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Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Sumário 
Classificação e características de materiais 2 
Obtenção do ferro gusa e ferro fundido 13 
Aço 37 
Comportamento das ligas em função da temperatura e composição 61 
Diagrama ferro-carbono 71 
Tratamento térmico dos aços 86 
Metais não-ferrosos e ligas 113 
Sinterização 128 
Corrosão dos metais 138 
Ensaio dos materiais 153 
Ensaios destrutivos 159 
Ensaios não-destrutivos 170 
Materiais plásticos 196 
SENAI - 2009 1
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Classificação e 
características de materiais 
Objetivos 
Ao final desta unidade o participante deverá: 
Conhecer 
Estar informado sobre: 
• Classificação dos materiais naturais, artificiais, ferrosos e não-ferrosos; 
• Propriedades dos materiais. 
Saber 
Reproduzir conhecimentos sobre: 
• Estrutura dos metais; 
• Formação da estrutura na solidificação; 
• Componentes da estrutura: átomo, cristais, grão, contorno do grão; 
• Propriedades físicas dos metais. 
Introdução 
Quando da confecção de um determinado produto, deve-se, como um dos fatores prioritários, 
selecionar o material adequado que o constituirá. 
Para tanto, o material deve ser avaliado sob dois aspectos: suas qualidades mecânicas e seu 
custo. 
2 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 3 
Classificação de materiais 
Apresentamos a seguir uma classificação dos materiais mais comumente utilizados, tendo cada 
um sua importância e emprego definidos em função de suas características e propriedades. 
materiais 
metálicos não metálicos 
ferrosos não ferrosos sintéticos naturais 
aço 
FoFo 
pesados 
leves 
plásticos 
resinóides 
madeira 
mouro 
etc. 
Conhecidas as classes dos materiais passemos agora a especificá-los por grupos e emprego a 
que se destinam, pois todos os materiais possuem características próprias que devemos conhecer 
para podermos empregá-los mais adequadamente. 
Materiais metálicos 
Ao estudarmos a classe dos materiais metálicos podemos dividi-los em dois grupos distintos: os 
ferrosos e os não-ferrosos. 
Materiais metálicos ferrosos 
Desde sua descoberta os materiais ferrosos tornaram-se de grande importância na construção 
mecânica. 
Os materiais ferrosos mais importantes são: 
• Aço – liga de Fe e C com C < 2% - material tenaz, de excelentes propriedades, de fácil 
trabalho, podendo também ser forjável. 
• Ferro fundido – liga de Fe e C com 2 < C < 5% - material amplamente empregado na 
construção mecânica, e que, mesmo não possuindo a resistência do aço, pode substituí-lo em 
diversas aplicações, muitas vezes com grande vantagem.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Como esses materiais são fáceis de serem trabalhados, com eles é construída a maior parte de 
máquinas, ferramentas, estruturas, bem como instalações que necessitam materiais de grande 
resistência. 
Materiais metálicos não-ferrosos 
São todos os demais materiais metálicos empregados na construção mecânica. Possuem 
empregos os mais diversos, pois podem substituir os materiais ferrosos em várias aplicações e 
nem sempre podem ser substituídos pelos ferrosos. 
Esses materiais são geralmente utilizados isoladamente ou em forma de ligas metálicas, algumas 
delas amplamente utilizadas na construção de máquinas e equipamentos. 
Podemos dividir os não-ferrosos em dois tipos em função da densidade: 
• Metais pesados (r > 5kg/dm3) cobre, estanho, zinco, chumbo, platina, etc. 
• Metais leves (r < 5kg/dm3) alumínio, magnésio, titânio, etc. 
Normalmente, os não-ferrosos são materiais caros, logo não devemos utilizá-los em componentes 
que possam ser substituídos por materiais ferrosos. 
Esses materiais são amplamente utilizados em peças sujeitas a oxidação, dada a sua resistência, 
sendo muito utilizados em tratamentos galvânicos superficiais de materiais. 
São também bastante utilizados em componentes elétricos. 
Nos últimos anos, a importância dos metais leves e suas ligas têm aumentado consideravelmente, 
principalmente na construção de veículos, nas construções aeronáuticas e navais, bem como na 
mecânica de precisão, pois têm-se conseguido ligas metálicas de alta resistência e de menor peso 
e, com isto, tende-se a trocar o aço e o ferro fundido por esses metais. 
Materiais não-metálicos 
Existem numerosos materiais não-metálicos que podem ser divididos em: 
• Naturais – madeira, couro, fibras, etc. 
• Artificiais ou sintéticos – baquelite, celulóide, acrílico, etc. 
Os materiais plásticos estão sendo empregados em um número cada vez maior de casos como 
substitutos de metais. 
4 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Daí a necessidade de conhecermos um pouco mais esses materiais que vêm-se tornando uma 
presença constante nos campos técnico, científico, doméstico, etc. Deles nos ocuparemos um 
pouco mais na unidade Materiais plásticos. 
SENAI - 2009 5 
Estrutura cristalina dos metais 
A maioria dos metais ao se solidificar experimenta uma contração de volume, o que indica uma 
menor separação entre os átomos no estado sólido. 
Nesse estado, os átomos animados de pequena energia cinética não conseguem deslizar 
livremente uns em relação aos outros. 
No estado sólido, os átomos não estão em repouso, mas vibram em torno de determinadas 
posições de equilíbrio assumidas espontaneamente por eles ao se solidificarem. 
Arranjo dos átomos 
Essas posições não são assumidas ao acaso, pelo contrário, apresentam uma ordenação 
geométrica especial característica, que é uma função da natureza do metal. 
Essa disposição ordenada, característica dos metais sólidos e de outros materiais não-metálicos, 
denomina-se estrutura cristalina. 
Tipos de estruturas cristalinas
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Dentre as estruturas destacamos três tipos: 
1) Rede cúbica de faces centradas 
Metais: Ni, Cu, Pb, Al e tipo de ferro que se chama ferro g. 
2) Rede cúbica de corpo centrado 
Metais: V, Cr, Mo, W e tipo de ferro que se chama ferro a. 
3) Hexagonal compacta 
Metais: Mg, Zn, Cd, Ti. 
- A dimensão da rede varia de tipo para tipo. 
A transformação mecânica dos metais (tais como laminação, dobramento, estampagem) depende 
do tipo da estrutura cristalina. 
Nas estruturas do tipo (1) a transformação ocorre facilmente, enquanto na estrutura (3) a 
transformação é mais difícil de ser verificada. 
No processo de dobramento de metais que possuem o tipo (3) – exemplo: Mg e Zn, a peça pode 
quebrar mais facilmente do que nos metais que possuem estrutura do tipo (1) – exemplo: aço ou 
Al. 
Formação da estrutura na solidificação 
6 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A estrutura cristalina, formada na solidificação através do resfriamento, irá definir a estrutura do 
material, os seus constituintes e propriedades. 
No estado líquido os átomos metálicos se movem livremente. Com a queda da temperatura, 
diminui a energia de movimento dos átomos e passa a predominar a força de atração entre eles. 
Por isto os átomos vão se unindo uns aos outros, em determinadas posições, formando os cristais 
(embriões). Essa formação é orientada segundo direções preferenciais, denominadas eixo de 
cristalização. 
À medida que esses cristais crescem em direções definidas, encontram-se e estabelecem uma 
superfície de contato que chamamos de limite ou contorno de grãos. 
Observe a seguir o processo de formação da estrutura cristalina na solidificação. 
O tamanho do grão na estrutura do metal varia de acordo com o número de embriões formados e 
com o tipo de metal. 
Num mesmo metal podem-se formar grãos pequenos ou grandes, se modificarmos o tempo de 
solidificação (velocidade de resfriamento e pressão). 
Se diminuirmos o tempo de solidificação, teremos uma estrutura formada por maior número de 
grãos (estrutura fina). Caso contrário, ocorre o inverso (estrutura grossa). 
As estruturas de grãos muito grandes possuem baixa resistência à tração. 
SENAI - 2009 7
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A figura ao lado apresenta no 
diagrama de solidificação como 
se processa a formação dos 
metais durante o resfriamento. 
Diagrama de solidificação 
Propriedades dos materiais 
Na construção de peças e componentes, devemos observar se os materiais empregados 
possuem as diversas propriedades físicas e mecânicas que lhe serão exigidas pelas condições e 
solicitações do trabalho a que se destinam. A seguir mostraremos algumas dessas propriedades. 
Elasticidade 
Uma mola deve ser elástica. Por ação de uma força, deve se deformar e, quando cessada a força, 
deve voltar à posição inicial. 
8 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Para comprovarmos a elasticidade do aço para molas, prendemos a mola na morsa por um lado e 
a estiramos pelo outro lado até que se estique. 
Quando a soltamos, se a mola voltar à posição inicial é porque o aço possui boa elasticidade. 
Fragilidade 
Materiais muito duros tendem a se quebrar com facilidade, não suportando choques, enquanto 
que os materiais menos duros resistem melhor aos choques. Assim, os materiais que possuem 
baixa resistência aos choques são chamados frágeis. Exemplos: FoFo, vidro, etc. 
Ductilidade 
Pode-se dizer que a ductilidade é o oposto da fragilidade. São dúcteis os materiais que por ação 
de força se deformam plasticamente, conservando a sua coesão, por exemplo: cobre, alumínio, 
aço com baixo teor de carbono, etc. 
Na figura seguinte temos um fio de cobre de 300mm de comprimento. Se puxarmos este fio, ele 
se esticará até um comprimento de 400 a 450mm sem se romper porque uma das qualidades do 
cobre é ser dúctil. 
SENAI - 2009 9 
Ductilidade 
Tenacidade 
Se um material é resistente e possui boas características de alongamento para suportar um 
esforço considerável de torção, tração ou flexão, sem romper-se, é chamado tenaz. 
A chave da figura seguinte pode ser tracionada e flexionada sem romper-se facilmente porque é 
de um material tenaz.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Tenacidade 
Dureza 
As ferramentas devem ser duras para que não se desgastem e possam penetrar em um material 
menos duro. 
A dureza é, portanto, a resistência que um material oferece à penetração de outro corpo. 
Resistência 
Resistência de um material é a sua oposição à mudança de forma e ao cisalhamento. As forças 
externas podem exercer sobre o material cargas de tração, compressão, flexão, cisalhamento, 
torção ou flambagem. 
Flexão Cisalhamento 
Torção Tração 
10 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Flambagem Compressão 
Toda força externa gera no material tensões de acordo com o tipo de solicitação. 
Elasticidade e plasticidade 
São propriedades de mudança de forma. Denominamos deformação elástica à deformação não 
permanente e deformação plástica à deformação permanente. 
Densidade 
A densidade de um material está relacionada com o grau de compactação da matéria. 
Fisicamente, a densidade (r) é definida pela massa (M) dividida pelo volume (V). 
SENAI - 2009 11 
 
 
dm3 
M 
r =  
 
Kg 
V 
Exemplo: o cobre tem maior densidade que o aço: r Cu = 8,93kg/dm3 
rAço = 7,8kg/dm3
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Questionário – resumo 
1. Quais os materiais metálicos ferrosos mais importantes? 
2. Como são classificados os materiais metálicos não-ferrosos em função da densidade? 
3. Dê exemplos de materiais não-metálicos naturais e artificiais ou sintéticos. 
4. Cite três tipos de estrutura cristalina dos metais e como elas se comportam frente à 
transformação mecânica? 
5. Como ocorre a formação da estrutura cristalina na solidificação? 
6. Comente as seguintes propriedades dos materiais: densidade, resistência, fragilidade, 
ductilidade, tenacidade, elasticidade e dureza. 
12 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Obtenção do ferro gusa e 
ferro fundido 
Objetivos 
Ao final desta unidade o participante deverá: 
Conhecer 
Estar informado sobre: 
• Processo de obtenção do ferro gusa no alto-forno e os materiais utilizados; 
• Reações químicas que ocorrem no alto-forno; 
• Obtenção, classificação e tipos de ferro fundido; 
• Fundição em areia. 
Saber 
Reproduzir conhecimentos sobre: 
• Características da estrutura do carbono nos ferros fundidos lamelar e globular; 
• Propriedades e exemplos de aplicação do ferro fundido branco, cinzento, nodular e maleável; 
• Normas ABNT, DIN e ASTM. 
Ser capaz de 
Aplicar conhecimentos para: 
• Selecionar os ferros fundidos em função de suas propriedades. 
SENAI - 2009 13 
Introdução 
O elemento químico ferro é o metal mais usado para as construções mecânicas. Nesta unidade, 
estudaremos como ele é extraído do minério e transformado em ferro gusa e depois em ferro 
fundido. Na próxima unidade (Aço), estudaremos como o ferro gusa se transforma em aço. 
Obtenção do ferro gusa
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Os minérios de ferro são rochas que contêm óxidos de ferro ou carbonatos de ferro agregados a 
quartzo, argila, composto de enxofre, fósforo, manganês. 
Minério Designação química Fórmula química Conteúdo de Fe 
Magnetita Óxido ferroso férrico Fe3O4 60...70% 
Hematita roxa Óxido de ferro anidro Fe4O3 40...60% 
Hematita parda ou 
limonita 
Óxido de ferro hidratado 2Fe2O3 + 3H2O 20...45% 
Siderita Carbonato de ferro FeCO3 30...45% 
Antes da fusão do minério no alto-forno para a obtenção do ferro gusa, o minério deve ser britado 
(quebrado). As impurezas pétreas são separadas por flotação e, em seguida, elimina-se a 
umidade e parte do enxofre. Os minérios de granulometria fina são compactados formando 
briquetes. 
Transformação do minério em metal 
14 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A transformação do minério em metal é feita no alto-forno que é um forno de cuba com uma altura 
de 30 a 80m e um diâmetro máximo de 10 a 14m. 
Neste forno entra o minério e sai o ferro gusa que contém 5 – 6% de carbono, ± 3% de silício (Si), 
± 6% de manganês (Mn) assim como altos teores de enxofre e fósforo. Um teor alto de carbono, 
enxofre e fósforo tornam o ferro gusa muito frágil, não forjável e não soldável. 
SENAI - 2009 15
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Alto-forno (funcionamento) 
A transformação do minério em ferro gusa é feita em dois movimentos: o movimento descendente 
de carga (sólidos) em oposição ao movimento ascendente dos gases. 
Alto-forno 
As cargas introduzidas na goela do alto-forno para ser obtido o ferro gusa são as seguintes: 
• Minério 
Óxido de ferro (Fe2O3) quebrado e aglomerado. 
• Coque metalúrgico 
Possui grande resistência ao esmagamento e uma excelente 
Porosidade para deixar passar a corrente gasosa. 
• Fundente adicional 
Permite a separação do metal da ganga numa temperatura relativamente baixa. A composição 
do fundente depende da natureza da ganga. 
Exemplos de fundentes: 
16 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 17 
• Mn 
Atua como dissulfurante, desoxidante e elemento de liga, 33 a 35kg/ton de aço. 
• Cal 
Adicionada para facilitar a fusão da escória e é também um desfosforizante. 
• Fluorita CaF2 
Ajuda na fluidificação da escória. 
Os movimentos descendente e ascendente produzidos no alto-forno formam as seguintes zonas: 
Secagem (entre 3000C e 3500C) 
A água contida nos elementos da carga é evaporada e parte do enxofre também é eliminada. 
Redução (entre 3500C e 7500C) 
O minério (óxido de ferro) combina-se com 
o monóxido de carbono (CO) (veja equação 
ao lado). 
Equação química da redução 
3Fe2O3 + CO ® 2Fe3O4 + CO2 
Fe3O4 + CO ® 3FeO + CO2 
Equação química da 
carbonetação 
3FeO + 3CO ® 3Fe + 3CO2 
3Fe + C ® Fe3C 
Carbonetação (entre 7500C e 11500C) 
Com a temperatura elevada, o óxido de ferro entra em 
combinação parcial com o monóxido de carbono, 
formando o dióxido de carbono. Numa outra reação, o 
ferro (Fe) combina-se com o carbono formando a 
cementita Fe3C, numa combinação muito dura. 
Após a carbonetação, o ponto de fusão da liga ferro e 
carbono diminui bastante (veja equação ao lado). 
Fusão (entre 11500C e 18000C) 
Corresponde à passagem do ferro carburado (o gusa) do estado sólido ao líquido. 
A transformação em líquido é feita numa temperatura aproximada de 16000C. O metal líquido 
escorre para o fundo do cadinho, enquanto que sobre o metal fica a escória, separada por 
diferença de densidade. A escória fica na superfície e protege o gusa contra a oxidação que o ar 
injetado das ventaneiras poderia provocar.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
O ferro gusa que sai do alto-forno 
pode ser solidificado em pequenos 
lingotes que servirão de matéria-prima 
para uma segunda fusão, de 
onde resultará o ferro fundido, ou o 
gusa poderá ser transportado 
líquido (carro torpedo) para a 
aciaria. 
18 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 19 
Ferro fundido 
É uma liga de ferro carbono com um teor de carbono de 2% a 4,5%. Esse material se caracteriza 
frente ao aço por um ponto de fusão mais baixo e uma moldabilidade mais fácil. Portanto, para 
peças de forma complicada, a fundição em ferro fundido é mais econômica do que a fundição em 
aço. 
O ferro gusa é transformado numa segunda fusão em ferro fundido (FoFo). Esta fusão é feita em 
fornos tipo cubilô ou forno elétrico. 
A carga desses fornos é formada de lingotes de ferro gusa, sucata de aço e ferro fundido, coque e 
fundente (calcário), podem-se também adicionar elementos de liga como o cromo, níquel ou 
molibdênio. Através desta segunda fusão, obtém-se uma estrutura mais densa com a granulação 
mais fina e uniforme. 
Forno cubilô 
O forno cubilô é um forno de cuba, cilíndrico com um diâmetro de aproximadamente um metro, e 
uma altura de seis a oito metros. 
Compõe-se de uma camisa de 
chapa de aço revestida com um 
material refratário. Esse forno é 
carregado por cima, como o alto-forno. 
Forno cubilô
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Após o aquecimento, quando se encontra no estado líquido, o ferro fundido acumula-se em um 
cadinho, na parte inferior, e, em seguida, é feita a corrida. O ferro fundido é vertido em uma 
caçamba de fundição e transportado até os moldes onde são fundidas as peças. 
Tipos de ferro fundido 
O carbono contido no ferro fundido pode estar combinado com o ferro formando a cementita que é 
dura e quebradiça e apresenta uma fratura clara (ferro fundido branco). 
Quando o carbono está separado do ferro formando veios de grafite, apresenta uma fratura 
cinzenta (ferro fundido cinzento). 
A quantidade e o tamanho dos veios de grafite que se formam dependem da composição química 
e da velocidade de resfriamento. 
Aumentando o teor de silício e diminuindo a velocidade de resfriamento, há maior formação de 
grafite. No entanto, se aumentarmos o teor de manganês e a velocidade de resfriamento, o 
carbono ficará combinado com o ferro formando a cementita. 
Ferro fundido cinzento (GG) 
20 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Nesse tipo de ferro fundido, o carbono se apresenta na forma de veios de grafite. Esses veios de 
grafite (lamelas) são formados devido a um resfriamento lento no momento da fundição e/ou 
devido à composição química do material (alto teor de silício). 
O ferro fundido cinzento ou lamelar (GG ou GGL) é, comercialmente, barato e tem as seguintes 
características quanto ao processo de fabricação: 
• Funde-se com facilidade 
• Contrai-se pouco ao esfriar 
• Tem pouca tendência a formar vazios internos 
• Apresenta boa usinabilidade 
O ferro fundido cinzento apresenta também as seguintes propriedades mecânicas: 
• Fragilidade (resiste pouco às solicitações por choque) 
• Resistência baixa a tração (causada pelos veios de grafite) 
• Boa capacidade de deslizamento (melhor que a do aço) 
• Resistência a compressão elevada 
• Grande poder de amortecimento interno de vibrações mecânicas 
A resistência a compressão e o poder de amortecimento de vibrações tornam o ferro fundido 
cinzento ideal para confecções de carcaças de motores e corpos de máquinas. 
SENAI - 2009 21
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Ferro fundido nodular (GGG) 
Se se adicionam, na hora do vazamento do ferro fundido na panela, ligas de magnésio (níquel-magnésio 
ou ferro-silício-magnésio), o grafite não se agregará sob a forma de lamelas e sim sob a 
forma de glóbulos. Por essa razão esse ferro fundido é chamado globular ou nodular. 
O grafite estando na forma globular proporciona ao ferro fundido maior resistência a tração, flexão 
e alongamento. 
Outra característica do ferro fundido nodular é que ele resiste bem a agentes químicos e ao calor. 
Por isso é muito usado em tubos e fornos de indústrias químicas, em máquinas agrícolas, na 
construção de tratores e automóveis, na construção de bombas e turbinas. 
Ferro fundido branco ou duro (GH) 
Nesse tipo de ferro fundido, o carbono está sempre combinado com o ferro, formando um 
componente duro na estrutura – a cementita (Fe3C). 
Composição típica de ferro fundido duro 
C...................................2,8 a 4,0% 
Si..................................0,2 a 1,0% 
Mn................................0,6 a 1,5% 
S..................................0,2 a 0,45% 
P...................................0,15 máx. 
A cementita é formada devido a um resfriamento rápido do ferro fundido e devido à influência de 
elementos químicos: um teor de silício baixo e de manganês elevado. 
22 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Pela escolha adequada da composição química do ferro fundido e pelo controle da velocidade de 
resfriamento do metal no molde, é possível fazer uma peça onde a superfície seja de ferro fundido 
duro e o núcleo de ferro fundido cinzento. 
Essas características são interessantes para alguns tipos de peças como, por exemplo, a roda de 
trem que deve ter resistência ao desgaste e, ao mesmo tempo, resistência a impactos. 
Ferro fundido maleável (GT) 
O ferro fundido maleável é obtido a partir do ferro fundido branco que é submetido à 
maleabilização (tratamento térmico posterior à fundição) tornando-se, assim, bem tenaz, algo 
deformável e facilmente usinável. 
Composição típica de um ferro fundido branco 
destinado a ser maleabilizado. 
Carbono combinado...................3,0 a 3,50% 
Si................................................0,50 a 0,80% 
Mn..............................................0,10 a 0,40% 
S................................................0,20 a 0,05% 
F.................................................0,15% máx. 
Distinguem-se dois tipos de ferro fundido maleável: 
• Ferro fundido maleável branco 
• Ferro fundido maleável preto 
Ferro fundido maleável branco (GTW) 
É próprio para a fabricação de peças pequenas de pequena espessura de parede. 
Essas peças são fundidas em ferro fundido branco e depois, por um longo tratamento 
térmico de descarbonetação, reduz-se o teor de carbono da superfície da peça de 2 a 4% para 1 a 
1,5% (com isso conseguimos um material menos frágil). 
O tratamento de descarbonetação consiste em colocar as peças fundidas em ferro fundido branco 
em caixas contendo óxidos de ferro finamente granulado. Depois, colocamos essas caixas em 
fornos a temperatura de 900 a 10500C durante dois a cinco dias. Ou segundo procedimentos mais 
modernos, a peça é aquecida em fornos elétricos ou a gás com uma atmosfera oxidante. 
SENAI - 2009 23
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Através do aquecimento, o óxido de ferro se decompõe, liberando o oxigênio que irá reagir com o 
carbono contido na peça. Com isso se reduz o teor de carbono na superfície da peça de 2,5 a 
3,5% para 0,5 a 1,8% C. 
A profundidade de descarbonetação é limitada e por isso se emprega esse tratamento em peças 
de paredes delgadas de até 12mm. 
Ferro fundido maleável preto (GTS) 
Para a obtenção de ferro fundido maleável preto, faz-se um tratamento térmico de recozimento no 
ferro fundido branco (800 a 9000C durante vários dias) em uma atmosfera neutra, por exemplo, 
envolvendo a peça em areia. 
Diagrama do tratamento térmico 
Nesse caso, a cementita do ferro fundido branco se decompõe em grafite em forma de nódulos e 
ferrita. Esse tipo de tratamento não depende da espessura da parede da peça. 
Observação 
Na figura seguinte, observamos um resumo de como são obtidos os vários tipos de ferros 
fundidos. 
24 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 25 
Obtenção dos vários tipos de ferro fundido 
O processo de fundição 
Para fundir uma peça, confecciona-se primeiro um modelo em madeira, aço, alumínio ou plástico, 
de acordo com os planos técnicos.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Esse modelo deve ser um pouco maior do que a peça, devido à contração do metal ao se 
solidificar e esfriar conforme tabela seguinte. 
Material Contração do metal (%) 
Aço 
2 
FoFo 
1 
Alumínio 
1,25 
Liga CuZnSn 
1,50 
As figuras a seguir mostram a sequência da fundição de uma peça. 
Desenho da peça 
Modelo fabricado em madeira, levando-se em conta a contração do metal. 
Este modelo é dividido em duas partes. 
Coloca-se o modelo sob a caixa de fundição e compacta-se a areia. 
