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Trabalho realizado: Tiago Feleciano
Disciplina: Ciências da Natureza
Professor: David Pereira
Os vampiros estão na moda. Nos últimos anos, o cinema e a
televisão têm publicitado cada vez mais esta lenda. No
entanto, a imagem do vampiro tem feito com que muitas
pessoas passem a odiar todos os tipos de morcegos. Na
grande maioria dos casos, as pessoas não gostam deles porque
sugam o sangue. Mas, há também alguns que não gostam
deles porque, segundo dizem, são transmissores de doenças,
não conseguem ver e por isso enredam-se nos cabelos das
pessoas e porque espalham a raiva. Muitos ficam mesmo
arrepiados sempre que vêem um morcego. Mas, será mesmo
assim? Será que o morcego é um animal assim tão repugnante?
A verdade é que os morcegos são pequenos animais muito
difamados. Muitas vezes, a própria imprensa fala deles de
modo desfavorável. Os morcegos não são animais sujos e
trapalhões. Eles penteiam-se e arrumam-se meticulosamente.
A maioria dos morcegos tem uma excelente visão e em
nenhuma espécie são cegos. Raramente estes animais são
portadores de raiva e quando isso acontece, ao contrário dos
cães, eles não têm a tendência de morder as pessoas. Segundo
certo pesquisador, morrem mais pessoas por ano picadas por
abelhas ou atacadas por cães do que por causa de morcegos e
em mais de mil espécies de morcegos, apenas 3 chupam o
sangue.
O fundador da “Bat Conservation International”, nos Estados
Unidos, Merlin D. Tuttle, mundialmente reconhecido como
perito em morcegos, disse o seguinte: “Eles constituem quase
um quarto de todas as espécies de mamíferos e apresentam-se
em grande diversidade, indo do menor mamífero do mundo, o
morcego Bumblebee da Tailândia, que pesa cerca de um terço
de uma moeda de cêntimo, às gigantescas raposas voadoras
de Java, com uma envergadura de asas de até 1,80 metros.
(…) Cerca de 70% dos morcegos comem insectos. Muitos se
alimentam de fruta ou de néctar e poucos são carnívoros.”
Este homem considera os morcegos como gentis, inteligentes,
treináveis, muito incompreendidos e absolutamente
maravilhosos.
Um animal maravilhoso
A revista Scientific American concorda com estas afirmações:
“Nestes dias de triunfos tecnológicos é bom que nos
lembremos, de vez em quando, que os mecanismos vivos são,
muitas vezes, imensamente mais eficazes do que as suas
imitações artificiais. Não existe melhor demonstração desta
regra do que o sistema de sonar dos morcegos. Grama por
grama e watt por watt, é bilhões de vezes mais sensível e
eficaz do que os radares e os sonares inventados pelo homem.
Visto que o sonar do morcego é tão superior em relação ao do
homem, muitos preferem o termo “ecolocação” como mais
exacto para descrevê-lo. À medida que o morcego insectívoro
voa, ele emite pusações sonoras que demoram cerca de 10 a 15
milésimos de segundo. Quando o som bate num insecto e se
recebe o eco de volta, o morcego aproxima-se da presa. Ele
abrevia o comprimento da onda das pulsações para menos de 1
milésimo de segundo e amplia a taxa de emissão para 200
pulsações sonoras por segundo, de modo a actualizar
continuamente o quadro que recebe ao se aproximar da presa.
Se colocássemos os morcegos especializados em ecolocação
num espaço repleto de fios finos, eles não bateriam em
nenhum deles. Eles conseguem desviar-se de fios com apenas
um milímetro de diâmetro!
Algo que ajuda a refinar ainda mais o sistema de ecolocação do
morcego é a mudança de diapasão de cada pulsação, indo de
cerca de 5.000 a 25.000 ciclos por segundo. Assim, ao passo
que o diapasão muda, o comprimento da onda eleva-se,
começando em cerca de 6 milímetros e atingindo os 12
milímetros. Isso ajuda o morcego a conseguir localizar insectos
de diferentes tamanhos, visto que a variação do comprimento
de onda abrange o tamanho da maioria dos insectos dos quais
o morcego se alimenta. Além disso, o morcego também
consegue saber, pelo eco, se o objecto é um insecto
comestível ou não. Se for uma pedra pequena, o insecto
desvia-se no último instante.
