O documento discute os desafios da educação no campo no Brasil, propondo uma abordagem que valorize os saberes locais e as experiências dos trabalhadores rurais. Defende que a escola deve estar vinculada à realidade social e cultural do campo e questionar o modelo atual de desenvolvimento. Também ressalta a importância de incluir temas como sexualidade no currículo e formar professores com entendimento das especificidades dessa área.
1. PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DO/NO CAMPO-UFMT
Enice Lazaretti Miranda¹
Marcia Fabiana de Oliveira²
Schaiane Pasquali Machado³
Solange Zarth
Trabalho Socialmente Necessário
Nova Guarita MT
2015
2. Trabalho Socialmente Necessário
Resumo
“É apresentada uma reflexão um desafio atual de entendimento de reconstrução da educação no
Campo que se baseia numa “nova epistemologia”, ou uma revalorização das epistemologias
esquecidas silenciadas pelo poder hemogênico da chamada “ Civilização ocidental”, ou redescoberta
das culturas locais e pluriversais que sofreram verdadeiros epistemicidios.Na escola em sua maioria,
tradicional, nota-se que a maior ênfase esta voltada para: O ensino, a avaliação, metodologia,
didática, organização, planejamento, eficiência e objetivos que mantém as classes sociais, uma
cultura de reprodução, não enfrentando contradições tão presentes na vida dos camponeses e
demais trabalhadores que vivem sob a égide do capitalismo, que só sobrevive da usurpação da mais
valia, mantendo o rico cada vez mais rico e o pobre sempre mais empobrecido.
Palavras-chave. Realidade. Necessidade. Vivências
Abstract
"It appears to reflect a current challenge of understanding the reconstruction of education in the field
based on a" new epistemology ", or a revaluation of forgotten epistemologies silenced by hemogênico
power called" Western Civilization ", or rediscovery of local cultures and that pluriversais suffered real
epistemicidios.Na school mostly traditional, we note that the emphasis focused on this: The teaching,
assessment, methodology, teaching, organizing, planning, and efficiency goals that maintains social
classes, a culture of reproduction not facing contradictions so present in the lives of peasants and
other workers who live under the umbrella of capitalism, which only survives the usurpation of the
gain, keeping the rich richer and the poor ever more bereft.
Keywords: Reality. Need. Experiences
¹ Graduando em Licenciatura Plena em Biologia da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC Ead,
contato: gilmar.biologia@hotmail.com.
“A terra não pertence ao homem. É o homem que pertence a terra. Isto sabemos: todas as coisas
estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a
terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um
de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido fará a si mesmo.”
(cacique Seattie)
3. INTRODUÇÃO
O presente artigo traz uma reflexão acerca do constante crescimento
relacionado aos problemas com a educação no campo pode-se observar, no
cotidiano pedagógico, que os saberes das varias áreas relacionadas a educação no
campo tratados de forma fragmentada e compartimentalizados em disciplinas
dificultam a percepção de problemas e fenômenos da realidade, que cada, vez mais
mostram-se pluridisciplinares, multidisciplinares, transdisciplinares,transversais,
transnacionais e multidimensionais, globais e plantarios por representar o processo
de produção e da existência humana em um contexto sociocultural, já que não se
vive sozinho.Existe uma interdependência entre os seres humanos em todas as
formas de suas atividades, uma vez que todas as necessidades humanas são
atendidas,transformadas e efetivas a partir da organização e do estabelecimento de
relação entre os seres humanos.
Ora, se existem estas interdependências interdisciplinares que podem ser
percebidas também de caráter independente como a área de educação no campo,
uma vez que tem por objetivo investigar os trabalhos socialmente necessários, além
de contribuir com o desenvolvimento tecnológico. Em função destas vivencias,
compartilham de linguagens e representações semelhantes para sistematizar e
socializar os conhecimentos produzidos nos processos inerentes de compreensão
dos trabalhos socialmente necessários que são objetos de estudo desta área.
Entretanto vale esclarecer que na educação no campo não deixa de ter suas
especificidades que baliza os conhecimentos epistemológicos construídos e
definidos a partir das relações humanas que as caracterizam, e o professor
necessita de formações especificas para cada uma delas. Vista desta forma essa
área do conhecimento tem como característica perceber a complexidade do
processo de transformação da natureza e suas relações, desvelando as interçãos e
retroações entre as partes e o todo entidades multidimensionais e os problemas
essenciais, suas relações e, a partir desse pressuposto, desencadear procedimentos
acadêmicos, pedagógicos que promovam ações coletivas, já que a sustentabilidade
planetária só é possível com ações reflexivas, com posturas proativas em um mundo
cada vez mais complexo.