26 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 27 
Macho fabricado de areia com resina 
para ter maior resistência 
Colocação do macho no molde 
Vazamento do metal no molde Peça fundida com o canal de vazamento e 
massalote 
É importante notar que as propriedades mecânicas das peças fundidas variam dentro de uma 
mesma peça em função da espessura da parede, da forma da secção, da maior ou menor 
velocidade de resfriamento em cada ponto. 
As figuras a seguir mostram os defeitos mais comuns que aparecem nas peças fundidas. 
Inclusões de escórias 
Escórias e óxidos metálicos que se misturaram no metal durante o vazamento.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Poros 
O material fundido não se solidifica uniformemente. A solidificação se produz de fora para dentro. 
Nos lugares mais grossos da peça, formam-se vazios que são denominados poros ou cavidades. 
Para evitar esse problema, é conveniente que as peças fundidas não tenham uma variação 
brusca de espessura das paredes, ou que se acrescentem partes na peça que se solidifiquem por 
último e que irão conter os poros, bolhas e inclusões. Essas partes são chamadas de massalote e 
serão eliminadas depois. 
Trincas 
A variação de secção provoca também diferentes velocidades de resfriamentos o que pode 
ocasionar diferentes estruturas e tensões internas na peça, provocando trincas. Para uniformizar a 
velocidade de resfriamento, podem-se alojar no molde placas de resfriamento. 
28 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 29 
Bolhas 
A umidade da areia do molde se 
decompõe em hidrogênio e oxigênio com 
a temperatura de vazamento do metal e 
esses gases penetram na estrutura do 
material. 
Desigualdade na espessura das 
paredes 
É provocada pelo deslocamento do macho 
durante o vazamento. 
Paredes mais grossas e irregulares 
São provocadas pela compactação 
insuficiente da areia, que se desprende 
com a pressão do material durante a 
fundição. 
Como descobrir defeitos de fundição 
Antes da usinagem, é interessante examinar as peças fundidas com a ajuda de raios X ou de 
ultra-som para detectar defeitos (bolhas ou inclusões internas). Caso contrário esses defeitos só 
serão percebidos durante a usinagem o que acarretará uma perda de tempo e elevação dos 
custos. 
Classificação e nomenclatura dos ferros fundidos 
As normas especificam os ferros fundidos com letras e números onde cada um possui um 
significado.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Nos exemplos abaixo temos especificações segundo a norma DIN e ABNT. 
DIN GG 40 
Resistência a tração 400N/mm2 
Ferro fundido cinzento 
GGG 60 
Resistência a tração 600N/mm2 
Ferro fundido nodular 
ABNT FC 40 
Resistência a tração 400N/mm2 
Ferro fundido cinzento 
Características segundo DIN 
Símbolo GG – 
Densidade: 7,25kg/dm3 
Ponto de fusão: 1150 – 12500C 
Temperatura de fundição: 13500C 
Resistência a tração: 10 – 40kp/mm2 
Alongamento: insignificante 
Contração: 1% 
Composição: 2,6 - 3,6% C 
1,8 - 2,5% Si 
0,4 - 1,0% Mn 
0,2 - 0,9% P 
0,08 - 0,12% S 
Classificação do ferro fundido cinzento 
O ferro fundido é classificado por suas classes de qualidade. Essas classes são especificadas por 
vários sistemas de normas tais como DIN, ASTM, etc. Por exemplo, a ABNT especifica as 
classificações da seguinte forma: 
• As classes FC10 e FC15 possuem excelentes fusibilidade e usinabilidade e são indicadas, 
principalmente a FC15, para bases de máquinas e carcaças metálicas. 
• As classes FC20 e FC25 aplicam-se em elementos estruturais de máquinas, barramentos, 
cabeçotes, mesas, etc. 
30 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
• As classes FC30 e FC35 possuem maior dureza e resistência mecânica e aplicam-se em 
engrenagens, buchas, blocos de motor, etc. 
• A classe FC40 de maior resistência que as outras possui elementos de liga, como cromo, 
níquel e molibdênio, sendo empregada em peças de espessuras médias e grandes. 
Classes de ferros fundidos cinzentos segundo ABNT 
SENAI - 2009 31 
Classe 
Limite de resistência a tração 
(min.) 
X 10 [N/mm2] 
Dureza brinell 
(valores máximos) 
Resistência à flexão estática (valores 
médios) 
X 10 [N/mm2] 
FC10 10 201 - 
FC15 23 
18 
15 
11 
241 
223 
212 
201 
34 
32 
30 
27 
FC20 28 
23 
20 
16 
255 
235 
223 
217 
41 
39 
36 
33 
FC25 
33 
28 
25 
21 
269 
248 
241 
229 
- 
46 
42 
39 
FC30 33 269 - 
30 262 48 
26 248 45 
FC35 38 
35 
31 
- 
277 
269 
- 
54 
51 
FC40 40 
36 
- 
- 
60 
57
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A ASTM agrupa os ferros fundidos cinzentos em sete classes. Os números das classes ASTM 
representam valores de resistência a tração em l b/pol2, os valores métricos para o limite de 
resistência a tração são aproximados. 
Classes Resistência a tração Resistência a tração 
20 20.000 l b/pol2 140N/mm2 
25 25.000 l b/pol2 175N/mm2 
30 30.000 l b/pol2 210 N/mm2 
35 35.000 l b/pol2 245N/mm2 
40 40.000 l b/pol2 280N/mm2 
50 50.000 l b/pol2 350N/mm2 
60 60.000 l b/pol2 420N/mm2 
Classificação de ferro fundido nodular segundo ABNT especificação P-EB-585. 
32 SENAI - 2009 
A título informativo 
Classe 
Limite de 
resistência 
a tração, 
min. 
Kg/mm2 
Limite de 
escoamento 
(0,2%) min. 
Kg/min2 
Alongamento 
(5d), min. % 
Faixa de 
dureza 
aproximada 
brinell 
Estruturas 
predominantes 
FE 3817 
FE 4212 
FE 5007 
FE 6002 
FE 7002 
FE 3817 
RI* 
38,0 
42,0 
50,0 
80,0 
70,0 
38,0 
24,0 
28,0 
35,0 
40,0 
45,0 
24,0 
17 
12 
7 
2 
2 
17 
140-180 
150-200 
170-240 
210-280 
230-300 
140-180 
Ferrítica 
Ferrítica-perlítica 
Perlítica-ferrítica 
Perlítica 
Perlítica 
Ferrítica 
*Classe com requisito de resistência a choque.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Aplicações dos ferros fundidos cinzentos, segundo as classes ASTM 
Classe Espessura das peças Aplicações 
SENAI - 2009 33 
20 
Fina: até 13mm 
Média: de 13 a 25mm 
Grossa: acima de 25mm 
Utensílios domésticos, anéis de pistão, produtos 
sanitários, etc. 
Bases de máquinas, fundidos ornamentais, 
carcaças metálicas, tampas de poços de inspeção, 
etc. 
Certos tipos de tubos, conexões, bases de 
máquinas pesadas, etc. 
25 
Fina: até 13mm 
Média: de 13 a 25mm 
Grossa: acima de 25mm 
Aplicações idênticas às da classe 20, quando se 
necessita de maior resistência mecânica. 
30 
Fina: até 13mm 
Média: de 13 a 25mm 
Grossa: acima de 25mm 
Elementos construtivos: pequenos tambores de 
freio, placas de embreagem, cárters, blocos de 
motor, cabeçotes, buchas, grades de filtro, rotores, 
carcaças de compressor, tubos, conexões, pistões 
hidráulicos, barramentos e componentes diversos 
usados em conjuntos elétricos, mecânicos e 
automotivos. 
35 
Fina: até 13mm 
Média: de 13 a 25mm 
Grossa: acima de 25mm 
Aplicações idênticas às da classe 30. 
40 
Fina: até 13mm 
Média: de 13 a 25mm 
Grossa: acima de 25mm 
Aplicações de maior responsabilidade, de maiores 
durezas e resistência a tração, para o que se pode 
usar inoculação ou elementos de liga em baixos 
teores: engrenagens, eixo de comando de 
válvulas, pequenos virabrequins, grandes blocos 
de motor, cabeçotes, buchas, bombas, 
compressores, rotores, válvulas, munhões, 
cilindros e anéis de locomotivas, bigornas, pistões 
hidráulicos, etc. 
50 
Fina: até 13mm 
Média: de 13 a 25mm 
Grossa: acima de 25mm 
Aplicações idênticas às da classe 40. 
60 
Fina: até 13mm 
Média: de 13 a 25mm 
Grossa: acima de 25mm 
É a classe de maior resistência mecânica, usando-se 
normalmente pequenos teores de Ni, Cr e Mo. 
Tambores de freio especiais, virabrequins, bielas, 
cabeçotes, corpos de máquina diesel, peças de 
bombas de alta pressão, carcaças de britadores, 
matrizes para forjar a quente, cilindros hidráulicos, 
etc.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Especificações ASTM de ferro fundido nodular 
Classe 
Limite de 
resist. a tração 
min. Kg/mm2 
Limite de 
escoamento 
min. 
Kg/mm2 
Alongamento 
min. Em 2” 
% 
34 SENAI - 2009 
Condição Aplicações 
ASTM-A 339-55 
80-60-03 56 42 3 Fundido Uso geral 
60-45-10 42 31,5 10 Geralmente 
recozido Uso geral 
ASTM-A 396-58 
120-90-02 84 63 2 Tratado 
termicamente 
Para elevada 
resistência 
mecânica 
100-70-03 70 49 3 Idem Idem 
ASTM-A 395-56T 
60-45-15 
60-40-18 
42 
42 
31,5 
28 
15 
18 
Recozido 
Recozido 
Equipamento 
pressurizado a 
temperaturas 
elevadas 
Os números indicativos das classes referem-se aos valores: 
• Do limite de resistência a tração (em milhares de libras por polegada quadrada); 
• Do limite de escoamento (em milhares de libras por polegada quadrada); 
• Do alongamento em porcentagem de um corpo de prova de 2”. 
Denominação de ferro fundido segundo norma DIN 17006 
GG – Ferro fundido cinzento 
Exemplo: 
GG-18 Ferro fundido cinzento com resistência a tração de 180N/mm2 
GGK Ferro fundido cinzento em coquilha 
GGZ Ferro fundido cinzento centrifugado 
GH – Ferro fundido duro 
Exemplo: 
GH-25 Ferro fundido com uma camada de ferro fundido branco de 25mm e o núcleo com ferro 
fundido cinzento 
GH-95 Dureza shore de 95
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Observação: numeração até 50 especifica a profundidade da camada 
dura em milímetros. Numeração acima de 50 especifica a dureza shore. 
GT – Ferro fundido maleável 
Exemplo: 
GTW-35 Ferro fundido maleável branco com resistência a tração de 340N/mm2 
GTS-35 Ferro fundido maleável preto com resistência a tração de 330N/mm2 
Ferro fundido com Símbolo Resist. a grafite lamelar 
SENAI - 2009 35 
tração N/mm2 
Resist. a tração 
N/mm2 
Densidade 
kg/dm3 
Propriedades 
GG-10 
GG-20 
100 
200 
- 
350 
7.2 Ferro fundido comum sem qualidade especial 
para uso geral. 
GG-25 
GG-35 
GG-40 
250 
340 
390 
420 
530 
590 
7.35 Ferro fundido de alta qualidade para peças 
altamente solicitadas como por exemplo 
cilindros, êmbolos. 
Limite de Ferro fundido nodular 
alongamento 
0,2%* 
N/mm2 
Alongamen-to 
de ruptura 
( l o = 5do) 
% 
Usinabilidade Propriedades 
GGG-40 
GGG-50 
GGG-60 
GGG-70 
400 
500 
600 
700 
250 
320 
380 
440 
15 
7 
3 
2 
Boa 
Muito boa 
Muito boa 
boa 
GGG tem 
propriedades 
semelhantes ao aço 
devido ao carbono 
em forma de grafite 
esferoidal. 
Alongament Ferro fundido maleável 
o de ruptura 
( l o = 3do) 
Aplicação 
GTW-40 
GTW-55 
GTS-45 
390 
540 
440 
215 
355 
295 
5 
5 
7 
Peças de parede fina de fundição tenaz por 
exemplo rodas, chaves, conexões. 
*O alongamento de 0,2% de comprimento inicial l o é o usado para limite de elasticidade de 
materiais não dúcteis.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Questionário – Resumo 
1. Quais as substâncias que normalmente vêm agrupadas com os minérios de ferro? 
2. Defina ferro fundido? 
3. Quais são os tipos de ferro fundido? Cite as suas propriedades gerais. 
4. Especifique FC-40 – GG-30 – GTS-40 – GGG-60 – FE4212. 
5. Como é feita a fundição em areia? 
6. Quais os defeitos mais comuns em peças fundidas? 
36 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Aço 
Objetivos 
Ao final desta unidade o participante deverá: 
SENAI - 2009 37 
Conhecer 
Estar informado sobre: 
• Processos de obtenção do aço. 
Saber 
Reproduzir conhecimentos sobre: 
• Influência dos elementos de liga nas propriedades dos aços; 
• Processo de refinação e enriquecimento do aço; 
• Normalização conforme ABNT, SAE, AISI e DIN. 
Ser capaz de 
Aplicar conhecimentos para: 
• Selecionar os aços em função de suas propriedades mecânicas; 
• Interpretar normas de identificação dos aços. 
Definição de aço 
É uma liga de ferro e carbono que contém no máximo 2,0% de carbono, além de certos elementos 
residuais resultantes dos processos de fabricação. 
Obtenção do aço 
O ferro gusa que sai do alto-forno tem alto teor de carbono (3 a 5%) e elevado teor de impurezas 
como enxofre, fósforo, manganês e silício.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Para transformar o ferro gusa em aço, é necessário reduzir o seu teor de carbono (0 – 2,0%), 
manganês, silício e eliminar, ao máximo, o seu teor de fósforo e enxofre. Para tanto, existem 
vários processos. 
Processo Bessemer e Thomas- 
Bessemer 
O conversor Bessemer tem um 
revestimento de tijolos de sílica que não 
pode ser utilizado com ferro gusa rico em 
fósforo. 
O conversor Thomas-Bessemer, por sua 
vez, tem um revestimento de tijolos de 
dolomita rica em cal adequada para 
trabalhar com ferro gusa rico em fósforo. 
Em ambos os processos, Bessemer ou 
Thomas-Bessemer, reduz-se o teor de 
carbono do ferro gusa pela injeção de ar 
por orifícios que existem no fundo do 
conversor. 
O ferro gusa líquido procedente do 
misturador é vertido no conversor em 
posição horizontal, adicionando-se cal ou 
dolomita. 
Processo Bessemer e Thomas-Bessemer 
38 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Colocando-se o conversor na posição vertical, o ar enriquecido com oxigênio é soprado durante 
dez a vinte minutos. Durante esse tempo o oxigênio reage com o carbono, e o silício, o manganês 
e a cal reagem com o fósforo formando a escória. 
A escória do conversor Thomas-Bessemer é moída e utilizada como adubo por possuir alto teor 
de fósforo. 
Produtos do conversor Bessemer e Thomas-Bessemer 
• Aço ao carbono não-ligados. 
SENAI - 2009 39 
Conversor a oxigênio (LD) 
Nos conversores a oxigênio, é fabricada 
mais de 50% da produção mundial de 
aço. No Brasil, eles são também 
amplamente utilizados. 
A carga desse conversor é constituída de 
ferro gusa líquido, sucata de ferro, minério 
de ferro e aditivos (fundentes). 
Com uma lança refrigerada com água, 
injeta-se oxigênio puro a uma pressão de 
4 a 12bar no conversor. 
Processo conversor a oxigênio (LD)
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A oxidação do carbono e dos acompanhantes do ferro libera grande quantidade de calor. Para 
neutralizar essa elevada temperatura que prejudicaria o refratário, adiciona-se sucata ou minério 
de ferro. 
Pela adição de fundentes como a cal, os acompanhantes do ferro como o manganês, silício, 
fósforo e enxofre unem-se formando a escória. 
Para aumentar a qualidade do aço, adicionam-se os elementos de liga no final ou quando o aço 
está sendo vertido na panela. 
Os aços produzidos no LD não contêm nitrogênio pois não se injeta ar, daí a alta qualidade obtida. 
Esse conversor oferece vantagens econômicas sobre os conversores Thomas-Bessemer e 
Siemens-Martin. 
Produtos do conversor a oxigênio (LD) 
• Aços não-ligados 
• Aços para cementação 
• Aços de baixa liga 
Conversor Siemens-Martin 
O forno Siemens-Martin é um forno de câmara fixo. A carga do forno pode ser constituída de 70% 
de sucata de aço e o resto de ferro gusa e fundentes (cal) para formar a escória. 
Representação esquemática de um forno Siemens-Martin 
A temperatura de fusão é de 18000C, que se consegue pela queima de gás ou óleo. 
40 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Os gases produzidos pela combustão saem do forno e passam, através de um empilhamento de 
tijolos, pela parte inferior do forno (recuperador) onde cedem calor dirigindo-se depois para a 
chaminé. A cada vinte minutos mais ou menos, o sentido dos gases é invertido de modo que o ar 
passe pelo recuperador que está aquecido. 
Produtos do conversor Siemens-Martin 
• Aços carbono não-ligados 
• Aços de baixa liga 
• Aços-ferramenta que não exigem alta qualidade 
SENAI - 2009 41 
Forno elétrico 
Os aços finos, em particular os altamente ligados, são obtidos em fornos elétricos. 
Com o aço vindo do conversor a oxigênio ou Siemens-Martin e mais sucata selecionada alimenta-se 
o forno elétrico. Nesse forno, o aço é purificado e adicionam-se os elementos de liga 
desejados. Como a geração de calor se dá por uma corrente elétrica, não existe nenhuma chama 
de gás que desprenda enxofre. 
Existem dois tipos de fornos elétricos para a produção de aço: 
• Forno de arco voltaico 
• Forno de indução 
O forno de arco voltaico tem dois ou três eletrodos de carvão. Ao ligar, a corrente elétrica salta 
em arco voltaico das barras de carvão passando pelo material a fundir. A temperatura obtida neste 
processo é da ordem de 36000C, o que torna possível fundir elementos de liga como o tungstênio 
(temperatura de fusão 33700C) ou molibdênio (temperatura de fusão 26000C). 
Forno de arco voltaico 
No forno de indução a corrente 
alternada passa por uma bobina situada
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
ao redor de um cadinho, com isto se 
induzem correntes parasitas no material a 
fundir que aquecem o banho. Esse forno 
é empregado para fabricação de aços 
altamente ligados e de ferro fundido 
nodular. 
Forno de indução 
Solidificação do aço 
Os aços produzidos nos conversores são colocados em panelas e destas panelas são vertidos em 
moldes de fundição ou em lingoteiras onde se solidificam em forma de lingotes quadrados ou 
redondos. 
Esses lingotes serão transformados em produtos semi-acabados por meio de prensagem, 
forjamento ou laminação em chapas, barras de perfil L, U, redondas, sextavadas, etc. 
O aço líquido dentro do molde começa a se solidificar das paredes para o centro da peça. Com o 
processo de solidificação, há a formação de gases devido a reações químicas, tais como 
42 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
decomposição da água em hidrogênio e oxigênio, reação do carbono com o óxido de ferro 
gerando ferro e gás carbônico. 
SENAI - 2009 43 
As bolhas de gás ascendentes 
originam um forte movimento do aço 
que ainda está líquido, com isto os 
gases, o fósforo, o enxofre, o silício 
são deslocados para o interior do 
bloco que irá se resfriar por último. A 
esse processo chamamos 
segregação. 
Lingote com massalote 
As acumulações de fósforo no aço produzem fragilidade (perigo de ruptura na conformação a frio). 
As acumulações de enxofre no aço ocasionam fragilidade a quente (perigo de ruptura na 
laminação ou no forjamento). Altos teores localizados de W, Ti, Mo produzem pontos duros que 
podem ocasionar a ruptura das peças. 
Aços fundidos acalmados 
Para evitar o acúmulo de gases no interior do aço, são adicionados alumínio, silício ou manganês 
ao se fundir ou vazar o aço. O oxigênio se une a esses elementos formando óxidos metálicos que 
não podem ser reduzidos pelo carbono (equação ® 2FeO + Si + 2Fe + SiO2). Obtém-se por meio 
desse processo um aço acalmado. 
O aço solidificado acalmado possui uma boa homogeneidade e , desta forma, diminui-se a 
segregação. Os aços de qualidade são sempre acalmados, pois caso contrário o oxigênio oxidaria 
os componentes da ligação. 
Bolhas e cavidades em lingotes de aço 
Tratamento a vácuo
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Os gases absorvidos pelo aço líquido são prejudiciais, por isso aços ligados de alta qualidade 
devem ser desgaseificados. 
Os óxidos (de ferro ou elementos de liga) tornam o aço quebradiço; o nitrogênio produz 
envelhecimento; o hidrogênio produz fortes tensões e pequenas trincas entre os cristais. 
Para desgaseificar o aço líquido se emprega o tratamento a vácuo. A figura seguinte mostra dois 
tipos desse tratamento. 
Tratamento a vácuo 
Os aços que passam por esse processo apresentam maior grau de pureza, o que resulta em 
maior tenacidade e melhor resistência à fadiga. 
Refusão elétrica sob escória 
44 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Por esse processo, um bloco de aço ligado fundido em forno elétrico se torna um eletrodo e goteja 
através de uma escória, desembocando em uma coquilha de cobre refrigerada por água. A escória 
faz a vez de uma resistência elétrica, gerando calor necessário para a fusão, ao ser percorrida 
pela corrente elétrica. 
Nessa escória, são retidas ao mesmo tempo as substâncias não desejadas e os gases dissolvidos 
no aço. 
Por esse processo, obtêm-se blocos (tarugos) de aço altamente ligados com uma textura uniforme 
sem segregação ou inclusões. 
Influência dos elementos de liga nos aços 
Devido às necessidades industriais, a pesquisa e a experiência possibilitaram à descoberta de 
aços especiais, mediante a adição e a dosagem de certos elementos no aço carbono. 
Conseguiram-se assim aços-liga com características como resistência a tração e a corrosão, 
elasticidade, dureza, etc. bem melhores do que as dos aços ao carbono comuns. 
Influência dos elementos de liga nas propriedades do aço 
Elemento Eleva Abaixa 
SENAI - 2009 45 
Não-metais 
Carbono C Resistência, dureza, temperabilidade Ponto de fusão, tenacidade, 
alongamento, soldabilidade e 
forjabilidade
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Silício Si Elasticidade, resistência a tração, profundidade de 
têmpera, dureza a quente, resistência a corrosão, 
separação da grafite no ferro fundido 
46 SENAI - 2009 
Soldabilidade 
Fósforo P Fluidez, fragilidade a frio, resistência a quente Alongamento, resistência a 
choque 
Enxofre S Quebra de cavaco, viscosidade Resistência a choque 
Manganês Mn Profundidade de têmpera, resistência a tração, 
resistência a choque, resistência a desgaste 
Facilidade de ser transformado 
(laminado, trefilado); separação 
da grafite no ferro fundido 
Níquel Ni Tenacidade, resistência a tração, resistência a 
corrosão, resistência elétrica, resistência a quente, 
profundidade de têmpera 
Dilatação térmica 
Cromo Cr Dureza, resistência a tração, resistência a quente, 
temperatura de têmpera, resistência a frio, resistência 
a desgaste, resistência a corrosão 
Alongamento (em grau reduzido) 
Vanádio V Resistência a fadiga, dureza, tenacidade, resistência a 
quente 
Sensibilidade ao aparecimento de 
trincas por aquecimentos 
sucessivos 
Molibdênio Mo Dureza, resistência a quente, resistência a fadiga Alongamento, forjabilidade 
Cobalto Co Dureza, capacidade de corte, resistência a quente Tenacidade, sensibilidade ao 
aparecimento de trincas por 
aquecimentos sucessivos 
Metais 
Tungstênio W Dureza, resistência a tração, resistência a corrosão, 
temperatura de têmpera, resistência a quente, 
resistência a desgaste 
Alongamento (em grau reduzido) 
Classificação dos aços 
Podemos classificar os aços segundo a sua aplicação em: 
• Aços de construção em geral 
• Aços para tornos automáticos 
• Aços para cementação 
• Aços para beneficiamento 
• Aços para nitretação 
• Aços inoxidáveis 
• Aços para ferramentas 
- para trabalho a frio 
- para trabalho a quente 
- aços rápidos 
Aços de construção em geral 
Os aços de construção em geral são aços básicos não-ligados que são selecionados pela sua 
resistência a tração e pelo seu limite de elasticidade, ou são aços não-ligados de qualidade que
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
devem satisfazer a exigências tais como forjabilidade e soldabilidade. Nesse último caso, são 
controlados os teores de carbono, fósforo e enxofre. 
As aplicações comuns desses aços são em construção de edifícios, pontes, depósitos, 
automóveis e máquinas. 
