O documento descreve a trajetória do piloto de corrida Ingo Hoffman, desde sua infância até sua aposentadoria. Ele começou pilotando um Fusca em 1972 e conquistou 12 campeonatos da Stock Car entre 1979 e 2008. Apesar de não ter tido apoio financeiro no início, se tornou um dos maiores pilotos da categoria com patrocínio e vitórias.
1. E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 2 4 D E M A I O D E 2 0 0 9 ● P A R A A N U N C I A R N O S M E G A C L A S S I F I C A D O S L I G U E ( 3 1 ) 3 2 2 8 - 2 0 0 0
2 MEGACLASSIFICADOSVEÍCULOS
ROLIMÃ VELOCIDADE E DINHEIRO apoiar, os pais aceitaram a carreira do
filho. Deram o que podiam e compra-
Um cliente refestela-se na cadeira, com ram para ele um capacete, um maca-
as pernas cruzadas, a gola da blusa de cão e mandaram fazer um santantô-
lã levantada e o tom de voz elevado se nio para o carro, pois a preocupação
deixa ouvir pelo repórter que aguarda era com a segurança. Porém, seis corri-
uma entrevista próximo à mesa onde das depois o motor do Fusca fundiu e
a negociação acontece. “Quero prata. os sonhos começaram a minar.
Não mudo de cor.” Diz que, se for pre-
ciso, paga “cash” e busca na semana se- QUARTA Porém, em 1973, o pai de In-
guinte, oferece pagamento antecipado go conseguiu o patrocínio com o pro- JORGE GONTIJO/EM/D.A PRESS
e fala para o vendedor “se virar”. O te- prietário da financeira em que traba-
ma do negócio é uma BMW X6, que na lhava e ele pôde seguir como seu ideal dromo de Brasília, em 1984: “Faltavam
versão mais humilde começa a ser ne- de piloto. Nesse momento, Ingo res- algumas semanas para o campeonato
gociada por R$ 320 mil. salta para os empresários presentes a começar e não tinha patrocínio. Con-
importância de apoiar um esportista. versei com minha esposa e decidi que
WARM-UP Garçons servem taças com Com o apoio passou a competir com poderia me bancar por umas três corri-
refrigerante e água. Canapés também uma Brasília, pintada em vermelho e das, se vendesse um carro e gastasse
circulam entre os convidados, todos azul, venceu o campeonato paulista umas reservas. Na primeira prova fui
OSWALDO LUIZ/AE-19/01/1975 clientes da concessionária BMW Euro- frente a veículos de maior porte e con- competir com o carro todo branco, sem
ville, que organizou uma palestra com quistou a simpatia de muitos fãs, tan- patrocínio. Ganhei. Voltando para São
o plioto aposentado Ingo Hoffman. Co- to que hoje existem réplicas do carro. Paulo,dirigindomeuChevetteecomos
lunistas sociais fazem fotos, a conces- mecânicos dormindo dentro do carro,
sionária faz negócios, os carros perma- QUINTA Com o sucesso, fez os pri- fiquei pensando que aquela foi a me-
necem estáticos e são observados: 530i, meiros testes para a Fórmula 1, para lhor vitória da minha carreira, pois não
X5 480i, Z4 M, M6 e X6 entre outros, en- equipe dos irmãos Fittipaldi, a Coper- teve nenhum tipo de pressão, por isso
quanto a apresentação não começa. sucar (foto acima à direita). Saiu-se tive muito prazer. Não porque os patro-
bem e assinou um contrato de qua- cinadores me pressionassem, mas por-
LARGADA Ingo lembra, no início da tro anos. “Sabia que não estava pre- que eu sempre me cobrei muito. Decidi
palestra, a vez que esteve em BH para parado, mas não tinha grana para se- então que daquele momento em dian-
entregar uma M3 para um cliente, que guir o jogo natural da vida, que era te eu sempre iria pilotar para mim e foi
fazia questão de receber o automóvel continuar disputando as categorias assim até o fim da minha carreira”
das mãos do piloto. Depois, conta pa- menores europeias até chegar bem
ra a plateia a sua história de vida, ini- preparado à F-1”, conta Ingo. PIT-STOP Ingo conta que a vida está
ciada em 1953, e bem diferente da car- ótima, que parou na hora certa e que
reira dos atuais pilotos, filhos de pais RÉ Em quatro anos de contrato correu não sente falta, mesmo porque conti-
abastados, senhores que pertencem à apenas três provas, sem resultados ex- nua no universo da velocidade, cui-
mesma classe econômica da plateia pressivos, paralelamente disputava dando da parte comercial da equipe
de clientes da BMW. outras categorias do automobilismo de que era piloto da Stock Car. O difícil,
internacional, tanto que sua última segundo ele, é só administrar os egos.
PRIMEIRA “Meus pais não me deixa- prova foi pela F-2, em uma equipe cu-
ram correr de carro, pois achavam que jo chefe à época era Ron Dennis, anos NEGÓCIO Aliás, o ego próprio é algo
era um esporte de risco e de rico”, recor- mais tarde um ícone da F-1. No ano se- muito bem administrado. Sobre polê-
da Ingo. Ao completar 17 anos, iniciou guinte, Ingo voltou para o Brasil e vi- micas de ter que reduzir a velocidade
contagem regressiva para os dias que veu nova realidade no primeiro ano para perder pela equipe ou pelo com-
faltavam até poder conseguir a carteira da Stock Car brasileira. panheiro, ele não hesita e diz que já fez
de habilitação. Depois de ser reprovado isso e não vê problema: “Entendo o pro-
no primeiro exame de rua, passou no QUEBRA “Na primeira corrida, pilota- jeto, o interesse das marcas, das monta-
segundo e, em 1972, então, com 19 va um Opala e estava em um box com doras que estão por trás do negócio”. O
anos, viu a oportunidade em um tor- chão de terra, embaixo do carro e tro- lado financeiro, que na opinião de Ingo
neio para pilotos novatos que aconte- cando os amortecedores no interior já é bem maior que o esportivo em ca-
ceu no Autódromo de Interlagos. do Rio Grande do Sul”, recorda. Ingo tegorias como a F-1 e está ficando tam-
largou em último, 1,5s atrás do penúl- bém na Stock Car brasileira.
SEGUNDA O grande desafio era con- timo. Para ter uma ideia, nesse inter-
vencer os pais de que poderia partici- valo de tempo é possível que os 32 PREÇO A Stock Car, como Ingo bem sa-
par. Usou o argumento de que preci- competidores da atual Stock Car fi- be,éumacategoriadeprotótiposiguais
sava saber se era bom o suficiente. Os quem posicionados. Ele lembra que, que se diferenciam pelas carenagens de
pais aceitaram e ele foi. As posições de quando viu que não ia alcançar o pe- carros de produção por cima. Algo dife-
largada foram definidas em um sor- núltimo, encostou o carro, fingiu que rente, com investimento das fábricas
teio. Ingo largou em 44° e depois de quebrou e foi para o box. em equipes e preparação de carros, In-
seis voltas de corrida terminou na 7ª go acredita que nunca mais verá. “As
posição. Isso aconteceu pilotando um VITÓRIAS Nos anos seguintes, de 1979 montadoras não vão partir para o con-
Fusca 1.5, o Fuscão. a 2008 ele venceu 12 campeonatos da fronto direto, nenhuma quer entrar pa-
categoria. A receita para o sucesso ra perder”, afirma. Ingo sabe o preço da
TERCEIRA Mesmo sem dinheiro para aprendeu após uma corrida no autó- derrota e das vitórias.
VANDERLEY SOARES/DIVULGAÇÃO - 25/07/07
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