O documento apresenta informações sobre o município de Vera Cruz, Bahia. Primeiro, fornece detalhes históricos sobre a fundação do município em 1962 e sobre os povoados que o compõem. Em seguida, descreve aspectos demográficos, econômicos e físicos da região. Por fim, detalha o projeto desenvolvido por alunos de turismo para analisar o sistema turístico municipal, realizando diagnósticos e propondo intervenções nos subsistemas de superestrutura, infraestrutura
Abordagens 4 (Problematização) e 5 (Síntese pessoal) do texto de Severino (20...
Vera cruz
1. -1-
U N IV E R S ID AD E S AL V AD O R
C U R S O D E T U R IS M O
VER A CRUZ:DIAG NÓSTICO DO SISTEM A
TURÍSTICO E PRO POSTAS DE PRO JETOS DE
INTERVENÇÃO
Salvador
Novembro, 2003
2. -2-
Projeto Elaborado pelos Alunos do 3º ano do curso de Turismo Noturno da Universidade Salvador
– Unifacs.
Superestrutura: Oferta Diferencial:
-Aliceana Paiva -Hugo Cairo
-Fabian Maluf -Jamile Borges
-Luis Antonio -Lorena Almeida
-Orlando Carvalho -Tatiana Queiroz
-Thaís Lage
Infra-Estrutura: -Viviane Pereira
-Ana Gabriela Mendonça
-Denise Carvalho Educação Ambiental:
-Elaine Cosme -Alice Paula
-Evando Matos - Anna Amélia
-Ilana Brandão -Barbara Kelly
-Liana Rehem -Fernanda Burgos
-Jaqueline Gregorio
Demanda:
-Carla Sampaio
-Fabiana Andrade
-Fernanda Aguiar
Oferta Complementar:
-Débora Safira
-Elisete Paixão
-Leda Maria
-Moema Bella
-Júlio Capirunga
3. -3-
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho foi elaborado pelos estudantes do 3º ano noturno do curso de Turismo
da Universidade Salvador, no ano de 2003, com orientação da professora Carolina Spínola, na
disciplina Planejamento e Organização do Turismo.
O projeto tem como objetivo realizar uma análise do sistema turístico do município de Vera
Cruz e esboçar proposições de medidas que podem ser adotadas pela administração municipal. Ao
mesmo tempo em que proporciona ao aluno a prática de todo conteúdo teórico estudado em sala de
aula, ele intenciona fornecer suporte aos órgãos envolvidos, direta e indiretamente, na atividade
turística do município.
Utilizou-se o modelo referencial do SISTUR elaborado por Mário Carlos Beni, e, com base
neste modelo, a turma foi dividida em 6 equipes que realizaram diagnósticos e propostas
específicas, posteriormente consolidadas nesse documento.
Todos os aspectos analisados proporcionaram uma visão mais abrangente do que é a
realidade do setor turístico em Vera Cruz hoje, agregando à turma novos conhecimentos e valores,
criando uma visão mais crítica, não apenas como estudantes de Turismo, mas como futuros
profissionais da área.
4. -4-
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 03
INTRODUÇÃO 05
INFORMAÇÕES MUNÍCIPAIS HISTÓRICAS 09
HISTÓRICO 09
ASPECTOS DEMOGRAFICOS 15
ECONOMIA 16
ASPECTOS FÍSICOS 19
DIAGNÓSTICO DO TURISMO MUNÍCIPAL 21
DIAGNÓSTICO DA INFRA-ESTRUTURA 23
DIAGNÓSTICO DA DEMANDA 25
DIAGNÓSTICO DA OFERTA 33
DIAGNÓSTICO DO ATRATIVO 36
DIAGNÓSTICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 41
PROJETOS DE INTERVENÇÃO 49
SUPERESTRUTURA 49
INFRA-ESTRUTURA 52
DEMANDA 61
OFERTA 64
ATRATIVO 72
CONCLUSÃO 77
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA 80
AN E X O S 85
5. -5-
INTRODUÇÃO
Segundo Beni (1997), sistema é um conjunto de partes que interagem de modo a atingir um
determinado fim, de acordo com um plano ou princípio logicamente ordenados e coesos, com
intenção de descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um todo.
Sistur é o sistema de turismo composto por subsistemas: superestrutura, infra-estrutura, mercado,
demanda, produção, distribuição, consumo e oferta.
O objetivo do Sistur é organizar o plano de estudos da atividade de turismo, levando em
consideração a necessidade, há muito tempo demonstrada nas obras teóricas e pesquisas publicadas
em diversos países, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios
científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação
para instrumentar análises e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento
de novas áreas de conhecimento em turismo.
A superestrutura refere-se à complexa organização, tanto pública quanto privada, que
permite harmonizar a produção e a venda de diferentes serviços do Sistur. Compreende a política
oficial de turismo e sua ordenação jurídico-administrativa que se manifesta no conjunto de medidas
de organização e de promoção dos órgãos e instituições oficiais, e estratégias governamentais que
interferem no setor.
Infra-estrutura compreende condições básicas necessárias que garantem uma boa qualidade
de vida para a comunidade e à prática do turismo, tais como: sistema de transportes, sistema de
comunicação, energia elétrica, serviço de abastecimento de água, rede de esgotos, entre outros.
Pode-se definir a oferta básica como o conjunto de equipamentos, bens e serviços de
alojamento, alimentação, recreação e lazer, de caráter artístico, cultural, social ou de outros tipos,
capaz de atrair e assentar numa determinada região, durante um período determinado de tempo, um
público visitante.
Há ainda a oferta turística diferencial e a complementar. A primeira é composta pelos
recursos destinados às matérias-primas, sem as quais não se poderia realizar nenhum processo
produtivo. Os elementos turísticos primários de um país que constituem esta oferta são os “bens
livres” e, mais particularmente, no que concerne ao patrimônio turístico, são atrativos que provêm,
quer da natureza, quer dos legados histórico-culturais.
Já a oferta turística complementar reagrupa o conjunto das prestações de serviços das
empresas de turismo. Ela é composta pelos transportes, pelas diversas formas de alojamento, lazer e
recreação, pelos organizadores de viagens e pelas agências de viagens. Ela não pode satisfazer a
6. -6-
demanda, a não ser que haja uma combinação entre os diversos fatores da oferta complementar e da
oferta diferencial.
As pessoas que se deslocam temporariamente de sua residência habitual, com propósito
recreativo ou por outras necessidades e razões, demandam a prestação de alguns serviços básicos.
Assim, em termos bem gerais, tem-se que a demanda em Turismo é uma compósita de bens
e serviços, e não demanda de simples elementos ou de serviços específicos isoladamente
considerados. Em suma, são demandados bens e serviços que se complementam entre si.
O subsistema ecológico tem como principal elemento a contemplação e o contato com a
natureza. Nele são analisados os fatores: espaço turístico natural, urbano e seu planejamento
territorial; atrativos turísticos e conseqüências do turismo sobre o meio ambiente, preservação da
flora, fauna e paisagens, compreendendo todas as funções, variáveis e regras de consistência de
cada um desses fatores.
O município objeto desse estudo, Vera Cruz, foi fundado em 31 de julho de 1962, estando
localizado na Região Metropolitana de Salvador, precisamente na Baia de Todos os Santos,
dividindo com o vizinho município de Itaparica o território da maior ilha oceânica do País. Vera
Cruz é formado por 24 localidades, sendo as principais: Mar Grande (Sede), Baiacu e Cacha Pregos.
Apesar de sua recente emancipação administrativa, o município reúne algumas das áreas de
colonização mais antigas do Estado, a exemplo do povoado de Baiacu. Vera cruz é rico em atrativos
naturais, principalmente pelos seus 40 quilômetros de extensão de praias, favorecendo fortemente o
segmento do turismo de “Sol e Praia”. O município possui ainda rios, espelhos d’água, fontes de
água potável à beira mar, restingas da mata atlântica com trilhas e cenários belíssimos para a prática
de turismo náutico, de aventura e ecológico.
Além de todas as belezas naturais existentes, Vera Cruz guarda para seus visitantes atrativos
históricos e culturais, que representam o passado e a história da ilha. É importante dar ênfase às
ruínas de igrejas, de fornos e de moinhos, terreiros de candomblé, festas populares, religiosas e
manifestações folclóricas. Por seus 211 quilômetros quadrados de área estão distribuídos procissões
marítimas e terrestres, manifestações tradicionais como as festas de reis, o rancho-de-boi, puxada de
rede, o maculelê, a capoeira, o samba tradicional e o carnaval.
Infelizmente, todas essas riquezas culturais, históricas e naturais foram, durante muitos anos,
relegadas a um segundo plano, causando para seus visitantes e residentes uma impressão que Vera
Cruz só pode ser explorada pelo tão massificante turismo de “Sol e Praia”. A atividade turística em
Vera Cruz não é recente e traz consigo um histórico de questões a serem resolvidas, porém, com a
junção de novas forças políticas com interesses voltados para o crescimento social através da prática
do turismo, estão sendo estabelecidos projetos com a função de minimizar ou até corrigir esses
problemas e valorizar o patrimônio turístico do Município em toda a sua diversidade. No âmbito
7. -7-
dessas ações se insere o presente trabalho, que foi realizado entre os meses de março e novembro de
2003.
O estudo foi realizado em duas etapas: na primeira etapa, o grupo foi a campo para levantar
as informações necessárias para a confecção dos diagnósticos setoriais. Em seguida, no segundo
semestre, iniciou-se o trabalho de formulação de proposições de projetos de intervenção.
Como tratava de um projeto complexo, que merecia um maior detalhamento, sentiu-se a
necessidade de dividir o grupo em equipes, onde cada uma ficou responsável por um tema referente
ao processo de planejamento da atividade turística. Os temas detalhados foram os seguintes:
Desenvolvimento Institucional e Municipal: Avaliação da capacidade de planejamento e gestão
municipal do turismo;
Infra-Estrutura: Avaliação da infra-estrutura disponível no município, levantando as medidas
emergenciais que devem ser tomadas. Análise da sinalização e do serviço de informações
turísticas, se existentes. Caso contrário, propor um modelo que pudesse ser adotado;
Estruturação da Oferta de Serviços e Facilidades Turísticas: Avaliação das empresas de
alojamento, alimentos e bebidas, agências de viagens, transportes, entretenimento, artesanato e
demais empresas turísticas, concluindo com uma análise da qualidade dos serviços oferecidos
pelo setor e da sua contribuição para a economia local;
Estruturação e Marketing do Produto Turístico: Hierarquizar os atrativos já inventariados e
inventariar os atrativos que não foram analisados, determinando quais deles têm potencial
imediato ou futuro para a exploração turística. Elaboração de roteiros alternativos e folder;
Perfil da Demanda Turística e Determinação dos Mercados Potenciais: Construção de um
instrumento de coleta de dados, aplicá-lo e avaliar as principais informações relativas ao perfil
dos turistas que visitam o município. Realização de uma pesquisa de mercado para identificar
quais devem ser os mercados e segmentos prioritários a serem trabalhados pela gestão
municipal;
Educação Ambiental e Conscientização Turística: Identificar os principais problemas ambientais
do município e propor ações que devam ser implementadas junto com as comunidades para
amenizá-los;
Com relação à metodologia utilizada pelos grupos para o desenvolvimento de seus projetos,
iniciou-se a pesquisa com uma palestra do Secretário de Turismo Prof. Ney Santos e uma visita
técnica ao município no mês de maio de 2003. Em seguida, cada grupo realizou suas buscas
específicas em livros, artigos, teses, arquivos de jornais, Internet, utilizando-se para tal dos acervos
de instituições como Bahiatursa, Secretaria de Cultura e Turismo, Instituto de Hospitalidade, Senac,
CRA, SEI, IBGE entre outros. Adicionalmente, os grupos de “Demanda”, “Oferta” e “Educação
Ambiental” aplicaram questionários no município para auxiliar na identificação dos problemas
8. -8-
existentes nessas áreas e possibilitar sugestões de possíveis intervenções para a resolução dos
mesmos. O Grupo de Oferta Diferencial inventariou os atrativos do Município seguindo a
metodologia da Embratur.
