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UNEB- UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
         DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃOCAMPUS VII
                   SENHOR DO BONFIM
                     PEDAGOGIA 2007.1




  O ENCANTO DA MUSICA NAS CANTIGAS DE RODA -
APRENDIZAGENS ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA
             EDUCAÇÃO INFANTIL




             ELISA GOMES DA PAIXÃO




                Senhor do Bonfim- BA
                    Março - 2011
ELISA GOMES DA PAIXÃO




  O ENCANTO DA MUSICA NAS CANTIGAS DE RODA -
APRENDIZAGENS ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA
              EDUCAÇÃO INFANTIL




                 Trabalho monográfico apresentado como pré-
                 requisito de Licenciatura Plena em Pedagogia
                 Docência e Gestão de Processos Educativos
                 pelo Departamento de Educação campus VII-
                 Senhor do Bonfim.
                 Orientadora: Profª MS.c Maria Elizabeth Souza
                 Gonçalves




                Senhor do Bonfim- BA
                    Março - 2011
ELISA GOMES DA PAIXÃO




  O ENCANTO DA MUSICA NAS CANTIGAS DE RODA -
APRENDIZAGENS ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA
              EDUCAÇÃO INFANTIL




                         Orientadora




      _______________________________________________
           Profª MS.c Maria Elizabeth Souza Gonçalves



                     Banca Examinadora




          ______________________________________
            Profº Esp. Pascoal Eron Santos de Souza




          ______________________________________
           Profª Ms.c Simone Ferreira de S. Wanderley




                    Senhor do Bonfim- BA
                        Março - 2011
Dedico esta pesquisa monográfica a Deus e
aos meus pais Edvaldo (in memoriam) e
Maria Margarida Paixão, que com imenso
amor e muito zelo me educaram para
alcançar vitórias no cotidiano.
AGRADECIMENTOS



Primeiramente a Deus, que me conduziu a mais uma grande vitória dentre tantas em
minha vida, sempre me relembrando da nossa aliança e do significado o qual em
meu      nome         carrego    de      consagrada       a       Deus.                .


A UNEB minha amada Instituição no qual agradeço por ter oferecido o curso de
Pedagogia em Senhor do Bonfim. E a todos os funcionários que me ajudaram no
decorrer desses quatro anos na Universidade.

Á todos os professores que passaram em minha vida acadêmica o qual muito
contribuíram   para    minhas   significativas   aprendizagens.    Em     especial   aos
professores, Pascoal Eron, Lilian Teixeira, Maísa Antunes, Elizabeth Gonçalves e
Simone Wanderly pela paciência, orientações e incentivo a estar sempre avançando
em busca das minhas aspirações tornando possível a conclusão desta monografia.


A professora e orientadora Maria Elizabeth Gonçalves por sua dedicação, apoio e
inspiração no amadurecimento dos meus conhecimentos e conceitos que me
levaram a execução e conclusão desta monografia, agradeço de todo coração.



A minha mãe Maria Margarida, meu baluarte, que esteve comigo a todo momento
cuidando para que me torna-se a pessoa que hoje sou. A meu pai Edvaldo Paixão
(in memoriam) pelo seu imenso amor, pela sua presença que sempre foi tão
constante em minha vida, como é difícil sem você.

A minha querida irmã Isabela, que sempre está comigo, cuidando de mim, me
ajudando e muitas vezes adivinhando minhas vontades. A toda minha família em
especial minha vó Maria, as minhas tias e tios tão queridos e aos meus primos os
quais amo muito, que com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu
chegasse até esta etapa de minha vida.

Em especial a minha equipe Lenira, cujo os componentes são: Luci Cláudia (Luci),
Maria Aparecida (Cida), Lenira (Lê), Daniela (Dani), Josiane (Josi), amigas que
fizeram a faculdade fazer sentido para mim, por me proporcionarem grandes
momentos e aprendizagens, desejo que em nossas vidas sempre possa permanecer
essa alegria que temos quando estamos juntas.



A todos os meus colegas de sala que juntos construímos nossa vida acadêmica de
grandes aprendizados. Há, não poderia esquecer de seu Reinaldo, das minha
amigas da Fundame, todas as pessoas que me deram carona nesta jornada de
grandes aventuras e por fim, a todos e a todas que diretamente ou indiretamente me
ajudaram nessa caminhada, diminuindo o peso do meu dia-a-dia.

Aos meus amigos e amigas, que sempre estiveram comigo mesmo que fosse em
telepatia, e em especial, a minha irmã/amiga Luana que desde sempre esteve
presente em minha vida me apoiando e me ajudando nesta longa caminhada.

Aos meus amigos e amigas de música da filarmônica, banda Didá, Orquestra da
Saudade, banda Luz Divina, Ministério de Música Promessa e todos que passaram
em minha vida preenchendo minha vida com muita música, onde juntos construímos
aprendizados valorosos sobre a música, sua importância em minha vida e na
sociedade.
O Momento que vivemos é, de vários pontos de
vista, único. [...] Mas único, ainda, porque
acreditamos que “música” representa tanto uma
dimensão sensível fundamental do ser humano quanto
um importante patamar, onde não meramente se
assenta, mas sobre o qual se desenvolve uma legítima
cultura.

                                               kater
RESUMO



       O presente trabalho monográfico traz algumas reflexões sobre as
aprendizagens da música através das cantigas de roda na Educação Infantil,
buscando compreender qual o impacto das cantigas de roda na aprendizagem dos
alunos e sua presença no universo musical das crianças, objetivando: Analisar o
impacto das Cantigas de Roda na aprendizagem dos alunos; Analisar a presença
das Cantigas de roda no universo musical das crianças, acreditando que a música
propicia uma amplitude de aspectos benéficos colaborando para a formação da
personalidade do indivíduo. A pesquisa teve como metodologia a pesquisa
qualitativa, onde foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a
observação participante ou etnográfica, entrevista semi-estruturada, diário de bordo
e mapas mentais. Utilizamos como suporte teórico autores que por muito tempo
estão engajados na construção dos referenciais fundantes na proposta de música na
escola como: André(1995), Bastian(2009), Candé(1981), Camargo(1994),
Faria(2001), Freire(1992), Gainza(1988), Howard(1984),              Jannibelli(1971),
Martins(1995), Penteado(2005), Queiroz(2005), Silva(2008), Snyders(1997) e
Uriarte(2005). Dessa maneira, a pesquisa foi desenvolvida a partir de três (3) grupos
de sujeitos: os alunos, os pais e a professora que também é a pesquisadora. Os
resultados apontam eficácia na contribuição para processo de ensino e
aprendizagem, valorização ao prestígio das Cantigas de Roda, sensibilização na
percepção e favorecimento a desinibição e integração social.
Palavras-chave: Música. Educação musical. Indústria Cultural. Cultura.
LISTA DE FIGURAS



FIGURA 01: VÍNCULO PROFESSOR X ALUNO ...........................................54

FIGURA 02: VÍNCULO PROFESSOR X ALUNO............................................54

FIGURA 03: EU CANTANDO..........................................................................66

FIGURA 04: MINHA SALA SEM MÚSICA......................................................66

FIGURA 05: EU CANTANDO..........................................................................67

FIGURA 06: MINHA SALA SEM MÚSICA......................................................67

FIGURA 07: EU CANTANDO..........................................................................68

FIGURA 08: MINHA SALA SEM MÚSICA.......................................................68

FIGURA 09: MINHA CANTIGA PREFERIDA .................................................69

FIGURA 10: MINHA CANTIGA PREFERIDA..................................................69
SUMÁRIO




INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11

CAPITULO I ..................................................................................................... 14

CAPITULO II .................................................................................................... 18

2. 1 A MÚSICA E SUAS DIVERSAS MANEIRAS DE APRENDIZAGENS ....... 18
                2.1.1conceituando música ........................................................... 18
                2.1.2 Historicizando a trajetória da Música ................................ 20

2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL .............................................................................. 23
                2.2.1 Música na Escola ................................................................. 23

2.3 A INDÚSTRIA CULTURAL ......................................................................... 26

2.4 CULTURA: A MÚSICA REPRESENTADA NO COTIDIANO ...................... 31
                2. 4.1 Cultura Erudita X Cultura Popular ..................................... 31
                    2.4.1.1 Cantigas de Roda: Ramificações da Cultura Popular 35

CAPITULO III ................................................................................................... 38

3. CAMINHOS METODOLÓGICOS TRILHADOS ............................................ 38
3.1 LÓCUS ....................................................................................................... 39

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA......................................................................... 40

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .............................................. 40
                3.3.1 Observação participante ou etnográfica ........................... 41
                3.3.2 Entrevista semi-estruturada ............................................... 43
                3.3.3 Diário de campo ou de bordo ............................................. 44
                3.3.4 Mapas mentais ................................................................... 445

CAPITULO IV ................................................................................................... 47

4. ANALISANDO AS ENTRELINHAS DO CAMINHO ...................................... 47
4.1 MEU OLHAR ENQUANTO EDUCADORA NESSE CAMINHO PERCORRIDO
......................................................................................................................... 48

4.2 PERCEPÇÃO DOS PAIS EM RELAÇÃO À MÚSICA ................................ 51
4.3 O IMPACTO DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO CULTURAL NA
EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................... 54

4.4 A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS ............... 61

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 71

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 73

APÊNDICES..................................................................................................... 77

A- ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ........................... 78

B- MAPAS MENTAIS ...................................................................................... 79

C- FOTOS ........................................................................................................ 83
11



INTRODUÇÃO



        A idéia de discutir a temática “O encanto da música nas cantigas de roda -
Aprendizagens através das cantigas de roda na Educação Infantil” nasceu de
afinidades e diversas vivências com a música. Sou musicista, toco flauta transversal
e canto desde muito pequena. Foi a partir desse contato que surgiu o interesse pela
temática e para uma melhor compreensão fizemos um breve relato sobre como essa
inteligência foi desenvolvida.



        Estudos nos mostram que estamos em contato com a música desde o ventre
de nossa mãe, depois com as cantigas de ninar e logo após na escola. Dessa forma,
continuei desenvolvendo a inteligência musical em meu cotidiano cantando desde
muito pequena em apresentações da escola, da igreja, teatros e corais, até que aos
15 anos, entrei na Orquestra da Saudade, no intuito do cantar no coral, fui
apresentada à mais encantadora e completa forma de percepção musical, a de tocar
em um instrumento, aprendi a ler partitura e tocar flauta transversal. Após ter
aprendido a tocar, passei por diversos ambientes onde a música está presente,
como, na Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses, Fanfarras, na banda
Católica Luz Divina, na banda Didá1 e por fim, na banda da Católica, Ministério de
Música Promessa.


        Na Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses é onde estou me
aperfeiçoando e aprendendo os mais diversos estilos e ritmos musicais,
compreendendo a sua forma e percebendo que “tocar um instrumento musical é
uma das atividades humanas mais complexas” (BASTIAN, 2009, p. 111), pois utiliza
percepção, corpo, concentração, educação social e auditiva, cognição na leitura das
partituras, dentre outras.




1
  - Banda feminina negra que tem origem de uma Fundação em apoio a mulheres e crianças, mas que atende
jovens, ensinando música percussiva, dança, teatro e construção de instrumentos musicais de percussão. Que
tem por intuito a valorização negra, o atendimento as mulheres e crianças pobres, ensinando-lhes métodos de
sobrevivência, proporcionando o conhecimento do mundo através da musica.
12



      Nesse direcionamento surge uma inquietação sobre como essa forma de
aprendizagem tão ampla, tem sido explorado de forma distanciada da realidade
escolar e ao mesmo tempo distorcida da vivência das pessoas, pois a música esta
em todos os lugares sendo perpassada em algumas composições com letras que
denigrem a imagem e valores dos indivíduos.


      Compreendendo sua relevância, e por trabalhar em uma escola onde
algumas professoras utilizam como metodologia música para determinar regras e
horários escolares e outras não, e sabendo ainda que o universo musical é amplo,
porém mídiaticamente pobre para nossas crianças, priorizei as Cantigas de Roda,
que necessitam do resgate de seu prestígio, sendo uma tradição popular oral e
musicalmente riquíssima. “Não há dúvida de que todos os que viveram plenamente
a música receberam uma boa dose de cultura” (GAINZA, 1988, p. 16).



      A nossa opção metodológica voltada na educação musical, objetiva contribuir
para o processo de ensino e aprendizagem através das Cantigas de Roda,
acreditando ser este caminho inovador, eficaz e significativo. Acreditamos que a
música propicia um amplo envolvimento em aspectos afetivos, sensoriais, motores,
mentais, espirituais dentre outros diversos benefícios, colaborando assim para a
formação da personalidade do indivíduo.



      No intuito de uma melhor compreensão deste trabalho, o dividiremos em
categorias de quatro capítulos:



      Capítulo I: Discorre a importância da presença da música em nossa vida, com
intuito de valorização das cantigas de roda, considerando o empobrecimento que a
nossa sociedade vive em relação a música na Educação infantil, compreendendo
que a história da criança como um ser social, precisa de respeito a suas limitações e
de uma educação significativa o qual desenvolva suas habilidades, finalizando com
os objetivos e a questão para a escola pesquisada.
13



      Capítulo II: Apresentamos as discussões por meio do aprofundamento teórico
que embasou a nossa prática, acerca da Música, Educação musical, Indústria
Cultural e Cultura.



      Capítulo III: Neste capítulo, Apresentamos os caminhos metodológicos
trilhados, organizados em: tipo de pesquisa, lócus, sujeito e instrumentos de coleta
de dados utilizados para recolhimento dos dados e elaboração deste estudo.



      Capítulo IV: Organizamos este capitulo de maneira que os dados coletados,
analisados e interpretados, fossem explicitados de forma a serem compreendidos,
por isso utilizamos de categorias nas quais responderam o objetivo da nossa
pesquisa.



      Finalizamos,    com   as   considerações   finais   onde   expomos   algumas
considerações referentes à construção da presente monografia.
14



                                  CAPITULO I




                                                                         “Ó dona Maria
                                                                          Ó Mariazinha
                                                                      Entrarás na roda
                                                                  ou ficarás sozinha...”
                                                                    (Cantiga de Roda)


      Este trabalho tem por intuito refletir sobre a aprendizagem através da música,
dentre elas enfoco as Cantigas de Roda, pois a nossa sociedade vive atualmente
um processo de empobrecimento musical face ao bombardeamento midiático,
desvalorizando cada vez mais o Ser Humano.




                    A aparência ilusória corresponde ao falso encantamento oferecido
                    pela música de massas, destinada a ser objeto de consumo, e, por
                    isso, desprovida, segundo o autor, de características efetivamente
                    artísticas. Além do mais, essa música é também desprovida de
                    inovações técnicas; segundo Adorno, ela se limita a copiar o que a
                    música séria realizou em Brahms ou Wagner, tirando-lhe, contudo, a
                    autenticidade e o vigor (FREIRE, 1992, p.86).



      Em convivência com as crianças em sala de aula, sentimos a necessidade de
envolvê-las no mundo cultural, que a respeite e a valorize, pois percebemos que por
sua capacidade ágil de aprendizado, incorpora letras de musicas e danças que
deprecia e distorce o real sentido da infância, fazendo-se imprescindível o resgate
das Cantigas que alem de promover o cultural, nos propicia a aprendizagem
prazerosa através da música. Como nos afirma Laraia (2009):



                    Culturas são sistemas (de padrões de comportamentos socialmente
                    transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas
                    aos seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida das
                    comunidades inclui tecnologias e modos e organização econômica,
                    padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização
                    política, crenças e práticas religiosas, e assim por diante (p.59).
15



      A formação da criança é influenciada pelo meio e por isso, necessitam de
acompanhamento e direcionamento em busca da valorização na e da infância.
Gainza (1988) acredita que para as crianças a música folclórica oferece pureza e
força para constituir-se em seu inicio de vida, pois, “move elementos primitivos
básicos, sobretudo em relação ao corporal e ao afetivo, razão pela qual torna
próximo do homem sensível e tanto das crianças”.




      No entanto, ao estudarmos sobre a formação da criança assunto esse que
está diretamente interligada á educação, que por diversas experiências e por
múltiplos contextos ao longo de sua história foi sendo marcada a Educação Infantil,
remetendo não apenas uma questão específica, mas cultural, nos trazendo reflexões
sobre o ensino, onde inicialmente acreditava-se que a criança era adulto em
miniatura. Assim, perceberemos que o “conceito de infância é, pois, determinado
historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade”
(KRAMER, 1992, p.19).



      Com o passar dos anos, surgem estudos interessados na mente das crianças,
a educação nesse período era assistencialista preocupava-se no cuidar e finalmente
significa-se o olhar para a valorização da criança como sujeito, ultrapassando o
cuidar, percebendo que a criança aprende a todo momento precisando assim
integração no cuidar e no educar Lembrando que:

                     (...) as instituições da Educação Infantil deve promover em suas
                     propostas pedagógicas, práticas de educação e cuidados que
                     possibilitem a integração entre aspectos físicos; afetivos;
                     cognitivos;lingüísticos; e sociais da criança, entendendo ela é um ser
                     completo, total, indivisível...(BRASIL, 1999, p.24 apud COSTA, 2006,
                     p.71).



      Analisando as propostas educacionais recentes que remetem novas práticas
de ensino, acreditamos que a música contempla muitos requisitos apresentados,
vista por Bréscia (2003) como “linguagem Universal, tendo participado da história da
humanidade desde as primeiras civilizações”, estando sempre presente em nossa
vida. E hoje, é uma forma eficaz no processo ensino e aprendizagem para discentes,
16



por proporcionar o desenvolvimento de diversas habilidades e competências no
indivíduo.



                     Várias são as vantagens da utilização da música escolar. A mais
                     importante é que a atividade musical ajuda a crescer no sentido mais
                     amplo da palavra deste termo. O indivíduo cresce em vários campos
                     que, embora interrelacionados podem ser observados em separado.
                     (...) cresce física, mental e emocional (incluindo o moral, o intelectual,
                     o sensorial etc) (JANNIBELLI, 1971, p.24).



      A música propicia uma amplitude de aspectos benéficos colaborando para a
formação da personalidade desse indivíduo. Para Gainza (1988), “a música é um
elemento de fundamental importância, pois movimenta, mobiliza, por isso contribui
para a transformação e o desenvolvimento”, favorecendo a um ambiente divertido e
mais propício para aprendizagem, segundo Bréscia (2003) melhorando “o
desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem
de matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas crianças”.




      Nesta perspectiva devemos refletir a importância da música para as crianças,
e buscarmos entender que através de uma proposta de Educação Musical, que é
uma educação voltada para a música, mas com finalidade social, cidadã, ou seja,
educacional, possamos garantir uma nova visualização de mundo e, por
conseguinte, nas práticas.



                     Neste sentido, a proposta está voltada à educação para a cidadania:
                     suas metas básicas são cooperação e autonomia, as crianças são
                     encaradas como pequenos cidadãos e cidadãs, e o trabalho escolar
                     é entendido como o que deve garantir o acesso aos conhecimentos
                     produzidos     historicamente    pela     humanidade     e    formar,
                     simultaneamente, indivíduos críticos, criativos e autônomos, capazes
                     de agir no seu meio e transformá-lo (KRAMER, 2001, p. 13).



      Ao falarmos da finalidade educacional, necessitamos compreender o território
onde a criança está inserida, de forma a contextualizar o ensino, de acordo com sua
vivencia, seu cotidiano.
17




                     É uma educação que parte das necessidades e dos interesses da
                     criança, estimulando sua atividade e o desenvolvimento de sua
                     criatividade, na conquista de sua autonomia. Esses valores devem
                     ser buscados desde os primeiros anos de vida, quando a criança
                     está completamente aberta em si mesma, para os outros e para o
                     mundo que a cerca. Pois é nesse período que ela é mais sensível a
                     qualquer influência dos fatores externos e sua personalidade adquire
                     marcas indeléveis que caracterizarão na vida futura. (NICOLAU,
                     1990, p.24).