É também surpreendente a capacidade do morcego de
reconhecer e captar os seus próprios ecos, apesar da poluição
sonora resultante da existência de milhões de outros
morcegos que, ao voarem por perto, saturam o ar de trissados
e ecos. Mesmo assim, cada morcego distingue os seus próprios
trissados, evitando assim chocar-se com outros morcegos. O
que complica este problema e amplia as maravilhas da
ecolocação dos morcegos é que os ecos são cerca de duas
mil vezes mais fracos do que o som que eles emitem. Além
disso, eles precisam captar esses ecos num campo que é tão
alto como os seus sons emitidos. Esse sofisticado sistema de
sonar está além da nossa compreensão.
Segundo se diz, os morcegos-orelhudos conseguem ouvir
perfeitamente bem os seus ecos, mesmo quando sussurram.
Algumas espécies têm uma audição tão sensível que
conseguem ouvir um besouro enquanto anda pela areia a três
metros de distância. Contudo, eles não conseguem ouvir os
seus próprios trissados quando utilizam a ecolucação. De cada
vez que lançam um trissado, um músculo do ouvido contrai-se
automaticamente para eliminar o próprio som, de modo que
somente o eco possa ser ouvido. Possivelmente, cada animal
tem o seu próprio padrão sonoro e é guiado pelos seus
próprios ecos.
Geralmente, as fêmeas morcego têm apenas uma cria por ano
e algumas transportam-no de cada vez que saem voando para
se alimentar. Algumas deixam o morceguinho numa creche da
gruta onde em apenas um metro quadrado ficam
apinhados quatro mil deles. Quando a mãe regressa, ela chama
o filhote, o morceguinho responde, e num pandemónio de
milhões de filhotes berrando e de mães chamando-os, ela
encontra a sua cria e dá-lhe de mamar. Algumas fêmeas são
tão altruístas que, ao voltarem da sua própria alimentação,
ainda a partilham com outras fêmeas que não conseguiram
encontrar alimento, por regurgitarem a comida.

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Morcegos tiago f 5 f

  • 1. Trabalho realizado: Tiago Feleciano Disciplina: Ciências da Natureza Professor: David Pereira
  • 2. Os vampiros estão na moda. Nos últimos anos, o cinema e a televisão têm publicitado cada vez mais esta lenda. No entanto, a imagem do vampiro tem feito com que muitas pessoas passem a odiar todos os tipos de morcegos. Na grande maioria dos casos, as pessoas não gostam deles porque sugam o sangue. Mas, há também alguns que não gostam deles porque, segundo dizem, são transmissores de doenças, não conseguem ver e por isso enredam-se nos cabelos das pessoas e porque espalham a raiva. Muitos ficam mesmo arrepiados sempre que vêem um morcego. Mas, será mesmo assim? Será que o morcego é um animal assim tão repugnante? A verdade é que os morcegos são pequenos animais muito difamados. Muitas vezes, a própria imprensa fala deles de modo desfavorável. Os morcegos não são animais sujos e trapalhões. Eles penteiam-se e arrumam-se meticulosamente. A maioria dos morcegos tem uma excelente visão e em nenhuma espécie são cegos. Raramente estes animais são portadores de raiva e quando isso acontece, ao contrário dos cães, eles não têm a tendência de morder as pessoas. Segundo certo pesquisador, morrem mais pessoas por ano picadas por abelhas ou atacadas por cães do que por causa de morcegos e em mais de mil espécies de morcegos, apenas 3 chupam o sangue. O fundador da “Bat Conservation International”, nos Estados Unidos, Merlin D. Tuttle, mundialmente reconhecido como perito em morcegos, disse o seguinte: “Eles constituem quase um quarto de todas as espécies de mamíferos e apresentam-se em grande diversidade, indo do menor mamífero do mundo, o morcego Bumblebee da Tailândia, que pesa cerca de um terço de uma moeda de cêntimo, às gigantescas raposas voadoras de Java, com uma envergadura de asas de até 1,80 metros. (…) Cerca de 70% dos morcegos comem insectos. Muitos se alimentam de fruta ou de néctar e poucos são carnívoros.” Este homem considera os morcegos como gentis, inteligentes,