4. Um dos grandes desafios apresentados á escola, á educação é se envolver
com os trabalhadores e trabalhadoras da terra; é comprometer-se com os
movimentos sociais para pensar uma escola onde muitos vivem com problemas que
podem se tornar soluções.Não é possível a escola continuar de costas para a
realidade e acreditar que apenas os conteúdos formais, aqueles encontrados nos
livros didáticos darão respostas aos desafios locais, regionais e globais.
O conceito de campo pode ser compreendido como o lugar ou o território e
envolve a relação do homem com a terra. Envolve a contradição e a luta dos
Movimentos Sociais revolucionários
Contra o latifúndio. É preciso “radicalizar” a noção de campo numa
perspectiva emancipatória.
• O campo é uma realidade que precisa ser compreendida em sua
singularidade e peculiaridade.
• A contradição campo/cidade é aparente.
• As escolas do campo precisam explicitar os conflitos e as tensões
decorrentes da construção de práticas educativas questionadoras da educação do
capital.
• As escolas precisam ver ouvir e intervir no contexto social, econômico e
cultural em que estão inseridas.
• Temas como sexualidade precisam estar presentes no currículo da
Educação do Campo.
• Os docentes das escolas do campo vivenciam uma situação de
precariedade nas condições de trabalho, mas são ativos e produzem formas de
resistência e de superação Dessas condições.
• A Educação do Campo deve se pautar pelo princípio da formação integral.
• O diálogo entre Movimentos Sociais e escola contribui para a construção,
de uma proposta, contra-hegemônica.
• A gestão das redes municipais se caracteriza, em muitos casos, como
autoritária.
• As classes multisseriadas podem ser ressignificadas e se constituírem uma
possibilidade positiva de organização da escola do campo. Para tanto, fazem-se
necessárias à formação continuada e a construção de metodologias.
• Os programas públicos são fatores importantes de mudança nas práticas
das escolas.
5. Princípios de educação no campo:
A Educação e o conhecimento universal devem ser garantidos como direitos
inalienáveis dos povos do campo;
• Que os povos do campo tenham acesso à educação pública gratuita e
universal em todos os níveis e modalidades no e do campo;
• O reconhecimento de que há especificidades no modo de vida, cultura e
organização social dos povos do campo:
• A Educação do campo deve ser construída a partir da diversidade dos
sujeitos do campo: comunidades negras rurais, quilombolas, boias frias, assalariados
rurais, posseiros, meeiros, arrendatários, acampados, assentados, reassentados
atingidos por barragens, agricultores familiares, povos das florestas, indígenas,
pescadores, ribeirinhos, entre outros;
• O povo do campo tem direito a uma escola do campo, política e
pedagogicamente vinculada à história, à cultura e as causas sociais e humanas dos
sujeitos do campo;
• O funcionamento e a organização da escola devem ser adequados aos
tempos e ao modo de vida dos sujeitos do campo;
• A escola do campo deve estar socialmente referenciada na vida e luta do
povo do campo
• Reconhecimento e incorporação das práticas pedagógicas construídas
dentro destes princípios, pelos movimentos sociais e outras organizações dos povos
do campo;
• Participação das comunidades do campo na construção de políticas
públicas, no projeto político pedagógico e nos currículos;
• A educação do campo é um processo de formação humana produzida em
diferentes espaços;
• A educação do campo está comprometida com um modelo de
desenvolvimento social, economicamente justo e ecologicamente sustentável.
De modo pró-ativo, sigamos nas sedas Martianas, vejamos outro libelo á
educação de seu tempo permanecendo incandescente para nossos dias.
Divorciar o homem da terra é um atentado monstruoso. E esse divórcio é
meramente escolástico. Ás aves, asas; aos peixes, nadadeiras; aos homens
6. que vivem da natureza, o conhecimento da natureza. Essas são as suas
asas... Que a educação elementar seja elementarmente cientifica, que ao
invés da historia de Josué, se ensine a da formação da terra
(RECK,2005p.39).
A educação escolar do campo precisa ser vinculado a outros espaços,
atividades educativas e com as outras ações originadas das políticas de
desenvolvimento do campo, como por exemplo, as experiências políticas e
produtivas das comunidades e as atividades de assistência técnica aos
agricultores.Todo projeto pedagógico de uma escola revela uma intencionalidade
que explicita o ser humano que se deseja formar.Desejamos que as escolas do
campo busquem a formação de sujeitos com valores que os estimulem a assumir
posturas responsáveis,criticas e criativas diante do mundo.Neste sentido é preciso
ter clareza de que a reorganização dos currículos e a reinvenção pedagógica nas
escolas do campo precisam desencadear um processo formativo que contribuam
também para a reflexão sobre os modos de produção agrícola existentes e para o
aprendizado e afirmação de um novo modo de produção pautado por uma matriz
cientifica e tecnológico comprometida com a segurança alimentar e com a
sustentabilidade e preservação do meio ambiente.
