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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
DEG- DEPARTAMENTO DE DESIGN E EXPRESSÃO GRÁFICA
Agenda THC Design- 2010 A Herança de Aloísio-
Oficina
Cultura brasileira no desenho de cédulas de Aloisio Magalhães
Maria do Carmo Curtis, novembro de 2010
1. Quem foi Aloísio Magalhães?
Aloisio foi cenógrafo, bacharel e professor. Foi gravador e tipógrafo, fez O Gráfico
Amador. Fez dinheiro, foi designer e excelente pintor. Cabra danado da peste, pôde
dizer: "tive sorte." Viveu a vida todinha, sendo frágil, como um forte. E só perdeu uma
briga (de tocaia): contra a morte...
Felix de Athayde, fragmento de poema Em “A herança do olhar”.
2. A cultura brasileira é um grande conjunto de culturas,
que sintetizam as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa
razão, não existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de
diferentes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura do Brasil. [...]
após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil é,
majoritariamente, de raiz lusitana. É justamente essa herança cultural lusa
que compõe a unidade do Brasil: são diferentes etnias, porém, todos falam
a mesma língua (o português) e, quase todos, são cristãos, com largo
predomínio de católicos. Esta igualdade linguística e religiosa é um fato raro
para um país imenso como o Brasil. A sociedade e a cultura brasileiras são
conformadas como variantes da versão lusitana da tradição civilizatória
européia ocidental, diferenciadas por coloridos herdados dos índios
americanos e dos negros africanos. O Brasil emerge, assim, como um
renovo mutante, remarcado de características próprias, mas atado
genesicamente à matriz portuguesa, cujas potencialidades insuspeitadas de
ser e de crescer só aqui se realizariam plenamente.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras,
1995.
3.Breve história das cédulas brasileiras
http://www.almanaquebrasil.com.br/especiais/vale-uma-nota/
www.bdtd.uerj.br/tde_arquivos/14/.../TeseEtnografiaAmaryAnexos1.pdf
4. Aleijadinho. Barroco mineiro.
Os Doze Profetas é um conjunto de esculturas em pedra sabão, 1795 a 1805, feitas por
Antônio Francisco Lisboa, localizadas no município de Congonhas do Campo, MG, no
adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
O Barroco foi introduzido no Brasil pelos jesuítas no século XVII, como instrumento de
doutrinação cristã. Sua estética prima pelo excessivo, assimétrico, expressivo e irregular.
As estruturas monumentais erguidas durante o Barroco, como os palácios e os grandes
teatros e igrejas buscavam criar um impacto de natureza espetacular e exuberante,
propondo uma integração entre as várias linguagens artísticas e prendendo o observador
numa atmosfera catárquica e apaixonada.
Na escultura, com a sedimentação da cultura nacional por volta da metade do século XVIII
e com a multiplicação de artífices mais capazes, nota-se um crescente refinamento nas
formas e no acabamento das peças, e aparecem imagens de grande expressividade, quase
sempre em madeira.
Entre os anos de 1800 e 1805, sexagenário e bastante enfermo, o artista mineiro
Aleijadinho (1730-1814), realiza o conjunto de esculturas monumentais que marcaria
definitivamente sua obra. Seu último projeto de vulto, os 12 profetas em pedra-sabão de
tamanho quase natural, feitos para o adro dianteiro do Santuário do Senhor Bom Jesus de
Matosinhos de Congonhas do Campo, em Minas Gerais, são um dos exemplos mais
contundentes do desenvolvimento do Barroco no Brasil, e talvez a sua última grande
manifestação.
O conjunto configura-se como uma das séries mais completas, da arte cristã ocidental,
representando profetas. Estão presentes os quatro principais profetas do Antigo Testamento
- Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, em posição de destaque na ala central da escadaria - e
oito profetas menores, escolhidos por um clérigo segundo a importância estabelecida na
ordem do cânon bíblico. Nos três planos do átrio, esculturas ordenam seus gestos
simetricamente em relação ao eixo principal da composição. Abrindo a representação,
estão Jeremias e Isaías de frente e atrás deles, no primeiro patamar, Baruc e Ezequiel. No
terraço do adro encontram-se Daniel e Oséias, de perfil. Mais além, Jonas e Joel dão-se as
costas e, finalmente, nos ângulos curvilíneos do pátio, Abdias e Habacuc erguem um dos
braços, e nas extremidades do arco Amós e Naum apresentam-se de frente.