      Acreditamos que há uma forte influência da indústria cultural em nossa
sociedade transformando idosos, adultos, jovens e crianças, acompanhadores fieis
de suas idéias e propostas, nos levando ao consumismo exagerado. Como destaca
Schwartz (1985) “Os meios de comunicação afetam profundamente as atitudes da
comunidade, as estruturas políticas e o estado psicológico de todo um país” (p.20).


      Diante do exposto, faz-se necessário reafirmar a importância da música que é
um instrumento tão eficaz, que podemos utilizar tanto na educação como em de
outras formas de interação tanto do seu eu, como com o outro.



      Diante dessa conjuntura surgiram algumas inquietações resumindo nos
seguintes objetivos: Analisar o impacto das Cantigas de Roda na aprendizagem dos
alunos; Analisar a presença das Cantigas de roda no universo musical das crianças.


      Dessa forma, surgiu no presente estudo o seguinte questão de pesquisa:
Qual o impacto das cantigas de roda na aprendizagem dos alunos e como se dá sua
presença no universo musical das crianças. No intuito de contribuir para processo
de ensino e aprendizagem através das Cantigas de Roda, com o propósito da
valorização do prestígio das Cantigas de Roda.
18



                                   CAPITULO II


       Diante da nossa questão de pesquisa, problematizada na temática sobre a
música, buscamos aprofundar as nossas reflexões, a partir da leitura de autores que
discutem     e   complementem     a    temática    apresentada.     Nesta     perspectiva
apresentamos os nossos conceitos-chave: Música. Educação musical. Indústria
Cultural. Cultura.


2.1 A MÚSICA E SUAS DIVERSAS MANEIRAS DE APRENDIZAGENS


       Referenciando a importância da musica e sua abrangência, sentimos a
necessidade de abordamos subtemas que venham integrar essa discussão.


2.1.1 Conceituando música


       A musica é vista por diversos estudiosos, da forma mais restrita que se
resume no ouvir, ao universo mais amplo que ela possa nos proporcionar, como a
totalidade humana (psíquica, física, motora, normas sociais e afetiva), que reflete
nessa diversidade conceitual feita por pessoas que estudam música, vivem de
música e fazem música. São teorias com bases não só de estudos, sociedade,
cultural, mas de sentimentos que a música os proporciona.


       É importante destacar que a musica se apresenta como elemento constituivo
da sensibilidade humana, “a música é meio e elemento constitutivo da
autorrealização humana, uma sensibilidade fundamental do ser-no-humano situado
e em vias a situar-se, expressão da “maneira de posicionar-se” do ser humano”
(PLESSNER apud in BASTIAN, 2009,p.34). Na mesma pespectiva Snyders(1997),
vem relatando a importância da estética musical, da beleza que precisamos
encontrar:


                     (...) a música é feita para ser bela e para proporcionar experiências
                     de beleza, e que a beleza existe para dar alegria, a alegria estética,
                     que é a alegria específica, diferente dos prazeres de que
                     habitualmente desfrutamos, e que constitui um dos aspectos da
                     alegria cultural beleza. (p.11).
19




      Podemos vê-la de forma mais sistemática, como sons e silêncios. Assim,
como a música é constituída e através desses dois componentes, são feitas as mais
diversificadas melodias. Para Camargo (1994) “Música é arte de harmonizar sons.
Assim sendo, ela tem capacidade de produzir a combinação dos elementos físicos e
psicológicos, resultando na coerência almejada entre as duas formas de movimento
(p. 71). Nota-se que esses itens constituem e influenciam no nosso corpo humano,
nos sensibilizando a ações diversas decorrentes das musicas escutadas. Snyders
(1997) afirma que:


                     A influência que a música exerce sobre nós remete-nos
                     evidentemente a seu poder sobre o corpo; ela coloca o corpo em
                     movimento, faz com que ele vibre de forma não comparável às
                     outras artes; e é o fato de estarem inscritos em nosso corpo que dá
                     tanta acuidade às emoções musicais; por seu enraizamento
                     psicológico, a própria música atinge uma espécie de existência
                     corporal. (p.85)



      Concomitantemente, percebemos que música é movimento, logo criança e
música estão intimamente ligadas. Ao utilizá-las estimulamos as mais diversas áreas
do nosso cérebro, simultaneamente de todo nosso corpo, contribuindo assim para as
mais importantes atividades psíquicas humanas. Que segundo Wilhems:


                     Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um
                     aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou
                     mais intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a
                     melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura musical (na
                     harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação
                     ou para a restauração da ordem mental do homem. (WILHEMS apud
                     GAINZA, 1988, p.36 e 37).



      Dessa reflexão podemos perceber o universo musical como forma de
educação e identificação cultural. E Gaiza (1988) afirma que “uma educação que
excluísse a música não poderia ser considerada completa. A música é uma parte
intrínseca – consciente ou não – de cada ser humano” (p.16).
20



      É importante termos a convicção que fazemos parte de uma sociedade onde
as classes dominantes e a mídia constroem e legitimam qual musica é
“culturalmente relevante”. E Queiroz (2005) conceitualiza sob a ótica cultural nossas
discussões onde

                     A música transcende os aspectos estruturais e estéticos se
                     configurando como um sistema estabelecido a partir do que a própria
                     sociedade que a realiza elege como essencial e significativo para seu
                     uso e sua função no contexto que ocupa. (p.50)



      Assim, a música é vista também como objeto de linguagem, como forma de
comunicação, sendo esta discussão objeto de controvérsias entre vários autores.


                     (...) podemos dizer que há autores que consideram que a música é
                     uma linguagem, embora comunique emoções e não conceitos, e há
                     os que consideram que a música não é linguagem, uma vez que não
                     transmite significados conceituais (FREIRE, 1992, p. 10).


      No entanto, notamos os inúmeros benefícios trazidos pelo contato com a
música, seja por o estudo direcionado, pelo canto, instrumentalização ou apreciação,
independente do seu campo conceitual.




2.1.2 Historicizando a trajetória da Música




      Com o surgimento da musica na sociedade primitiva, que vem sendo
transmitida de geração a geração pela reprodução, pela realidade, pela criação,
tendo diversas funções no seu cotidiano, abrangendo assim, múltiplos aspectos em
sua formação histórica. Candé (1981) remete-se que no princípio no cotidiano dessa
sociedade a música era “uma ato comunitário. Não há público, não há autor, não há
obra: os assistentes são, quase todos participantes” (p.29). Mostrando que a música
era parte intrínseca desses povos, pois o vivenciavam, com isso, fazia parte de sua
identidade cultural e social. Sabendo que:


                     Nas origens, a música não era senão uma atividade muscular
                     (membros laringe) adaptada às condições da luta pela vida. De
21



                     diversas maneiras, seu desenvolvimento seguiu das sociedades
                     humanas. (...) unidas à magia, a religião, à ética, à terapêutica, à
                     política, ao jogo, ao prazer também, constitui um dos aspectos
                     fundamentais das antigas civilizações...(CANDÉ, (s/d), p.17).



      Por ser vista de diversas maneiras ela influenciava o cotidiano e crenças da
população na época, que culturalmente faziam uso de rituais. Bastian (2009)
destaca que “os povos primitivos eram vistos pelo seu poder de encantamento e
cura”(p.40).


       Ao longo do tempo, a música foi ensinada pelos jesuítas através dos cantos
gregorianos, juntamente com catequese que abrangia para as crianças e os jovens o
ensino leitura, escrita, contar, jogos, instrumentos musica de corda e sopro, não
havendo distinção da musica erudita para popular. “A música, nos primeiros anos do
Brasil, foi de caráter religioso. Os beneditinos e carmelitas eram grandes cultores do
canto-chão” (JANNIBELLI, 1971, p.40), na época de 1586. Percebemos que a igreja
como maneira de dominação, soube usufruir desse mecanismo para alcançar seu
intuito. É curioso entender como os jesuítas através da catequese utilizaram esse
recurso:


                     Já a partir do primeiro século da colonização, promovendo a
                     integração dos elementos da música e da dança das populações
                     nativas com cantos e instrumentação ligados ao teatro religioso de
                     fundo medieval, combinação que, revestindo ao tempo, esta na
                     origem de nossas festas e danças populares. (SILVA, 2008, p.105)


      Com a evolução do império no Brasil vivia-se o período colonial em meados
do século XVII, segundo Jannibelli (1971) “A música religiosa continuou sendo a
mais utilizada. Mas a música popular de varias origens, principalmente a
portuguesa”(p. 40). Em 1891, surgiu o Instituto Nacional da Música que antes, era o
conservatório musical cujo diretor era Leopoldo Miguês. Posteriormente começa a
preocupação do estudo da música no Jardim de Infância, que com o passar dos
anos em 1959, surgi a:


                     Escola Popular de Educação Musical e Artística – EPEMA;
                     publicação de Pesquisa Folclórica – “Brinquedos Cantados pelas
                     Crianças Cariocas e Hinos Oficiais”; Instituição do Calendário do
                     Sema; participação das comemorações do 4º Centenário da Cidade
22



                    do Rio de Janeiro, com série Conferências, Concertos e Publicações,
                    (JANNIBELLI, 1971, p.44).



      A música expandiu-se abrangendo diversos segmentos, a exemplo da escola,
que utilizava-se nas classes Maternais e Jardins Infância superficialmente canções
de ninar, brincadeiras e recreação. Segundo Jannibelli (1971) “a utilização da
musica como fator de educação foi possível porque (...) consegue-se estabelecer, de
maneira natural, a ligação entre o lar e a escola” (p.26). Novos estudos sobre a
música na Educação Infantil foram feitos, e descobriram sua importância nos
diversos aspectos dinâmicos que ela abrange como físico, motor, espiritual,
atividades psíquicas, em suma:


                    (...) a música destina-se totalidade do homem: seus sentidos,
                    coração, inteligência e de acordo com Edgar Willems (1970), os três
                    domínios da natureza humana- o fisiológico, afetivo e o mental –
                    estão estritamente ligados elementos constitutiva da música.
                    (CAMARGO, 1994, p. 17).



      Destacamos que a criança em sua essência vive envolvida num ambiente
sonoro, ainda no ventre mãe o bebê escuta e brinca com os sons, ao nascer na
medida em que ele vai interagindo, interioriza a linguagem de sua comunidade, pois,
desde pequena já ouve canções ou cantigas de ninar, de roda, cantadas por sua
mãe ao dormir. Como enfatiza Faria (2001):


                    A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos,
                    ela também sempre está presente na escola para dar vida ao
                    ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de
                    despertar neles o senso de criação e recreação. (p24).



      Nesse sentido Faz-se necessário uma valorização dos prestigio da música e
ampliando o universo musical dessas crianças, que ao longo de suas vidas
vivenciam ao ouvirem e cantarem, muitas vezes somente o que se é escutado em
suas casas, o que a mídia permanentemente toca, tendenciando, o que escutamos,
o que dizemos, como compramos e o que vestimos.
23




2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL




          Ao dialogarmos sobre musica, sabemos que existe uma extensa abrangência
de gêneros musicais, dentre essas variedades está à música erudita e música
popular, que necessita esta perpassando o ambiente escolar através de uma
abundante educação musical, onde a escola deve ser parte integrante nesse
universo de conhecimento e cultura.


2.2.1 Música na Escola




          Quando pensamos em música na escola, na Educação Infantil, lembramos de
algumas cantigas de roda, músicas infantis que são utilizadas em determinados
momentos de rotina escolar: como chegada, lavar as mãos, hora do conto e saída.
Sabemos que o ser humano ao ouvir a música se apropria de significados sendo
interpretados a depender de suas vivencias. Diante disso o professor que trabalha
com música na Educação Infantil:


                       [...] deve partir da realidade musical igualmente vivenciada pelo
                       aluno, do repertório que ele traz, das atividades musicais corriqueiras
                       no grupo social do qual participa igualmente, não deve estagnar aí,
                       procurando ampliar a escuta do aluno para os fazeres musicais de
                       outros grupos (PENTEADO, 2005, s/n).



          É importante ressaltar que o professor que se utiliza da música deve
oportunizar aos alunos conhecimentos de diversos estilos musicais, tendo papel
fundamental em ensiná-los a analisá-los para filtrarem o que cada música tem de
melhor, esse é o papel da Educação Musical enriquecer o universo do aluno
ultrapassando a leitura e a escrita gráfica tradicional. Sabemos como afirma Snyders
(1997) que “a música exerce, em troca, influência sobre os valores da comunidade”
(p.52).
24



      Pois, como destaca Penteado (2005) “não se deve ter receio de mostrar
diferentes músicas étnicas, sejam concertos ou músicas populares, procurando
discuti-las para entender seus modos de produção” (p.21), mas sua verdadeira
intencionalidade por essas músicas super valorizadas pela mídia.


      Necessitamos ensinar nossos discentes a apreciar o amplo universo musical,
pois, em sua maioria é delimitada pela mídia, percebemos que quanto mais
crescemos musicalmente, nos tornamos sensíveis auditivamente ao nosso ambiente
e estendemos os nossos conhecimentos adquiridos pela cultura local, regional e
mundial. Para Snyders (1997) “ensinar música é também a possibilidade de
apresentar obras-primas a crianças muito pequenas e fazer com que elas
encontrem, nelas, alegria cultural” (p.132).


      A Educação Musical não deve ser vista somente como uma metodologia para
aulas, pois é muito mais ampla por trabalhar não só o intelecto, mas o motor, o
físico, a sensibilidade, crescimento cultural, assim, contribuindo em diversos
aspectos, não se limitando a dinamização de aulas ou anúncio de rotinas, logo, os
educadores musicais devem:


                      [...] garantir a autenticidade da vivência musical, inserindo-a nas
                      salas de aula de modo abrangente, dialogando com a linguagem
                      específica, buscando discutir possibilidades como área de
                      conhecimentos e alimentando-nos de sons e imagens que nos levam
                      a acreditar na educação como fonte de vida, de crescimento e de
                      realização (URIARTE, 2005, p.160).



      Devemos aprender a apreciar a música, a ter sensibilidade para ouvi-la,
sensibilidade aos sons e silêncios que é como se constitui, compreender sua
essência e a intensa “carga” cultural que ela contém. Já foram citadas as mais
diversos resultados que a música nos propicia ao ser utilizadas e trabalhadas no
cotidiano do “Ser Humano” e a escola pode e deve abarcar esse universo musical
para ajudar a construir essa nova maneira de ver, de admirar os mais diversos
estilos e gêneros musicais, descobrindo a beleza do ouvir por ouvir. Bastian (2009)
contextualiza as alegrias da música e cotidiano:
25



                     Nossas escolas deveriam também aproveitar tais efeitos, não
                     somente no âmbito pedagógico- terapêutico. Quero dizer, a
                     oportunidade para a “alegria pela música” como para uma alegria
                     pela vida, para um excitante contato com a prática ativa da música e
                     do canto como apoio para a vida, para o prazer de ouvir a sonoridade
                     (...) (p.40).



      Precisamos instigar nossos discentes à reconstrução crítica do conhecimento
cotidiano de nossas escutas, sabemos que a mídia tem exercido forte influencia,
limitando-os e também nos empobrecendo culturalmente, por essa razão devemos
ensinar-los a fazer uma análise a partir de suas experiências, percebendo que:


                     [...] a desconstrução e reconstrução do discurso musical. Nesse
                     contexto a analise também deve ser vista como um instrumento vital
                     de exploração de novas modalidades de cognição e
                     conseqüentemente na ampliação das estratégias de aprendizagem
                     (MARTINS, 1995, p.101).



      Considerando que a música é instrumento de aprendizagem se apresentado
como uma metodologia lúdica, o educador deve contextualizar os conteúdos
estudados com o cotidiano dos discentes, mostrando que a escola não está alheia
aos acontecimentos sociais. Como afirma Moura (1996) “Os mais variados assuntos,
ao serem trabalhados com crianças, devem partir de elementos ou situações já
conhecidas e vivenciadas por elas. A música não é exceção”. (p.12)


      Vale ressaltar que a música retrata as necessidades, o pensamento, as
crenças, o cotidiano e as ideologias de toda uma sociedade, que esteve, está
presente na escola, ou que participa indiretamente desse sistema educacional
através da comunidade escolar e da educação informal, grande influenciadora no
cotidiano e escutas de nossos discentes, perpassando habitualmente a todo
instante, os corredores escolares.
26



2.3 A INDÚSTRIA CULTURAL




      Situados em uma sociedade envolta por inúmeras influências midiáticas, que
tendencialmente impõe regras através da violência simbólica nos fazendo agir
alienadamente, acreditando ou aceitando a situação vivenciada que é proposta pela
mídia. Nesse sentido, pode-se afirmar que “a mídia é capaz de influenciar, das
formas mais diversificadas, a vida cotidiana e a atuação política dos indivíduos- a
maneira como agem, sentem, desejam, lembram, convivem, e resistem” (IRACI;
SANEMATSU, 2007, p.112).


      Os meios de comunicação que tem uma imensa amplitude é representada
pela: rádio, televisão, internet, jornal, cinema, publicidade, música, telefones móveis
e fixos, outdoor, DVD’s, cd’s, fax, cartões, dentre muitos outros.


                      (...) os meios de comunicação têm uma dimensão simbólica
                      irredutível: eles se relacionam com a produção, o armazenamento e
                      a circulação de materiais que são significativos para os indivíduos
                      que os produzem e os recebem (THOMPSON, 1998, p.19).



      Observamos que a maioria das informações e influências são oriundas da
mídia, que tem uma força significativa, pois está freqüentemente noticiando sobre o
nosso cotidiano, nos fazendo creditar o que se é passado, mostrando que a nossa,


                      Percepção de realidade acaba bastante influenciada pelo mundo
                      como é mostrado pelos diversos meios de comunicação. Seu mundo
                      “perceptual” deixa de ser gerado pela “realidade objetiva” que os
                      cerca, passando a ser conseqüência direta da “realidade simbólica”
                      midiática que elas vêem através das notícias recebidas (GEBNER,
                      2000, p.546 apud CIARELLI e AVILA, 2007, p.546).



      Estamos ativamente nos modificando por meio de mensagens e de conteúdo
significativo oferecidos pelos produtos da mídia (entre outras coisas). Este processo
de transformação pessoal não é um acontecimento súbito e singular. Ele acontece
lentamente, imperceptivelmente, dia após dia, ano após ano.
27



                    É um processo no qual algumas mensagens são retiradas e outras
                    são esquecidas, no qual algumas se tornam fundamento de ação e
                    de reflexão, tópico de conversação entre amigos, enquanto outras
                    deslizam pelo dreno da memória e se perdem no fluxo de imagens e
                    de idéias (THOMPSON, 1998, p.46).


      Nesse sentido nota-se que a Indústria Cultural dita regras, cria ou destrói
valores: difundi a moda, elege e distitui candidatas, condena e inocenta pessoas,
lança artistas e músicas, influência a violência, criminalidade, erotização e o
exarcebado consumo de produtos, comprovando que a mídia é poder. Como afirma
Almeida (2004):


                    As populações atuais, no conceito do poder, são poder, são
                    chamadas “massa” – pessoas que, mesmo alfabetizadas, não
                    passaram pelo universo da leitura/escrita (meio individual de criação,
                    reflexão e crítica) que permite a inteligibilidade das coisas do homem
                    de maneira mais completa e menos homogeneizada. São seres
                    orais, cuja inteligência se forma/informa não mais interpessoal ou
                    intergrupalmente, mas audiovisualmente com os produtos de difusão
                    da indústria cultural (p.25).



      Logo, entende-se que a mídia é uma forte influenciadora nas músicas que
ouvimos e cantamos, direcionando quem estará no auge ou não em nossas vidas,
despertando emoções através das músicas em Dvd’s, videoclipes, em emissoras de
televisão, pois unem imagem, áudio, movimento e performance do suposto, ídolo
para nossas crianças, adolescentes e adultos.


