1. O documento descreve a Semana da Água na Bacia do Capibaribe realizada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Capibaribe (COBH Capibaribe) entre 20 e 30 de março de 2010, com diversas atividades de mobilização e conscientização sobre a qualidade da água e a conservação do rio Capibaribe.
2. No dia 22 de março, Dia Mundial da Água, foram realizadas atividades simultâneas em seis pólos distribuídos na bacia, incluindo avalia
3. Realização: Comitê da Bacia Hidrográfica do Capibaribe (COBH Capibaribe)
Apoio na execução: Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE),
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rede de Resistência Solidária,
Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e Trilovita Produções
Patrocínio:
Secretaria Estadual de Recursos Hídricos e Energéticos (SRHE)
Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa)
Participação:
Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos (SRHE)
Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa)
Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH)
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Universidade de Pernambuco (UPE)
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)
Prefeitura da Cidade do Recife
Prefeitura de Camaragibe
Prefeitura de Limoeiro
Prefeitura de Paudalho
Prefeitura e Vitória de Santo Antão
Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe
Prefeitura de Brejo da Madre de Deus
Prefeitura de Salgadinho
Prefeitura de Taquarintiga do Norte
Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE)
Instituto Capibaribe
Associação dos Amigos do Poço da Panela (AMAPP)
Movimento Salve o Capibaribe
Fórum Ama Recife
Rede de Resistência Solidária
Projeto Eu quero nadar no Capibaribe. E você?
Sociedade de Apoio ao Meio Ambiente e Desenv. Sustentável (Amatur)
Associação Terra Lumens
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
Federação Pernambucana de Remo
Departamento de Remo Sport Club do Recife
Centro de Defesa das Águas e da Natureza (Cedan)
Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE)
Serviço Nacional da Indústria (SENAI)
Rotary Club
Usina Petribú S.A
Engarrafamento Pitu
MID Comunicação
3
4. Escolas públicas e privadas
Comissão de Coordenação de Semana da Água no Capibaribe:
Coordenação geral:
Ricardo Braga
Atividade 1 - Avaliação participativa da qualidade da água do Capibaribe
Paulo Tadeu
Joaquim de Paula
Arnaldo Vitorino
Maria José Cordão
Atividade 2 - Carta e Termo de Adesão ao Capibaribe
Ivan Melo
Alcides Tedesco
Marcelo Mesel
Ricardo Braga
Atividade 3 - Painel coletivo: realidade e sonhos sobre o rio Capibaribe
Julien Ineichen
Caju
Atividade 4 - Mascote do Capibaribe
Leda Telles
Janaína Loureiro
Vanice Selva
Atividade 5 – Pólos de mobilização
Santa Cruz do Capibaribe – Arnaldo Vitorino
Limoeiro – Julia Alves Rodrigues
Paudalho – Diogo Falcão
Vitória de Santo Antão - Raimundo Canejo
Camaragibe – Pedro de Melo
Recife - Marcelo Mesel
Atividade 6 – Visita às nascentes do Capibaribe
Ricardo Braga
Atividade 7 - Assembléia aberta do COBH - Culminância
4
5. Ricardo Braga
Relação dos participantes na organização da Semana da Água:
Nome Entidade
Ricardo Braga UFPE
Julia Alves Rodrigues AMATUR
Lêda Telles Instituto Capibaribe
Inalda M Baptista Sociedade Auxiliadora da Agricultura
Maria Angelica Alves Associação Terra Lumens
Pedro Aurélio Borba de Melo Prefeitura de Camaragibe
Paulo Tadeu Ribeiro de Gusmão UFPE
Ivan Viera de Melo UFPE
Jair dos Santos CEDAN-PE
Raimundo Canejo. Pitú
Joaquim de Carli de Paula ONG Pedra D’água
José Inaldo Parque do Cordeiro
Marcelo Mesel SNE
Arnaldo Vitorino Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe
Nívia Carla Lima Secretaria de Saúde de Pernambuco
Helio Oliveira A. SRH
Julien Ineichen Eu quero nadar no Capibaribe, E você?
