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2011 
Curso Capacitação Técnica

                            CESCA Consultoria em Gestão de Processos




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                                                                               são profissionais selecionados pelo Cliente e a carga horária definida 
                                                                               de  acordo  aos  módulos  selecionados.  O  objetivo  é  transferir 
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 CESCA Consultoria em Gestão de Processos 
 R Bento Gonçalves, 2399, Sala 902, Centro, 
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1 - COURO

INTRODUÇÃO

Pele ou couro tem diferença?

Sim, couro é uma pele transformada em um material estável e imputrescível através da ação de
produtos curtentes, ou seja, já está curtido. Pele, como é designada, também pode estar curtida, desde que
tenha pelos ou lã, ou ainda quando for oriunda de um animal de pequeno porte como: cabra, porco, rã, etc.

Principais regiões de uma pele

Por ordem decrescente de qualidade e espessura são as seguintes: Grupon, culatra, pescoço e barriga. As
peles de um modo geral apresentam uma grande variação de espessura entre as regiões de uma mesma
pele. Em virtude disto ocorre uma variação da consistência das fibras; ou seja, nas regiões mais espessas,

Elasticidade das peles

Outro fator que é de grande influência no processo de confecção de um calçado, são os sentidos de
elasticidade de uma pele. A intensidade de elasticidade varia conforme a raça e idade do animal, tipos de
curtimento, Engraxe e Acabamento. A elasticidade é um fator que influencia enormemente no calce, bem
como na resistência e conforto de um calçado. As peles sejam de origem vacum, eqüina, caprina ou
suína, tem o mesmo sentido de elasticidade.

Já os animais que estão em fase de crescimento, têm os sentidos de maior elasticidade dispostos de
maneira diferente.

Composição química da pele

A constituição química de uma pele em vida (quando ainda está no animal) corresponde à:
61% de água
34% de fibras colágenas (proteína fibrosa)
2% de lipídios
1% de sais minerais
1% de proteínas globulares
1% de outras substâncias

Histologia da pele

Epiderme
Derme
Hipoderme

Assim como a pele humana, a pele dos animais quadrúpEdes são divididas em Epiderme, Derme e
Hipoderme. Sendo que a Derme é a única camada utilizada para a fabricação de couros e peles, já que a
Epiderme é decomposta na operação de Depilação, e a Hipoderme removida na operação de Descarne.

A camada Derme é subdividida em: camada Termostática (FLOR)
                             camada Reticular (LADO CARNAL)



Epiderme é a camada mais externa composta da queratina (tipo de proteínas bastante fracas). São
removidas na depilação. A epiderme é subdividida em várias camadas:
Obs.: A camada quanto mais próxima da derme mais cheia de vitalidade são.

Derme


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a) Flor ou camada Termostática

São fibras colágenas dispostas perpendicularmente. Os pontos de união desta camada são suscetíveis ao
ataque bacteriano e reação com produtos químicos, podendo ainda romper sob qualquer efeito mecânico,
ocasionando a "flor solta".

b) Camada reticular ou lado carnal

São fibras colágenas dispostas num ângulo de 45º. São maiores e mais grossas. Esta camada é bem mais
espessa e irregular em relação a camada anterior, e é responsável pela resistência à tração, ao
rasgamento, etc.

Obs.: Fibras colágenas ou colagênio,são assim denominadas assim por se transformarem em gelatina ou
cola sob a ação da água quente. Por este motivo as operações que antecedem o curtimento não podem ser
realizadas com temperaturas superiores a 35º C.

Hipoderme

É a camada mais interna constituída de tecido adiposo, gorduras,carne etc. Tecido adiposo é um tipo de
gordura existente nesta camada., ( em certos casos, como nas peles de ovelha, este tecido é encontrada
entre as camadas termostática e reticular, o que favorece o desprendimento entre estas duas camadas.

Ponto Isoelétrico de uma pele

É quando existe o equilíbrio de cargas negativas e positivas. No ponto isoelétrico, a pele apresenta menor
inchamento, reatividade e solubilidade.

O ponto isoelétrico de uma proteína (colagênio) é o valor em pH de sua dissolução no qual não ocorre
migração de partículas, quando submetidas à ação de um campo elétrico. É o melhor ponto para a adição
de produtos químicos. Ex: o melhor ponto para a adição da sais de cromo numa pele é quando o pH está
em torno de 2,8.

1.2 - PROCESSAMENTO DAS PELES

   1.    Conservação
   2.    Pré-remolho
   3.    Pré-descarne
   4.    Remolho
   5.    Depilação e caleiro
   6.    Descarne
   7.    Divisão
   8.    Desencalagem
   9.    Purga
   10.   Píquel
   11.   Curtimento
   12.   Enxugamento
   13.   Rebaixamento
   14.   Neutralização
   15.   Recurtimento
   16.   Tingimento
   17.   Engraxe
   18.   Secagem
   19.   Pré-acabamento
   20.   Acabamento




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1. Conservação

A finalidade desta operação é interromper todas as causas que favoreçam a decomposição das peles, de
modo a conservá-las nas melhores condições possíveis,até que se inicie o processo de transformação das
mesmas em couro. A conservação de um modo geral baseia-se na desidratação da pele, evitando criar
condições favoráveis à ação enzimática e desenvolvimento de bactérias, reduzindo a degradação da
mesma em até 95%. Nesta etapa a pele é denominada: Pele Verde. Este processo de desidratação leva
em torno de duas a três semanas, após isto, a pele pode ser estocada por mais de 6 meses.




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Salga à seco

Este é o sistema mais utilizado devido ao baixo custo e resultados obtidos. É empregado de 45% a 50% de
sal (sobre o peso da pele). Vale salientar de que se o sal for muito fino, irá penetrar em excesso e
aumentará muito o teor salino; já se ele for grosso, será necessário uma quantidade maior de sal para
cobrir a mesma área, pois este, tem uma superfície de contato menor. Além do mais ele poderá marcar a
flor do couro. A altura das pilhas também é outro fator a ser observado, pois uma altura excessiva tende a
marcar a flor do couro. Para tanto recomenda-se uma pilha de no máximo 1,2 m (para peles pequenas) e
1,5 m (para peles grandes).

Salmouragem e salga
Este sistema de conservação é de melhor qualidade que a mencionada anteriormente, pois é feito um
descarne inicial e posterior lavagem. Após é feita a salmouragem em tanque durante 18 a 24 horas. Após
deixa-se escorrer bem a umidade da pele, e executa-se a salga normal.

Salga e secagem
Este sistema consiste numa salga mais branda com posterior secagem natural. A salga e secagem é
utilizada em locais de clima quente e úmido.

Secagem
Este sistema de conservação é utilizado em locais com clima quente e seco. Consiste numa simples
evaporação da umidade através de ventilação natural à sombra ou ao sol. As peles são postas uma do lado
das outras.

Conservação por resfriamento
As peles são resfriadas em câmaras frias até uma temperatura de 3° C, após são dobradas com o carnal
para dentro e reduzida a temperatura para -1°C, e assim conservando-se durante um bom tempo. Este
sistema quando corretamente executado, é de excelente qualidade, porém é raramente utilizado devido ao
seu alto custo.

2. Pré-remolho

A finalidade desta operação é retirar parte do excesso de sal e limpar as peles superficialmente, além de
molhá-las para permitir um bom desempenho no pré-descarne. Esta operação é realizada em fulões. (fig. 7)


3 - Pré-descarne
O objetivo desta operação é remover o excesso de carne e sebo da pele, facilitando as operações
posteriores.

4 - Remolho
A finalidade do Remolho é re-hidratar a pele de maneira uniforme para permitir a entrada dos produtos em
toda a sua estrutura, deixando-a com um percentual de umidade semelhante ao que tinha quando no
animal. Outro objetivo do remolho é retirar todo o sal empregado na conservação, além de eliminar sujeiras,
parte de proteínas e albuminas. Duração de 6 a 36 horas.

