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elaboração de projectos de investigação
texto enquadrador

elaboração de projectos de investigação
texto enquadrador
O texto que se segue tem incluídos aspectos que deverão ser lidos à luz de temas que foram
já objecto de discussão nas sessões presenciais, nos contactos estabelecidos com os
orientadores e nas leituras que, eventualmente, já tenham sido realizadas. Servem tão
somente para criar âncoras conceptuais e "lembretes" do que deveria ter sido já alcançado.
Outros aspectos, de maior "novidade", tentam centrar o vosso esforço no essencial do
desenvolvimento das vossas propostas de projecto para dissertação.
Sinceros votos de BOM TRABALHO!
A. Moreira, 2003

‰
Guião de elaboração de projectos de investigação: nota introdutória
Redigir projectos consequentes não é muito difícil, embora também não se possa afirmar que
seja fácil. Trata-se de uma arte e, como a maioria das artes, requer diligência e prática. Cada
campo disciplinar e cada fonte de financiamento têm uma cultura distinta de expectativas,
costumes e normas que governam a preparação e o processo de revisão de propostas.
Existem, não obstante, determinadas características que são virtualmente universais.
Numerosos artigos e livros fornecem indicações gerais para propostas de redacção,
enquanto que outros tantos se dirigem a campos específicos. Basta, para tal, realizar uma
pesquisa na Web.
Apresentam-se, seguidamente, alguns conselhos recolhidos de diversas destas fontes,
organizadas em quatro secções: "trabalho de casa" - que espero que tenham iniciado em
tempo útil, estrutura da proposta: componentes, indicações gerais e revisão.
I. Trabalho de casa
Manter-se informado
As propostas bem sucedidas mantêm-se a par da investigação realizada no domínio de
conhecimento em que pretendem investigar. Verificar regularmente fontes de informação
como Web sites do domínio (oficiais e não oficiais); Web sites de instituições de
financiamento; bases de dados de investigação e de divulgação de resultados de
investigação; anuários de investigação, etc. deverá ser uma preocupação constante.
Começar cedo
Assim que lhe surgir uma ideia boa para um projecto, deverá começar a verificar bibliografia
da especialidade e partir dos autores mais recorrentemente citados.
• Os projectos de investigação, especialmente nas áreas em que nos movimentamos,
têm frequentemente que ser programados em torno das exigências do ano
académico, seja do ponto de vista curricular do investigador, seja do ponto de vista da
execução do próprio projecto, tantas vezes dirigido a situações escolares que se
espartilham, temporalmente, sob os mesmos pressupostos.
• Como em qualquer outro projecto, é frequentemente útil escrever a proposta e pô-la
então de lado, durante alguns dias. Quando voltar a lê-la, ficará certamente admirado
com os erros de linguagem, factuais, lógicos, etc., que irá encontrar.
• A probabilidade de uma primeira proposta ser bem sucedida é exígua, pelo que
deverá ser trabalhada com tempo para revisão e reapreciação. O papel do orientador
é fundamental em todo este processo.
II. Estrutura da proposta: componentes
A maioria das propostas de investigação obedecem a determinada estrutura (ou sequência
organizada de componentes), com uma ou outra variante. Deverá preparar cada uma delas
1
elaboração de projectos de investigação
texto enquadrador