                    A música que é vinculada pela mídia, não tem o intuito de explorar a
                    qualidade e técnica, mas somente esses estados que a música é
                    capaz de evocar. Através do óbvio, ela impõe esses efeitos. Com
                    isso, reduz-se a um mero produto industrial, pronto para ser
                    consumido, sem nenhuma intenção de arte (ECO, 1993, p.297).



      É interessante refletirmos como gostamos de determinadas músicas além do
modismo do momento. De como selecionamos nossas escutas e posteriormente
assim fazermos com as de nossas crianças. Um leigo escuta a música que lhe traz
emoções, através do ritmo que toca, já os indivíduos que tem instrução criteria por
qualidade musical observando a sua composição como um todo, preocupando-se
com a estética. Como afirma Schwartz (1985):
28




                    A mídia estimulou-nos a preferir, cada vez mais, a nova realidade
                    construída. Nosso envolvimento com a mídia eletrônica é de tal
                    ordem que geralmente um encontro face a face pode parecer irreal
                    comparado à realidade da comunicação eletrônica. (...) As pessoas
                    não julgam a mídia através dos padrões da mídia (p.53).



      Por isso, há necessidade da escola intervir de maneira direta na educação
musical e visual dos seus discentes, minimizando a ação da mídia televisiva que
com seus desenhos, que contem temas musicais elaborados fazendo com que as
crianças passem a gostar, imitar e tentar vivenciar nesse mundo de imaginação, que
assistem, conduzindo muitas vezes a violência e enfraquecimento de nossos
costumes e valores. Segundo Schwartz (1985):


                    O papel do professor deveria incluir ensinar às crianças como
                    estruturar e classificar informações que elas já possuem e estão
                    constantemente recebendo. Muitos poucos professores adotam essa
                    abordagem e as crianças pagam o preço dessa falha dos mestres,
                    desinteressando-se pela escola (p.130).



      Temos que repensar o nosso papel não só como educador, mas como
cidadão que compra o que a mídia oferece, simultaneamente a sustentamos, não a
fazemos em termos técnicos, mas a consumimos diretamente e nossas crianças
também, sem o menor critério, muitas vezes com maneira de acalmá-los, hipnotizá-
los, sendo as babás, e elas a aceitam, cantam e dançam as músicas que mais
tocam, que em sua maioria são erotizadas, depreciativas, preconceituosas, dentre
outras, que em seu cotidiano é comum pois seus pais também as consomem,
formando um ciclo vicioso ou um pão e circo.


      Dentro desse sistema complexo, observa-se que a Indústria Cultural é fruto
de uma sociedade industrializada, que visa o capital na busca do consumismo
exacerbado. Como afirma Viana (2002):


                    O Estado capitalista também busca controlar a difusão cultural via
                    indústria cultural. E isto não somente através do aparato legislativo
                    como também através de suas próprias empresas de comunicação.
                    Ambas buscam atingir o maior público possível, embora a ênfase do
29



                     setor privado esteja na maximização do lucro e a do setor estatal na
                     propaganda política (p.s/p).



      Entende-se que a indústria cultural por ser a instância maior, se utiliza da
mídia para atuar, no intuito de ir construindo e legitimando paulatinamente, as
ideologias   dominante,   utilizando   dos mas diversos         artifícios e    elementos
tecnológicos chamado de simulacro, para persuadir a “massa” de nossa sociedade,
criando barreiras entre a cultura popular e sua forma de sobrevivência.


      Os brincantes da cultura popular “diferenciam-se da indústria cultural na
medida em que esta utiliza elementos tecnológicos próprios da segunda revolução
industrial (fotografia, televisão, rádio e cinema), produzindo o que se convencionou
chamar de simulacro”. (BAUDRILLARD, 1996 apud SILVA, 2008, p.8 e 9). Eles tem
por intuito favorecer a classe dominante, que constantemente, desvaloriza a cultura
popular, por terem a tecnologia em sua disposição, produzindo, através da violência
simbólica a idéia de poder para quem tem capital e consome produtos de numa
sociedade altamente industrializada. Como confirma Silva (2008):


                     Ao contrario da industrial cultural, os brincantes da cultura popular
                     produzem cultura a partir de uma tecnologia mecânica simples, em
                     tudo diferente da tecnologia característica do capitalismo, tardio, a
                     energia que as manipula é basicamente humana, centrada na
                     corporalidade, no uso das mãos, do controle do processo
                     produtivo/criativo pelo corpo esvaziando-se assim os elementos de
                     força produtores do simulacro(...). Esse é o contexto político-cultural
                     e socioeconômico em que se situa a subalternidade da “cultura
                     popular”. (p.9)



       Abarcando a discussão nota-se que a indústria cultural tem um poder de
dominação espetacular, pois fabrica produções com finalidade de serem trocados
por dinheiro e persuasão de ideologias, convencendo a serem consumidas através
de inúmeras repetições, levando ao inculcamento e aceitação do produto oferecido
no mercado.


                     Todo este processo reproduz os interesses da classe dominante. A
                     indústria cultural produz uma padronização e manipulação da cultura,
                     reproduzindo a dinâmica de qualquer outra indústria capitalista, a
30



                      busca do lucro, mas também reproduzindo as idéias que servem
                      para sua própria perpetuação e legitimação e, por extensão, a
                      sociedade capitalista como um todo (VIANA, 2002, p. s/p).


      E a música está dentro desse contexto, participando culturalmente da
sociedade,     influenciando    educacionalmente      em        nossas   vivencias   e
concomitantimente nas escolas, ditando o que é relevante ou não para ser escutado
em casa e nas ruas, limitando muitas vezes a disseminação da cultura erudita “dita
como a única boa”, pois, em sua maioria está por demais distante do cotidiano,
sendo apresentada para a população somente pelos meios de comunicação de
massa em canais fechados. Logo:


                      Pensar a música como expressão humana contextualizada social e
                      cuturalmente é fator fundamental para estabelecermos ações
                      educativas que possam ter consequências relevantes na sociedade e
                      na vida das pessoas que constituem o universo educacional, tendo
                      em vista que cada meio determina aquilo que é ou não importante e
                      que pode ou não ser entendido e aceito como música (MERRIAM,
                      1964, p. 66 apud QUEIROZ, 2005, p. 55).



      Necessitamos nos apoderar dos mais variadas estilos musicais para
podermos dialogar e desmitificar o que a indústria cultural produz, que têm
positivamente o avanço tecnológico, mas que, contudo, utiliza-se das mais diversas
artimanhas para difundir ideologias, intencionalizando a acentuada divisão de
classes, sendo separado por cultura erudito e cultura popular, na tentativa de
manipulação de culturas e indução ao excessivo consumismo.


      É dado tudo pronto e acabado, mas dar-se a impressão de que vivenciamos e
participamos da construção do que escutamos, lemos ou assistimos, e o mais
interessante   para   refletirmos   é   que   continuamos   a    reproduzir   conteúdos
estrangeiros, filmes, musicas, novelas, programas de TV, dentre outros, sempre
valorizando o externo que tenha uma influência econômica, sem percebermos ou
não, que continuamos a sermos colonizados e influenciados, permanecendo em
determinados momentos como meras copias.
31



2.4 CULTURA: A MÚSICA REPRESENTADA NO COTIDIANO


      Uma das explanações mais complexas é falar sobre Cultura, sobre o que
emana do povo, das representações do povo trazidas, e muitas vezes figuradas por
nossas visualizações, de acordo com nosso limitado contexto social, que engloba
luta de classe, letramento, visão de mundo, mídia e a escola. Nessa ampla
discussão, delimitaremos alguns tópicos sobre a discussão de Cultura subdividida
de acordo com teóricos que discorrem essa temática.




2. 4.1 Cultura Erudita X Cultura Popular


      Discorrer sobre a Cultura Erudita e Cultura Popular é falar de história, de
construção coletiva da vida humana, de uma sociedade que limita e delimita, quem
somos e como nos enxergamos, através da contextualização em que vivemos e das
leituras que fazemos de mundo. Complementa Brandão(2008) “Nós somos o
extremo da experiência em que a vida de um indivíduo precisa aprender interativa,
social e culturalmente, para torna-se um ser pessoal uma pessoa” (p.29).


      Logo, estamos interruptamente relacionados a uma conjetura de experiências
e significados, que acontece em meio a um todo, sociedade, povo, família, e o
próprio, que é um ser humano único.


                     Dessa forma, se a cultura está diretamente ligada à construção de
                     significados de um determinado grupo, também nesse emaranhado
                     se dará a construção da identidade, individual e coletiva, marcada
                     por um conteúdo reflexivo ou comunicativo que orienta o
                     desenvolvimento das relações sociais. (OLIVEIRA, 1976, p.5 apud
                     FRANCO, 2007, p. s/p).



      Diante   dessa   conjuntura,    nos questionamos e       no   mesmo     instante
respondemos sobre essa divisão do erudito e do popular. E mesmo sabendo que
essa manifestação vem desde muitos séculos, é perceptível que com base em
nossa sociedade atual, a desvalorização da cultura alheia se hierarquiza a partir da
32



dominação do capital, perpassando outras setores que por eles são ordenados e
legitimados. Por isso, “a cultura popular é pensada sempre em relação à cultura
erudita, à alta cultura, a qual é de perto associada tanto no passado quanto no
presente às classes dominantes” (SANTOS, 2003, p. 52).


               A Cultura Erudita é vista como intelectual, ”fina”, superior e elitizada,
composta pela sociedade dominante, que tem o capital, a industria cultural, a mídia,
sendo eficaz influenciadora na cultura de massa, ou seja a detentora do poder.
Associada ao conhecimento científico a cultura dominante como referido, dita o
popular. É interessante discutirmos mais sobre essa idéia a partir de alguns autores
que estudam essa temática. Santos (2003) ressalta que:


                       É a própria elite cultural da sociedade, participante de suas
                       instituições dominantes, que desenvolve a concepção de cultura
                       popular. Esta é assim duplamente produzida pelo conhecimento
                       dominante. Por um lado porque, na formação de seu próprio universo
                       de legitimidade, muitas manifestações culturais são deixadas de fora.
                       Por outro lado porque é o conhecimento dominante que decide o que
                       é cultura popular. (p. 51)



         É entender que, em sua maioria falar do que é cultura do povo, não irá sair
dele e sim de um grupo de pessoas que já detêm se não for o poder aquisitivo (a
elite), é leitura e a escrita, na mais completa forma o letramento, decidindo assim, o
que é de fato Erudito e o iremos aceitar como Cultura Popular. Silva (2008) nos
afirma que “no Brasil a idéia de Cultura (pelo menos a denominada “cultura de
verdade” ou a “alta cultura”) remete para um conjunto de bens materiais e imateriais
possível de ser apropriado e elaborado por uma minoria, uma elite endinheirada”
(p.7).



         A complexidade desse tema reflete até nas universidades, que constroem,
registram ou se omitem através de suas pesquisas realizadas sobre o saber popular,
pois, trazem o seu olhar, que já está enraizado com ranços da “colonização” em nós,
legitimada pelos poderosos de nossa sociedade, portanto, ao escreverem acabam
priorizando uma cultura ou uma determinada manifestação, não abrangendo assim,
a imensidão de culturas que há em cada território.
33




                       A manutenção dessa polarização é uma atitude política, pois a
                       reversão dessa idéia passa pela transformação das relações sociais
                       e das desigualdades entre as classes sociais. O conhecimento de
                       determinada cultura possibilita os instrumentos necessários para sua
                       dominação, disso, o poder constituído preocupa-se em definir, em
                       entender, em controlar e em infiltrar na cultura os seus próprios
                       interesses (MICCHELINI, 2007, p. s/p).



        É interessante entendermos que a música esta diretamente ligada a essa
construção histórica cultural, sendo influenciada também pela classe dominante, que
a divide em música erudita e música popular. Então, música é cultura, pois expressa
sentimentos, que perpassa nas inter-relações sociais, podemos dizer que é
comunicação. Portanto:




                       Destaca-se como fator determinante para a constituição de
                       singularidades que dão forma e sentido a práticas culturais dos mais
                       variados contextos. As performances musicais, em suas múltiplas
                       expressões, representam fenômenos significativos nas expressões,
                       representam fenômenos significativos nas configurações de distintos
                       grupos e/ou contextos étnicos, estando presente em manifestações
                       diversas dos indivíduos em sua vida cotidiana (QUEIROZ, 2005,
                       p.51).


        Reproduzimos o que significamos e vivenciamos no cotidiano dependendo do
seu local de origem, e o mesmo acontece com a cultura da música. “Homens de
culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto têm visões desencontradas das
coisas” (LARAIA, 2009, p.67).


        Lembremo-nos que a cultura popular não deveria se remeter somente a
população pobre, pois muitas vezes a cultura de um povo é abarcada por todas as
classes sociais. Nesse momento percebemos que “não há também fronteiras rígidas
entre a cultura popular e erudita: elas se comunicam permanentemente” (SILVA,
2008,    p.24).   É   nivelando   conhecimentos,     respeitando    culturas,   pensando
igualitariamente, que poderemos fazer de nossas crianças seres livre, multicultural,
multiétinico, multiracial, poderíamos dizer humanos.
34



      Vejamos a relevância de trabalhar nossa cultura, pois, mesmo tendo o mesmo
ritmo, harmonia, letra, a melodia irá variar de acordo com seus significados.
Podemos morar na mesma cidade e cantarmos a mesma música de forma diferente,
e isto está muito presente nas cantigas de roda, por ser uma tradição oral, passada
de geração em geração, no qual cada comunidade traz em sua raiz sua maneira de
cantar, ou seja, suas especificidades.


                     Nossa riqueza musical não obedece à lógica dos mapas geográficos.
                     A diversidade é a essência da nossa produção musical, reflexo de
                     um processo de formação intercultural e que hoje representa a mais
                     completa tradução das características étnicas de cada região do
                     país, conjugando diferentes cantos, ritmos e sons (MURRAY apud in
                     SILVA, 2008, p.106).



      Somos produtos de nossas vivências, por isso respiramos e construímos a
todo momento nossa cultura popular, também através de nossas músicas, que de
fato se confirma na cultura do povo, na forma de expressão de sentimentos que
permeiam o nosso meio social, nesse contexto a musica é vista como fenômeno
cultural. Dessa maneira, Merriam (1964) citado por Queiroz (2005) destaca que “A
música como fenômeno cultural constitui uma das mais ricas e significativas
expressões do homem, sendo produto das vivências, das crenças, dos valores e dos
significados que permeiam a vida” (p.52)




      Diante dessa explanação sobre cultura e música que estão interligadas,
compreendemos que a escola faz parte desse contexto cultural musical, de modo a
estar presente nos corredores, nas conversas em sala, no cotidiano. Então,
devemos utilizar desse propicio ambiente para quebrar paradigmas musicais e
culturais entre erudito e popular, abrangendo a vida de toda uma sociedade, das
raízes dessa sociedade, aprendendo o respeito às culturas.


                     Enfim, é preciso recusar a hierarquização das expressões culturais e
                     sua articulação em culturas subalternas e culturas dominantes. É
                     necessário uma outra visão do processo cultural como um todo, mas
                     também da educação e da escola (SILVA, 2008, p.9).
35



      Precisamos ver a escola como local propício a trocas de aprendizados em
culturas, e principalmente como legitimador, valorizador no reconhecimento de
identidades. Identidades essas que trazem em sua história músicas folclóricas, como
as cantigas de roda, que se perdem no universo da industria cultural, formando
crianças cada vez mais distantes de suas raízes, podemos concluir que delas
mesma.




2.4.1.1 Cantigas de Roda: Ramificações da Cultura Popular


      As Cantigas de Roda ou Cantigas Infantis foram trazidas pelos portugueses
para o Brasil, eram brincadeiras típicas de meninas, que durante muitos anos foram
as principais brincadeiras das crianças, Essas:


                     (...) manifestações musicais rurais populares ou folclóricas no Brasil
                     aparecem, segundo Schurman(1989) um outro exemplo de
                     expressão de emoções, uma vez que música interrelaciona
                     atividades de subsistência concepções religiosas vigentes. As
                     manifestações musicais daí derivados associa-se, segundo o autor,
                     ora as práticas rituais, ora a atividades de contar estórias (como os
                     contadores nordestinos) (FREIRE, 1992, p.91).



      Destacamos a importância do resgate do prestígio da cultura das Cantigas de
Roda, pois, é uma tradição oral popular que perpassa as gerações, fazendo parte
também do nosso folclore, e sua ausência promoverá um empobrecimento cultural.
Segundo Moura (1996):


                     O cancioneiro folclórico infantil de nossa terra é de grande riqueza
                     rítmica e melódica, devendo ser largamente explorado na
                     musicalização. Ao cantar melodias pertencentes ao folclore, a
                     criança assimila e, consequentemente, preserva expressões vitais da
                     cultura de seu povo (p.10).



      Martins (2003) vem nos afirmar que as Cantigas podem em sua utilização ir
formando o homem em sua integralidade , pois, “as Cantigas de Roda são poesias e
poemas cantados em que a linguagem verbal (o texto), a música (o som), a
36



coreografia (o movimento) e o jogo cênico (a representação) se fundem numa única
atividade lúdica”. Elas são ricas em significação para o crescimento infantil como
símbolos e os signos, pois, utiliza-se também dos movimentos além das palavras.
Segundo Merriam:




                         (...) quase não há duvidas de que a música funciona em todas as
                         sociedades como uma representação simbólica de outras coisas,
                         idéias e comportamentos.(...) pode ser considerada nestes quatro
                         níveis: significação ou simbolização existente nos textos de canções;
                         representação simbólica de significados efetivos ou culturais;
                         representação de outros comportamentos e valores culturais;
                         simbolismo profundo de princípios universais. (MERRIAM, 1964,
                         p.258 apud FREIRE, 1992, p.21-22).



      Essas significações promovem uma aprendizagem mais proveitosa, dinâmica,
podendo    ser   vista     e   trabalhada    de   forma    interdisciplinar   pelo   docente,
reconhecendo-se como mediador e valorizador de culturas dentro do processo
educativo, propondo situações de ensino e aprendizagem, para que as crianças
possam edificar conhecimentos sobre a música e em especial sobre o nosso folclore
que é repleto de brincadeiras e cantigas, enfatizando que:



                         O folclore pode trazer à música erudita suas experiências de contato
                         com o cotidiano: expressões de uma sensibilidade às voltas com as
                         alegrias dificuldades familiares, emoções e pensamentos que se
                         enraízam num real vivido etc. Pelo que é expresso, pela maneira
                         exprimi-lo chegamos ao acessível, isto é, a uma base comum onde
                         muitos vão se reconhecer, um laço estabelece-se, assim, entre os
                         ouvintes (SNYDERS, 1997, p.168).



      Analisando que a presença da música na educação pode estimular as
diversas habilidades do indivíduo na sua inserção na sociedade, pois, ajuda no seu
desenvolvimento a se guiar e se reconhecer no ambiente. Lembrando que hoje, ela
é utilizada em múltiplos aspectos por nos proporcionar, ao ouvi-la, as mais diversas
emoções, nos dando sensações de tranqüilidade, alegria, tristeza, entre diversas
outras, sendo trabalhada em terapias, ensinos, inclusão de crianças portadoras de
deficiências, favorecendo assim a desinibição e envolvimento social.
37




      Nas brincadeiras, as cantigas de Roda que faziam parte do dia-a-dia das
crianças, deixaram de ser reproduzidas perdendo, espaço para nos meios de
comunicação e para jogos mais atualizados, desaparecendo esses significativos
momentos de interação construção de aprendizagem com o outro. Afirma Howard
(1984):


                    Acredito que o velho costume de contar histórias de fadas e cantar
                    para às crianças, que se perdeu em nossa época, era excelente: o
                    somente despertar sua curiosidade, sua alegria, seu entusiasmo tudo
                    aquilo que fosse impressão sensorial pura, pelos sons e pelos
                    timbres (p.28).