5 -Depilação e Caleiro (Encalagem)

Esta operação é dividida em duas etapas. A primeira com uma concentração maior de sulfeto de sódio e
cal, que decompõem todo sistema epidérmico, inclusive os pelos. Na 2ª etapa é adicionada mais água para
diluir esta concentração, que por sua vez tem a finalidade de intumescer a pele, facilitando a divisão e
proporcionando uma espécie de reordenamento das fibras colágenas.

A Depilação requer aproximadamente 1 hora de operação, e a Encalagem em torno de 18 horas.

6 - Descarne

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O objetivo desta operação é a remoção de toda a camada hipoderme. O equipamento utilizado para isto é a
Descarnadeira.


7 - Divisão

O objetivo desta operação é dividir a pele em duas partes: couro flor (camada termostática e reticular) e
raspa (restante da camada reticular). Se a raspa tiver boas características, poderá ser curtida e utilizada
como forro ou como cabedal, se receber um acabamento (geralmente uma película de PU), ou ainda como
Camurção. Caso contrário, o restante da camada reticular não curtida poderá ser utilizado como fonte para
obtenção de gelatinas, gomas, etc.

8 - Desencalagem
O objetivo desta operação é retirar substâncias alcalinas da pele, utilizadas nas operações de Depilação e
Caleiro. A pele chega neste estágio com pH em torno de 12, e para operação de Purga o pH deve ser
baixado para 8 ou 9 (devido ao ponto isoelétrico da pele).
A intensidade da desencalagem varia em função do tipo de couro que se queira obter. Quanto maior a
intensidade da desencalagem, maior será a maciez do couro.

9 - Purga
É um tratamento com enzimas dado à pele, a fim de fazer uma limpeza final da pele, retirando a Rufa dos
folículos pilosos, restos de gordura, restos de substâncias alcalinas e impurezas ainda contidas na pele.
Além da limpeza, a Purga contribui para a obtenção de couros macios e elásticos. Em couros Atanados
para sola, faz-se uma purga superficial para ter um artigo com melhor aspecto final e evitar que a flor fique
quebradiça. Já a Raspa só é purgada quando receber acabamento.

10 - Píquel
É um tratamento com ácidos, que visam baixar o pH da pele de 8, para uma faixa de 2,5 a 4,5 (dependendo
do curtimento). Além disso o Píquel completa a desencalagem e interrompe definitivamente a atividade
enzimática. Dependendo dos produtos empregados no Píquel, as peles já piqueladas se manterão
conservadas por mais de 1 ano. O Píquel tem seu tempo de duração em torno de 1h e 30min.

11 - Curtimento

A finalidade é transformar a pele num material estável e imputrescível, além de pré-estabelecer
características ao produto.

Dentre os vários produtos curtentes que existem, podemos citar:

curtentes minerais: - sais de cromo
                  - sais de zircônio
                  - sais de alumínio

curtentes vegetais: - tanino da Acácia (Mimosa)
                 - tanino do Quebracho
                 - tanino da Castanheira
                 - tanino do Eucalipto

12 - Enxugamento
O objetivo desta operação é remover o excesso de água do couro, através de cilíndros, nos quais baixam o
teor de umidade de 60% para 40% do peso do couro. É realizada em máquinas denominadas
Enxugadeira/estiradeira, que além de removerem o excesso de água, contribuem no aumento da superfície
do couro. Após o enxugamento o couro necessita de um repouso (de 6 a 24 horas), para permitir uma
acomodação das fibras, evitando com que o couro enfraqueça ou solte a flor.

13 - Rebaixamento


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Esta operação visa homogenizar a espessura do couro. A Rebaixadeira é uma máquina que consiste de
vários cilíndros, dos quais, um é disposto de lâminas que vão retirando o excesso de fibras da camada
reticular.

14 - Neutralização
A finalidade é desacidificar o couro para que possa haver boa penetração dos produtos recurtentes,
corantes e engraxantes. A outra finalidade é a troca dos ácidos fortes livres, por ácidos fracos, evitando
assim consequências maléficas ao couro.


15 - Recurtimento
O objetivo desta operação é dar características alternativas aos couros, como por exemplo: couro um
pouco encartonado ou com flor mais fina, ou mais claro, etc. Outro objetivo é permitir que os couros
curtidos ao cromo e que tenham defeitos na flor, possam ser corrigidos através de lixa. Para possibilitar a
estampagem de um couro, é necessário que seja feito um recurtimento ao tanino. O tempo de recurtimento
leva em torno de 1 hora.

16 - Tingimento
O objetivo desta operação é dar a cor de fundo ao couro. O tingimento pode ser superficial ou atravessado
(fulonado).

17 - Engraxe

A finalidade desta operação é lubrificar as fibras, dando maior maciez, elasticidade, resistência ao
rasgamento e toque ao couro. Esta operação que é realizada em fulão tem uma duração de
aproximadamente 1 hora.
Exemplo de percentuais de óleo:
- Napa vestuário          11%
- Camurção e Napa calçado 7%
- Relax e Naco             5%


18 - Secagem

Esta operação visa reduzir a umidade do couro de 70% para 18%. A primeira etapa consiste em enxugar o
couro em máquina específica (Enxugadeira), onde o percentual de umidade atinge 50%. A segunda etapa
da Secagem reduz este percentual de umidade para 30%.

19 - Pré-acabamento
É um conjunto de operações que visam melhorar as características finais do couro como: toque, maciez,
melhor aspecto visual das fibras do lado carnal e superfície da flor do couro.

Condicionamento
Amaciamento
Secagem final
Recorte
Lixamento
Impregnação
Acabamento - É um conjunto de operações que visam dar o aspecto final ao produto bem como de conferir
proteção ao couro.

Existe uma infinidade de tipos de acabamentos em couros, porém existem três tipos básicos que dão
origem aos demais que são: Anilina, Semi-anilina e Pigmentado.

a) Anilina
Consiste num acabamento transparente, no qual a cor é conferida por intermédio de corantes. Ou seja,
apesar da primeira camada ser colorida, consegue-se visualizar nitidamente os poros e desenhos naturais


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b) Pigmentado
Consiste num acabamento de cobertura, no qual a cor é conferida por intermédio de pigmentos. Este
acabamento caracteriza-se por ter a flor do couro lixada, e devido as camadas de pigmentos, não se
consegue visualizar a flor.

c) Semi-anilina
Consiste num acabamento semi transparente, no qual a cor conferida por intermédio de corantes e
pigmentos. Este acabamento caracteríza-se por não ter a flor corrigida através de lixa. As camadas de laca
tem quase a mesma constituição das empregadas no acabamento anilina (fig. 24).




Lacas ou Tops

As camadas de Lacas ou Tops tem como funções principais: proteger e dar bom aspecto visual à flor do
couro, além de permitir a estampagem ou gravação do filme de acabamento. Além do mais, estes Tops
apresentam características bastante peculiares entre eles.

O Top intermediário (que se apresenta em meio aquoso), tem como características: flexibilidade, não
reação com a camada de tinta e pegajosidade.

O Topfinal (que se apresenta em meio solvente), tem como características: pouca flexibilidade, boa
resistência à fricção, impermeabilidade e fixação das demais camadas.

Nos acabamentos Anilina e Semi-anilina, os Tops são constituídos basicamente por emulsões de ceras. E
em alguns casos, utilizam-se resinas proteicas, conhecida como Caseína. Ela caracteríza-se por conferir ao
couro um acabamento bastante brilhante e resistente. A Caseína também se caracteríza por "abrir" o brilho
quando submetido ao calor.

Comparando-se com as demais, a Caseína é a resina mais cara.

