O documento discute estratégias para a recuperação intensiva de alunos com histórico de fracasso escolar, abordando: 1) A importância da leitura pelo professor como modelo; 2) Os desafios de lidar com a descrença dos alunos em sua capacidade de aprender; 3) A necessidade de trabalhar habilidades como leitura e escrita de forma diferenciada considerando as dificuldades dos alunos.
Gametogênese, formação dos gametas masculino e feminino
Recuperação Intensiva 2013 - Historia
1. DIRETORIA DE ENSINO LESTE 4
NÚCLEO PEDAGÓGICO
RECUPERAÇÃO INTENSIVA
História
Maio / 2013
Profa. Ms. Cláudia Elisabete da Silva
PCNP de História
2. Abertura: leitura compartilhada de excerto de
Daniel Pennac, Diário de Escola. Rio de
Janeiro: Rocco, 2008. (Parte I, cap. 11)
“A todos aqueles que hoje imputam a constituição de bandos
unicamente ao fenômeno dos subúrbios, eu digo: vocês têm
razão, sim, o desemprego, sim, a concentração dos excluídos,
sim, os reagrupamentos étnicos, sim, a tirania das marcas, a
família monoparental, sim, o desenvolvimento de uma
economia paralela e os tráficos de todas as espécies, sim, sim,
sim... Mas deixemos de subestimar a única coisa com relação à
qual podemos pessoalmente agir e que data da noite dos
tempos pedagógicos: a solidão e a vergonha do aluno que
não entende, perdido num mundo em que todos os outros se
entendem.
3. Somente nós podemos tirá-lo dessa prisão, quer sejamos ou
não formados para isso.
Os professores que me salvaram – e que fizeram de mim
um professor – não eram formados para isso. Eles não se
preocuparam com as origens da minha enfermidade
escolar. Eles não perderam tempo em buscar as causas nem
em me passar sermões. Eles eram adultos confrontados com
adolescentes em perigo. Eles se disseram que havia
urgência. Eles mergulharam. Perderam-me. Mergulharam
de novo, dia após dia, mais e mais... Acabaram me tirando
de lá. E muitos outros, comigo. Eles literalmente nos
resgataram. Nós lhes devemos a vida.” (p. 33)
6. Segundo a Resolução SE nº2/2012: “que continuem
demandando mais oportunidades de aprendizagem para
superar dificuldades relativas a expectativas definidas
para os anos anteriores e necessitando de alternativas
instrucionais específicas para o ano a ser cursado”.
Não deve, pois, ser a mera repetição de conteúdos da
série de origem. Sobretudo no caso da Etapa IV (8ª
série/9º ano), não se trata de trabalhar conteúdos
tradicionais do 9º ano – a repetição não é indicada para
incluir os alunos retidos no processo pedagógico.
RECUPERAÇÃO INTENSIVA
7. Histórico: projetos de Correção de Fluxo, Aceleração, e
Recuperação de Ciclo II – respostas ao fracasso escolar –
recusa da culpabilização do aluno (expectativas
desfavoráveis) e aposta na sua capacidade de aprender.
Revisão do que é realmente indispensável. Seleção de
conteúdos: prioridades – noções e conceitos abrangentes.
Proposta pedagógica: leitura do cotidiano através dos
conteúdos das disciplinas.
Valorização do conhecimento prévio como base para
avançar a níveis mais elaborados.
8. Centralidade do desenvolvimento de habilidades básicas de
leitura e escrita, em todas as disciplinas, trabalhando com os
gêneros do discurso próprios a cada uma delas.
Atividades: dinâmica que favorece as interações, alterna
atividades individuais e coletivas, estimula a participação,
mobiliza interesses; que parte da realidade dos alunos,
problematizando-a, propondo desafios e sistematizando
ideias e conceitos.
Avaliação formativa e contínua, como diagnóstico e
acompanhamento do processo – de aprendizagem (aluno)
e do ensino (professor) – observação e registro.
9. REGISTRO = recurso de memória e exercício de prestar atenção ao processo
Instrumentos: servem para o acompanhamento da aprendizagem do aluno
(tarefas avaliativas e a observação destas e das manifestações do aluno:
registros de diferentes naturezas – registros do aluno, registros do professor >
possibilitam constituir dossiês, portfólios e relatórios descritivos.
