus exorta os discípulos a serem altruístas. Se credores, a desistir do penhor; se devedores, a dar além do devido, entregando
também a capa que era vestida sobre a túnica. Para o discípulo de Jesus, o direito jurídico já foi abolido na Cruz, a nova ordem é
a Lei do Amor em Cristo. Outra metáfora de Jesus reforça essa idéia. Tem a ver com o costume judaico de se pedir a companhia
de alguém numa viagem pelas perigosas estradas da época. Quando alguém se negava, e acontecia um crime, essa pessoa
era responsabilizada pela sua comunidade local, por não ter atendido ao pedido do viajante. O verbo grego traduzido aqui por
“forçar” advém de uma antiga palavra persa que significa “recrutar à força”. Curiosamente, é a mesma palavra que aparece no
final deste livro, em Mt 27.32, quando os soldados romanos “recrutam à força” Simão, para ajudar Jesus a carregar sua cruz. Os
fariseus haviam imposto uma lei: “devemos acompanhar somente a outro fariseu, não devemos caminhar com os incrédulos”.
Jesus, entretanto, vai além, e ensina que seus discípulos, ao serem solicitados por qualquer viajante a andar 1.609 metros (uma
milha), devem graciosamente estar prontos para caminhar em sua companhia por mais de três quilômetros (duas milhas). Ou
seja, exceder em amor, graça e misericórdia ao que pede a Lei.
10 O termo publicano (palavra latina com origem no grego telõnês) denominava um coletor de impostos a serviço do império
romano. Esses homens eram odiados por causa da impiedade com que exploravam o povo. Para os judeus, o publicano era
imundo, pois estava sempre em contato com os gentios. A palavra “publicano” tornou-se sinônimo de egoísmo, desonestidade,
falsidade, impiedade e incredulidade. Gentios (em hebraico gôyïm e do grego ethnikoi ou Hellênes traduzido pela Vulgata, em
latim, como gentiles) era um termo geral para significar “nações”. Entretanto, na época de Jesus, esse termo era usado pelos
judeus para se referir, em tom discriminatório e preconceituoso, a todas as pessoas que não fossem israelenses. Para os mestres
e doutores da Lei, os “gentios” eram idólatras, imorais e pecadores. Um judeu chamado de gentio significava um publicano; ou
seja, uma pessoa impura, incrédula, mau-caráter, inescrupulosa, impiedosa e digna de todo o desprezo. Jesus resgata o valor
real dos “gentios” (das nações) e convida a todos para Seu Reino (Rm 1.16; Cl 3.11; Gl 2.14; Ap 21.24; 22.2). Jesus conclui essa
parte do seu ensino revelando o segredo da ética cristã: o amor deve fazer muito mais do que a obrigação. Este foi o testemunho
de Cristo e este deve ser o objetivo maior dos cristãos: buscar o amor perfeito do Pai e agir assim, como filhos amados de Deus,
para que outros vejam a luz de Cristo e sejam libertos das trevas deste mundo.
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14. MATEUS 6 14
11 Dá-nos hoje o nosso pão diário. Investir os recursos no céu
12 Perdoa-nos as nossas dívidas, 19 Não acumuleis para vós outros tesouros
assim como perdoamos aos na terra, onde a traça e a ferrugem destro-
nossos devedores. em, e onde ladrões arrombam para roubar.
13 E não nos conduzas à tentação, 20 Mas ajuntai para vós outros tesouros
mas livra-nos do Maligno.1 no céu, onde a traça nem a ferrugem
Porque teu é o Reino, o poder podem destruir, e onde os ladrões não
e a glória para sempre. Amém. arrombam e roubam.
14 Pois, se perdoardes aos homens as suas 21 Porque, onde estiver o teu tesouro, aí
ofensas, assim também vosso Pai celeste também estará o teu coração.
vos perdoará.