Maria Lorenzza P. SRH
Anna Paula Maia SRH
Veronica Cidreira Fiepe
Alcides Restelle Tedesco AMAPP / Salve Capibaribe
Marisa Figoroa SRH
Jaymary Martins C. de Arruda Prefeitura de Taquarintiga do Norte
Elizabeth Szilassy Prefeitura de Brejo da Madre de Deus
Leandro Teixeira dos Santos Prefeitura do Paudalho
Alexandre Lins Federação PE de Remo
Juliana Ferreira de Melo Calado CPRH
Maria José de S. Cordão CPRH
Ricardo Mendes Silva Usina Petribú S.A
Diogo Falcão Prefeitura do Paudalho
Bartolomeu Franco Fórum Ama recife
Aluisio Maranhão Rotary Club
Alberto Pestrelo Compesa / GMA / DEM
José Antonio P. Bastos Prefeitura de Salgadinho
Gilmara Alzira Generoso CPRH
Luciana Beltrão Prefeitura de Limoeiro
Janaina Lourenro Prodema - UFPE
Vanice Silva Prodema - UFPE
Tiago Miranda Dep. de Remo Sport Clube do Recife
Gleydisson Mendes Prorural
Maria do Socorro de Santana Escola Conde Pereira Carneiro
Severino Arruda da Silva Gerência de Direitos Humanos- SEDE
Cajú Rede de resistência
Wellington Eliazar Agência. Condefe / FIDEM
Emanuel Rodrigo AMATUR
José Cleiton Carponet RRS mangue
José Renato S. Filho Escola Ambiental Águas Capibaribe
Solange Macedo SIMPEPE
Patrícia Amon Sec. de Meio Ambiente
Manassés Rocha SNE
5
6. SUMÁRIO
1 – Introdução
2 – Evento do Dia da Água
2.1 – Pólos de mobilização
2.2 – Avaliação Participativa da qualidade da água
2.3 – Lançamento do mascote do Capibaribe
3 – Visita às nascentes do Capibaribe
4 – Culminância - Assembléia Geral Aberta do COBH
Capibaribe
4.1 - Resultados da avaliação participativa da qualidade da
água na bacia do Capibaribe
4.2 - apresentação dos painéis coletivos: sonhos e realidades
sobre o Capibaribe
4.3 – Anúncios da assinatura dos Termos de Adesão ao
Capibaribe
6
7. 1 – Introdução
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Capibaribe, também chamado de COBH
Capibaribe, foi criado em março de 2007, sendo o mais novo comitê de bacia
do Estado. Insere-se no Sistema Estadual de Recursos Hídricos de
Pernambuco, que como o sistema nacional, orienta para a gestão
compartilhada das águas, prevendo-se que desempenhe papel estratégico no
planejamento e definição de ações hídricas prioritárias na bacia e que contribua
efetivamente para a solução de conflitos ambientais e de usos da água.
Como colegiado gestor, de caráter consultivo e deliberativo, o COBH
Capibaribe possui 45 membros institucionais, sendo 40% de governos, 40% de
usuários da água e 20% da sociedade civil organizada, incluindo o setor
acadêmico.
Uma das atribuições do COBH é promover a discussão e o entendimento sobre
temas hidroambientais de interesse da bacia, contribuindo para o avanço no
nível de organização interna e de influência na solução dos problemas. Por isso
o COBH aproveita o Dia da Água para articular e mobilizar em torno da
bandeira do Capibaribe, este ano recebendo o reforço de vários movimentos e
entidades, que não fazem parte da composição oficial do próprio COBH.
Neste ano ampliamos o evento para uma semana, que foi do dia 22 até 30 de
março. Alargamos também o raio de atuação, deixando de ser um evento
exclusivamente em Recife para abranger toda a bacia, cobrindo o Alto, Médio e
Baixo Capibaribe.
Ocorreram cinco ações básicas, em que cada pessoa ou entidade pôde se
envolver: criação de painéis sobre o rio Capibaribe (em seis pólos na bacia),
avaliação participativa da qualidade da água do rio (em cinco municípios),
lançamento do guardião das águas (boneco Capivara, como mascote),
lançamento do Termo de Adesão ao Capibaribe (comprometimento de
instituições com o rio) e um evento de culminância, em Assembléia Geral do
COBH Capibaribe, que foi aberta, com apresentação dos resultados da
semana.
