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A Lenda da Princesa Peralta



       Conta a lenda que existia um reino poderoso cuja capital era Colimbria.

       El-Rei Arunce aí reinava, todo-poderoso e autoritário, mantendo o povo
na maior miséria. Na corte, porém, vivia-se bem e com imensas festas, para
contentamento        das
damas que a isso eram
muito dadas. Este rei
era viúvo e tinha uma
filha que muito amava.
Esta       chamava-se
Peralta. Era tão bela
e tão engraçada que
seu pai a tudo atendia
para a satisfazer.

       Tinha muitos pretendentes, de entre eles, Sertório, um formoso guerreiro,
com pretensões a casar com a princesa, pelo que lhe enviava presentes ou, então,
mensageiros com cartas e poemas a exaltar o seu sentimento e a formusura de
Peralta. No entanto, ela a todos desiludia, não escolhendo ninguém para casar.

       E os tempos foram correndo na corte, numa vida só dada aos prazeres.
Enquanto na terra se começou a verificar descontentamentos entre os fidalgos,
nas alturas, os deuses demonstravam cada vez maior aborrecimento pela vida
desregrada que a juventude levava cá em baixo. Foi então que Vénus, ofendida
com os habitantes de Roma e sabedora que os habitantes do reino de Arunce lhe
eram fiéis, resolveu vir ver com os seus próprios olhos o que se passava.
Transformou-se em velha e intrometeu-se na corte de Conimbriga. Reconheceu
que a população a adorava, mas a corte era menos cumpridora. Aí começou a dar
longos e sensatos conselhos às adoidadas donzelas, mas estas ainda troçavam
dela. Isto desagradou-lhe imenso e, ela mesmo, jurou vingar tanta loucura e pecado.
Certo é que, passado pouco tempo, este reino poderoso foi invadido e
transformado em humilhante escravatura.

    Entretanto, El-Rei Arunce, que procurava resistir aos ataques inimigos,
mandou Peralta e o seu séquito para um castelo que possuía nas montanhas.
Era este castelo muito dissimulado pelas frondosa floresta, mais parecendo
quase uma ilha, pois era rodeado por uma ribeira, a que se chamou de Arunce,
hoje conhecida por Arouce.

             Peralta, enquanto esteve com seu pai em Colimbria, teve uma troca
de olhares com um príncipe
invasor, chamado Lausus, e dele
se enamorou e vice-versa. No
ímpeto de estar perto de sua
amada, Lausus parte em busca
de Peralta. Arunce, que se
encontrava a caminho de Ceuta,
vem em busca do príncipe e, nas
serranias,   o   desfecho      do
confronto militar é fatídico. Arunce e Lausus perdem a vida. O local onde esta
batalha ocorreu chama-se hoje Lousã.

       Entretanto, em Arunce, os dias passavam muito aborrecidos no castelo,
mas com alguma esperança. Peralta chorava de saudades e lamentava a distância
que sentia de seu pai e suspirava pelo seu amado. Entretanto, como que por
enquanto, apareceu-lhes ali um mago, o poderoso Estela. Este, mais não era que
um enviado de Sertório que, não desistindo dos seus intentos, a todo o custo
procurava casar com Peralta.

       O mago conseguiu convencer Peralta que El-Rei a esperava em Sertago,
à frente dum poderoso exército. A ingénua Peralta acreditou nele, apesar dos
prudentes conselhos da sua fiel aia, Antígona, e do velho Tibério. Assim, e com as
indicações do hábil Estela, imediatamente se apressaram os preparativos para a
viagem.
Desta forma, todo o séquito acompanhou a Princesa, guiado sempre por
Estela, e assim chegaram aos cimos da serra e a foram atravessando.

        Esta foi, no entanto, uma caminhada longa demais para a fragilidade da
velha Antígona, fiél aia de Peralta. Uma trovoada imensa obrigou-os a acoitarem-
se numa gruta, tendo aquela ali falecido.

        Peralta chorou imensamente a morte da companheira e quase desistiu de
tão tormentosa viagem. Sobre a sepultura da pobre aia, colocou-se uma laje com a
seguinte inscrição: “ Antígona de Peralta aqui foi da vida falta”. A Princesa fizera,
entretanto, um voto de não mais comer ou beber

        E a viagem continuou.

        Muito insistiam, os que acompanhavam a princesa nesta jornada, para que
comesse ou bebesse algo, mas a resposta era sempre a mesma, pelo que muito foi o
espanto dos acompanhantes quando, à insistência de Estela que lhe perguntava
se queria água, lhe respondeu: Volo! (quero)

        Prosseguindo, mais animada, avançaram na caminhada para Sertago.

        Porém, Vénus vigiava a caravana e, piedosa do sofrimento de Peralta,
decide enviar um poderoso raio que transforma os acompanhantes em montanhas e
a bela Peralta numa formosa sereia, que ficou vivendo nas águas que brotavam da
serra onde ficara para sempre Antígona.

        E conta a lenda que esse raio poderoso desfez igualmente a lápide onde,
para a posteridade, apenas ficava, da primitiva inscrição, a seguinte legenda:

                             “ ANTIG…A DE PERA … “

        E DOS SÍTIOS ONDE Peralta disse “ VOLO” nasceu o Bolo,
enquanto que das paragens onde existia o túmulo, com a referida inscrição, surgiu
Pera.