Já nos couros com acabamento de cobertura, podem ser utilizadas as seguintes resinas:

a) Resinas proteicas (Caseína)
b) Resinas acrílicas
c) Nitrocelulose
d) Butirato de celulose
e) Poliuretano




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                        ESTRUTURA DAS PELES UTILIZADAS
1. Vacum

As peles vacum compreendem: boi, vaca, touro, bezerro, terneiro, etc. Este tipo de pele é a mais utilizada
em função de seu tamanho, propriedades físico-mecânicas, além de seu baixo custo, em função da grande
quantidade de cabeças de gado vacum espalhadas pelo mundo.
Em função de seu tamanho e grande espessura, são utilizadas na produção de couros "pesados", inclusive
para fabricação de solas.

Enquanto a camada flor apresenta espessura uniforme em todas as regiões da pele, e invariável em função
da idade do animal; o mesmo não ocorre com a camada reticular, que varia em função das regiões da pele
e idade do animal. A pele de um animal adulto é uma das poucas onde se extrai raspas (restante da
camada reticular dos Couros flor) com boas propriedades físico-mecânicas. Já as peles vacum de animais
muito novos, não tem propriedades físico-mecânicas, além de não poder extrair-se raspas.

Denominações


Wet-blue
Termo técnico oriundo do inglês, wet que significa úmido ou molhado; e blue que significa azul, que é a
coloração de todo couro curtido ao cromo. O Wet-blue é um couro curtido com sais de cromo,
permanecendo úmido (mais de 60% de umidade), no qual é comercializado neste estado. É comum
algumas indústrias de calçados estocarem o Wet-blue com o objetivo de agilizar a produção de couros
acabados. Apartir do Wet-blue, o couro é transformado em Semi-cromo, podendo receber qualquer tipo de
acabamento.



 Wet-white
É uma pele molhada de coloração branca, que foi processada até a operação de Píquel, no qual é
comercializado neste estado.

Semi-acabado ou Crust
É um couro seco, que já passou por todas as etapas que envolvam fulões. No Semi-acabado restam
apenas as operações de pré-acabamento e acabamento.

Atanado
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É um couro curtido com taninos vegetais, utilizado como cabedal para calçados para calçados que se
queiram fazer acabamentos do tipo "queimado". Dentre as suas principais características estão: toque
encartonado, pouca resistência ao rasgo, calor, luz, além de apresentar quase que exclusivamente
acabamentos Anilina.

Semi-cromo
Couro curtido com sais de cromo e recurtido com taninos vegetais. É o couro mais comercializado em
função de suas propriedades físico-mecânicas, maciez e fácil manuseio. Também são conhecidos como
couro Cromo.

Anilina
Denominação comum atribuída a couros semi-cromo com acabamento Anilina. Porém vale ressaltar que
Anilina é um tipo de acabamento, e que o couro Atanado para cabedal recebe unicamente este tipo de
acabamento.

Semi-anilina
Denominação comum atribuída a couros Semi-cromo com acabamento Semi-anilina. Assim como o Anilina,
este também é um tipo de acabamento.

Naco
Couro semi-cromo com acabamento de cobertura. Para fabricá-lo são utilizados couros com uma insidência
maior de defeitos na flor, em função do custo. Estes couros tem sua flor corrigida através de lixa, recebendo
após uma camada de pigmentos. O Naco recebe uma estampagem que pode imitar superfície de uma pele,
ou ainda receber uma estampa denominada de pólvora. Este acabamento é concluído com a aplicação de
camada de resinas (nitrocelulose, ou poliuretano, ou butirato de celulose, ou ainda resinas acrílicas).

Box
Semelhante ao couro Naco, porém é mais encartonado, geralmente recebendo uma estampa lisa, o que
proporciona alto brilho. A camada de pigmentação caracteríza-se por ser mais densa que o Naco.

Ruboff (couro Antik)
O Rubof tem sua origem de um couro Box, porém sofre a aplicação de uma camada de tinta bastante
escura sobre o acabamento. Esta camada é removida posteriormente no setor de acabamento das fábricas
de calçados, quando o calçado já se encontra montado, proporcionando assim o aparecimento da cor de
fundo em determinadas partes do calçado, conferindo um aspecto de envelhecido.

Nubuk
Couro semi-cromo, tingido na cor, e que recebe um tratamento com lixas (primeiro: lixa grão 220 para dar
aspecto aveludado; e segundo: lixa grão 380 para homogenizar o efeito escrevente.

Camurção
Raspa de couros curtidos ao cromo. São recurtidos com taninos vegetais, tingidos na cor e engraxados.
Recebem um tratamento com lixas para melhorar o aspecto visual das fibras.

Verniz
Couro semi-cromo, com grande intensidade de defeitos na flor, tendo assim sua flor corrigida através de
lixa. Após pode receber uma película de PU com alto-brilho, ou ainda receber uma densa camada de tinta
pigmentada e lacas de poliuretano para conferir alto-brilho.

Metalizado
Couro semi-cromo, com grande intensidade de defeitos na flor, tendo assim sua flor corrigida através de
lixa. O acabamento metalizado poderá ser através de uma película de papel metalizado, ou uma camada
de tinta pigmentada composta de pó metálico.

Relax
Couro semi-cromo que recebe uma forte estampa (tipo flor quebrada). Pode tanto receber acabamento
semi-anilina, como pigmentado. Geralmente quando o acabamento é anilina, o efeito de flor quebrada é


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Couro Sola
Couro curtido fortemente com taninos vegetais. Dependendo da origem do tanino, o produto final poderá ter
diferentes tonalidades. Como exemplo disto podemos citar:

2 - Caprina

As peles caprinas compreendem: cabra, bode, cabrito, etc.
Esta espécie de pele, em função de sua pequena espessura e tamanho, excelente aspecto visual e alto
custo, tem sua utilização restrita à calçados de classe A. A pele de cabra também caracteríza-se por ter a
camada flor ocupando a metade da espessura total da pele.

Pelica
Couro semi-cromo, com acabamento anilina de alto-brilho transparente. Este efeito é obtido através da
aplicação final de emulsões de resinas proteicas (caseína).

Napa
Couro semi-cromo de grande maciez e elasticidade, apresentando acabamento anilina ou semi-anilina.

Camurça
A Camurça diferencia-se dos demais tipos de couros e peles, pelo fato de ter valorizado o seu lado carnal
através de um tratamento especial com o uso de lixas que conferem um excelente aspecto visual. No
entanto a camada flor ainda permanece intacta, o que proporciona maior resistência.

3 - Suína

As peles suínas compreendem: porco, leitão, etc. Estas apresentam quase a mesma composição
histológica das demais peles. A diferença reside no fato de a raíz do pelo atravessar toda a pele, até a
carne. Em razão disto, é que até mesmo na raspa de porco, aparecem perfuros referentes aos folículos
pilosos.

Porco flor
De cada pele suína extrai-se um Porco flor, que consiste da camada flor, mais parte da camada reticular.
Em função disto, é de custo mais elevado, obrigando-o a ser utilizado quase que exclusivamente em
calçados sociais e vestuário.

Raspa de porco
De cada pele suína extrai-se em média 3 raspas. Estas já com propriedades físico-mecânicas inferiores do
que o Porco flor, além é claro do aspecto visual. A raspa de porco tem seu emprego dirigido à forração de
calçados, principalmente como forro avesso.

4 – Eqüina. As peles eqüinas compreendem: cavalo, égua, etc.

5 – Ovinos. As peles de ovinos compreendem: ovelha, carneiro, cordeiro, etc.

6 – Peixe. Estas peles diferem estruturalmente das peles de mamíferos, pelo fato de não apresentarem
glândulas sebáceas, e possuir escamas no lugar dos pelos.

7 - Outros tipos de peles
Existem outras peles, que são utilizadas para apliques, cintos e até calçados, mas em escala comercial
bem menor. Podemos citar as de Jacaré, Crocodilo, cobra, galinha (pés), coelho, peru e rã.