Mas, temos que ter clareza de que a Semana da Água é um instrumento de
mobilização, portanto, apenas um meio e não o fim. Por isso, convidamos a
todos a continuarem articulados e mobilizados, em uma caminhada o
permanente, denunciando, criticando, mas também propondo e contribuindo
objetivamente com soluções sustentáveis, de recuperação da bacia
hidrográfica do Capibaribe.
Para alimentar esta perspectiva, transcrevemos abaixo a Carta do Capibaribe,
que lançamos este ano, durante a Semana da Água na Bacia do Capibaribe.
7
8. Capibaribe das águas limpas, por que não?
“O rio Capibaribe é motivo de prosa e poesia, história, produção
econômica e vida. O antigo rio das capivaras está na consciência do
pernambucano como um ícone fluvial do nosso Estado e um bem o qual todos
se orgulham, e por isso mesmo dificilmente alguém seria contra a sua
proteção. Mas, por que ele está quase morto?
Este rio, que com seus afluentes atravessa 42 municípios e se estende
por 270 km de percurso, ocupando cerca de 8% do território de
Pernambuco, continua a sofrer as conseqüências do mau uso por aqueles
que teoricamente o valorizam. Padece com o desprezo de pessoas que jogam
lixo, de empresas que despejam seus efluentes sem tratamento e até de
órgãos públicos, que, por falta de recursos ou prioridade, não controlam a
poluição e por vezes até contribuem para aumentá-la.
A bacia do rio Capibaribe está enormemente desmatada, restando pouco
da Mata Atlântica e da Caatinga e os solos estão empobrecidos pela erosão e
pelo uso de agrotóxicos, que também contaminam as águas. Além disso,
apenas quatro cidades das 27 banhadas pelo rio Capibaribe possuem
sistemas de esgotamento sanitário, assim mesmo atendendo só
parcialmente seus munícipes. Se usinas de açúcar e álcool diminuíram o
lançamento de vinhoto, outras indústrias ampliaram seus despejos. Para
completar, a totalidade das prefeituras não destina adequadamente o lixo
coletado, agravando a escala do problema da poluição hídrica na bacia.
Nesse contexto é fundamental lembrar que a bacia do rio Capibaribe fornece
água para quase 2 milhões de habitantes, a maioria do Recife, além de
atender grande parte das indústrias e de áreas irrigadas para a produção de
alimentos.
Mesmo reconhecendo-se que existe, atualmente, a percepção dos governantes
quanto à necessidade da gestão integrada das águas, e que os discursos
empresariais são na direção da sustentabilidade ambiental, ainda estamos
muito longe de um planejamento eficaz para a recuperação do nosso rio
Capibaribe.
Por tudo isso, convocamos as pessoas e as instituições, públicas e
privadas, para o planejamento e engajamento em ações efetivas e, assim,
podermos reverter o quadro de degradação do rio Capibaribe, assumindo
compromissos pela sua proteção e atuando para a conservação e recuperação
da bacia hidrográfica.
Afinal, queremos e precisamos do rio Capibaribe de águas limpas, por que
não?”
8
9. 2 – Evento do Dia da Água
No dia 22 de março (em uma segunda feira), celebrando o Dia Mundial da
Água, o COBH Capibaribe realizou diversas atividades simultâneas, com a
participação dos seus membros e de outras entidades e pessoas,
comprometidas com a causa da recuperação e conservação da bacia do
Capibaribe. Essas atividades estão descritas abaixo.
2.1 – Pólos de mobilização
A realização de eventos simultâneos ocorreu em seis pólos, distribuídos no
Alto, Médio e Baixo Capibaribe, nos municípios de:
Santa Cruz do Capibaribe – Escola Estadual Pe. Zuzinha
Limoeiro - Praça da Bandeira
Paudalho - Salão de Festas do Parque de Eventos Beira Rio
Vitória de Santo Antão – Praça Poliesportiva do Alto da BelaVista
Camaragibe – Rua Belmino Correia, na entrada da cidade
Recife - Rua da Aurora, próximo à ponte Limoeiro
Durante a atividade, em cada pólo, houve a construção de painéis coletivos em
parede, com o tema: sonhos e realidades sobre o rio Capibaribe. Além disso,
ocorreram apresentações artísticas e mobilizações festivas, com participação
de associações, escolas, órgãos públicos, empresas e população em geral. Em
cada evento também aconteceram falas de apoio, por autoridades públicas e
lideranças da sociedade civil, com assinatura do Termo de Adesão ao
Capibaribe.