SENAI - 2009 47 
Norma DIN 
Aços para torno automático 
São aços de qualidade não-ligados ou de baixa liga utilizados na fabricação de peças em tornos 
automáticos e devem desprender cavacos quebradiços e curtos. 
Esta propriedade (cavaco curto) obtém-se mediante um teor conveniente de enxofre. Os aços 
para tornos automáticos contêm: 0,07 a 0,65% de carbono, 0,18 a 0,4% de enxofre, 0,6 a 1,5% de 
manganês, 0,05 a 0,4% de silício e, quando se pede uma melhor fragilidade do cavaco e 
superfícies lisas, o aço deve conter, além dos elementos já citados, 0,15 a 0,3% de chumbo. 
Exemplos: 
10 S 20 
11 S Mn 28 
11 S Mn Pb 28
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
35 S 20 
Aços para cementação 
São aços com baixo teor de carbono (0,1 a 0,2%) que, por meio de um tratamento termoquímico, 
sofrem uma elevação de seu teor de carbono na superfície da peça a fim de aumentar a dureza 
superficial conservando o núcleo tenaz para resistir a choques. 
Trata-se de aços de qualidade não-ligados, aços finos ou aços finos ligados. 
Na superfície da peça endurecida por cementação alcança-se uma dureza de 59 HRC. 
Exemplos: 
C 10 
CK 10 
16 Mn Cr 5 
17 Cr Ni Mo 6 
Aços para beneficiamento 
São aços que, por meio de um tratamento térmico de beneficiamento (têmpera mais revenimento), 
consegue-se um aumento de resistência, dureza e tenacidade. 
Os aços para beneficiamento não-ligados possuem um teor de carbono acima de 0,3% e só se 
pode beneficiar uma camada delgada. Quando se deseja beneficiar uma camada mais espessa, 
empregam-se aços para beneficiamento ligados. 
As aplicações comuns desses aços são em: eixos, parafusos, engrenagens, molas. 
Exemplos: 
C 30 
CK 60 
42 Cr Mo 4 
Aços para nitretação 
São aços que, pela introdução de nitrogênio por meio de tratamento termoquímico, aumenta-se a 
dureza superficial das peças (até 67 HRC). 
Esses aços contêm cromo, molibdênio e alumínio que favorecem a absorção do nitrogênio. 
As aplicações comuns desses aços são em: engrenagens, matrizes de trabalho a quente. 
Exemplos: 
31 Cr Mo 12 
48 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 49 
34 Cr Al Ni 7 
Aços inoxidáveis 
São aços que possuem um teor mínimo de 12% de cromo e se caracterizam pela sua grande 
estabilidade frente a substâncias agressivas (água, ar, gases, ácidos e bases). 
As aplicações comuns desses aços são na indústria química e na de alimentos e em aparelhos 
cirúrgicos, talheres, etc. 
Exemplos: 
X 3 Cr Ni 18 10 
X 10 Cr Ni Mo Ti 18 12 
X 5 Cr Ni 18 9 
Aços para ferramentas 
São os que se empregam para trabalhar outros materiais com ou sem a remoção de cavacos. São 
subdivididos em: 
• Aços para trabalho a frio 
• Aços para trabalho a quente 
• Aços rápidos 
Aços para trabalho a frio 
Destinam-se à fabricação de ferramentas utilizadas no processamento a frio de aço, ferro fundido 
e metais não-ferrosos. 
As principais propriedades destes aços são: 
• Alta resistência a abrasão 
• Elevada resistência de corte 
• Alta tenacidade 
• Alta resistência a choque 
• Grande estabilidade dimensional 
As aplicações comuns desses aços são em facas e punções de corte, estampos de dobramento, 
estampagem, cunhagem, matrizes, trefilação, etc. 
Exemplos: 
X 210 Cr 12 
X 210 Cr W 12 
X 155 Cr V Mo 12 1 
Aços para trabalho a quente
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
São aços que se destinam à fabricação de ferramentas utilizadas no processamento a quente de 
materiais. 
Suas principais características são alta resistência a revenimento, elevada resistência mecânica a 
quente, boa tenacidade, grande resistência a abrasão em temperaturas elevadas, boa 
condutividade térmica, elevada resistência a fadiga e boa resistência à formação de trincas 
provocadas por aquecimento e resfriamentos sucessivos. 
As aplicações comuns desses aços são em matrizes de forjamento, matrizes para fundição de 
latão ou alumínio sob pressão, matrizes para extrusão a quente, etc. 
Exemplos: 
X 37 Cr Mo W 5 1 
X 40 Cr Mo V 5 1 
50 Ni Cr 13 
Aços rápidos 
São aços onde os elementos de liga formam carbonetos complexos que são duros e resistentes 
ao desgaste e a altas temperaturas. 
Norma DIN 
A seqüência dos componentes é sempre a mesma: W – Mo – V – Co 
Exemplo: 
S - 6 - 5 - 2 
- 5 
¯ ¯ ¯ ¯ 
¯ 
aço rápido 6% W 5% Mo 2% V 5% Co 
São assim designados pela sua capacidade de usinar metais com velocidade de corte maiores do 
que as possíveis com aços ferramenta ao carbono. 
As aplicações comuns desses aços são em: bits, fresas, brocas especiais, machos, brochas. 
Normas 
ABNT – SAE – AISI 
A ABNT se baseou nos sistemas americanos SAE e AISI, resultando a norma NBR 6006. 
50 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Aço é a liga composta de ferro (Fe) e carbono (C). Contém, ainda, pequenas porcentagens de 
manganês (Mn), silício (Si), enxofre (S) e fósforo (P), que são considerados elementos residuais 
do processo de obtenção. 
O elemento que exerce maior influência é o carbono e o seu teor nos aços ao carbono varia de 
0,008 a 2% C aproximadamente. 
O aço é representado por um número como nos exemplos abaixo. 
SENAI - 2009 51 
Exemplos: 
Os aços mais usados industrialmente possuem teores de carbono que variam entre 0,1 a 0,95%C, 
ou seja, aço 1010 a 1095. Acima de 0,95%C são considerados como aços ao carbono especiais. 
Para fins de aplicações industriais e de tratamentos térmicos, os aços ao carbono classificam-se 
em: 
• Aços de baixo teor de carbono 1010 a 1035 
• Aços de médio teor de carbono 1040 a 1065 
• Aços de alto teor de carbono 1070 a 1095 
A tabela seguinte apresenta aços ao carbono para construção mecânica.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Classificação ABNT dos aços ao carbono 
Designação Carbono % Manganês % 
1006 A 
0,08 max 
0,25 – 0,40 
1008 A 
0,10max 
0,25 – 0,50 
1010 A 
0,08 – 0,13 
0,30 – 0,60 
1015 A 
0,13 – 0,18 
0,30 – 0,60 
1020 A 
0,18 – 0,23 
0,30 – 0,60 
1025 A 
0,22 – 0,28 
0,30 – 0,60 
1026 A 
0,22 – 0,28 
0,60 – 0,90 
1030 A 
0,28 – 0,34 
0,60 – 0,90 
1035 A 
0,32 – 0,38 
0,60 – 0,90 
1038 A 
0,35 – 0,42 
0,60 – 0,90 
1040 A 
0,37 – 0,44 
0,60 – 0,90 
1041 A 
0,36 – 0,44 
1,35 – 1,65 
1043 A 
0,40 – 0,47 
0,70 – 1,00 
1045 A 
0,43 – 0,50 
0,60 – 0,90 
1050 A 
0,47 – 0,55 
0,70 – 1,00 
1060 A 
0,55 – 0,66 
0,60 – 0,90 
1070 A 
0,65 – 0,76 
0,60 – 0,90 
1080 A 
0,75 – 0,88 
0,60 – 0,90 
1090 A 
0,85 – 0,98 
0,60 – 0,90 
1095 A 
0,90 – 1,03 
0,30 – 0,50 
52 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A tabela seguinte apresenta a classificação dos aços-liga, segundo ABNT. 
Classificação ABNT dos aços-liga 
Designação C % Mn % Si % Cr % Ni % Mo % 
1340 
4130 
4135 
4140 
4320 
4340 
5115 
5120 
5130 
5135 
5140 
5160 
E52100 
6150 
8615 
8620 
8630 
8640 
8645 
8650 
8660 
E9315 
SENAI - 2009 53 
0,38 – 0,43 
0,28 – 0,33 
0,33 – 0,38 
0,38 – 0,43 
0,17 – 0,22 
0,38 – 0,43 
0,13 – 0,18 
0,17 – 0,22 
0,28 – 0,33 
0,33 – 0,38 
0,38 – 0,43 
0,55 – 0,65 
0,95 – 1,00 
0,48 – 0,53 
0,13 – 0,18 
0,18 – 0,23 
0,28 – 0,33 
0,38 – 0,43 
0,43 – 0,48 
0,40 – 0,53 
0,55 – 0,65 
0,13 – 0,18 
1,60 – 1,90 
0,40 – 0,60 
0,70 – 0,90 
0,75 – 1,00 
0,45 – 0,65 
0,60 – 0,80 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
0,60 – 0,80 
0,70 – 0,90 
0,75 – 1,00 
0,25 – 0,45 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
0,75 – 1,00 
0,75 – 1,00 
0,75 – 1,00 
0,75 – 1,00 
0,45 – 0,65 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,20 – 0,35 
0,80 – 1,10 
0,80 – 1,10 
0,80 – 1,10 
0,40 – 0,60 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
0,80 – 1,10 
0,80 – 1,05 
0,70 – 0,90 
0,70 – 0,90 
1,30 – 1,60 
0,80 – 1,10 
0,40 – 0,60 
0,40 – 0,60 
0,40 – 0,60 
0,40 – 0,60 
0,40 – 0,60 
0,40 – 0,60 
0,40 – 0,60 
1,00 – 1,40 
- 
- 
- 
1,65 – 2,00 
1,65 – 2,00 
- 
- 
- 
- 
- 
- 
- 
- 
0,40 – 0,70 
0,40 – 0,70 
0,40 – 0,70 
0,40 – 0,70 
0,40 – 0,70 
0,40 – 0,70 
0,40 – 0,70 
3,00 – 3,50 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,20 – 0,30 
0,20 – 0,30 
- 
- 
- 
- 
- 
- 
- 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,15 – 0,25 
0,08 – 0,15 
O tipo 6150 tem 0,15% de vanádio
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A tabela seguinte apresenta as classes de aços com suas respectivas composições segundo 
normas SAE – AISI – ABNT 
Sistema SAE e AISI de classificação dos aços 
Designação 
SAE AISI 
54 SENAI - 2009 
Tipo de aço 
10XX 
11XX 
13XX 
23XX 
25XX 
31XX 
33XX 
303XX 
40XX 
41XX 
43XX 
46XX 
47XX 
48XX 
50XX 
51XX 
501XX 
511XX 
521XX 
514XX 
515XX 
61XX 
86XX 
87XX 
92XX 
93XX 
98XX 
950 
XXBXX 
XXLXX 
C 10XX 
C 11XX 
13XX 
23XX 
25XX 
31XX 
E 33XX 
- 
40XX 
41XX 
43XX 
46XX 
47XX 
48XX 
50XX 
51XX 
- 
E511XX 
E521XX 
- 
- 
61XX 
86XX 
87XX 
92XX 
93XX 
98XX 
- 
XXBXX 
CXXLXX 
Aços-carbono comuns 
Aços de usinagem (ou corte) fácil, com alto S 
Aços-manganês com 1,75% de Mn 
Aços-níquel com 3,5% de Ni 
Aços-níquel com 5,0% de Ni 
Aços-níquel-cromo com 1,25% de Ni e 0,65% de Cr 
Aços-níquel-cromo com 3,50% de Ni e 1,57% de Cr 
Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Ni-Cr 
Aços-molibdênio com 0,25% de Mo 
Aços-cromo-molibdênio com 0,50% ou 0,95% de Cr e 0,12%, 0,20% ou 0,25% de Mo 
Aços-níquel-cromo-molibdênio, com 1,82% de Ni, 0,50% ou 0,80% de Cr e 0,25% de Mo 
Aços-níquel-molibdênio com 1,57% ou 1,82% de Ni e 0,20 ou 0,25 de Mo 
Aços-níquel-cromo-molibdênio com 1,05% de Ni, 0,45% de Cr e 0,20% de Mo 
Aços-níquel-molibdênio com 3,50% de Ni e 0,25% de Mo 
Aços-cromo com 0,27%, 0,40% ou 0,50% de Cr 
Aços-cromo com 0,80% a 1,05% de Cr 
Aços de baixo cromo para rolamentos, com 0,50% de Cr 
Aços de médio cromo para rolamentos, com 1,02% de Cr 
Aços de alto cromo para rolamentos, com 1,45% de Cr 
Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr 
Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr 
Aços-cromo-vanádio com 0,80% ou 0,95% de Cr e 0,10% ou 0,15% de V (min.) 
Aços-níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50% ou 0,65% de Cr e 0,20% de Mo 
Aços-níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50% de Cr e 0,25% de Mo 
Aços-silício-manganês com 0,65%, 0,82%, 0,85% ou 0,87% de Mn, 1,40 ou 2,00% de Si e 0%, 
0,17%, 0,32% ou 0,65% de Cr 
Aços-níquel-cromo-molibdênio com 3,25% de Ni, 1,20% de Cr e 0,12% de Mo 
Aços-níquel-cromo-molibdênio com 1,00% de Ni, 0,80% de Cr e 0,25% de Mo 
Aços de baixo teor em liga e alta resistência 
Aços-boro com 0,0005% de B min. 
Aços-chumbo com 0,15% - 0,35% de Pb 
Exemplo de utilização da tabela
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Observações: 
Letras adicionais na nomenclatura do aço têm os seguintes significados: 
B... Aço obtido pelo processo Bessemer. 
C... Aço obtido em forno Siemens-Martin. 
E... Aço obtido em forno elétrico. 
X... Análise fora da norma. 
TS... Norma estabelecida para prova. 
..B.. Aço contendo, no mínimo, 0,0005% boro. 
LC.. Aço com baixo teor de carbono C máx de 0,03%C. 
F... Aço de cavaco curto para tornos automáticos. 
..L.. Indica presença de chumbo (0,15% a 0,35% Pb). 
SENAI - 2009 55 
Exemplos: 
B 1 1 1 3 
C 1 1 4 5 
E 3 3 1 0 
46 B 12 
12 L 14 
Normalização dos aços conforme norma DIN 17006 
A norma DIN 17006 divide os aços em três tipos: 
• Aço sem ligas 
• Aço com baixa liga (elementos de ligas 5%) 
• Aço com alta liga (elementos de ligas 5%) 
Designação e normalização dos aços sem ligas 
Aços de baixa qualidade – são tipos de aços de baixa pureza, sem ligas e que não podem ser 
tratados termicamente. São designados através das letras St (aço) e da resistência mínima a 
ruptura. 
Aços ao carbono – têm melhor pureza, podem ser tratados termicamente. 
São designados através da letra C (carbono) e da porcentagem do carbono. 
Para caracterizar a diferença dos aços finos não-ligados, além da letra C colocam-se letras com 
os seguintes significados: 
K -Aço fino com teor de enxofre mais fósforo menor do que 0,01% 
f -Aço para têmpera a chama e por indução 
q -Aço para cementação e beneficiamento, adequado para deformação a frio.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Normalização 
Aços de baixa qualidade 
Exercício: 
Aços ao carbono 
Exercício: 
56 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Designação e normalização dos aços com baixa liga 
São aços que possuem no máximo até 5% de teor de ligas. 
Para designar o teor dos elementos de liga, os números na norma devem ser divididos pelos 
fatores correspondentes ao elemento químico. Os fatores são apresentados na tabela a seguir. 
SENAI - 2009 57 
Fatores para elementos de liga 
Fator 4 Fator 10 Fator 100 
Cobalto Co 
Cr 
Mn 
Ni 
Si 
Tungstênio W 
Alumínio Al 
Mo 
Ti 
Vanádio V 
Carbono C 
P 
S 
N 
A norma se compõe dos seguintes elementos: 
• Não se coloca a letra C para o carbono. 
• As outras letras definem os elementos de liga. 
• Os números divididos pelos fatores definem o teor dos elementos e são colocados na mesma 
seqüência, como as letras. 
Aços com baixa liga 
Exercício: 
16 Mn Cr 5 
17 Cr Ni Mo 6
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Designação e normalização dos aços com alta liga 
São aços com um teor de liga acima de 5%. 
Para designá-los, coloca-se um X em frente do teor de carbono. 
Todos os elementos, exceto o carbono, têm o fator 1, ou seja, os números apresentam o valor de 
teor real. 
Aços rápidos para ferramentas são designados da seguinte forma: 
S 6 – 5 – 2 – 5 
Coloca-se S (aço rápido) no início e os teores das ligas. 
O teor de carbono só pode ser determinado através da especificação do produtor. 
Aços com alta liga 
58 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Designação completa segundo a norma DIN 
SENAI - 2009 59 
A normalização compõe-se de três partes: 
Obtenção 
Composição 
Tratamento 
Exemplo: 
E C35 V70 
Forno elétrico Aço de carbono 
de 0,35% de C 
Beneficiado até 
uma resistência 
de 700N/mm2
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Significado das letras (continua) 
Da obtenção Da composição Do tratamento 
A – resistente ao 
envelhecimento 
Ag – prata 
Al – alumínio 
As – arsênico 
60 SENAI - 2009 
A – recozido 
B – forno Bessemer B – boro 
Be – berílio 
Bi – bismuto 
B – não se pode melhorar as 
características mecânicas 
por trabalho a frio 
C C – carbono 
Ce – cério 
Co – cobalto 
Cr – cromo 
Cu – cobre 
E – forno elétrico 
EB – forno elétrico básico 
E E – endurecido por 
cementação 
F – forno de reverbero Fe – ferro 
F – temperado com chama 
ou por indução 
F – resistência a tração em 
kp/mm2 
G – fundido 
GG – ferro fundido com 
grafite em lâminas 
GGG – ferro fundido com 
grafite em bolas 
(nodular) 
GH – ferro fundido duro 
GS – aço fundido 
GTW – fundido maleável 
branco 
GTS – fundido maleável preto 
GTP – fundido maleável 
perlítico 
GGK – fundido em coquilha 
GSZ – aço fundido 
centrifugado 
G G – recozido 
g – liso 
H – fundido semi-acalmado H – chapas sem liga para 
caldeiras 
H – temperado 
HF – temperado por chama 
HJ – temperado por indução 
J – forno elétrico de indução J J 
K K – baixo teor de fósforo e 
enxofre 
K – deformado a frio
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Da obtenção Da composição Do tratamento 
SENAI - 2009 61 
L – metal para solda ou 
resistente a formação de 
trincas em solução 
alcalina 
LE – forno elétrico de arco 
Li – lítio L 
M – forno Siemens-Martin 
MB – forno Siemens-Martin 
básico 
MY – forno Siemens-Martin 
ácido 
Mg – magnésio 
Mn – manganês 
Mo - molibdênio 
m – superfície fosca 
N N – nitrogênio 
Nb – nióbio 
Ni – níquel 
N – normalizado 
NT – nitretato 
P – soldável por pressão P – fósforo 
Pb – chumbo 
P 
Q – deformado a frio q – indicada para deformação 
a frio 
Q 
R – acalmado 
RR – especialmente acalmado 
R r – superfície áspera 
S – soldável por fusão S – enxofre 
Sb – antimônio 
Si – silício 
Sn – estanho 
St – aço sem dados químicos 
S – recozido 
SH – descascado 
T – forno Thomas Ta – tântalo 
Ti – titânio 
T 
U – fundido sem acalmar U U – superfície laminada ou 
forjada 
V V – vanádio V – beneficiada 
W – aço afinado com ar W – tungstênio W – aço para ferramentas sem 
liga 
X X – em aços de alta liga 
multiplicar por 1 
X 
Y – aço soprado com oxigênio 
forno LD 
Y Y 
Z – trefilado em barras Zn – zinco 
Zr - zircônio 
Z
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A figura seguinte ilustra os principais meios de obter ferro fundido e aço. 
62 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 63 
Questionário-Resumo 
1. Qual a definição de aço? 
2. Qual a classe, porcentagem de elementos de liga do aço ABNT 1045? 
3. Quais os efeitos conseguidos com os aços-liga ou especiais? 
4. Qual a identificação numérica dos aços ao molibdênio? 
5. Qual a classe, porcentagem de elementos de liga e porcentagem de carbono do aço AISI – 
2515? 
6. Quais os elementos de liga e suas respectivas porcentagens do aço ABNT 8615? 
7. Qual o tipo de aço segundo as normas SAE521XX e AISI E521XX?
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
8. O que especifica a norma DIN 17006? 
9. Qual o teor dos elementos de liga dos aços 17CrNiMo6, X5CrNiMo1813 e S12-1-4-5? 
10. Na designação GTS70, qual o material e de quanto é sua resistência a ruptura? 
11. Qual a forma de obtenção, composição e tratamento posterior do aço GS17CrMoV 5 11 N 
segundo a norma DIN 17006? 
64 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Comportamento das ligas em 
função da temperatura e 
composição 
Objetivos 
Ao final desta unidade, o participante deverá: 
Conhecer 
Estar informado sobre: 
• Tipos das ligas metálicas com cristais mistos, mistura de cristais e combinações 
SENAI - 2009 65 
intercristalinas. 
Saber 
Reproduzir conhecimentos sobre: 
• Curvas características da liquefação e solidificação de metais puros; 
• Pontos críticos de transformação (sólido, líquido , ponto de parada); 
• Curvas características de liquefação e solidificação de ligas típicas em função da composição 
no diagrama Cu-Ni e Sn-Pb; 
• Influência dos elementos de liga no tempo de transformação. 
Ser capaz de 
Aplicar conhecimentos para: 
• Interpretar diagramas para ligas com dois componentes; 
• Transferir conhecimentos na interpretação do diagrama ferro-carbono.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Introdução à liquefação e solidificação dos metais 
Toda matéria possui três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Fundamentalmente o que 
diferencia um estado do outro é o grau de agregação dos átomos. O sólido é um estado no qual 
os átomos estão fortemente ligados, já no estado líquido essa ligação não é tão forte e, no estado 
gasoso, essa ligação não existe. 
A mudança de estados da matéria ocorre com ganho ou perda de energia (calor). 
Para o estudo dos metais, o estado gasoso é pouco importante, portanto, trataremos apenas das 
fases sólida e líquida. 
Ao fornecermos calor a um material sólido, sua fusão ocorre em duas fases bem distintas: 
• Ao receber energia, os átomos aumentam sua vibração. Isso se traduz fisicamente em um 
aumento de temperatura do corpo, até o ponto de sua temperatura de fusão. Nesta altura os 
átomos ainda estão fortemente ligados. 
• Uma vez atingido o ponto de fusão, inicia-se o enfraquecimento das ligações entre os átomos. 
Isso ocorre através do calor fornecido ao material. 
O calor não mais servirá para aumentar as vibrações dos átomos, mas sim para enfraquecer as 
suas ligações, não haverá aumento em sua temperatura até que todas as ligações sejam 
enfraquecidas, tornando-se líquido o material. 
Ao calor necessário para aumentar o estado de vibração dos átomos (aumentar a temperatura) 
chamamos de calor sensível. 
66 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Já o calor necessário para enfraquecer (ou destruir completamente, no caso de vaporização) as 
ligações atômicas é chamado calor latente. 
Vamos usar o zinco para exemplificar esse processo. 
No diagrama seguinte, coloca-se na coordenada vertical a temperatura (em 0C) e na coordenada 
horizontal, o tempo (em segundos). 
SENAI - 2009 67 
Liquefação e solidificação do Zn 
No aquecimento contínuo, a temperatura aumenta em função do tempo. Quando chegar ao ponto 
de sólido (4190C), o metal começa a se liquefazer. Apesar da mesma quantidade de calor 
recebida, a temperatura permanece constante, isso porque todo o calor é gasto pela mudança do 
estado de agregação. Esta zona horizontal é chamada ponto de parada. 
A temperatura voltará a aumentar somente quando todo o metal estiver liquefeito. 
Embaixo do ponto sólido, o estado de agregação é sólido, acima do ponto de líquido, passa a ser 
líquido. 
Na zona dos pontos de parada, o estado de agregação é líquido ou sólido. 
No processo de resfriamento a seqüência ocorre na ordem inversa.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Ligas metálicas 
Antes de falarmos sobre ligas metálicas, é importante definir o que vem a ser uma solução sólida. 
Dá-se o nome de solução a uma mistura na qual não se consegue distinguir os seus diversos 
componentes. 
Cada um dos componentes possíveis de serem distinguidos será chamado fase. 
Uma solução que se encontra em estado sólido é chamada solução sólida. 
Esquema de estrutura bifásica. 
Uma fase é ferro puro (ferrita) 
e a outra cementita. 
Exemplo: nos aços temos uma solução sólida de Fe e C. Essa solução é chamada cementita. 