        E de toda esta lenda maravilhosa, nasceu Castanheira de Pera.

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A Lenda da Princesa Peralta e a Origem de Castanheira de Pera

  • 1. A Lenda da Princesa Peralta Conta a lenda que existia um reino poderoso cuja capital era Colimbria. El-Rei Arunce aí reinava, todo-poderoso e autoritário, mantendo o povo na maior miséria. Na corte, porém, vivia-se bem e com imensas festas, para contentamento das damas que a isso eram muito dadas. Este rei era viúvo e tinha uma filha que muito amava. Esta chamava-se Peralta. Era tão bela e tão engraçada que seu pai a tudo atendia para a satisfazer. Tinha muitos pretendentes, de entre eles, Sertório, um formoso guerreiro, com pretensões a casar com a princesa, pelo que lhe enviava presentes ou, então, mensageiros com cartas e poemas a exaltar o seu sentimento e a formusura de Peralta. No entanto, ela a todos desiludia, não escolhendo ninguém para casar. E os tempos foram correndo na corte, numa vida só dada aos prazeres. Enquanto na terra se começou a verificar descontentamentos entre os fidalgos, nas alturas, os deuses demonstravam cada vez maior aborrecimento pela vida desregrada que a juventude levava cá em baixo. Foi então que Vénus, ofendida com os habitantes de Roma e sabedora que os habitantes do reino de Arunce lhe eram fiéis, resolveu vir ver com os seus próprios olhos o que se passava. Transformou-se em velha e intrometeu-se na corte de Conimbriga. Reconheceu que a população a adorava, mas a corte era menos cumpridora. Aí começou a dar longos e sensatos conselhos às adoidadas donzelas, mas estas ainda troçavam dela. Isto desagradou-lhe imenso e, ela mesmo, jurou vingar tanta loucura e pecado.
  • 2. Certo é que, passado pouco tempo, este reino poderoso foi invadido e transformado em humilhante escravatura. Entretanto, El-Rei Arunce, que procurava resistir aos ataques inimigos, mandou Peralta e o seu séquito para um castelo que possuía nas montanhas. Era este castelo muito dissimulado pelas frondosa floresta, mais parecendo quase uma ilha, pois era rodeado por uma ribeira, a que se chamou de Arunce, hoje conhecida por Arouce. Peralta, enquanto esteve com seu pai em Colimbria, teve uma troca de olhares com um príncipe invasor, chamado Lausus, e dele se enamorou e vice-versa. No ímpeto de estar perto de sua amada, Lausus parte em busca de Peralta. Arunce, que se encontrava a caminho de Ceuta, vem em busca do príncipe e, nas serranias, o desfecho do confronto militar é fatídico. Arunce e Lausus perdem a vida. O local onde esta batalha ocorreu chama-se hoje Lousã. Entretanto, em Arunce, os dias passavam muito aborrecidos no castelo, mas com alguma esperança. Peralta chorava de saudades e lamentava a distância que sentia de seu pai e suspirava pelo seu amado. Entretanto, como que por enquanto, apareceu-lhes ali um mago, o poderoso Estela. Este, mais não era que um enviado de Sertório que, não desistindo dos seus intentos, a todo o custo procurava casar com Peralta. O mago conseguiu convencer Peralta que El-Rei a esperava em Sertago, à frente dum poderoso exército. A ingénua Peralta acreditou nele, apesar dos prudentes conselhos da sua fiel aia, Antígona, e do velho Tibério. Assim, e com as indicações do hábil Estela, imediatamente se apressaram os preparativos para a viagem.
  • 3. Desta forma, todo o séquito acompanhou a Princesa, guiado sempre por Estela, e assim chegaram aos cimos da serra e a foram atravessando. Esta foi, no entanto, uma caminhada longa demais para a fragilidade da velha Antígona, fiél aia de Peralta. Uma trovoada imensa obrigou-os a acoitarem- se numa gruta, tendo aquela ali falecido. Peralta chorou imensamente a morte da companheira e quase desistiu de tão tormentosa viagem. Sobre a sepultura da pobre aia, colocou-se uma laje com a seguinte inscrição: “ Antígona de Peralta aqui foi da vida falta”. A Princesa fizera, entretanto, um voto de não mais comer ou beber E a viagem continuou. Muito insistiam, os que acompanhavam a princesa nesta jornada, para que comesse ou bebesse algo, mas a resposta era sempre a mesma, pelo que muito foi o espanto dos acompanhantes quando, à insistência de Estela que lhe perguntava se queria água, lhe respondeu: Volo! (quero) Prosseguindo, mais animada, avançaram na caminhada para Sertago. Porém, Vénus vigiava a caravana e, piedosa do sofrimento de Peralta, decide enviar um poderoso raio que transforma os acompanhantes em montanhas e a bela Peralta numa formosa sereia, que ficou vivendo nas águas que brotavam da serra onde ficara para sempre Antígona. E conta a lenda que esse raio poderoso desfez igualmente a lápide onde, para a posteridade, apenas ficava, da primitiva inscrição, a seguinte legenda: “ ANTIG…A DE PERA … “ E DOS SÍTIOS ONDE Peralta disse “ VOLO” nasceu o Bolo, enquanto que das paragens onde existia o túmulo, com a referida inscrição, surgiu Pera. E de toda esta lenda maravilhosa, nasceu Castanheira de Pera.