O projeto está dividido em duas partes. A primeira parte apresenta informações sobre o
município de Vera Cruz, como: histórico, localização, aspectos físicos, demografia, economia,
política e contexto regional. Já a segunda parte, aborda a atividade turística no local, os diagnósticos
de cada equipe, as propostas de programas setoriais e as sugestões e recomendações do grupo.
9. -9-
1. INFORMAÇÕES MUNICIPAIS
1.1 Histórico:1
Em 10 de maio de 1501, partiu, de Lisboa, a esquadra organizada por El – Rei D. Manuel, a
fim de reconhecer “a qualidade e o valor” da nova terra descoberta por Pedro Álvares Cabral.
Até hoje, não está ainda averiguado a quem coube o comando da esquadra de
reconhecimento: se a Nuno Manuel, se a André Gonçalves ou a Gaspar de Lemos, o que comandou
uma das naus da esquadra de Cabral e foi o portador da carta de Péro Vaz de Caminha, levando a El
– Rei D. Manuel, a boa nova do descobrimento da terra da Santa Cruz.
Como piloto da capitânia, segundo afirmaram os mais autorizados cronistas da época, viera
Américo Vespúcio, o cosmógrafo, que desde o Cabo de São Roque ia “com calendário em punho”,
dando aos acidentes geográficos do litoral o nome dos santos festejados no dia em que os mesmos
acidentes eram encontrados.
No dia 1º de novembro desse mesmo ano de 1501, entra a esquadra na Baía que recebe o
nome de Baía de Todos os Santos.
Guardando a entrada do golfão maravilhoso a sudoeste da baía, aparece aos olhos
deslumbrados dos marujos a ilha que fez lembrar, aos referidos marujos, as terras formosas da
Caparica, povoação às margens do Tejo, em Portugal.
Os primitivos povoadores da ilha de Itaparica eram índios da tribo Tupinambás, que eram
antropófagos, isto é, comiam carne humana.
Existem dúvidas a cerca do nome da Ilha. Teodoro Sampaio apresenta “Itaparica” de origem
tupy, significando “cerca feita de pedra”; Ubaldo Osório diz que é uma corruptela da palavra
“Caparica”, povoação da margem do Tejo; e J. M. Macedo propõe derivar-se de “Taparica”, nome
do chefe indígena pai da índia Paraguaçu, esposa de Diogo Álvares, o Caramuru.
Em Itaparica, desenvolveu-se primeiramente em sua economia, a plantação de cana-de-
açúcar. Depois, veio a criação de gado bovino e a cultura de trigo em Mar Grande, no Engenho de
Igá-Açú, por volta de 1556.
Seus afamados estaleiros eram também empório de construções navais da colônia, onde se
armou a primeira quilha da Marinha de Guerra no Brasil. Nesta época, também existiam cinco
destilarias de aguardente, além das fábricas de cal (nove, em meados do século XIX). Porém, a
maior atividade econômica da Ilha foi a pesca da baleia, sobretudo durante os séculos XVII e
1
FONTE: BAHIATURSA
10. - 10 -
XVIII. Por este fato, antes de chamar-se Itaparica, a Ilha era conhecida como Arraial da Ponta das
Baleias.
Vera Cruz é o berço da formação histórica, não só da Ilha de Itaparica, como da própria
cidade de Salvador. Dela saiu a cal para erguer as primeiras povoações, ordenado por Tomé de
Souza, quando aqui chegou em 1549. Como testemunho deste período, existe a Caieira da Penha,
monumento a ser tombado pelo município como patrimônio histórico, que convive ao lado com um
dos Conjuntos Arquitetônicos com Solar e a igreja mais importante da Bahia (Bahiatursa, 1988), o
da Penha, datado do século XVII. O acervo inclui ainda a Igreja de Senhor da Vera Cruz (1.560), de
Nossa Senhora da Conceição (1.757) e de Santo Amaro do Catu. E mais: o Moinho de Trigo,
construído em 1.606; a Torre de Eubiose, inaugurada no ano de 1983.
Disputa da Posse da Ilha
Em 1553, ainda habitada por índios Tupinambás, a Ilha é doada pelo primeiro Governador
do Brasil, Tomé de Souza, à sua tia Dona Violante.
Em 1706, o Marquês de Cascais, D. Luís Álvares, obteve a sucessão das terras itaparicanas,
que foram incorporadas aos bens da coroa, em 1763, quando da morte dos novos donatários.
Os herdeiros do Marquês protestaram e conseguiram, em 1788, que fosse entregue à
Marquesa de Niza, não só a posse da terra, como os emolumentos da renda da ilha existentes em
depósitos.
Quando da proclamação da independência, as terras da Casa de Niza foram tomadas pelo
novo regime, devolvidas, porém, em 1826.
Em 1839, os sucessores de Niza a venderam ao Capitão Tomás da Silva Paranhos, que por
sua morte passou ao domínio dos Barões da Várzea. Por força do Decreto n° 9760, a posse direta
das terras tornou-se pertence da União, isto em 1946.
Povoação
A povoação da ilha teve início com a construção da primeira igreja em Baiacu: Nosso
Senhor de Vera Cruz, daí a origem do nome do município.
Em 1559, os índios do Paraguaçu atacaram a ilha e mataram alguns dos seus habitantes. Em
contra ataque, Mem de Sá mandou destruir aldeias dos aborígenes sublevados.
Em 1560, a igreja estava pronta, localizada no alto de uma colina, construída sob as ordens
dos padres Luís da Grã, Antônio Pores e Luís Rodrigues. Em setembro de 1561, pontificava no
templo, o segundo bispo da Bahia, Dom Pedro Leitão. Este, em 1562, criava a freguesia do Senhor
11. - 11 -
de Vera Cruz, a qual em 1621 era arrolada como uma das doze freguesias existentes na Bahia. Os
limites desta freguesia estabeleciam-se entre a Ponta das Baleias e o Sítio da Parapatinga, onde
existia uma armação para pesca do Xaréu.
Os Holandeses
Em fevereiro de 1600, os holandeses fizeram a sua primeira incursão contra os habitantes de
Itaparica, saqueando e matando, mas foram logo expulsos pelas forças dos capitães André
Fernandes Morgalho e Álvaro Rodrigues. Voltaram os batavos, em 1622, saqueando e matando a
tudo e a todos que encontravam, mas evitando adentrar na Ilha.
Em 1625, quando da primeira invasão holandesa, o general Van Dorth organizou uma
expedição composta por treze homens, cuja finalidade seria a de assaltar e tomar Itaparica. Porém,
tal intento não foi adiante, devido a um forte temporal que impossibilitou a navegação das chalupas
flamengas nas águas da Baía de Todos os Santos.
Em 1637, dominando Recife, os holandeses tentam novamente a Bahia. Carlos de Tourlon,
amedrontado pelas forças de Bagnoliem Salvador, se lança contra Itaparica incendiando engenhos.
Em 8 de fevereiro de 1647, comandados por Simon Van Beaumont e Siegsmundt Schkoppe,
os soldados holandeses desembarcaram em Itaparica, não poupando vidas, matando inclusive
mulheres e crianças, saqueando tudo. Em dezembro, os flamengos abandonam a Ilha,
definitivamente, quando avisados da próxima chegada da esquadra vinda de Portugal, sob o
comando de D.Antônio Teles de Menezes, Conde de Vila Pouca, mandada por ordem expressa de
D.João IV.
Primeiros Núcleos Habitacionais
Parapatinga, local onde vivem os mais antigos da ilha, tomou tal denominação do rio
Parapatinga ou Pirapitingas (nome vulgar de sardinha branca), curso de águas transparentes.
Parapatinga foi uma das primeiras povoações do atual município de Vera Cruz. Local de origem das
tradições iniciais da Ilha, lá se encontra o Sobrado de São Simão, atualmente em ruínas. De
importante arquitetura, foi moradia de nobres senhores do Recôncavo, abrigando riquezas
imensuráveis, a exemplo de móveis trabalhados em jacarandá e vinhático, aparelhos de cristal e
louça importada, pratarias, ricas alfaias, além de diversos e curiosos utensílios empregados na
pesca, na fabricação do azeite de dendê e da farinha de mandioca. A sua maior riqueza era o Orago
São Simão.
12. - 12 -
O Orago era formado em um retábulo, pintado com elementos de talha dourada, de
composição barroca, possuindo teto abobadado, pia bastimal e sacristia, onde em arcas de jacarandá
eram colocados os paramentos e as alfaias. Do lado externo do oratório, uma parede sineira
harmoniosa e singela fazia o convite à oração.
Coube a Simão Brás instituir por volta de 1740 a devoção a São Simão. Ele trouxe de
Portugal a imagem, hoje entronizada na Igreja dos Órfãos de São Joaquim, em Salvador.
A devoção ao Santo apóstolo é, ainda hoje, bastante concorrida em Vera Cruz, e, por
extensão, em toda ilha de Itaparica. A todo 28 de outubro, Parapatinga se engalana, mantendo sua
tradição com brilho invulgar.
A Presença de Itaparica nas Lutas da Independência
Nos anos de 1822 e 1823, a ilha foi palco de importantes acontecimentos para a
consolidação da independência nacional.
No interior da botica de propriedade do farmacêutico Francisco José Batista Massa, os
insulanos se reuniam em torno da palavra do lusitano Sousa Lima e de outros pregadores da
libertação brasileira. Denunciados, o Brigadeiro Inácio Madeira de Melo, Comandante das Armas
em Salvador, envia uma esquadra de brigues, em junho de 1822, sob o comando de Joaquim José
Teixeira, que expulsa da ilha rumo à Cachoeira, todos os descontentes. Na heróica cidade de
Cachoeira, instalaram-se meses antes uma Junta de Conciliação e Defesa, presidida por Antonio
Teixeira de Freitas Barbosa, visando a Causa do Brasil. Os itaparicanos, municiados pela Junta,
deixam 13 de agosto as terras de Cachoeira. Desembarcaram nas praias de São Roque no dia
seguinte; acamparam na Encarnação no dia 16; a 18, vencem a enseada do Mutá; a 19, atravessam o
Funil, depois Sousa Lima, já de posse da Fortaleza de São Lourenço, fala aos milicianos sobre a
necessidade de conservar a ilha em poder dos nativos. Com o propósito de lutar ao lado dos
libertadores, João Francisco de Oliveira Botas, apresentou-se na Ilha em 23 de agosto.
