1. @ Tom saiu para o pátio da escola com seus amigos agrupados em bando atrás
dele. Era um dia ensolorado. As muitas árvores da New York City School davam
um clima de filme para o cenário. Ele caminhou para um banco próximo,
sentando-se e logo absorvendo o máximo de sol que podia.
— É caras... — Comentou ele, sorrindo. — Parece que hoje vamos poder dar um
bom mergulho no clube.
— É... — Charlie se intrometeu. — Mas precisamos ter cuidado para não
fazermos um inimigo por lá.
— Porque? — Daniel e Tom se viraram para o garoto sentado na ponta do
banco.
— Hoje em dia, qualquer um pode derrotar qualquer um com o makeyourdie .
com.
Os garotos suspiraram pesadamente. Tom implicou:
— Ah para com isso cara, isto é tudo mentira, marketing de televisão. Não vai
acreditar nisto não é? É tudo questão de tempo até as pessoas esquecerem este
site e pronto. Esqueça isso, parece até um nerd!
— Continua me zoando e morre da forma mais dolorosa possível
Tom riu.
— Vai acessar hoje a noite? Manda minha morte pro dia 18, não tenho nada
para fazer.
Os garotos riram, e até Charlie riu. O clima de brincadeira ficou mais leve. De
repente, Tom virou a cabeça e viu a garota mais feia que ele já pudera ter visto
em sua vida, ele a encarou e seus olhos registraram suas características: ela
tinha cabelo castanho escuro presos em um rabo-de-cavalo trançado, ela usava
um suéter rosa bebê e uma sanha marfim até o pé, onde estava um sapato
social sem salto. Ela tinha poucos seios e pouquíssima bunda, ela era magra,
esguia e andava aos tropeços. Ele não sabia quem ela era.
@ Tom via a garota sem saber mais o que fazer. Quem era ela? Ele se virou para
Daniel e apontou a garota, Daniel não tinha informações e o círculo girou até
que todos comprovaram que não tinham informações ali no grupinho. Brad, o
maior e mais marrento de todos, foi zuar a garota.
— Pôo gata, você é super linda hein. — Ele riu.
Ela olhou com indiferença, desligada do mundo. Como quem é diferente.
— Obrigada.
E continuou andando.
Ninguém do grupo realmente se conformava com isso. É claro, ela já era inimiga
deles por princípios, os meninos eram sempre cheios de futilidades, mas, Tom
ainda estava muito confuso. Ele queria saber mais sobre a garota que tentava
impressionar com este jeito desligadão. Ninguém podia ser assim, tão alheio ao
mundo. Os pensamentos dele foram interrompidos pela sineta, anunciando o
começo de outra aula. Era trigonometria para ele. Ele se despediu de seus
amigos, porque alguns iriam para salas diferentes, todos já haviam marcado a
ida ao clube pela tarde, e lá eles poderiam conversar. Logo, Tom percebera que
2. estava atrasado, o professor Jhon odiava atrasos, então ele correu para a sala o
mais rápido possível. Embora, Jhon o reprovou da mesma maneira.
Jhon — Estes atrasos te fazem um mal-menino, vamos. Olhe seu lugar foi
ocupado, você vai se sentar lá atrás.
Tom — Quem vai ser minha colega de cadeira?
Jhon — Mellany Harper.
Tom não sabia quem era Mellany Harper, afinal, as milhares de cabeças de
alunos já estavam na frente.
Jhon — É o preço do atraso.
O garoto continuou a avançar entre as fileiras, e quando ele chegou no fundo da
sala, ele ficou chocado quando viu a sua colega de cadeira.