                                              DEFEITOS
Os defeitos apresentados pelas peles geram uma depreciação muito grande das mesmas. Estes defeitos
podem se originar durante a vida do animal, como: marcas de fogo, riscos, marcas de berne, carrapato,
entre outros. Os defeitos também podem ser oriundos da esfola mau conduzida, ou também originados de

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uma conservação ineficiente ou inadequada, bem como de erros no processo de transformação das peles
em couros.

1 - Marcas de fogo
É uma marcação que o proprietário do animal faz, para identificá-lo. Esta marcação pode ser feita tanto
com ferro-quente, como com ferro-gelado (resfriado com nitrogênio), deixando uma cicatriz que pode tanto
ser vista na flor como pelo lado do carnal.

2 - Riscos ou arranhões
Estas marcas são causadas por espinhos, galhos de árvores, arames farpados das cercas, pregos ou
parafusos salientes das carrocerias de caminhões ou vagões de trens.

3 - Cicatriz de Berne (Miíase subcutânea)
Estas cicatrizes são causados por larvas que são depositadas na pele do animal, através da mosca
Berneira. De 5 a 7 semanas estas larvas vão se desenvolvendo no animal, abandonando-o e causando
lesões em forma de nódulos que se verificam tanto na flor, como pelo lado carnal.

4 - Cicatriz de Carrapato
O Carrapato se reproduz no solo, mas se desenvolve no animal. Ele causa marcas semelhantes ao Berne,
porém nota-se somente na flor.

5 - Cicatriz da mosca do chifre
Esta marca é semelhante a um perfuro de agulha, e só aparece no lado da flor. É causado por uma mosca,
e é bastante freqüente ocorrer em peles provindas dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.

6 - Bicheira (Miíase cutânea)
Esta cicatriz é causada por uma mosca que deposita os ovos na pele do animal, dando origem a larvas que
migram para as bordas de lesões. Este tipo de marca é pouco comum. Observando-se apenas pelo lado da
flor.

7 - Estrias
São espécies de pequenos sulcos na pele do animal (principalmente das fêmeas). Este defeito também é
oriundo de animais com mais idade, pois quanto mais velho, menor é o percentual de umidade e menor é a
elasticidade. Nota-se este defeito na pele após purgada.

8 - Veiamento
Este defeito ocorre devido ao "stress" do animal antes do abate, juntamente com uma sangria mau
realizada. Fazendo com que o sangue fique nos vasos sangüineos, dando condições as bactérias de
digerirem o tecido circundante, formando o veiamento, já durante a conservação das peles no curtume.

9 - Cortes
Este defeito pode ser originado por uma esfola mau conduzida, ou no processamento do couro no curtume
como: nas máquinas de descarnar, rebaixar, etc., por desregulagem da máquina ou pouca habilidade do
operador.

10 - Flor comida
São espécies de cicatrizes que formam pequenas depressões na flor. É mais aparente em couros semi-
acabados com brilho e couros com acabamento anilina. O problema tem sua origem ainda no animal vivo.

11 - Flor ardida
Neste defeito a flor do couro apresenta uma certa aspereza, que é causada por bactérias resistentes aos
sais (halófilas) que começam a digerir a flor da pele, já durante a etapa de conservação. A Flor ardida
também pode ser causada por uma depilação excessiva, pois além da epiderme, a Depilação começa a
digerir a camada flor.

12 - Descascamento da flor
A causa deste defeito é a mesma da Flor ardida, porém num estágio bem mais avançado.


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13 - Rachadura da flor
Este defeito pode ser causado por bactérias que durante a etapa de conservação enfraquecem a flor do
couro, e, ou nas etapas do processamento como: secagem no Toggling, amaciamento mecânico, entre
outras. A outra causa deste defeito pode ser oriunda de uma esfola mecânica mau realizada, pois as garras
que prendem a pele durante a esfola podem escorregar, causando o trincamento da flor da pele.



14 - Flor solta
Este é o defeito mais encontrado nos couros. Consiste no desprendimento da camada flor, com a camada
reticular. Pode ser causado por uma má Conservação, produtos químicos mal empregados ou em excesso,
excessivo trabalho mecânico (fulões e operações de amaciamento). Outro fator que contribui para o
surgimento da flor solta é a temperatura dos banhos, pois o calor diminui a resistência do couro.

15 - Flor enrugada
Este defeito é mais comum encontrar-se em peles de animais velhos, pois estes não tem tanta elasticidade
quanto os animais mais jovens. A Flor enrugada pode ser causada por uma falta de estiramento ou falha
nos processos de Curtimento, Recurtimento, Purga ou até mesmo devido a uma secagem forçada em
estufas.

16 - Eflorescência salina
Este defeito apresenta sob a forma de um pó esbranquiçado, que fica depositado sobre a superfície de
couros úmidos (wet-blue).

17 - Eflorescência de ácidos graxos (estearina)
Este defeito pode ser causado por bactérias resistentes aos sais que atuam sobre as gorduras da pele, que
acabam liberando os ácidos graxos por toda a estrutura, ocasionando manchas e regiões mais duras. No
couro acabado manifesta-se através de manchas brancas (como se fosse talco).

18 - Couro vazio
Couro com toque vazio ou pouco encorpado, devido a desestruturação das fibras colágenas. Este defeito
pode ter duas causas:

19 - Rufa
A Rufa é um resto de material queratinoso (epiderme e pelos), retido nos folículos pilosos (fig. 33),
decorrentes de uma Purga ou até mesmo de uma Depilação insuficientes.

20 - Couro com substâncias agressivas e/ou com pouca resist. físico-mecânica

Estes problemas geralmente ocorrem devido a uma piquelagem mau conduzida, ou até mesmo por uma
Neutralização insuficiente, que fazem com que estas substâncias (ácidos fortes livres) deixem o couro mais
seco e sucetível ao rasgamento. Estes defeitos causam: oxidação de peças metálicas como fivelas, ilhóses
e adornos; manchamento da flor do couro, quando na aplicação de amaciantes; ou até mesmo o
rompimento do couro nas etapas de montagem do bico, ou em determinadas regiões costuradas.

21 - Adesão insuficiente do acabamento
Este defeito apresenta-se sob a forma de um desprendimento da camada de acabamento sobre a flor do
couro. Este problema pode ser causado por determinadas operações referentes aos setores de Pré-
acabamento e Acabamento, como: não remoção do pó gerado pelo lixamento da flor; incompatibilidade
entre as camadas de tinta e o couro, entre outros.

22 - Manchas
As manchas no couro atanado são comuns devido a oxidação do tanino, pela luz. Por isso o cuidado com a
estocagem deve ser redobrado.

23 - Amarelamento ou Desbotamento
Este efeito é causado pela oxidação ou degradação de produtos químicos contidos no acabamento de um
couro. Esta degradação também é denominada como: pouca solidez à luz.

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24 - Diferença de tonalidade
Este defeito é uma das características dos couros com acabamento anilina e semi-anilina. Esta diferença
ocorre devido a desuniformidade de estrutura e porosidade das peles e couros.

25 - Pouco poder de absorção
Este defeito é causado pelo excesso de material engraxante . A outra causa seria a secagem com chapas
quentes ou equipamento denominado Espelhadeira que tem a função conferir grande lisura.

26 - Dobras e Pregas
Estes defeitos são oriundos das etapas do processamento do couro que evolvem máquinas com cilíndros,
tais como: Rebaixadeiras, Enxugadeiras, Prensas, Espelhadeiras, entre outras.

27 - Marcação de lote e classificação
Estas marcações são feitas na flor do couro, para facilitar a industrialização dos mesmos no curtume.

28 - Marcação de área
Esta marcação é feita pelo lado carnal, para determinar a área de um couro. Esta marca poderá causar
problema de ordem estética, quando este for utilizado em calçados sem forro.