com cuidado, mantendo, desde o início, o pressuposto de que se encontra a trabalhar no
sentido de levar a bom termo uma dissertação de mestrado que será sujeita a defesa
pública. Por tal, assuma a proposta de trabalho (o projecto) como um primeiro estádio na
prossecução dessa meta, seja nos aspectos formais, seja nos aspectos substantivos.
Título
É sempre conveniente uma folha de rosto, que fornece informação sobre o curso, o
investigador principal, orientador, a instituição de acolhimento e a data.
• Manter o título conciso: algumas instituições, como a UA, limitam o comprimento de
títulos das dissertações a um número específico de caracteres.
• O título pode ser usado para "dirigir" a proposta a um grupo ou a um domínio de
arguição, devendo assim exprimi-lo de modo a reflectir claramente a finalidade básica
do projecto.
• O título deve ser compreensível para o leitor leigo mas informado. Manter em mente
quem poderá ser o potencial leitor da proposta, e também o facto de as dissertações
se tornarem públicas.
Índice
Indique os números de todas as secções principais da proposta e respectiva página.
Resumo
O resumo pode facilmente transformar-se na componente mais importante de uma proposta.
• Um resumo é um SUMÁRIO que inclui uma visão geral de todo o projecto (não é
uma introdução). Isto significa que deve incluir informação sobre o problema,
métodos, resultados, e importância antecipados do estudo.
• Mantê-lo breve: de 100 a 500 palavras.
• Usar linguagem acessível a um leigo informado; evitar jargão específico da área
disciplinar.
• Tal como o título, o resumo pode ser a base pela qual os membros de uma comissão
científica departamental poderão julgar uma proposta, a sua aceitação no âmbito das
competências que reconhecem a quem a vai supervisionar e, futuramente, a
atribuirão a potenciais arguentes.
• Escrever o resumo em ÚLTIMO lugar, e revê-lo com cuidado para se certificar da sua
concordância com o texto global final, é uma estratégia que se recomenda ao
investigador menos experiente.
Introdução/exposição do problema ou da necessidade de investigação
• As primeiras impressões contam: comece com uma afirmação clara, concisa, e forte.
• Esta secção introduz o quem, o quê, o quando, o porquê, o onde, e o como do
projecto proposto.
• Resume brevemente a evidência que estabelece os objectivos e a necessidade de
realização do projecto, como essa necessidade será abordada ou os objectivos
atingidos, e os resultados previstos.
Finalidades e objectivos
Esta secção identifica a finalidade do projecto, o que se pretende conseguir (que pergunta se
propõe responder ou que problema pretende resolver), e os resultados previstos.
• As finalidades são afirmações de âmbito lato, gerais sobre os resultados ideais do
projecto.
• Os objectivos descrevem desenlaces mais restritos, mais específicos e mensuráveis,
e devem ser compatíveis com os objectivos enunciados, ou enquanto etapas para a
sua consecução.
• Os resultados antecipados são as "descobertas" ou os "produtos finais previstos" do
projecto, que pode ser uma decisão sobre uma hipótese, uma recomendação política,
um trabalho de criação para uma mostra ou um espectáculo, um artigo publicado,
etc.. (Deverá ter o cuidado aqui de antecipar questões do tipo: "E se o projecto não
tem este desenlace?" - Os resultados esperados deverão ser descritos com um
"plano B" hipotético em mente).

2
elaboração de projectos de investigação
texto enquadrador

•

As finalidades e os objectivos de um projecto não significam o mesmo que a sua
importância; ver abaixo.

Enquadramento teórico: Revisão da literatura de suporte
Esta secção deverá fazer duas coisas:
• (1) deve resumir de modo completo o estado-da-arte do conhecimento no domínio de
modo a estabelecer o contexto para o projecto proposto.
• (2) deve demonstrar de modo convincente que o projecto necessita de ser
empreendido para preencher um vazio real de conhecimento.
o Estabelecer claramente que o projecto levanta questões ou problemas
importantes no seu campo de investigação.
o Sublinhar a inovação: as questões/problemas que pretende abordar nunca
foram perspectivadas deste modo.
o "Não rever a literatura" simplesmente pela listagem de autores e datas. A
secção de suporte teórico deve centrar-se em teorias, conceitos, métodos,
ou interpretações específicos a que projecto se dirige.
o É frequentemente conveniente organizar esta secção pela revisão
cronológica do desenvolvimento de um domínio específico de investigação e
das questões, problemas, ou lacunas de compreensão que ainda perduram.
o Incluir como trabalhos citados tanto os clássicos fundamentais como artigos
recentes sobre o estado-da-arte no domínio de conhecimento.
o Mostrar consciência da existência de pontos de vista alternativos. Gerir
controvérsias e debates dentro do campo de modo equilibrado e não
dogmático.
o Ao discutir a sua própria posição num argumento, defendê-la fornecendo
dados que a suportem.
o Não discuta pelo recurso à mera asserção (isto é, está correcto porque eu
acho que está) ou pelo apelo à autoridade (está correcto porque Fulano
(1985) o diz).
(Metodologia) Métodos/Procedimentos/Materiais
Esta secção, o "desenho da investigação" do projecto, constitui o núcleo duro da proposta.
Deve estar de acordo com três critérios:
• (1) deve derivar logicamente da enunciação do problema ou necessidade;
• (2) deve progredir, com fluência e clareza, da descrição dos dados e das técnicas a
ser usadas para a explicação de como os resultados serão interpretados em função
das finalidades expressas, dos objectivos, e dos resultados esperados; e,
• (3) deve "convencer" os leitores de que as conclusões serão válidas.
As razões mais comuns de "rejeição" de propostas são a incapacidade de esclarecer o leitor
relativamente ao que se fará exactamente no projecto. A solução para este problema é dizer
o que se fará exactamente no projecto!
Possui um número limitado de páginas para expôr a proposta (no nosso caso não ultrapasse
as 20); esta secção é onde deve concentrar os seus esforços. As abordagens e métodos
específicos de investigação variarão dependendo do seu domínio particular, naturalmente,
mas no general necessitará de incluir algum subconjunto dos seguintes elementos:
• Hipóteses a ser testadas ou conceitos a ser explorados. Todas as hipóteses na
proposta devem ser testáveis. A proposta não deve tomar como verdadeiras as
hipóteses que vão ser testadas. As hipóteses levantadas implicam o compromisso do
investigador em as estudar, sendo o mesmo verdadeiro para as questões/problemas
de investigação, que se transformam em compromissos do investigador em lhes dar
resposta/os solucionar.
• Descrição de como as experiências/actos de investigação serão concebidos e
conduzidos.
• Ciências sociais: os seguintes elementos são particularmente importantes nas
propostas em ciências sociais.
o Identificação da população do estudo e/ou dos participantes.
o Descrição do processo de amostragem e do tamanho da amostra.