@ Ela era, a garota estranha do recreio. Aquela toda desligada. Aquela que ele
chamara de diferente em seus pensamentos. Ele achou aquilo bom, era legal
conhecê-la e saber a forma para indiferença. Mas era ruim, porque não teria
com quem conversar, afinal, ela certamente iria ignorá-lo por toda a aula, então
não adiantava tentar puxar papo. E então, ele sabia que seria obrigado a ouvir
Jhon falar durante uma hora e quarenta! Ele se sentou e ficou observando a
garota de canto. Na frente da sala, o professor já começava a sua aula, falando
em um microfone sem fio, a voz dele ecoava em uma caixa de som, acima da
cabeça dele. Havia um frenesi correndo por seu corpo, que queria o levantar e
jogar aquele aparelho no chão. Para se distrair, ele resolveu por fim falar com
Mellany.
— Oi. — Tom falou com a voz fraca.
— A quantia de PI é... — Ela baixou a caneta na mesa e murmurou concentrada
no exercício: — Oi. — Foi um som baixinho.
— Você é Mellany Harper?
Ele esperava que ela ficasse super-encabulada. Do tipo que iria arrancar os
cabelos de curiosidade quando me perguntasse como ele descobrira o nome
dela. Tom não iria responder. Iria deixar o ácido da curiosidade corroer ela. Mas
não foi assim:
— Sim e você?
— Tom.
— Prazer em conhecê-lo. Diga ao seu amigo que eu agradeço pelo elogio.
O tom dela era de total concentração no exercício, Tom não resolveu mais enxer
o saco. Com aquela garota não dava mais para falar.
@ Para Tom, o resto da aula não foi nada interessante. Ele teve que ouvir o
falatório de Jhon e os murmúrios inteligentes de Mellany a aula toda. Quando o
sinal tocou, ele correu para casa, saiu da escola aos pulinhos. Quase saltitando
de alegria. A casa de Tom não ficava muito longe, ele chegou em casa e como
sempre estava sozinho, seus pais não estavam em casa como sempre. Ele ligou
a TV no noticiário e colocou no último volume. Puxou a camisa e se olhou no
espelho a pele morena com contornos bem bronzeados e definidos de seu
3. "tanquinho" refletiu no vidro. Ele tirou a calça e a cueca e entrou em uma ducha
rapida. O noticiário, era um voz ao fundo. Mas ele conseguia ouvir.
— E agora mais uma manchete sobre a epidemia MakeYourDie. Rosa Boyle vai
apresentar para vocês, mas uma morte brutal, e mais um culpado. — Disse o
locutor.
— Eu estou aqui em Franklin, nos estados unidos, onde uma mulher teve o seu
corpo explodido de uma forma inacreditável. Um terrível efeito do site. —
Começou Rosa. — Aqui estamos vendo o Edward Grace, o causador desta
terrível carnificina. Porque você fez isso Edward?
— Eu pensei. — Ele parecia chorar. Tom saiu do banho e pegou a toalha, ainda
ouvindo atentamente. — Que era mentira, que um site não poderia fazer isso
e...
Houve mais conversa enquanto tom vestia uma calça kimono e uma blusa
branca, ele ia comer quando parou defronte a TV.
— Veja o que aconteceu com a menina — Disse Rosa.
Um video de cinegrafista amador apareceu, a menina andava tranquilamente
pela rua, até que seu corpo explodiu. Literalmente. O garoto perdeu a fome e
correu para ir para o clube, deixando a TV ligada, demonstrando agora sobre um
papagaio que aprendia a conversar...
@ Tom estava andando preocupado pela rua. A preocupação de Charlie era
agora até engraçada. Ele estava indo para o clube, o mergulho iria ajudá-lo a
esquecer a terrível cena que havia visto. Que cena imprópria para ser exibida
em pleno horário com crianças. Nojento! Desgastante! Não foi muito demorado
para ele chegar ao clube, era só uma quadra ao lado de sua casa. Ele entrou no
local e viu a piscina grande e cheia de água ali, disponível para ele. Largou sua
mochila em uma cadeira vazia e tirou a camisa e a calça de kimono. Desceu para
tomar uma ducha no chuveiro que havia ali na escada e correu para a piscina.