“Não basta mudar a forma dos registros, é preciso ressignificar a prática
avaliativa nas escolas.” (Jussara Hoffmann)
“Evoluímos em termos de registros de avaliação, avaliando no sentido
mediador: interagindo com os alunos e os colegas, observando múltiplas
dimensões do conhecimento, questionando o que se observa, refletindo sobre
propostas pedagógicas delineadas, experimentando fazer anotações para
além dos certos e errados em tarefas. Todas essas ações devem estar fundadas
em perguntas significativas: como posso contribuir para a maior aprendizagem
dos alunos? O que não sei sobre eles que preciso saber? Como aprender sobre
seus jeitos diferentes de aprender?” (2010, p. 136)
10. Recuperação Intensiva: classes com 20 alunos, em média.
O diagnóstico é fundamental – habilidades de leitura e
escrita em todas as disciplinas – o que o aluno sabe e quais
são suas dificuldades (SARESP, avaliação da aprendizagem
em processo – “prova diagnóstica” – e avaliação/observação
do professor).
Sugestões de materiais: além dos Cadernos do Currículo
oficial, reserva técnica do Ensinar e Aprender, +Matemática e
+Língua Portuguesa, materiais do acervo da escola (vídeos
DVD Escola, programas de livros, projetos de Saúde e
Prevenção e Meio Ambiente, filmes do projeto O Cinema Vai
à Escola etc.).
Em História, o diagnóstico passa, primordialmente, pelos conceitos
básicos de fato histórico, sujeito histórico, tempo histórico, fontes
históricas, mudanças e permanências.
11. Referência importante: Matrizes do SARESP, nas
disciplinas avaliadas, bem como as escalas de proficiência de
exames passados.
Mediação do professor: fundamental, na gestão curricular, na
análise dos materiais e sua adequação à classe, no
planejamento do tempo, do espaço e dos recursos, na
formação dos agrupamentos, nas intervenções que se façam
necessárias.
Importância de se trabalhar com projetos envolvendo duas
ou mais disciplinas, também com uso de tecnologias.
Algumas recomendações:
12. Aluno: desenvolvimento de autoconceito positivo e
confiança. Oportunidade de devolver a jovens marcados
pelo fracasso escolar o lugar de sujeitos do processo de
ensino e aprendizagem e de produtores da linguagem
escrita.
A escola tem um papel fundamental neste processo,
devendo refletir sobre suas práticas, pois, dependendo do
modo como as desenvolve, pode estigmatizar e
prejudicar a autoestima das crianças e seu processo de
aprendizagem.
13. Crianças e adolescentes marcados pelo fracasso
escolar que após vários anos de escolaridade não
compreenderam as regras de funcionamento do
nosso sistema de escrita;
Não utilizam a linguagem escrita nas situações em
que é requerida;
Procuram não mostrar o que sabem porque
acreditam que não sabem nada. Inicialmente
recusam-se a participar das atividades; sentem-se
incapazes de aprender.
Qual o perfil do aluno que traz consigo o histórico de
fracasso escolar?
14. Considerando as características dos alunos, quais os desafios
que o professor precisa enfrentar?
Lidar com o mito da “homogeneidade” – planejar
atividades diversificadas e atividades diferenciadas (Jussara
Hoffmann).
Lidar com a descrença do aluno em sua capacidade para
aprender e com o estigma da exclusão social –
discriminação não só pelo grupo de adolescentes das
demais turmas, como pela comunidade escolar.
(há, entre eles, adolescentes com uma condição social desfavorecida, histórias de
abandono e abusos de diversas naturezas e, muitas vezes, comportamentos
agressivos)
15. Conhecer e considerar o processo de aprendizagem dos alunos.
Ter conhecimento e considerar a didática, numa concepção
socioconstrutivista, fazendo conexões com os que eles já
conhecem – ignorar suas dificuldades é abrir mão de ensinar.
Levar em conta que a passagem dos anos iniciais aos anos
finais do Ensino Fundamental significa a complexificação da
rotina do aluno, e que muitos acabam não encontrando, por si
sós, caminhos para se reorganizarem: é preciso ensiná-los a
estudar, a se organizar (diversas disciplinas, diversos
professores, tarefas com intervalos variados, exigências
variadas).
Ter sensibilidade às culturas juvenis para incorporá-las ao
processo de ensino e aprendizagem.
Lidar com os conflitos em sala de aula – sugestão: assembleias
de classe.
Considerando as características dos alunos, quais os desafios que
o professor precisa enfrentar?
16. Exemplos:
Parar tudo para uma roda de conversa que não estava
prevista na rotina, mas que se fez necessária por uma atitude
extrema de desrespeito, como também “abrir mão” de
chamar a atenção por pequenas inadequações buscando
envolver o grupo nos trabalhos e não transformar a aula em
bronca...