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  • 1. 2011  Curso Capacitação Técnica CESCA Consultoria em Gestão de Processos Para os leitores do blog de CESCA, apresento parte didática do curso  realizado in company Formação Técnica em Calçado. Os participantes  são profissionais selecionados pelo Cliente e a carga horária definida  de  acordo  aos  módulos  selecionados.  O  objetivo  é  transferir  conhecimentos  de  toda  a  cadeia  produtiva,  com  vídeos,  planilhas  eletrônicas  prontas  para  usar,  simulações  de  programação  e  provas  de  conhecimento.  Para  obter  certificado,  o  aluno  deve  superar  80  pontos  nas  questões  teóricas  e  práticas,  afinal,  são  profissionais  de  excelência que as empresas precisam para superar a concorrência.     Si deseas traducción para español envía correo para CESCA.        Forte abraço de Ceschini.  CESCA Consultoria em Gestão de Processos  R Bento Gonçalves, 2399, Sala 902, Centro,  Novo Hamburgo, RS, Brasil  http://cescabrasil.blogspot.com  cescabrasil@yahoo.com.br   
  • 2. 2 1 - COURO INTRODUÇÃO Pele ou couro tem diferença? Sim, couro é uma pele transformada em um material estável e imputrescível através da ação de produtos curtentes, ou seja, já está curtido. Pele, como é designada, também pode estar curtida, desde que tenha pelos ou lã, ou ainda quando for oriunda de um animal de pequeno porte como: cabra, porco, rã, etc. Principais regiões de uma pele Por ordem decrescente de qualidade e espessura são as seguintes: Grupon, culatra, pescoço e barriga. As peles de um modo geral apresentam uma grande variação de espessura entre as regiões de uma mesma pele. Em virtude disto ocorre uma variação da consistência das fibras; ou seja, nas regiões mais espessas, Elasticidade das peles Outro fator que é de grande influência no processo de confecção de um calçado, são os sentidos de elasticidade de uma pele. A intensidade de elasticidade varia conforme a raça e idade do animal, tipos de curtimento, Engraxe e Acabamento. A elasticidade é um fator que influencia enormemente no calce, bem como na resistência e conforto de um calçado. As peles sejam de origem vacum, eqüina, caprina ou suína, tem o mesmo sentido de elasticidade. Já os animais que estão em fase de crescimento, têm os sentidos de maior elasticidade dispostos de maneira diferente. Composição química da pele A constituição química de uma pele em vida (quando ainda está no animal) corresponde à: 61% de água 34% de fibras colágenas (proteína fibrosa) 2% de lipídios 1% de sais minerais 1% de proteínas globulares 1% de outras substâncias Histologia da pele Epiderme Derme Hipoderme Assim como a pele humana, a pele dos animais quadrúpEdes são divididas em Epiderme, Derme e Hipoderme. Sendo que a Derme é a única camada utilizada para a fabricação de couros e peles, já que a Epiderme é decomposta na operação de Depilação, e a Hipoderme removida na operação de Descarne. A camada Derme é subdividida em: camada Termostática (FLOR) camada Reticular (LADO CARNAL) Epiderme é a camada mais externa composta da queratina (tipo de proteínas bastante fracas). São removidas na depilação. A epiderme é subdividida em várias camadas: Obs.: A camada quanto mais próxima da derme mais cheia de vitalidade são. Derme CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 2
  • 3. 3 a) Flor ou camada Termostática São fibras colágenas dispostas perpendicularmente. Os pontos de união desta camada são suscetíveis ao ataque bacteriano e reação com produtos químicos, podendo ainda romper sob qualquer efeito mecânico, ocasionando a "flor solta". b) Camada reticular ou lado carnal São fibras colágenas dispostas num ângulo de 45º. São maiores e mais grossas. Esta camada é bem mais espessa e irregular em relação a camada anterior, e é responsável pela resistência à tração, ao rasgamento, etc. Obs.: Fibras colágenas ou colagênio,são assim denominadas assim por se transformarem em gelatina ou cola sob a ação da água quente. Por este motivo as operações que antecedem o curtimento não podem ser realizadas com temperaturas superiores a 35º C. Hipoderme É a camada mais interna constituída de tecido adiposo, gorduras,carne etc. Tecido adiposo é um tipo de gordura existente nesta camada., ( em certos casos, como nas peles de ovelha, este tecido é encontrada entre as camadas termostática e reticular, o que favorece o desprendimento entre estas duas camadas. Ponto Isoelétrico de uma pele É quando existe o equilíbrio de cargas negativas e positivas. No ponto isoelétrico, a pele apresenta menor inchamento, reatividade e solubilidade. O ponto isoelétrico de uma proteína (colagênio) é o valor em pH de sua dissolução no qual não ocorre migração de partículas, quando submetidas à ação de um campo elétrico. É o melhor ponto para a adição de produtos químicos. Ex: o melhor ponto para a adição da sais de cromo numa pele é quando o pH está em torno de 2,8. 1.2 - PROCESSAMENTO DAS PELES 1. Conservação 2. Pré-remolho 3. Pré-descarne 4. Remolho 5. Depilação e caleiro 6. Descarne 7. Divisão 8. Desencalagem 9. Purga 10. Píquel 11. Curtimento 12. Enxugamento 13. Rebaixamento 14. Neutralização 15. Recurtimento 16. Tingimento 17. Engraxe 18. Secagem 19. Pré-acabamento 20. Acabamento CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 3
  • 4. 4 1. Conservação A finalidade desta operação é interromper todas as causas que favoreçam a decomposição das peles, de modo a conservá-las nas melhores condições possíveis,até que se inicie o processo de transformação das mesmas em couro. A conservação de um modo geral baseia-se na desidratação da pele, evitando criar condições favoráveis à ação enzimática e desenvolvimento de bactérias, reduzindo a degradação da mesma em até 95%. Nesta etapa a pele é denominada: Pele Verde. Este processo de desidratação leva em torno de duas a três semanas, após isto, a pele pode ser estocada por mais de 6 meses. CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 4
  • 5. 5 Salga à seco Este é o sistema mais utilizado devido ao baixo custo e resultados obtidos. É empregado de 45% a 50% de sal (sobre o peso da pele). Vale salientar de que se o sal for muito fino, irá penetrar em excesso e aumentará muito o teor salino; já se ele for grosso, será necessário uma quantidade maior de sal para cobrir a mesma área, pois este, tem uma superfície de contato menor. Além do mais ele poderá marcar a flor do couro. A altura das pilhas também é outro fator a ser observado, pois uma altura excessiva tende a marcar a flor do couro. Para tanto recomenda-se uma pilha de no máximo 1,2 m (para peles pequenas) e 1,5 m (para peles grandes). Salmouragem e salga Este sistema de conservação é de melhor qualidade que a mencionada anteriormente, pois é feito um descarne inicial e posterior lavagem. Após é feita a salmouragem em tanque durante 18 a 24 horas. Após deixa-se escorrer bem a umidade da pele, e executa-se a salga normal. Salga e secagem Este sistema consiste numa salga mais branda com posterior secagem natural. A salga e secagem é utilizada em locais de clima quente e úmido. Secagem Este sistema de conservação é utilizado em locais com clima quente e seco. Consiste numa simples evaporação da umidade através de ventilação natural à sombra ou ao sol. As peles são postas uma do lado das outras. Conservação por resfriamento As peles são resfriadas em câmaras frias até uma temperatura de 3° C, após são dobradas com o carnal para dentro e reduzida a temperatura para -1°C, e assim conservando-se durante um bom tempo. Este sistema quando corretamente executado, é de excelente qualidade, porém é raramente utilizado devido ao seu alto custo. 2. Pré-remolho A finalidade desta operação é retirar parte do excesso de sal e limpar as peles superficialmente, além de molhá-las para permitir um bom desempenho no pré-descarne. Esta operação é realizada em fulões. (fig. 7) 3 - Pré-descarne O objetivo desta operação é remover o excesso de carne e sebo da pele, facilitando as operações posteriores. 4 - Remolho A finalidade do Remolho é re-hidratar a pele de maneira uniforme para permitir a entrada dos produtos em toda a sua estrutura, deixando-a com um percentual de umidade semelhante ao que tinha quando no animal. Outro objetivo do remolho é retirar todo o sal empregado na conservação, além de eliminar sujeiras, parte de proteínas e albuminas. Duração de 6 a 36 horas. 5 -Depilação e Caleiro (Encalagem) Esta operação é dividida em duas etapas. A primeira com uma concentração maior de sulfeto de sódio e cal, que decompõem todo sistema epidérmico, inclusive os pelos. Na 2ª etapa é adicionada mais água para diluir esta concentração, que por sua vez tem a finalidade de intumescer a pele, facilitando a divisão e proporcionando uma espécie de reordenamento das fibras colágenas. A Depilação requer aproximadamente 1 hora de operação, e a Encalagem em torno de 18 horas. 6 - Descarne CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 5