15 Entretanto, se não perdoardes aos ho- Um corpo iluminado
mens, tampouco vosso Pai vos perdoará 22 Os olhos são a lâmpada do corpo.
as vossas ofensas. Portanto, se teus olhos forem bons, teu
corpo será pleno de luz.
Jejuar é adorar a Deus 23 Porém, se teus olhos forem maus, todo
16 Quando jejuardes, não vos mostreis o teu corpo estará em absoluta escuridão.
com aspecto sombrio como os hipócritas; Por isso, se a luz que está em ti são trevas,
pois desfiguram o rosto com a intenção de quão tremendas são essas trevas!SSE
mostrar às pessoas que estão jejuando.
17 Tu, porém, quando jejuares, unge tua Servir somente a Deus
cabeça e lava o rosto. 24 Ninguém pode servir a dois senhores;
18 Pois, assim, não parecerá aos outros que pois odiará um e amará o outro, ou será
jejuas; e, sim, ao teu Pai em secreto; e teu leal a um e desprezará o outro. Não po-
Pai, que vê em secreto, te recompensará. deis servir a Deus e a Mâmon.2
1 Jesus ensina a seus seguidores o caminho da verdadeira adoração e comunicação com Deus. O primeiro passo é a
humildade, em contraste com o estilo dos fariseus, escribas, publicanos e gentios, que viviam uma religiosidade apenas de
aparência, formal e estéril. Os discípulos deveriam também evitar as “vãs repetições”, pois essa era a maneira como os pagãos
(aqueles que não passaram pelo batismo, também chamados de “gentios”) tentavam sensibilizar seus deuses para obter favores.
Nessa época, os adoradores de Baal (1Rs 18.26-28) estavam cativando até judeus fiéis com suas hipocrisias (encenações
teatrais, do grego hupokrites, ator). Por isso Jesus oferece um modelo de oração: O nascimento espiritual dá ao cristão o direito
de ser filho de Deus (Jo 3) e, portanto, pode orar a Deus como quem conversa com seu pai amado (em aramaico: Abba, Mc
14.36; Rm 8.15, Gl 4.6). Devemos desejar e trabalhar pelo estabelecimento do Reino de Deus, em nossas vidas e comunidades,
ao receber pessoalmente o Espírito Santo, que traz salvação, paz, alegria, e a justiça de Cristo. Reino esse que será estabelecido
de forma plena no futuro iminente, quando Jesus voltar, e o último Inimigo for vencido definitivamente (2Ts 2.8; 1Co 15.23-28).
Assim a terra usufruirá a mesma glória de Deus que há nos céus (2Pe 3.13). O cristão reconhece que é o Senhor quem supre
diariamente todas as nossas necessidades, e é grato por isso. A fome, as guerras e outros sofrimentos sociais não ocorrem por
indiferença da parte de Deus, mas pelos pecados dos indivíduos (malignidade) e das nações. Devemos nos lembrar de perdoar
as pessoas que nos devem (bens materiais ou justiça) com a mesma misericórdia e generosidade com que Deus nos perdoa
sempre (1Jo 1.5-9). Observemos como Jesus ressalta a importância do perdão no Reino de Deus (6.14,15). O servo do Senhor é o
alvo favorito dos ataques e artimanhas do Diabo. Mas Deus tem o poder de nos livrar de todo o mal e levar-nos, para lugar seguro,
longe do alcance dos demônios. Não há amargura, decepção, fraqueza, vício, perda ou dor maiores do que o amor e o poder
de Deus (Tg 1.13; 1Co 6.18; 10.14; 1Tm 6.11; 2Tm 2.22). A maioria das versões da Bíblia em português inclui a frase: “...e não
nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal...”. A KJ apresenta a expressão inglesa: “...and do not lead us into temptation...”