Importante salientar o papel dos apoios e da organização local, que
transcenderam a própria organização exclusiva pelo COBH, levando a
mobilizações que, em alguns casos, ultrapassou a mil pessoas. Isto não seria
possível sem o engajamento dos agentes locais e a sensibilização de
entidades, públicas e privadas da região, para a problemática do rio
Capibaribe.
2.2 – Avaliação participativa da qualidade da água
Diante do slogan adotado pelo COBH Capibaribe neste ano: “Capibaribe das
águas limpas, por que não?”, surge imediatamente um outra pergunta: “como
está a água do rio?”
9
10. Esta resposta poderia ser dada lendo-se os relatórios anuais de monitoramento
da qualidade da água, elaborados pela CPRH, mas a organização do evento
entendeu que seria muito importante envolver as pessoas nessa descoberta, a
partir da avaliação participativa da qualidade da água na bacia do rio
Capibaribe, mobilizando alunos e professores de escolas públicas e privadas
locais. (Figuras 1 e 2)
Para isso foram definidas 10 estações de amostragem de qualidade da água,
para análise de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos. As estações
situaram-se antes e depois de cinco cidades importantes na bacia: Santa Cruz
do Capibaribe, Limoeiro, Paudalho, Vitória de Santo Antão e Recife. No caso
da cidade do Recife, o último ponto foi na Ponte da Capunga.
Para viabilizar resultados confiáveis, antes foram realizadas duas capacitações
para coleta e análise das amostras, nos dias 15 e 16 de março,
respectivamente em Santa Cruz do Capibaribe e em Carpina, reunindo os
participantes por proximidade geográfica.
Figuras 1 e 2 -Avaliação da qualidade da água por adolecentes
2.3 – Lançamento do mascote do Capibaribe
Os participantes da organização da Semana da Água no Capibaribe
resolveram criar um mascote, para representar o empenho de todos na defesa
do rio Capibaribe. Este mascote é uma capivara, sob a forma de boneco, criado
pelo artista plástico Silvio Botelho. (Figura 3)
A apresentação do boneco Capivara, considerado a partir de agora como
nosso guardião das águas, foi lançado no Pólo da rua da Aurora, em Recife.
Na ocasião os participantes fizeram uma manifestação coletiva, puxada pelo
novo mascote.
10
11. A capivara, que é uma espécie típica da América do Sul, é o maior roedor do
mundo e aprecia morar junto a rios e lagos. Na língua tupi, Capibaribe significa
rio das capivaras, daí a justificativa da escolha.
Figura 3- presença do boneco Capivara nas manifestações
3 – Visita às nascentes do Capibaribe
O Comitê da Bacia do Rio Capibaribe foi convidado pela Compesa a
participar de uma visita às nascentes do rio Capibaribe, no município
de Poção, ocasião em que, com a presença do governador Eduardo
Campos, houve o anúncio da assinatura de contrato entre o governo
de Pernambuco e o Banco Mundial, para execução do Programa de
Sustentabilidade Hídrica, que prevê o saneamento de vários
municípios da bacia do Capibaribe.
O evento ocorreu no domingo, 28 de março, incluindo a visita à
nascente do rio Capibaribe e o plantio de árvores no local, seguido de
almoço.
Apesar do pouquíssimo tempo para convite e mobilização dos
membros do COBH, uma boa representação esteve presente,
11
12. deslocando-se até o local em microônibus fretado (Figura 4 e 5). Este
foi um bom momento para conhecer as nascentes do rio Capibaribe e
apoiar uma iniciativa objetiva pela recuperação do nosso rio.
Figura 4 – Encontro de membros do COBH com o Governador e o Secretario
de recursos Hídricos.