Organizados segundo um jogo de correspondências, os profetas formam um conjunto
unitário e ao mesmo tempo diversificado em suas partes, em perfeita composição
cenográfica. Apesar da força expressiva de cada peça, é na comunicação estabelecida pela
visão do grupo que a eloqüência de cada gesto atinge sua plenitude, como num ato de balé.
Analisadas individualmente, as figuras dos Profetas em Congonhas do Campo apresentam
deformações anatômicas ou acabamentos desiguais que indicam a colaboração do ateliê de
Aleijadinho.
Com relação à iconografia utilizada, é preciso ter em vista que a imaginária profética é
cunhada na Idade Média, momento em que a representação dos profetas aparece sempre
com o filactério (faixa de pergaminho com passagens bíblicas) e com a gesticulação
eloqüente e vivaz. A pintura flamenga, em fins da era medieval, introduz os elementos
"orientais" nessa iconografia. São comuns profetas com vestimentas exóticas na arte
portuguesa entre 1500 e 1800, aspectos possivelmente conhecidos por Aleijadinho.
Pelo menos dez dentre os 12 profetas apresentam o mesmo tipo fisionômico jovem de
traços elegantes com rostos estreitos, bochechas encovadas e maçãs do rosto salientes,
barbas aparadas e longos bigodes. Apenas Isaías e Naum são envelhecidos e de barbas
longas. Todos trajam túnicas longas ou curtas cobertas com pesados mantos bordados nas
bordas - à exceção de Amós, o profeta-pastor que traz manto semelhante aos casacos de
pele de carneiro e gorro usado por camponeses da região do Alentejo.
A escultura de Daniel com o leão a seus pés destaca-se do grupo. Muitos acreditam que,
pela perfeição de seu acabamento, é uma das únicas esculturas inteiramente realizada pelo
mestre mineiro.
referências:
LEITE, João de Souza (org.). A Herança do olhar: o design de Aloísio Magalhães. Rio de
Janeiro: Artviva Produção Cultural, 2003. 280 p., il. p&b, color., 27 cm.
MAGALHÃES, Aloísio. E Triunfo ? : a questão dos bens culturais no Brasil. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 262 p.

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Cultura Brasileira nas Cédulas de Aloísio Magalhães

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL DEG- DEPARTAMENTO DE DESIGN E EXPRESSÃO GRÁFICA Agenda THC Design- 2010 A Herança de Aloísio- Oficina Cultura brasileira no desenho de cédulas de Aloisio Magalhães Maria do Carmo Curtis, novembro de 2010 1. Quem foi Aloísio Magalhães? Aloisio foi cenógrafo, bacharel e professor. Foi gravador e tipógrafo, fez O Gráfico Amador. Fez dinheiro, foi designer e excelente pintor. Cabra danado da peste, pôde dizer: "tive sorte." Viveu a vida todinha, sendo frágil, como um forte. E só perdeu uma briga (de tocaia): contra a morte... Felix de Athayde, fragmento de poema Em “A herança do olhar”. 2. A cultura brasileira é um grande conjunto de culturas, que sintetizam as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa razão, não existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura do Brasil. [...] após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil é, majoritariamente, de raiz lusitana. É justamente essa herança cultural lusa que compõe a unidade do Brasil: são diferentes etnias, porém, todos falam a mesma língua (o português) e, quase todos, são cristãos, com largo predomínio de católicos. Esta igualdade linguística e religiosa é um fato raro para um país imenso como o Brasil. A sociedade e a cultura brasileiras são conformadas como variantes da versão lusitana da tradição civilizatória européia ocidental, diferenciadas por coloridos herdados dos índios americanos e dos negros africanos. O Brasil emerge, assim, como um renovo mutante, remarcado de características próprias, mas atado genesicamente à matriz portuguesa, cujas potencialidades insuspeitadas de ser e de crescer só aqui se realizariam plenamente. RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 3.Breve história das cédulas brasileiras http://www.almanaquebrasil.com.br/especiais/vale-uma-nota/ www.bdtd.uerj.br/tde_arquivos/14/.../TeseEtnografiaAmaryAnexos1.pdf 4. Aleijadinho. Barroco mineiro. Os Doze Profetas é um conjunto de esculturas em pedra sabão, 1795 a 1805, feitas por Antônio Francisco Lisboa, localizadas no município de Congonhas do Campo, MG, no adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. O Barroco foi introduzido no Brasil pelos jesuítas no século XVII, como instrumento de doutrinação cristã. Sua estética prima pelo excessivo, assimétrico, expressivo e irregular.