Em 11 de outubro de 1822, Sousa Lima dirige-se aos habitantes da ilha de Itaparica em
proclamação, onde dá vivas à “nação brasileira e a sua eterna independência”. A 12 de outubro, os
itaparicanos aclamam, na Ponta das Baleias, o Príncipe Regente. A 13 de outubro, os lusos são
repelidos em um assalto à Ilha. A 08 de dezembro, o barco Pedro I, doado por Sousa Lima aos
itaparicanos, atravessa a Baía de Todos os Santos, levando mantimentos para os soldados do
Exército Libertador, acampados em Pirajá.
João das Botas era o presidente da Flotilha Insulana, servida por 514 oficiais e marujos
nascidos na ilha. A 07 de Janeiro de 1823, dá-se o maior feito de armas da Campanha de
Independência na área de Itaparica, quando a esquadra lusa é abatida pelas forças de terra e mar dos
13. - 13 -
itaparicanos. A 16 de janeiro, os libertadores entraram vitoriosos na Ponta das Baleias comandados
pelo governador Antônio Lima, em uniforme de tenente-coronel de 1ª linha por promoção do
General Labatut, Comandante em Chefe do Exército Libertador. Em maio de 1823, o próprio
Labatut desembarcaria em Itaparica, onde acertaria com Lord Cochrane, na Parada do Morro, o
plano de batalha decisivo contra as forças lusitanas aquarteladas em Salvador.
Enfim, o Governador Militar da Ilha de Itaparica, Antônio de Sousa Lima, em 2 de julho de
1823, transmite aos seus comandados a nova sobre a evacuação total das tropas portuguesas na
Bahia.
A 12 de outubro de 1823, são arrancadas da frontaria da velha Fortaleza de São Lourenço, as
armas instituídas por D. João VI, sendo colocado no lugar das mesmas armas, o escudo que
D.Pedro, o Libertador, criara para o Brasil independente.
Nascimento do Município de Vera Cruz.
Em 02 de dezembro de 1814, pela Resolução Régia, foi criado o Distrito de Itaparica, que
teve como sede o Arraial da Ponta das Baleias, sendo elevado à categoria de freguesia pelo Alvará
de 19 de janeiro de 1815.
Com a denominação de Itaparica, a área foi elevada à categoria de vila em 25 de outubro de
1831, oficialmente instalado em 4 de agosto de 1833, conforme Portaria assinada por José Lino
Coutinho, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império “pela Regência, em nome do
Imperador, Senhor Dom Pedro II”, com o seguinte texto: “fica igualmente elevada à categoria de
vila, a Ilha de Itaparica, que se denominará ‘Denodada Vila de Itaparica’, desmembrada do termo da
cidade, ficando composta dos distritos de Itaparica, Mar Grande, Vera Cruz de Itaparica, Jiribatuba,
Cacha Pregos e Salinas das Margaridas”.
Em 31 de outubro de 1890, a Vila de Itaparica foi elevada à categoria de cidade, quando
governava interinamente o Estado o Dr. Virgílio Clímaco Damásio, conforme o texto: “o Doutor
vice-governador do Estado, tendo em consideração o aumento da população e a prosperidade que
oferece a Vila de Itaparica, resolve elevá-la à categoria de cidade”.
O Decreto nº 10.440, de 10 de dezembro de 1937, assinado pelo interventor interino Coronel
Antônio Fernandes Dantas, considerando entre outras razões as qualidades medicinais das águas da
Fonte da Bica, estabeleceu a Estância Hidromineral de Itaparica.
Através da lei nº 1773, de 30 de julho de 1962, foi criado o Município de Vera Cruz,
desmembrado do município de Itaparica. O presidente do Tribunal de Justiça, que na época estava
14. - 14 -
no exercício do cargo de governador da Bahia, decretou e sancionou essa lei, ressaltando no Artigo
1º alguns limites:
Município de Itaparica – começa no Porto da Misericórdia, em reta à nascente do Riacho da
Gameleira, pelo qual desce até a sua foz no Oceano.
Baía de Todos os Santos – começa na foz do Riacho da Gameleira, segue pela orla do mar, até a
Barra do Pote.
Oceano Atlântico – começa no lugar Barra do Pote e segue pela orla do mar, até a Barra Falsa,
em frente à Ponta do Garcez.
Município de Jaguaripe – começa na Barra Falsa, em frente à ponta do Garcez, segue pelo canal
entre a Ilha de Itaparica e as ilhas das Carapebas e São Gonçalo, e pelo canal entre a ilha de
Matarandiba e o continente, incluindo o grupo de ilhas da Cal, Olho Amarelo, Malacaia e
Saraíba, até confrontar a Enseada Grande.
Salinas das Margaridas – começa no canal entre a Enseada Grande e as Ilhas Carapitubas, até o
Porto da Misericórdia, inclusive a Ilha das Canas.
No Artigo 2º, o Presidente constitui de quatro distritos o Município de Vera Cruz, com os
seguintes limites:
Entre Vera Cruz e Mar Grande – começa na Baía de Todos os Santos na foz do sangradouro da
Lagoa Grande, sobe por este até alcançar o centro da referida Lagoa, daí em reta ao marco da
Enseada da Boa Vista.
Entre Vera Cruz e Jiribatuba – começa no Oceano, na foz do riacho que desemboca próximo ao
lugar Paratinga de Fora, sobe por este até sua nascente, daí em reta à nascente, do riacho
Campinas, pelo qual desce até sua foz no canal, prosseguindo a linha de limite entre as linhas
Matarandiba e Malacaia, e entre a Ilha de Cal e a Ilha do Olho Amarelo. Pertencem ao distrito
de Vera Cruz, as ilhas de Malacaia, do Olho Amarelo e de Saraíba e ao distrito de Jiribatuba, as
ilhas de Cal e Matarandiba.
Entre Jiribatuba e Cacha Pregos – começa no Oceano, na foz do riacho de Arabatuba, subindo
por ele até a foz de seu afluente da margem direita, sobe por este até sua nascente, daí em reta à
nascente do riacho dos Paus, pelo qual desce até sua foz no canal entre as ilhas de Itaparica e
das Carapebas.
15. - 15 -
1.2 Aspectos Demográficos
O Município de Vera Cruz é formado por 24 povoados, incluindo a cidade de Mar Grande,
onde se localiza a Prefeitura Municipal.
Os dados demográficos existentes para o município de Vera Cruz são a partir de 1970, tendo
em vista que o município desmembrou-se do município de Itaparica em 30 de julho de 1962 através
da Lei Estadual nº 1.773, sendo publicada no Diário Oficial de 31 de julho de 1962. Ocorrendo o
Censo só a partir de 1970, conforme dados constantes no “Informações Básicas dos Municípios
Baianos”, SEI e IBGE e demonstrado abaixo:
Tabela 01
Vera Cruz
Distribuição da População por Localidade
2002
Com base na tabela acima, pode-se chegar à conclusão que a população total de Vera Cruz é de
33.540 pessoas. Sendo deste total, 16.902 habitantes do sexo masculino e 16.642 do sexo feminino,
o que demonstra que há um equilíbrio entre os sexos.(SEI, 2002)
16. - 16 -
Tabela 02
Vera Cruz
Faixa de Idade da População residente
1970 – 1991:
Faixa de Idade 1970 1980 1991
0 a 4 anos 2016 2501 2721
5 a 9 anos 1765 2069 2949
10 a 14 anos 1534 1683 2968
15 a 19 anos 1356 1335 2416
20 a 24 anos 934 1120 2229
25 a 29 anos 709 877 1915
30 a 39 anos 1268 1306 2614
40 a 49 anos 991 1063 1619
50 a 59 anos 766 735 1189
60 a 69 anos 420 548 838
70 anos e Mais 227 428 647
Ignorada 17 78 31
Total 12003 13743 22136
FONTE: IBGE – Set./2003
O crescimento populacional verificado no período de 1980 a 1991, foi resultado do êxodo
das cidades vizinhas como: Jaguaripe, Nazaré das Farinhas, Santo Antônio de Jesus, para o
município provocado pela expansão imobiliária, oportunidades de novos empregos e o crescimento
da atividade turística que ocorreu no município de Vera Cruz. (IBGE – Nov./2003).
A grande maioria dos povoados do Município se caracteriza pela ausência de infra-estrutura
de saneamento básico, (água encanada, calçamento, luz elétrica, saúde, escola, segurança pública,
etc.), potencializando a carência de grande parte da comunidade local vinculada às condições
sociais e econômicas, que têm só a pesca artesanal como principal atividade. Os luxuosos
condomínios existentes neste município são dos veranistas, que são atraídos pelas belezas naturais,
a exemplo de inúmeras praias existentes.
“Vera Cruz convive durante nove meses do ano com uma população pobre de
aproximadamente 32 mil pessoas, porém de dezembro a fevereiro, cerca de 120 mil
pessoas invadem o município triplicando todos os serviços que a Região tem para
17. - 17 -
oferecer, provocando uma degradação ao meio ambiente, a exemplo do lixo que passa
de 30 toneladas / dia para 100 toneladas / dia”.
(entrevista do Prefeito Nicandro Moreira de Mascedo, RG/Bahia - 29/03/2000)
1.3 Economia
O povoado iniciou seu desenvolvimento econômico no início do século XVI, através do ciclo
da plantação da cana de açúcar, do trigo, da criação de gado e da indústria de cal, que ainda hoje
tem uma grande importância na ilha (o cal usado na construção de Salvador era fabricado em Mar
Grande sendo vendido naquela época à Tomé de Souza). Em seguida, veio o ciclo da pesca da
baleia em escala industrial, tornando-se a maior atividade econômica nos séculos XVII e XVIII.
(UBALDO, Osório – A Velha Itaparica pg. 275).
A ilha tem como base atual da sua economia atividades tradicionais, como agricultura de
subsistência, pecuária extensiva, a produção artesanal, em especial a pesca. Rios como Paraguaçu e
Subaé, independente da importância portuária, servem como meio de subsistência da população que
vive em suas margens, complementando a sua renda com os manguezais, que são fonte de
alimentação e de sobrevivência.
Outra forma de sobrevivência da região é a vocação para floricultura, horticultura, a exemplo
da produção (expressiva) anual de 1.100 toneladas de mangas e 4.500 toneladas de coco. Um outro
fator de interesse econômico e (social) são os projetos realizados por ONGs, e pela Bahia Pesca,
sendo que esta última trabalha com a revitalização das comunidades pesqueiras e desenvolve ações
que beneficiarão cerca de 615 pescadores, além do programa de maricultura e da pesca artesanal
buscando avaliar 16 áreas potenciais para captura de sementes de ostras. (dado fornecido em
entrevista com funcionários das ONGs).