- Ligas metálicas são misturas, em solução, de dois ou mais metais: 
Exemplo: Cu – Ni 
Cu – Zn (latão) 
Cu – Sn (bronze) 
Fe – C (aço) 
Praticamente, todos os metais utilizados na indústria não são puros, mas sim ligas de uma ou 
mais fases. 
68 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Composição de ligas metálicas 
Os diferentes elementos que compõem uma liga metálica são chamados componentes. Observe 
os exemplos seguintes. 
SENAI - 2009 69 
Liquefação e solidificação da ligas
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Solução sólida ou cristal misto 
No processo de solidificação de uma liga de dois metais, que formam cristais mistos, a 
transformação do estado líquido para o estado sólido não se faz no ponto de parada, mas durante 
um intervalo de solidificação. 
No ponto líquido começam a se 
formar os primeiros cristais mistos. A 
formação e o crescimento desses 
cristais continuam até o ponto sólido. 
Em temperaturas abaixo do ponto 
sólido, a liga está totalmente no 
estado sólido. 
Os componentes de uma liga têm diferentes pontos líquidos e necessitam de diferentes 
quantidades de calor para a sua solidificação, portanto se variarmos as porcentagens dos 
elementos de ligas, variarão as temperaturas dos pontos líquidos e dos pontos sólidos. 
Unindo todas as temperaturas de ponto líquido e todas as temperaturas de ponto sólido, obtemos 
o diagrama de fases. 
Desenvolvimento de um diagrama de fases para uma liga Cu – Ni (cristais mistos) 
70 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Interpretação do diagrama de fases 
Exemplo: para uma liga de 20% Ni e 80% Cu. 
• A linha horizontal mostra a composição (em %). Quando temos 20% Ni, automaticamente 
SENAI - 2009 71 
teremos 80% Cu. 
• Para cada composição temos uma temperatura inicial e uma final de solidificação. 
• Para a liga com 80% Cu – 20% Ni, a solidificação inicia-se no ponto B e termina no ponto D, 
abaixo do qual a liga está totalmente sólida. 
• Acima do ponto B a liga está totalmente líquida. 
• Para cada composição, temos então dois pontos que geram duas linhas, dividindo o diagrama 
em três partes. 
• Para resfriamento, a linha chamada líquidus indica, para cada composição, a temperatura em 
que se inicia a solidificação e a sólidus, onde termina. 
• Cada região do diagrama indica fases. Acima da linha líquidus, fase totalmente líquida, abaixo 
da linha sólidus – fase totalmente sólida, e, entre as duas, temos o intervalo de solidificação, 
onde estão presentes duas fases, sólida e líquida. 
• Seguindo a linha ABCDE (figura anterior), traçada no diagrama, teremos para a liga 80 Cu – 
20 Ni o que está descrito na tabela a seguir. 
Ponto No de fases 
presentes 
Tipo da fase Interpretação 
da liga 
A 1 líquida totalmente líquido 
B 1 líquida inicia-se solidificação 
C 2 líquida e sólida líquido – sólido 
D 1 sólida final de solidificação 
E 1 sólida totalmente sólido
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Mistura de cristais 
No processo de solidificação de uma 
liga de dois elementos que formam 
uma mistura de cristais, temos uma 
concentração definida, onde a curva de 
resfriamento dessa mistura é igual à 
curva de resfriamento de um metal 
puro. 
Curva de resfriamento do eutético 
A liga com essa concentração tem o ponto líquido mais baixo que todas as outras concentrações e 
é chamada de liga eutética. 
Componentes Temperatura de fusão Temperatura de fusão do eutético 
Ferro fundido Ferro 96% 
Carbono 4% 
15350C 
38400C 
72 SENAI - 2009 
12000C 
Solda prata Cobre 55% 
Prata 45% 
10830C 
9610C 
6200C 
Alumínio fundido 
por pressão 
Alumínio 88% 
Silício 12% 
6600C 
14140C 
5770C 
Chumbo duro Chumbo 87% 
Antimônio 13% 
3270C 
6300C 
2510C 
Na solidificação de uma liga que tem composição diferente da composição eutética, o elemento 
que está em maior proporção que a liga eutética começa a se solidificar até que a fase líquida 
atinja a composição eutética, ocorre então a solidificação da fase eutética em uma única 
temperatura. 
Curva de resfriamento de concentração diferente do eutético
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Diagrama de fases de um sistema que forma mistura de cristais 
Na figura abaixo vemos o diagrama de fases Pb – Sn que forma uma mistura de cristais. 
A forma de obter este diagrama é análoga à do diagrama de fases de cristais mistos vista na 
figura “Desenvolvimento de um diagrama de fases para uma liga Cu-Ni (cristais mistos)”. 
SENAI - 2009 73 
Combinações intermetálicas 
A curva de resfriamento de uma combinação intermetálica corresponde à curva de um metal puro 
e será estudada no diagrama Fe-C, na unidade 5.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Questionário – Resumo 
1. Comente o diagrama de liquefação e solidificação do Zn, considerando: T(C), t(s), ponto de 
sólido, ponto de parada, ponto de líquido, curvas (resfriar e aquecer). 
2. Explique por que no ponto de parada a temperatura é constante em um intervalo de tempo 
definido. 
3. Descreva um processo de solidificação de uma liga de dois metais que formam cristais mistos. 
4. Consulte o diagrama de fases para uma liga Cu – Ni (cristais mistos) e diga em quais 
porcentagens de Cu – Ni o intervalo de solidificação é maior. 
5. O que é uma liga? 
6. Explique os tipos de ligas e cite exemplos. 
7. Defina o que significa eutético, usando o diagrama de fases para o sistema Sn – Pb. 
8. Consulte a tabela de ligas eutéticas e cite os componentes, a temperatura de fusão e a 
temperatura eutética. 
74 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Diagrama ferro-carbono 
Objetivos 
Ao final desta unidade, o participante deverá: 
Conhecer 
Estar informado sobre: 
• Diagrama de resfriamento do ferro puro; 
• Pontos característicos de temperatura, transformações e estrutura das fases. 
Saber 
Reproduzir conhecimentos sobre: 
• Transformações estruturais das ligas ferro-carbono na solidificação; 
• Diagrama ferro-carbono para aço com as variáveis: carbono, temperatura, linhas e zonas; 
• Componentes estruturais nas zonas do diagrama ferro-carbono para aço; 
• Classificação dos aços em função da porcentagem de carbono (eutetóide, hipo e 
SENAI - 2009 75 
hipereutetóide). 
Ser capaz de 
• Descrever e interpretar o diagrama ferro-carbono simplificado; 
• Determinar as zonas e temperaturas de transformação, sistemas estruturais e constituintes 
para aços com diferentes teores de carbono.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Liquefação e solidificação do ferro puro 
Da mesma forma como foram apresentados os metais na unidade anterior, podemos apresentar a 
curva de solidificação (liquefação) do ferro puro, como mostra o gráfico seguinte. 
Solidificação do ferro puro 
Existem quatro pontos de parada: 
• A 1 5360C o ferro puro se solidifica em rede cúbica de corpo centrado (c.c.c.), chamada ferro d 
(delta) e assim permanece até 1 3920C. 
• A 1 3920C o ferro muda de estrutura para a estrutura cúbica de face centrada (c.f.c.) chamada 
ferro g (gama) ou austenita. 
• Abaixo de 9110C o ferro muda de estrutura novamente para a cúbica de corpo centrado (c.c.c.) 
chamada ferro a (alfa). 
• Abaixo de 7690C o ferro é magnético. Isso ocorre devido a um rearranjo dos elétrons de cada 
átomo. 
76 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A distância entre os átomos na estrutura c.f.c. é maior do que na estrutura de c.c.c., portanto 
nesse estado é mais fácil aceitar átomos estranhos, como por exemplo, átomos de carbono. 
A esse fenômeno damos o nome de solubilidade no estado sólido. 
O ferro puro raramente é usado, o mais comum é estar ligado com o carbono. Em função da 
adição de carbono no ferro puro, as temperaturas de transformação irão se alterar conforme 
veremos a seguir. 
SENAI - 2009 77 
Diagrama ferro-carbono 
O diagrama ferro-carbono pode ser dividido em três partes: 
- de 0 a 0,05%C – ferro puro 
- de 0,05 a 2,06%C – aço 
- de 2,06 a 6,7%C – ferro fundido 
Construção do diagrama ferro-carbono 
O diagrama ferro-carbono é fundamental para facilitar a compreensão sobre o que ocorre na 
têmpera, no recozimento e nos demais tratamentos térmicos. 
Para melhor entendermos o diagrama completo, que será visto no fim da unidade, façamos uma 
série de experiências com seis corpos de provas conforme tabela seguinte. 
Corpo de prova Teor de carbono (%) 
1 0,2 
2 0,4 
3 0,6 
4 0,86 
5 1,2 
6 1,4 
Aquecemos os corpos de prova com aplicação constante de calor e medimos em intervalos 
regulares (cada cinco minutos) a temperatura dos corpos de prova. Já sabemos que a 
característica da curva é semelhante à das outras ligas. 
No corpo de prova no 1 com 0,2% de C, observamos que há uma variação na velocidade da 
elevação da temperatura a 7230C (Ac1) e a 8600C (Ac3) – que chamamos de ponto de parada.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Determinando as temperaturas Ac1 e Ac3 ou Accm dos outros corpos de prova, conforme figuras 
abaixo, poderemos construir parte do diagrama ferro-carbono simplificado, unindo todas as 
temperaturas Ac1 e todas as temperaturas Ac3, conforme veremos no exercício a seguir. 
Exercício 
1. Com base na tabela abaixo, construa o diagrama Fe – C simplificado (figura abaixo): 
• Coloque no gráfico todos os pontos de parada. 
• Trace uma linha ligando todos os pontos Ac1. 
• Trace outra linha ligando todos os pontos Ac3 e Accm. 
Observação 
O diagrama Fe – C completo pode ser visto na figura “Diagrama ferro-carbono completo”. 
78 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 79 
Pontos de parada dos corpos de prova 
Temperatura 
Corpo de prova Ac1 
0C 
Ac3 ou Accm 
0C 
1 723 AC3 = 860 
2 723 AC3 = 820 
3 723 AC3 = 775 
4 723 .......... 
5 723 ACcm = 890 
6 723 ACcm = 990 
Diagrama ferro-carbono (simplificado) 
Estrutura do aço no resfriamento lento 
O diagrama de fases encontrado na figura anterior corresponde ao diagrama de uma mistura de 
cristais como já foi visto na unidade Comportamento das ligas em função da temperatura e 
composição (diagrama de fases Pb – Sn) com a diferença que para o sistema Pb – Sn a 
transformação era líquido-sólido e neste diagrama (Fe – C) ocorre uma transformação de 
estrutura dentro do estado sólido. 
A presença do carbono faz com que o ferro mude de estrutura cúbica de face centrada (austenita) 
para cúbica de corpo centrado (ferrita) a uma temperatura diferente de 9110C.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Essa temperatura varia em função do teor de carbono no ferro e é representada no gráfico abaixo 
pela linha G – S – E . 
Acima da linha G – S – E há uma solução com uma única fase: o ferro g + C = austenita. 
Estrutura austenítica 
Abaixo da linha G – S – E o ferro começa a mudar de estrutura, de cúbica de face centrada (ferro 
g) para cúbica de corpo centrado (ferro a). 
Como o ferro a não consegue dissolver todo o carbono, forma-se uma segunda fase que é a 
cementita (Fe3C) que contém 6,67% de C. 
80 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 81 
Estrutura da cementita Fe3C 
Abaixo da linha P – K, vamos ter uma solução sólida com duas fases – ferro a + cementita. 
Agora vamos estudar novamente os corpos de prova. 
Começamos com o corpo de prova nº 4 com 0,86% de carbono. 
Aço eutetóide – 0,86% de C 
Aço eutetóide 
Este aço quando está acima de 7230C tem uma estrutura cúbica de face centrada (austenita) e 
todo o carbono está dissolvido nela. 
Abaixo de 7230C o ferro muda de estrutura para cúbica de corpo centrado (ferrita). 
A ferrita não consegue dissolver o carbono e por isso forma-se uma estrutura mista constituída de 
lâminas de ferrita (ferro puro) e lâminas de cementita (Fe3C). A essa estrutura dá-se o nome de 
perlita. 
Micrografia de um aço eutetóide mostrando a estrutura de perlita.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
O aço com 0,86% de carbono tem uma única temperatura de transformação e por isso ele é 
chamado também de aço eutetóide. 
A figura anterior mostra um aço eutetóide visto ao microscópio, observa-se que 100% da estrutura 
é perlita. 
Vamos agora estudar o corpo de prova no 3 com 0,6% de carbono. 
Aço hipoeutetóide 
O diagrama da figura abaixo 
indica que acima da linha G – S o 
aço apresenta-se com a estrutura 
do ferro g ou austenita. 
Abaixo da linha G – S, tem início a transformação do ferro g (austenita) em ferro a (ferrita). 
Como a ferrita não contém carbono, a austenita que ainda não se transformou, vai se 
enriquecendo de carbono. 
Quando o aço atinge a temperatura de 7230C (linha P – S) a austenita que ainda não se 
transformou, transforma-se em perlita. 
Na figura abaixo observamos a estrutura de um aço hipoeutetóide (carbono entre 0,05% até 
0,86%), constituído de ferrita (parte clara) e perlita (partes com lamelas). 
Micrografia de um aço hipoeutetóide com estrutura de ferrita e perlita. 
82 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Agora vamos estudar o corpo de prova no 5 com 1,2% de carbono. 
Aço hipereutetóide 
Os aços com teor de carbono acima de 0,86% até 2,06% são denominados aços hipereutetóides. 
O diagrama da figura ao lado 
indica que acima da linha S – E 
o aço apresenta-se com a 
estrutura de ferro g (austenita). 
Abaixo da linha S – E, a austenita já não consegue dissolver todo o carbono e por isso começa a 
se formar cementita (Fe3C) que contém 6,7% de carbono. Essa cementita vai se localizar nos 
contornos dos grãos de austenita. A austenita por sua vez vai se empobrecendo de carbono. 
Ao atingir 7230C no resfriamento, tem-se cementita (Fe3C) e austenita com 0,86%C. Ao abaixar 
mais a temperatura, essa austenita se transforma em perlita (lamelas de ferrita + cementita). 
Na figura seguinte vemos um aço hipereutetóide onde observamos a perlita e a cementita (parte 
clara) nos contornos dos grãos. 
Micrografia de um aço hipereutetóide com estrutura de perlita e cementita. 
SENAI - 2009 83
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
O diagrama de equilíbrio ferro-carbono 
Na figura seguinte apresentamos o diagrama de equilíbrio Fe – C completo. 
Diagrama ferro-carbono completo 
84 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 85 
Exercícios 
1. A figura seguinte mostra as várias regiões do diagrama Fe – C pelas quais passa um aço com 
0,4%C ao ser resfriado. 
Complete o quadro abaixo informando: 
• Qual o estado físico? 
• Quais as fases presentes? 
• Comente qual é a estrutura do ferro e como se encontra o carbono. 
Ponto 
Temperatura 
aproximada 
Estado físico 
Fases 
presentes 
Comentários 
A  1 5000C líquido líquida Todo o C dissolvido 
B 15000C 
C 14500C 
D 14300C 
E 10000C 
F 8000C 
G 7600C 
H 7230C (T. crítica) 
I  7230C
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
2. A figura seguinte mostra as várias regiões do diagrama Fe – C pelas quais passa um aço 
0,9%C ao ser resfriado. 
Complete o quadro abaixo informando: 
• Qual o estado físico? 
• Quais as fases presentes? 
• Comente qual a estrutura do ferro e como se encontra o carbono. 
Ponto 
Temperatura 
aproximada 
Estado 
físico 
Fases presentes Comentários 
A  1 6000C líquido líquida Todo o C dissolvido no Fe 
B 1 4800C 
C 1 4500C 
D 1 3500C 
E 1 0000C 
F 7800C 
G 7500C 
H 7230C 
I 7230C 
86 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Considerações gerais 
• Tudo o que foi dito com relação ao resfriamento vale também para o aquecimento. 
• A condição para que essas transformações de estrutura ocorram é a baixa velocidade de 
SENAI - 2009 87 
resfriamento. 
• Se resfriarmos um aço rapidamente, outras estruturas diferentes das descritas no diagrama Fe 
– C se formarão. Esse é o princípio dos Tratamentos térmicos, que veremos na próxima 
unidade. 
Resumo 
Ferrita 
• Ferro na forma cúbica de corpo centrado. 
• carbono é insolúvel na ferrita. 
• É mole e dúctil. 
Cementita 
• Carbeto de ferro – a composição da cementita corresponde à fórmula Fe3C. Isso corresponde 
a um teor de carbono de 6,67%. 
• É muito dura. 
Perlita 
• É uma combinação de ferrita e cementita. 
• Possui um teor médio de carbono de 0,86%. 
Austenita 
• Ferro na forma cúbica de face centrada. 
• Consegue dissolver até 2% de carbono.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Questionário – Resumo 
1. Qual é a nomenclatura dos aços em função do teor de carbono? 
2. Descreva e comente a composição da ferrita e da perlita. 
3. Qual a composição estrutural de um aço com 0,45% de carbono, esfriado lentamente até a 
temperatura ambiente? 
4. Qual a composição de um aço com 1,2% de carbono, esfriado lentamente até a temperatura 
ambiente? 
5. Faça um comentário a respeito de estrutura austenítica. 
6. Descreva as estruturas cristalinas do ferro puro, designado a temperatura de transformação. 
7. Descreva as transformações da estrutura do aço no aquecimento em função do carbono. 
8. Denomine a estrutura dos aços abaixo em função da temperatura. Consulte o diagrama ferro-carbono. 
0,3%C - a 8100C 
0,86%C - a 7230C 
1,4%C - a 5600C 
1,7%C – a 9000C 
88 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Tratamentos térmicos dos aços 
Objetivos 
Ao final desta unidade, o participante deverá: 
Conhecer 
Estar informado sobre: 
• Diferentes tipos de tratamentos térmicos e termoquímicos; 
• Leitura da curva; 
• Mecanismo da difusão; 
• Tratamentos térmicos dos aços ligados. 
Saber 
Reproduzir conhecimentos sobre: 
• Transformação da estrutura e estrutura resultante após a têmpera; 
• Fatores que influenciam nos tratamentos térmicos; 
• Temperaturas aplicadas nos diferentes processos de tratamento térmico; 
• Aplicação dos processos em função do teor de carbono do aço; 
• Efeitos dos processos do material. 
Ser capaz de 
Aplicar conhecimentos para: 
• Indicar e selecionar o processo de tratamento térmico adequado para a produção; 
• Interpretar tabelas e diagramas. 
SENAI - 2009 89
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Introdução 
Os tratamentos térmicos consistem de aquecimento, tempo de permanência a determinada 
temperatura e resfriamento. 
A estrutura de aço estudada na unidade anterior, no diagrama Fe – C só é obtida se o 
resfriamento for bem lento. Se o resfriamento for mais rápido, obtêm-se outras estruturas que 
estudaremos nesta unidade. 
Fatores que influenciam nos tratamentos térmicos 
Velocidade de aquecimento 
A velocidade de aquecimento deve ser adequada à composição e ao estado de tensões do aço. 
Como tendência geral o aquecimento muito lento provoca um crescimento excessivo dos grãos 
tornando o aço frágil. 
Entretanto, um aquecimento muito rápido em aços ligados ou em aços com tensões internas 
(provocadas por fundição, forjamento, etc.) poderá provocar deformações ou trincas. 
Temperatura de aquecimento 
90 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
A temperatura de aquecimento deverá ser adequada para que ocorram as modificações 
estruturais desejadas . Se ela for inferior a essa temperatura, as modificações estruturais não 
ocorrerão; se for superior, ocorrerá um crescimento dos grãos que tornará o aço frágil. 
Tempo de permanência na mesma temperatura 
O tempo de permanência na mesma temperatura deve ser o suficiente para que as peças se 
aqueçam de modo uniforme em toda a secção, e os átomos de carbono se solubilizem totalmente. 
Se o tempo de permanência for além do necessário, pode haver indesejável crescimento dos 
grãos. 
Resfriamento 
As estruturas formadas no diagrama de equilíbrio Fe – C só vão se formar se o resfriamento for 
muito lento. 
SENAI - 2009 91 
Diagrama Fe – C 
Para a austenita se transformar em ferrita, cementita e perlita não há só a necessidade de o ferro 
mudar de reticulado cristalino mas também envolve a movimentação dos átomos de carbono, 
através da austenita sólida, e isso leva algum tempo. 
A austenita possui um reticulado cúbico de face centrada (c.f.c.) e consegue dissolver o carbono; 
já na ferrita (cúbico de corpo centrado – c.c.c.) o carbono é praticamente insolúvel.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Quando resfriamos rapidamente um aço ele se transforma de c.f.c. para c.c.c. e o carbono 
permanece em solução. Isso cria uma estrutura deformada, supersaturada de carbono que recebe 
o nome de martensita que é tetragonal e não cúbica. 
Devido a essas microtensões criadas no reticulado cristalino pelo carbono é que a martensita é 
dura, resistente e não dúctil. 
Efeito do teor de carbono sobre a dureza de martensita 
Nos tratamentos térmicos, variando as velocidades de resfriamento, obtemos diferentes estruturas 
e com isso obtemos diferentes dureza, resistência a tração, fragilidade, etc. 
Com o auxílio do diagrama de transformação isotérmica também chamado de curva T.T.T. (tempo, 
temperatura, transformação), poderemos entender melhor os fenômenos que ocorrem quando o 
aço é resfriado a diferentes velocidades de resfriamento. 
Curvas de velocidade de resfriamento 
92 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 93 
A austenita 
E ferrita 
P perlita 
B bainita 
M martensita 
D dureza em HRC 
Curva T.T.T. 
Curva T.T.T. 
A figura anterior mostra a curva T.T.T. do aço 43 MnCr6. Se esfriarmos esse aço lentamente, com 
a velocidade de esfriamento da curva V, obtém-se uma estrutura com 15% de ferrita e 85% de 
perlita, que terá uma dureza de 22 rockwell C. 
Se aumentarmos a velocidade de resfriamento, obtém-se uma estrutura mais fina e com maior 
dureza (curva IV). 
Se resfriarmos como na curva II, obtém-se a estrutura de bainita que é uma estrutura 
intermediária entre a martensita e a perlita, isto é, é cementita dispersa em ferrita. 
Com a velocidade de resfriamento da curva I, obtém-se uma estrutura de 100% de martensita que 
terá uma dureza máxima para esse aço (61HRC). Essa velocidade é chamada de velocidade 
crítica.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Os meios de resfriamento são os responsáveis pelas diferentes velocidades de resfriamento. O 
quadro seguinte apresenta em ordem decrescente de velocidade alguns meios de resfriamento. 
Meios de resfriamento 
Solução aquosa a 10% NaOH 
Solução aquosa a 10% NaCl 
Solução aquosa a 10% Na2CO3 
Água 00C 
Água a 180C 
Água a 250C 
Óleo 
Água a 500C 
Tetracloreto de carbono 
Água a 750C 
Água a 1000C 
Ar líquido 
Ar 
Vácuo 
Os elementos de liga no aço, de uma forma geral, diminuem a velocidade crítica de resfriamento 
para a formação da martensita. 
94 SENAI - 2009 
Em linha cheia vê-se o 
diagrama T.T.T. de um aço 
1050 comum. Em linha 
tracejada pode-se observar 
a influência da adição de 
0,25% molibdênio sobre o 
mesmo aço. 
Portanto, o meio de resfriamento deve ser mais brando, como é, por exemplo, o óleo, ou mesmo o 
ar. 
Recozimento
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
É o tratamento térmico realizado com a finalidade de alcançar um ou vários dos seguintes 
objetivos: 
• Remover tensões de trabalhos mecânicos a frio ou a quente; 
• Reduzir a dureza do aço para melhorar a sua usinabilidade; 
• Diminuir a resistência a tração; 
• Aumentar a ductilidade; 
• Regularizar a textura; 
• Eliminar efeitos de quaisquer tratamentos térmicos. 
Recozimento total ou pleno 
Consiste em aquecer o aço a mais ou menos 500C acima da linha G – S – K e manter esta 
temperatura o tempo suficiente para que ocorra a solubilização do carbono e dos outros 
elementos de liga no ferro gama (austenita). Em seguida, deve-se fazer um resfriamento lento. 
O resfriamento é feito dentro do próprio forno, controlando-se a velocidade de resfriamento. 
Obtém-se desse recozimento uma estrutura de perlita grosseira que é a estrutura ideal para 
melhorar a usinabilidade dos aços de baixo e médio teor de carbono (0,2 a 0,6%); para aços com 
alto teor de carbono é preferível a estrutura de esferoidita que veremos no recozimento de 
esferoidização. 
A figura seguinte mostra a curva T.T.T. do aço AISI 5140 com a curva de resfriamento do 
recozimento. 