  • 6. 6 O objetivo desta operação é a remoção de toda a camada hipoderme. O equipamento utilizado para isto é a Descarnadeira. 7 - Divisão O objetivo desta operação é dividir a pele em duas partes: couro flor (camada termostática e reticular) e raspa (restante da camada reticular). Se a raspa tiver boas características, poderá ser curtida e utilizada como forro ou como cabedal, se receber um acabamento (geralmente uma película de PU), ou ainda como Camurção. Caso contrário, o restante da camada reticular não curtida poderá ser utilizado como fonte para obtenção de gelatinas, gomas, etc. 8 - Desencalagem O objetivo desta operação é retirar substâncias alcalinas da pele, utilizadas nas operações de Depilação e Caleiro. A pele chega neste estágio com pH em torno de 12, e para operação de Purga o pH deve ser baixado para 8 ou 9 (devido ao ponto isoelétrico da pele). A intensidade da desencalagem varia em função do tipo de couro que se queira obter. Quanto maior a intensidade da desencalagem, maior será a maciez do couro. 9 - Purga É um tratamento com enzimas dado à pele, a fim de fazer uma limpeza final da pele, retirando a Rufa dos folículos pilosos, restos de gordura, restos de substâncias alcalinas e impurezas ainda contidas na pele. Além da limpeza, a Purga contribui para a obtenção de couros macios e elásticos. Em couros Atanados para sola, faz-se uma purga superficial para ter um artigo com melhor aspecto final e evitar que a flor fique quebradiça. Já a Raspa só é purgada quando receber acabamento. 10 - Píquel É um tratamento com ácidos, que visam baixar o pH da pele de 8, para uma faixa de 2,5 a 4,5 (dependendo do curtimento). Além disso o Píquel completa a desencalagem e interrompe definitivamente a atividade enzimática. Dependendo dos produtos empregados no Píquel, as peles já piqueladas se manterão conservadas por mais de 1 ano. O Píquel tem seu tempo de duração em torno de 1h e 30min. 11 - Curtimento A finalidade é transformar a pele num material estável e imputrescível, além de pré-estabelecer características ao produto. Dentre os vários produtos curtentes que existem, podemos citar: curtentes minerais: - sais de cromo - sais de zircônio - sais de alumínio curtentes vegetais: - tanino da Acácia (Mimosa) - tanino do Quebracho - tanino da Castanheira - tanino do Eucalipto 12 - Enxugamento O objetivo desta operação é remover o excesso de água do couro, através de cilíndros, nos quais baixam o teor de umidade de 60% para 40% do peso do couro. É realizada em máquinas denominadas Enxugadeira/estiradeira, que além de removerem o excesso de água, contribuem no aumento da superfície do couro. Após o enxugamento o couro necessita de um repouso (de 6 a 24 horas), para permitir uma acomodação das fibras, evitando com que o couro enfraqueça ou solte a flor. 13 - Rebaixamento CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 6
  • 7. 7 Esta operação visa homogenizar a espessura do couro. A Rebaixadeira é uma máquina que consiste de vários cilíndros, dos quais, um é disposto de lâminas que vão retirando o excesso de fibras da camada reticular. 14 - Neutralização A finalidade é desacidificar o couro para que possa haver boa penetração dos produtos recurtentes, corantes e engraxantes. A outra finalidade é a troca dos ácidos fortes livres, por ácidos fracos, evitando assim consequências maléficas ao couro. 15 - Recurtimento O objetivo desta operação é dar características alternativas aos couros, como por exemplo: couro um pouco encartonado ou com flor mais fina, ou mais claro, etc. Outro objetivo é permitir que os couros curtidos ao cromo e que tenham defeitos na flor, possam ser corrigidos através de lixa. Para possibilitar a estampagem de um couro, é necessário que seja feito um recurtimento ao tanino. O tempo de recurtimento leva em torno de 1 hora. 16 - Tingimento O objetivo desta operação é dar a cor de fundo ao couro. O tingimento pode ser superficial ou atravessado (fulonado). 17 - Engraxe A finalidade desta operação é lubrificar as fibras, dando maior maciez, elasticidade, resistência ao rasgamento e toque ao couro. Esta operação que é realizada em fulão tem uma duração de aproximadamente 1 hora. Exemplo de percentuais de óleo: - Napa vestuário 11% - Camurção e Napa calçado 7% - Relax e Naco 5% 18 - Secagem Esta operação visa reduzir a umidade do couro de 70% para 18%. A primeira etapa consiste em enxugar o couro em máquina específica (Enxugadeira), onde o percentual de umidade atinge 50%. A segunda etapa da Secagem reduz este percentual de umidade para 30%. 19 - Pré-acabamento É um conjunto de operações que visam melhorar as características finais do couro como: toque, maciez, melhor aspecto visual das fibras do lado carnal e superfície da flor do couro. Condicionamento Amaciamento Secagem final Recorte Lixamento Impregnação Acabamento - É um conjunto de operações que visam dar o aspecto final ao produto bem como de conferir proteção ao couro. Existe uma infinidade de tipos de acabamentos em couros, porém existem três tipos básicos que dão origem aos demais que são: Anilina, Semi-anilina e Pigmentado. a) Anilina Consiste num acabamento transparente, no qual a cor é conferida por intermédio de corantes. Ou seja, apesar da primeira camada ser colorida, consegue-se visualizar nitidamente os poros e desenhos naturais CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 7
  • 8. 8 b) Pigmentado Consiste num acabamento de cobertura, no qual a cor é conferida por intermédio de pigmentos. Este acabamento caracteriza-se por ter a flor do couro lixada, e devido as camadas de pigmentos, não se consegue visualizar a flor. c) Semi-anilina Consiste num acabamento semi transparente, no qual a cor conferida por intermédio de corantes e pigmentos. Este acabamento caracteríza-se por não ter a flor corrigida através de lixa. As camadas de laca tem quase a mesma constituição das empregadas no acabamento anilina (fig. 24). Lacas ou Tops As camadas de Lacas ou Tops tem como funções principais: proteger e dar bom aspecto visual à flor do couro, além de permitir a estampagem ou gravação do filme de acabamento. Além do mais, estes Tops apresentam características bastante peculiares entre eles. O Top intermediário (que se apresenta em meio aquoso), tem como características: flexibilidade, não reação com a camada de tinta e pegajosidade. O Topfinal (que se apresenta em meio solvente), tem como características: pouca flexibilidade, boa resistência à fricção, impermeabilidade e fixação das demais camadas. Nos acabamentos Anilina e Semi-anilina, os Tops são constituídos basicamente por emulsões de ceras. E em alguns casos, utilizam-se resinas proteicas, conhecida como Caseína. Ela caracteríza-se por conferir ao couro um acabamento bastante brilhante e resistente. A Caseína também se caracteríza por "abrir" o brilho quando submetido ao calor. Comparando-se com as demais, a Caseína é a resina mais cara. Já nos couros com acabamento de cobertura, podem ser utilizadas as seguintes resinas: a) Resinas proteicas (Caseína) b) Resinas acrílicas c) Nitrocelulose d) Butirato de celulose e) Poliuretano CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 8