      Essa Cultura Popular, mantém sua longevidade através da oralidade,
emanada do povo, das vivencias, das representações sociais que a sociedade nos
apresenta, sendo representada por danças, cantigas e ritos. Por isso, a necessidade
de preservação dessa cultura, das mais variadas formas de cultura, do incentivo à
aceitação da identidade local, não a valorização e imposição subliminar da cultura
midiática
38



                                  CAPITULO III



3. CAMINHOS METODOLÓGICOS TRILHADOS


      A metodologia é o segmento pelo qual, podemos atingir a um determinado
alvo, de forma a tentar abranger todas as hipóteses possíveis, para uma melhor
interpretação de determinado objetivo. Como nos mostra Garcia (2003):


                    A metodologia de pesquisa é completamente interessada nos
                    processos que buscam, simplesmente, mudar o mundo. Indagando
                    os processos permanente produzidos nas relações sociais para
                    ofuscar e ocultar as múltiplas dimensões da realidade e do ser
                    humano, a pesquisa amplifica as possibilidades de interpretação e
                    compreensão do cotidiano e vai encontrando meios para melhor
                    compreender a complexidade humana (p.128).



      Dessa forma, nota-se a importância da metodologia em pesquisa, e do
pesquisador como modificador de relações sociais, que se efetiva através de uma
boa pesquisa, caracterizando numa metodologia significativa. Como nos traz Demo
(1991) “por qualidade científica entendemos predominantemente a perfeição
metodológica, o domínio dos instrumentos teóricos e experimentais, o traquejo em
técnicas de coleta e mensuração de dados”, (p.17).



      A pesquisa é um estudo meticuloso, que requer uma finalidade, uma
curiosidade, que parte do pesquisador diante da realidade que lhe inquieta. E para
compreendermos como se realiza uma pesquisa:


                    É preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as
                    informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento
                    teórico acumulado a respeito dele. Em geral isso se faz a partir do
                    estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta o interesse
                    do pesquisador e limita sua atividade de pesquisa a uma
                    determinada porção do saber, a qual ele se compromete a construir
                    naquele momento (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.1-2).
39



      A pesquisa será de cunho qualitativo que segundo Bogdam e Biklem (1982
apud LUDKE; ANDRÉ, 1986): “envolve a obtenção dos dados descritivos, obtidos no
contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do
que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. (p.29).


      A pesquisa qualitativa diferente da quantitativa, busca utilizar-se do ambiente
natural para como obtenção de dados para a pesquisa e o pesquisador como
instrumento. André (1995) a distingue quando afirma que:


                     Qualitativa porque se contrapõe ao esquema quantitativista de
                     pesquisa (que divide a realidade em unidades passíveis de
                     mensuração, estudando-as isoladamente), defendendo uma visão
                     holística dos fenômenos, isto é, que leve em conta todos os
                     componentes de uma situação em suas interações e influências
                     recíprocas (p.17).



      Ou seja, buscando respeitar o contexto social do sujeito, suas emoções e
vivências, descartando o método cartesiano na pesquisa em educação. Pois, são
várias as vantagens da utilização de dados qualitativos, podemos “apontar que eles
permitem apreender o caráter complexo e multidimensional dos fenômenos em sua
manifestação natural” (TIKUNOFF ; WARD, 1980 apud ANDRÉ, 1983, p.66).




3.1 LÓCUS


      O lócus de pesquisa escolhido foi a Escola Municipal FUNDAME - Fundação
de apoio a Criança e ao Adolescente, está situado na Rua 02, Quadra B, nº. 49,
Casas Populares e essa Fundação de apoio a Criança e ao Adolescente tem caráter
filantrópico com formação cristã evangélica, sem fins lucrativos, sendo seu objetivo,
promover assistência social, educacional e religiosa às crianças e aos adolescentes
menos favorecidos da cidade de Senhor do Bonfim.


      A escola foi escolhida por conta de sua clientela, ou seja, por atender
crianças da Educação Infantil da classe popular, que estão mais alheias a
diversidade musical e em sua maioria distante da música de qualidade, visando
40



assim contribuir para a educação de forma direta ou indireta em meu bairro, na
valorização da boa música e do prestigio das Cantigas de Roda.




3.2 SUJEITOS DA PESQUISA


      Os sujeitos da pesquisa foram 3 (três) grupos: dos alunos que foram vinte
(20) discentes do 1º período da Educação Infantil, com faixa etária de 3 a 5 anos e
dos pais, no qual são provindos do contexto social referente à classe popular, onde
a música escutada e trazida ao âmbito escolar resume-se a escutas de baixa
qualidade e desvalorização do sujeito. Essas crianças fazem duas refeições no
âmbito escolar pelo horário matutino: o café da manhã e o almoço por muitas delas
não terem essa alimentação saudável em suas casas. E da pesquisadora, que traz
consigo uma experiência em música e em ensino com cantigas de roda na educação
infantil, sendo a professora dos discentes pesquisados e lidando diretamente com os
pais deles.




3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS


      Somente através dos instrumentos utilizados em pesquisas que podemos
compreender ou responder inquietações, utilizando das respostas para ajudar de
forma direta ou indiretamente na vida da sociedade, fazendo com que ocorra
pequenas mudanças, que faz-se possível através do pesquisador. Que segundo
André (1995) “o pesquisador é instrumento principal na coleta e na análise dos
dados” (p.28).


      Utilizamos como instrumento de investigação a observação participante, o
diário de bordo contendo a experiência diária com a turma (utilizando das cantigas
de roda), conversas com os pais e familiares e experiência em outras turmas (sem
cantigas de roda), a entrevista semi-estruturada e mapas mentais.
41




3.3.1 Observação participante ou etnográfica


       Ressaltamos a importância das visitas exploratórias e observações, pois, com
elas podemos perceber as necessidades visíveis e ter uma aproximação maior com
os sujeitos pesquisados. Como afirma Barros e Lehfeld (2000):


                      Observar é aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele
                      adquirir um conhecimento claro e preciso. É um procedimento
                      investigativo de suma importância na Ciência, pois é através dele
                      que se inicia todo estudo dos problemas (p.61).



       A observação participante o pesquisador ele vivencia, participa e interage do
ambiente pesquisado, ou seja, “consiste na participação real do pesquisador com a
comunidade ou grupo” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.194), complementando
André(1995) afirma que “a observação é chamada de participante porque parte do
principio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação
estudada, afetando-a e sendo por ela afetada” (p.28)




       Foi escolhida como instrumento de coleta a observação participante ou
etnográfica por a pesquisadora estar em contato direto com o sujeito e ser sujeito na
pesquisa. Trazendo através as suas percepções, vivências, estudos e práticas
realizadas em música, para o ambiente pesquisado com duração de um ano. Como
afirma Fiorentini (2006):


                      A observação participante é uma estratégia que envolve não só a
                      observação direta, mas todo um conjunto de técnicas metodológicas
                      (incluindo entrevistas, consulta a materiais etc.), pressupondo um
                      grande envolvimento do pesquisador na situação estudada (p.108).



       Logo, sendo a professora dos pesquisados fazia-se necessário refletir a
prática em sala, tendo o cuidado de analisá-los enquanto sujeito sendo fiel ao
observado, e através do trabalho realizado perceber e compreender que ha uma
influencia no intuito de tentar modificar o quadro encontrado, pois, a pesquisa é
reflexo da efetivação da proposta apresentada e é neste momento que me constituo
42



sujeito da pesquisa.



      É relevante discorrer sobre a etnografia que se fundi na pesquisa aqui
realizada, que tem como instrumento essencial a observação participante ou
etnográfica. Como ressalva André (1995) os etnógrafos que tem como foco de
interesse a “descrição da cultura (práticas, hábitos, crenças valores, linguagens,
significados) de um grupo social, a preocupação central dos estudiosos da educação
é com o processo educativo” ( p.28).



      A etnografia busca compreender o contexto do sujeito como um todo,
respeitando, observando e vivenciando a realidade, coletando assim, ao máximo as
informações obtidas. Como relata Geertz (2008): “(...) praticar a etnografia é
estabelecer   relações,   selecionar   informantes,   transcrever   textos,   levantar
genealogias, mapear campos, manter um diário, e assim por diante” (p.4).



      Na busca de compreender o objeto estudado conectado através dessa rede
complexa de informações a etnografia tem por objetivo, como afirma Geertz (2008)
“é tirar grandes conclusões a partir de fatos pequenos, mas densamente
entrelaçados; apoiar amplas afirmativas sobre o papel da cultura na construção da
vida coletiva empenhando-as exatamente em especificações complexas” (p. 19- 20).



      Essa junção da Observação diretamente ligada com a etnografia vem
enriquecer as mais diversas formas de fazer pesquisa, sendo de grande relevância,
pois o observador e o observado ao interagir facilitam o entendimento do significado
que os sujeitos dão à realidade. Para Mann (1979, p.96), “a observação participante
é uma tentativa de colocar o observador e o observado do mesmo lado, tornando-se
o observador um membro do grupo de modo a vivenciar o que eles vivenciam e
trabalhar dentro do sistema de referência deles” (apud FIORENTINI, 2006, p.194).
43




3.3.2 Entrevista semi-estruturada


      A entrevista nos possibilitou compreendermos e alcançarmos às respostas de
nossas indagações. Pois, como nos afirma Ludke e André (1986) “a grande
vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata
e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e
sobre os mais variados tópicos” (p.34).



      Possibilitando-nos uma interação maior com o indivíduo, tendo assim uma
visão mais ampla do objeto a ser pesquisado, pois o entrevistador tem a
oportunidade de perceber expressões faciais e corporais, entonações diferenciadas
nas falas e gestos, facilitando na elaboração da análise dos dados. Logo, notamos
que “a entrevista possibilita registrar, além disso, observações sobre aparência, o
comportamento e as atitudes do entrevistado. Daí sua vantagem sobre o
questionário” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 52).


      Escolhemos a entrevista semi-estruturada que por sua vez também utiliza de
um roteiro de perguntas, mas, permiti uma flexibilidade no momento em que
acontece a entrevista com o sujeito. Ludke e André (1986) nos mostra que a
entrevista semi-estruturada, se desenrola a partir de um esquema básico, porém não
aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias
adaptações (p.34). Com isso, o entrevistador precisa estar atento a algumas
questões para que a entrevista seja bem sucedida. Então:


                     O entrevistador deve manter-se na escuta ativa e com a atenção
                     receptiva a todas as informações prestadas, intervindo com discretas
                     interrogações de conteúdo ou com sugestões que estimulem a
                     expressão mais circunstanciada de questões que interessem à
                     pesquisa. A atitude disponível à comunicação, a confiança manifesta
                     nas formas e escolhas de um diálogo descontraído devem deixar o
                     informante inteiramente livre para exprimir-se sem receios, falar sem
                     constando-os no contexto em que ocorrem (CHIZZOTTI, 1991, p.93
                     apud FIORENTINI, 2006, p.122).



      O entrevistador tem por finalidade deixar o entrevistado acomodado para que
44



possa se expressar de maneira espontânea, sem medo de ser criticado, servindo
assim, como técnica de obtenção eficaz de dados para a pesquisa. Então, para a
realização das entrevistas com os alunos, foi necessário que acontecesse
individualmente, deixando-os mais à vontade no intuito de propiciar no ambiente
uma entrevista espontânea e eficaz.




3.3.3 Diário de campo ou de bordo


       O diário de campo ou de bordo como é chamado por alguns autores é um
instrumento de coleta de dados muito rico para a pesquisa, pois, são anotações da
percepção do pesquisador ao objeto e ao contexto de vivência do pesquisado. Como
afirma Fiorentini (2006):



                      Um dos instrumentos mais ricos de coleta de informações durante o
                      trabalho de campo é o diário de bordo. É nele que o pesquisador
                      registra observações de fenômenos faz descrições de pessoas e
                      cenários, descreve episódios ou retrata diálogos. Quanto mais
                      próximo do momento da observação for feito o registro maior será a
                      acuidade da informação (p.118 e 119).



       Por isso, no diário “deverão ser registradas com exatidão e muito cuidado as
observações, percepções, vivências e experiências obtidas na pesquisa” (BARROS;
LEHFELD, 2000, p.89). O diário pode ter duas perspectivas, uma descritiva e outra
interpretativa. A primeira utiliza-se da descrição e a segunda de toda a
contextualização envolvida do sujeito pesquisado. Fiorentini (2006) define as duas
perspectivas de maneira distinta e bem perspicaz:


                      A perspectiva descritiva atém-se à descrição de tarefas e atividades,
                      de eventos, de diálogos, de gestos e atitudes, de procedimentos
                      didáticos, do ambiente e da dinâmica da prática, do próprio
                      comportamento do observador etc. A perspectiva interpretativa, por
                      sua vez, tenta olhar para a escola e a sala de aula como espaços
                      socioculturais produzidos por seres humanos concretos, isto é, por
                      sujeitos que participaram da trama social com seus sentimentos,
                      idéias, sonhos, decepções, intuições, experiências, reflexões e
                      relações interpessoais (p.119-120).
45




      E o autor vem finalizando a importância de mesclarmos as formas de
utilização das duas perspectivas ao escrever no diário na busca do equilíbrio. Então,
“para que o diário não seja meramente técnico ou muito genérico e superficial,
recomenda-se    que   busque    contemplar     de   forma   equilibrada   essas   duas
perspectivas” (FIORENTINI, 2006, p.119- 120).


      É importante registrar tudo o que se for observado, como impressões, falas,
considerações, e até expressões faciais e corporais, sempre contextualizando para
que seja de fácil compreensão quando o diário for lido, de qual foi o momento e
reações dos pesquisados. Essas “situações e outras ocorrências durante o trabalho
de campo sirvam para melhor contextualizar dados levantados e ajudar a reconstruir
os fatos observados” (BARROS; LEHFELD, 2000, p.89).




3.3.4 Mapas mentais


      Mapas mentais são representações espaciais que os indivíduos têm do
contexto em que estão inseridos, que podem estar em sua mente de forma implícita
ou explicita. E, “o mapa mental permitirá a afloração e a identificação de coisas
(percepções) que o lado esquerdo do cérebro, responsável pela racionalidade e a
lógica, normalmente bloqueia” (GÓES, 2009, p.251).


      As representações sociais que temos estão diretamente ligadas as nossas
relações do cotidiano, nossa maneira de ver a vida e nossas formações. Fischer
(1964, p.82) confirma esse ponto de vista do pesquisador “interessado em identificar
no mapa que o indivíduo tem em sua cabeça a relação que ele estabelece entre os
dados físicos do ambiente e sua importância para ele” (apud ANADÓN; MACHADO,
2003, p.66).


      E são por vias dessas representações que são criados nossos mapas
mentais que “estabelecem uma variedade significativa das compreensões de cada
indivíduo, que poderão ser representadas nos grafismos, desenhos, pequenos
textos entre outros” (ALMEIDA, 2006, p. 36).
46




      Aplicamos os mapas mentais em alunos com idades entre 3 a 5 anos,
cursando o 1º período da Educação Infantil. As crianças foram colocadas sentadas
no ambiente cotidiano de sua sala, com um som ambiente, então, pedimos que
desenhassem em uma folha de papel oficio eles cantando e em outra em outro
momento, como eles ficariam se a gente não cantasse mais na salinha.
47



                                  CAPITULO IV


4. ANALISANDO AS ENTRELINHAS DO CAMINHO



      Apresentaremos neste capitulo os resultados obtidos nesta pesquisa que teve
como objetivo analisar a presença das Cantigas de roda no universo musical das
crianças, compreendendo o impacto da mesma na aprendizagem dos alunos.
Portanto, ressaltamos na nossa análise e interpretação de dados, ao qual tivemos
como fonte: a observação participante, entrevista semi-estruturada, diário de bordo e
os mapas mentais.



      Optamos por analisar e interpretar os dados coletados seguindo os seguintes
pressupostos: da utilização da associação entre o que visualizamos no decorrer da
observação participante, das anotações feitas no diário de bordo, nas entrevistas
feitas com as crianças e conversas com pais e crianças no cotidiano e leituras
realizadas a partir dos mapas mentais.



      Estabelecemos três categorias, que nos possibilitaram compreender nossas
inquietações, distanciamentos e aproximações existentes nas informações obtidas.
Ressaltamos ainda, que todas as nossas interpretações foram norteadas por nosso
quadro teórico, sem nos afastar dos objetivos traçados.


      Destacamos que essa pesquisa foi analisada a partir de três grupos de
sujeitos, a qual nos possibilitou chegarmos às conclusões relatadas na pesquisa.
Esses grupos sujeitos foram: os pais, os alunos e a pesquisadora que traz consigo
uma experiência em música, na qual influenciou em suas percepções e
interpretações dos dados na referida pesquisa.


      Para uma melhor compreensão apresentamos três categorias que surgiram
no decorrer da nossa pesquisa, foram: o olhar da pesquisadora enquanto educadora
nesse caminho percorrido, o impacto da música no desenvolvimento cultural na
Educação Infantil e a influência da música no cotidiano das crianças. Optamos em
48



representar as crianças com nomes de cantigas de roda entre parênteses e o os
pais e irmãos pelas siglas P1, P2, P3, P4... assim, sucessivamente.


4.1 O OLHAR ENQUANTO EDUCADORA NESSE CAMINHO PERCORRIDO



      Refletir impactos da música em sala foi fascinante e complexo, pois,
compreendemos o quanto é desafiante interpretar silêncios, expressões faciais,
corporais e desenhos através de mapas mentais. Para isso, utilizamos o diário de
bordo onde relatamos o cotidiano das crianças no ambiente escolar e fora dele,
através dos pais. Achamos de suma importância relatar resultados de experiências
anteriores em Educação Infantil para uma melhor compreensão de como resultaram
(cheguei) nessas reflexões. Como ressalta Freire(1996):



                     Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que
                     fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino
                     continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque
                     busco, porque indaguei, porque e me indago. Pesquiso para
                     conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
                     novidade (p.29).



      Consideramos, portanto, a significativa relevância de fazer uma breve análise
das atividades como docente durante o período de realização da pesquisa
ensinando na Educação Infantil, com a música e em especial as Cantigas de Roda.
Pois, todo o meu conhecimento adquirido foi no decorrer das experiências em
música, no cotidiano em sala e no meio acadêmico, é fator preponderante para
minhas leituras e interpretações dessa pesquisa. Como afirma Snyders (1997)
“nosso cotidiano, em matéria de gostos, necessidades e valores, não se reduz ao
estéril, ao manipulável do exterior, mas já possui as marcas da importância e da
significação sob a forma do pressentimento, da espera” (p. 17). Mostrando-nos que,
somos frutos das experiências e do meio em que vivemos, ou seja, dos estímulos da
sociedade.



      É interessante ressaltar a minha primeira experiência sem a utilização das
49



cantigas de roda, pois, senti diversas dificuldades em trabalhar com crianças
inquietas, ativas, de fácil dispersão e algumas bastante agressivas, como
normalmente encontramos em nossas escolas, necessitando de um domínio maior
em sala e por serem crianças, naturalmente se solicita uma diferenciada
metodologia. Como declara Kramer (2001):



                      (...) reconhecer que as crianças são diferentes e têm especificidades,
                      não só por pertencerem a classes diversas ou por estarem em
                      momentos diversos em termos do desenvolvimento psicológico.
                      Também os hábitos, costumes e valores presentes na sua família e
                      na localidade mais próxima interferem na sua percepção do mundo e
                      na sua inserção (p. 22).



       Hoje percebo que poderia ter atuado e transformado algumas realidades, não
acuso a ausência das cantigas de roda como fator predominante para que isso
viesse a ocorrer e sim a sua utilização como metodologia para que eu pudesse
tentar intervir no quadro encontrado, acreditando que seria uma maneira eficaz para
que a aula flui-se.




       O segundo momento em que me deparei com uma sala do infantil foi uma
proposta na grade do curso da Universidade, um estágio de regência numa sala de
1º período. No primeiro dia de observação, surgiu a necessidade de ficar com as
crianças sozinha naquela sala super lotada, a forma que encontrei de acalmar e
diverti-las foi exatamente através das Cantigas de Roda, então me propus a utilizá-
las para embasar com mais eficácia meus dias em sala.