SENAI - 2009 95
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Curva T.T.T. de aço AISI 5140 com 0,43%C, 0,68%Mn e 0,93%Cr. 
Recozimento de esferoidização 
O recozimento de esferoidização objetiva transformar a rede de lâminas de cementita em 
carbonetos mais ou menos esféricos ou esferoiditas. 
Esse tratamento melhora a usinabilidade e a ductilidade dos aços de alto teor de carbono. 
Para ocorrer essa transformação, o aço deve ser aquecido a uma temperatura entre 6800C a 
7500C, em função do teor de carbono. 
96 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
SENAI - 2009 97 
Processos de recozimento 
Esta temperatura deve ser mantida o tempo suficiente para homogeneizar a temperatura em toda 
a peça e o resfriamento deve ser lento, cerca de 100C a 200C por hora. 
Recozimento subcrítico 
Consiste em aquecer o aço a uma temperatura entre 550 a 6500C (abaixo da zona crítica – figura 
a seguir) com a finalidade de promover uma recristalização em peças que foram deformadas a frio 
(laminação, forjamento) ou para aliviar tensões internas provocadas nos processos de soldagem, 
corte por chama, solidificação de peças fundidas. 
Normalização 
A normalização consiste em aquecer as peças 200C a 300C acima da temperatura de 
transformação (linha G – S – E) e resfriá-las mais rápido que no recozimento porém mais lento 
que na têmpera. O mais comum é um resfriamento ao ar.
Fundamentos da Mecânica - Materiais 
Temperatura para normalização 
O objetivo deste tratamento é obter uma granulação mais fina e uniforme dos cristais, eliminando 
as tensões internas. 
A normalização é usada em aço, após a fundição, forjamento ou laminação e no ferro fundido 
após a fundição. 
Têmpera dos aços 
A têmpera é um tratamento térmico que executamos em um aço quando desejamos aumentar sua 
dureza e resistência mecânica. Conseguimos isso mudando a estrutura do aço (de ferrita + perlita) 
para uma estrutura martensítica. 
A operação consiste basicamente em três etapas: 
• Aquecimento 
• Manutenção de uma determinada temperatura 
• Resfriamento 
Aquecimento 
O aço deve ser aquecido em torno de 
500C acima da zona crítica (linha G – 
S – K – figura ao lado) para que nos 
98 SENAI - 2009
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  • 1. Fundamentos da Mecânica - Materiais Sumário Classificação e características de materiais 2 Obtenção do ferro gusa e ferro fundido 13 Aço 37 Comportamento das ligas em função da temperatura e composição 61 Diagrama ferro-carbono 71 Tratamento térmico dos aços 86 Metais não-ferrosos e ligas 113 Sinterização 128 Corrosão dos metais 138 Ensaio dos materiais 153 Ensaios destrutivos 159 Ensaios não-destrutivos 170 Materiais plásticos 196 SENAI - 2009 1
  • 2. Fundamentos da Mecânica - Materiais Classificação e características de materiais Objetivos Ao final desta unidade o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Classificação dos materiais naturais, artificiais, ferrosos e não-ferrosos; • Propriedades dos materiais. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Estrutura dos metais; • Formação da estrutura na solidificação; • Componentes da estrutura: átomo, cristais, grão, contorno do grão; • Propriedades físicas dos metais. Introdução Quando da confecção de um determinado produto, deve-se, como um dos fatores prioritários, selecionar o material adequado que o constituirá. Para tanto, o material deve ser avaliado sob dois aspectos: suas qualidades mecânicas e seu custo. 2 SENAI - 2009
  • 3. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 3 Classificação de materiais Apresentamos a seguir uma classificação dos materiais mais comumente utilizados, tendo cada um sua importância e emprego definidos em função de suas características e propriedades. materiais metálicos não metálicos ferrosos não ferrosos sintéticos naturais aço FoFo pesados leves plásticos resinóides madeira mouro etc. Conhecidas as classes dos materiais passemos agora a especificá-los por grupos e emprego a que se destinam, pois todos os materiais possuem características próprias que devemos conhecer para podermos empregá-los mais adequadamente. Materiais metálicos Ao estudarmos a classe dos materiais metálicos podemos dividi-los em dois grupos distintos: os ferrosos e os não-ferrosos. Materiais metálicos ferrosos Desde sua descoberta os materiais ferrosos tornaram-se de grande importância na construção mecânica. Os materiais ferrosos mais importantes são: • Aço – liga de Fe e C com C < 2% - material tenaz, de excelentes propriedades, de fácil trabalho, podendo também ser forjável. • Ferro fundido – liga de Fe e C com 2 < C < 5% - material amplamente empregado na construção mecânica, e que, mesmo não possuindo a resistência do aço, pode substituí-lo em diversas aplicações, muitas vezes com grande vantagem.
  • 4. Fundamentos da Mecânica - Materiais Como esses materiais são fáceis de serem trabalhados, com eles é construída a maior parte de máquinas, ferramentas, estruturas, bem como instalações que necessitam materiais de grande resistência. Materiais metálicos não-ferrosos São todos os demais materiais metálicos empregados na construção mecânica. Possuem empregos os mais diversos, pois podem substituir os materiais ferrosos em várias aplicações e nem sempre podem ser substituídos pelos ferrosos. Esses materiais são geralmente utilizados isoladamente ou em forma de ligas metálicas, algumas delas amplamente utilizadas na construção de máquinas e equipamentos. Podemos dividir os não-ferrosos em dois tipos em função da densidade: • Metais pesados (r > 5kg/dm3) cobre, estanho, zinco, chumbo, platina, etc. • Metais leves (r < 5kg/dm3) alumínio, magnésio, titânio, etc. Normalmente, os não-ferrosos são materiais caros, logo não devemos utilizá-los em componentes que possam ser substituídos por materiais ferrosos. Esses materiais são amplamente utilizados em peças sujeitas a oxidação, dada a sua resistência, sendo muito utilizados em tratamentos galvânicos superficiais de materiais. São também bastante utilizados em componentes elétricos. Nos últimos anos, a importância dos metais leves e suas ligas têm aumentado consideravelmente, principalmente na construção de veículos, nas construções aeronáuticas e navais, bem como na mecânica de precisão, pois têm-se conseguido ligas metálicas de alta resistência e de menor peso e, com isto, tende-se a trocar o aço e o ferro fundido por esses metais. Materiais não-metálicos Existem numerosos materiais não-metálicos que podem ser divididos em: • Naturais – madeira, couro, fibras, etc. • Artificiais ou sintéticos – baquelite, celulóide, acrílico, etc. Os materiais plásticos estão sendo empregados em um número cada vez maior de casos como substitutos de metais. 4 SENAI - 2009
  • 5. Fundamentos da Mecânica - Materiais Daí a necessidade de conhecermos um pouco mais esses materiais que vêm-se tornando uma presença constante nos campos técnico, científico, doméstico, etc. Deles nos ocuparemos um pouco mais na unidade Materiais plásticos. SENAI - 2009 5 Estrutura cristalina dos metais A maioria dos metais ao se solidificar experimenta uma contração de volume, o que indica uma menor separação entre os átomos no estado sólido. Nesse estado, os átomos animados de pequena energia cinética não conseguem deslizar livremente uns em relação aos outros. No estado sólido, os átomos não estão em repouso, mas vibram em torno de determinadas posições de equilíbrio assumidas espontaneamente por eles ao se solidificarem. Arranjo dos átomos Essas posições não são assumidas ao acaso, pelo contrário, apresentam uma ordenação geométrica especial característica, que é uma função da natureza do metal. Essa disposição ordenada, característica dos metais sólidos e de outros materiais não-metálicos, denomina-se estrutura cristalina. Tipos de estruturas cristalinas
  • 6. Fundamentos da Mecânica - Materiais Dentre as estruturas destacamos três tipos: 1) Rede cúbica de faces centradas Metais: Ni, Cu, Pb, Al e tipo de ferro que se chama ferro g. 2) Rede cúbica de corpo centrado Metais: V, Cr, Mo, W e tipo de ferro que se chama ferro a. 3) Hexagonal compacta Metais: Mg, Zn, Cd, Ti. - A dimensão da rede varia de tipo para tipo. A transformação mecânica dos metais (tais como laminação, dobramento, estampagem) depende do tipo da estrutura cristalina. Nas estruturas do tipo (1) a transformação ocorre facilmente, enquanto na estrutura (3) a transformação é mais difícil de ser verificada. No processo de dobramento de metais que possuem o tipo (3) – exemplo: Mg e Zn, a peça pode quebrar mais facilmente do que nos metais que possuem estrutura do tipo (1) – exemplo: aço ou Al. Formação da estrutura na solidificação 6 SENAI - 2009
  • 7. Fundamentos da Mecânica - Materiais A estrutura cristalina, formada na solidificação através do resfriamento, irá definir a estrutura do material, os seus constituintes e propriedades. No estado líquido os átomos metálicos se movem livremente. Com a queda da temperatura, diminui a energia de movimento dos átomos e passa a predominar a força de atração entre eles. Por isto os átomos vão se unindo uns aos outros, em determinadas posições, formando os cristais (embriões). Essa formação é orientada segundo direções preferenciais, denominadas eixo de cristalização. À medida que esses cristais crescem em direções definidas, encontram-se e estabelecem uma superfície de contato que chamamos de limite ou contorno de grãos. Observe a seguir o processo de formação da estrutura cristalina na solidificação. O tamanho do grão na estrutura do metal varia de acordo com o número de embriões formados e com o tipo de metal. Num mesmo metal podem-se formar grãos pequenos ou grandes, se modificarmos o tempo de solidificação (velocidade de resfriamento e pressão). Se diminuirmos o tempo de solidificação, teremos uma estrutura formada por maior número de grãos (estrutura fina). Caso contrário, ocorre o inverso (estrutura grossa). As estruturas de grãos muito grandes possuem baixa resistência à tração. SENAI - 2009 7
  • 8. Fundamentos da Mecânica - Materiais A figura ao lado apresenta no diagrama de solidificação como se processa a formação dos metais durante o resfriamento. Diagrama de solidificação Propriedades dos materiais Na construção de peças e componentes, devemos observar se os materiais empregados possuem as diversas propriedades físicas e mecânicas que lhe serão exigidas pelas condições e solicitações do trabalho a que se destinam. A seguir mostraremos algumas dessas propriedades. Elasticidade Uma mola deve ser elástica. Por ação de uma força, deve se deformar e, quando cessada a força, deve voltar à posição inicial. 8 SENAI - 2009
  • 9. Fundamentos da Mecânica - Materiais Para comprovarmos a elasticidade do aço para molas, prendemos a mola na morsa por um lado e a estiramos pelo outro lado até que se estique. Quando a soltamos, se a mola voltar à posição inicial é porque o aço possui boa elasticidade. Fragilidade Materiais muito duros tendem a se quebrar com facilidade, não suportando choques, enquanto que os materiais menos duros resistem melhor aos choques. Assim, os materiais que possuem baixa resistência aos choques são chamados frágeis. Exemplos: FoFo, vidro, etc. Ductilidade Pode-se dizer que a ductilidade é o oposto da fragilidade. São dúcteis os materiais que por ação de força se deformam plasticamente, conservando a sua coesão, por exemplo: cobre, alumínio, aço com baixo teor de carbono, etc. Na figura seguinte temos um fio de cobre de 300mm de comprimento. Se puxarmos este fio, ele se esticará até um comprimento de 400 a 450mm sem se romper porque uma das qualidades do cobre é ser dúctil. SENAI - 2009 9 Ductilidade Tenacidade Se um material é resistente e possui boas características de alongamento para suportar um esforço considerável de torção, tração ou flexão, sem romper-se, é chamado tenaz. A chave da figura seguinte pode ser tracionada e flexionada sem romper-se facilmente porque é de um material tenaz.
  • 10. Fundamentos da Mecânica - Materiais Tenacidade Dureza As ferramentas devem ser duras para que não se desgastem e possam penetrar em um material menos duro. A dureza é, portanto, a resistência que um material oferece à penetração de outro corpo. Resistência Resistência de um material é a sua oposição à mudança de forma e ao cisalhamento. As forças externas podem exercer sobre o material cargas de tração, compressão, flexão, cisalhamento, torção ou flambagem. Flexão Cisalhamento Torção Tração 10 SENAI - 2009
  • 11. Fundamentos da Mecânica - Materiais Flambagem Compressão Toda força externa gera no material tensões de acordo com o tipo de solicitação. Elasticidade e plasticidade São propriedades de mudança de forma. Denominamos deformação elástica à deformação não permanente e deformação plástica à deformação permanente. Densidade A densidade de um material está relacionada com o grau de compactação da matéria. Fisicamente, a densidade (r) é definida pela massa (M) dividida pelo volume (V). SENAI - 2009 11 dm3 M r = Kg V Exemplo: o cobre tem maior densidade que o aço: r Cu = 8,93kg/dm3 rAço = 7,8kg/dm3
  • 12. Fundamentos da Mecânica - Materiais Questionário – resumo 1. Quais os materiais metálicos ferrosos mais importantes? 2. Como são classificados os materiais metálicos não-ferrosos em função da densidade? 3. Dê exemplos de materiais não-metálicos naturais e artificiais ou sintéticos. 4. Cite três tipos de estrutura cristalina dos metais e como elas se comportam frente à transformação mecânica? 5. Como ocorre a formação da estrutura cristalina na solidificação? 6. Comente as seguintes propriedades dos materiais: densidade, resistência, fragilidade, ductilidade, tenacidade, elasticidade e dureza. 12 SENAI - 2009
  • 13. Fundamentos da Mecânica - Materiais Obtenção do ferro gusa e ferro fundido Objetivos Ao final desta unidade o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Processo de obtenção do ferro gusa no alto-forno e os materiais utilizados; • Reações químicas que ocorrem no alto-forno; • Obtenção, classificação e tipos de ferro fundido; • Fundição em areia. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Características da estrutura do carbono nos ferros fundidos lamelar e globular; • Propriedades e exemplos de aplicação do ferro fundido branco, cinzento, nodular e maleável; • Normas ABNT, DIN e ASTM. Ser capaz de Aplicar conhecimentos para: • Selecionar os ferros fundidos em função de suas propriedades. SENAI - 2009 13 Introdução O elemento químico ferro é o metal mais usado para as construções mecânicas. Nesta unidade, estudaremos como ele é extraído do minério e transformado em ferro gusa e depois em ferro fundido. Na próxima unidade (Aço), estudaremos como o ferro gusa se transforma em aço. Obtenção do ferro gusa
  • 14. Fundamentos da Mecânica - Materiais Os minérios de ferro são rochas que contêm óxidos de ferro ou carbonatos de ferro agregados a quartzo, argila, composto de enxofre, fósforo, manganês. Minério Designação química Fórmula química Conteúdo de Fe Magnetita Óxido ferroso férrico Fe3O4 60...70% Hematita roxa Óxido de ferro anidro Fe4O3 40...60% Hematita parda ou limonita Óxido de ferro hidratado 2Fe2O3 + 3H2O 20...45% Siderita Carbonato de ferro FeCO3 30...45% Antes da fusão do minério no alto-forno para a obtenção do ferro gusa, o minério deve ser britado (quebrado). As impurezas pétreas são separadas por flotação e, em seguida, elimina-se a umidade e parte do enxofre. Os minérios de granulometria fina são compactados formando briquetes. Transformação do minério em metal 14 SENAI - 2009
  • 15. Fundamentos da Mecânica - Materiais A transformação do minério em metal é feita no alto-forno que é um forno de cuba com uma altura de 30 a 80m e um diâmetro máximo de 10 a 14m. Neste forno entra o minério e sai o ferro gusa que contém 5 – 6% de carbono, ± 3% de silício (Si), ± 6% de manganês (Mn) assim como altos teores de enxofre e fósforo. Um teor alto de carbono, enxofre e fósforo tornam o ferro gusa muito frágil, não forjável e não soldável. SENAI - 2009 15
  • 16. Fundamentos da Mecânica - Materiais Alto-forno (funcionamento) A transformação do minério em ferro gusa é feita em dois movimentos: o movimento descendente de carga (sólidos) em oposição ao movimento ascendente dos gases. Alto-forno As cargas introduzidas na goela do alto-forno para ser obtido o ferro gusa são as seguintes: • Minério Óxido de ferro (Fe2O3) quebrado e aglomerado. • Coque metalúrgico Possui grande resistência ao esmagamento e uma excelente Porosidade para deixar passar a corrente gasosa. • Fundente adicional Permite a separação do metal da ganga numa temperatura relativamente baixa. A composição do fundente depende da natureza da ganga. Exemplos de fundentes: 16 SENAI - 2009
  • 17. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 17 • Mn Atua como dissulfurante, desoxidante e elemento de liga, 33 a 35kg/ton de aço. • Cal Adicionada para facilitar a fusão da escória e é também um desfosforizante. • Fluorita CaF2 Ajuda na fluidificação da escória. Os movimentos descendente e ascendente produzidos no alto-forno formam as seguintes zonas: Secagem (entre 3000C e 3500C) A água contida nos elementos da carga é evaporada e parte do enxofre também é eliminada. Redução (entre 3500C e 7500C) O minério (óxido de ferro) combina-se com o monóxido de carbono (CO) (veja equação ao lado). Equação química da redução 3Fe2O3 + CO ® 2Fe3O4 + CO2 Fe3O4 + CO ® 3FeO + CO2 Equação química da carbonetação 3FeO + 3CO ® 3Fe + 3CO2 3Fe + C ® Fe3C Carbonetação (entre 7500C e 11500C) Com a temperatura elevada, o óxido de ferro entra em combinação parcial com o monóxido de carbono, formando o dióxido de carbono. Numa outra reação, o ferro (Fe) combina-se com o carbono formando a cementita Fe3C, numa combinação muito dura. Após a carbonetação, o ponto de fusão da liga ferro e carbono diminui bastante (veja equação ao lado). Fusão (entre 11500C e 18000C) Corresponde à passagem do ferro carburado (o gusa) do estado sólido ao líquido. A transformação em líquido é feita numa temperatura aproximada de 16000C. O metal líquido escorre para o fundo do cadinho, enquanto que sobre o metal fica a escória, separada por diferença de densidade. A escória fica na superfície e protege o gusa contra a oxidação que o ar injetado das ventaneiras poderia provocar.
  • 18. Fundamentos da Mecânica - Materiais O ferro gusa que sai do alto-forno pode ser solidificado em pequenos lingotes que servirão de matéria-prima para uma segunda fusão, de onde resultará o ferro fundido, ou o gusa poderá ser transportado líquido (carro torpedo) para a aciaria. 18 SENAI - 2009
  • 19. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 19 Ferro fundido É uma liga de ferro carbono com um teor de carbono de 2% a 4,5%. Esse material se caracteriza frente ao aço por um ponto de fusão mais baixo e uma moldabilidade mais fácil. Portanto, para peças de forma complicada, a fundição em ferro fundido é mais econômica do que a fundição em aço. O ferro gusa é transformado numa segunda fusão em ferro fundido (FoFo). Esta fusão é feita em fornos tipo cubilô ou forno elétrico. A carga desses fornos é formada de lingotes de ferro gusa, sucata de aço e ferro fundido, coque e fundente (calcário), podem-se também adicionar elementos de liga como o cromo, níquel ou molibdênio. Através desta segunda fusão, obtém-se uma estrutura mais densa com a granulação mais fina e uniforme. Forno cubilô O forno cubilô é um forno de cuba, cilíndrico com um diâmetro de aproximadamente um metro, e uma altura de seis a oito metros. Compõe-se de uma camisa de chapa de aço revestida com um material refratário. Esse forno é carregado por cima, como o alto-forno. Forno cubilô
  • 20. Fundamentos da Mecânica - Materiais Após o aquecimento, quando se encontra no estado líquido, o ferro fundido acumula-se em um cadinho, na parte inferior, e, em seguida, é feita a corrida. O ferro fundido é vertido em uma caçamba de fundição e transportado até os moldes onde são fundidas as peças. Tipos de ferro fundido O carbono contido no ferro fundido pode estar combinado com o ferro formando a cementita que é dura e quebradiça e apresenta uma fratura clara (ferro fundido branco). Quando o carbono está separado do ferro formando veios de grafite, apresenta uma fratura cinzenta (ferro fundido cinzento). A quantidade e o tamanho dos veios de grafite que se formam dependem da composição química e da velocidade de resfriamento. Aumentando o teor de silício e diminuindo a velocidade de resfriamento, há maior formação de grafite. No entanto, se aumentarmos o teor de manganês e a velocidade de resfriamento, o carbono ficará combinado com o ferro formando a cementita. Ferro fundido cinzento (GG) 20 SENAI - 2009
  • 21. Fundamentos da Mecânica - Materiais Nesse tipo de ferro fundido, o carbono se apresenta na forma de veios de grafite. Esses veios de grafite (lamelas) são formados devido a um resfriamento lento no momento da fundição e/ou devido à composição química do material (alto teor de silício). O ferro fundido cinzento ou lamelar (GG ou GGL) é, comercialmente, barato e tem as seguintes características quanto ao processo de fabricação: • Funde-se com facilidade • Contrai-se pouco ao esfriar • Tem pouca tendência a formar vazios internos • Apresenta boa usinabilidade O ferro fundido cinzento apresenta também as seguintes propriedades mecânicas: • Fragilidade (resiste pouco às solicitações por choque) • Resistência baixa a tração (causada pelos veios de grafite) • Boa capacidade de deslizamento (melhor que a do aço) • Resistência a compressão elevada • Grande poder de amortecimento interno de vibrações mecânicas A resistência a compressão e o poder de amortecimento de vibrações tornam o ferro fundido cinzento ideal para confecções de carcaças de motores e corpos de máquinas. SENAI - 2009 21
  • 22. Fundamentos da Mecânica - Materiais Ferro fundido nodular (GGG) Se se adicionam, na hora do vazamento do ferro fundido na panela, ligas de magnésio (níquel-magnésio ou ferro-silício-magnésio), o grafite não se agregará sob a forma de lamelas e sim sob a forma de glóbulos. Por essa razão esse ferro fundido é chamado globular ou nodular. O grafite estando na forma globular proporciona ao ferro fundido maior resistência a tração, flexão e alongamento. Outra característica do ferro fundido nodular é que ele resiste bem a agentes químicos e ao calor. Por isso é muito usado em tubos e fornos de indústrias químicas, em máquinas agrícolas, na construção de tratores e automóveis, na construção de bombas e turbinas. Ferro fundido branco ou duro (GH) Nesse tipo de ferro fundido, o carbono está sempre combinado com o ferro, formando um componente duro na estrutura – a cementita (Fe3C). Composição típica de ferro fundido duro C...................................2,8 a 4,0% Si..................................0,2 a 1,0% Mn................................0,6 a 1,5% S..................................0,2 a 0,45% P...................................0,15 máx. A cementita é formada devido a um resfriamento rápido do ferro fundido e devido à influência de elementos químicos: um teor de silício baixo e de manganês elevado. 22 SENAI - 2009
  • 23. Fundamentos da Mecânica - Materiais Pela escolha adequada da composição química do ferro fundido e pelo controle da velocidade de resfriamento do metal no molde, é possível fazer uma peça onde a superfície seja de ferro fundido duro e o núcleo de ferro fundido cinzento. Essas características são interessantes para alguns tipos de peças como, por exemplo, a roda de trem que deve ter resistência ao desgaste e, ao mesmo tempo, resistência a impactos. Ferro fundido maleável (GT) O ferro fundido maleável é obtido a partir do ferro fundido branco que é submetido à maleabilização (tratamento térmico posterior à fundição) tornando-se, assim, bem tenaz, algo deformável e facilmente usinável. Composição típica de um ferro fundido branco destinado a ser maleabilizado. Carbono combinado...................3,0 a 3,50% Si................................................0,50 a 0,80% Mn..............................................0,10 a 0,40% S................................................0,20 a 0,05% F.................................................0,15% máx. Distinguem-se dois tipos de ferro fundido maleável: • Ferro fundido maleável branco • Ferro fundido maleável preto Ferro fundido maleável branco (GTW) É próprio para a fabricação de peças pequenas de pequena espessura de parede. Essas peças são fundidas em ferro fundido branco e depois, por um longo tratamento térmico de descarbonetação, reduz-se o teor de carbono da superfície da peça de 2 a 4% para 1 a 1,5% (com isso conseguimos um material menos frágil). O tratamento de descarbonetação consiste em colocar as peças fundidas em ferro fundido branco em caixas contendo óxidos de ferro finamente granulado. Depois, colocamos essas caixas em fornos a temperatura de 900 a 10500C durante dois a cinco dias. Ou segundo procedimentos mais modernos, a peça é aquecida em fornos elétricos ou a gás com uma atmosfera oxidante. SENAI - 2009 23
  • 24. Fundamentos da Mecânica - Materiais Através do aquecimento, o óxido de ferro se decompõe, liberando o oxigênio que irá reagir com o carbono contido na peça. Com isso se reduz o teor de carbono na superfície da peça de 2,5 a 3,5% para 0,5 a 1,8% C. A profundidade de descarbonetação é limitada e por isso se emprega esse tratamento em peças de paredes delgadas de até 12mm. Ferro fundido maleável preto (GTS) Para a obtenção de ferro fundido maleável preto, faz-se um tratamento térmico de recozimento no ferro fundido branco (800 a 9000C durante vários dias) em uma atmosfera neutra, por exemplo, envolvendo a peça em areia. Diagrama do tratamento térmico Nesse caso, a cementita do ferro fundido branco se decompõe em grafite em forma de nódulos e ferrita. Esse tipo de tratamento não depende da espessura da parede da peça. Observação Na figura seguinte, observamos um resumo de como são obtidos os vários tipos de ferros fundidos. 24 SENAI - 2009
  • 25. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 25 Obtenção dos vários tipos de ferro fundido O processo de fundição Para fundir uma peça, confecciona-se primeiro um modelo em madeira, aço, alumínio ou plástico, de acordo com os planos técnicos.
