Era um vez um menino
muito inteligente. Ele sabia a
letra de uma porção de
músicas, era fera no
computador e no videogame,
conhecia um monte de jogos
e brincadeiras e ainda sabia
uma série de histórias super
legais.
Esse menino cresceu e chegou a hora de ir pra escola.
Mas como ele era mesmo muito esperto, tirou de letra. A
professora adorava ele e até o porteiro era seu amigo.
Mas o menino continuou a crescer e chegou no segundo
ano. E não é que a professora resolveu me aparecer com
uma tal de prova! E ainda vem dizer que vale nota, que a
nota vai pro boletim, que o pai e a mãe vão ver, e que se ficar
com nota ruim, além de levar bronca e passar vergonha,
ainda ia ficar de recuperação, e que, se tivesse muitas notas
ruins, podia até perder o ano.
Bem – Vindos
ao 2° ano
Vocês imaginam o estado que
esse menino ficou!? Parecia até
que um monte de formigas havia
vindo morar na barriga do menino.
Chegou em casa em um
nervosismo que só quis saber de
estudar. Estudou até cansar, e até
café ele queria tomar pra aguentar
estudar mais.
Pois é, as formigas na
sua barriga já haviam
virado borboletas e tudo
que o menino fazia era
sentir vontade de ir ao
banheiro o tempo todo:
– Professora, posso ir ao
banheiro? “Profe”, posso
ir de novo? Só mais uma
vez vai, eu estou muito
apertado…
E quando chegou o dia da
prova? Vocês conseguem
imaginar o quanto aquele
menino estava nervoso?
A professora quase ficou louca! E o pior: quando chegou
a hora da prova deu um branco danado! O menino não
conseguiu lembrar de nada do que ele havia estudado e nem
do que a professora tinha ensinado. E olha que naquela aula
ele até tinha prestado atenção.
E quando
veio a nota?
Que situação.
Quando a mãe
viu a prova sua
cara virou uma
máscara da
mais pura
decepção. O
menino não
tinha coragem
nem de olhar pra
cara azeda da
mãe…
E pra piorar ainda mais a “coisa”. Pouco
tempo depois a professora marcou outra prova.
Dessa vez o menino já entrou em desespero de
cara. Na sua barriga já não havia nem formigas
e nem borboletas, era só um nó apertado.
Quando chegou em casa o menino se
trancou no banheiro e não queria mais ir pra
escola de jeito nenhum. Mas a mãe dele
obrigou o menino a ir pra escola mesmo assim.
Por sorte, antes da prova, veio um fim de semana e a
família do menino marcou um encontro na casa de campo
deles. É um lugar lindo mesmo: tem campinho de futebol que
dá pra por rede de vôlei, tem uma cesta de basquete, tem
uma casinha na árvore, tem um laguinho pra nadar e neste
lago tem até um barquinho pra remar quando está frio.
Mas o menino não conseguia tirar a
prova da cabeça. Não queria saber de
brincar de nada. Os primos dele
ficavam tentando chamá-lo para brincar
de um tudo, mas ele nem queria saber,
tanto que foi se esconder em um
cantinho pra poder se chatear sozinho.
Foi sentar atrás da cerca da horta, e
ficou lá, com a cabeça cheia de
caraminholas, quebrando pequenos
galhos e rasgando folhas, quando
apareceu uma linda borboleta.
Mas pensa em uma borboleta linda mesmo… Ela era
enorme, colorida e muito brilhante. Era a borboleta mais
linda que o menino já havia visto em toda a sua vida. Ele
ficou admirando a beleza daquela borboleta e acabou se
distraindo e desabafando:
– Ah borboleta! Todo mundo acha que
eu sou burro. Só que eu não sou. É que
chega na hora da prova e eu não
consigo fazer direito, não sei por que.
Até minha mãe está pensando que eu
não sou mais inteligente. Eu queria
tanto colocar na prova todo o
conhecimento que tem na minha
cachola, mas chega na hora e eu não
consigo…
Foi aí que a borboleta
começou a brilhar mais ainda,
brilhou tanto que o menino
teve até que olhar para o
outro lado. E quando ele
olhou de novo a borboleta
tinha se transformado em
uma belíssima fada, tão
bonita e tão delicada.