  • 2. As estruturas monumentais erguidas durante o Barroco, como os palácios e os grandes teatros e igrejas buscavam criar um impacto de natureza espetacular e exuberante, propondo uma integração entre as várias linguagens artísticas e prendendo o observador numa atmosfera catárquica e apaixonada. Na escultura, com a sedimentação da cultura nacional por volta da metade do século XVIII e com a multiplicação de artífices mais capazes, nota-se um crescente refinamento nas formas e no acabamento das peças, e aparecem imagens de grande expressividade, quase sempre em madeira. Entre os anos de 1800 e 1805, sexagenário e bastante enfermo, o artista mineiro Aleijadinho (1730-1814), realiza o conjunto de esculturas monumentais que marcaria definitivamente sua obra. Seu último projeto de vulto, os 12 profetas em pedra-sabão de tamanho quase natural, feitos para o adro dianteiro do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas do Campo, em Minas Gerais, são um dos exemplos mais contundentes do desenvolvimento do Barroco no Brasil, e talvez a sua última grande manifestação. O conjunto configura-se como uma das séries mais completas, da arte cristã ocidental, representando profetas. Estão presentes os quatro principais profetas do Antigo Testamento - Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, em posição de destaque na ala central da escadaria - e oito profetas menores, escolhidos por um clérigo segundo a importância estabelecida na ordem do cânon bíblico. Nos três planos do átrio, esculturas ordenam seus gestos simetricamente em relação ao eixo principal da composição. Abrindo a representação, estão Jeremias e Isaías de frente e atrás deles, no primeiro patamar, Baruc e Ezequiel. No terraço do adro encontram-se Daniel e Oséias, de perfil. Mais além, Jonas e Joel dão-se as costas e, finalmente, nos ângulos curvilíneos do pátio, Abdias e Habacuc erguem um dos braços, e nas extremidades do arco Amós e Naum apresentam-se de frente. Organizados segundo um jogo de correspondências, os profetas formam um conjunto unitário e ao mesmo tempo diversificado em suas partes, em perfeita composição cenográfica. Apesar da força expressiva de cada peça, é na comunicação estabelecida pela visão do grupo que a eloqüência de cada gesto atinge sua plenitude, como num ato de balé. Analisadas individualmente, as figuras dos Profetas em Congonhas do Campo apresentam deformações anatômicas ou acabamentos desiguais que indicam a colaboração do ateliê de Aleijadinho. Com relação à iconografia utilizada, é preciso ter em vista que a imaginária profética é cunhada na Idade Média, momento em que a representação dos profetas aparece sempre com o filactério (faixa de pergaminho com passagens bíblicas) e com a gesticulação eloqüente e vivaz. A pintura flamenga, em fins da era medieval, introduz os elementos "orientais" nessa iconografia. São comuns profetas com vestimentas exóticas na arte portuguesa entre 1500 e 1800, aspectos possivelmente conhecidos por Aleijadinho. Pelo menos dez dentre os 12 profetas apresentam o mesmo tipo fisionômico jovem de traços elegantes com rostos estreitos, bochechas encovadas e maçãs do rosto salientes, barbas aparadas e longos bigodes. Apenas Isaías e Naum são envelhecidos e de barbas longas. Todos trajam túnicas longas ou curtas cobertas com pesados mantos bordados nas bordas - à exceção de Amós, o profeta-pastor que traz manto semelhante aos casacos de pele de carneiro e gorro usado por camponeses da região do Alentejo. A escultura de Daniel com o leão a seus pés destaca-se do grupo. Muitos acreditam que, pela perfeição de seu acabamento, é uma das únicas esculturas inteiramente realizada pelo mestre mineiro.
  • 3. referências: LEITE, João de Souza (org.). A Herança do olhar: o design de Aloísio Magalhães. Rio de Janeiro: Artviva Produção Cultural, 2003. 280 p., il. p&b, color., 27 cm. MAGALHÃES, Aloísio. E Triunfo ? : a questão dos bens culturais no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 262 p.