(...e não nos induzas à tentação...). Os melhores originais gregos nos permitem traduzir: “...e não nos conduzas à tentação...”. A
palavra grega peirasmos aqui significa “tentação”, podendo significar também: “teste ou provação” em outros trechos. Assim, a
tentação, que do ponto de vista do Diabo é sempre uma cilada para nos destruir, do ponto de vista de Deus é uma oportunidade
para fortalecimento da fé e crescimento espiritual (Lc 22.32). Deus controla o universo visível e invisível, incluindo o Maligno e seu
reino; por isso, é ao Senhor que devemos pedir livramento das tentações e forças para vencer as provações (1Co 10.13). Jesus
deixa bem claro em sua oração-modelo, que o cristão somente consegue a vitória, vigiando e orando. O próprio Jesus venceu
sua grande batalha contra Satanás, com jejum (4.2), e recomendou que seus discípulos também usassem essa arma ao lado das
orações, e do contínuo louvor a Deus, contra os desígnios do Inimigo (9.15; 17.21).
2 Jesus escolhe uma palavra aramaica Mâmon para personificar um dos mais poderosos deuses pagãos de todos os tempos:
o Dinheiro. O adjetivo Mâmon, deriva do verbo aramaico amân (sustentar) e significa amor às riquezas e dedicação avarenta aos
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15. 15 MATEUS 6, 7
Descanso na providência divina 32 Pois são os pagãos que tratam de obter
25 Portanto, vos afirmo: não andeis preo- tudo isso; mas vosso Pai celestial sabe
cupados com a vossa própria vida, quanto que necessitais de todas essas coisas.
ao que haveis de comer ou beber; nem 33 Buscai, assim, em primeiro lugar, o
pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de Reino de Deus e a sua justiça, e todas
vestir. Não é a vida mais do que o alimen- essas coisas vos serão acrescentadas.
to, e o corpo mais do que as roupas? 34 Portanto, não vos preocupeis com o
26 Contemplai as aves do céu: não se- dia de amanhã, pois o amanhã trará suas
meiam, não colhem, nem armazenam próprias preocupações. É suficiente o
em celeiros; contudo, vosso Pai celestial mal que cada dia traz em si mesmo.
as sustenta. Não tendes vós muito mais
valor do que as aves? Amar mais e julgar menos
27 Qual de vós, por mais que se preocupe,
pode acrescentar algum tempo à jornada
da sua vida?3
7 Não julgueis, para que não sejais
julgados.1
2 Pois com o critério com que julgardes,
28 E por que andais preocupados quanto ao sereis julgados; e com a medida que
que vestir? Observai como crescem os lírios usardes para medir a outros, igualmente
do campo. Eles não trabalham nem tecem. medirão a vós.
29 Eu, contudo, vos asseguro que nem 3 Por que reparas tu o cisco no olho de
Salomão, em todo o esplendor de sua teu irmão, mas não percebes a viga que
glória, vestiu-se como um deles. está no teu próprio olho?
30 Então, se Deus veste assim a erva do 4 E como podes dizer a teu irmão: Per-
campo, que hoje existe e amanhã é lan- mite-me remover o cisco do teu olho,
çada ao fogo, quanto mais a vós outros, quando há uma viga no teu?
homens de pequena fé? 5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu
31 Portanto, não vos preocupeis, dizendo: olho, e então poderás ver com clareza
Que iremos comer? Que iremos beber? para tirar o cisco do olho de teu irmão.2
Ou ainda: Com que nos vestiremos? 6 Não deis o que é sagrado aos cães, nem
interesses mundanos. Jesus orienta seus seguidores a investir suas vidas na conquista de bens espirituais agradáveis ao Senhor
e adverte para a impossibilidade de se servir com lealdade a Deus e ao mesmo tempo amar o deus Dinheiro. Isso não quer dizer
que Jesus seja contra os ricos e prósperos, mas, sim, que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (Gn 13.2; Ec 3.13; 5.10-
19; 10.19; 1Tm 6.10). O dinheiro é para ser usado e as pessoas, amadas. A inversão desses valores tem sido a razão de muitas
desgraças (Is 52.3; 55.1; Rm 4.4; 1Tm 5.18).