  • 9. 9 ESTRUTURA DAS PELES UTILIZADAS 1. Vacum As peles vacum compreendem: boi, vaca, touro, bezerro, terneiro, etc. Este tipo de pele é a mais utilizada em função de seu tamanho, propriedades físico-mecânicas, além de seu baixo custo, em função da grande quantidade de cabeças de gado vacum espalhadas pelo mundo. Em função de seu tamanho e grande espessura, são utilizadas na produção de couros "pesados", inclusive para fabricação de solas. Enquanto a camada flor apresenta espessura uniforme em todas as regiões da pele, e invariável em função da idade do animal; o mesmo não ocorre com a camada reticular, que varia em função das regiões da pele e idade do animal. A pele de um animal adulto é uma das poucas onde se extrai raspas (restante da camada reticular dos Couros flor) com boas propriedades físico-mecânicas. Já as peles vacum de animais muito novos, não tem propriedades físico-mecânicas, além de não poder extrair-se raspas. Denominações Wet-blue Termo técnico oriundo do inglês, wet que significa úmido ou molhado; e blue que significa azul, que é a coloração de todo couro curtido ao cromo. O Wet-blue é um couro curtido com sais de cromo, permanecendo úmido (mais de 60% de umidade), no qual é comercializado neste estado. É comum algumas indústrias de calçados estocarem o Wet-blue com o objetivo de agilizar a produção de couros acabados. Apartir do Wet-blue, o couro é transformado em Semi-cromo, podendo receber qualquer tipo de acabamento. Wet-white É uma pele molhada de coloração branca, que foi processada até a operação de Píquel, no qual é comercializado neste estado. Semi-acabado ou Crust É um couro seco, que já passou por todas as etapas que envolvam fulões. No Semi-acabado restam apenas as operações de pré-acabamento e acabamento. Atanado CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 9
  • 10. 10 É um couro curtido com taninos vegetais, utilizado como cabedal para calçados para calçados que se queiram fazer acabamentos do tipo "queimado". Dentre as suas principais características estão: toque encartonado, pouca resistência ao rasgo, calor, luz, além de apresentar quase que exclusivamente acabamentos Anilina. Semi-cromo Couro curtido com sais de cromo e recurtido com taninos vegetais. É o couro mais comercializado em função de suas propriedades físico-mecânicas, maciez e fácil manuseio. Também são conhecidos como couro Cromo. Anilina Denominação comum atribuída a couros semi-cromo com acabamento Anilina. Porém vale ressaltar que Anilina é um tipo de acabamento, e que o couro Atanado para cabedal recebe unicamente este tipo de acabamento. Semi-anilina Denominação comum atribuída a couros Semi-cromo com acabamento Semi-anilina. Assim como o Anilina, este também é um tipo de acabamento. Naco Couro semi-cromo com acabamento de cobertura. Para fabricá-lo são utilizados couros com uma insidência maior de defeitos na flor, em função do custo. Estes couros tem sua flor corrigida através de lixa, recebendo após uma camada de pigmentos. O Naco recebe uma estampagem que pode imitar superfície de uma pele, ou ainda receber uma estampa denominada de pólvora. Este acabamento é concluído com a aplicação de camada de resinas (nitrocelulose, ou poliuretano, ou butirato de celulose, ou ainda resinas acrílicas). Box Semelhante ao couro Naco, porém é mais encartonado, geralmente recebendo uma estampa lisa, o que proporciona alto brilho. A camada de pigmentação caracteríza-se por ser mais densa que o Naco. Ruboff (couro Antik) O Rubof tem sua origem de um couro Box, porém sofre a aplicação de uma camada de tinta bastante escura sobre o acabamento. Esta camada é removida posteriormente no setor de acabamento das fábricas de calçados, quando o calçado já se encontra montado, proporcionando assim o aparecimento da cor de fundo em determinadas partes do calçado, conferindo um aspecto de envelhecido. Nubuk Couro semi-cromo, tingido na cor, e que recebe um tratamento com lixas (primeiro: lixa grão 220 para dar aspecto aveludado; e segundo: lixa grão 380 para homogenizar o efeito escrevente. Camurção Raspa de couros curtidos ao cromo. São recurtidos com taninos vegetais, tingidos na cor e engraxados. Recebem um tratamento com lixas para melhorar o aspecto visual das fibras. Verniz Couro semi-cromo, com grande intensidade de defeitos na flor, tendo assim sua flor corrigida através de lixa. Após pode receber uma película de PU com alto-brilho, ou ainda receber uma densa camada de tinta pigmentada e lacas de poliuretano para conferir alto-brilho. Metalizado Couro semi-cromo, com grande intensidade de defeitos na flor, tendo assim sua flor corrigida através de lixa. O acabamento metalizado poderá ser através de uma película de papel metalizado, ou uma camada de tinta pigmentada composta de pó metálico. Relax Couro semi-cromo que recebe uma forte estampa (tipo flor quebrada). Pode tanto receber acabamento semi-anilina, como pigmentado. Geralmente quando o acabamento é anilina, o efeito de flor quebrada é CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 10
  • 11. 11 Couro Sola Couro curtido fortemente com taninos vegetais. Dependendo da origem do tanino, o produto final poderá ter diferentes tonalidades. Como exemplo disto podemos citar: 2 - Caprina As peles caprinas compreendem: cabra, bode, cabrito, etc. Esta espécie de pele, em função de sua pequena espessura e tamanho, excelente aspecto visual e alto custo, tem sua utilização restrita à calçados de classe A. A pele de cabra também caracteríza-se por ter a camada flor ocupando a metade da espessura total da pele. Pelica Couro semi-cromo, com acabamento anilina de alto-brilho transparente. Este efeito é obtido através da aplicação final de emulsões de resinas proteicas (caseína). Napa Couro semi-cromo de grande maciez e elasticidade, apresentando acabamento anilina ou semi-anilina. Camurça A Camurça diferencia-se dos demais tipos de couros e peles, pelo fato de ter valorizado o seu lado carnal através de um tratamento especial com o uso de lixas que conferem um excelente aspecto visual. No entanto a camada flor ainda permanece intacta, o que proporciona maior resistência. 3 - Suína As peles suínas compreendem: porco, leitão, etc. Estas apresentam quase a mesma composição histológica das demais peles. A diferença reside no fato de a raíz do pelo atravessar toda a pele, até a carne. Em razão disto, é que até mesmo na raspa de porco, aparecem perfuros referentes aos folículos pilosos. Porco flor De cada pele suína extrai-se um Porco flor, que consiste da camada flor, mais parte da camada reticular. Em função disto, é de custo mais elevado, obrigando-o a ser utilizado quase que exclusivamente em calçados sociais e vestuário. Raspa de porco De cada pele suína extrai-se em média 3 raspas. Estas já com propriedades físico-mecânicas inferiores do que o Porco flor, além é claro do aspecto visual. A raspa de porco tem seu emprego dirigido à forração de calçados, principalmente como forro avesso. 4 – Eqüina. As peles eqüinas compreendem: cavalo, égua, etc. 5 – Ovinos. As peles de ovinos compreendem: ovelha, carneiro, cordeiro, etc. 6 – Peixe. Estas peles diferem estruturalmente das peles de mamíferos, pelo fato de não apresentarem glândulas sebáceas, e possuir escamas no lugar dos pelos. 7 - Outros tipos de peles Existem outras peles, que são utilizadas para apliques, cintos e até calçados, mas em escala comercial bem menor. Podemos citar as de Jacaré, Crocodilo, cobra, galinha (pés), coelho, peru e rã. DEFEITOS Os defeitos apresentados pelas peles geram uma depreciação muito grande das mesmas. Estes defeitos podem se originar durante a vida do animal, como: marcas de fogo, riscos, marcas de berne, carrapato, entre outros. Os defeitos também podem ser oriundos da esfola mau conduzida, ou também originados de CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 11