3
elaboração de projectos de investigação
texto enquadrador

Descrição, ainda que sumária, dos instrumentos de investigação (ou incluir
como apêndices).
o Descrição dos tipos específicos e adequação das análises estatísticas dos
dados brutos, tais como a regressão, componentes principais, etc., ou de
outros procedimentos de análise, tais como análise de conteúdo, de
protocolos, etc.
Participantes: Indicação clara das qualificações e dos papeis de todos os
participantes, incluindo alunos, consultores, investigadores ou outros.
A v a l i a ç ã o : Como é que o projecto será avaliado, quem o fará e quão
frequentemente; como é que os problemas inesperados serão resolvidos e que
medidas estão previstas para a eventualidade de o projecto se deparar com
dificuldades.
Dados preliminares: se, eventualmente, estiver já de posse de dados de projectos
piloto que demonstrem a eficácia da abordagem que propõe, inclua-os.
Equipamentos, recursos e espaços essenciais: descrever o que são, como serão
usados, e sua disponibilidade.
P e r m i s s õ e s: garantia de que todas as permissões, colaborações e normas
necessárias foram asseguradas e ou cumpridas. Há normas que são instituídas pela
universidade, pelo estado, e/ou outras entidades para a pesquisa que envolve, dentre
outros, assuntos humanos. Não partir do pressuposto de que está tudo assegurado.
Haverá eventualmente necessidade de autorizações, estabelecimento de protocolos,
etc. Aconselhe-se com quem o/a orienta.
Material ilustrativo: mapas, cartas, fotografias, etc. (se necessário).
o

•
•

•
•
•

•

Cronograma
Uma proposta de investigação bem sucedida deve exibir um equilíbrio cuidadoso entre
tempo (um ano) e dinheiro (propinas e outros gastos), que são recursos finitos, e objectivos
do projecto.
• A Universidade impõe-me limites temporais para a execução do projecto? Há limites
financeiros àquilo que pretendo realizar?
• O projecto de investigação que delineei tem objectivos que podem ser cumpridos
dentro do período permitido pela Universidade?
• É o âmbito do trabalho razoável para o período e exigências do projecto? Um dos
maiores problemas de um investigador inexperiente é um âmbito excessivamente
ambicioso de trabalho.
• Como é que me vou organizar para que o meu trabalho se desenvolva numa base de
metas mensais, em função dos meus compromissos familiares, profissionais e
sociais?
Importância e impacto do projecto
A importância de um projecto não é o mesmo que a finalidade ou os objectivos do projecto.
As afirmações da importância e impacto do projecto devem ser feitas com cuidado e podem
ser acomodadas em justificações diversas:
• Pelo avanço do estado do conhecimento num domínio particular, pelo enriquecimento
do nosso património cultural, científico, técnico, estético, ou pelo contributo para o
bem público.
• Pela realização dos objectivos da instituição de acolhimento (consultar os objectivos e
missão da instituição de acolhimento, dos seus centros de investigação e,
especialmente, do curso de mestrado e respectivas disciplinas que se encontra a
frequentar, é sempre uma fonte importante de centração dos objectivos das
propostas).
Disseminação
Como serão os resultados do projecto comunicados à comunidade?
Para além da defesa pública da dissertação de mestrado, deveria ter já em mente um plano
mais pensado que deverá passar pela publicação dos resultados em periódicos e
apresentações em congressos. O/A orientador(a) também aqui tem um papel fundamental.
Consulte-o em devido tempo.