3 A palavra grega psyche (alma) significa: “vida”, pois nas Escrituras, “alma” tem um sentido de algo diferente do atual, derivado
da filosofia grega, especialmente a partir de Platão. Na Bíblia, a palavra “alma” vem da expressão hebraica nephesh que significa
“personalidade” e indica o centro das emoções e apetites. Por isso, em toda a Bíblia, o comer e o beber são considerados como
funções da alma. Algumas vezes pode também se referir à vida natural em contraste com a vida espiritual (Hb 4.12). Jesus usa uma
figura de linguagem para ensinar duas verdades: “Deus existe, e você não é Ele”. As preocupações tentam minimizar o poder de
Deus e colocar um peso insuportável sobre nossas costas. A versão de Almeida traduz a expressão grega helikia por “estatura”; po-
rém, melhores originais e estudos mais acurados, mostram que o termo se refere a tempo e idade. Em certo sentido, essa expressão
de Jesus poderia ser traduzida assim: “Ninguém ultrapassa, nem por meio metro, o ponto final da sua existência na terra”. Por isso,
Jesus recomenda um estudo (análise, consideração filosófica) sobre a maneira cuidadosa, generosa e particular com que Deus trata
cada um dos seres mais simples da terra, e os reveste de grande glória (1Rs 1-11; 1Cr 28; 2Cr 9; 1Rs 10.4-7). Concluindo: temos uma
visão distorcida da vida e de nossas prioridades. Somente a busca do Reino de Deus vai nos colocar em harmonia com o Criador, e,
assim, descobriremos a tão almejada paz, justiça e real felicidade (Jo 6.52-59; Jo 10.10, Rm 3.21-31 e 14.17-18).
Capítulo 7
1 Jesus mostra que é possível ajudar nosso semelhante com conselhos e críticas (v. 5 e 23.13-39), bem como devemos estar
sempre dispostos a aprender, avaliar e ensinar (Rm 2.1; 1Co 5.9; 2Co 11.14; Fp 3.2; 1Jo 4.1; 1Ts 5.21).Entretanto, como cristãos,
nosso dever é amar antes de julgar. Um coração repleto do amor de Deus não será acusador, mesquinho, invejoso, crítico con-
tumaz ou difamador. A marca do cristão deveria ser seu amor irrestrito e altruísta pelo próximo, em especial por seus irmãos em
Cristo (Jo 13.5; Jo 14.15; Rm 12.10; 1Pe 1.22).
2 Jesus usou muitas histórias (parábolas) e figuras de linguagem para ensinar. Em 19.24, por exemplo, Ele fala de um camelo
passando pelo fundo de uma agulha. Nesta outra hipérbole, Ele compara uma partícula de serragem ou pedaço de qualquer
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16. MATEUS 7 16
jogueis aos porcos as vossas pérolas, para Pelo fruto se conhece a árvore
que não as pisoteiem e, voltando-se, vos 15 Acautelai-vos quanto aos falsos profe-
façam em pedaços. tas. Eles se aproximam de vós disfarçados
de ovelhas, mas no seu íntimo são como
Perseverança na oração lobos devoradores.
7 Pedi, e vos será concedido; buscai, e 16 Pelos seus frutos os conhecereis. É
encontrareis; batei, e a porta será aberta possível alguém colher uvas de um espi-
para vós. nheiro ou figos das ervas daninhas?
8 Pois todo o que pede recebe; o que bus- 17 Assim sendo, toda árvore boa produz
ca encontra; e a quem bate, se lhe abrirá. bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos
9 Ou qual dentre vós é o homem que, ruins.
se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma 18 A árvore boa não pode dar frutos ruins,
pedra? nem a árvore ruim produzir bons frutos.
10 Ou se lhe pedir peixe, lhe entregará 19 Toda árvore que não produz bons fru-
uma cobra? tos é cortada e atirada ao fogo.