  • 3. treináveis, muito incompreendidos e absolutamente maravilhosos. Um animal maravilhoso A revista Scientific American concorda com estas afirmações: “Nestes dias de triunfos tecnológicos é bom que nos lembremos, de vez em quando, que os mecanismos vivos são, muitas vezes, imensamente mais eficazes do que as suas imitações artificiais. Não existe melhor demonstração desta regra do que o sistema de sonar dos morcegos. Grama por grama e watt por watt, é bilhões de vezes mais sensível e eficaz do que os radares e os sonares inventados pelo homem. Visto que o sonar do morcego é tão superior em relação ao do homem, muitos preferem o termo “ecolocação” como mais exacto para descrevê-lo. À medida que o morcego insectívoro voa, ele emite pusações sonoras que demoram cerca de 10 a 15 milésimos de segundo. Quando o som bate num insecto e se recebe o eco de volta, o morcego aproxima-se da presa. Ele abrevia o comprimento da onda das pulsações para menos de 1 milésimo de segundo e amplia a taxa de emissão para 200 pulsações sonoras por segundo, de modo a actualizar continuamente o quadro que recebe ao se aproximar da presa. Se colocássemos os morcegos especializados em ecolocação num espaço repleto de fios finos, eles não bateriam em nenhum deles. Eles conseguem desviar-se de fios com apenas um milímetro de diâmetro!
  • 4. Algo que ajuda a refinar ainda mais o sistema de ecolocação do morcego é a mudança de diapasão de cada pulsação, indo de cerca de 5.000 a 25.000 ciclos por segundo. Assim, ao passo que o diapasão muda, o comprimento da onda eleva-se, começando em cerca de 6 milímetros e atingindo os 12 milímetros. Isso ajuda o morcego a conseguir localizar insectos de diferentes tamanhos, visto que a variação do comprimento de onda abrange o tamanho da maioria dos insectos dos quais o morcego se alimenta. Além disso, o morcego também consegue saber, pelo eco, se o objecto é um insecto comestível ou não. Se for uma pedra pequena, o insecto desvia-se no último instante. É também surpreendente a capacidade do morcego de reconhecer e captar os seus próprios ecos, apesar da poluição sonora resultante da existência de milhões de outros morcegos que, ao voarem por perto, saturam o ar de trissados e ecos. Mesmo assim, cada morcego distingue os seus próprios trissados, evitando assim chocar-se com outros morcegos. O que complica este problema e amplia as maravilhas da ecolocação dos morcegos é que os ecos são cerca de duas mil vezes mais fracos do que o som que eles emitem. Além disso, eles precisam captar esses ecos num campo que é tão alto como os seus sons emitidos. Esse sofisticado sistema de sonar está além da nossa compreensão. Segundo se diz, os morcegos-orelhudos conseguem ouvir perfeitamente bem os seus ecos, mesmo quando sussurram. Algumas espécies têm uma audição tão sensível que conseguem ouvir um besouro enquanto anda pela areia a três metros de distância. Contudo, eles não conseguem ouvir os seus próprios trissados quando utilizam a ecolucação. De cada vez que lançam um trissado, um músculo do ouvido contrai-se automaticamente para eliminar o próprio som, de modo que somente o eco possa ser ouvido. Possivelmente, cada animal tem o seu próprio padrão sonoro e é guiado pelos seus próprios ecos.
  • 5. Geralmente, as fêmeas morcego têm apenas uma cria por ano e algumas transportam-no de cada vez que saem voando para se alimentar. Algumas deixam o morceguinho numa creche da gruta onde em apenas um metro quadrado ficam apinhados quatro mil deles. Quando a mãe regressa, ela chama o filhote, o morceguinho responde, e num pandemónio de milhões de filhotes berrando e de mães chamando-os, ela encontra a sua cria e dá-lhe de mamar. Algumas fêmeas são tão altruístas que, ao voltarem da sua própria alimentação, ainda a partilham com outras fêmeas que não conseguiram encontrar alimento, por regurgitarem a comida.