4
elaboração de projectos de investigação
texto enquadrador

Referências citadas
Como em qualquer projecto, deve ter o cuidado de fornecer informação das citação de toda a
literatura referida no texto da proposta, particularmente na secção de revisão da literatura.
• As referências ultrapassadas e/ou incompletas podem contribuir para a "rejeição" de
uma proposta.
• Verificar o texto com cuidado de modo a certificar-se de que todas as citações no
texto estão contempladas nas Referências Citadas e de que todos os artigos
constantes das Referências Citadas se encontram mencionadas no texto, que estão
correctas e que correspondem em termos de datas.
• Aderir estritamente a todas as exigências de limite de páginas, layout do documento e
estilo de citação. Quando estas exigências existirem, o que se exige é coerência
• Devem seguir-se as normas da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação e da
APA – American Psychological Association – de que se oferece uma súmula através
de exemplos.
Livros
1 autor
Abrantes, J. C. (1992). Os media e a escola. Da imprensa aos audiovisuais no ensino e na
formação. Lisboa: Texto Editora.
2 ou mais autores
Galvão, C., & Leão, C. (1994). Um projecto com projectos: o centro de recursos da Escola
da Tapada. Lisboa: Livraria Escolar Editora (Cadernos de Inovação Educacional).
Capítulos de livros
1 autor
Ramos, J. L. P. (1999). A escola que aprende: Um estudo múltiplo de casos no domínio da
integração das TIC na escola. In P. Dias & C. V. de Freitas (Org.), Actas da I Conferência
Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, Desafios’ 99,
Challenges’ 99. Braga: Centro de Competência Nónio Século XXI da Universidade do Minho,
(pp. 275-286).
2 ou mais autores
Leite, C. & Negrão, J. (2001).Desenvolvimento do projecto “as TIC e a escola para todos —
uma nova dimensão às actividades de complemento educativo” na escola EB 2, 3 Rosa
Ramalho — Barcelinhos. In P. Dias & C. V. de Freitas (Org.), Actas da II Conferência
Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, Desafios’ 2001,
Challenges’ 2001. Braga: Centro de Competência Nónio Século XXI da Universidade do
Minho, (pp. 1061-1071).
Artigos de revistas
1 autor
Barroso, C. (1991). Gestão e animação de um centro de recursos – A experiência do CRE de
Marquesa de Alorna. Inovação, 4(1), 199-211.
2 ou mais autores
Finn Jr., C., Manno, B., & Vanourek, G. (2000). Accountability via transparency. Education
Week, 19(33), 42, 44-45.
Referências retiradas da Internet
Taylor, S. M. (1997). Cooperative learning in distance education.
http://www.ihets.org/learntech/distance_ed/fdpapers/1997/taylor.html (consultado na Internet
em 21 de Fevereiro de 2002).
III. Indicações gerais
Siga as instruções
Ler as indicações para a preparação da proposta com cuidado e segui-las à letra! A
importância desta indicação não pode ser demasiadamente enfatizada.
• Não viole regras no tamanho de página, número de palavras, tamanho de margens,
tamanho da fonte, organização e formato, etc. Este não é definitivamente o momento
para dar asas à sua criatividade recorrendo a fontes e/ou estilos não recomendados.

5
elaboração de projectos de investigação
texto enquadrador

•
•

•

Esteja alerta relativamente à inclusão de apêndices. Não os utilize para contornar os
limites de páginas da proposta.
Só porque numa dada instituição se fazem as coisas de uma determinada maneira,
não significa que todas as outras as façam do mesmo modo. Preste atenção e
respeite as normas da instituição de acolhimento: esta atitude só lhe trará benefícios.
Algumas instituições disponibilizam normas, formulários ou modelos para fins
específicos. Informe-se da sua existência e finalidade e peça-os.

IV. Revisão
O aspecto também é importante
Poucas coisas enfurecem mais os leitores de qualquer texto do que uma proposta
descuidada, repleta de erros tipográficos, de pontuação, gramaticais, e de cálculo. Não há
simplesmente nenhuma desculpa para esta situação com os presentes programas de cálculo
e de processamento de texto. O pensamento vem sempre à mente: se a proposta está
apresentada deste modo tão "incompetente", como é que o estudo será conduzido? Da
mesma forma?
• Usar um verificador do ortografia e um verificador de gramática (cuidado com as
palavras homónimas e homógrafas).
• Pedir a um colega experiente que leia e verifique erros tipográficos, correcção e
clareza da proposta, e que lhe dê uma opinião honesta.
• Não confie numa única revisão, especialmente se realizada por si. Mesmo que tenha
intenção de corrigir, a sua atenção, enquanto parte interessada, irá certamente
centrar-se no conteúdo, e os erros de forma persistirão. Corrija, corrija, corrija!
Novamente o papel de quem faz a orientação é fundamental também neste aspecto.

Ser conciso
A proposta deve ser completa, mas a escrita deve ser viva, clara e legível, objectiva, e não
repetitiva.
• Evitar o jargão desnecessário e pretensioso. Isto é especialmente importante se a
proposta vai ser avaliada por orientadores de diferentes áreas disciplinares.
• Definir acrónimos a primeira vez que são usados e evitar abreviaturas.
• Evitar jogos de palavras, hipérboles, e afirmações não fundamentadas ou
extravagantes que distraem da objectividade da escrita académica.
• Evitar fazer perguntas retóricas.
Explicar! Não presumir
Explicar adequadamente, mas não falar "de alto" para os leitores.
Não presumir que qualquer coisa é óbvia ou que os leitores lerão com agrado nas
entrelinhas: poderá não ser óbvio e os leitores, certamente, não verão com agrado ter que
descobrir significados nas entrelinhas.
Em síntese, e de acordo com o anteriormente exposto, as propostas deveriam conter as
seguintes componentes:
Título
Índice
Resumo
Introdução
Finalidades e objectivos
Enquadramento teórico
Metodologia
Cronograma
Resultados esperados
Bibliografia