11 Assim, se vós, sendo maus, sabeis dar 20 Portanto, pelos seus frutos os conhe-
bons presentes aos vossos filhos, quanto cereis.
mais vosso Pai que está nos céus dará o 21 Nem todo aquele que diz a mim: ‘Se-
que é bom aos que lhe pedirem!3 nhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus,
12 Portanto, tudo quanto quereis que mas somente o que faz a vontade de meu
as pessoas vos façam, assim fazei-o Pai, que está nos céus.
vós também a elas, pois esta é a Lei e os 22 Muitos dirão a mim naquele dia:
Profetas.4 ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profe-
tizado em teu nome? Em teu nome não
Os dois únicos caminhos expulsamos demônios? E, em teu nome,
13 Entrai pela porta estreita, pois larga é não realizamos muitos milagres?’
a porta e amplo o caminho que levam à 23 Então lhes declararei: Nunca os co-
perdição, e muitos são os que entram por nheci. Afastai-vos da minha presença,
esse caminho. vós que praticais o mal.
14 Porque estreita é a porta e difícil o ca-
minho que conduzem à vida, apenas uns O sábio e o insensato
poucos encontram esse caminho!5 24 Assim, todo aquele que ouve estas
material com uma grande trave (viga) de madeira usada na estrutura de construções, para destacar a humildade, carinho e sen-
sibilidade que devemos ter para com nosso semelhante, quando tivermos de emitir um juízo, criticar ou aconselhar. Pois somos
sujeitos a erros, fraquezas e dificuldades iguais ou maiores que os de qualquer pessoa.
3 Jesus explica que o bem e o mal têm, às vezes, certa semelhança inicial, podendo enganar alguém ingênuo ou desinformado.
A pedra a que Jesus se refere era parecida com os pães orientais da época: redondos, achatados e endurecidos (por isso o pão
suportava longas viagens e era quebrado para ser servido). A cobra peçonhenta é semelhante às enguias comestíveis, apreciadas
pela culinária da época. O Senhor é Pai bondoso e fica feliz em dar os presentes (dádivas) que seus filhos lhe pedem, mas só Ele
sabe o que é realmente bom para cada um de nós.
4 Este versículo é conhecido em todos os continentes como “A Regra de Ouro”, a manifestação prática do amor cristão.
Orienta-nos Jesus aqui quanto ao procedimento diário: o amor, sem egoísmos, deve ser a força motriz das nossas ações (1Co
13.4-8), concedendo ao próximo o que buscamos para nosso próprio bem. Devemos chegar ao ponto máximo do amor e da fé
em Deus, que é retribuir com o bem a qualquer pessoa que, por algum motivo, nos ferir ou fizer qualquer mal. Foi assim que Deus
respondeu à rebelião e indiferença da humanidade, oferecendo-se em sacrifício, para nos salvar pela Graça (Ef 2.8-9). A “Lei e os
Profetas” é uma referência a toda a Escritura Sagrada, tanto em sua letra como em seu pleno conteúdo (Rm 13.8-10; Mt 5.17).
5 Jesus denomina o caminho para o céu de “porta estreita” ou “caminho difícil”, em algumas versões “caminho apertado”.
Não porque Deus tenha diminuído sua generosidade, graça e desejo de salvar a todos (2Pe 3.9), ao contrário, estamos vivendo
a “Época da Graça” onde todos – mais do que nunca – são bem-vindos ao Reino de Deus. Entretanto, poucos permanecerão
no Caminho, porque jamais foram dele realmente, e não suportam o negar-se a si mesmo, as renúncias do “Eu” nem os apelos
de uma sociedade cada vez mais hedonista e materialista. A idéia e a figura dos dois caminhos é muito anterior a Cristo, data de
400 a.C e foi difundida através do trabalho filosófico de Sócrates. O mesmo pensamento reaparece em duas grandes obras do
primeiro século depois de Cristo: Didaquê e Epístola de Barnabé.
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