Ele saltou, e mergulhou com pompa, sentindo todo o frio, logo chegando. Era
uma sensação boa. O céu estava quase nublado. Ele foi nadando por baixo da
água, observando o piso limpo. Era maravilhosa aquela sensação. Ele não sabia
quanto tempo ficaria ali, pegando o ar rapidamente quando necessário. Ele
cantarolou várias músicas e tentou se distrair, até que um grande barulho atraiu
a sua concentração. Ele emergiu rapidamente, poderia ser obra do site maléfico,
mas não, era Charlie e Daniel pulando na piscina juntos e acenando para ele.
Tom nadou até eles.
— Ei, que susto que eu levei.
Tom contou para eles sobre o momento com a garota para descontrair, e depois
o que vira no noticiário, todos afirmaram ter visto também. E todos estavam
horrorizados. Brad não demorou a se juntar ao grupo. Mas eles só queriam
nadar, e não se preocupar com um sitezinho, tinham que se divertir.
@ O resto do dia no clube foi ótimo para Tom, eles competiram sobre os
melhores mortais, pulos exóticos e cambalhotas. Eles também viram quem
4. ficava mais tempo debaixo d'água e contaram piadas. Quando eles resolveram ir
embora, já era bem tarde. Tom chegou em casa cansado, tomou uma vitamina e
adormeceu em sua cama...
ㅤ ㅤㅤ
No dia seguinte, ele se arrumou para a escola, seguindo sua mesma rotina
entediante. Partiu para a escola e seguiu para a sua primeira aula, biologia. A
aula se arrastou de modo tedioso, porém, o grande choque para todos veio
quando o intervalo chegou. A turma de Tom, toda a seguiu para o refeitório, e
eles foram para uma mesa. Mellany, estava novamente passando por ali, até
que Brad pegou um pão velho e jogou ele na cabeça de Mellany. Ela rumou até
eles furiosa.
— Porque você fez isso? — Perguntou ela, encarando-o.
Tom quase riu.
— Porque você é feia. — Brad sorriu.
— Escute-me seu idiota. Eu não quero você e os babacas dos seus amigos
ficando no meu ouvido. Eu sou alguém de paz, fico na minha, calada, e sempre
tem algum otário para implicar, então vê se não me enche o saco.
Tom viu Brad mover a mão que segurava o celular rápido, como se tirasse uma
foto, mas ele ignorou.
— Sumam da minha vida. — Disse Mellany, e foi embora.
@ Tom notara que Brad ficara mesmo muito chateado com a provocação da
garota, e que ele de alguma maneira iria revidar. Ele estava ocupado para
pensar em hipóteses. A aula de trigonometria, fora completamente silenciosa
entre Mellany e Tom, e, por fim, Tom se arrastou exausto para fora da sala. Ele
não demorava a chegar na sua casa, que era estranhamente próxima de tudo,
ele preparou uma comida rápida na cozinha, um macarrão instantâneo. Liguei a
TV e sintonizei no canal de séries de comédia, não queria encarar mais mortes
pelo noticiário, que só anunciava coisas terríveis. Quando o alimento de Tom
ficou pronto, ele extraira o caldo e colocara tudo em um prato, colocando outro
miojo no fogo. Quando terminou o terceiro miojo, ele então, finalmente, se
sentia satisfeito, e deitara para ver as séries. Ele lembrou de Brad e de suas
expressão de fúria com as palavras que Mellany desferiu para todos nós. O que
ele poderia ter feito com uma foto? Se é que ele realmente tirou uma foto?
Não... ele não poderia usar o makeyourdie . com contra Mellany, ele tinha que
impedir. Mas não conseguiu se levantar, estava pesado demais, somente
adormeceu.
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E quando ele acordou, foi com o telefone.
— Alo? — Falou sonolento.
— É o Brad... Hey Tom, porque não vem aqui em casa? Tenho uma super coisa
para te mostrar.