  • 26. Fundamentos da Mecânica - Materiais Esse modelo deve ser um pouco maior do que a peça, devido à contração do metal ao se solidificar e esfriar conforme tabela seguinte. Material Contração do metal (%) Aço 2 FoFo 1 Alumínio 1,25 Liga CuZnSn 1,50 As figuras a seguir mostram a sequência da fundição de uma peça. Desenho da peça Modelo fabricado em madeira, levando-se em conta a contração do metal. Este modelo é dividido em duas partes. Coloca-se o modelo sob a caixa de fundição e compacta-se a areia. 26 SENAI - 2009
  • 27. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 27 Macho fabricado de areia com resina para ter maior resistência Colocação do macho no molde Vazamento do metal no molde Peça fundida com o canal de vazamento e massalote É importante notar que as propriedades mecânicas das peças fundidas variam dentro de uma mesma peça em função da espessura da parede, da forma da secção, da maior ou menor velocidade de resfriamento em cada ponto. As figuras a seguir mostram os defeitos mais comuns que aparecem nas peças fundidas. Inclusões de escórias Escórias e óxidos metálicos que se misturaram no metal durante o vazamento.
  • 28. Fundamentos da Mecânica - Materiais Poros O material fundido não se solidifica uniformemente. A solidificação se produz de fora para dentro. Nos lugares mais grossos da peça, formam-se vazios que são denominados poros ou cavidades. Para evitar esse problema, é conveniente que as peças fundidas não tenham uma variação brusca de espessura das paredes, ou que se acrescentem partes na peça que se solidifiquem por último e que irão conter os poros, bolhas e inclusões. Essas partes são chamadas de massalote e serão eliminadas depois. Trincas A variação de secção provoca também diferentes velocidades de resfriamentos o que pode ocasionar diferentes estruturas e tensões internas na peça, provocando trincas. Para uniformizar a velocidade de resfriamento, podem-se alojar no molde placas de resfriamento. 28 SENAI - 2009
  • 29. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 29 Bolhas A umidade da areia do molde se decompõe em hidrogênio e oxigênio com a temperatura de vazamento do metal e esses gases penetram na estrutura do material. Desigualdade na espessura das paredes É provocada pelo deslocamento do macho durante o vazamento. Paredes mais grossas e irregulares São provocadas pela compactação insuficiente da areia, que se desprende com a pressão do material durante a fundição. Como descobrir defeitos de fundição Antes da usinagem, é interessante examinar as peças fundidas com a ajuda de raios X ou de ultra-som para detectar defeitos (bolhas ou inclusões internas). Caso contrário esses defeitos só serão percebidos durante a usinagem o que acarretará uma perda de tempo e elevação dos custos. Classificação e nomenclatura dos ferros fundidos As normas especificam os ferros fundidos com letras e números onde cada um possui um significado.
  • 30. Fundamentos da Mecânica - Materiais Nos exemplos abaixo temos especificações segundo a norma DIN e ABNT. DIN GG 40 Resistência a tração 400N/mm2 Ferro fundido cinzento GGG 60 Resistência a tração 600N/mm2 Ferro fundido nodular ABNT FC 40 Resistência a tração 400N/mm2 Ferro fundido cinzento Características segundo DIN Símbolo GG – Densidade: 7,25kg/dm3 Ponto de fusão: 1150 – 12500C Temperatura de fundição: 13500C Resistência a tração: 10 – 40kp/mm2 Alongamento: insignificante Contração: 1% Composição: 2,6 - 3,6% C 1,8 - 2,5% Si 0,4 - 1,0% Mn 0,2 - 0,9% P 0,08 - 0,12% S Classificação do ferro fundido cinzento O ferro fundido é classificado por suas classes de qualidade. Essas classes são especificadas por vários sistemas de normas tais como DIN, ASTM, etc. Por exemplo, a ABNT especifica as classificações da seguinte forma: • As classes FC10 e FC15 possuem excelentes fusibilidade e usinabilidade e são indicadas, principalmente a FC15, para bases de máquinas e carcaças metálicas. • As classes FC20 e FC25 aplicam-se em elementos estruturais de máquinas, barramentos, cabeçotes, mesas, etc. 30 SENAI - 2009
  • 31. Fundamentos da Mecânica - Materiais • As classes FC30 e FC35 possuem maior dureza e resistência mecânica e aplicam-se em engrenagens, buchas, blocos de motor, etc. • A classe FC40 de maior resistência que as outras possui elementos de liga, como cromo, níquel e molibdênio, sendo empregada em peças de espessuras médias e grandes. Classes de ferros fundidos cinzentos segundo ABNT SENAI - 2009 31 Classe Limite de resistência a tração (min.) X 10 [N/mm2] Dureza brinell (valores máximos) Resistência à flexão estática (valores médios) X 10 [N/mm2] FC10 10 201 - FC15 23 18 15 11 241 223 212 201 34 32 30 27 FC20 28 23 20 16 255 235 223 217 41 39 36 33 FC25 33 28 25 21 269 248 241 229 - 46 42 39 FC30 33 269 - 30 262 48 26 248 45 FC35 38 35 31 - 277 269 - 54 51 FC40 40 36 - - 60 57
  • 32. Fundamentos da Mecânica - Materiais A ASTM agrupa os ferros fundidos cinzentos em sete classes. Os números das classes ASTM representam valores de resistência a tração em l b/pol2, os valores métricos para o limite de resistência a tração são aproximados. Classes Resistência a tração Resistência a tração 20 20.000 l b/pol2 140N/mm2 25 25.000 l b/pol2 175N/mm2 30 30.000 l b/pol2 210 N/mm2 35 35.000 l b/pol2 245N/mm2 40 40.000 l b/pol2 280N/mm2 50 50.000 l b/pol2 350N/mm2 60 60.000 l b/pol2 420N/mm2 Classificação de ferro fundido nodular segundo ABNT especificação P-EB-585. 32 SENAI - 2009 A título informativo Classe Limite de resistência a tração, min. Kg/mm2 Limite de escoamento (0,2%) min. Kg/min2 Alongamento (5d), min. % Faixa de dureza aproximada brinell Estruturas predominantes FE 3817 FE 4212 FE 5007 FE 6002 FE 7002 FE 3817 RI* 38,0 42,0 50,0 80,0 70,0 38,0 24,0 28,0 35,0 40,0 45,0 24,0 17 12 7 2 2 17 140-180 150-200 170-240 210-280 230-300 140-180 Ferrítica Ferrítica-perlítica Perlítica-ferrítica Perlítica Perlítica Ferrítica *Classe com requisito de resistência a choque.
  • 33. Fundamentos da Mecânica - Materiais Aplicações dos ferros fundidos cinzentos, segundo as classes ASTM Classe Espessura das peças Aplicações SENAI - 2009 33 20 Fina: até 13mm Média: de 13 a 25mm Grossa: acima de 25mm Utensílios domésticos, anéis de pistão, produtos sanitários, etc. Bases de máquinas, fundidos ornamentais, carcaças metálicas, tampas de poços de inspeção, etc. Certos tipos de tubos, conexões, bases de máquinas pesadas, etc. 25 Fina: até 13mm Média: de 13 a 25mm Grossa: acima de 25mm Aplicações idênticas às da classe 20, quando se necessita de maior resistência mecânica. 30 Fina: até 13mm Média: de 13 a 25mm Grossa: acima de 25mm Elementos construtivos: pequenos tambores de freio, placas de embreagem, cárters, blocos de motor, cabeçotes, buchas, grades de filtro, rotores, carcaças de compressor, tubos, conexões, pistões hidráulicos, barramentos e componentes diversos usados em conjuntos elétricos, mecânicos e automotivos. 35 Fina: até 13mm Média: de 13 a 25mm Grossa: acima de 25mm Aplicações idênticas às da classe 30. 40 Fina: até 13mm Média: de 13 a 25mm Grossa: acima de 25mm Aplicações de maior responsabilidade, de maiores durezas e resistência a tração, para o que se pode usar inoculação ou elementos de liga em baixos teores: engrenagens, eixo de comando de válvulas, pequenos virabrequins, grandes blocos de motor, cabeçotes, buchas, bombas, compressores, rotores, válvulas, munhões, cilindros e anéis de locomotivas, bigornas, pistões hidráulicos, etc. 50 Fina: até 13mm Média: de 13 a 25mm Grossa: acima de 25mm Aplicações idênticas às da classe 40. 60 Fina: até 13mm Média: de 13 a 25mm Grossa: acima de 25mm É a classe de maior resistência mecânica, usando-se normalmente pequenos teores de Ni, Cr e Mo. Tambores de freio especiais, virabrequins, bielas, cabeçotes, corpos de máquina diesel, peças de bombas de alta pressão, carcaças de britadores, matrizes para forjar a quente, cilindros hidráulicos, etc.
  • 34. Fundamentos da Mecânica - Materiais Especificações ASTM de ferro fundido nodular Classe Limite de resist. a tração min. Kg/mm2 Limite de escoamento min. Kg/mm2 Alongamento min. Em 2” % 34 SENAI - 2009 Condição Aplicações ASTM-A 339-55 80-60-03 56 42 3 Fundido Uso geral 60-45-10 42 31,5 10 Geralmente recozido Uso geral ASTM-A 396-58 120-90-02 84 63 2 Tratado termicamente Para elevada resistência mecânica 100-70-03 70 49 3 Idem Idem ASTM-A 395-56T 60-45-15 60-40-18 42 42 31,5 28 15 18 Recozido Recozido Equipamento pressurizado a temperaturas elevadas Os números indicativos das classes referem-se aos valores: • Do limite de resistência a tração (em milhares de libras por polegada quadrada); • Do limite de escoamento (em milhares de libras por polegada quadrada); • Do alongamento em porcentagem de um corpo de prova de 2”. Denominação de ferro fundido segundo norma DIN 17006 GG – Ferro fundido cinzento Exemplo: GG-18 Ferro fundido cinzento com resistência a tração de 180N/mm2 GGK Ferro fundido cinzento em coquilha GGZ Ferro fundido cinzento centrifugado GH – Ferro fundido duro Exemplo: GH-25 Ferro fundido com uma camada de ferro fundido branco de 25mm e o núcleo com ferro fundido cinzento GH-95 Dureza shore de 95
  • 35. Fundamentos da Mecânica - Materiais Observação: numeração até 50 especifica a profundidade da camada dura em milímetros. Numeração acima de 50 especifica a dureza shore. GT – Ferro fundido maleável Exemplo: GTW-35 Ferro fundido maleável branco com resistência a tração de 340N/mm2 GTS-35 Ferro fundido maleável preto com resistência a tração de 330N/mm2 Ferro fundido com Símbolo Resist. a grafite lamelar SENAI - 2009 35 tração N/mm2 Resist. a tração N/mm2 Densidade kg/dm3 Propriedades GG-10 GG-20 100 200 - 350 7.2 Ferro fundido comum sem qualidade especial para uso geral. GG-25 GG-35 GG-40 250 340 390 420 530 590 7.35 Ferro fundido de alta qualidade para peças altamente solicitadas como por exemplo cilindros, êmbolos. Limite de Ferro fundido nodular alongamento 0,2%* N/mm2 Alongamen-to de ruptura ( l o = 5do) % Usinabilidade Propriedades GGG-40 GGG-50 GGG-60 GGG-70 400 500 600 700 250 320 380 440 15 7 3 2 Boa Muito boa Muito boa boa GGG tem propriedades semelhantes ao aço devido ao carbono em forma de grafite esferoidal. Alongament Ferro fundido maleável o de ruptura ( l o = 3do) Aplicação GTW-40 GTW-55 GTS-45 390 540 440 215 355 295 5 5 7 Peças de parede fina de fundição tenaz por exemplo rodas, chaves, conexões. *O alongamento de 0,2% de comprimento inicial l o é o usado para limite de elasticidade de materiais não dúcteis.
  • 36. Fundamentos da Mecânica - Materiais Questionário – Resumo 1. Quais as substâncias que normalmente vêm agrupadas com os minérios de ferro? 2. Defina ferro fundido? 3. Quais são os tipos de ferro fundido? Cite as suas propriedades gerais. 4. Especifique FC-40 – GG-30 – GTS-40 – GGG-60 – FE4212. 5. Como é feita a fundição em areia? 6. Quais os defeitos mais comuns em peças fundidas? 36 SENAI - 2009
  • 37. Fundamentos da Mecânica - Materiais Aço Objetivos Ao final desta unidade o participante deverá: SENAI - 2009 37 Conhecer Estar informado sobre: • Processos de obtenção do aço. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Influência dos elementos de liga nas propriedades dos aços; • Processo de refinação e enriquecimento do aço; • Normalização conforme ABNT, SAE, AISI e DIN. Ser capaz de Aplicar conhecimentos para: • Selecionar os aços em função de suas propriedades mecânicas; • Interpretar normas de identificação dos aços. Definição de aço É uma liga de ferro e carbono que contém no máximo 2,0% de carbono, além de certos elementos residuais resultantes dos processos de fabricação. Obtenção do aço O ferro gusa que sai do alto-forno tem alto teor de carbono (3 a 5%) e elevado teor de impurezas como enxofre, fósforo, manganês e silício.
  • 38. Fundamentos da Mecânica - Materiais Para transformar o ferro gusa em aço, é necessário reduzir o seu teor de carbono (0 – 2,0%), manganês, silício e eliminar, ao máximo, o seu teor de fósforo e enxofre. Para tanto, existem vários processos. Processo Bessemer e Thomas- Bessemer O conversor Bessemer tem um revestimento de tijolos de sílica que não pode ser utilizado com ferro gusa rico em fósforo. O conversor Thomas-Bessemer, por sua vez, tem um revestimento de tijolos de dolomita rica em cal adequada para trabalhar com ferro gusa rico em fósforo. Em ambos os processos, Bessemer ou Thomas-Bessemer, reduz-se o teor de carbono do ferro gusa pela injeção de ar por orifícios que existem no fundo do conversor. O ferro gusa líquido procedente do misturador é vertido no conversor em posição horizontal, adicionando-se cal ou dolomita. Processo Bessemer e Thomas-Bessemer 38 SENAI - 2009
  • 39. Fundamentos da Mecânica - Materiais Colocando-se o conversor na posição vertical, o ar enriquecido com oxigênio é soprado durante dez a vinte minutos. Durante esse tempo o oxigênio reage com o carbono, e o silício, o manganês e a cal reagem com o fósforo formando a escória. A escória do conversor Thomas-Bessemer é moída e utilizada como adubo por possuir alto teor de fósforo. Produtos do conversor Bessemer e Thomas-Bessemer • Aço ao carbono não-ligados. SENAI - 2009 39 Conversor a oxigênio (LD) Nos conversores a oxigênio, é fabricada mais de 50% da produção mundial de aço. No Brasil, eles são também amplamente utilizados. A carga desse conversor é constituída de ferro gusa líquido, sucata de ferro, minério de ferro e aditivos (fundentes). Com uma lança refrigerada com água, injeta-se oxigênio puro a uma pressão de 4 a 12bar no conversor. Processo conversor a oxigênio (LD)
  • 40. Fundamentos da Mecânica - Materiais A oxidação do carbono e dos acompanhantes do ferro libera grande quantidade de calor. Para neutralizar essa elevada temperatura que prejudicaria o refratário, adiciona-se sucata ou minério de ferro. Pela adição de fundentes como a cal, os acompanhantes do ferro como o manganês, silício, fósforo e enxofre unem-se formando a escória. Para aumentar a qualidade do aço, adicionam-se os elementos de liga no final ou quando o aço está sendo vertido na panela. Os aços produzidos no LD não contêm nitrogênio pois não se injeta ar, daí a alta qualidade obtida. Esse conversor oferece vantagens econômicas sobre os conversores Thomas-Bessemer e Siemens-Martin. Produtos do conversor a oxigênio (LD) • Aços não-ligados • Aços para cementação • Aços de baixa liga Conversor Siemens-Martin O forno Siemens-Martin é um forno de câmara fixo. A carga do forno pode ser constituída de 70% de sucata de aço e o resto de ferro gusa e fundentes (cal) para formar a escória. Representação esquemática de um forno Siemens-Martin A temperatura de fusão é de 18000C, que se consegue pela queima de gás ou óleo. 40 SENAI - 2009
  • 41. Fundamentos da Mecânica - Materiais Os gases produzidos pela combustão saem do forno e passam, através de um empilhamento de tijolos, pela parte inferior do forno (recuperador) onde cedem calor dirigindo-se depois para a chaminé. A cada vinte minutos mais ou menos, o sentido dos gases é invertido de modo que o ar passe pelo recuperador que está aquecido. Produtos do conversor Siemens-Martin • Aços carbono não-ligados • Aços de baixa liga • Aços-ferramenta que não exigem alta qualidade SENAI - 2009 41 Forno elétrico Os aços finos, em particular os altamente ligados, são obtidos em fornos elétricos. Com o aço vindo do conversor a oxigênio ou Siemens-Martin e mais sucata selecionada alimenta-se o forno elétrico. Nesse forno, o aço é purificado e adicionam-se os elementos de liga desejados. Como a geração de calor se dá por uma corrente elétrica, não existe nenhuma chama de gás que desprenda enxofre. Existem dois tipos de fornos elétricos para a produção de aço: • Forno de arco voltaico • Forno de indução O forno de arco voltaico tem dois ou três eletrodos de carvão. Ao ligar, a corrente elétrica salta em arco voltaico das barras de carvão passando pelo material a fundir. A temperatura obtida neste processo é da ordem de 36000C, o que torna possível fundir elementos de liga como o tungstênio (temperatura de fusão 33700C) ou molibdênio (temperatura de fusão 26000C). Forno de arco voltaico No forno de indução a corrente alternada passa por uma bobina situada
  • 42. Fundamentos da Mecânica - Materiais ao redor de um cadinho, com isto se induzem correntes parasitas no material a fundir que aquecem o banho. Esse forno é empregado para fabricação de aços altamente ligados e de ferro fundido nodular. Forno de indução Solidificação do aço Os aços produzidos nos conversores são colocados em panelas e destas panelas são vertidos em moldes de fundição ou em lingoteiras onde se solidificam em forma de lingotes quadrados ou redondos. Esses lingotes serão transformados em produtos semi-acabados por meio de prensagem, forjamento ou laminação em chapas, barras de perfil L, U, redondas, sextavadas, etc. O aço líquido dentro do molde começa a se solidificar das paredes para o centro da peça. Com o processo de solidificação, há a formação de gases devido a reações químicas, tais como 42 SENAI - 2009
  • 43. Fundamentos da Mecânica - Materiais decomposição da água em hidrogênio e oxigênio, reação do carbono com o óxido de ferro gerando ferro e gás carbônico. SENAI - 2009 43 As bolhas de gás ascendentes originam um forte movimento do aço que ainda está líquido, com isto os gases, o fósforo, o enxofre, o silício são deslocados para o interior do bloco que irá se resfriar por último. A esse processo chamamos segregação. Lingote com massalote As acumulações de fósforo no aço produzem fragilidade (perigo de ruptura na conformação a frio). As acumulações de enxofre no aço ocasionam fragilidade a quente (perigo de ruptura na laminação ou no forjamento). Altos teores localizados de W, Ti, Mo produzem pontos duros que podem ocasionar a ruptura das peças. Aços fundidos acalmados Para evitar o acúmulo de gases no interior do aço, são adicionados alumínio, silício ou manganês ao se fundir ou vazar o aço. O oxigênio se une a esses elementos formando óxidos metálicos que não podem ser reduzidos pelo carbono (equação ® 2FeO + Si + 2Fe + SiO2). Obtém-se por meio desse processo um aço acalmado. O aço solidificado acalmado possui uma boa homogeneidade e , desta forma, diminui-se a segregação. Os aços de qualidade são sempre acalmados, pois caso contrário o oxigênio oxidaria os componentes da ligação. Bolhas e cavidades em lingotes de aço Tratamento a vácuo
  • 44. Fundamentos da Mecânica - Materiais Os gases absorvidos pelo aço líquido são prejudiciais, por isso aços ligados de alta qualidade devem ser desgaseificados. Os óxidos (de ferro ou elementos de liga) tornam o aço quebradiço; o nitrogênio produz envelhecimento; o hidrogênio produz fortes tensões e pequenas trincas entre os cristais. Para desgaseificar o aço líquido se emprega o tratamento a vácuo. A figura seguinte mostra dois tipos desse tratamento. Tratamento a vácuo Os aços que passam por esse processo apresentam maior grau de pureza, o que resulta em maior tenacidade e melhor resistência à fadiga. Refusão elétrica sob escória 44 SENAI - 2009
  • 45. Fundamentos da Mecânica - Materiais Por esse processo, um bloco de aço ligado fundido em forno elétrico se torna um eletrodo e goteja através de uma escória, desembocando em uma coquilha de cobre refrigerada por água. A escória faz a vez de uma resistência elétrica, gerando calor necessário para a fusão, ao ser percorrida pela corrente elétrica. Nessa escória, são retidas ao mesmo tempo as substâncias não desejadas e os gases dissolvidos no aço. Por esse processo, obtêm-se blocos (tarugos) de aço altamente ligados com uma textura uniforme sem segregação ou inclusões. Influência dos elementos de liga nos aços Devido às necessidades industriais, a pesquisa e a experiência possibilitaram à descoberta de aços especiais, mediante a adição e a dosagem de certos elementos no aço carbono. Conseguiram-se assim aços-liga com características como resistência a tração e a corrosão, elasticidade, dureza, etc. bem melhores do que as dos aços ao carbono comuns. Influência dos elementos de liga nas propriedades do aço Elemento Eleva Abaixa SENAI - 2009 45 Não-metais Carbono C Resistência, dureza, temperabilidade Ponto de fusão, tenacidade, alongamento, soldabilidade e forjabilidade
  • 46. Fundamentos da Mecânica - Materiais Silício Si Elasticidade, resistência a tração, profundidade de têmpera, dureza a quente, resistência a corrosão, separação da grafite no ferro fundido 46 SENAI - 2009 Soldabilidade Fósforo P Fluidez, fragilidade a frio, resistência a quente Alongamento, resistência a choque Enxofre S Quebra de cavaco, viscosidade Resistência a choque Manganês Mn Profundidade de têmpera, resistência a tração, resistência a choque, resistência a desgaste Facilidade de ser transformado (laminado, trefilado); separação da grafite no ferro fundido Níquel Ni Tenacidade, resistência a tração, resistência a corrosão, resistência elétrica, resistência a quente, profundidade de têmpera Dilatação térmica Cromo Cr Dureza, resistência a tração, resistência a quente, temperatura de têmpera, resistência a frio, resistência a desgaste, resistência a corrosão Alongamento (em grau reduzido) Vanádio V Resistência a fadiga, dureza, tenacidade, resistência a quente Sensibilidade ao aparecimento de trincas por aquecimentos sucessivos Molibdênio Mo Dureza, resistência a quente, resistência a fadiga Alongamento, forjabilidade Cobalto Co Dureza, capacidade de corte, resistência a quente Tenacidade, sensibilidade ao aparecimento de trincas por aquecimentos sucessivos Metais Tungstênio W Dureza, resistência a tração, resistência a corrosão, temperatura de têmpera, resistência a quente, resistência a desgaste Alongamento (em grau reduzido) Classificação dos aços Podemos classificar os aços segundo a sua aplicação em: • Aços de construção em geral • Aços para tornos automáticos • Aços para cementação • Aços para beneficiamento • Aços para nitretação • Aços inoxidáveis • Aços para ferramentas - para trabalho a frio - para trabalho a quente - aços rápidos Aços de construção em geral Os aços de construção em geral são aços básicos não-ligados que são selecionados pela sua resistência a tração e pelo seu limite de elasticidade, ou são aços não-ligados de qualidade que
  • 47. Fundamentos da Mecânica - Materiais devem satisfazer a exigências tais como forjabilidade e soldabilidade. Nesse último caso, são controlados os teores de carbono, fósforo e enxofre. As aplicações comuns desses aços são em construção de edifícios, pontes, depósitos, automóveis e máquinas. SENAI - 2009 47 Norma DIN Aços para torno automático São aços de qualidade não-ligados ou de baixa liga utilizados na fabricação de peças em tornos automáticos e devem desprender cavacos quebradiços e curtos. Esta propriedade (cavaco curto) obtém-se mediante um teor conveniente de enxofre. Os aços para tornos automáticos contêm: 0,07 a 0,65% de carbono, 0,18 a 0,4% de enxofre, 0,6 a 1,5% de manganês, 0,05 a 0,4% de silício e, quando se pede uma melhor fragilidade do cavaco e superfícies lisas, o aço deve conter, além dos elementos já citados, 0,15 a 0,3% de chumbo. Exemplos: 10 S 20 11 S Mn 28 11 S Mn Pb 28
  • 48. Fundamentos da Mecânica - Materiais 35 S 20 Aços para cementação São aços com baixo teor de carbono (0,1 a 0,2%) que, por meio de um tratamento termoquímico, sofrem uma elevação de seu teor de carbono na superfície da peça a fim de aumentar a dureza superficial conservando o núcleo tenaz para resistir a choques. Trata-se de aços de qualidade não-ligados, aços finos ou aços finos ligados. Na superfície da peça endurecida por cementação alcança-se uma dureza de 59 HRC. Exemplos: C 10 CK 10 16 Mn Cr 5 17 Cr Ni Mo 6 Aços para beneficiamento São aços que, por meio de um tratamento térmico de beneficiamento (têmpera mais revenimento), consegue-se um aumento de resistência, dureza e tenacidade. Os aços para beneficiamento não-ligados possuem um teor de carbono acima de 0,3% e só se pode beneficiar uma camada delgada. Quando se deseja beneficiar uma camada mais espessa, empregam-se aços para beneficiamento ligados. As aplicações comuns desses aços são em: eixos, parafusos, engrenagens, molas. Exemplos: C 30 CK 60 42 Cr Mo 4 Aços para nitretação São aços que, pela introdução de nitrogênio por meio de tratamento termoquímico, aumenta-se a dureza superficial das peças (até 67 HRC). Esses aços contêm cromo, molibdênio e alumínio que favorecem a absorção do nitrogênio. As aplicações comuns desses aços são em: engrenagens, matrizes de trabalho a quente. Exemplos: 31 Cr Mo 12 48 SENAI - 2009
  • 49. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 49 34 Cr Al Ni 7 Aços inoxidáveis São aços que possuem um teor mínimo de 12% de cromo e se caracterizam pela sua grande estabilidade frente a substâncias agressivas (água, ar, gases, ácidos e bases). As aplicações comuns desses aços são na indústria química e na de alimentos e em aparelhos cirúrgicos, talheres, etc. Exemplos: X 3 Cr Ni 18 10 X 10 Cr Ni Mo Ti 18 12 X 5 Cr Ni 18 9 Aços para ferramentas São os que se empregam para trabalhar outros materiais com ou sem a remoção de cavacos. São subdivididos em: • Aços para trabalho a frio • Aços para trabalho a quente • Aços rápidos Aços para trabalho a frio Destinam-se à fabricação de ferramentas utilizadas no processamento a frio de aço, ferro fundido e metais não-ferrosos. As principais propriedades destes aços são: • Alta resistência a abrasão • Elevada resistência de corte • Alta tenacidade • Alta resistência a choque • Grande estabilidade dimensional As aplicações comuns desses aços são em facas e punções de corte, estampos de dobramento, estampagem, cunhagem, matrizes, trefilação, etc. Exemplos: X 210 Cr 12 X 210 Cr W 12 X 155 Cr V Mo 12 1 Aços para trabalho a quente
  • 50. Fundamentos da Mecânica - Materiais São aços que se destinam à fabricação de ferramentas utilizadas no processamento a quente de materiais. Suas principais características são alta resistência a revenimento, elevada resistência mecânica a quente, boa tenacidade, grande resistência a abrasão em temperaturas elevadas, boa condutividade térmica, elevada resistência a fadiga e boa resistência à formação de trincas provocadas por aquecimento e resfriamentos sucessivos. As aplicações comuns desses aços são em matrizes de forjamento, matrizes para fundição de latão ou alumínio sob pressão, matrizes para extrusão a quente, etc. Exemplos: X 37 Cr Mo W 5 1 X 40 Cr Mo V 5 1 50 Ni Cr 13 Aços rápidos São aços onde os elementos de liga formam carbonetos complexos que são duros e resistentes ao desgaste e a altas temperaturas. Norma DIN A seqüência dos componentes é sempre a mesma: W – Mo – V – Co Exemplo: S - 6 - 5 - 2 - 5 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ aço rápido 6% W 5% Mo 2% V 5% Co São assim designados pela sua capacidade de usinar metais com velocidade de corte maiores do que as possíveis com aços ferramenta ao carbono. As aplicações comuns desses aços são em: bits, fresas, brocas especiais, machos, brochas. Normas ABNT – SAE – AISI A ABNT se baseou nos sistemas americanos SAE e AISI, resultando a norma NBR 6006. 50 SENAI - 2009
  • 51. Fundamentos da Mecânica - Materiais Aço é a liga composta de ferro (Fe) e carbono (C). Contém, ainda, pequenas porcentagens de manganês (Mn), silício (Si), enxofre (S) e fósforo (P), que são considerados elementos residuais do processo de obtenção. O elemento que exerce maior influência é o carbono e o seu teor nos aços ao carbono varia de 0,008 a 2% C aproximadamente. O aço é representado por um número como nos exemplos abaixo. SENAI - 2009 51 Exemplos: Os aços mais usados industrialmente possuem teores de carbono que variam entre 0,1 a 0,95%C, ou seja, aço 1010 a 1095. Acima de 0,95%C são considerados como aços ao carbono especiais. Para fins de aplicações industriais e de tratamentos térmicos, os aços ao carbono classificam-se em: • Aços de baixo teor de carbono 1010 a 1035 • Aços de médio teor de carbono 1040 a 1065 • Aços de alto teor de carbono 1070 a 1095 A tabela seguinte apresenta aços ao carbono para construção mecânica.