  • 12. 12 uma conservação ineficiente ou inadequada, bem como de erros no processo de transformação das peles em couros. 1 - Marcas de fogo É uma marcação que o proprietário do animal faz, para identificá-lo. Esta marcação pode ser feita tanto com ferro-quente, como com ferro-gelado (resfriado com nitrogênio), deixando uma cicatriz que pode tanto ser vista na flor como pelo lado do carnal. 2 - Riscos ou arranhões Estas marcas são causadas por espinhos, galhos de árvores, arames farpados das cercas, pregos ou parafusos salientes das carrocerias de caminhões ou vagões de trens. 3 - Cicatriz de Berne (Miíase subcutânea) Estas cicatrizes são causados por larvas que são depositadas na pele do animal, através da mosca Berneira. De 5 a 7 semanas estas larvas vão se desenvolvendo no animal, abandonando-o e causando lesões em forma de nódulos que se verificam tanto na flor, como pelo lado carnal. 4 - Cicatriz de Carrapato O Carrapato se reproduz no solo, mas se desenvolve no animal. Ele causa marcas semelhantes ao Berne, porém nota-se somente na flor. 5 - Cicatriz da mosca do chifre Esta marca é semelhante a um perfuro de agulha, e só aparece no lado da flor. É causado por uma mosca, e é bastante freqüente ocorrer em peles provindas dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. 6 - Bicheira (Miíase cutânea) Esta cicatriz é causada por uma mosca que deposita os ovos na pele do animal, dando origem a larvas que migram para as bordas de lesões. Este tipo de marca é pouco comum. Observando-se apenas pelo lado da flor. 7 - Estrias São espécies de pequenos sulcos na pele do animal (principalmente das fêmeas). Este defeito também é oriundo de animais com mais idade, pois quanto mais velho, menor é o percentual de umidade e menor é a elasticidade. Nota-se este defeito na pele após purgada. 8 - Veiamento Este defeito ocorre devido ao "stress" do animal antes do abate, juntamente com uma sangria mau realizada. Fazendo com que o sangue fique nos vasos sangüineos, dando condições as bactérias de digerirem o tecido circundante, formando o veiamento, já durante a conservação das peles no curtume. 9 - Cortes Este defeito pode ser originado por uma esfola mau conduzida, ou no processamento do couro no curtume como: nas máquinas de descarnar, rebaixar, etc., por desregulagem da máquina ou pouca habilidade do operador. 10 - Flor comida São espécies de cicatrizes que formam pequenas depressões na flor. É mais aparente em couros semi- acabados com brilho e couros com acabamento anilina. O problema tem sua origem ainda no animal vivo. 11 - Flor ardida Neste defeito a flor do couro apresenta uma certa aspereza, que é causada por bactérias resistentes aos sais (halófilas) que começam a digerir a flor da pele, já durante a etapa de conservação. A Flor ardida também pode ser causada por uma depilação excessiva, pois além da epiderme, a Depilação começa a digerir a camada flor. 12 - Descascamento da flor A causa deste defeito é a mesma da Flor ardida, porém num estágio bem mais avançado. CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 12
  • 13. 13 13 - Rachadura da flor Este defeito pode ser causado por bactérias que durante a etapa de conservação enfraquecem a flor do couro, e, ou nas etapas do processamento como: secagem no Toggling, amaciamento mecânico, entre outras. A outra causa deste defeito pode ser oriunda de uma esfola mecânica mau realizada, pois as garras que prendem a pele durante a esfola podem escorregar, causando o trincamento da flor da pele. 14 - Flor solta Este é o defeito mais encontrado nos couros. Consiste no desprendimento da camada flor, com a camada reticular. Pode ser causado por uma má Conservação, produtos químicos mal empregados ou em excesso, excessivo trabalho mecânico (fulões e operações de amaciamento). Outro fator que contribui para o surgimento da flor solta é a temperatura dos banhos, pois o calor diminui a resistência do couro. 15 - Flor enrugada Este defeito é mais comum encontrar-se em peles de animais velhos, pois estes não tem tanta elasticidade quanto os animais mais jovens. A Flor enrugada pode ser causada por uma falta de estiramento ou falha nos processos de Curtimento, Recurtimento, Purga ou até mesmo devido a uma secagem forçada em estufas. 16 - Eflorescência salina Este defeito apresenta sob a forma de um pó esbranquiçado, que fica depositado sobre a superfície de couros úmidos (wet-blue). 17 - Eflorescência de ácidos graxos (estearina) Este defeito pode ser causado por bactérias resistentes aos sais que atuam sobre as gorduras da pele, que acabam liberando os ácidos graxos por toda a estrutura, ocasionando manchas e regiões mais duras. No couro acabado manifesta-se através de manchas brancas (como se fosse talco). 18 - Couro vazio Couro com toque vazio ou pouco encorpado, devido a desestruturação das fibras colágenas. Este defeito pode ter duas causas: 19 - Rufa A Rufa é um resto de material queratinoso (epiderme e pelos), retido nos folículos pilosos (fig. 33), decorrentes de uma Purga ou até mesmo de uma Depilação insuficientes. 20 - Couro com substâncias agressivas e/ou com pouca resist. físico-mecânica Estes problemas geralmente ocorrem devido a uma piquelagem mau conduzida, ou até mesmo por uma Neutralização insuficiente, que fazem com que estas substâncias (ácidos fortes livres) deixem o couro mais seco e sucetível ao rasgamento. Estes defeitos causam: oxidação de peças metálicas como fivelas, ilhóses e adornos; manchamento da flor do couro, quando na aplicação de amaciantes; ou até mesmo o rompimento do couro nas etapas de montagem do bico, ou em determinadas regiões costuradas. 21 - Adesão insuficiente do acabamento Este defeito apresenta-se sob a forma de um desprendimento da camada de acabamento sobre a flor do couro. Este problema pode ser causado por determinadas operações referentes aos setores de Pré- acabamento e Acabamento, como: não remoção do pó gerado pelo lixamento da flor; incompatibilidade entre as camadas de tinta e o couro, entre outros. 22 - Manchas As manchas no couro atanado são comuns devido a oxidação do tanino, pela luz. Por isso o cuidado com a estocagem deve ser redobrado. 23 - Amarelamento ou Desbotamento Este efeito é causado pela oxidação ou degradação de produtos químicos contidos no acabamento de um couro. Esta degradação também é denominada como: pouca solidez à luz. CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 13
  • 14. 14 24 - Diferença de tonalidade Este defeito é uma das características dos couros com acabamento anilina e semi-anilina. Esta diferença ocorre devido a desuniformidade de estrutura e porosidade das peles e couros. 25 - Pouco poder de absorção Este defeito é causado pelo excesso de material engraxante . A outra causa seria a secagem com chapas quentes ou equipamento denominado Espelhadeira que tem a função conferir grande lisura. 26 - Dobras e Pregas Estes defeitos são oriundos das etapas do processamento do couro que evolvem máquinas com cilíndros, tais como: Rebaixadeiras, Enxugadeiras, Prensas, Espelhadeiras, entre outras. 27 - Marcação de lote e classificação Estas marcações são feitas na flor do couro, para facilitar a industrialização dos mesmos no curtume. 28 - Marcação de área Esta marcação é feita pelo lado carnal, para determinar a área de um couro. Esta marca poderá causar problema de ordem estética, quando este for utilizado em calçados sem forro. CESCA Consultoria em Gestão de Processos | 14