6

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Guiao projectos

  • 1. elaboração de projectos de investigação texto enquadrador elaboração de projectos de investigação texto enquadrador O texto que se segue tem incluídos aspectos que deverão ser lidos à luz de temas que foram já objecto de discussão nas sessões presenciais, nos contactos estabelecidos com os orientadores e nas leituras que, eventualmente, já tenham sido realizadas. Servem tão somente para criar âncoras conceptuais e "lembretes" do que deveria ter sido já alcançado. Outros aspectos, de maior "novidade", tentam centrar o vosso esforço no essencial do desenvolvimento das vossas propostas de projecto para dissertação. Sinceros votos de BOM TRABALHO! A. Moreira, 2003 ‰ Guião de elaboração de projectos de investigação: nota introdutória Redigir projectos consequentes não é muito difícil, embora também não se possa afirmar que seja fácil. Trata-se de uma arte e, como a maioria das artes, requer diligência e prática. Cada campo disciplinar e cada fonte de financiamento têm uma cultura distinta de expectativas, costumes e normas que governam a preparação e o processo de revisão de propostas. Existem, não obstante, determinadas características que são virtualmente universais. Numerosos artigos e livros fornecem indicações gerais para propostas de redacção, enquanto que outros tantos se dirigem a campos específicos. Basta, para tal, realizar uma pesquisa na Web. Apresentam-se, seguidamente, alguns conselhos recolhidos de diversas destas fontes, organizadas em quatro secções: "trabalho de casa" - que espero que tenham iniciado em tempo útil, estrutura da proposta: componentes, indicações gerais e revisão. I. Trabalho de casa Manter-se informado As propostas bem sucedidas mantêm-se a par da investigação realizada no domínio de conhecimento em que pretendem investigar. Verificar regularmente fontes de informação como Web sites do domínio (oficiais e não oficiais); Web sites de instituições de financiamento; bases de dados de investigação e de divulgação de resultados de investigação; anuários de investigação, etc. deverá ser uma preocupação constante. Começar cedo Assim que lhe surgir uma ideia boa para um projecto, deverá começar a verificar bibliografia da especialidade e partir dos autores mais recorrentemente citados. • Os projectos de investigação, especialmente nas áreas em que nos movimentamos, têm frequentemente que ser programados em torno das exigências do ano académico, seja do ponto de vista curricular do investigador, seja do ponto de vista da execução do próprio projecto, tantas vezes dirigido a situações escolares que se espartilham, temporalmente, sob os mesmos pressupostos. • Como em qualquer outro projecto, é frequentemente útil escrever a proposta e pô-la então de lado, durante alguns dias. Quando voltar a lê-la, ficará certamente admirado com os erros de linguagem, factuais, lógicos, etc., que irá encontrar. • A probabilidade de uma primeira proposta ser bem sucedida é exígua, pelo que deverá ser trabalhada com tempo para revisão e reapreciação. O papel do orientador é fundamental em todo este processo. II. Estrutura da proposta: componentes A maioria das propostas de investigação obedecem a determinada estrutura (ou sequência organizada de componentes), com uma ou outra variante. Deverá preparar cada uma delas 1
  • 2. elaboração de projectos de investigação texto enquadrador com cuidado, mantendo, desde o início, o pressuposto de que se encontra a trabalhar no sentido de levar a bom termo uma dissertação de mestrado que será sujeita a defesa pública. Por tal, assuma a proposta de trabalho (o projecto) como um primeiro estádio na prossecução dessa meta, seja nos aspectos formais, seja nos aspectos substantivos. Título É sempre conveniente uma folha de rosto, que fornece informação sobre o curso, o investigador principal, orientador, a instituição de acolhimento e a data. • Manter o título conciso: algumas instituições, como a UA, limitam o comprimento de títulos das dissertações a um número específico de caracteres. • O título pode ser usado para "dirigir" a proposta a um grupo ou a um domínio de arguição, devendo assim exprimi-lo de modo a reflectir claramente a finalidade básica do projecto. • O título deve ser compreensível para o leitor leigo mas informado. Manter em mente quem poderá ser o potencial leitor da proposta, e também o facto de as dissertações se tornarem públicas. Índice Indique os números de todas as secções principais da proposta e respectiva página. Resumo O resumo pode facilmente transformar-se na componente mais importante de uma proposta. • Um resumo é um SUMÁRIO que inclui uma visão geral de todo o projecto (não é uma introdução). Isto significa que deve incluir informação sobre o problema, métodos, resultados, e importância antecipados do estudo. • Mantê-lo breve: de 100 a 500 palavras. • Usar linguagem acessível a um leigo