  • 52. Fundamentos da Mecânica - Materiais Classificação ABNT dos aços ao carbono Designação Carbono % Manganês % 1006 A 0,08 max 0,25 – 0,40 1008 A 0,10max 0,25 – 0,50 1010 A 0,08 – 0,13 0,30 – 0,60 1015 A 0,13 – 0,18 0,30 – 0,60 1020 A 0,18 – 0,23 0,30 – 0,60 1025 A 0,22 – 0,28 0,30 – 0,60 1026 A 0,22 – 0,28 0,60 – 0,90 1030 A 0,28 – 0,34 0,60 – 0,90 1035 A 0,32 – 0,38 0,60 – 0,90 1038 A 0,35 – 0,42 0,60 – 0,90 1040 A 0,37 – 0,44 0,60 – 0,90 1041 A 0,36 – 0,44 1,35 – 1,65 1043 A 0,40 – 0,47 0,70 – 1,00 1045 A 0,43 – 0,50 0,60 – 0,90 1050 A 0,47 – 0,55 0,70 – 1,00 1060 A 0,55 – 0,66 0,60 – 0,90 1070 A 0,65 – 0,76 0,60 – 0,90 1080 A 0,75 – 0,88 0,60 – 0,90 1090 A 0,85 – 0,98 0,60 – 0,90 1095 A 0,90 – 1,03 0,30 – 0,50 52 SENAI - 2009
  • 53. Fundamentos da Mecânica - Materiais A tabela seguinte apresenta a classificação dos aços-liga, segundo ABNT. Classificação ABNT dos aços-liga Designação C % Mn % Si % Cr % Ni % Mo % 1340 4130 4135 4140 4320 4340 5115 5120 5130 5135 5140 5160 E52100 6150 8615 8620 8630 8640 8645 8650 8660 E9315 SENAI - 2009 53 0,38 – 0,43 0,28 – 0,33 0,33 – 0,38 0,38 – 0,43 0,17 – 0,22 0,38 – 0,43 0,13 – 0,18 0,17 – 0,22 0,28 – 0,33 0,33 – 0,38 0,38 – 0,43 0,55 – 0,65 0,95 – 1,00 0,48 – 0,53 0,13 – 0,18 0,18 – 0,23 0,28 – 0,33 0,38 – 0,43 0,43 – 0,48 0,40 – 0,53 0,55 – 0,65 0,13 – 0,18 1,60 – 1,90 0,40 – 0,60 0,70 – 0,90 0,75 – 1,00 0,45 – 0,65 0,60 – 0,80 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 0,60 – 0,80 0,70 – 0,90 0,75 – 1,00 0,25 – 0,45 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 0,75 – 1,00 0,75 – 1,00 0,75 – 1,00 0,75 – 1,00 0,45 – 0,65 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,20 – 0,35 0,80 – 1,10 0,80 – 1,10 0,80 – 1,10 0,40 – 0,60 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 0,80 – 1,10 0,80 – 1,05 0,70 – 0,90 0,70 – 0,90 1,30 – 1,60 0,80 – 1,10 0,40 – 0,60 0,40 – 0,60 0,40 – 0,60 0,40 – 0,60 0,40 – 0,60 0,40 – 0,60 0,40 – 0,60 1,00 – 1,40 - - - 1,65 – 2,00 1,65 – 2,00 - - - - - - - - 0,40 – 0,70 0,40 – 0,70 0,40 – 0,70 0,40 – 0,70 0,40 – 0,70 0,40 – 0,70 0,40 – 0,70 3,00 – 3,50 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,20 – 0,30 0,20 – 0,30 - - - - - - - 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,08 – 0,15 O tipo 6150 tem 0,15% de vanádio
  • 54. Fundamentos da Mecânica - Materiais A tabela seguinte apresenta as classes de aços com suas respectivas composições segundo normas SAE – AISI – ABNT Sistema SAE e AISI de classificação dos aços Designação SAE AISI 54 SENAI - 2009 Tipo de aço 10XX 11XX 13XX 23XX 25XX 31XX 33XX 303XX 40XX 41XX 43XX 46XX 47XX 48XX 50XX 51XX 501XX 511XX 521XX 514XX 515XX 61XX 86XX 87XX 92XX 93XX 98XX 950 XXBXX XXLXX C 10XX C 11XX 13XX 23XX 25XX 31XX E 33XX - 40XX 41XX 43XX 46XX 47XX 48XX 50XX 51XX - E511XX E521XX - - 61XX 86XX 87XX 92XX 93XX 98XX - XXBXX CXXLXX Aços-carbono comuns Aços de usinagem (ou corte) fácil, com alto S Aços-manganês com 1,75% de Mn Aços-níquel com 3,5% de Ni Aços-níquel com 5,0% de Ni Aços-níquel-cromo com 1,25% de Ni e 0,65% de Cr Aços-níquel-cromo com 3,50% de Ni e 1,57% de Cr Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Ni-Cr Aços-molibdênio com 0,25% de Mo Aços-cromo-molibdênio com 0,50% ou 0,95% de Cr e 0,12%, 0,20% ou 0,25% de Mo Aços-níquel-cromo-molibdênio, com 1,82% de Ni, 0,50% ou 0,80% de Cr e 0,25% de Mo Aços-níquel-molibdênio com 1,57% ou 1,82% de Ni e 0,20 ou 0,25 de Mo Aços-níquel-cromo-molibdênio com 1,05% de Ni, 0,45% de Cr e 0,20% de Mo Aços-níquel-molibdênio com 3,50% de Ni e 0,25% de Mo Aços-cromo com 0,27%, 0,40% ou 0,50% de Cr Aços-cromo com 0,80% a 1,05% de Cr Aços de baixo cromo para rolamentos, com 0,50% de Cr Aços de médio cromo para rolamentos, com 1,02% de Cr Aços de alto cromo para rolamentos, com 1,45% de Cr Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr Aços-cromo-vanádio com 0,80% ou 0,95% de Cr e 0,10% ou 0,15% de V (min.) Aços-níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50% ou 0,65% de Cr e 0,20% de Mo Aços-níquel-cromo-molibdênio com 0,55% de Ni, 0,50% de Cr e 0,25% de Mo Aços-silício-manganês com 0,65%, 0,82%, 0,85% ou 0,87% de Mn, 1,40 ou 2,00% de Si e 0%, 0,17%, 0,32% ou 0,65% de Cr Aços-níquel-cromo-molibdênio com 3,25% de Ni, 1,20% de Cr e 0,12% de Mo Aços-níquel-cromo-molibdênio com 1,00% de Ni, 0,80% de Cr e 0,25% de Mo Aços de baixo teor em liga e alta resistência Aços-boro com 0,0005% de B min. Aços-chumbo com 0,15% - 0,35% de Pb Exemplo de utilização da tabela
  • 55. Fundamentos da Mecânica - Materiais Observações: Letras adicionais na nomenclatura do aço têm os seguintes significados: B... Aço obtido pelo processo Bessemer. C... Aço obtido em forno Siemens-Martin. E... Aço obtido em forno elétrico. X... Análise fora da norma. TS... Norma estabelecida para prova. ..B.. Aço contendo, no mínimo, 0,0005% boro. LC.. Aço com baixo teor de carbono C máx de 0,03%C. F... Aço de cavaco curto para tornos automáticos. ..L.. Indica presença de chumbo (0,15% a 0,35% Pb). SENAI - 2009 55 Exemplos: B 1 1 1 3 C 1 1 4 5 E 3 3 1 0 46 B 12 12 L 14 Normalização dos aços conforme norma DIN 17006 A norma DIN 17006 divide os aços em três tipos: • Aço sem ligas • Aço com baixa liga (elementos de ligas 5%) • Aço com alta liga (elementos de ligas 5%) Designação e normalização dos aços sem ligas Aços de baixa qualidade – são tipos de aços de baixa pureza, sem ligas e que não podem ser tratados termicamente. São designados através das letras St (aço) e da resistência mínima a ruptura. Aços ao carbono – têm melhor pureza, podem ser tratados termicamente. São designados através da letra C (carbono) e da porcentagem do carbono. Para caracterizar a diferença dos aços finos não-ligados, além da letra C colocam-se letras com os seguintes significados: K -Aço fino com teor de enxofre mais fósforo menor do que 0,01% f -Aço para têmpera a chama e por indução q -Aço para cementação e beneficiamento, adequado para deformação a frio.
  • 56. Fundamentos da Mecânica - Materiais Normalização Aços de baixa qualidade Exercício: Aços ao carbono Exercício: 56 SENAI - 2009
  • 57. Fundamentos da Mecânica - Materiais Designação e normalização dos aços com baixa liga São aços que possuem no máximo até 5% de teor de ligas. Para designar o teor dos elementos de liga, os números na norma devem ser divididos pelos fatores correspondentes ao elemento químico. Os fatores são apresentados na tabela a seguir. SENAI - 2009 57 Fatores para elementos de liga Fator 4 Fator 10 Fator 100 Cobalto Co Cr Mn Ni Si Tungstênio W Alumínio Al Mo Ti Vanádio V Carbono C P S N A norma se compõe dos seguintes elementos: • Não se coloca a letra C para o carbono. • As outras letras definem os elementos de liga. • Os números divididos pelos fatores definem o teor dos elementos e são colocados na mesma seqüência, como as letras. Aços com baixa liga Exercício: 16 Mn Cr 5 17 Cr Ni Mo 6
  • 58. Fundamentos da Mecânica - Materiais Designação e normalização dos aços com alta liga São aços com um teor de liga acima de 5%. Para designá-los, coloca-se um X em frente do teor de carbono. Todos os elementos, exceto o carbono, têm o fator 1, ou seja, os números apresentam o valor de teor real. Aços rápidos para ferramentas são designados da seguinte forma: S 6 – 5 – 2 – 5 Coloca-se S (aço rápido) no início e os teores das ligas. O teor de carbono só pode ser determinado através da especificação do produtor. Aços com alta liga 58 SENAI - 2009
  • 59. Fundamentos da Mecânica - Materiais Designação completa segundo a norma DIN SENAI - 2009 59 A normalização compõe-se de três partes: Obtenção Composição Tratamento Exemplo: E C35 V70 Forno elétrico Aço de carbono de 0,35% de C Beneficiado até uma resistência de 700N/mm2
  • 60. Fundamentos da Mecânica - Materiais Significado das letras (continua) Da obtenção Da composição Do tratamento A – resistente ao envelhecimento Ag – prata Al – alumínio As – arsênico 60 SENAI - 2009 A – recozido B – forno Bessemer B – boro Be – berílio Bi – bismuto B – não se pode melhorar as características mecânicas por trabalho a frio C C – carbono Ce – cério Co – cobalto Cr – cromo Cu – cobre E – forno elétrico EB – forno elétrico básico E E – endurecido por cementação F – forno de reverbero Fe – ferro F – temperado com chama ou por indução F – resistência a tração em kp/mm2 G – fundido GG – ferro fundido com grafite em lâminas GGG – ferro fundido com grafite em bolas (nodular) GH – ferro fundido duro GS – aço fundido GTW – fundido maleável branco GTS – fundido maleável preto GTP – fundido maleável perlítico GGK – fundido em coquilha GSZ – aço fundido centrifugado G G – recozido g – liso H – fundido semi-acalmado H – chapas sem liga para caldeiras H – temperado HF – temperado por chama HJ – temperado por indução J – forno elétrico de indução J J K K – baixo teor de fósforo e enxofre K – deformado a frio
  • 61. Fundamentos da Mecânica - Materiais Da obtenção Da composição Do tratamento SENAI - 2009 61 L – metal para solda ou resistente a formação de trincas em solução alcalina LE – forno elétrico de arco Li – lítio L M – forno Siemens-Martin MB – forno Siemens-Martin básico MY – forno Siemens-Martin ácido Mg – magnésio Mn – manganês Mo - molibdênio m – superfície fosca N N – nitrogênio Nb – nióbio Ni – níquel N – normalizado NT – nitretato P – soldável por pressão P – fósforo Pb – chumbo P Q – deformado a frio q – indicada para deformação a frio Q R – acalmado RR – especialmente acalmado R r – superfície áspera S – soldável por fusão S – enxofre Sb – antimônio Si – silício Sn – estanho St – aço sem dados químicos S – recozido SH – descascado T – forno Thomas Ta – tântalo Ti – titânio T U – fundido sem acalmar U U – superfície laminada ou forjada V V – vanádio V – beneficiada W – aço afinado com ar W – tungstênio W – aço para ferramentas sem liga X X – em aços de alta liga multiplicar por 1 X Y – aço soprado com oxigênio forno LD Y Y Z – trefilado em barras Zn – zinco Zr - zircônio Z
  • 62. Fundamentos da Mecânica - Materiais A figura seguinte ilustra os principais meios de obter ferro fundido e aço. 62 SENAI - 2009
  • 63. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 63 Questionário-Resumo 1. Qual a definição de aço? 2. Qual a classe, porcentagem de elementos de liga do aço ABNT 1045? 3. Quais os efeitos conseguidos com os aços-liga ou especiais? 4. Qual a identificação numérica dos aços ao molibdênio? 5. Qual a classe, porcentagem de elementos de liga e porcentagem de carbono do aço AISI – 2515? 6. Quais os elementos de liga e suas respectivas porcentagens do aço ABNT 8615? 7. Qual o tipo de aço segundo as normas SAE521XX e AISI E521XX?
  • 64. Fundamentos da Mecânica - Materiais 8. O que especifica a norma DIN 17006? 9. Qual o teor dos elementos de liga dos aços 17CrNiMo6, X5CrNiMo1813 e S12-1-4-5? 10. Na designação GTS70, qual o material e de quanto é sua resistência a ruptura? 11. Qual a forma de obtenção, composição e tratamento posterior do aço GS17CrMoV 5 11 N segundo a norma DIN 17006? 64 SENAI - 2009
  • 65. Fundamentos da Mecânica - Materiais Comportamento das ligas em função da temperatura e composição Objetivos Ao final desta unidade, o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Tipos das ligas metálicas com cristais mistos, mistura de cristais e combinações SENAI - 2009 65 intercristalinas. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Curvas características da liquefação e solidificação de metais puros; • Pontos críticos de transformação (sólido, líquido , ponto de parada); • Curvas características de liquefação e solidificação de ligas típicas em função da composição no diagrama Cu-Ni e Sn-Pb; • Influência dos elementos de liga no tempo de transformação. Ser capaz de Aplicar conhecimentos para: • Interpretar diagramas para ligas com dois componentes; • Transferir conhecimentos na interpretação do diagrama ferro-carbono.
  • 66. Fundamentos da Mecânica - Materiais Introdução à liquefação e solidificação dos metais Toda matéria possui três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Fundamentalmente o que diferencia um estado do outro é o grau de agregação dos átomos. O sólido é um estado no qual os átomos estão fortemente ligados, já no estado líquido essa ligação não é tão forte e, no estado gasoso, essa ligação não existe. A mudança de estados da matéria ocorre com ganho ou perda de energia (calor). Para o estudo dos metais, o estado gasoso é pouco importante, portanto, trataremos apenas das fases sólida e líquida. Ao fornecermos calor a um material sólido, sua fusão ocorre em duas fases bem distintas: • Ao receber energia, os átomos aumentam sua vibração. Isso se traduz fisicamente em um aumento de temperatura do corpo, até o ponto de sua temperatura de fusão. Nesta altura os átomos ainda estão fortemente ligados. • Uma vez atingido o ponto de fusão, inicia-se o enfraquecimento das ligações entre os átomos. Isso ocorre através do calor fornecido ao material. O calor não mais servirá para aumentar as vibrações dos átomos, mas sim para enfraquecer as suas ligações, não haverá aumento em sua temperatura até que todas as ligações sejam enfraquecidas, tornando-se líquido o material. Ao calor necessário para aumentar o estado de vibração dos átomos (aumentar a temperatura) chamamos de calor sensível. 66 SENAI - 2009
  • 67. Fundamentos da Mecânica - Materiais Já o calor necessário para enfraquecer (ou destruir completamente, no caso de vaporização) as ligações atômicas é chamado calor latente. Vamos usar o zinco para exemplificar esse processo. No diagrama seguinte, coloca-se na coordenada vertical a temperatura (em 0C) e na coordenada horizontal, o tempo (em segundos). SENAI - 2009 67 Liquefação e solidificação do Zn No aquecimento contínuo, a temperatura aumenta em função do tempo. Quando chegar ao ponto de sólido (4190C), o metal começa a se liquefazer. Apesar da mesma quantidade de calor recebida, a temperatura permanece constante, isso porque todo o calor é gasto pela mudança do estado de agregação. Esta zona horizontal é chamada ponto de parada. A temperatura voltará a aumentar somente quando todo o metal estiver liquefeito. Embaixo do ponto sólido, o estado de agregação é sólido, acima do ponto de líquido, passa a ser líquido. Na zona dos pontos de parada, o estado de agregação é líquido ou sólido. No processo de resfriamento a seqüência ocorre na ordem inversa.