       Foram dias desafiadores, pois, os momentos que melhor interagíamos eram
quando estávamos em contato com a música, então aproveitei dessa condição para
cantando explicar as regras de momentos escolares determinados como lavar as
mãos, ficar na rodinha, fazer fila e merendar, tudo com muita música. E, como afirma
Jannibelli (1971) a música:
50



                     (...) se destaca como sendo o setor da educação que estimula, de
                     maneira especial, o impulso vital e as mais importantes atividades
                     psíquicas humanas: a inteligência, a vontade, a imaginação criadora
                     e, principalmente, a sensibilidade e o amor. Nisto está sua
                     peculiaridade, pois reúne harmoniosamente, com conhecimentos,
                     sensibilidade e ação (p. 21).



      No decorrer das experiências vou me aprimorando e acredito que já é notório
como a música sensibiliza as crianças, criando assim um propício local para nos
aproximarmos, utilizando através das canções para trabalhar todas as matérias
propostas (português, matemática, ciências sociais e ciências naturais).



      Mas, é indispensável perpassar esses momentos determinados, como a
chegada, hora do lanche, fazerem silêncio ou a saída. No intuito de valorização da
cultura das cantigas de roda, para isso, utilizei de momentos de brincadeiras de
roda, também levei a flauta transversal (instrumento o qual toco constantemente) e
toquei diversas cantigas para eles, o ensino a apreciação musical, a sensibilização
auditiva, motora e desenvolvimento na dicção, acreditando que assim, posso ser
contribuidora na educação através da música, estando consciente que:



                     A música pode produzir muitos efeitos, melhor as condições de vida,
                     desenvolver a sociabilidade, mas o maior ganho que proporciona aos
                     praticantes é torná-los sensíveis aos sons, capazes de lidar com eles
                     de forma efetiva e criativa e permitir que desfrutem da imensa alegria
                     de fazer música (BASTIAN, 2009, p.10).