informado; evitar jargão específico da área disciplinar. • Tal como o título, o resumo pode ser a base pela qual os membros de uma comissão científica departamental poderão julgar uma proposta, a sua aceitação no âmbito das competências que reconhecem a quem a vai supervisionar e, futuramente, a atribuirão a potenciais arguentes. • Escrever o resumo em ÚLTIMO lugar, e revê-lo com cuidado para se certificar da sua concordância com o texto global final, é uma estratégia que se recomenda ao investigador menos experiente. Introdução/exposição do problema ou da necessidade de investigação • As primeiras impressões contam: comece com uma afirmação clara, concisa, e forte. • Esta secção introduz o quem, o quê, o quando, o porquê, o onde, e o como do projecto proposto. • Resume brevemente a evidência que estabelece os objectivos e a necessidade de realização do projecto, como essa necessidade será abordada ou os objectivos atingidos, e os resultados previstos. Finalidades e objectivos Esta secção identifica a finalidade do projecto, o que se pretende conseguir (que pergunta se propõe responder ou que problema pretende resolver), e os resultados previstos. • As finalidades são afirmações de âmbito lato, gerais sobre os resultados ideais do projecto. • Os objectivos descrevem desenlaces mais restritos, mais específicos e mensuráveis, e devem ser compatíveis com os objectivos enunciados, ou enquanto etapas para a sua consecução. • Os resultados antecipados são as "descobertas" ou os "produtos finais previstos" do projecto, que pode ser uma decisão sobre uma hipótese, uma recomendação política, um trabalho de criação para uma mostra ou um espectáculo, um artigo publicado, etc.. (Deverá ter o cuidado aqui de antecipar questões do tipo: "E se o projecto não tem este desenlace?" - Os resultados esperados deverão ser descritos com um "plano B" hipotético em mente). 2
  • 3. elaboração de projectos de investigação texto enquadrador • As finalidades e os objectivos de um projecto não significam o mesmo que a sua importância; ver abaixo. Enquadramento teórico: Revisão da literatura de suporte Esta secção deverá fazer duas coisas: • (1) deve resumir de modo completo o estado-da-arte do conhecimento no domínio de modo a estabelecer o contexto para o projecto proposto. • (2) deve demonstrar de modo convincente que o projecto necessita de ser empreendido para preencher um vazio real de conhecimento. o Estabelecer claramente que o projecto levanta questões ou problemas importantes no seu campo de investigação. o Sublinhar a inovação: as questões/problemas que pretende abordar nunca foram perspectivadas deste modo. o "Não rever a literatura" simplesmente pela listagem de autores e datas. A secção de suporte teórico deve centrar-se em teorias, conceitos, métodos, ou interpretações específicos a que projecto se dirige. o É frequentemente conveniente organizar esta secção pela revisão cronológica do desenvolvimento de um domínio específico de investigação e das questões, problemas, ou lacunas de compreensão que ainda perduram. o Incluir como trabalhos citados tanto os clássicos fundamentais como artigos recentes sobre o estado-da-arte no domínio de conhecimento. o Mostrar consciência da existência de pontos de vista alternativos. Gerir controvérsias e debates dentro do campo de modo equilibrado e não dogmático. o Ao discutir a sua própria posição num argumento, defendê-la fornecendo dados que a suportem. o Não discuta pelo recurso à mera asserção (isto é, está correcto porque eu acho que está) ou pelo apelo à autoridade (está correcto porque Fulano (1985) o diz). (Metodologia) Métodos/Procedimentos/Materiais Esta secção, o "desenho da investigação" do projecto, constitui o núcleo duro da proposta. Deve estar de acordo com três critérios: • (1) deve derivar logicamente da enunciação do problema ou necessidade; • (2) deve progredir, com fluência e clareza, da descrição dos dados e das técnicas a ser usadas para a explicação de como os resultados serão interpretados em função das finalidades expressas, dos objectivos, e dos resultados esperados; e, • (3) deve "convencer" os leitores de que as conclusões serão válidas. As razões mais comuns de "rejeição" de propostas são a incapacidade de esclarecer o leitor relativamente ao que se fará exactamente no projecto. A solução para este problema é dizer o que se fará exactamente no projecto! Possui um número limitado de páginas para expôr a proposta (no nosso caso não ultrapasse as 20); esta secção é onde deve concentrar os seus esforços. As abordagens e métodos específicos de investigação variarão dependendo do seu domínio particular, naturalmente, mas no general necessitará de incluir algum subconjunto dos seguintes elementos: • Hipóteses a ser testadas ou conceitos a ser explorados. Todas as hipóteses na proposta devem ser testáveis. A proposta não deve tomar como verdadeiras as hipóteses que vão ser testadas. As hipóteses levantadas implicam o compromisso do investigador em as estudar, sendo o mesmo verdadeiro para as questões/problemas de investigação, que se transformam em compromissos do investigador em lhes dar resposta/os solucionar. • Descrição de como as experiências/actos de investigação serão concebidos e conduzidos. • Ciências sociais: os seguintes elementos são particularmente importantes nas propostas em ciências sociais. o Identificação da população do estudo e/ou dos participantes. o Descrição do processo de amostragem e do tamanho da amostra. 3