12
13. Figura 5 – Membros do COBH na nascente do Capibaribe.
4 – Culminância - Assembléia Geral Aberta do COBH
A XIII Assembléia Geral Aberta do COBH Capibaribe aconteceu no Auditório do
Senai, 1º andar da Casa da Indústria, na esquina da Av. Norte com a Cruz
Cabugá, em Recife. Participaram membros do COBH Capibaribe, autoridades,
imprensa e convidados. (Figura 6)
A programação constou de:
9:00 h – abertura e breves apresentações artísticas
9:30h – Apresentação sobre o Plano de Sustentabilidade Hídrica, por José
Mázio (SRH/Proágua)
10:00 h – apresentação e discussão sobre os resultados da avaliação
participativa da qualidade da água na bacia do Capibaribe
10:30 h - apresentação dos banners dos painéis coletivos produzidos nos seis
pólos de mobilização no Dia da Água
13
14. 11:00 h - Assinatura de Termos de Adesão ao Capibaribe – por representantes
legais de instituições presentes ao evento
11:30 h - Anúncio das entidades que assinaram o Termo de Adesão durante a
Semana da Água
12:00 h – Encerramento do evento
Figura 6- evento de culminância da semana da água.
4.1 - Resultados da avaliação participativa da qualidade da água na bacia
do Capibaribe
Todos os trechos do rio Capibaribe e seus afluentes estão enquadrados na
Classe 2, de acordo com o Sistema de Classificação das Águas Doces do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Isto significa que suas
águas devem ter qualidade adequada para: consumo humano, após tratamento
convencional; proteção das comunidades aquáticas; recreação de contato
primário (tais como natação, esqui aquático e mergulho); irrigação de
hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer;
aqüicultura e atividades de pesca.
14
15. A qualidade das águas de Classe 2 é definida por padrões físicos, químicos e
microbiológicos, tais como: turbidez, cor verdadeira, demanda bioquímica de
oxigênio, pH, concentrações de oxigênio dissolvido, de nutrientes (nitrato e de
fósforo total), de bactérias coliformes termotolerantes (fecais), de
cianobactérias, etc dentro da programação da Semana da Água no Capibaribe,
promovida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Capibaribe.
A avaliação participativa da qualidade das águas da bacia do Rio Capibaribe foi
realizada no dia 22 de março, por equipes (professores e alunos) de escolas
públicas e privadas, localizadas na bacia do rio. Equipes de alunos e
professores das escolas participantes utilizaram equipamentos portáteis de fácil
e segura manipulação, que permitem a medição da turbidez, da temperatura,
do pH e das concentrações de oxigênio dissolvido, nitrato e fósforo, por meio
de métodos colorimétricos simples. Dois outros importantes parâmetros
(demanda bioquímica de oxigênio e concentrações de bactérias coliformes
totais e termotolerantes) tiveram, no entanto, sua medição realizada no
laboratório da CPRH, utilizando-se os métodos e equipamentos cientificamente
mais adequados, para o caso. (Figura 7)
Figura 7- kit de avaliação qualidade da água
Foram coletadas amostras das águas em locais situados imediatamente antes
e imediatamente depois (no sentido do fluxo das águas) das cidades de Santa
Cruz do Capibaribe, Limoeiro, Paudalho e Vitória de Santo Antão. No caso da
cidade do Recife, uma das amostras foi coletada na Várzea e a outra na Ponte
da Capunga. Os resultados da avaliação participativa indicaram (Figuras 8 e 9):
15
16. Figuras 8 e 9- resultados de oxigênio dissolvido e coliformes fecais no rio
Capibaribe
Com relação à turbidez (indicador da transparência) a situação das
águas é razoavelmente boa, visto que, apenas nos locais de coleta
situados após as cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Vitória de
Santo Antão, foram constatados valores próximos ao limite máximo
permitido (100 uT), permanecendo abaixo desse limite nos demais
pontos de coleta.
Quanto ao pH (indicador de condições ácidas, neutras ou alcalinas) a
qualidade das águas é, também, boa visto que, apenas na ponte da
Capunga (em Recife) foi observado valor (5,5), abaixo da faixa permitida
(6 a 9).