      O momento de maior interação em sala de aula, com aquelas crianças de 1º
período, acontecia quando cantamos a música da Chapeuzinho Vermelho, uma das
que eles mais gostavam, pois imitávamos as vozes e participavam ativamente na
história, logo, víamos e sentíamos o ambiente se contagiar de tanta alegria,
propiciando introduzir assuntos com cartazes coloridos, desenhos e materiais
concretos,   trabalhávamos    as   músicas,    sendo    uma     maneira    de    aprender
prazerosamente, pois, como criança e música é movimento ambos se completam.
Apreendendo que essencialmente:
O encanto da música nas cantigas de roda
O encanto da música nas cantigas de roda
O encanto da música nas cantigas de roda
O encanto da música nas cantigas de roda
O encanto da música nas cantigas de roda
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  • 1. UNEB- UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃOCAMPUS VII SENHOR DO BONFIM PEDAGOGIA 2007.1 O ENCANTO DA MUSICA NAS CANTIGAS DE RODA - APRENDIZAGENS ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ELISA GOMES DA PAIXÃO Senhor do Bonfim- BA Março - 2011
  • 2. ELISA GOMES DA PAIXÃO O ENCANTO DA MUSICA NAS CANTIGAS DE RODA - APRENDIZAGENS ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho monográfico apresentado como pré- requisito de Licenciatura Plena em Pedagogia Docência e Gestão de Processos Educativos pelo Departamento de Educação campus VII- Senhor do Bonfim. Orientadora: Profª MS.c Maria Elizabeth Souza Gonçalves Senhor do Bonfim- BA Março - 2011
  • 3. ELISA GOMES DA PAIXÃO O ENCANTO DA MUSICA NAS CANTIGAS DE RODA - APRENDIZAGENS ATRAVÉS DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Orientadora _______________________________________________ Profª MS.c Maria Elizabeth Souza Gonçalves Banca Examinadora ______________________________________ Profº Esp. Pascoal Eron Santos de Souza ______________________________________ Profª Ms.c Simone Ferreira de S. Wanderley Senhor do Bonfim- BA Março - 2011
  • 4. Dedico esta pesquisa monográfica a Deus e aos meus pais Edvaldo (in memoriam) e Maria Margarida Paixão, que com imenso amor e muito zelo me educaram para alcançar vitórias no cotidiano.
  • 5. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que me conduziu a mais uma grande vitória dentre tantas em minha vida, sempre me relembrando da nossa aliança e do significado o qual em meu nome carrego de consagrada a Deus. . A UNEB minha amada Instituição no qual agradeço por ter oferecido o curso de Pedagogia em Senhor do Bonfim. E a todos os funcionários que me ajudaram no decorrer desses quatro anos na Universidade. Á todos os professores que passaram em minha vida acadêmica o qual muito contribuíram para minhas significativas aprendizagens. Em especial aos professores, Pascoal Eron, Lilian Teixeira, Maísa Antunes, Elizabeth Gonçalves e Simone Wanderly pela paciência, orientações e incentivo a estar sempre avançando em busca das minhas aspirações tornando possível a conclusão desta monografia. A professora e orientadora Maria Elizabeth Gonçalves por sua dedicação, apoio e inspiração no amadurecimento dos meus conhecimentos e conceitos que me levaram a execução e conclusão desta monografia, agradeço de todo coração. A minha mãe Maria Margarida, meu baluarte, que esteve comigo a todo momento cuidando para que me torna-se a pessoa que hoje sou. A meu pai Edvaldo Paixão (in memoriam) pelo seu imenso amor, pela sua presença que sempre foi tão constante em minha vida, como é difícil sem você. A minha querida irmã Isabela, que sempre está comigo, cuidando de mim, me ajudando e muitas vezes adivinhando minhas vontades. A toda minha família em especial minha vó Maria, as minhas tias e tios tão queridos e aos meus primos os quais amo muito, que com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Em especial a minha equipe Lenira, cujo os componentes são: Luci Cláudia (Luci), Maria Aparecida (Cida), Lenira (Lê), Daniela (Dani), Josiane (Josi), amigas que fizeram a faculdade fazer sentido para mim, por me proporcionarem grandes
  • 6. momentos e aprendizagens, desejo que em nossas vidas sempre possa permanecer essa alegria que temos quando estamos juntas. A todos os meus colegas de sala que juntos construímos nossa vida acadêmica de grandes aprendizados. Há, não poderia esquecer de seu Reinaldo, das minha amigas da Fundame, todas as pessoas que me deram carona nesta jornada de grandes aventuras e por fim, a todos e a todas que diretamente ou indiretamente me ajudaram nessa caminhada, diminuindo o peso do meu dia-a-dia. Aos meus amigos e amigas, que sempre estiveram comigo mesmo que fosse em telepatia, e em especial, a minha irmã/amiga Luana que desde sempre esteve presente em minha vida me apoiando e me ajudando nesta longa caminhada. Aos meus amigos e amigas de música da filarmônica, banda Didá, Orquestra da Saudade, banda Luz Divina, Ministério de Música Promessa e todos que passaram em minha vida preenchendo minha vida com muita música, onde juntos construímos aprendizados valorosos sobre a música, sua importância em minha vida e na sociedade.
  • 7. O Momento que vivemos é, de vários pontos de vista, único. [...] Mas único, ainda, porque acreditamos que “música” representa tanto uma dimensão sensível fundamental do ser humano quanto um importante patamar, onde não meramente se assenta, mas sobre o qual se desenvolve uma legítima cultura. kater
  • 8. RESUMO O presente trabalho monográfico traz algumas reflexões sobre as aprendizagens da música através das cantigas de roda na Educação Infantil, buscando compreender qual o impacto das cantigas de roda na aprendizagem dos alunos e sua presença no universo musical das crianças, objetivando: Analisar o impacto das Cantigas de Roda na aprendizagem dos alunos; Analisar a presença das Cantigas de roda no universo musical das crianças, acreditando que a música propicia uma amplitude de aspectos benéficos colaborando para a formação da personalidade do indivíduo. A pesquisa teve como metodologia a pesquisa qualitativa, onde foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a observação participante ou etnográfica, entrevista semi-estruturada, diário de bordo e mapas mentais. Utilizamos como suporte teórico autores que por muito tempo estão engajados na construção dos referenciais fundantes na proposta de música na escola como: André(1995), Bastian(2009), Candé(1981), Camargo(1994), Faria(2001), Freire(1992), Gainza(1988), Howard(1984), Jannibelli(1971), Martins(1995), Penteado(2005), Queiroz(2005), Silva(2008), Snyders(1997) e Uriarte(2005). Dessa maneira, a pesquisa foi desenvolvida a partir de três (3) grupos de sujeitos: os alunos, os pais e a professora que também é a pesquisadora. Os resultados apontam eficácia na contribuição para processo de ensino e aprendizagem, valorização ao prestígio das Cantigas de Roda, sensibilização na percepção e favorecimento a desinibição e integração social. Palavras-chave: Música. Educação musical. Indústria Cultural. Cultura.
  • 9. LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: VÍNCULO PROFESSOR X ALUNO ...........................................54 FIGURA 02: VÍNCULO PROFESSOR X ALUNO............................................54 FIGURA 03: EU CANTANDO..........................................................................66 FIGURA 04: MINHA SALA SEM MÚSICA......................................................66 FIGURA 05: EU CANTANDO..........................................................................67 FIGURA 06: MINHA SALA SEM MÚSICA......................................................67 FIGURA 07: EU CANTANDO..........................................................................68 FIGURA 08: MINHA SALA SEM MÚSICA.......................................................68 FIGURA 09: MINHA CANTIGA PREFERIDA .................................................69 FIGURA 10: MINHA CANTIGA PREFERIDA..................................................69
  • 10. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11 CAPITULO I ..................................................................................................... 14 CAPITULO II .................................................................................................... 18 2. 1 A MÚSICA E SUAS DIVERSAS MANEIRAS DE APRENDIZAGENS ....... 18 2.1.1conceituando música ........................................................... 18 2.1.2 Historicizando a trajetória da Música ................................ 20 2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL .............................................................................. 23 2.2.1 Música na Escola ................................................................. 23 2.3 A INDÚSTRIA CULTURAL ......................................................................... 26 2.4 CULTURA: A MÚSICA REPRESENTADA NO COTIDIANO ...................... 31 2. 4.1 Cultura Erudita X Cultura Popular ..................................... 31 2.4.1.1 Cantigas de Roda: Ramificações da Cultura Popular 35 CAPITULO III ................................................................................................... 38 3. CAMINHOS METODOLÓGICOS TRILHADOS ............................................ 38 3.1 LÓCUS ....................................................................................................... 39 3.2 SUJEITOS DA PESQUISA......................................................................... 40 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .............................................. 40 3.3.1 Observação participante ou etnográfica ........................... 41 3.3.2 Entrevista semi-estruturada ............................................... 43 3.3.3 Diário de campo ou de bordo ............................................. 44 3.3.4 Mapas mentais ................................................................... 445 CAPITULO IV ................................................................................................... 47 4. ANALISANDO AS ENTRELINHAS DO CAMINHO ...................................... 47 4.1 MEU OLHAR ENQUANTO EDUCADORA NESSE CAMINHO PERCORRIDO ......................................................................................................................... 48 4.2 PERCEPÇÃO DOS PAIS EM RELAÇÃO À MÚSICA ................................ 51
  • 11. 4.3 O IMPACTO DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO CULTURAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................... 54 4.4 A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO COTIDIANO DAS CRIANÇAS ............... 61 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 71 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 73 APÊNDICES..................................................................................................... 77 A- ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ........................... 78 B- MAPAS MENTAIS ...................................................................................... 79 C- FOTOS ........................................................................................................ 83
  • 12. 11 INTRODUÇÃO A idéia de discutir a temática “O encanto da música nas cantigas de roda - Aprendizagens através das cantigas de roda na Educação Infantil” nasceu de afinidades e diversas vivências com a música. Sou musicista, toco flauta transversal e canto desde muito pequena. Foi a partir desse contato que surgiu o interesse pela temática e para uma melhor compreensão fizemos um breve relato sobre como essa inteligência foi desenvolvida. Estudos nos mostram que estamos em contato com a música desde o ventre de nossa mãe, depois com as cantigas de ninar e logo após na escola. Dessa forma, continuei desenvolvendo a inteligência musical em meu cotidiano cantando desde muito pequena em apresentações da escola, da igreja, teatros e corais, até que aos 15 anos, entrei na Orquestra da Saudade, no intuito do cantar no coral, fui apresentada à mais encantadora e completa forma de percepção musical, a de tocar em um instrumento, aprendi a ler partitura e tocar flauta transversal. Após ter aprendido a tocar, passei por diversos ambientes onde a música está presente, como, na Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses, Fanfarras, na banda Católica Luz Divina, na banda Didá1 e por fim, na banda da Católica, Ministério de Música Promessa. Na Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses é onde estou me aperfeiçoando e aprendendo os mais diversos estilos e ritmos musicais, compreendendo a sua forma e percebendo que “tocar um instrumento musical é uma das atividades humanas mais complexas” (BASTIAN, 2009, p. 111), pois utiliza percepção, corpo, concentração, educação social e auditiva, cognição na leitura das partituras, dentre outras. 1 - Banda feminina negra que tem origem de uma Fundação em apoio a mulheres e crianças, mas que atende jovens, ensinando música percussiva, dança, teatro e construção de instrumentos musicais de percussão. Que tem por intuito a valorização negra, o atendimento as mulheres e crianças pobres, ensinando-lhes métodos de sobrevivência, proporcionando o conhecimento do mundo através da musica.
  • 13. 12 Nesse direcionamento surge uma inquietação sobre como essa forma de aprendizagem tão ampla, tem sido explorado de forma distanciada da realidade escolar e ao mesmo tempo distorcida da vivência das pessoas, pois a música esta em todos os lugares sendo perpassada em algumas composições com letras que denigrem a imagem e valores dos indivíduos. Compreendendo sua relevância, e por trabalhar em uma escola onde algumas professoras utilizam como metodologia música para determinar regras e horários escolares e outras não, e sabendo ainda que o universo musical é amplo, porém mídiaticamente pobre para nossas crianças, priorizei as Cantigas de Roda, que necessitam do resgate de seu prestígio, sendo uma tradição popular oral e musicalmente riquíssima. “Não há dúvida de que todos os que viveram plenamente a música receberam uma boa dose de cultura” (GAINZA, 1988, p. 16). A nossa opção metodológica voltada na educação musical, objetiva contribuir para o processo de ensino e aprendizagem através das Cantigas de Roda, acreditando ser este caminho inovador, eficaz e significativo. Acreditamos que a música propicia um amplo envolvimento em aspectos afetivos, sensoriais, motores, mentais, espirituais dentre outros diversos benefícios, colaborando assim para a formação da personalidade do indivíduo. No intuito de uma melhor compreensão deste trabalho, o dividiremos em categorias de quatro capítulos: Capítulo I: Discorre a importância da presença da música em nossa vida, com intuito de valorização das cantigas de roda, considerando o empobrecimento que a nossa sociedade vive em relação a música na Educação infantil, compreendendo que a história da criança como um ser social, precisa de respeito a suas limitações e de uma educação significativa o qual desenvolva suas habilidades, finalizando com os objetivos e a questão para a escola pesquisada.
  • 14. 13 Capítulo II: Apresentamos as discussões por meio do aprofundamento teórico que embasou a nossa prática, acerca da Música, Educação musical, Indústria Cultural e Cultura. Capítulo III: Neste capítulo, Apresentamos os caminhos metodológicos trilhados, organizados em: tipo de pesquisa, lócus, sujeito e instrumentos de coleta de dados utilizados para recolhimento dos dados e elaboração deste estudo. Capítulo IV: Organizamos este capitulo de maneira que os dados coletados, analisados e interpretados, fossem explicitados de forma a serem compreendidos, por isso utilizamos de categorias nas quais responderam o objetivo da nossa pesquisa. Finalizamos, com as considerações finais onde expomos algumas considerações referentes à construção da presente monografia.
  • 15. 14 CAPITULO I “Ó dona Maria Ó Mariazinha Entrarás na roda ou ficarás sozinha...” (Cantiga de Roda) Este trabalho tem por intuito refletir sobre a aprendizagem através da música, dentre elas enfoco as Cantigas de Roda, pois a nossa sociedade vive atualmente um processo de empobrecimento musical face ao bombardeamento midiático, desvalorizando cada vez mais o Ser Humano. A aparência ilusória corresponde ao falso encantamento oferecido pela música de massas, destinada a ser objeto de consumo, e, por isso, desprovida, segundo o autor, de características efetivamente artísticas. Além do mais, essa música é também desprovida de inovações técnicas; segundo Adorno, ela se limita a copiar o que a música séria realizou em Brahms ou Wagner, tirando-lhe, contudo, a autenticidade e o vigor (FREIRE, 1992, p.86). Em convivência com as crianças em sala de aula, sentimos a necessidade de envolvê-las no mundo cultural, que a respeite e a valorize, pois percebemos que por sua capacidade ágil de aprendizado, incorpora letras de musicas e danças que deprecia e distorce o real sentido da infância, fazendo-se imprescindível o resgate das Cantigas que alem de promover o cultural, nos propicia a aprendizagem prazerosa através da música. Como nos afirma Laraia (2009): Culturas são sistemas (de padrões de comportamentos socialmente transmitidos) que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos. Esse modo de vida das comunidades inclui tecnologias e modos e organização econômica, padrões de estabelecimento, de agrupamento social e organização política, crenças e práticas religiosas, e assim por diante (p.59).
  • 16. 15 A formação da criança é influenciada pelo meio e por isso, necessitam de acompanhamento e direcionamento em busca da valorização na e da infância. Gainza (1988) acredita que para as crianças a música folclórica oferece pureza e força para constituir-se em seu inicio de vida, pois, “move elementos primitivos básicos, sobretudo em relação ao corporal e ao afetivo, razão pela qual torna próximo do homem sensível e tanto das crianças”. No entanto, ao estudarmos sobre a formação da criança assunto esse que está diretamente interligada á educação, que por diversas experiências e por múltiplos contextos ao longo de sua história foi sendo marcada a Educação Infantil, remetendo não apenas uma questão específica, mas cultural, nos trazendo reflexões sobre o ensino, onde inicialmente acreditava-se que a criança era adulto em miniatura. Assim, perceberemos que o “conceito de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade” (KRAMER, 1992, p.19). Com o passar dos anos, surgem estudos interessados na mente das crianças, a educação nesse período era assistencialista preocupava-se no cuidar e finalmente significa-se o olhar para a valorização da criança como sujeito, ultrapassando o cuidar, percebendo que a criança aprende a todo momento precisando assim integração no cuidar e no educar Lembrando que: (...) as instituições da Educação Infantil deve promover em suas propostas pedagógicas, práticas de educação e cuidados que possibilitem a integração entre aspectos físicos; afetivos; cognitivos;lingüísticos; e sociais da criança, entendendo ela é um ser completo, total, indivisível...(BRASIL, 1999, p.24 apud COSTA, 2006, p.71). Analisando as propostas educacionais recentes que remetem novas práticas de ensino, acreditamos que a música contempla muitos requisitos apresentados, vista por Bréscia (2003) como “linguagem Universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações”, estando sempre presente em nossa vida. E hoje, é uma forma eficaz no processo ensino e aprendizagem para discentes,
  • 17. 16 por proporcionar o desenvolvimento de diversas habilidades e competências no indivíduo. Várias são as vantagens da utilização da música escolar. A mais importante é que a atividade musical ajuda a crescer no sentido mais amplo da palavra deste termo. O indivíduo cresce em vários campos que, embora interrelacionados podem ser observados em separado. (...) cresce física, mental e emocional (incluindo o moral, o intelectual, o sensorial etc) (JANNIBELLI, 1971, p.24). A música propicia uma amplitude de aspectos benéficos colaborando para a formação da personalidade desse indivíduo. Para Gainza (1988), “a música é um elemento de fundamental importância, pois movimenta, mobiliza, por isso contribui para a transformação e o desenvolvimento”, favorecendo a um ambiente divertido e mais propício para aprendizagem, segundo Bréscia (2003) melhorando “o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas crianças”. Nesta perspectiva devemos refletir a importância da música para as crianças, e buscarmos entender que através de uma proposta de Educação Musical, que é uma educação voltada para a música, mas com finalidade social, cidadã, ou seja, educacional, possamos garantir uma nova visualização de mundo e, por conseguinte, nas práticas. Neste sentido, a proposta está voltada à educação para a cidadania: suas metas básicas são cooperação e autonomia, as crianças são encaradas como pequenos cidadãos e cidadãs, e o trabalho escolar é entendido como o que deve garantir o acesso aos conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade e formar, simultaneamente, indivíduos críticos, criativos e autônomos, capazes de agir no seu meio e transformá-lo (KRAMER, 2001, p. 13). Ao falarmos da finalidade educacional, necessitamos compreender o território onde a criança está inserida, de forma a contextualizar o ensino, de acordo com sua vivencia, seu cotidiano.
  • 18. 17 É uma educação que parte das necessidades e dos interesses da criança, estimulando sua atividade e o desenvolvimento de sua criatividade, na conquista de sua autonomia. Esses valores devem ser buscados desde os primeiros anos de vida, quando a criança está completamente aberta em si mesma, para os outros e para o mundo que a cerca. Pois é nesse período que ela é mais sensível a qualquer influência dos fatores externos e sua personalidade adquire marcas indeléveis que caracterizarão na vida futura. (NICOLAU, 1990, p.24). Acreditamos que há uma forte influência da indústria cultural em nossa sociedade transformando idosos, adultos, jovens e crianças, acompanhadores fieis de suas idéias e propostas, nos levando ao consumismo exagerado. Como destaca Schwartz (1985) “Os meios de comunicação afetam profundamente as atitudes da comunidade, as estruturas políticas e o estado psicológico de todo um país” (p.20). Diante do exposto, faz-se necessário reafirmar a importância da música que é um instrumento tão eficaz, que podemos utilizar tanto na educação como em de outras formas de interação tanto do seu eu, como com o outro. Diante dessa conjuntura surgiram algumas inquietações resumindo nos seguintes objetivos: Analisar o impacto das Cantigas de Roda na aprendizagem dos alunos; Analisar a presença das Cantigas de roda no universo musical das crianças. Dessa forma, surgiu no presente estudo o seguinte questão de pesquisa: Qual o impacto das cantigas de roda na aprendizagem dos alunos e como se dá sua presença no universo musical das crianças. No intuito de contribuir para processo de ensino e aprendizagem através das Cantigas de Roda, com o propósito da valorização do prestígio das Cantigas de Roda.
  • 19. 18 CAPITULO II Diante da nossa questão de pesquisa, problematizada na temática sobre a música, buscamos aprofundar as nossas reflexões, a partir da leitura de autores que discutem e complementem a temática apresentada. Nesta perspectiva apresentamos os nossos conceitos-chave: Música. Educação musical. Indústria Cultural. Cultura. 2.1 A MÚSICA E SUAS DIVERSAS MANEIRAS DE APRENDIZAGENS Referenciando a importância da musica e sua abrangência, sentimos a necessidade de abordamos subtemas que venham integrar essa discussão. 2.1.1 Conceituando música A musica é vista por diversos estudiosos, da forma mais restrita que se resume no ouvir, ao universo mais amplo que ela possa nos proporcionar, como a totalidade humana (psíquica, física, motora, normas sociais e afetiva), que reflete nessa diversidade conceitual feita por pessoas que estudam música, vivem de música e fazem música. São teorias com bases não só de estudos, sociedade, cultural, mas de sentimentos que a música os proporciona. É importante destacar que a musica se apresenta como elemento constituivo da sensibilidade humana, “a música é meio e elemento constitutivo da autorrealização humana, uma sensibilidade fundamental do ser-no-humano situado e em vias a situar-se, expressão da “maneira de posicionar-se” do ser humano” (PLESSNER apud in BASTIAN, 2009,p.34). Na mesma pespectiva Snyders(1997), vem relatando a importância da estética musical, da beleza que precisamos encontrar: (...) a música é feita para ser bela e para proporcionar experiências de beleza, e que a beleza existe para dar alegria, a alegria estética, que é a alegria específica, diferente dos prazeres de que habitualmente desfrutamos, e que constitui um dos aspectos da alegria cultural beleza. (p.11).
  • 20. 19 Podemos vê-la de forma mais sistemática, como sons e silêncios. Assim, como a música é constituída e através desses dois componentes, são feitas as mais diversificadas melodias. Para Camargo (1994) “Música é arte de harmonizar sons. Assim sendo, ela tem capacidade de produzir a combinação dos elementos físicos e psicológicos, resultando na coerência almejada entre as duas formas de movimento (p. 71). Nota-se que esses itens constituem e influenciam no nosso corpo humano, nos sensibilizando a ações diversas decorrentes das musicas escutadas. Snyders (1997) afirma que: A influência que a música exerce sobre nós remete-nos evidentemente a seu poder sobre o corpo; ela coloca o corpo em movimento, faz com que ele vibre de forma não comparável às outras artes; e é o fato de estarem inscritos em nosso corpo que dá tanta acuidade às emoções musicais; por seu enraizamento psicológico, a própria música atinge uma espécie de existência corporal. (p.85) Concomitantemente, percebemos que música é movimento, logo criança e música estão intimamente ligadas. Ao utilizá-las estimulamos as mais diversas áreas do nosso cérebro, simultaneamente de todo nosso corpo, contribuindo assim para as mais importantes atividades psíquicas humanas. Que segundo Wilhems: Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da ordem mental do homem. (WILHEMS apud GAINZA, 1988, p.36 e 37). Dessa reflexão podemos perceber o universo musical como forma de educação e identificação cultural. E Gaiza (1988) afirma que “uma educação que excluísse a música não poderia ser considerada completa. A música é uma parte intrínseca – consciente ou não – de cada ser humano” (p.16).
  • 21. 20 É importante termos a convicção que fazemos parte de uma sociedade onde as classes dominantes e a mídia constroem e legitimam qual musica é “culturalmente relevante”. E Queiroz (2005) conceitualiza sob a ótica cultural nossas discussões onde A música transcende os aspectos estruturais e estéticos se configurando como um sistema estabelecido a partir do que a própria sociedade que a realiza elege como essencial e significativo para seu uso e sua função no contexto que ocupa. (p.50) Assim, a música é vista também como objeto de linguagem, como forma de comunicação, sendo esta discussão objeto de controvérsias entre vários autores. (...) podemos dizer que há autores que consideram que a música é uma linguagem, embora comunique emoções e não conceitos, e há os que consideram que a música não é linguagem, uma vez que não transmite significados conceituais (FREIRE, 1992, p. 10). No entanto, notamos os inúmeros benefícios trazidos pelo contato com a música, seja por o estudo direcionado, pelo canto, instrumentalização ou apreciação, independente do seu campo conceitual. 2.1.2 Historicizando a trajetória da Música Com o surgimento da musica na sociedade primitiva, que vem sendo transmitida de geração a geração pela reprodução, pela realidade, pela criação, tendo diversas funções no seu cotidiano, abrangendo assim, múltiplos aspectos em sua formação histórica. Candé (1981) remete-se que no princípio no cotidiano dessa sociedade a música era “uma ato comunitário. Não há público, não há autor, não há obra: os assistentes são, quase todos participantes” (p.29). Mostrando que a música era parte intrínseca desses povos, pois o vivenciavam, com isso, fazia parte de sua identidade cultural e social. Sabendo que: Nas origens, a música não era senão uma atividade muscular (membros laringe) adaptada às condições da luta pela vida. De