Apesar da posição geográfica e do fato de ser uma ilha, a pesca não é a atividade mais
lucrativa para os municípios de Itaparica e Vera Cruz, como eram em seus tempos áureos. O
desmatamento e a destruição dos manguezais provocou o escoamento dessas atividades econômicas
que eram desenvolvidas nos municípios no século XIX e XX, passando a sobreviver com atividades
emergentes como o turismo; tendo como principal foco o setor de serviços, e demais atividades que
lhe correspondam. (FALCON, Gustavo. Baía de Todos os Santos/GERMEN).
Em março de 2000, Vera Cruz contava com aproximadamente 12 mil casas de veraneio
espalhadas em seu território, o que economicamente não é atrativo, pois só há demanda no verão e
mesmo assim esta demanda não provoca impacto positivo na economia interna, por ser uma
população flutuante que não consome insumos do município, acrescentando renda apenas com o
IPTU das casas, já que até a própria alimentação eles trazem do destino de origem. De acordo com a
18. - 18 -
Prefeitura, mesmo com uma economia precária, os empregos diretos são gerados pelo setor do
turismo, gerando mais receita para o município do que a exploração de minerais de salgema pela
indústria Dow Química, ou até mais expressivo do que o IPTU das casas de veraneio.(entrevista
Nicandro Moreira de Menezes – RG/Bahia –29/03/2000)
Conforme registro da JUCEB (dados de 2001), o município de Vera Cruz possuí 128 indústrias
(ocupando o 49º lugar na posição geral do Estado da Bahia), 562 estabelecimentos comerciais e 292
estabelecimentos que lidam com o setor de serviços.
Dados da SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – mostram que
o Município de Vera Cruz está classificado em 2º lugar, dentre os 417 municípios baianos, no que
tange ao desenvolvimento social e em 1º lugar quanto ao índice de serviços básicos (o que nos
mostra um paradoxo já que percebemos que sua população passa por inúmeras dificuldades).
A SEI, ainda, considera Vera Cruz como o 20º colocado quanto ao índice Geral de
Desenvolvimento Sócio-econômico; Em Desenvolvimento Econômico, Vera Cruz está entre as 35
primeiras cidades baianas. O município de Vera Cruz apresentou nos dados estatísticos no ano de
1970, uma população de 3.143; em 1980, 3.450 habitantes, economicamente ativos. Este índice tem
decaído um pouco, devido à falta de visitantes, sejam eles turistas ou veranistas, o que tem
prejudicado muito as atividades ligadas ao comércio e aos serviços em geral. Como já podemos
perceber, estes dados provam que se for bem gerido, o município poderá apresentar crescimento;
boa perspectiva para o turismo, que depende muito dos fatores sociais e econômicos para ser
realizado com sucesso.
Tabela 03
Vera Cruz
Média de pessoas empregadas e de salários pagos
2000
Descrição Valor* Unidade
Média de pessoas ocupadas nas empresas atuantes na unidade territorial 5,65 pessoas
Média de pessoas ocupadas nas unidades locais 5,56 pessoas
Média de pessoas ocupadas assalariadas nas empresas atuantes na unidade 4,25 pessoas
territorial
Média de pessoas ocupadas assalariadas nas unidades locais 4,18 pessoas
Média de salários pagos nas empresas atuantes na unidade territorial 14076,62 salários
Média de salários pagos nas unidades locais 13863,33 salários
Salário médio (Salário/PO assalariado) nas unidades locais 255,01 salários
FONTE: IBGE. 2000 * valor médio salarial
19. - 19 -
Como pode ser observado no gráfico o contingente de pessoas empregadas em Vera Cruz
não representa uma massa salarial expressiva (média de R$ 255, 00, pouco mais que um salário
mínimo), talvez a prova de que a reorganização da atividade turística possa dar o impulso na
geração de empregos para a melhoria da economia local.
1.4 Aspectos Físicos
Apesar do segmento turístico mais forte em Vera Cruz ser o de “Sol e Praia”, analisando os
aspectos físicos do local pode-se chegar à conclusão que existem mais segmentos potenciais a
serem explorados.
O clima é o tropical úmido, que tem por características a não definição das estações do ano e
poucas chuvas, estas ocorrendo apenas em determinados meses do ano. Devido às características
apresentadas o segmento atualmente explorado é sem dúvida o melhor, pois sem ter inverno típico,
ou melhor, sol o ano inteiro (com exceção de março, abril, maio e junho, onde ocorrem chuvas
ocasionais), o turista tem a possibilidade de usufruir a belezas naturais em qualquer época do ano,
sem a preocupação com a metereologia.
De acordo com o relevo, a ilha é quase em sua totalidade plana, com exceção apenas do Pico
do Urubu e do Outreiro da Faustina. Neste aspecto, nota-se como essa região realmente tem a
possibilidade de diversificar seu produto turístico. E, regiões com essas características topográficas,
pode-se explorar o turismo de aventura, utilizando essas áreas mais altas com pontos de rapel,
hicking, vôos de asa delta, entre outros esportes radicais.
A vegetação é outro aspecto físico que recai sobre o segmento de turismo de aventura, pois
Vera Cruz possui dois tipos de vegetação predominante: os mangue, chamados pelos turistas de
Pantanal Baiano e a restinga de Mata Atlântica. Devido a esses dois tipos de vegetação, existe a
possibilidade de utilizar os mangues com o seguinte enfoque: visitar o Pantanal, sem precisar correr
os riscos que lá apresenta, com seus animais. Portanto, pode-se apreciar a beleza do local, sem
enfrentar os animais perigosos do real Pantanal. Já na restinga de Mata Atlântica, existem trilhas
que atravessam rios e o próprio mangue, um ótimo passeio para os aventureiros, sem contar que
seria possível fazer uma reserva ecológica semelhante ao da Sempre-Viva, localizada na Chapada
Diamantina, pois a Mata Atlântica foi tão devastada, que atualmente não é encontrada em muitos
locais.
-Hidrografia: pequenas Bacias - Riacho Da Penha; Riacho Da Estiva; Rio Arthur Pestana; Rio
Campinas; Riacho Ingá Açu; Riacho Outreiro Grande.
20. - 20 -
-Solo: podzólico vermelho – amarelo álido e areias quartzosas marinhas.
Problemas Ambientais / Unidades de Conservação
O município de Vera Cruz é carente de Unidades de Conservação, tendo apenas a APA
Pinaúnas, localizada entre Cacha Pregos e Berlinque, e os Parques Ecológicos de Itaparica, que
abrangem as áreas rurais dos municípios de Vera Cruz e Itaparica; e o de Baiacu, que abriga as
ruínas da Igreja de Nosso Senhor de Vera Cruz (séc. XVI).
A Área de Proteção Ambiental Recife das Pinaúnas, protegida pela Lei Municipal nº 467 de
1999, compreende mais de 25 Km de recifes, um ecossistema raro e frágil que se encontra na costa
de Vera Cruz, onde se pratica mergulho ecológico e conscientização da preservação do ecossistema,
através da ONG Pró Mar. A APA abriga algas e vermes poliqueta - espécie de coral que ocorre na
formação de manguezais, Santuário Ecológico da Contra Costa.
O Parque Florestal de Itaparica, criado pelo Decreto Estadual nº 26122 de 1978, caracteriza-
se por remanescentes de Mata Atlântica, possuindo em seu interior centenas de nascentes de água
potável. Existem ainda inúmeras espécies de animais silvestres, que utilizam a área como pouso e
nidificação.
Inúmeros rios desembocam na contra costa, formando um emaranhado de canais navegáveis.
Próximos à foz do Jaguaripe, principais canais de navegação da área correm os rios: Mucujó,
Santana do Judeu, das Pedras e da Dona, entre outros, que misturam suas águas doces às águas
salgadas da baía, propiciando a formação do manguezal, que garante o funcionamento do berçário
da vida marinha e domina a paisagem.
Na localidade de Baiacu está o Parque Ecológico de Baiacu, na realidade um projeto que
ainda está no papel, não tendo nenhuma característica de parque, como delimitação da área com a
utilização de cercas, postos de informações, mirantes e trilhas, entre outros. De fato, as trilhas que
ali existem só podem ser feitas por guias locais, ainda assim com riscos, devido ao estado em que se
encontram totalmente fechadas pela mata nativa. Não há infra-estrutura no local, apenas as ruínas
da lendária Igreja de Nosso Senhor de Vera Cruz.
Em todos os trechos visitados no município, percebeu-se grande degradação do meio
ambiente em diversos aspectos.
Nas vias de acesso às praias foram observadas várias áreas de Mata Atlântica desmatadas,
inclusive com destruição dos manguezais. Notou-se também uma grande quantidade de lixo e uso
21. - 21 -
irregular do solo, através de construções em áreas alagadiças ou de mangues, alterando o
ecossistema local.
Com relação às praias, a poluição foi constatada com a presença de esgotos a céu aberto,
lixo, falta de infra-estrutura até mesmo básica, e nas barracas. Isto ocorre devido à inexistência de
conscientização ecológica dos visitantes e, principalmente, da comunidade local, em relação à
conservação e manutenção do meio ambiente.
O planejamento turístico de Vera Cruz deve ser desenvolvido diante de uma visão global,
com uma preocupação econômica e social, principalmente no que diz respeito à política de
preservação e recuperação do meio ambiente. Um planejamento harmonioso, de forma a atender às
necessidades para um desenvolvimento equilibrado da atividade turística como um todo, não
favorecendo a nenhuma região, localidade ou instituição privada, especificamente.
2. DIAGNÓSTICO DO TURISMO MUNICIPAL
“As áreas naturais, em particular as áreas protegidas legalmente,
suas paisagens, fauna e flora – juntamente com os elementos culturais
existentes – constituem grandes atrações, tanto para os habitantes dos
países aos quais as áreas pertencem como para os turistas de todo o
mundo. Por este motivo, as organizações para conservação
reconhecem a enorme relevância do turismo e estão cientes dos
inúmeros danos que um turismo mal-administrado ou sem controle
pode provocar no patrimônio natural e cultural do planeta”.
(LINDERBERG e HAWKIINS, 1995, p. 26).
2.1 Retrospectiva e Análise do Turismo Municipal2
O turismo na Ilha de Itaparica começou a ser impulsionado entre os anos de 1939 e 1953,
quando por iniciativa do poder público estadual passou-se a organizar a promoção da Ilha,
divulgando seus atributos naturais e promovendo-a como Primeira Estância Hidromineral do país,
ressaltando as propriedades terapêuticas das águas onde a alta sociedade baiana era a sua grande
2
FONTE: MESQUITA, 2003; SEI, 2001; BAHIATURSA, 2001.
22. - 22 -
freqüentadora (Bahiatursa, 2001).
Em 1962, acontece o desmembramento da Ilha em dois municípios: Vera Cruz, com a
totalidade de 87% do território; e o município de Itaparica, com apenas 13% do território, fato que
inicialmente, se constituiu em grande desvantagem para Itaparica, devido ao fato de Vera Cruz ser
maior e, portanto, detentora da maior parte dos atrativos naturais ainda desconhecidos que viriam a
se tornar de maior interesse para os veranistas.
A costa de Vera Cruz voltada para Salvador, constituiu-se em fator favorável para a
construção de casas da elite baiana por haver acesso direto e mais rápido da capital baiana para a
ilha e vice-versa. Os freqüentadores e veranistas da Ilha eram então, pessoas com um maior poder
aquisitivo.
Num primeiro momento, a separação foi favorável para Vera Cruz, promovendo o aumento
do fluxo de visitantes neste município. Porém, com o passar dos anos, tal desmembramento
prejudicou essa dinâmica de fluxo. O fato de se estabelecerem dois municípios com duas
administrações distintas, causou um rompimento de captação de recursos que contribuísse para toda
a área, ficando Itaparica com a maior parte dos investimentos, desde os direcionados para a infra-
estrutura básica, até aqueles voltados para a implementação da atividade turística.
Posteriormente, houve uma sensível queda no turismo do novo município - Vera Cruz -,
uma vez que as ações públicas passaram a se direcionar apenas na cidade sede da Ilha - Itaparica,
tornando as demais localidades de Vera Cruz carentes e desprovidas de atenção por parte dos
governantes.
No auge da promoção do turismo em Vera Cruz foram construídos novos equipamentos,
inclusive hoteleiros, e também diversificados restaurantes, contribuindo assim para o aumento do
fluxo turístico na localidade.
Outro aspecto que contribuiu para aumentar o fluxo de visitantes neste município, foi a
inserção do sistema de Ferry Boat (1972), que facilitou o deslocamento do fluxo de visitantes em
maiores proporções, oferecendo também um serviço de qualidade.
Em novembro de 1979, foi instalado no município de Vera Cruz o Club Med, cadeia
internacional de resorts, causando uma nova dinâmica no destino receptor. Essa dinâmica
caracterizou-se apenas pelo fato de ser Vera Cruz o local de instalação do empreendimento,
portanto receptor e via de acesso do fluxo de turistas que chegam rumo ao local, de avião (Fokker –
50), ferry boat ou de catamarã.
Hoje, constata-se que o resort não trouxe nenhum tipo de interação com meio, pois seus
hóspedes ficam todo o tempo voltado para as atividades no interior das áreas restritas ao hotel,
atendendo assim aos próprios objetivos e conceito do resort. Também não houve aproveitamento de
23. - 23 -
mão-de-obra local nas proporções do tamanho do empreendimento, sendo a maioria dos
funcionários naturais de outros estados e alguns poucos de Salvador.
Ainda, de acordo com o autor Remi Knafou (1996), “este tipo de equipamento promove o
turismo sem território, que não procede da iniciativa de turistas, mas da iniciativa de operadores de
turismo que implantam o produto no mercado. Portanto, este tipo de turismo, praticado tanto pelo
equipamento como pelos turistas, não tem a menor intenção de conviver com a realidade".
Nos finais da década de 80, os primeiros sinais de declínio de Vera Cruz começaram a
aparecer. A abertura da BA-009, conhecida como Estrada do Coco, que facilitou o acesso às praias
do Litoral Norte, ocasionou a fuga dos veranistas da Ilha em busca de lugares menos explorados.
Hoje, a BA-009 é considerada uma das melhores rodovias brasileiras (Confederação Nacional dos
Transportes, 2002; Guia Quatro Rodas, 2002).
O Ferry Boat também contribuiu para a super popularização do município de Vera Cruz,
afastando os veranistas de maior poder aquisitivo, passando a localidade a ser freqüentada por
pessoas de baixa renda.
Essa evasão também foi causada pela indiferença da administração local, ocasionando
problemas ambientais como queimadas, desmatamentos, lixo por todas as localidades, falta de
esgotamento sanitário e super exploração do setor imobiliário em áreas inadequadas.
Para que o turismo em Vera cruz seja revitalizado é preciso uma prática de novas diretrizes
por parte do poder público local e estadual, atuando sobre a conscientização da comunidade local
para a importância da atividade como sendo propulsora da economia, identificando novos
segmentos para uma exploração equilibrada dos atrativos naturais e culturais que o município tem a
oferecer, visualizando assim outros caminhos de interesse para a visitação de turistas que não seja
apenas o de “Sol e Praia”.
2.2 Diagnóstico de Infra-Estrutura
Com base nas visitas técnicas feitas a Vera Cruz, pode-se notar que a infra-estrutura básica
do local está necessitando de melhorias.
Logo ao deixar o terminal marítimo de Bom Despacho, fica notório que é necessária a
repavimentação da Ba 001 e essa afirmação se concretiza, principalmente nas localidades mais
afastadas como Cacha Pregos, Berlinque e Jeribatuba, onde o asfalto se encontra com
desnivelamento e buracos em muitos trechos.
Um outro problema da comunidade é a falta de hospitais, ou melhor, eles existem, porém
com falta de materiais e médicos, o que faz com que o atendimento seja precário e muitas vezes
um pequeno problema se transforme em morte.
24. - 24 -
Na Ilha, não existe uma destinação para o lixo, que se acumula ao longo do acostamento e se
amontoa nos terrenos baldios. Esse problema não existiria se não fosse pela desativação do aterro
sanitário que se encontra na estrada de barro que liga a Ba 001 a Baiacu. Como está desativado por
falta de dinheiro para a manutenção este perdeu sua utilidade e hoje para reativá-lo se pagará um
preço mais alto do que para construir um novo.
Segundo dados do IBGE, a maioria da população só possui até o primeiro grau, o que
dificulta a conscientização destas para problemas como educação sanitária, educação ambiental e
noções básicas de higiene.
Ainda existem comunidades, como Baiacu, em que não existe água encanada e esgoto, o
que favorece o aparecimento de doenças de veiculação hídrica e parasitárias.
A sinalização é outro problema relacionado com a infra-estrutura municipal. Ao sair de
Bom Despacho, nota-se que existe um excesso de placas, porém estas não são de indicação de
localidades, a rodovia encontra-se com um sério problema de poluição visual, pois na estrada
existem inúmeras placas que são utilizadas como marketing para serralherias, supermercados,
oficinas, entre os outros diversos serviços que a Ilha oferece.
A sinalização de indicação, que atualmente se encontra na Ilha está completamente
deteriorada e muitas placas estão encobertas pela vegetação, que não é aparada pelos responsáveis.
Para os atrativos, não se há nenhuma sinalização.O visitante pode contar com a sorte de ao entrar na
localidade errada pela falta de sinalização, encontrar algum atrativo escondido como a Igreja de
Nosso Senhor de Baiacu ou o Parque Ecológico.
Já a sinalização da oferta hoteleira, se encontra em total desordem, o que resulta na
inutilidade da mesma, devido ao excesso e a falta de padronização das placas, o visitante não
consegue obter através delas a informação dos locais de hospedagem.
Enfim, como se pode notar a situação da Infra-Estrutura está realmente necessitando de
melhoras emergenciais. Porém para isso acontecer deve-se conscientizar a comunidade e os seus
governantes que esses são atributos básicos para que qualquer sociedade possua a menor condição
de sobrevivência e que para atrair demanda turista é necessário que estes se sintam bem, pois
ninguém irá para um local no qual terá que beber água de rio onde ao lado existe uma fossa
sanitária improvisada.
25. - 25 -
2.3 Diagnóstico da Demanda
Após uma pesquisa de campo onde foram aplicados 20 questionários3 com visitantes do
local, a equipe buscou obter algumas informações sobre o perfil da demanda turística de Vera Cruz.
Essas informações serão exibidas através de tabelas e suas respectivas descrições.
Entre os entrevistados, a maioria eram brasileiros (cerca de 85%) e dentre estes de
nacionalidade brasileira mais da metade ( cerca de 65%) eram da capital baiana, os outros visitantes
baianos eram originários do recôncavo ou de outras cidades do Estado.
Dentre os entrevistados apenas 35 % não eram baianos, sendo que 20 % eram de outros
estados do país, que eram São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os visitantes estrangeiros
somavam 15% e se originavam da Itália e Holanda.
Tabela 04
Vera Cruz
Origem de Visitantes
Origem dos Visitantes Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
Salvador 08 40
Reconcavo/Outras Regiões 05 25
Outros Estados 04 20
Exterior 03 15
Total 20 100
FONTE: Sampaio,,Carla(2003)
O meio de transporte mais utilizado é o aquaviário (com grande demanda de utilização para
o Ferry-Boat). Dentre os vinte turistas entrevistados 13 desses utilizaram este meio de transporte
(aquaviário), porque eram da capital baiana ou porque estavam hospedados em Salvador, antes de
se destinarem a Ilha de Itaparica ; isso porque dentre os turistas “não baianos” entrevistados ,os 3
originários de outros países e os 4 de outros estados utilizaram em sua totalidade o Ferry-Boat.
Estes dados refletem que Salvador é o maior pólo emissor de Vera Cruz. O segundo meio de
transporte mais utilizado é o rodoviário, o que indica que estes turistas vieram de cidades próximas
do município.
3
Os questionários foram aplicados em dois de setembro de 2003, o a amostra foi neste valor devido a
dificuldade de colaboração dos vistantes.
26. - 26 -
Tabela 05
Vera Cruz
Meio de Transporte Utilizado pelos Turistas
Meios de Transporte Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
Aquaviário 13 65
Rodoviário 07 35
Total 20 100
FONTE: Brandão, Fabiana(2003)
Os 80% dos visitantes entrevistados de Vera Cruz viajam com amigos ou familiares, poucos
estavam viajando sozinhos, e dentre estes 20% ,em sua totalidade estavam os turistas estrangeiros e
de outros estados.
Tabela 06
Vera Cruz
Turistas por existência de acompanhante
Com Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
quem Viaja
Amigos 09 45
Familiares 07 35
Sozinho 04 20
Total 20 100
FONTE: Aguiar, Fernanda( 2003)
O tempo de maior permanência no município é 3 a 5 dias, estes visitantes com maior tempo
de permanência em sua maioria eram estudantes. O segundo maior tempo de permanência é de 1 a 2
dias refletindo uma passagem de apenas um fim de semana no município
Tabela 07
Vera Cruz
Tempo de Permanência dos Turistas
Tempo de Permanência Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
1 A 2 dias 15 75
3 A 5 dias 05 25
Total 20 100
FONTE: Sampaio, Carla(2003)
27. - 27 -
Poucos turistas soteropolitanos estavam visitando o município pela primeira vez, o que é um
lado positivo para Vera Cruz, já que os turistas originários do seu maior pólo emissor, já visitaram a
Ilha ou pelo menos têm conhecimento do local. Dentre os turistas que estavam visitando o
município de Vera Cruz pela 1º vez apenas 2 não eram brasileiros , estes eram 2 turistas Italianos.
Os turistas que já haviam visitado o local por mais de 5 vezes em sua totalidade eram baianos, com
maioria de origem soteropolitana.
Tabela 08
Vera Cruz
Turistas por número de visitas que já fez ao município
Nº de Visitas Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
1º Vez 04 20
2 Vezes 05 25
Acima De 5 Vezes 11 55
Total 20 100
FONTE: Brandão, Fabiana(2003)
A maioria dos visitantes que alegou visitar freqüentemente Vera Cruz eram do Estado da
Bahia e com maior número de turistas da capital. Dentre os vinte turistas entrevistados 9 tinha
freqüência de viagem mensal, dentre eles estavam 2 de outros estados do país.
GRÁFICO: Freqüência da Visitação
SEMANALMENTE
45% 35%
MENSALMENTE
ANUALMENTE
20%
28. - 28 -
As demandas pelos equipamentos do local, correspondentes à alimentação ou lazer eram
nulas em relação aos estrangeiros, pois estes faziam suas refeições ou demandavam serviços de
entretenimento no seu meio de hospedagem, até por pedido ou recomendação dos próprios donos do
equipamento hoteleiro em questão, que era o Club Med.
Apenas 2 turistas de outros estados ( o que corresponde a metade desses entrevistados)
demandavam os equipamentos de alimentação ou lazer do local, e estes 2 turistas não estavam
hospedados no Club Med.
A totalidade dos turistas baianos demandavam os equipamentos de lazer ou alimentação do
município, mesmo estando, alguns deles, hospedados no Club Med.
A equipe concluiu que existe uma falta de orientação para estes turistas consumirem os bens e
serviços dos equipamentos locais.
GRÁFICO: Uso De Equipamentos de Lazer Ou Alimentação do Município
100%
ESTRANGEIROS
50%
OUTROS
ESTADOS
BAIANOS
0%
Os meios de hospedagem mais utilizados eram extra-hoteleiros, a exemplo da casa de
parentes ou amigos, mais procurados por visitantes do próprio estado da Bahia, logo depois são os
hotéis e pousadas que estavam ocupados por turistas “não –baianos”, o que reflete um ponto
negativo na consumação destes equipamentos de hospedagem por turistas do Estado ou até mesmo
da capital (apenas 2 turistas baianos), porque a Bahia ou mais especificamente Salvador é o maior
29. - 29 -
pólo emissor de turistas para o município. Apenas 10% estavam utilizando sua própria casa para
visitação do local.
Tabela 09
Vera Cruz
Turistas por Meio de Hospedagem Utilizado
Meios de Hospedagem Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
Casa de Amigos ou Parentes 09 45
Hotéis 06 30
Pousadas 03 15
Propria Casa 02 10
Total 20 100
FONTE:Brandão, Fabiana(2003)
A maioria dos turistas que freqüentam o município tem um gasto médio de 15 a 20 reais ,
Este gasto médio provém de turistas que não estavam em equipamentos hoteleiros ( hotéis e
pousadas),e sim de turistas hospedados em casa própria, ou de amigos e parentes . Os turistas que
ficavam em hotéis ou pousadas tinham um gasto médio acima de 100 reais, mas neste valor está
incluso o valor das diárias dos meios de hospedagem correspondentes.
Através da pesquisa feita pela equipe, pode-se concluir que o gasto médio real dos turistas
em Vera Cruz é de 15 a 20 reais, pois mesmo os turistas que tinham um gasto superior a este valor
não gastavam todo seu dinheiro diariamente em outros equipamentos, pois se deve abater o valor
das diárias dos meios de hospedagem dentro deste valor. Isso significa que o turismo em Vera Cruz
ainda é de baixo “impacto” econômico, para o local, pois o efeito multiplicador do dinheiro que
vem dos turistas para a região é quase que insignificante para que o Município tenha um bom
desenvolvimento dentro da atividade turística, já que não gera uma receita que tenha bons lucros na
economia de Vera Cruz.
30. - 30 -
Tabela 10
Vera Cruz
Gasto dos Turistas (Em Real):
Gastos dos Turistas Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
R$ 15 A 20 10 50
R$ 20 A 40 01 05
R$ 70 A 100 02 10
Acima De R$ 100 07 35
Total 20 100
FONTE: Aguiar, Fernanda(2003)
GRÁFICO: Gasto Real nos Equipamentos não Hoteleiros
60%
R$ 40 a 70
R$ 20 a 40
R$ 15 a20
30%
10%
A maior motivação turística é o lazer, mais especificamente de sol e praia, representando
uma motivação de 80% dos entrevistados , o que reflete a falta de informação destes turistas ,sobre
a diversidade do produto turístico em questão que é o município de Vera Cruz. Dentro destes 80%
dos entrevistados, que eram turistas de lazer, nenhum deles tinha conhecimento de outras formas ou
tipos de turismo existentes no local.
31. - 31 -
Tabela 11
Vera Cruz
Turistas por Motivação da Visita
Motivação Turística Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
Sol e Praia 16 80
Negócios 03 15
Ecológico 01 5
Total 20 100
Fonte: Sampaio, Carla(2003)
Dos vinte entrevistados 15 deles eram do sexo masculino, e entre os turistas que não eram
do Estado da Bahia, não foi entrevistado nenhum do sexo feminino.
GRÁFICO: Distribuição da amostra por Sexo
75% MASC
FEM
25%
Há uma grande quantidade de jovens e solteiros visitantes no local, dentre estes jovens, estão
30% de universitários e empresários. Mas dentre os vinte entrevistados, a maioria apenas tinham o
2º grau completo, o que reflete o baixo nível de escolaridade dos visitantes.
32. - 32 -
GRÁFICO: Faixa-Etária
40%
35%
25% 45 a 65 ANOS
25 a 44 ANOS
15 a 24 ANOS
GRÁFICO: Estado Civil
55%
35%
OUTROS
CASADO
10%
SOLTEIRO
GRÁFICO: Escolaridade
40%
25% OUTROS
1º GRAU
20%
SUPERIOR
15% 2º GRAU
O baixo nível de escolaridade justifica a maioria dos cargos ocupados pelos turistas
visitantes de Vera Cruz, que eram de empregados de empresas, com cargos poucos significativos, o
que também justifica a baixa renda familiar dos entrevistados, que em sua maioria era de 4 salários
mínimos.4
4
Considerou-se o salário-mínimo de R$ 240,00
33. - 33 -
GRÁFICO: OCUPAÇÃO
45% EMPRESÁRIO
ESTUDANTE
25%
DIRETOR OU GERENTE
20%
EMPREGADO DE EMPRESA
10%
GRÁFICO: RENDA FAMILIAR
50%
20 a 40 SM
35%
10 a20 SM
ACIMA DE 50 SM
10%
4 SM
5%
55% do entrevistados tomaram conhecimento do produto turístico Vera Cruz, através de
amigos ou parentes ,mas dentre estes 55% , todos eram do Estado da Bahia, o que demonstra que a
Ilha de Vera Cruz não é indicada por outros turistas ( fora do estado/ estrangeiros) ou oferecida
como pacotes turísticos por agências ou operadoras estrangeiras ou de fora do Estado, isso reflete a
necessidade de uma promoção efetiva da Ilha para a atração de turistas potenciais. Os outros turistas
ficaram sabendo do produto Vera Cruz através de documentos turísticos (folhetos, folders, mapas,
etc..) que foram recolhidos no seu local de hospedagem anterior a Ilha ou através de viagens
anteriores ao Estado ou publicidade nos jornais e/ou revistas especializadas.
34. - 34 -
Tabela 11
Vera Cruz
Turistas por fonte de informações sobre Vera Cruz
2003
Quantidade Absoluta Quantidade Percentual (%)
Conhecimento do Local
Amigos ou Parentes 11 55
Documentos Turístico 05 25
Viagens Ateriores 02 10
Publicidade em Revistas ou 02 10
Jornais
Total 20 100
FONTE: Aguiar, Fernanda(2003)
2.3 Diagnóstico da Oferta Complementar
Esta pesquisa possibilitou o conhecimento da realidade em campo, superando os nossos
conhecimentos e limitações nos processos didáticos e nas informações institucionais sobre a Oferta
Complementar do Turismo, no município de Vera Cruz.
O objetivo desta investigação é ter conhecimento do perfil da oferta complementar, avaliar o
nível de capacitação, qualidade do atendimento em relação ao cliente, e observar como esta se
comporta na utilização dos equipamentos da oferta complementar oferecidos pelos empresários do
município.
Foi determinado que, dentre a oferta complementar trabalharíamos com os equipamentos
tipo: Bares, Restaurantes, Lanchonetes, Barracas de Praia, Hotéis e Pousadas. Após isto planejamos
a elaboração dos questionários e qual o melhor momento para aplicação dos mesmos.
Para obter as informações, partimos do seguinte princípio: o planejamento de como colocar
a teoria, o método e a prática no levantamento das informações e definição de quando ir a campo a
fim de coletar as informações necessárias sobre a oferta complementar do município de Vera Cruz.
Após consolidação das teorias e através da elaboração dos questionários, observou-se qual
seria o melhor método para a prática da nossa pesquisa. Concluiu-se que o ideal seria mapear as
localidades de maior número de equipamentos, definindo qual o trajeto e as localidades a serem
35. - 35 -
visitadas, com base nas orientações da equipe de Atrativos Turísticos que já tinha ido a campo para
pesquisa dos atrativos.
Com a definição das localidades através do mapa do município de Vera Cruz, nós aplicamos
a pesquisa nas seguintes localidades: Cacha Pregos, Berlinque, Tairú, Barra Grande e Mar Grande.
Cacha Pregos: Iniciamos a aplicação dos questionários nesta localidade, entrevistando um
universo de três pousadas, dois restaurantes, e três barracas de praias, sendo enfocados os seguintes
questionamentos:
Pousadas - Nestes estabelecimentos identificamos proprietários com os seguintes graus de
escolaridade, um empresário com o 2º grau completo, um com nível superior, e um pós-graduado,
quantidade de funcionários em média de 2, sendo que na alta estação contratam mão de obra
temporária; origem da mão de obra dos municípios vizinhos, a exemplo de Jaguaribe, Nazaré das
Farinhas e Santo Antônio de Jesus, até porque nos informaram com o pessoal da comunidade não
gosta de trabalho, quantos ao incentivo da Prefeitura foi informado que não existe; o tempo que o
hóspede permanece no Meio de Hospedagem é, em média de 1,5 a 2, e de procedências nacionais,
municipais e internacionais, praticando tarifa diferenciadas na alta e baixa estação, varia de R$
80.00 a R$ 45.00; números de quartos de 10 a 12 com uma média de 28 leitos entre casal e solteiro,
alguns com beliches, todas oferecem café da manhã, o conhecimento da satisfação dos seus clientes
é através de elogios, mensagens e indicações de novos hóspedes. A coleta de lixo é processada
todos os dias. Existe uma consciência de alguns proprietários que deixaram claro que o seu hóspede
não é só da pousada, e sim da localidade, ele usufrui dos benefícios que a localidade lhe
proporciona, como uso a barraca de praia, restaurantes etc. Na qualidade da prestação dos serviços
classificaram-se como duas a três estrelas.
Restaurantes, Bares e Barracas de Praia: Nestes equipamentos a escolaridade fica entre o 1º e 2º
grau, a média é de 2 funcionários, na alta estação contratam mão de obra temporária dos municípios
vizinhos; origem da clientela é local, municipal, nacional e internacional; o material consumido é
adquirido nas localidades de Nazaré das Farinhas, Jaguaribe onde adquire todos os mariscos e Santo
Antônio de Jesus. Um dos itens questionados foi em relação a ofertar os serviços, um dos
entrevistados informou que a divulgação é através do carro de som, porém a concorrência é grande,
não havendo união por parte dos empresários. Houve um depoimento de Ricardo Maia dono da
Pousada Cacha Pregos sobre a necessidade de unir todos os empresários da área para uma maior
exploração do que eles têm para ofertar e através da união fazer de Cacha Prego uma localidade
melhor.
Berlinque: Nesta localidade o universo resumiu-se em um restaurante, o único que estava aberto
no momento da visitação, visitamos duas pousadas que estavam em reforma, uma outra fechada. O
36. - 36 -
grau de escolaridade do proprietário do restaurante é 2º grau completo, sua origem é de Amargosa,
mora na ilha há 14 anos, e a sua experiência anterior foi em restaurante; normalmente opera com 4
funcionários, faz algumas reformas no estabelecimento para alta estação e contrata novos
funcionários, toda matéria prima consumida no restaurante é adquirida em Santo Antônio de Jesus ,
Nazaré das Farinhas e da própria ilha quando se trata de mariscos, quanto ao processamento do lixo
é recolhido todos os dias.
Tairú: Nesta localidade só encontramos uma pousada aberta, a pessoa que nos atendeu informou
que era o proprietário, quando iniciou a entrevista teve dificuldade em responder algumas questões
e nos disse que só posteriormente para encontrarmos o dono, o mesmo estava em Salvador.
Barra Grande: Entrevistamos dois hotéis e três pousadas. Quanto ao nível de escolaridade, a
maioria possui 2º grau completo (3) enquanto outro possui o nível superior completo e outro possui
apenas o 1º grau, funcionando com uma média de três empregados, originados de Nazaré das
Farinhas e Santo Antônio de Jesus e áreas próximas, a procedência da clientela é bem
diversificada: municipal, estadual, nacional e em alguns períodos do ano, internacional, atendendo
com uma média de tarifa para os hotéis na alta estação de R$ 57,00 e na baixa estação de R$ 40,00,
e as pousadas cobrando uma tarifa de R$30,00 na alta estação e na baixa R$ 15,00. Oferecem em
média 10 quartos tipo apartamento alguns com tv, som, oferecem café da manhã, e quanto à
satisfação do cliente, ela é conhecida com o retorno ou indicação de novos clientes, porém em Barra
Grande a coleta de lixo continua precária. Continuando a pesquisa nesta localidade entrevistamos
duas lanchonetes e uma barraca de praia, onde um dos empresários tem o 1º grau o outro 2º grau,
tendo experiência anterior na própria área, um estabelecimento era do pai, outros trabalhavam na
área, no momento não tem funcionários, porém na alta estação contratam mão de obra que são de
localidades próximas como Nazaré das Farinhas e Santo Antonio de Jesus, não existe coleta de lixo,
porém todo o matéria- prima é da própria ilha, principalmente os mariscos, a clientela varia,
nacional, municipal, local, internacional principalmente no verão.
Mar Grande: No universo dos equipamentos de Meios de Hospedagem em Mar Grande
aplicamos a pesquisa em dois hotéis e seis pousadas onde obtivemos as seguintes informações:
quanto ao grau de escolaridade, quatro empresários têm 2º grau completo, dois não informaram e
dois têm nível superior, quanto à aquisição de mão de obra são da própria comunidade e Nazaré das
Farinhas. Alguns informam que não têm dificuldades para ofertar o serviço, porém outros informam
que a linha verde tirou muita clientela, quanto a capacitação da mão de obra alguns já tomaram
cursos no Sebrae e Senac. A média de permanência dos hóspedes no estabelecimento no máximo é
de dois dias, atendendo uma clientela internacional, nacional e municipal, quanto aos serviços
oferecidos ao cliente eles classificam-se como sendo de três a quatro estrelas, ficando dois
estabelecimentos sem responder quanto à classificação Em relação à tarifa aplicada na alta estação,
37. - 37 -
fica em média de R$ 90,00 a R$ 45,00 a diária, na baixa estação de R$ 40,00 a R$ 25,00, oferecem
apartamentos simples, duplo e triplo, apartamentos com frigobar, tv, ar-condicionado e piscina,
todos oferecem café da manhã, a satisfação do cliente é medida pelo retorno do mesmo e indicação
de novos clientes. A pousada Espelho do Mar tem um diferencial no atendimento, falam Italiano e
Holandês, oferecem eventos, passeios de bicicletas explorando novas trilhas, caiaques, etc. Quanto
a número de funcionários de 3 a 6 fixos e na alta estação contratam novos temporariamente.
Nas Barracas de Praia aplicamos a pesquisa em quatro estabelecimentos, onde a quantidade
de funcionários varia de dois a quatro, sendo moradores da própria comunidade, não oferecendo
cursos de capacitação, à proporção que contratam dão as orientações necessárias, tendo uma
clientela nacional, municipal e internacional, a exemplo do estabelecimento “Kioski Cuibar” do
proprietário Renato Matos, na hora da pesquisa estava com vários clientes da Holanda, França e
Canadá, quanto a satisfação do atendimento é sempre através dos elogios e retorno dos mesmos, em
relação a coleta do lixo informam que é um total abandono A visão deles em relação ao turismo é
que o município tem potencial, porém as autoridades públicas não possuem um profundo
conhecimento de planejamento turístico, deixando a ilha em total abandono, principalmente com a
infra-estrutura, ao lado desta barraca corre esgoto ao céu aberto impossibilitando que os clientes
ultrapassem para o outro lado da praia, os próprios barraqueiros é que tentam fazer barreiras com
areias para diminuírem o fluxo do esgoto e permitirem ida e vinda dos clientes, não há fiscalização
das Kombis que levam transportam os visitantes e comunidade dentro do município..
2.4 Diagnóstico da Oferta Diferencial
Nas visitas técnicas realizadas em Vera Cruz pôde-se constatar a diversidade de atrativos
naturais e culturais, com enorme potencial do município para a exploração de alguns segmentos
turísticos, como o turismo ecológico, esportivo, cultural e religioso.
Dentre os pontos positivos, destacam-se as ruínas das igrejas de Sto Antônio de Velasques,
Matriz de Nossa Senhora da Conceição e Nosso Senhor de Vera Cruz, cada uma delas com suas
particularidades e singularidades. Todas estão localizadas em pontos estratégicos, avistando o mar
ou o mangue, num contraste de cores que envolvem a Mata Atlântica sempre presente, o azul do
céu, nítido, além do horizonte que brilha intensamente como resultado do forte sol que reflete em
águas cristalinas.
As praias, ainda que pequenas, oferecem águas transparentes com temperatura agradável e,
normalmente, encontram-se em formato de baía aberta cercada por arrecifes, o que proporciona
calmos banhos de mar e favorece a prática de esportes náuticos. A praia de Cacha Pregos é ainda
38. - 38 -
banhada pelo Rio Jaguaripe, o que dá às suas águas a característica de serem salobras, turvas e
amarronzadas.
Uma localidade merece destaque e atenção especial: Baiacu. Localizada na contracosta do
município, a vila de pescadores reúne fatores que a tornam ímpar. Os terreiros de candomblé
dividem as ruas estreitas de forma harmoniosa com igrejas de várias religiões; os pescadores tecem
suas redes de forma artesanal, enquanto suas esposas ao sol, tratam a pesca que irá à mesa em
seguida; as crianças correm pelos mangues numa demonstração de total intimidade com a natureza.
Tudo isso envolto em densa Mata Atlântica, onde qualquer horizonte torna-se uma deslumbrante
paisagem, com as ruínas da Igreja de Sto Antônio de Velasques ao alto, abençoando o local.
No entanto, a falta de saneamento básico é um problema que aflige todo o município. Nos
mangues de Baiacu, assim como nos demais localizados entre as praias da costa, esgotos são
despejados a olho nu. Muito lixo pôde ser visto em toda a extensão do município, comprometendo e
degradando a imagem a imagem local.
A falta de sinalização, tanto dos atrativos quanto das localidades, prova o descuido das
autoridades com relação às mesmas, até pelo fato de Vera Cruz ser cortada por uma rodovia
estadual de grande importância, que é a BA 001, porém considerada uma das piores rodovias
brasileiras (Confederação Nacional dos Transportes, 2002).
É facilmente identificável a falta de consciência da comunidade local para o potencial
turístico do município e os cuidados que serão requeridos para a exploração da atividade.
As visitas que se seguiram de Maio a Setembro, permitiram o inventariamento de parte dos
principais atrativos turísticos do local, entre praias, igrejas e mangues, tendo sido utilizada a
metodologia da Embratur.
A ausência dos responsáveis pelas igrejas impediu a produção dos inventários das mesmas
(com base na categorização hierárquica da Embratur), portanto não sendo possível apresentá-las.
Em seguida, serão apresentados os inventários de oito praias da costa e um mangue da
contracosta do município. Estarão relacionadas ainda as igrejas visitadas, algumas fontes e datas
comemorativas do município.
CATEGORIA: ATRATIVOS NATURAIS
TIPO: Costas ou Litoral
SUBTIPO: Mangues
MANGUEZAL DE BAIACU
Hierarquia: III
Nome: Mangues de Baiacu
39. - 39 -
Localização: Centro – Baiacu – Vera Cruz – Baía de Todos os Santos
Detalhamento do acesso mais utilizado: Após atravessar a Baía de Todos os Santos, via Ferry Boat
ou lancha saindo do terminal do Mercado Modelo, segue-se na rodovia BA 001, chegando ao
entroncamento de Baiacu, percorrendo aproximadamente 8Km até chegar ao atrativo.
Descrição: A praia de baiacu situa-se na contra costa do município de Vera Cruz, possuindo grande
potencial de recursos naturais e paisagísticos, sendo o manguezal seu atrativo mais significativo. A
praia que dá acesso aos mangues tem uma extensão de aproximadamente 500m e 100m de largura
na maré seca. Tem uma profundidade de que vária de 1,0 a 2,5m, com águas turvas, calmas e
temperatura entre de 25°C a 28°C. Baiacu tem um grande potencial para o desenvolvimento de
atividades náuticas e turísticas como: a pesca esportiva, canoagem nos cursos dos mangues, passeio
de barco com guias locais, visita à colônia de pescadores (desenvolvendo atividades junto à
comunidade local). Apesar de toda beleza natural de Baiacu, a localidade apresenta muitos entraves
para o desenvolvimento da atividade turística, como lixo na praia e manguezais, ausência de
lixeiras, iluminação precária, falta de saneamento gerando poluição do manguezal e das águas, a
pesca de bomba, uma atividade predatória, ausência de restaurantes ou estabelecimentos do gênero
para atender às necessidades de turistas e visitantes. Baiacu apresenta um posto policial que
encontra-se fechado na maior parte do tempo.
As informações abaixo devem ser aplicadas a todos os inventários:
- Meios de acesso ao atrativo; rodoviário, pavimentado, bom. Atrativo Urbano; aéreo e
hidroviário (M / F).
- Tempo necessário para conhecer os atrativos; horas.
- Atividades ocorrentes; para as praias, mergulho, pesca, passeios de barco, jet-ski, banhos de
mar, jogos de areia. Para o mangue, pesca, passeios de barco e canoas.
- Origem dos visitantes; internacional, nacional, regional e local. Meses de maior visitação;
novembro a março.
- Integra roteiros turísticos comercializados? Sim, pelas agências Lilás e Tours Bahia.
- Transporte (tipo e frequência); ferries e lanchas, que saem diariamente do Terminal de São
Joaquim para Bom Despacho e do Centro Náutico da Bahia para o Terminal de Mar Grande,
consecutivamente. Transporte alternativo por meio de vans e kombis também são
frequentes.
- Observações complementares; infra-estrutura ineficiente, abastecimento de água e luz
existentes, telefones públicos e postos policiais.
40. - 40 -
Apesar da praia de Tairu não ter obtido a hierarquia* máxima obtida pelas praias (Hierarquia III),
de acordo com o inventário baseado na metodologia da Embratur, esta praia foi considerada pelo
grupo como a de maior beleza natural e mais indicada para os banhos de mar e sol.
* Com relação às hierarquias:
Hierarquia IV: atrativo turístico de excepcional valor e de grande significado para o
mercado turístico internacional, capaz, por si só, de motivar importantes fluxos de
visitantes, atuais ou potenciais, tanto internacionais como nacionais;
Hierarquia III: atrativo turístico muito importante, em nível nacional, capaz de
motivar um fluxo, atual ou potencial, de visitantes nacionais ou internacionais, por si
só ou em conjunto com outros atrativos contíguos;
Hierarquia II: identifica atrativo com algum interesse, capaz de estimular fluxos
turísticos regionais e locais, atuais ou potenciais, e de interessar visitantes nacionais
e internacionais que afluíram por outras motivações turísticas;
Hierarquia I: identifica atrativo complementar a outro de maior interesse, capaz de
estimular fluxos turísticos locais.
CATEGORIA: ATRATIVOS CULTURAIS
TIPO: Monumento
SUBTIPO: Arquitetura Religiosa
Igreja Matriz de Mar Grande;
Igreja de Santo Antônio de Velasquez (ruínas);
Igreja Matriz de Nossa Senhora de Conceição (ruínas);
Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Conceição);
Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Berlinque);
Igreja de Nosso Senhor de Vera Cruz (ruínas).
CATEGORIA: ATRATIVOS CULTURAIS
TIPO: Monumento
SUBTIPO: Arquitetura Civil/Fontes
Fonte da Tabatinga;
Fonte São Jorge;
41. - 41 -
Fonte do Tereré: manancial de água potável rica em magnésio, localiza-se na Ilhota;
Fonte e Cachoeira do Tororó: localizada em Matarandiba, esta queda d`água entre
pedras forma uma fonte próxima ao mar;
Fonte do Arcanjinha: fonte de água natural, envolta por um extenso manguezal,
também está localizada em Matarandiba;
Fonte da Quarta: fonte secular de água natural e própria para consumo, localizada na
Fazenda Caboto – Matarandiba;
Fonte do Catita: fonte de água natural e mineral está na estrada que liga Coroa /
Baiacu;
Fonte do Murici: poço natural, com nascente de água doce entre plantas e árvores
nativas da região. Localiza-se no loteamento Paraíso do Mar – Calado;
Fonte da Praia: fonte de água natural, com plantas nativas e vegetação rasteira, está
localizada no Calado;
Fonte do Sonrrisal: localizada em Aratuba, é uma fonte com bica, formada por rio de
água escura e uma bela cachoeira.
CATEGORIA: ATRATIVOS CULTURAIS
TIPO: Monumento
SUBTIPO: Outros Legados
Terreiros de Candomblé de Baiacu: preservação do culto de origem africana;
Ilê Axé Omindê – Ilhota;
Seita Angola Candomblé – Jiribatuba;
Terreiro Linha de Umbanda – Jiribatuba;
Candomblé de Angola;
Candomblé Queto;
Ilê Axé Baba Umi Orum;
Ilê Axé Odeba-Faromi;
CATEGORIA: MANIFESTAÇÕES E USOS TRADICIONAIS E POPULARES
TIPO: Festas, Comemorações e atividades
SUBTIPO: Religiosas
Festa de Bom Jesus dos Navegantes (Gamboa) – 01e 02 de Janeiro;
Romaria de Cacha Pregos (Cacha Pregos a Jiribatuba) – Janeiro ou Fevereiro - - -
data móvel;
42. - 42 -
Festa de Iemanjá – 2 de Fevereiro;
Festa de Nossa Senhora das Candeias (Ilhota) – 01 a 03 de Fevereiro;
Festa da Santa Cruz (Gameleira) – Maio;
Festa de Santo Antônio (Campinas) – 01 a 13 de Junho;
Festival do Vento e Festa de São Lourenço – 9 a 11 de Agosto;
Festa de Nosso Senhor de Vera Cruz – 13 a 16 de Setembro;
Ritual dos Eguns – 2 de Novembro;
Festa de Santa Luzia – 13 de Dezembro;
Festa de Nossa Senhora da Conceição (Sede e Conceição) – 08 de Dezembro.
CATEGORIA: MANIFESTAÇÕES E USOS TRADICIONAIS E POPULARES
TIPO: Festas, Comemorações e atividades
SUBTIPO: Populares e Folclóricas
Lavagem da Fonte (Matarandiba) – 25 de Junho;
CATEGORIA: ACONTECIMENTOS PROGRAMADOS
TIPO: Realizações Diversas
SUBTIPO: Artísticas e Culturais
Festival de Inverno (Mar Grande) – Julho;
2.5 Diagnóstico de Educação Ambiental
A comunidade escolhida pela equipe para trabalhar com o projeto de intervenção,
inicialmente, foi Baiacu. A segunda visita a localidade ocorreu no dia 17/08/03 onde foram
entrevistados 95 moradores do local, coletando inúmeras informações sobre o local, consolidando
dessa forma o projeto de intervenção Limpa Móvel.
Através do questionário aplicado junto à comunidade percebemos o quanto à comunidade
sofre com diversos problemas de ordem social e ambiental. Além disso, podemos observar que uma
boa parte da comunidade não tem conhecimento do que a atividade turística e a conscientização
ambiental podem trazer à sua comunidade.
43. - 43 -
Com aplicação dos questionários levantamos o conhecimento da comunidade a cerca do que
é Educação Ambiental e os principais problemas ambientais vividos por eles como: não possuírem
rede de esgoto, coleta de lixo adequada e diária, dificuldade de acesso à localidade, entre outros.
Atrelado a isso, tivemos a preocupação de saber sobre o interesse da população em relação ao
turismo e o que sabem a respeito dessa atividade.
Baiacu é uma comunidade que vive principalmente da pesca artesanal, com interferências da
pesca com bombas, e da coleta de mariscos no manguezal. Quanto ao grau de escolaridade, a
maioria não tem o ensino fundamental completo. Apesar deles conviverem com a atividade do
Turismo que é praticado no restante da Ilha; eles não têm consciência do que consiste a atividade
turística e o que ela pode trazer de desenvolvimento (positivo e negativo) para a comunidade.
Toda a aplicação dos questionários foi feita com os próprios nativos da região de faixa etária
entre 15 a 65 anos. A maioria não tinha idéia de como poderiam melhorar a sua comunidade a cerca
dos problemas por eles vividos e não tinham conhecimento de nenhum projeto de Educação
Ambiental desenvolvido na localidade. Mas todos mostraram interesse em participar do projeto de
intervenção propostos pela equipe.
A tabela 12 mostra os principais problemas que incomodam a comunidade de Baiacu, foram
levantados os seguintes pontos: o mau cheiro e a fossa sanitária com 7,37%; falta de opção de
trabalho com 2,11%; lixo com 54,74%; transporte com 4,21%; esgoto com 18,95%; violência e
drogas com 2,11% e pobreza com 1,03%.
Tabela 12
Baiacu
Principais problemas que incomodam a comunidade
2003
Variáveis Valor Absoluto (fx) Valor Relativo (fx%)
Mau cheiro 7 7,37
Fossa Sanitária 7 7,37
Falta de opção de trabalho 2 2,11
Lixo 52 54,74
Transporte 4 4,21
Esgoto 18 18,95
Violência 2 2,11
Drogas 2 2,11
Pobreza 1 1,03
Total 95 100
FONTE: Pesquisa de Campo
44. - 44 -
Na tabela 13 foram levantadas as soluções dadas pelos entrevistados para a resolução dos
problemas da comunidade de Baiacu nos quais se destacaram: a troca de governo com 22,11%;
aumentar as opções de emprego com 11,58%; retirada do lixo das rua pela prefeitura com 41,05%; a
melhoria do ensino público com 3,16%; melhoria na infra-estrutura nos quais se destacam as
estradas o saneamento básico com 5,26% e os que não sabem opinar com 5,26%.
Tabela 13
Baiacu
Soluções dadas pelos entrevistados para resolver os problemas da comunidade
2003
Variáveis Valor Valor Relativo
Absoluto (fx%)
(fx)
Trocar o governo 21 22,11
Aumentar as opções de emprego 11 11,58
Prefeitura tirar o lixo das ruas 39 41,05
Governo melhorar o ensino público 3 3,16
Melhorar a infra-estrutura (estradas,saneamento 16 16,84
básico, etc)
Não sabe 5 5,26
Total 95 100
FONTE: Gregório, Jaqueline; 2003
Na tabela 14 foi levantada a questão da rede de esgoto nas casas da localidade de Baiacu,
esse ponto foi abordado por causa do grande número de esgotos a céu aberto na localidade, na
pesquisa os moradores em sua maioria informou que em casa não possuía rede de esgotos com
96,84% e os que possuíam 3,16%.
Tabela 14
Baiacu
Entrevistados que são atendidos por rede de esgoto
2003
Variáveis Valor Absoluto (fx) Valor Relativo (fx%)
Possui rede de esgoto em casa 3 3,16
45. - 45 -
Não possui rede de esgoto em casa 92 96,84
Total 95 100
FONTE: Gregório, Jaqueline; 2003
Em relação à tabela 15 foi levantada a questão da distribuição de água encanada nas casas da
localidade de Baiacu, onde fomos informados que 98,95% das casas que foram pesquisadas tinham
água encanada, sendo registrada 1,05% que totalizam que apenas uma não possuía.
Tabela 15
Baiacu
Entrevistados que são atendidos pelo serviço de água encanada
2003
Variáveis Valor Absoluto (fx) Valor Relativo (fx)
Possui água encanada em casa 94 98,95
Não possui água encanada em casa 1 1,05
Total 95 100
FONTE: Gregório, Jaqueline; 2003
A tabela 16 mostra a distribuição dos entrevistados pelas principais fontes de renda, onde
foram levantadas as seguintes: a maioria da população de Baiacu sobrevive da pesca sendo 83,16%
dos entrevistados, as demais vivem do comércio informal com 12,63% dos entrevistados e os
demais sobrevivem da agricultura com 1,05% e outros são funcionário público que é 3,016%.
Tabela 16
Baiacu
Principais fontes de renda da comunidade
2003
Variáveis Valor Absoluto (fx) Valor Relativo(fx%)
Pesca 79 83,16
Comércio Informal 12 12,63
Agricultura 1 1,05
Funcionário Público 3 3,16
Total 95 100
FONTE: Burgos, Fernanda; 2003