16
17. A presença de nutrientes (indicadores do grau de fertilização das águas)
mostrou-se aceitável quanto à concentração de nitrato (abaixo do limite
máximo – 10 mg/L), mas, extremamente preocupante com relação ao
fósforo, cujo teor se apresentou muito acima do limite máximo (0,05
mg/L), em todos os pontos de coleta. Sabe-se que a presença excessiva
desse nutriente pode acarretar, nos açudes e barragens, florações de
microrganismos (cianofíceas) que, eventualmente, liberam nas águas
toxinas não removíveis nos processos convencionais adotados nas
estações de tratamento de águas e que, no organismo humano, podem
causar sérios danos à saúde e até mortes (vide episódio de Caruaru na
década de 1990).
Com relação à demanda bioquímica de oxigênio(DBO), indicador da
presença nas águas de materiais orgânicos biodegradáveis (esgotos
sanitários, lixo, resíduos de matadouros, manipueira, etc.), a situação foi
aceitável em Limoeiro e Paudalho, mas pode ser considerada péssima
em Santa Cruz do Capibaribe, Vitória de Santo Antão e Recife, onde
foram observados valores, em muito superiores ao limite máximo
permitido (5 mg O2/L).
Com relação à concentração de oxigênio dissolvido (OD), que é
indicador da possibilidade de vida de peixes e outros seres aquáticos
aeróbios, a qualidade das águas pode ser considerada péssima, visto
que foram observados valores inferiores ao mínimo permitido (5 mg
O2/L), em todos os pontos de coleta; a situação mostrou-se
extremamente grave após as cidades de Santa Cruz do Capibaribe e
Vitória de Santo Antão, onde foi observada total ausência de oxigênio
dissolvido nas águas. No Recife o valor encontrado na ponte da
Capunga (4 mg O2/L) está possivelmente influenciado pela mistura com
águas mais oxigenadas trazidas pela maré, que era máxima no
momento da coleta da amostra.
As concentrações de bactérias coliformes termotolerantes ou fecais
(indicadoras da presença de microrganismos causadores de doenças)
mostram que a qualidade das águas é sanitariamente péssima, vez que
foram constatados valores muito superiores ao limite máximo permitido
(1.000 bactérias/100 mL), em todos os locais de coleta.
De maneira geral, os resultados obtidos, especialmente a diferença de
qualidade observada nas águas antes e depois de atravessarem as áreas
urbanas, comprovam claramente aquilo que as pessoas percebem em seu
cotidiano: as águas da bacia do rio Capibaribe estão fortemente poluídas,
principalmente por lixo e despejos de esgotos sanitários e industriais
(matadouros e casas de farinha) gerados nas cidades.
A Avaliação Participativa da Qualidade das Águas da Bacia do rio Capibaribe
teve o objetivo de retratar “instantaneamente” a qualidade das águas desse rio
na exata ocasião em que foi comemorado o Dia da Água (22 de março). Essa
17
18. avaliação não teve, portanto, o objetivo de substituir o monitoramento da
qualidade das águas efetuado pelos órgãos estaduais competentes.
Observe-se que seu objetivo foi, principalmente, didático, pois a coleta e
análise da água envolveu professores e alunos de escolas, buscando e
mobilizar a sociedade em prol da preservação do rio, uma vez que os
resultados foram apresentados e discutidos na Assembléia Aberta do Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe, ocorrida em 30 de março de 2010, e
estão sendo enviados a todas as escolas participantes, para discussão interna
e aproveitamento em atividades escolares (aulas, feiras de ciências, peças
teatrais, etc.).
4.2 - Apresentação dos painéis coletivos
A elaboração dos painéis foi uma das atividades mais ricas da Semana da
Água na Bacia do Capibaribe. Tanto pelo uso da arte como forma de
mobilização, quanto pela receptividade dos que partiparam diretamente do
processo ou dos que acompanharam a sua realização.
Neste trabalho o COBH Capibaribe recebeu uma indispensável contribuição da
Rede de Resistência Solidária, que reúne grafiteiros de Pernambuco.
Participaram desta atividade os seguintes grafiteiros, sob a coordenação de
Caju:
Santa Cruz do Capibaribe – Caju
Limoeiro – Carbonel
Paudalho - Saibot
Vitória de Santo Antão – Dino
Camaragibe – Nika e Gabi
Recife - Diego
O produto de cada local foi fotografado e impresso em banner em lona, no
tamanho A0, sendo apresentados no evento de culminância do dia 30 de
março. O material está à disponível para utilização em exposições nos
municípios da bacia do Capibaribe.