  • 4. elaboração de projectos de investigação texto enquadrador Descrição, ainda que sumária, dos instrumentos de investigação (ou incluir como apêndices). o Descrição dos tipos específicos e adequação das análises estatísticas dos dados brutos, tais como a regressão, componentes principais, etc., ou de outros procedimentos de análise, tais como análise de conteúdo, de protocolos, etc. Participantes: Indicação clara das qualificações e dos papeis de todos os participantes, incluindo alunos, consultores, investigadores ou outros. A v a l i a ç ã o : Como é que o projecto será avaliado, quem o fará e quão frequentemente; como é que os problemas inesperados serão resolvidos e que medidas estão previstas para a eventualidade de o projecto se deparar com dificuldades. Dados preliminares: se, eventualmente, estiver já de posse de dados de projectos piloto que demonstrem a eficácia da abordagem que propõe, inclua-os. Equipamentos, recursos e espaços essenciais: descrever o que são, como serão usados, e sua disponibilidade. P e r m i s s õ e s: garantia de que todas as permissões, colaborações e normas necessárias foram asseguradas e ou cumpridas. Há normas que são instituídas pela universidade, pelo estado, e/ou outras entidades para a pesquisa que envolve, dentre outros, assuntos humanos. Não partir do pressuposto de que está tudo assegurado. Haverá eventualmente necessidade de autorizações, estabelecimento de protocolos, etc. Aconselhe-se com quem o/a orienta. Material ilustrativo: mapas, cartas, fotografias, etc. (se necessário). o • • • • • • Cronograma Uma proposta de investigação bem sucedida deve exibir um equilíbrio cuidadoso entre tempo (um ano) e dinheiro (propinas e outros gastos), que são recursos finitos, e objectivos do projecto. • A Universidade impõe-me limites temporais para a execução do projecto? Há limites financeiros àquilo que pretendo realizar? • O projecto de investigação que delineei tem objectivos que podem ser cumpridos dentro do período permitido pela Universidade? • É o âmbito do trabalho razoável para o período e exigências do projecto? Um dos maiores problemas de um investigador inexperiente é um âmbito excessivamente ambicioso de trabalho. • Como é que me vou organizar para que o meu trabalho se desenvolva numa base de metas mensais, em função dos meus compromissos familiares, profissionais e sociais? Importância e impacto do projecto A importância de um projecto não é o mesmo que a finalidade ou os objectivos do projecto. As afirmações da importância e impacto do projecto devem ser feitas com cuidado e podem ser acomodadas em justificações diversas: • Pelo avanço do estado do conhecimento num domínio particular, pelo enriquecimento do nosso património cultural, científico, técnico, estético, ou pelo contributo para o bem público. • Pela realização dos objectivos da instituição de acolhimento (consultar os objectivos e missão da instituição de acolhimento, dos seus centros de investigação e, especialmente, do curso de mestrado e respectivas disciplinas que se encontra a frequentar, é sempre uma fonte importante de centração dos objectivos das propostas). Disseminação Como serão os resultados do projecto comunicados à comunidade? Para além da defesa pública da dissertação de mestrado, deveria ter já em mente um plano mais pensado que deverá passar pela publicação dos resultados em periódicos e apresentações em congressos. O/A orientador(a) também aqui tem um papel fundamental. Consulte-o em devido tempo. 4
  • 5. elaboração de projectos de investigação texto enquadrador Referências citadas Como em qualquer projecto, deve ter o cuidado de fornecer informação das citação de toda a literatura referida no texto da proposta, particularmente na secção de revisão da literatura. • As referências ultrapassadas e/ou incompletas podem contribuir para a "rejeição" de uma proposta. • Verificar o texto com cuidado de modo a certificar-se de que todas as citações no texto estão contempladas nas Referências Citadas e de que todos os artigos constantes das Referências Citadas se encontram mencionadas no texto, que estão correctas e que correspondem em termos de datas. • Aderir estritamente a todas as exigências de limite de páginas, layout do documento e estilo de citação. Quando estas exigências existirem, o que se exige é coerência • Devem seguir-se as normas da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação e da APA – American Psychological Association – de que se oferece uma súmula através de exemplos. Livros 1 autor Abrantes, J. C. (1992). Os media e a escola. Da imprensa aos audiovisuais no ensino e na formação. Lisboa: Texto Editora. 