... significa ainda, estar disposto a criar situações nas
quais o grupo se torne imprescindível para a escola –
estímulo ao protagonismo da turma –, que tenha
contribuições, que faça atividades que sejam úteis a todos...
... Significa, também, dedicar-se mais aos alunos com maiores
dificuldades – a atenção do/a professor/a precisa ser
proporcional às necessidades dos alunos.
17. HABILIDADES COMUNS A VÁRIAS DISCIPLINAS
Leitura e análise de diferentes textos produzidos em
diferentes linguagens:
Narrativas, textos poéticos, de divulgação científica,
informativos (inclusive didáticos), de opinião e outros
Mapas, fotos, gravuras, documentos de época,
depoimentos, gráficos, tabelas, etc.
Adaptado de Ensinar e Aprender – construindo uma proposta. CENPEC / SEE-SP
18. Escrita
Organização e registro de informações em diferentes
linguagens, texto escrito, tabelas, esquemas, gráficos,
desenhos
Produções de diferentes tipos de textos: narrativos,
informativos etc.
HABILIDADES COMUNS A VÁRIAS DISCIPLINAS
Expressão oral
Leitura oral de textos da tipologia narrar e relatar
Exposição de suas ideias com clareza, argumentação
em defesa de suas ideias considerando a contribuição
do outro
Adaptado de Ensinar e Aprender – construindo uma proposta. CENPEC / SEE-SP
19. HABILIDADES COMUNS A VÁRIAS DISCIPLINAS
Análise e interpretação de fatos e ideias:
Coleta e organização de informações
Estabelecimento de relações
Formulação de perguntas e hipóteses
Utilização de informações e conceitos em situações
diversas
Adaptado de Ensinar e Aprender – construindo uma proposta. CENPEC / SEE-SP.
20. Importância da leitura pelo professor
Lendo todos os dias, o professor garante que a
leitura se torne parte integrante da rotina da
turma.
Permite que os alunos construam uma crescente
autonomia para ler, familiarizem-se com a
linguagem escrita, sintam prazer com a leitura,
conheçam uma diversidade de histórias e de
autores, entre outros ganhos.
21. Importância da leitura pelo professor
Lembrando que os alunos não convivem com
leitores, o professor é o modelo. O professor está
ensinando a eles o comportamento leitor;
dando exemplos eles aprendem a função social
da leitura.
22. O que fazer com os alunos que ainda não leem e escrevem
com autonomia?
De acordo com uma concepção ampla de alfabetização – ou numa
perspectiva de letramento – é fundamental procurar fazer da sua aula
um ambiente alfabetizador.
Leitura na aula de História
“Ler é construir significado na interação com um texto” (Beatriz Aisenberg)
Leitura é algo que precisa ser ensinado.
Ler para aprender História: a compreensão dos textos históricos depende
fortemente dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema tratado.
Condições didáticas para a leitura: a intervenção do professor é fundamental,
por meio de:
• Conversas sobre o tema a ser estudado por meio do texto, com informações
básicas sobre ele
• Leitura individual > interpretação coletiva > releitura
• Ir além da mera localização de informações no texto: reconhecer marcas do
conhecimento histórico, propor questões abertas, globais e analíticas.
23. Sugestões didáticas – conferir o material de 2012:
leitura de mapas temático-históricos e produção
textual (verbete – 6ª série); produção de textos de
opinião (8ª série).
24. Mais referências para consulta e estudo:
- Material que está no blog – OT de História em 2012:
- Caderno de Orientações Didáticas Ler e Escrever – Tecnologias na Educação (CENPEC) – disponível
para download em
Livros:
• AISENBERG, La lectura en la enseñanza de la Historia: las consignas del docente y el trabajo
intelectual de los alumnos. Lectura Y Vida, 26 (3), 2005, p. 22-31.
• ARAÚJO, U. F. Assembleia Escolar: um caminho para a resolução de conflitos. SP: Moderna,
2004.
• HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. 13ª ed. Porto Alegre:
Mediação, 2010.
• PERRENOUD, Ph. Pedagogia Diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed,
2000.
• VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação da Aprendizagem: práticas de mudança por uma
praxis transformadora. 10ª ed. SP: Libertad, 2010.
http://www.slideshare.net/clauelis/ot-recuperao-intensiva-histria
http://cenpec.org.br/biblioteca/educacao/producoes-cenpec/caderno-de-orientacoes-didaticas-ler-e-
escrever-tecnologias-da-educacao