Nós, educadores precisamos recuperar esta dignidade que nos foi tirada
roubada silenciosamente. Precisamos nos indignar com as condições injustas,
impróprias das nossas condições de trabalho educando e dos familiares destes,
pois,se não lutarmos não nos organizarmos permaneceremos apenas nos
lamentando e esperando que alguém um dia intervenha para resolver os nossos
problemas, visão tão própria de uma propostas curricular, da qual o saber popular,
das comunidades camponesas tem sido vitimas, como nos demonstra Costa
(1999:pag,64):
(...) O currículo da Escola publica das classes populares tem sido um lugar de
dissipação dessas identidades, operando um distanciamento das origens
familiares, culturais borrando a identidade de classe, em nome do acesso a
uma identidade padrão classe média, ilustrada e meritocratica.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante muitos anos a agricultura em nosso país era de maneira hegemônica,
no campo da economia e da política, teorias que explicaram o processo de
desenvolvimento das nações a partir de seu crescimento econômico.
Esta concepção, denominada paradigma desenvolvimentista, orientou a
maioria dos países em suas políticas internas e externas com efeitos perversos
sobre os países subdesenvolvidos, a saber: a concentração da riqueza e a produção
da pobreza, dilema inconciliável do capitalismo a criação e o reforço às
desigualdades regionais e sociais; a apropriação privada de recursos da natureza e
a destruição do meio ambiente e todos os conflitos que este tipo de prática enseja
junto às comunidades que dependem destes recursos.
Durante o desenvolvimento das etapas do projeto e através da análise dos
relatórios ficou evidente que a maioria dos alunos participantes desconhecia os
princípios e as práticas de modelos sustentáveis de produção em atividades
agrícolas.
A elaboração e efetivação de trabalhos que tangem na educação ambiental
se tornam mais significativos e efetivos, se desenvolvidos diretamente com os
possíveis agentes sociais de mudança de uma realidade em questão, como ocorreu
no desenvolvimento deste projeto, o que se efetivou através de jovens rurais,
colabores diretos no cotidiano agrícola de suas famílias.
O método da pesquisa-ação revelou significante eficiência no
desenvolvimento de projetos educacionais, principalmente no âmbito da educação
ambiental, uma vez que, é necessário conhecer a realidade na qual pretende se
atuar antes de levar uma proposta de intervenção ou modificação de uma realidade.
Percebeu-se que o processo de construção de conhecimento utilizado durante o
desenvolvimento do projeto, no qual direcionou o sujeito a se debruçar e refletir
sobre sua prática e ação cotidiana são um método eficaz ao alcance da
aprendizagem significativa, que possivelmente pode se tornar precursora na
mudança da realidade ambiental e social de uma comunidade rural.
Observou-se que o espaço escolar é um ambiente favorável para a
realização programas de educação ambiental, e que podem envolver não somente
os alunos, mas uma interação entre estes e a comunidade; os autores julgam
representar um dos mais eficazes meios de disseminação de conhecimento
científico em um ambiente rural, pois implicam diretamente no cotidiano de uma
comunidade.
O grande desafio da Agricultura Sustentável se conforma em envolver
políticas públicas para que o tripé social-ambiental-econômico seja disseminado nas
8. diferentes formas de fazer agricultura, e especialmente que seja fortalecida a
agricultura familiar, a opção social de uso da terra que melhor se ajusta aos
preceitos da agricultura sustentável. O alcance destas medidas se constitui de uma
forma para a buscada reorganização social, conservação dos ecossistemas e da
biodiversidade.
9. REFERÊNCIAS
AMARAL, Amadeu. O dialeto Caipira.São Paulo,HUCITEC, Secretaria da
Cultura ,Ciência e tecnologia,1976.Primeira Ed.Casa Ed.O livro,1920
Segunda Edição: Ed.Anhambi, 1955
CALDART, R., PEREIRA, I. B., ALETEJANO, P., FRIGOTTO, G. (ORGS).
Dicionário de Educação do Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Escola
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012
HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as
revoluções de nosso tempo. In: Educação & Realidade, Porto Alegre, v.22,
n.2, p.15-46, jul./dez. 1997.
ARROYO, Miguel, CALDART, Roseli S. e MOLINA, Mônica C. (Orgs) Por uma
Educação do Campo. Petrópolis: Vozes, 2004.
ANDRADE, M. R.; PIERRO, M. C.; MOLINA, M. C. (orgs.) A educação na
Reforma Agrária em perspectiva: uma avaliação do PRONERA. São Paulo,
SP/Brasília, DF: Ação Educativa/PRONERA, 2004.
ANTUNES-ROCHA, Maria Isabel; MARTINS, Aracy Alves. (orgs.) Educação
do Campo: desafios para a formação de professores. Belo Horizonte, MG:
Autêntica, 2009. (Coleção Caminhos da Educação do Campo, v. 1).