As imagens que se seguem fazem uma síntese dos resultados gerados nos
seis municípios. (Figura 10 a 15)
18
19. Figura 10- Painel produzido em Recife
Figura 11- Painel produzido em Camaragibe
19
20. Figura 12- Painel produzido em Limoeiro
Figura 13- Painel produzido em Santa Cruz do Capibaribe
20
21. Figura 14- Painel produzido em Paudalho
Figura 15- Painel produzido em Vitória de Santo Antão
21
22. 4.3 – Anúncio da assinatura dos Termos de Adesão ao Capibaribe
Com o objetivo de envolver e comprometer cada vez mais instituições na
defesa e recuperação da bacia do Capibaribe, os organizadores da Semana da
Água no Capibaribe elaboraram um Termo de Adesão ao Capibaribe, que foi
impresso e distribuído junto aos interessados.
Abaixo é reproduzido o teor do documento:
“Considerando:
que o rio Capibaribe é um símbolo de Pernambuco, incorporando
sentimentos e fatos ecológicos, históricos, culturais e sociais
significativos para o povo e a manutenção da vida;
que a sua bacia hidrográfica vai do Sertão ao Litoral, com cerca de 270
Km de extensão e 7.500 Km2 de área de drenagem, podendo assim ser
considerado o rio da integração estadual;
que na bacia existem importantes remanescentes dos biomas Caatinga
e Mata Atlântica, que precisam ser preservados;
que na bacia do rio Capibaribe vivem quase dois milhões de pessoas,
que utilizam suas águas e outros recursos naturais para atividades
econômicas produtivas e geração de renda;
que é fundamental a conservação e recuperação do rio Capibaribe,
seus afluentes e nascentes, para que a sua população tenha água em
qualidade e em quantidade necessárias;
Considerando ainda, que esta conservação e recuperação deve ser um
compromisso dos seus cidadãos, das instituições privadas e públicas;
A entidade a qual represento, neste momento, assina este Termo de Adesão ao
Capibaribe, assumindo o compromisso de:
Contribuir objetivamente para a conservação e recuperação da bacia do
rio Capibaribe;
Promover atividades ou apoiar iniciativas que tenham como finalidade
este objetivo;
Apresentar anualmente, ao Comitê da Bacia do Capibaribe, resultados
que evidenciem este compromisso assumido.”
Instituição:
Endereço:
Representante legal:
22
23. Os setenta e cinco Termos de Adesão ao Capibaribe, ratificados por titulares de
instituições públicas, privadas e da sociedade civil organizada, foram entregues
à presidência do COBH Capibaribe durante o evento de culminância da
Semana da Água na Bacia do Capibaribe, ocorrido em 30 de abril de 2010.
(Figura 16)
O documento, proposto pela Comissão Organizadora liderada pelo COBH
Capibaribe, reflete um momento forte do Pacto Social ora em construção pela
revitalização e conservação do Rio Capibaribe. A importância social, a
qualificação e a diversidade das instituições envolvidas, atestam o
amadurecimento desta rede social iniciada na década de 80. Compreende-se a
força deste Pacto à medida que se reconhece que ele fundamenta-se no
crescente compartilhamento de valores e visão de mundo pelos quais a
segurança hídrica torna-se um direito humano fundamental, suscitando ações
de cidadania. Neste processo, os atores envolvidos amadurecem suas visões
críticas do processo histórico e tendências de degradação destes recursos,
bem como avançam no aprendizado das potencialidades, a partir da Bacia do
Rio Capibaribe em particular.
Em síntese, este é um momento forte único à medida que marca o início da
coesão institucional necessária aos compromissos nas áreas de educação,
estudos, pesquisas e políticas públicas, dedicados aos recursos hídricos na
bacia do Capibaribe e no contexto da gestão integrada das demandas sociais,
ambientais e econômicas para o desenvolvimento sustentável.
Figura 16- Anúncio dos assinantes do termo de adesão ao Capibaribe.
23