2 ou mais autores Galvão, C., & Leão, C. (1994). Um projecto com projectos: o centro de recursos da Escola da Tapada. Lisboa: Livraria Escolar Editora (Cadernos de Inovação Educacional). Capítulos de livros 1 autor Ramos, J. L. P. (1999). A escola que aprende: Um estudo múltiplo de casos no domínio da integração das TIC na escola. In P. Dias & C. V. de Freitas (Org.), Actas da I Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, Desafios’ 99, Challenges’ 99. Braga: Centro de Competência Nónio Século XXI da Universidade do Minho, (pp. 275-286). 2 ou mais autores Leite, C. & Negrão, J. (2001).Desenvolvimento do projecto “as TIC e a escola para todos — uma nova dimensão às actividades de complemento educativo” na escola EB 2, 3 Rosa Ramalho — Barcelinhos. In P. Dias & C. V. de Freitas (Org.), Actas da II Conferência Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação, Desafios’ 2001, Challenges’ 2001. Braga: Centro de Competência Nónio Século XXI da Universidade do Minho, (pp. 1061-1071). Artigos de revistas 1 autor Barroso, C. (1991). Gestão e animação de um centro de recursos – A experiência do CRE de Marquesa de Alorna. Inovação, 4(1), 199-211. 2 ou mais autores Finn Jr., C., Manno, B., & Vanourek, G. (2000). Accountability via transparency. Education Week, 19(33), 42, 44-45. Referências retiradas da Internet Taylor, S. M. (1997). Cooperative learning in distance education. http://www.ihets.org/learntech/distance_ed/fdpapers/1997/taylor.html (consultado na Internet em 21 de Fevereiro de 2002). III. Indicações gerais Siga as instruções Ler as indicações para a preparação da proposta com cuidado e segui-las à letra! A importância desta indicação não pode ser demasiadamente enfatizada. • Não viole regras no tamanho de página, número de palavras, tamanho de margens, tamanho da fonte, organização e formato, etc. Este não é definitivamente o momento para dar asas à sua criatividade recorrendo a fontes e/ou estilos não recomendados. 5
  • 6. elaboração de projectos de investigação texto enquadrador • • • Esteja alerta relativamente à inclusão de apêndices. Não os utilize para contornar os limites de páginas da proposta. Só porque numa dada instituição se fazem as coisas de uma determinada maneira, não significa que todas as outras as façam do mesmo modo. Preste atenção e respeite as normas da instituição de acolhimento: esta atitude só lhe trará benefícios. Algumas instituições disponibilizam normas, formulários ou modelos para fins específicos. Informe-se da sua existência e finalidade e peça-os. IV. Revisão O aspecto também é importante Poucas coisas enfurecem mais os leitores de qualquer texto do que uma proposta descuidada, repleta de erros tipográficos, de pontuação, gramaticais, e de cálculo. Não há simplesmente nenhuma desculpa para esta situação com os presentes programas de cálculo e de processamento de texto. O pensamento vem sempre à mente: se a proposta está apresentada deste modo tão "incompetente", como é que o estudo será conduzido? Da mesma forma? • Usar um verificador do ortografia e um verificador de gramática (cuidado com as palavras homónimas e homógrafas). • Pedir a um colega experiente que leia e verifique erros tipográficos, correcção e clareza da proposta, e que lhe dê uma opinião honesta. • Não confie numa única revisão, especialmente se realizada por si. Mesmo que tenha intenção de corrigir, a sua atenção, enquanto parte interessada, irá certamente centrar-se no conteúdo, e os erros de forma persistirão. Corrija, corrija, corrija! Novamente o papel de quem faz a orientação é fundamental também neste aspecto. Ser conciso A proposta deve ser completa, mas a escrita deve ser viva, clara e legível, objectiva, e não repetitiva. • Evitar o jargão desnecessário e pretensioso. Isto é especialmente importante se a proposta vai ser avaliada por orientadores de diferentes áreas disciplinares. • Definir acrónimos a primeira vez que são usados e evitar abreviaturas. • Evitar jogos de palavras, hipérboles, e afirmações não fundamentadas ou extravagantes que distraem da objectividade da escrita académica. • Evitar fazer perguntas retóricas. Explicar! Não presumir Explicar adequadamente, mas não falar "de alto" para os leitores. Não presumir que qualquer coisa é óbvia ou que os leitores lerão com agrado nas entrelinhas: poderá não ser óbvio e os leitores, certamente, não verão com agrado ter que descobrir significados nas entrelinhas. Em síntese, e de acordo com o anteriormente exposto, as propostas deveriam conter as seguintes componentes: Título Índice Resumo Introdução Finalidades e objectivos Enquadramento teórico Metodologia Cronograma Resultados esperados Bibliografia 6