  • 68. Fundamentos da Mecânica - Materiais Ligas metálicas Antes de falarmos sobre ligas metálicas, é importante definir o que vem a ser uma solução sólida. Dá-se o nome de solução a uma mistura na qual não se consegue distinguir os seus diversos componentes. Cada um dos componentes possíveis de serem distinguidos será chamado fase. Uma solução que se encontra em estado sólido é chamada solução sólida. Esquema de estrutura bifásica. Uma fase é ferro puro (ferrita) e a outra cementita. Exemplo: nos aços temos uma solução sólida de Fe e C. Essa solução é chamada cementita. - Ligas metálicas são misturas, em solução, de dois ou mais metais: Exemplo: Cu – Ni Cu – Zn (latão) Cu – Sn (bronze) Fe – C (aço) Praticamente, todos os metais utilizados na indústria não são puros, mas sim ligas de uma ou mais fases. 68 SENAI - 2009
  • 69. Fundamentos da Mecânica - Materiais Composição de ligas metálicas Os diferentes elementos que compõem uma liga metálica são chamados componentes. Observe os exemplos seguintes. SENAI - 2009 69 Liquefação e solidificação da ligas
  • 70. Fundamentos da Mecânica - Materiais Solução sólida ou cristal misto No processo de solidificação de uma liga de dois metais, que formam cristais mistos, a transformação do estado líquido para o estado sólido não se faz no ponto de parada, mas durante um intervalo de solidificação. No ponto líquido começam a se formar os primeiros cristais mistos. A formação e o crescimento desses cristais continuam até o ponto sólido. Em temperaturas abaixo do ponto sólido, a liga está totalmente no estado sólido. Os componentes de uma liga têm diferentes pontos líquidos e necessitam de diferentes quantidades de calor para a sua solidificação, portanto se variarmos as porcentagens dos elementos de ligas, variarão as temperaturas dos pontos líquidos e dos pontos sólidos. Unindo todas as temperaturas de ponto líquido e todas as temperaturas de ponto sólido, obtemos o diagrama de fases. Desenvolvimento de um diagrama de fases para uma liga Cu – Ni (cristais mistos) 70 SENAI - 2009
  • 71. Fundamentos da Mecânica - Materiais Interpretação do diagrama de fases Exemplo: para uma liga de 20% Ni e 80% Cu. • A linha horizontal mostra a composição (em %). Quando temos 20% Ni, automaticamente SENAI - 2009 71 teremos 80% Cu. • Para cada composição temos uma temperatura inicial e uma final de solidificação. • Para a liga com 80% Cu – 20% Ni, a solidificação inicia-se no ponto B e termina no ponto D, abaixo do qual a liga está totalmente sólida. • Acima do ponto B a liga está totalmente líquida. • Para cada composição, temos então dois pontos que geram duas linhas, dividindo o diagrama em três partes. • Para resfriamento, a linha chamada líquidus indica, para cada composição, a temperatura em que se inicia a solidificação e a sólidus, onde termina. • Cada região do diagrama indica fases. Acima da linha líquidus, fase totalmente líquida, abaixo da linha sólidus – fase totalmente sólida, e, entre as duas, temos o intervalo de solidificação, onde estão presentes duas fases, sólida e líquida. • Seguindo a linha ABCDE (figura anterior), traçada no diagrama, teremos para a liga 80 Cu – 20 Ni o que está descrito na tabela a seguir. Ponto No de fases presentes Tipo da fase Interpretação da liga A 1 líquida totalmente líquido B 1 líquida inicia-se solidificação C 2 líquida e sólida líquido – sólido D 1 sólida final de solidificação E 1 sólida totalmente sólido
  • 72. Fundamentos da Mecânica - Materiais Mistura de cristais No processo de solidificação de uma liga de dois elementos que formam uma mistura de cristais, temos uma concentração definida, onde a curva de resfriamento dessa mistura é igual à curva de resfriamento de um metal puro. Curva de resfriamento do eutético A liga com essa concentração tem o ponto líquido mais baixo que todas as outras concentrações e é chamada de liga eutética. Componentes Temperatura de fusão Temperatura de fusão do eutético Ferro fundido Ferro 96% Carbono 4% 15350C 38400C 72 SENAI - 2009 12000C Solda prata Cobre 55% Prata 45% 10830C 9610C 6200C Alumínio fundido por pressão Alumínio 88% Silício 12% 6600C 14140C 5770C Chumbo duro Chumbo 87% Antimônio 13% 3270C 6300C 2510C Na solidificação de uma liga que tem composição diferente da composição eutética, o elemento que está em maior proporção que a liga eutética começa a se solidificar até que a fase líquida atinja a composição eutética, ocorre então a solidificação da fase eutética em uma única temperatura. Curva de resfriamento de concentração diferente do eutético
  • 73. Fundamentos da Mecânica - Materiais Diagrama de fases de um sistema que forma mistura de cristais Na figura abaixo vemos o diagrama de fases Pb – Sn que forma uma mistura de cristais. A forma de obter este diagrama é análoga à do diagrama de fases de cristais mistos vista na figura “Desenvolvimento de um diagrama de fases para uma liga Cu-Ni (cristais mistos)”. SENAI - 2009 73 Combinações intermetálicas A curva de resfriamento de uma combinação intermetálica corresponde à curva de um metal puro e será estudada no diagrama Fe-C, na unidade 5.
  • 74. Fundamentos da Mecânica - Materiais Questionário – Resumo 1. Comente o diagrama de liquefação e solidificação do Zn, considerando: T(C), t(s), ponto de sólido, ponto de parada, ponto de líquido, curvas (resfriar e aquecer). 2. Explique por que no ponto de parada a temperatura é constante em um intervalo de tempo definido. 3. Descreva um processo de solidificação de uma liga de dois metais que formam cristais mistos. 4. Consulte o diagrama de fases para uma liga Cu – Ni (cristais mistos) e diga em quais porcentagens de Cu – Ni o intervalo de solidificação é maior. 5. O que é uma liga? 6. Explique os tipos de ligas e cite exemplos. 7. Defina o que significa eutético, usando o diagrama de fases para o sistema Sn – Pb. 8. Consulte a tabela de ligas eutéticas e cite os componentes, a temperatura de fusão e a temperatura eutética. 74 SENAI - 2009
  • 75. Fundamentos da Mecânica - Materiais Diagrama ferro-carbono Objetivos Ao final desta unidade, o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Diagrama de resfriamento do ferro puro; • Pontos característicos de temperatura, transformações e estrutura das fases. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Transformações estruturais das ligas ferro-carbono na solidificação; • Diagrama ferro-carbono para aço com as variáveis: carbono, temperatura, linhas e zonas; • Componentes estruturais nas zonas do diagrama ferro-carbono para aço; • Classificação dos aços em função da porcentagem de carbono (eutetóide, hipo e SENAI - 2009 75 hipereutetóide). Ser capaz de • Descrever e interpretar o diagrama ferro-carbono simplificado; • Determinar as zonas e temperaturas de transformação, sistemas estruturais e constituintes para aços com diferentes teores de carbono.
  • 76. Fundamentos da Mecânica - Materiais Liquefação e solidificação do ferro puro Da mesma forma como foram apresentados os metais na unidade anterior, podemos apresentar a curva de solidificação (liquefação) do ferro puro, como mostra o gráfico seguinte. Solidificação do ferro puro Existem quatro pontos de parada: • A 1 5360C o ferro puro se solidifica em rede cúbica de corpo centrado (c.c.c.), chamada ferro d (delta) e assim permanece até 1 3920C. • A 1 3920C o ferro muda de estrutura para a estrutura cúbica de face centrada (c.f.c.) chamada ferro g (gama) ou austenita. • Abaixo de 9110C o ferro muda de estrutura novamente para a cúbica de corpo centrado (c.c.c.) chamada ferro a (alfa). • Abaixo de 7690C o ferro é magnético. Isso ocorre devido a um rearranjo dos elétrons de cada átomo. 76 SENAI - 2009
  • 77. Fundamentos da Mecânica - Materiais A distância entre os átomos na estrutura c.f.c. é maior do que na estrutura de c.c.c., portanto nesse estado é mais fácil aceitar átomos estranhos, como por exemplo, átomos de carbono. A esse fenômeno damos o nome de solubilidade no estado sólido. O ferro puro raramente é usado, o mais comum é estar ligado com o carbono. Em função da adição de carbono no ferro puro, as temperaturas de transformação irão se alterar conforme veremos a seguir. SENAI - 2009 77 Diagrama ferro-carbono O diagrama ferro-carbono pode ser dividido em três partes: - de 0 a 0,05%C – ferro puro - de 0,05 a 2,06%C – aço - de 2,06 a 6,7%C – ferro fundido Construção do diagrama ferro-carbono O diagrama ferro-carbono é fundamental para facilitar a compreensão sobre o que ocorre na têmpera, no recozimento e nos demais tratamentos térmicos. Para melhor entendermos o diagrama completo, que será visto no fim da unidade, façamos uma série de experiências com seis corpos de provas conforme tabela seguinte. Corpo de prova Teor de carbono (%) 1 0,2 2 0,4 3 0,6 4 0,86 5 1,2 6 1,4 Aquecemos os corpos de prova com aplicação constante de calor e medimos em intervalos regulares (cada cinco minutos) a temperatura dos corpos de prova. Já sabemos que a característica da curva é semelhante à das outras ligas. No corpo de prova no 1 com 0,2% de C, observamos que há uma variação na velocidade da elevação da temperatura a 7230C (Ac1) e a 8600C (Ac3) – que chamamos de ponto de parada.
  • 78. Fundamentos da Mecânica - Materiais Determinando as temperaturas Ac1 e Ac3 ou Accm dos outros corpos de prova, conforme figuras abaixo, poderemos construir parte do diagrama ferro-carbono simplificado, unindo todas as temperaturas Ac1 e todas as temperaturas Ac3, conforme veremos no exercício a seguir. Exercício 1. Com base na tabela abaixo, construa o diagrama Fe – C simplificado (figura abaixo): • Coloque no gráfico todos os pontos de parada. • Trace uma linha ligando todos os pontos Ac1. • Trace outra linha ligando todos os pontos Ac3 e Accm. Observação O diagrama Fe – C completo pode ser visto na figura “Diagrama ferro-carbono completo”. 78 SENAI - 2009
  • 79. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 79 Pontos de parada dos corpos de prova Temperatura Corpo de prova Ac1 0C Ac3 ou Accm 0C 1 723 AC3 = 860 2 723 AC3 = 820 3 723 AC3 = 775 4 723 .......... 5 723 ACcm = 890 6 723 ACcm = 990 Diagrama ferro-carbono (simplificado) Estrutura do aço no resfriamento lento O diagrama de fases encontrado na figura anterior corresponde ao diagrama de uma mistura de cristais como já foi visto na unidade Comportamento das ligas em função da temperatura e composição (diagrama de fases Pb – Sn) com a diferença que para o sistema Pb – Sn a transformação era líquido-sólido e neste diagrama (Fe – C) ocorre uma transformação de estrutura dentro do estado sólido. A presença do carbono faz com que o ferro mude de estrutura cúbica de face centrada (austenita) para cúbica de corpo centrado (ferrita) a uma temperatura diferente de 9110C.
  • 80. Fundamentos da Mecânica - Materiais Essa temperatura varia em função do teor de carbono no ferro e é representada no gráfico abaixo pela linha G – S – E . Acima da linha G – S – E há uma solução com uma única fase: o ferro g + C = austenita. Estrutura austenítica Abaixo da linha G – S – E o ferro começa a mudar de estrutura, de cúbica de face centrada (ferro g) para cúbica de corpo centrado (ferro a). Como o ferro a não consegue dissolver todo o carbono, forma-se uma segunda fase que é a cementita (Fe3C) que contém 6,67% de C. 80 SENAI - 2009
  • 81. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 81 Estrutura da cementita Fe3C Abaixo da linha P – K, vamos ter uma solução sólida com duas fases – ferro a + cementita. Agora vamos estudar novamente os corpos de prova. Começamos com o corpo de prova nº 4 com 0,86% de carbono. Aço eutetóide – 0,86% de C Aço eutetóide Este aço quando está acima de 7230C tem uma estrutura cúbica de face centrada (austenita) e todo o carbono está dissolvido nela. Abaixo de 7230C o ferro muda de estrutura para cúbica de corpo centrado (ferrita). A ferrita não consegue dissolver o carbono e por isso forma-se uma estrutura mista constituída de lâminas de ferrita (ferro puro) e lâminas de cementita (Fe3C). A essa estrutura dá-se o nome de perlita. Micrografia de um aço eutetóide mostrando a estrutura de perlita.
  • 82. Fundamentos da Mecânica - Materiais O aço com 0,86% de carbono tem uma única temperatura de transformação e por isso ele é chamado também de aço eutetóide. A figura anterior mostra um aço eutetóide visto ao microscópio, observa-se que 100% da estrutura é perlita. Vamos agora estudar o corpo de prova no 3 com 0,6% de carbono. Aço hipoeutetóide O diagrama da figura abaixo indica que acima da linha G – S o aço apresenta-se com a estrutura do ferro g ou austenita. Abaixo da linha G – S, tem início a transformação do ferro g (austenita) em ferro a (ferrita). Como a ferrita não contém carbono, a austenita que ainda não se transformou, vai se enriquecendo de carbono. Quando o aço atinge a temperatura de 7230C (linha P – S) a austenita que ainda não se transformou, transforma-se em perlita. Na figura abaixo observamos a estrutura de um aço hipoeutetóide (carbono entre 0,05% até 0,86%), constituído de ferrita (parte clara) e perlita (partes com lamelas). Micrografia de um aço hipoeutetóide com estrutura de ferrita e perlita. 82 SENAI - 2009
  • 83. Fundamentos da Mecânica - Materiais Agora vamos estudar o corpo de prova no 5 com 1,2% de carbono. Aço hipereutetóide Os aços com teor de carbono acima de 0,86% até 2,06% são denominados aços hipereutetóides. O diagrama da figura ao lado indica que acima da linha S – E o aço apresenta-se com a estrutura de ferro g (austenita). Abaixo da linha S – E, a austenita já não consegue dissolver todo o carbono e por isso começa a se formar cementita (Fe3C) que contém 6,7% de carbono. Essa cementita vai se localizar nos contornos dos grãos de austenita. A austenita por sua vez vai se empobrecendo de carbono. Ao atingir 7230C no resfriamento, tem-se cementita (Fe3C) e austenita com 0,86%C. Ao abaixar mais a temperatura, essa austenita se transforma em perlita (lamelas de ferrita + cementita). Na figura seguinte vemos um aço hipereutetóide onde observamos a perlita e a cementita (parte clara) nos contornos dos grãos. Micrografia de um aço hipereutetóide com estrutura de perlita e cementita. SENAI - 2009 83
  • 84. Fundamentos da Mecânica - Materiais O diagrama de equilíbrio ferro-carbono Na figura seguinte apresentamos o diagrama de equilíbrio Fe – C completo. Diagrama ferro-carbono completo 84 SENAI - 2009
  • 85. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 85 Exercícios 1. A figura seguinte mostra as várias regiões do diagrama Fe – C pelas quais passa um aço com 0,4%C ao ser resfriado. Complete o quadro abaixo informando: • Qual o estado físico? • Quais as fases presentes? • Comente qual é a estrutura do ferro e como se encontra o carbono. Ponto Temperatura aproximada Estado físico Fases presentes Comentários A 1 5000C líquido líquida Todo o C dissolvido B 15000C C 14500C D 14300C E 10000C F 8000C G 7600C H 7230C (T. crítica) I 7230C
  • 86. Fundamentos da Mecânica - Materiais 2. A figura seguinte mostra as várias regiões do diagrama Fe – C pelas quais passa um aço 0,9%C ao ser resfriado. Complete o quadro abaixo informando: • Qual o estado físico? • Quais as fases presentes? • Comente qual a estrutura do ferro e como se encontra o carbono. Ponto Temperatura aproximada Estado físico Fases presentes Comentários A 1 6000C líquido líquida Todo o C dissolvido no Fe B 1 4800C C 1 4500C D 1 3500C E 1 0000C F 7800C G 7500C H 7230C I 7230C 86 SENAI - 2009
  • 87. Fundamentos da Mecânica - Materiais Considerações gerais • Tudo o que foi dito com relação ao resfriamento vale também para o aquecimento. • A condição para que essas transformações de estrutura ocorram é a baixa velocidade de SENAI - 2009 87 resfriamento. • Se resfriarmos um aço rapidamente, outras estruturas diferentes das descritas no diagrama Fe – C se formarão. Esse é o princípio dos Tratamentos térmicos, que veremos na próxima unidade. Resumo Ferrita • Ferro na forma cúbica de corpo centrado. • carbono é insolúvel na ferrita. • É mole e dúctil. Cementita • Carbeto de ferro – a composição da cementita corresponde à fórmula Fe3C. Isso corresponde a um teor de carbono de 6,67%. • É muito dura. Perlita • É uma combinação de ferrita e cementita. • Possui um teor médio de carbono de 0,86%. Austenita • Ferro na forma cúbica de face centrada. • Consegue dissolver até 2% de carbono.
  • 88. Fundamentos da Mecânica - Materiais Questionário – Resumo 1. Qual é a nomenclatura dos aços em função do teor de carbono? 2. Descreva e comente a composição da ferrita e da perlita. 3. Qual a composição estrutural de um aço com 0,45% de carbono, esfriado lentamente até a temperatura ambiente? 4. Qual a composição de um aço com 1,2% de carbono, esfriado lentamente até a temperatura ambiente? 5. Faça um comentário a respeito de estrutura austenítica. 6. Descreva as estruturas cristalinas do ferro puro, designado a temperatura de transformação. 7. Descreva as transformações da estrutura do aço no aquecimento em função do carbono. 8. Denomine a estrutura dos aços abaixo em função da temperatura. Consulte o diagrama ferro-carbono. 0,3%C - a 8100C 0,86%C - a 7230C 1,4%C - a 5600C 1,7%C – a 9000C 88 SENAI - 2009
  • 89. Fundamentos da Mecânica - Materiais Tratamentos térmicos dos aços Objetivos Ao final desta unidade, o participante deverá: Conhecer Estar informado sobre: • Diferentes tipos de tratamentos térmicos e termoquímicos; • Leitura da curva; • Mecanismo da difusão; • Tratamentos térmicos dos aços ligados. Saber Reproduzir conhecimentos sobre: • Transformação da estrutura e estrutura resultante após a têmpera; • Fatores que influenciam nos tratamentos térmicos; • Temperaturas aplicadas nos diferentes processos de tratamento térmico; • Aplicação dos processos em função do teor de carbono do aço; • Efeitos dos processos do material. Ser capaz de Aplicar conhecimentos para: • Indicar e selecionar o processo de tratamento térmico adequado para a produção; • Interpretar tabelas e diagramas. SENAI - 2009 89
  • 90. Fundamentos da Mecânica - Materiais Introdução Os tratamentos térmicos consistem de aquecimento, tempo de permanência a determinada temperatura e resfriamento. A estrutura de aço estudada na unidade anterior, no diagrama Fe – C só é obtida se o resfriamento for bem lento. Se o resfriamento for mais rápido, obtêm-se outras estruturas que estudaremos nesta unidade. Fatores que influenciam nos tratamentos térmicos Velocidade de aquecimento A velocidade de aquecimento deve ser adequada à composição e ao estado de tensões do aço. Como tendência geral o aquecimento muito lento provoca um crescimento excessivo dos grãos tornando o aço frágil. Entretanto, um aquecimento muito rápido em aços ligados ou em aços com tensões internas (provocadas por fundição, forjamento, etc.) poderá provocar deformações ou trincas. Temperatura de aquecimento 90 SENAI - 2009
  • 91. Fundamentos da Mecânica - Materiais A temperatura de aquecimento deverá ser adequada para que ocorram as modificações estruturais desejadas . Se ela for inferior a essa temperatura, as modificações estruturais não ocorrerão; se for superior, ocorrerá um crescimento dos grãos que tornará o aço frágil. Tempo de permanência na mesma temperatura O tempo de permanência na mesma temperatura deve ser o suficiente para que as peças se aqueçam de modo uniforme em toda a secção, e os átomos de carbono se solubilizem totalmente. Se o tempo de permanência for além do necessário, pode haver indesejável crescimento dos grãos. Resfriamento As estruturas formadas no diagrama de equilíbrio Fe – C só vão se formar se o resfriamento for muito lento. SENAI - 2009 91 Diagrama Fe – C Para a austenita se transformar em ferrita, cementita e perlita não há só a necessidade de o ferro mudar de reticulado cristalino mas também envolve a movimentação dos átomos de carbono, através da austenita sólida, e isso leva algum tempo. A austenita possui um reticulado cúbico de face centrada (c.f.c.) e consegue dissolver o carbono; já na ferrita (cúbico de corpo centrado – c.c.c.) o carbono é praticamente insolúvel.
  • 92. Fundamentos da Mecânica - Materiais Quando resfriamos rapidamente um aço ele se transforma de c.f.c. para c.c.c. e o carbono permanece em solução. Isso cria uma estrutura deformada, supersaturada de carbono que recebe o nome de martensita que é tetragonal e não cúbica. Devido a essas microtensões criadas no reticulado cristalino pelo carbono é que a martensita é dura, resistente e não dúctil. Efeito do teor de carbono sobre a dureza de martensita Nos tratamentos térmicos, variando as velocidades de resfriamento, obtemos diferentes estruturas e com isso obtemos diferentes dureza, resistência a tração, fragilidade, etc. Com o auxílio do diagrama de transformação isotérmica também chamado de curva T.T.T. (tempo, temperatura, transformação), poderemos entender melhor os fenômenos que ocorrem quando o aço é resfriado a diferentes velocidades de resfriamento. Curvas de velocidade de resfriamento 92 SENAI - 2009
  • 93. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 93 A austenita E ferrita P perlita B bainita M martensita D dureza em HRC Curva T.T.T. Curva T.T.T. A figura anterior mostra a curva T.T.T. do aço 43 MnCr6. Se esfriarmos esse aço lentamente, com a velocidade de esfriamento da curva V, obtém-se uma estrutura com 15% de ferrita e 85% de perlita, que terá uma dureza de 22 rockwell C. Se aumentarmos a velocidade de resfriamento, obtém-se uma estrutura mais fina e com maior dureza (curva IV). Se resfriarmos como na curva II, obtém-se a estrutura de bainita que é uma estrutura intermediária entre a martensita e a perlita, isto é, é cementita dispersa em ferrita. Com a velocidade de resfriamento da curva I, obtém-se uma estrutura de 100% de martensita que terá uma dureza máxima para esse aço (61HRC). Essa velocidade é chamada de velocidade crítica.
  • 94. Fundamentos da Mecânica - Materiais Os meios de resfriamento são os responsáveis pelas diferentes velocidades de resfriamento. O quadro seguinte apresenta em ordem decrescente de velocidade alguns meios de resfriamento. Meios de resfriamento Solução aquosa a 10% NaOH Solução aquosa a 10% NaCl Solução aquosa a 10% Na2CO3 Água 00C Água a 180C Água a 250C Óleo Água a 500C Tetracloreto de carbono Água a 750C Água a 1000C Ar líquido Ar Vácuo Os elementos de liga no aço, de uma forma geral, diminuem a velocidade crítica de resfriamento para a formação da martensita. 94 SENAI - 2009 Em linha cheia vê-se o diagrama T.T.T. de um aço 1050 comum. Em linha tracejada pode-se observar a influência da adição de 0,25% molibdênio sobre o mesmo aço. Portanto, o meio de resfriamento deve ser mais brando, como é, por exemplo, o óleo, ou mesmo o ar. Recozimento
  • 95. Fundamentos da Mecânica - Materiais É o tratamento térmico realizado com a finalidade de alcançar um ou vários dos seguintes objetivos: • Remover tensões de trabalhos mecânicos a frio ou a quente; • Reduzir a dureza do aço para melhorar a sua usinabilidade; • Diminuir a resistência a tração; • Aumentar a ductilidade; • Regularizar a textura; • Eliminar efeitos de quaisquer tratamentos térmicos. Recozimento total ou pleno Consiste em aquecer o aço a mais ou menos 500C acima da linha G – S – K e manter esta temperatura o tempo suficiente para que ocorra a solubilização do carbono e dos outros elementos de liga no ferro gama (austenita). Em seguida, deve-se fazer um resfriamento lento. O resfriamento é feito dentro do próprio forno, controlando-se a velocidade de resfriamento. Obtém-se desse recozimento uma estrutura de perlita grosseira que é a estrutura ideal para melhorar a usinabilidade dos aços de baixo e médio teor de carbono (0,2 a 0,6%); para aços com alto teor de carbono é preferível a estrutura de esferoidita que veremos no recozimento de esferoidização. A figura seguinte mostra a curva T.T.T. do aço AISI 5140 com a curva de resfriamento do recozimento. SENAI - 2009 95
  • 96. Fundamentos da Mecânica - Materiais Curva T.T.T. de aço AISI 5140 com 0,43%C, 0,68%Mn e 0,93%Cr. Recozimento de esferoidização O recozimento de esferoidização objetiva transformar a rede de lâminas de cementita em carbonetos mais ou menos esféricos ou esferoiditas. Esse tratamento melhora a usinabilidade e a ductilidade dos aços de alto teor de carbono. Para ocorrer essa transformação, o aço deve ser aquecido a uma temperatura entre 6800C a 7500C, em função do teor de carbono. 96 SENAI - 2009
  • 97. Fundamentos da Mecânica - Materiais SENAI - 2009 97 Processos de recozimento Esta temperatura deve ser mantida o tempo suficiente para homogeneizar a temperatura em toda a peça e o resfriamento deve ser lento, cerca de 100C a 200C por hora. Recozimento subcrítico Consiste em aquecer o aço a uma temperatura entre 550 a 6500C (abaixo da zona crítica – figura a seguir) com a finalidade de promover uma recristalização em peças que foram deformadas a frio (laminação, forjamento) ou para aliviar tensões internas provocadas nos processos de soldagem, corte por chama, solidificação de peças fundidas. Normalização A normalização consiste em aquecer as peças 200C a 300C acima da temperatura de transformação (linha G – S – E) e resfriá-las mais rápido que no recozimento porém mais lento que na têmpera. O mais comum é um resfriamento ao ar.
  • 98. Fundamentos da Mecânica - Materiais Temperatura para normalização O objetivo deste tratamento é obter uma granulação mais fina e uniforme dos cristais, eliminando as tensões internas. A normalização é usada em aço, após a fundição, forjamento ou laminação e no ferro fundido após a fundição. Têmpera dos aços A têmpera é um tratamento térmico que executamos em um aço quando desejamos aumentar sua dureza e resistência mecânica. Conseguimos isso mudando a estrutura do aço (de ferrita + perlita) para uma estrutura martensítica. A operação consiste basicamente em três etapas: • Aquecimento • Manutenção de uma determinada temperatura • Resfriamento Aquecimento O aço deve ser aquecido em torno de 500C acima da zona crítica (linha G – S – K – figura ao lado) para que nos 98 SENAI - 2009