  • 22. 21 diversas maneiras, seu desenvolvimento seguiu das sociedades humanas. (...) unidas à magia, a religião, à ética, à terapêutica, à política, ao jogo, ao prazer também, constitui um dos aspectos fundamentais das antigas civilizações...(CANDÉ, (s/d), p.17). Por ser vista de diversas maneiras ela influenciava o cotidiano e crenças da população na época, que culturalmente faziam uso de rituais. Bastian (2009) destaca que “os povos primitivos eram vistos pelo seu poder de encantamento e cura”(p.40). Ao longo do tempo, a música foi ensinada pelos jesuítas através dos cantos gregorianos, juntamente com catequese que abrangia para as crianças e os jovens o ensino leitura, escrita, contar, jogos, instrumentos musica de corda e sopro, não havendo distinção da musica erudita para popular. “A música, nos primeiros anos do Brasil, foi de caráter religioso. Os beneditinos e carmelitas eram grandes cultores do canto-chão” (JANNIBELLI, 1971, p.40), na época de 1586. Percebemos que a igreja como maneira de dominação, soube usufruir desse mecanismo para alcançar seu intuito. É curioso entender como os jesuítas através da catequese utilizaram esse recurso: Já a partir do primeiro século da colonização, promovendo a integração dos elementos da música e da dança das populações nativas com cantos e instrumentação ligados ao teatro religioso de fundo medieval, combinação que, revestindo ao tempo, esta na origem de nossas festas e danças populares. (SILVA, 2008, p.105) Com a evolução do império no Brasil vivia-se o período colonial em meados do século XVII, segundo Jannibelli (1971) “A música religiosa continuou sendo a mais utilizada. Mas a música popular de varias origens, principalmente a portuguesa”(p. 40). Em 1891, surgiu o Instituto Nacional da Música que antes, era o conservatório musical cujo diretor era Leopoldo Miguês. Posteriormente começa a preocupação do estudo da música no Jardim de Infância, que com o passar dos anos em 1959, surgi a: Escola Popular de Educação Musical e Artística – EPEMA; publicação de Pesquisa Folclórica – “Brinquedos Cantados pelas Crianças Cariocas e Hinos Oficiais”; Instituição do Calendário do Sema; participação das comemorações do 4º Centenário da Cidade
  • 23. 22 do Rio de Janeiro, com série Conferências, Concertos e Publicações, (JANNIBELLI, 1971, p.44). A música expandiu-se abrangendo diversos segmentos, a exemplo da escola, que utilizava-se nas classes Maternais e Jardins Infância superficialmente canções de ninar, brincadeiras e recreação. Segundo Jannibelli (1971) “a utilização da musica como fator de educação foi possível porque (...) consegue-se estabelecer, de maneira natural, a ligação entre o lar e a escola” (p.26). Novos estudos sobre a música na Educação Infantil foram feitos, e descobriram sua importância nos diversos aspectos dinâmicos que ela abrange como físico, motor, espiritual, atividades psíquicas, em suma: (...) a música destina-se totalidade do homem: seus sentidos, coração, inteligência e de acordo com Edgar Willems (1970), os três domínios da natureza humana- o fisiológico, afetivo e o mental – estão estritamente ligados elementos constitutiva da música. (CAMARGO, 1994, p. 17). Destacamos que a criança em sua essência vive envolvida num ambiente sonoro, ainda no ventre mãe o bebê escuta e brinca com os sons, ao nascer na medida em que ele vai interagindo, interioriza a linguagem de sua comunidade, pois, desde pequena já ouve canções ou cantigas de ninar, de roda, cantadas por sua mãe ao dormir. Como enfatiza Faria (2001): A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação. (p24). Nesse sentido Faz-se necessário uma valorização dos prestigio da música e ampliando o universo musical dessas crianças, que ao longo de suas vidas vivenciam ao ouvirem e cantarem, muitas vezes somente o que se é escutado em suas casas, o que a mídia permanentemente toca, tendenciando, o que escutamos, o que dizemos, como compramos e o que vestimos.
  • 24. 23 2.2 EDUCAÇÃO MUSICAL Ao dialogarmos sobre musica, sabemos que existe uma extensa abrangência de gêneros musicais, dentre essas variedades está à música erudita e música popular, que necessita esta perpassando o ambiente escolar através de uma abundante educação musical, onde a escola deve ser parte integrante nesse universo de conhecimento e cultura. 2.2.1 Música na Escola Quando pensamos em música na escola, na Educação Infantil, lembramos de algumas cantigas de roda, músicas infantis que são utilizadas em determinados momentos de rotina escolar: como chegada, lavar as mãos, hora do conto e saída. Sabemos que o ser humano ao ouvir a música se apropria de significados sendo interpretados a depender de suas vivencias. Diante disso o professor que trabalha com música na Educação Infantil: [...] deve partir da realidade musical igualmente vivenciada pelo aluno, do repertório que ele traz, das atividades musicais corriqueiras no grupo social do qual participa igualmente, não deve estagnar aí, procurando ampliar a escuta do aluno para os fazeres musicais de outros grupos (PENTEADO, 2005, s/n). É importante ressaltar que o professor que se utiliza da música deve oportunizar aos alunos conhecimentos de diversos estilos musicais, tendo papel fundamental em ensiná-los a analisá-los para filtrarem o que cada música tem de melhor, esse é o papel da Educação Musical enriquecer o universo do aluno ultrapassando a leitura e a escrita gráfica tradicional. Sabemos como afirma Snyders (1997) que “a música exerce, em troca, influência sobre os valores da comunidade” (p.52).
  • 25. 24 Pois, como destaca Penteado (2005) “não se deve ter receio de mostrar diferentes músicas étnicas, sejam concertos ou músicas populares, procurando discuti-las para entender seus modos de produção” (p.21), mas sua verdadeira intencionalidade por essas músicas super valorizadas pela mídia. Necessitamos ensinar nossos discentes a apreciar o amplo universo musical, pois, em sua maioria é delimitada pela mídia, percebemos que quanto mais crescemos musicalmente, nos tornamos sensíveis auditivamente ao nosso ambiente e estendemos os nossos conhecimentos adquiridos pela cultura local, regional e mundial. Para Snyders (1997) “ensinar música é também a possibilidade de apresentar obras-primas a crianças muito pequenas e fazer com que elas encontrem, nelas, alegria cultural” (p.132). A Educação Musical não deve ser vista somente como uma metodologia para aulas, pois é muito mais ampla por trabalhar não só o intelecto, mas o motor, o físico, a sensibilidade, crescimento cultural, assim, contribuindo em diversos aspectos, não se limitando a dinamização de aulas ou anúncio de rotinas, logo, os educadores musicais devem: [...] garantir a autenticidade da vivência musical, inserindo-a nas salas de aula de modo abrangente, dialogando com a linguagem específica, buscando discutir possibilidades como área de conhecimentos e alimentando-nos de sons e imagens que nos levam a acreditar na educação como fonte de vida, de crescimento e de realização (URIARTE, 2005, p.160). Devemos aprender a apreciar a música, a ter sensibilidade para ouvi-la, sensibilidade aos sons e silêncios que é como se constitui, compreender sua essência e a intensa “carga” cultural que ela contém. Já foram citadas as mais diversos resultados que a música nos propicia ao ser utilizadas e trabalhadas no cotidiano do “Ser Humano” e a escola pode e deve abarcar esse universo musical para ajudar a construir essa nova maneira de ver, de admirar os mais diversos estilos e gêneros musicais, descobrindo a beleza do ouvir por ouvir. Bastian (2009) contextualiza as alegrias da música e cotidiano:
  • 26. 25 Nossas escolas deveriam também aproveitar tais efeitos, não somente no âmbito pedagógico- terapêutico. Quero dizer, a oportunidade para a “alegria pela música” como para uma alegria pela vida, para um excitante contato com a prática ativa da música e do canto como apoio para a vida, para o prazer de ouvir a sonoridade (...) (p.40). Precisamos instigar nossos discentes à reconstrução crítica do conhecimento cotidiano de nossas escutas, sabemos que a mídia tem exercido forte influencia, limitando-os e também nos empobrecendo culturalmente, por essa razão devemos ensinar-los a fazer uma análise a partir de suas experiências, percebendo que: [...] a desconstrução e reconstrução do discurso musical. Nesse contexto a analise também deve ser vista como um instrumento vital de exploração de novas modalidades de cognição e conseqüentemente na ampliação das estratégias de aprendizagem (MARTINS, 1995, p.101). Considerando que a música é instrumento de aprendizagem se apresentado como uma metodologia lúdica, o educador deve contextualizar os conteúdos estudados com o cotidiano dos discentes, mostrando que a escola não está alheia aos acontecimentos sociais. Como afirma Moura (1996) “Os mais variados assuntos, ao serem trabalhados com crianças, devem partir de elementos ou situações já conhecidas e vivenciadas por elas. A música não é exceção”. (p.12) Vale ressaltar que a música retrata as necessidades, o pensamento, as crenças, o cotidiano e as ideologias de toda uma sociedade, que esteve, está presente na escola, ou que participa indiretamente desse sistema educacional através da comunidade escolar e da educação informal, grande influenciadora no cotidiano e escutas de nossos discentes, perpassando habitualmente a todo instante, os corredores escolares.
  • 27. 26 2.3 A INDÚSTRIA CULTURAL Situados em uma sociedade envolta por inúmeras influências midiáticas, que tendencialmente impõe regras através da violência simbólica nos fazendo agir alienadamente, acreditando ou aceitando a situação vivenciada que é proposta pela mídia. Nesse sentido, pode-se afirmar que “a mídia é capaz de influenciar, das formas mais diversificadas, a vida cotidiana e a atuação política dos indivíduos- a maneira como agem, sentem, desejam, lembram, convivem, e resistem” (IRACI; SANEMATSU, 2007, p.112). Os meios de comunicação que tem uma imensa amplitude é representada pela: rádio, televisão, internet, jornal, cinema, publicidade, música, telefones móveis e fixos, outdoor, DVD’s, cd’s, fax, cartões, dentre muitos outros. (...) os meios de comunicação têm uma dimensão simbólica irredutível: eles se relacionam com a produção, o armazenamento e a circulação de materiais que são significativos para os indivíduos que os produzem e os recebem (THOMPSON, 1998, p.19). Observamos que a maioria das informações e influências são oriundas da mídia, que tem uma força significativa, pois está freqüentemente noticiando sobre o nosso cotidiano, nos fazendo creditar o que se é passado, mostrando que a nossa, Percepção de realidade acaba bastante influenciada pelo mundo como é mostrado pelos diversos meios de comunicação. Seu mundo “perceptual” deixa de ser gerado pela “realidade objetiva” que os cerca, passando a ser conseqüência direta da “realidade simbólica” midiática que elas vêem através das notícias recebidas (GEBNER, 2000, p.546 apud CIARELLI e AVILA, 2007, p.546). Estamos ativamente nos modificando por meio de mensagens e de conteúdo significativo oferecidos pelos produtos da mídia (entre outras coisas). Este processo de transformação pessoal não é um acontecimento súbito e singular. Ele acontece lentamente, imperceptivelmente, dia após dia, ano após ano.
  • 28. 27 É um processo no qual algumas mensagens são retiradas e outras são esquecidas, no qual algumas se tornam fundamento de ação e de reflexão, tópico de conversação entre amigos, enquanto outras deslizam pelo dreno da memória e se perdem no fluxo de imagens e de idéias (THOMPSON, 1998, p.46). Nesse sentido nota-se que a Indústria Cultural dita regras, cria ou destrói valores: difundi a moda, elege e distitui candidatas, condena e inocenta pessoas, lança artistas e músicas, influência a violência, criminalidade, erotização e o exarcebado consumo de produtos, comprovando que a mídia é poder. Como afirma Almeida (2004): As populações atuais, no conceito do poder, são poder, são chamadas “massa” – pessoas que, mesmo alfabetizadas, não passaram pelo universo da leitura/escrita (meio individual de criação, reflexão e crítica) que permite a inteligibilidade das coisas do homem de maneira mais completa e menos homogeneizada. São seres orais, cuja inteligência se forma/informa não mais interpessoal ou intergrupalmente, mas audiovisualmente com os produtos de difusão da indústria cultural (p.25). Logo, entende-se que a mídia é uma forte influenciadora nas músicas que ouvimos e cantamos, direcionando quem estará no auge ou não em nossas vidas, despertando emoções através das músicas em Dvd’s, videoclipes, em emissoras de televisão, pois unem imagem, áudio, movimento e performance do suposto, ídolo para nossas crianças, adolescentes e adultos. A música que é vinculada pela mídia, não tem o intuito de explorar a qualidade e técnica, mas somente esses estados que a música é capaz de evocar. Através do óbvio, ela impõe esses efeitos. Com isso, reduz-se a um mero produto industrial, pronto para ser consumido, sem nenhuma intenção de arte (ECO, 1993, p.297). É interessante refletirmos como gostamos de determinadas músicas além do modismo do momento. De como selecionamos nossas escutas e posteriormente assim fazermos com as de nossas crianças. Um leigo escuta a música que lhe traz emoções, através do ritmo que toca, já os indivíduos que tem instrução criteria por qualidade musical observando a sua composição como um todo, preocupando-se com a estética. Como afirma Schwartz (1985):
  • 29. 28 A mídia estimulou-nos a preferir, cada vez mais, a nova realidade construída. Nosso envolvimento com a mídia eletrônica é de tal ordem que geralmente um encontro face a face pode parecer irreal comparado à realidade da comunicação eletrônica. (...) As pessoas não julgam a mídia através dos padrões da mídia (p.53). Por isso, há necessidade da escola intervir de maneira direta na educação musical e visual dos seus discentes, minimizando a ação da mídia televisiva que com seus desenhos, que contem temas musicais elaborados fazendo com que as crianças passem a gostar, imitar e tentar vivenciar nesse mundo de imaginação, que assistem, conduzindo muitas vezes a violência e enfraquecimento de nossos costumes e valores. Segundo Schwartz (1985): O papel do professor deveria incluir ensinar às crianças como estruturar e classificar informações que elas já possuem e estão constantemente recebendo. Muitos poucos professores adotam essa abordagem e as crianças pagam o preço dessa falha dos mestres, desinteressando-se pela escola (p.130). Temos que repensar o nosso papel não só como educador, mas como cidadão que compra o que a mídia oferece, simultaneamente a sustentamos, não a fazemos em termos técnicos, mas a consumimos diretamente e nossas crianças também, sem o menor critério, muitas vezes com maneira de acalmá-los, hipnotizá- los, sendo as babás, e elas a aceitam, cantam e dançam as músicas que mais tocam, que em sua maioria são erotizadas, depreciativas, preconceituosas, dentre outras, que em seu cotidiano é comum pois seus pais também as consomem, formando um ciclo vicioso ou um pão e circo. Dentro desse sistema complexo, observa-se que a Indústria Cultural é fruto de uma sociedade industrializada, que visa o capital na busca do consumismo exacerbado. Como afirma Viana (2002): O Estado capitalista também busca controlar a difusão cultural via indústria cultural. E isto não somente através do aparato legislativo como também através de suas próprias empresas de comunicação. Ambas buscam atingir o maior público possível, embora a ênfase do
  • 30. 29 setor privado esteja na maximização do lucro e a do setor estatal na propaganda política (p.s/p). Entende-se que a indústria cultural por ser a instância maior, se utiliza da mídia para atuar, no intuito de ir construindo e legitimando paulatinamente, as ideologias dominante, utilizando dos mas diversos artifícios e elementos tecnológicos chamado de simulacro, para persuadir a “massa” de nossa sociedade, criando barreiras entre a cultura popular e sua forma de sobrevivência. Os brincantes da cultura popular “diferenciam-se da indústria cultural na medida em que esta utiliza elementos tecnológicos próprios da segunda revolução industrial (fotografia, televisão, rádio e cinema), produzindo o que se convencionou chamar de simulacro”. (BAUDRILLARD, 1996 apud SILVA, 2008, p.8 e 9). Eles tem por intuito favorecer a classe dominante, que constantemente, desvaloriza a cultura popular, por terem a tecnologia em sua disposição, produzindo, através da violência simbólica a idéia de poder para quem tem capital e consome produtos de numa sociedade altamente industrializada. Como confirma Silva (2008): Ao contrario da industrial cultural, os brincantes da cultura popular produzem cultura a partir de uma tecnologia mecânica simples, em tudo diferente da tecnologia característica do capitalismo, tardio, a energia que as manipula é basicamente humana, centrada na corporalidade, no uso das mãos, do controle do processo produtivo/criativo pelo corpo esvaziando-se assim os elementos de força produtores do simulacro(...). Esse é o contexto político-cultural e socioeconômico em que se situa a subalternidade da “cultura popular”. (p.9) Abarcando a discussão nota-se que a indústria cultural tem um poder de dominação espetacular, pois fabrica produções com finalidade de serem trocados por dinheiro e persuasão de ideologias, convencendo a serem consumidas através de inúmeras repetições, levando ao inculcamento e aceitação do produto oferecido no mercado. Todo este processo reproduz os interesses da classe dominante. A indústria cultural produz uma padronização e manipulação da cultura, reproduzindo a dinâmica de qualquer outra indústria capitalista, a
  • 31. 30 busca do lucro, mas também reproduzindo as idéias que servem para sua própria perpetuação e legitimação e, por extensão, a sociedade capitalista como um todo (VIANA, 2002, p. s/p). E a música está dentro desse contexto, participando culturalmente da sociedade, influenciando educacionalmente em nossas vivencias e concomitantimente nas escolas, ditando o que é relevante ou não para ser escutado em casa e nas ruas, limitando muitas vezes a disseminação da cultura erudita “dita como a única boa”, pois, em sua maioria está por demais distante do cotidiano, sendo apresentada para a população somente pelos meios de comunicação de massa em canais fechados. Logo: Pensar a música como expressão humana contextualizada social e cuturalmente é fator fundamental para estabelecermos ações educativas que possam ter consequências relevantes na sociedade e na vida das pessoas que constituem o universo educacional, tendo em vista que cada meio determina aquilo que é ou não importante e que pode ou não ser entendido e aceito como música (MERRIAM, 1964, p. 66 apud QUEIROZ, 2005, p. 55). Necessitamos nos apoderar dos mais variadas estilos musicais para podermos dialogar e desmitificar o que a indústria cultural produz, que têm positivamente o avanço tecnológico, mas que, contudo, utiliza-se das mais diversas artimanhas para difundir ideologias, intencionalizando a acentuada divisão de classes, sendo separado por cultura erudito e cultura popular, na tentativa de manipulação de culturas e indução ao excessivo consumismo. É dado tudo pronto e acabado, mas dar-se a impressão de que vivenciamos e participamos da construção do que escutamos, lemos ou assistimos, e o mais interessante para refletirmos é que continuamos a reproduzir conteúdos estrangeiros, filmes, musicas, novelas, programas de TV, dentre outros, sempre valorizando o externo que tenha uma influência econômica, sem percebermos ou não, que continuamos a sermos colonizados e influenciados, permanecendo em determinados momentos como meras copias.
  • 32. 31 2.4 CULTURA: A MÚSICA REPRESENTADA NO COTIDIANO Uma das explanações mais complexas é falar sobre Cultura, sobre o que emana do povo, das representações do povo trazidas, e muitas vezes figuradas por nossas visualizações, de acordo com nosso limitado contexto social, que engloba luta de classe, letramento, visão de mundo, mídia e a escola. Nessa ampla discussão, delimitaremos alguns tópicos sobre a discussão de Cultura subdividida de acordo com teóricos que discorrem essa temática. 2. 4.1 Cultura Erudita X Cultura Popular Discorrer sobre a Cultura Erudita e Cultura Popular é falar de história, de construção coletiva da vida humana, de uma sociedade que limita e delimita, quem somos e como nos enxergamos, através da contextualização em que vivemos e das leituras que fazemos de mundo. Complementa Brandão(2008) “Nós somos o extremo da experiência em que a vida de um indivíduo precisa aprender interativa, social e culturalmente, para torna-se um ser pessoal uma pessoa” (p.29). Logo, estamos interruptamente relacionados a uma conjetura de experiências e significados, que acontece em meio a um todo, sociedade, povo, família, e o próprio, que é um ser humano único. Dessa forma, se a cultura está diretamente ligada à construção de significados de um determinado grupo, também nesse emaranhado se dará a construção da identidade, individual e coletiva, marcada por um conteúdo reflexivo ou comunicativo que orienta o desenvolvimento das relações sociais. (OLIVEIRA, 1976, p.5 apud FRANCO, 2007, p. s/p). Diante dessa conjuntura, nos questionamos e no mesmo instante respondemos sobre essa divisão do erudito e do popular. E mesmo sabendo que essa manifestação vem desde muitos séculos, é perceptível que com base em nossa sociedade atual, a desvalorização da cultura alheia se hierarquiza a partir da
  • 33. 32 dominação do capital, perpassando outras setores que por eles são ordenados e legitimados. Por isso, “a cultura popular é pensada sempre em relação à cultura erudita, à alta cultura, a qual é de perto associada tanto no passado quanto no presente às classes dominantes” (SANTOS, 2003, p. 52). A Cultura Erudita é vista como intelectual, ”fina”, superior e elitizada, composta pela sociedade dominante, que tem o capital, a industria cultural, a mídia, sendo eficaz influenciadora na cultura de massa, ou seja a detentora do poder. Associada ao conhecimento científico a cultura dominante como referido, dita o popular. É interessante discutirmos mais sobre essa idéia a partir de alguns autores que estudam essa temática. Santos (2003) ressalta que: É a própria elite cultural da sociedade, participante de suas instituições dominantes, que desenvolve a concepção de cultura popular. Esta é assim duplamente produzida pelo conhecimento dominante. Por um lado porque, na formação de seu próprio universo de legitimidade, muitas manifestações culturais são deixadas de fora. Por outro lado porque é o conhecimento dominante que decide o que é cultura popular. (p. 51) É entender que, em sua maioria falar do que é cultura do povo, não irá sair dele e sim de um grupo de pessoas que já detêm se não for o poder aquisitivo (a elite), é leitura e a escrita, na mais completa forma o letramento, decidindo assim, o que é de fato Erudito e o iremos aceitar como Cultura Popular. Silva (2008) nos afirma que “no Brasil a idéia de Cultura (pelo menos a denominada “cultura de verdade” ou a “alta cultura”) remete para um conjunto de bens materiais e imateriais possível de ser apropriado e elaborado por uma minoria, uma elite endinheirada” (p.7). A complexidade desse tema reflete até nas universidades, que constroem, registram ou se omitem através de suas pesquisas realizadas sobre o saber popular, pois, trazem o seu olhar, que já está enraizado com ranços da “colonização” em nós, legitimada pelos poderosos de nossa sociedade, portanto, ao escreverem acabam priorizando uma cultura ou uma determinada manifestação, não abrangendo assim, a imensidão de culturas que há em cada território.
  • 34. 33 A manutenção dessa polarização é uma atitude política, pois a reversão dessa idéia passa pela transformação das relações sociais e das desigualdades entre as classes sociais. O conhecimento de determinada cultura possibilita os instrumentos necessários para sua dominação, disso, o poder constituído preocupa-se em definir, em entender, em controlar e em infiltrar na cultura os seus próprios interesses (MICCHELINI, 2007, p. s/p). É interessante entendermos que a música esta diretamente ligada a essa construção histórica cultural, sendo influenciada também pela classe dominante, que a divide em música erudita e música popular. Então, música é cultura, pois expressa sentimentos, que perpassa nas inter-relações sociais, podemos dizer que é comunicação. Portanto: Destaca-se como fator determinante para a constituição de singularidades que dão forma e sentido a práticas culturais dos mais variados contextos. As performances musicais, em suas múltiplas expressões, representam fenômenos significativos nas expressões, representam fenômenos significativos nas configurações de distintos grupos e/ou contextos étnicos, estando presente em manifestações diversas dos indivíduos em sua vida cotidiana (QUEIROZ, 2005, p.51). Reproduzimos o que significamos e vivenciamos no cotidiano dependendo do seu local de origem, e o mesmo acontece com a cultura da música. “Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto têm visões desencontradas das coisas” (LARAIA, 2009, p.67). Lembremo-nos que a cultura popular não deveria se remeter somente a população pobre, pois muitas vezes a cultura de um povo é abarcada por todas as classes sociais. Nesse momento percebemos que “não há também fronteiras rígidas entre a cultura popular e erudita: elas se comunicam permanentemente” (SILVA, 2008, p.24). É nivelando conhecimentos, respeitando culturas, pensando igualitariamente, que poderemos fazer de nossas crianças seres livre, multicultural, multiétinico, multiracial, poderíamos dizer humanos.
  • 35. 34 Vejamos a relevância de trabalhar nossa cultura, pois, mesmo tendo o mesmo ritmo, harmonia, letra, a melodia irá variar de acordo com seus significados. Podemos morar na mesma cidade e cantarmos a mesma música de forma diferente, e isto está muito presente nas cantigas de roda, por ser uma tradição oral, passada de geração em geração, no qual cada comunidade traz em sua raiz sua maneira de cantar, ou seja, suas especificidades. Nossa riqueza musical não obedece à lógica dos mapas geográficos. A diversidade é a essência da nossa produção musical, reflexo de um processo de formação intercultural e que hoje representa a mais completa tradução das características étnicas de cada região do país, conjugando diferentes cantos, ritmos e sons (MURRAY apud in SILVA, 2008, p.106). Somos produtos de nossas vivências, por isso respiramos e construímos a todo momento nossa cultura popular, também através de nossas músicas, que de fato se confirma na cultura do povo, na forma de expressão de sentimentos que permeiam o nosso meio social, nesse contexto a musica é vista como fenômeno cultural. Dessa maneira, Merriam (1964) citado por Queiroz (2005) destaca que “A música como fenômeno cultural constitui uma das mais ricas e significativas expressões do homem, sendo produto das vivências, das crenças, dos valores e dos significados que permeiam a vida” (p.52) Diante dessa explanação sobre cultura e música que estão interligadas, compreendemos que a escola faz parte desse contexto cultural musical, de modo a estar presente nos corredores, nas conversas em sala, no cotidiano. Então, devemos utilizar desse propicio ambiente para quebrar paradigmas musicais e culturais entre erudito e popular, abrangendo a vida de toda uma sociedade, das raízes dessa sociedade, aprendendo o respeito às culturas. Enfim, é preciso recusar a hierarquização das expressões culturais e sua articulação em culturas subalternas e culturas dominantes. É necessário uma outra visão do processo cultural como um todo, mas também da educação e da escola (SILVA, 2008, p.9).
