O documento fornece informações sobre a elaboração de textos, incluindo três etapas: 1) planificação, com momentos para gerar ideias, selecioná-las e ordená-las; 2) redação, com normas gramaticais e estilísticas; 3) revisão, para correção ortográfica e melhoria da expressão. Também discute elementos de uma dissertação e como construir textos argumentativos de forma coerente e progressiva.
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Produção de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativo
1. Percursos da escrita
Ficha informativa
1ª etapa: Planificação (a planificação exige um percurso com vários
momentos)
1º momento
Escolhido o assunto a desenvolver, deve registar todas as ideias que lhe
vierem à mente sem qualquer preocupação de ordenação. É uma listagem
desordenada.
2º momento
Releia a listagem e, tendo em mente o assunto escolhido seleccione apenas as
ideias e as frases que são úteis, pondo de parte as inúteis e supérfluas. Nem
tudo o que escreveu no primeiro momento interessa.
3º momento
Seleccionadas as ideias, há que colocá-las por uma determinada ordem
porque um texto é um tecido ordenado. O caminho a seguir pode ser duplo: do
mais importante para o menos importante ou vice-versa. A ordenação deve ser
visível.
4º momento
Da posse dos dados anteriores, é a altura de traçar o plano do texto. De
forma geral, o texto deve ser estruturado nos três momentos clássicos:
introdução, desenvolvimento e conclusão.
A introdução deve indicar o assunto que vai ser desenvolvido e o plano que
se vai seguir. Deve ocupar um ou dois parágrafos.
O desenvolvimento retoma as ideias já seleccionadas, desenvolve-as, de
modo que haja dinâmica e progressão, exemplifica para tornar mais evidente a
realização do tema e estabelece as relações de semelhança ou de oposição,
de causa ou consequência, ou outras, utilizando os conectores do discurso,
indicados abaixo.
A conclusão é importante porque deixa a última impressão.
2ª etapa: a redacção
É necessário recordar algumas normas.
a) As frases devem ser completas.
b) A cada ideia completa deve corresponder um parágrafo.
c) Para a expressão lógica das ideias, é preciso utilizar com cuidado:
• a coordenação e a subordinação. (O uso sistemático da coordenação,
sobretudo da conjunção e, torna o discurso pobre e próximo da língua falada.)
• os conectores ou os articuladores do discurso. Eis os principais.
Para explicitar:
isto é, ou antes, ou melhor, neste caso, sendo assim, por vezes, aliás, etc.
Para provar:
com efeito, sem dúvida, na verdade, deste modo, efectivamente, etc.
Para exemplificar:
por exemplo, importa salientar, assim, tome-se como exemplo, etc.
Para reforçar ideias:
além disso, como já foi dito, por esta razão, etc.
Para atenuar, restringir ou opor ideias:
mas, no entanto, pelo menos, todavia, contudo, ressalve-se, etc.
Para concluir:
1
2. finalmente, em conclusão, consequentemente, etc.
3ª etapa: a revisão
Os grandes escritores confessam que revêem várias vezes os seus
originais. Após ter escrito o seu texto, também vai ter necessidade de fazer
uma revisão para corrigir determinadas faltas.
a) A ortografia
Há, por vezes, palavras mal escritas ou sobre as quais temos dúvidas. Será
necessário consultar um dicionário, se não formos capazes de as resolver.
b) A acentuação
Todas as palavras estão bem acentuadas? No caso de dúvida, consulte-se
o dicionário.
c) As repetições
Quantas vezes se repetiu a mesma palavra? Como é que se podem evitar
as repetições?
Temos à mão os pronomes que podem substituir os nomes; temos à mão os
sinónimos de palavras repetidas; por vezes, a omissão da palavra repetida é a
solução. Lembremos o caso dos verbos que, em certos contextos, implicam o
sujeito não expresso.
d) A pontuação
É necessário dominar as regras da pontuação.
e) O vocabulário
Quando escrevemos um texto, devemos evitar dois defeitos: o uso de
palavras banais e o uso de palavras ditas "difíceis". No primeiro caso, o texto
será muito pobre e poderá confundir-se com um texto oral; no segundo caso, é
errado pensar que o texto vale mais por conter palavras "difíceis". O melhor
método é saber escolher os vocábulos mais adequados às ideias que
queremos exprimir. A revisão do texto escrito permite a selecção do melhor
vocabulário.
f) A expressividade
Na alínea anterior já se evidenciou a necessidade de saber usar um
vocabulário preciso.
Agora insiste-se na expressividade, isto é, numa qualidade que torna o texto
mais belo. Não se pedem textos de nível literário, mas que sejam usados
alguns recursos já conhecidos, como, por exemplo, a personificação, a
comparação, a metáfora, etc.
A expressividade resulta da conjugação de vários factores, desde o
vocabulário com maior capacidade de significação, a combinação da
coordenação e da subordinação, até às figuras de estilo, usadas com
moderação e saber. A título de exemplo, vejamos uma frase de Miguel Torga
usada no conto Natal (Novos Contos da Montanha):
"Agora albergar o corpo e matar o sono naquele santuário colectivo da fome,
podiam"
Não é difícil destacar a expressividade do vocabulário; mas o que chama de
imediato a nossa atenção é a rica expressão "santuário colectivo da fome".
Com palavras simples, Miguel Torga exprimiu a ideia da pobreza de toda a
gente de uma forma extremamente bela.
É necessário usar a nossa imaginação e a nossa criatividade.
g) A caligrafia
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3. Nunca é de mais salientar a necessidade de escrever de forma legível. Que
má impressão nos causa uma caligrafia tosca, mal desenhada, por vezes
indecifrável! Parece que já não se aprende a desenhar as letras correctamente.
Quem lê manuscritos antigos não deixa de se deleitar com a beleza de uma
caligrafia com requinte de arte. O que se pede é que se escreva de forma bem
legível.
Os Cinco Pecados da Composição
• Ordenação de ideias: A falta do hábito de escrever, leva a que muitas
vezes o texto fique sem encadeamento e pode ficar incompreensível. O
que sucede é que o aluno parte de uma ideia para outra sem critério,
sem ligação.
• Coerência e coesão: A falta de coerência ocorre com frequência nos
textos dos alunos. Apresentam um argumento para contradizê-lo mais
adiante. Já a redundância denuncia outro erro bastante comum: falta de
coesão. O aluno dá voltas ao assunto, sem acrescentar dado novo. É
típico de quem não tem informação suficiente para compor o texto.
• A inadequação: É um tipo de erro capaz de aparecer inclusive em
textos correctos na gramática e ortografia e coerentes na estrutura.
Nesse caso, os alunos costumam fugir ao tema proposto, escolhendo
outro argumento, com o qual tenham maior afinidade. O distanciamento
do assunto pode custar pontos importantes na avaliação
• Estrutura dos parágrafos: Normalmente os alunos têm dificuldades em
organizar o texto em parágrafos. Sem a definição de uma ideia em cada
parágrafo, o texto fica mal estruturada. Um erro muito comum é cortar a
ideia num parágrafo para a concluir no seguinte. Muitas vezes deixam o
pensamento sem conclusão.
• Estrutura das frases: Erros de concordância nos tempos verbais,
fragmentação da frase, separar o sujeito de predicado, utilização
incorrecta de verbos no gerúndio e particípio são algumas das falhas
mais comuns nos textos dos nossos alunos. Esses erros comprometem
a estrutura das frases e prejudicam a compreensão do texto.
Dissertação
Consiste numa exposição e desenvolvimento de ideias a respeito de um
determinado assunto. É preciso dominar o assunto, possuir argumentos
fundamentados e uma boa colocação de ideias.
Baseia-se na argumentação; é um texto argumentativo. Parte de uma
ideia, tema. Tem como dever: expor, analisar, explicar, criticar, classificar,
defender.
Dissertação: uma tarefa difícil?
Tipos de raciocínio num texto argumentativo:
indutivo do particular para o geral
dedutivo do geral para o particular
( hipotético dedutivo...)
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4. Técnicas argumentativas
1. Argumentos sustentados por uma citação de alguém que já
escreveu sobre o assunto.
2. Argumentos por comprovação, que são sustentados por factos reais
ou dados competentes.
3. Argumentos por raciocínio lógico, que são sustentados por uma
relação de causa e consequência; tentam persuadir o leitor a partir da
relação entre as ideias.
4. Argumentos por comparação e/ou contraste.
Elementos qualificadores do texto dissertativo
• Concisão
O texto conciso é aquele que transmite um máximo de informações com um
mínimo possível de palavras sem prejuízo da compreensão.
• Coesão
União entre as partes de um todo, conexão.
• Coerência
• Resultado da presença de coesão entre as ideias expressas no texto e da
perfeita ligação entre a ideia principal e as secundárias.
• Unidade
Elemento que garante a lógica entre as partes.
Para fazer um texto dissertativo
Deve-se percorrer três etapas para fazer o texto dissertativo.
A primeira é definir um ponto de vista sobre o tema proposto. Ou seja,
identificar claramente o que pensa a respeito do assunto.
A partir daí, é preciso pensar em argumentos capazes de sustentar a ideia.
O último passo é a escolha de uma experiência pessoal que ilustre a
argumentação apresentada no texto. – O exemplo é extraído da realidade,
enquanto o argumento é obtido por meio do raciocínio.
Como se constrói um texto argumentativo?
I - Estrutura do texto / Progressão temática
1. Introdução: Parágrafo inicial no qual se apresenta a proposição (tese, opinião,
declaração).
Deve ser apresentada de modo afirmativo, claro e bem definido, sem referir ainda
quaisquer
razões ou provas.
2. Desenvolvimento: Análise/explicitação da proposição apresentada; apresentação
dos
argumentos que provam a verdade da proposição: factos, exemplos, citações,
testemunhos,
dados estatísticos.
3. Conclusão: Parágrafo final, no qual se conclui com uma síntese da demonstração
feita no
desenvolvimento.
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5. II - Escolha e ordenação dos argumentos
Para uma correta construção argumentativa, é fundamental a escolha dos argumentos
que
suportam a demonstração da verdade da tese. Eles devem ser pertinentes e
coerentes, apresentados de forma lógica e articulada. Assim deve-se:
• encontrar os argumentos adequados;
• recorrer, sempre que possível e desejável, à exemplificação, à citação, à analogia, às
relações
causa-efeito;
• organizar os argumentos por ordem crescente de importância, do menos para o mais
importante.
III - Adequação do texto ao objetivo e ao destinatário
A construção de um texto argumentativo deve ter em conta a sua finalidade e também
o
leitor/ouvinte ao qual se destina (para informar, convencer, emocionar). Deve, pois:
• usar um registo adequado à situação e ao destinatário;
• utilizar referências de conteúdo que o destinatário possui, de forma a que este o
possa interpretar corretamente.
IV - Articulação e progressão do discurso
O texto deve apresentar-se como um todo coeso e articulado, através do
estabelecimento de uma
rede de relações lógicas entre as palavras, as frases, os períodos e os parágrafos que
o constituem. Deve, além disso, recorrer a processos de substituição, usando palavras
ou expressões no lugar de outras usadas anteriormente. Deve igualmente
corresponder à construção de um raciocínio que se vai desenvolvendo gradualmente.
Estas características são conseguidas através da correta utilização e combinação dos
elementos linguísticos do texto:
• correta estruturação e ordenação das frases;
• uso correto dos conectores do discurso;
• respeito pelas regras de concordância;
• uso adequado dos pronomes que evitam as repetições do nome;
• utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos,
hiperónimos e
hipónimos.
A progressão e articulação do texto é conseguida sobretudo através do uso de
conectores ou
articuladores do discurso que vão fazendo progredir o texto de uma forma coerente e
articulada.
Conectores do discurso
Vimos que, para cumprir o seu objetivo - persuadir - o texto argumentativo deve
apresentar-se como uma construção lógica, na qual o raciocínio é apresentado de
forma progressiva e articulada. Para isso, é fundamental uma boa utilização dos
articuladores ou conectores do discurso - advérbios, locuções adverbiais,
conjunções, locuções conjuncionais e mesmo orações completas. Alguns desses
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