O menino tomou um susto
tão grande que quase caiu
para trás. Mas quando a fada
Leta falou, sua voz soou tão
suave e clara que o coração
do menino se acalmou na
mesma hora.
-Para o seu problema eu teu a
solução: um lápis mágico, de um
mágico gavião. Você ainda vai
precisar estudar, e
principalmente atenção nas aulas
prestar, mas quanto ao
nervosismo que a prova possa
lhe dar, este lápis mágico irá te
acalmar e te ajudará a recordar
daquilo que precisar.
A fada Leta falou, brilhou, voltou
a ser borboleta e voou, enquanto
o menino só fazia agradecer.
Com o lápis mágico no bolso o menino
não precisou mais se preocupar. E o que
foi que ele fez? Tratou de ir brincar, é
claro, e brincou até se acabar. Subiu na
árvore, jogou futebol com os primos,
nadou com as primas, colheu frutas no pé
para descansar e brincou mais até não se
aguentar.
Quando chegou a hora de voltar pra
casa e o menino entrou no carro ele não
dormiu, ele desmaiou e acordou só no dia
seguinte, já na sua cama. E era o dia da
prova mas, com o lápis mágico no bolso
o menino ficou todo prosa. Guardou o
lápis na mochila e foi para a escola na
maior alegria. E não é que o lápis deu
certo mesmo.
O menino tirou um 10, mas um 10, tinha até um
parabéns escrito, com uma letra bem linda, de viés. E
quando sua mãe viu a prova ficou tão orgulhosa. Queria
mostrar a prova para todo mundo, pra irmã, pra avó, pros
primos, pra tia, pro gato, pro cachorro e pro papagaio.
Todo mundo que entrava em casa minha mãe já ia logo
exibindo:
– Olha a nota que o meu filho tirou. Não é mesmo um
filhinho lindo e inteligente?
E passou mais um tempo e a
professora marcou outra prova. Mas
desta vez o menino nem se preocupou.
Estudou tranquilo, continuou a prestar
atenção nas aulas, e quando chegou o
dia da prova, foi pegar seu lápis mágico
no armário pra por na mochila e…. e…
e…
– Mãe!!! – gritou o menino, pois o lápis
não estava em lugar nenhum. O grito foi
tão alto que sua mãe veio correndo pra
ver o que havia acontecido. Mal entrou
no quarto o menino já foi logo
perguntando desesperado:
-Mãe! Você viu aquele lápis que estava
aqui no meu armário?
-Aquele lápis velho? – respondeu sua
mãe – Eu joguei fora, ué.
-Nãããoo!!! – o menino ficou
completamente desesperado, se
agarrou na porta do armário e não
queria ir para a escola de jeito nenhum.
Mas não é que sua mãe o obrigou a ir pra escola
de qualquer jeito porque ele não podia perder aula,
ainda mais em dia de prova. A mãe enfiou o menino
no ônibus escolar arrastado. Imaginem o estado
que o menino foi para a escola obrigado e quando
desceu do ônibus ele não andava, se arrastava.
Tanto que a criançada foi entrando e ele ficando
para trás, parecia que carregava um elefante nas
costas, tinha até um nó na garganta de vontade de
chorar.
Mas quando ele estava passando pelo canteiro
que tinha na frente da escola adivinhem quem
estava lá escondida atrás de uma flor?
A fada Leta, só que disfarçada de borboleta,
que ela não é doida de aparecer de fada no meio
da cidade.
Pois a fada Leta voou bem pertinho do ouvido
do menino e falou em um sussurro bem baixinho:
– Não precisa mais se preocupar não. A
mágica do lápis já está no seu coração. Você só
precisa estudar e continuar a muita atenção
prestar, mas não mais precisa se desesperar.
E o menino entrou na escola com a paz ecoando
na cachola e se sentiu calmo e tranquilo, e fez a
prova numa boa, tirando uma ótima nota.
E quando chegou o dia do seu aniversário, o menino
teve uma ideia brilhante: convidou todos os seus
amiguinhos e amiguinhas pra uma festa lá na casa de
campo. Levou todos eles pra cerca atrás da horta e
pediu pra fada Leta dar um lápis mágico para cada um
deles. Assim toda aquela turma passou a ir bem nas
provas.