  • 36. 35 Precisamos ver a escola como local propício a trocas de aprendizados em culturas, e principalmente como legitimador, valorizador no reconhecimento de identidades. Identidades essas que trazem em sua história músicas folclóricas, como as cantigas de roda, que se perdem no universo da industria cultural, formando crianças cada vez mais distantes de suas raízes, podemos concluir que delas mesma. 2.4.1.1 Cantigas de Roda: Ramificações da Cultura Popular As Cantigas de Roda ou Cantigas Infantis foram trazidas pelos portugueses para o Brasil, eram brincadeiras típicas de meninas, que durante muitos anos foram as principais brincadeiras das crianças, Essas: (...) manifestações musicais rurais populares ou folclóricas no Brasil aparecem, segundo Schurman(1989) um outro exemplo de expressão de emoções, uma vez que música interrelaciona atividades de subsistência concepções religiosas vigentes. As manifestações musicais daí derivados associa-se, segundo o autor, ora as práticas rituais, ora a atividades de contar estórias (como os contadores nordestinos) (FREIRE, 1992, p.91). Destacamos a importância do resgate do prestígio da cultura das Cantigas de Roda, pois, é uma tradição oral popular que perpassa as gerações, fazendo parte também do nosso folclore, e sua ausência promoverá um empobrecimento cultural. Segundo Moura (1996): O cancioneiro folclórico infantil de nossa terra é de grande riqueza rítmica e melódica, devendo ser largamente explorado na musicalização. Ao cantar melodias pertencentes ao folclore, a criança assimila e, consequentemente, preserva expressões vitais da cultura de seu povo (p.10). Martins (2003) vem nos afirmar que as Cantigas podem em sua utilização ir formando o homem em sua integralidade , pois, “as Cantigas de Roda são poesias e poemas cantados em que a linguagem verbal (o texto), a música (o som), a
  • 37. 36 coreografia (o movimento) e o jogo cênico (a representação) se fundem numa única atividade lúdica”. Elas são ricas em significação para o crescimento infantil como símbolos e os signos, pois, utiliza-se também dos movimentos além das palavras. Segundo Merriam: (...) quase não há duvidas de que a música funciona em todas as sociedades como uma representação simbólica de outras coisas, idéias e comportamentos.(...) pode ser considerada nestes quatro níveis: significação ou simbolização existente nos textos de canções; representação simbólica de significados efetivos ou culturais; representação de outros comportamentos e valores culturais; simbolismo profundo de princípios universais. (MERRIAM, 1964, p.258 apud FREIRE, 1992, p.21-22). Essas significações promovem uma aprendizagem mais proveitosa, dinâmica, podendo ser vista e trabalhada de forma interdisciplinar pelo docente, reconhecendo-se como mediador e valorizador de culturas dentro do processo educativo, propondo situações de ensino e aprendizagem, para que as crianças possam edificar conhecimentos sobre a música e em especial sobre o nosso folclore que é repleto de brincadeiras e cantigas, enfatizando que: O folclore pode trazer à música erudita suas experiências de contato com o cotidiano: expressões de uma sensibilidade às voltas com as alegrias dificuldades familiares, emoções e pensamentos que se enraízam num real vivido etc. Pelo que é expresso, pela maneira exprimi-lo chegamos ao acessível, isto é, a uma base comum onde muitos vão se reconhecer, um laço estabelece-se, assim, entre os ouvintes (SNYDERS, 1997, p.168). Analisando que a presença da música na educação pode estimular as diversas habilidades do indivíduo na sua inserção na sociedade, pois, ajuda no seu desenvolvimento a se guiar e se reconhecer no ambiente. Lembrando que hoje, ela é utilizada em múltiplos aspectos por nos proporcionar, ao ouvi-la, as mais diversas emoções, nos dando sensações de tranqüilidade, alegria, tristeza, entre diversas outras, sendo trabalhada em terapias, ensinos, inclusão de crianças portadoras de deficiências, favorecendo assim a desinibição e envolvimento social.
  • 38. 37 Nas brincadeiras, as cantigas de Roda que faziam parte do dia-a-dia das crianças, deixaram de ser reproduzidas perdendo, espaço para nos meios de comunicação e para jogos mais atualizados, desaparecendo esses significativos momentos de interação construção de aprendizagem com o outro. Afirma Howard (1984): Acredito que o velho costume de contar histórias de fadas e cantar para às crianças, que se perdeu em nossa época, era excelente: o somente despertar sua curiosidade, sua alegria, seu entusiasmo tudo aquilo que fosse impressão sensorial pura, pelos sons e pelos timbres (p.28). Essa Cultura Popular, mantém sua longevidade através da oralidade, emanada do povo, das vivencias, das representações sociais que a sociedade nos apresenta, sendo representada por danças, cantigas e ritos. Por isso, a necessidade de preservação dessa cultura, das mais variadas formas de cultura, do incentivo à aceitação da identidade local, não a valorização e imposição subliminar da cultura midiática
  • 39. 38 CAPITULO III 3. CAMINHOS METODOLÓGICOS TRILHADOS A metodologia é o segmento pelo qual, podemos atingir a um determinado alvo, de forma a tentar abranger todas as hipóteses possíveis, para uma melhor interpretação de determinado objetivo. Como nos mostra Garcia (2003): A metodologia de pesquisa é completamente interessada nos processos que buscam, simplesmente, mudar o mundo. Indagando os processos permanente produzidos nas relações sociais para ofuscar e ocultar as múltiplas dimensões da realidade e do ser humano, a pesquisa amplifica as possibilidades de interpretação e compreensão do cotidiano e vai encontrando meios para melhor compreender a complexidade humana (p.128). Dessa forma, nota-se a importância da metodologia em pesquisa, e do pesquisador como modificador de relações sociais, que se efetiva através de uma boa pesquisa, caracterizando numa metodologia significativa. Como nos traz Demo (1991) “por qualidade científica entendemos predominantemente a perfeição metodológica, o domínio dos instrumentos teóricos e experimentais, o traquejo em técnicas de coleta e mensuração de dados”, (p.17). A pesquisa é um estudo meticuloso, que requer uma finalidade, uma curiosidade, que parte do pesquisador diante da realidade que lhe inquieta. E para compreendermos como se realiza uma pesquisa: É preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Em geral isso se faz a partir do estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta o interesse do pesquisador e limita sua atividade de pesquisa a uma determinada porção do saber, a qual ele se compromete a construir naquele momento (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.1-2).
  • 40. 39 A pesquisa será de cunho qualitativo que segundo Bogdam e Biklem (1982 apud LUDKE; ANDRÉ, 1986): “envolve a obtenção dos dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. (p.29). A pesquisa qualitativa diferente da quantitativa, busca utilizar-se do ambiente natural para como obtenção de dados para a pesquisa e o pesquisador como instrumento. André (1995) a distingue quando afirma que: Qualitativa porque se contrapõe ao esquema quantitativista de pesquisa (que divide a realidade em unidades passíveis de mensuração, estudando-as isoladamente), defendendo uma visão holística dos fenômenos, isto é, que leve em conta todos os componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas (p.17). Ou seja, buscando respeitar o contexto social do sujeito, suas emoções e vivências, descartando o método cartesiano na pesquisa em educação. Pois, são várias as vantagens da utilização de dados qualitativos, podemos “apontar que eles permitem apreender o caráter complexo e multidimensional dos fenômenos em sua manifestação natural” (TIKUNOFF ; WARD, 1980 apud ANDRÉ, 1983, p.66). 3.1 LÓCUS O lócus de pesquisa escolhido foi a Escola Municipal FUNDAME - Fundação de apoio a Criança e ao Adolescente, está situado na Rua 02, Quadra B, nº. 49, Casas Populares e essa Fundação de apoio a Criança e ao Adolescente tem caráter filantrópico com formação cristã evangélica, sem fins lucrativos, sendo seu objetivo, promover assistência social, educacional e religiosa às crianças e aos adolescentes menos favorecidos da cidade de Senhor do Bonfim. A escola foi escolhida por conta de sua clientela, ou seja, por atender crianças da Educação Infantil da classe popular, que estão mais alheias a diversidade musical e em sua maioria distante da música de qualidade, visando
  • 41. 40 assim contribuir para a educação de forma direta ou indireta em meu bairro, na valorização da boa música e do prestigio das Cantigas de Roda. 3.2 SUJEITOS DA PESQUISA Os sujeitos da pesquisa foram 3 (três) grupos: dos alunos que foram vinte (20) discentes do 1º período da Educação Infantil, com faixa etária de 3 a 5 anos e dos pais, no qual são provindos do contexto social referente à classe popular, onde a música escutada e trazida ao âmbito escolar resume-se a escutas de baixa qualidade e desvalorização do sujeito. Essas crianças fazem duas refeições no âmbito escolar pelo horário matutino: o café da manhã e o almoço por muitas delas não terem essa alimentação saudável em suas casas. E da pesquisadora, que traz consigo uma experiência em música e em ensino com cantigas de roda na educação infantil, sendo a professora dos discentes pesquisados e lidando diretamente com os pais deles. 3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Somente através dos instrumentos utilizados em pesquisas que podemos compreender ou responder inquietações, utilizando das respostas para ajudar de forma direta ou indiretamente na vida da sociedade, fazendo com que ocorra pequenas mudanças, que faz-se possível através do pesquisador. Que segundo André (1995) “o pesquisador é instrumento principal na coleta e na análise dos dados” (p.28). Utilizamos como instrumento de investigação a observação participante, o diário de bordo contendo a experiência diária com a turma (utilizando das cantigas de roda), conversas com os pais e familiares e experiência em outras turmas (sem cantigas de roda), a entrevista semi-estruturada e mapas mentais.
  • 42. 41 3.3.1 Observação participante ou etnográfica Ressaltamos a importância das visitas exploratórias e observações, pois, com elas podemos perceber as necessidades visíveis e ter uma aproximação maior com os sujeitos pesquisados. Como afirma Barros e Lehfeld (2000): Observar é aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. É um procedimento investigativo de suma importância na Ciência, pois é através dele que se inicia todo estudo dos problemas (p.61). A observação participante o pesquisador ele vivencia, participa e interage do ambiente pesquisado, ou seja, “consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.194), complementando André(1995) afirma que “a observação é chamada de participante porque parte do principio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetada” (p.28) Foi escolhida como instrumento de coleta a observação participante ou etnográfica por a pesquisadora estar em contato direto com o sujeito e ser sujeito na pesquisa. Trazendo através as suas percepções, vivências, estudos e práticas realizadas em música, para o ambiente pesquisado com duração de um ano. Como afirma Fiorentini (2006): A observação participante é uma estratégia que envolve não só a observação direta, mas todo um conjunto de técnicas metodológicas (incluindo entrevistas, consulta a materiais etc.), pressupondo um grande envolvimento do pesquisador na situação estudada (p.108). Logo, sendo a professora dos pesquisados fazia-se necessário refletir a prática em sala, tendo o cuidado de analisá-los enquanto sujeito sendo fiel ao observado, e através do trabalho realizado perceber e compreender que ha uma influencia no intuito de tentar modificar o quadro encontrado, pois, a pesquisa é reflexo da efetivação da proposta apresentada e é neste momento que me constituo
  • 43. 42 sujeito da pesquisa. É relevante discorrer sobre a etnografia que se fundi na pesquisa aqui realizada, que tem como instrumento essencial a observação participante ou etnográfica. Como ressalva André (1995) os etnógrafos que tem como foco de interesse a “descrição da cultura (práticas, hábitos, crenças valores, linguagens, significados) de um grupo social, a preocupação central dos estudiosos da educação é com o processo educativo” ( p.28). A etnografia busca compreender o contexto do sujeito como um todo, respeitando, observando e vivenciando a realidade, coletando assim, ao máximo as informações obtidas. Como relata Geertz (2008): “(...) praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário, e assim por diante” (p.4). Na busca de compreender o objeto estudado conectado através dessa rede complexa de informações a etnografia tem por objetivo, como afirma Geertz (2008) “é tirar grandes conclusões a partir de fatos pequenos, mas densamente entrelaçados; apoiar amplas afirmativas sobre o papel da cultura na construção da vida coletiva empenhando-as exatamente em especificações complexas” (p. 19- 20). Essa junção da Observação diretamente ligada com a etnografia vem enriquecer as mais diversas formas de fazer pesquisa, sendo de grande relevância, pois o observador e o observado ao interagir facilitam o entendimento do significado que os sujeitos dão à realidade. Para Mann (1979, p.96), “a observação participante é uma tentativa de colocar o observador e o observado do mesmo lado, tornando-se o observador um membro do grupo de modo a vivenciar o que eles vivenciam e trabalhar dentro do sistema de referência deles” (apud FIORENTINI, 2006, p.194).
  • 44. 43 3.3.2 Entrevista semi-estruturada A entrevista nos possibilitou compreendermos e alcançarmos às respostas de nossas indagações. Pois, como nos afirma Ludke e André (1986) “a grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos” (p.34). Possibilitando-nos uma interação maior com o indivíduo, tendo assim uma visão mais ampla do objeto a ser pesquisado, pois o entrevistador tem a oportunidade de perceber expressões faciais e corporais, entonações diferenciadas nas falas e gestos, facilitando na elaboração da análise dos dados. Logo, notamos que “a entrevista possibilita registrar, além disso, observações sobre aparência, o comportamento e as atitudes do entrevistado. Daí sua vantagem sobre o questionário” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 52). Escolhemos a entrevista semi-estruturada que por sua vez também utiliza de um roteiro de perguntas, mas, permiti uma flexibilidade no momento em que acontece a entrevista com o sujeito. Ludke e André (1986) nos mostra que a entrevista semi-estruturada, se desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações (p.34). Com isso, o entrevistador precisa estar atento a algumas questões para que a entrevista seja bem sucedida. Então: O entrevistador deve manter-se na escuta ativa e com a atenção receptiva a todas as informações prestadas, intervindo com discretas interrogações de conteúdo ou com sugestões que estimulem a expressão mais circunstanciada de questões que interessem à pesquisa. A atitude disponível à comunicação, a confiança manifesta nas formas e escolhas de um diálogo descontraído devem deixar o informante inteiramente livre para exprimir-se sem receios, falar sem constando-os no contexto em que ocorrem (CHIZZOTTI, 1991, p.93 apud FIORENTINI, 2006, p.122). O entrevistador tem por finalidade deixar o entrevistado acomodado para que
  • 45. 44 possa se expressar de maneira espontânea, sem medo de ser criticado, servindo assim, como técnica de obtenção eficaz de dados para a pesquisa. Então, para a realização das entrevistas com os alunos, foi necessário que acontecesse individualmente, deixando-os mais à vontade no intuito de propiciar no ambiente uma entrevista espontânea e eficaz. 3.3.3 Diário de campo ou de bordo O diário de campo ou de bordo como é chamado por alguns autores é um instrumento de coleta de dados muito rico para a pesquisa, pois, são anotações da percepção do pesquisador ao objeto e ao contexto de vivência do pesquisado. Como afirma Fiorentini (2006): Um dos instrumentos mais ricos de coleta de informações durante o trabalho de campo é o diário de bordo. É nele que o pesquisador registra observações de fenômenos faz descrições de pessoas e cenários, descreve episódios ou retrata diálogos. Quanto mais próximo do momento da observação for feito o registro maior será a acuidade da informação (p.118 e 119). Por isso, no diário “deverão ser registradas com exatidão e muito cuidado as observações, percepções, vivências e experiências obtidas na pesquisa” (BARROS; LEHFELD, 2000, p.89). O diário pode ter duas perspectivas, uma descritiva e outra interpretativa. A primeira utiliza-se da descrição e a segunda de toda a contextualização envolvida do sujeito pesquisado. Fiorentini (2006) define as duas perspectivas de maneira distinta e bem perspicaz: A perspectiva descritiva atém-se à descrição de tarefas e atividades, de eventos, de diálogos, de gestos e atitudes, de procedimentos didáticos, do ambiente e da dinâmica da prática, do próprio comportamento do observador etc. A perspectiva interpretativa, por sua vez, tenta olhar para a escola e a sala de aula como espaços socioculturais produzidos por seres humanos concretos, isto é, por sujeitos que participaram da trama social com seus sentimentos, idéias, sonhos, decepções, intuições, experiências, reflexões e relações interpessoais (p.119-120).
  • 46. 45 E o autor vem finalizando a importância de mesclarmos as formas de utilização das duas perspectivas ao escrever no diário na busca do equilíbrio. Então, “para que o diário não seja meramente técnico ou muito genérico e superficial, recomenda-se que busque contemplar de forma equilibrada essas duas perspectivas” (FIORENTINI, 2006, p.119- 120). É importante registrar tudo o que se for observado, como impressões, falas, considerações, e até expressões faciais e corporais, sempre contextualizando para que seja de fácil compreensão quando o diário for lido, de qual foi o momento e reações dos pesquisados. Essas “situações e outras ocorrências durante o trabalho de campo sirvam para melhor contextualizar dados levantados e ajudar a reconstruir os fatos observados” (BARROS; LEHFELD, 2000, p.89). 3.3.4 Mapas mentais Mapas mentais são representações espaciais que os indivíduos têm do contexto em que estão inseridos, que podem estar em sua mente de forma implícita ou explicita. E, “o mapa mental permitirá a afloração e a identificação de coisas (percepções) que o lado esquerdo do cérebro, responsável pela racionalidade e a lógica, normalmente bloqueia” (GÓES, 2009, p.251). As representações sociais que temos estão diretamente ligadas as nossas relações do cotidiano, nossa maneira de ver a vida e nossas formações. Fischer (1964, p.82) confirma esse ponto de vista do pesquisador “interessado em identificar no mapa que o indivíduo tem em sua cabeça a relação que ele estabelece entre os dados físicos do ambiente e sua importância para ele” (apud ANADÓN; MACHADO, 2003, p.66). E são por vias dessas representações que são criados nossos mapas mentais que “estabelecem uma variedade significativa das compreensões de cada indivíduo, que poderão ser representadas nos grafismos, desenhos, pequenos textos entre outros” (ALMEIDA, 2006, p. 36).
  • 47. 46 Aplicamos os mapas mentais em alunos com idades entre 3 a 5 anos, cursando o 1º período da Educação Infantil. As crianças foram colocadas sentadas no ambiente cotidiano de sua sala, com um som ambiente, então, pedimos que desenhassem em uma folha de papel oficio eles cantando e em outra em outro momento, como eles ficariam se a gente não cantasse mais na salinha.
  • 48. 47 CAPITULO IV 4. ANALISANDO AS ENTRELINHAS DO CAMINHO Apresentaremos neste capitulo os resultados obtidos nesta pesquisa que teve como objetivo analisar a presença das Cantigas de roda no universo musical das crianças, compreendendo o impacto da mesma na aprendizagem dos alunos. Portanto, ressaltamos na nossa análise e interpretação de dados, ao qual tivemos como fonte: a observação participante, entrevista semi-estruturada, diário de bordo e os mapas mentais. Optamos por analisar e interpretar os dados coletados seguindo os seguintes pressupostos: da utilização da associação entre o que visualizamos no decorrer da observação participante, das anotações feitas no diário de bordo, nas entrevistas feitas com as crianças e conversas com pais e crianças no cotidiano e leituras realizadas a partir dos mapas mentais. Estabelecemos três categorias, que nos possibilitaram compreender nossas inquietações, distanciamentos e aproximações existentes nas informações obtidas. Ressaltamos ainda, que todas as nossas interpretações foram norteadas por nosso quadro teórico, sem nos afastar dos objetivos traçados. Destacamos que essa pesquisa foi analisada a partir de três grupos de sujeitos, a qual nos possibilitou chegarmos às conclusões relatadas na pesquisa. Esses grupos sujeitos foram: os pais, os alunos e a pesquisadora que traz consigo uma experiência em música, na qual influenciou em suas percepções e interpretações dos dados na referida pesquisa. Para uma melhor compreensão apresentamos três categorias que surgiram no decorrer da nossa pesquisa, foram: o olhar da pesquisadora enquanto educadora nesse caminho percorrido, o impacto da música no desenvolvimento cultural na Educação Infantil e a influência da música no cotidiano das crianças. Optamos em
  • 49. 48 representar as crianças com nomes de cantigas de roda entre parênteses e o os pais e irmãos pelas siglas P1, P2, P3, P4... assim, sucessivamente. 4.1 O OLHAR ENQUANTO EDUCADORA NESSE CAMINHO PERCORRIDO Refletir impactos da música em sala foi fascinante e complexo, pois, compreendemos o quanto é desafiante interpretar silêncios, expressões faciais, corporais e desenhos através de mapas mentais. Para isso, utilizamos o diário de bordo onde relatamos o cotidiano das crianças no ambiente escolar e fora dele, através dos pais. Achamos de suma importância relatar resultados de experiências anteriores em Educação Infantil para uma melhor compreensão de como resultaram (cheguei) nessas reflexões. Como ressalta Freire(1996): Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque busco, porque indaguei, porque e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (p.29). Consideramos, portanto, a significativa relevância de fazer uma breve análise das atividades como docente durante o período de realização da pesquisa ensinando na Educação Infantil, com a música e em especial as Cantigas de Roda. Pois, todo o meu conhecimento adquirido foi no decorrer das experiências em música, no cotidiano em sala e no meio acadêmico, é fator preponderante para minhas leituras e interpretações dessa pesquisa. Como afirma Snyders (1997) “nosso cotidiano, em matéria de gostos, necessidades e valores, não se reduz ao estéril, ao manipulável do exterior, mas já possui as marcas da importância e da significação sob a forma do pressentimento, da espera” (p. 17). Mostrando-nos que, somos frutos das experiências e do meio em que vivemos, ou seja, dos estímulos da sociedade. É interessante ressaltar a minha primeira experiência sem a utilização das
  • 50. 49 cantigas de roda, pois, senti diversas dificuldades em trabalhar com crianças inquietas, ativas, de fácil dispersão e algumas bastante agressivas, como normalmente encontramos em nossas escolas, necessitando de um domínio maior em sala e por serem crianças, naturalmente se solicita uma diferenciada metodologia. Como declara Kramer (2001): (...) reconhecer que as crianças são diferentes e têm especificidades, não só por pertencerem a classes diversas ou por estarem em momentos diversos em termos do desenvolvimento psicológico. Também os hábitos, costumes e valores presentes na sua família e na localidade mais próxima interferem na sua percepção do mundo e na sua inserção (p. 22). Hoje percebo que poderia ter atuado e transformado algumas realidades, não acuso a ausência das cantigas de roda como fator predominante para que isso viesse a ocorrer e sim a sua utilização como metodologia para que eu pudesse tentar intervir no quadro encontrado, acreditando que seria uma maneira eficaz para que a aula flui-se. O segundo momento em que me deparei com uma sala do infantil foi uma proposta na grade do curso da Universidade, um estágio de regência numa sala de 1º período. No primeiro dia de observação, surgiu a necessidade de ficar com as crianças sozinha naquela sala super lotada, a forma que encontrei de acalmar e diverti-las foi exatamente através das Cantigas de Roda, então me propus a utilizá- las para embasar com mais eficácia meus dias em sala. Foram dias desafiadores, pois, os momentos que melhor interagíamos eram quando estávamos em contato com a música, então aproveitei dessa condição para cantando explicar as regras de momentos escolares determinados como lavar as mãos, ficar na rodinha, fazer fila e merendar, tudo com muita música. E, como afirma Jannibelli (1971) a música:
  • 51. 50 (...) se destaca como sendo o setor da educação que estimula, de maneira especial, o impulso vital e as mais importantes atividades psíquicas humanas: a inteligência, a vontade, a imaginação criadora e, principalmente, a sensibilidade e o amor. Nisto está sua peculiaridade, pois reúne harmoniosamente, com conhecimentos, sensibilidade e ação (p. 21). No decorrer das experiências vou me aprimorando e acredito que já é notório como a música sensibiliza as crianças, criando assim um propício local para nos aproximarmos, utilizando através das canções para trabalhar todas as matérias propostas (português, matemática, ciências sociais e ciências naturais). Mas, é indispensável perpassar esses momentos determinados, como a chegada, hora do lanche, fazerem silêncio ou a saída. No intuito de valorização da cultura das cantigas de roda, para isso, utilizei de momentos de brincadeiras de roda, também levei a flauta transversal (instrumento o qual toco constantemente) e toquei diversas cantigas para eles, o ensino a apreciação musical, a sensibilização auditiva, motora e desenvolvimento na dicção, acreditando que assim, posso ser contribuidora na educação através da música, estando consciente que: A música pode produzir muitos efeitos, melhor as condições de vida, desenvolver a sociabilidade, mas o maior ganho que proporciona aos praticantes é torná-los sensíveis aos sons, capazes de lidar com eles de forma efetiva e criativa e permitir que desfrutem da imensa alegria de fazer música (BASTIAN, 2009, p.10). O momento de maior interação em sala de aula, com aquelas crianças de 1º período, acontecia quando cantamos a música da Chapeuzinho Vermelho, uma das que eles mais gostavam, pois imitávamos as vozes e participavam ativamente na história, logo, víamos e sentíamos o ambiente se contagiar de tanta alegria, propiciando introduzir assuntos com cartazes coloridos, desenhos e materiais concretos, trabalhávamos as músicas, sendo uma maneira de aprender prazerosamente, pois, como criança e música é movimento ambos se completam. Apreendendo que essencialmente: