O documento descreve a construção histórica das ciências sociais entre os séculos XVIII e 1945. Começa apresentando as premissas iniciais de que as ciências sociais deveriam ser sistemáticas, empíricas e reguladoras da realidade, seguindo os modelos newtoniano e cartesiano. A seguir, detalha a divisão entre humanas e exatas e como cada área se institucionalizou ao longo do tempo, gerando novas disciplinas como história, economia e sociologia.
2. Empreendimento do mundo moderno
Tentativa: desenvolver um saber sistemático; regular a
realidade; e ser empiricamente válido
Scientia = conhecimento empírico
3. Parte de duas Premissas:
1) modelo newtoniano - prevê uma simetria entre
passado e o futuro
2) dualismo cartesiano - prevê a existência de uma
dicotomia natureza/seres humanos; matéria/mente;
mundo físico/mundo social-espiritual
4. Divisão entre Exatas e Humanas
Exatas – entendida como o “conhecimento das coisas
naturais, e de todas as Artes úteis, Manufaturas,
práticas Mecânicas, Máquinas e Invenções pela via da
Experimentação”
Humanas - envolve “o Divino, a Metafísica, a
Política, a Gramática, a Retórica, ou a Lógica
5. Ciência: leis da natureza universais e verdadeiras sob
qualquer circunstância.
Progresso: dotado do sentido de infinitude, da
tecnologia e de suas conquistas materiais.
Mudança na percepção a respeito do globo terrestre –
dotado de finitude
6. Conseqüência: encurtamento das distâncias sociais e
temporais em decorrência das viagens dos
descobrimentos e da divisão do trabalho;
Infinidade do tempo e do espaço - alimentava a idéia
de um progresso ilimitado;
Até o séc. XX a finitude da terra propiciou a
exploração ocidental pelo progresso
7. Finitude da terra e encurtamento das distâncias:
incentivaram novas explorações; alargamento da dominação
Humanos – senhores de uma unidade cada vez mais
cósmica; prepotência do homem (e da ciência).
Desprendimento da ciência com relação à filosofia –
metafísico em oposição ao termo ciência (leis da natureza)
8. Vista como fonte de um conhecimento certo
Variabilidade da chamada Filosofia – falta coesão
interna; incapacidade de resultados “práticas”
Luta epistemológica pelo controle do conhecimento
relativo ao mundo humano (controle do conhecimento
relativo à natureza já se encontrava encabeçado pelos
próprios cientistas naturais).
9. Marcado pela criação de estruturas institucionais
permanentes;
São voltadas para a produção de um novo conhecimento e
reprodução dos seus produtores
Marca determinante da história intelectual desse período
Grande processo de disciplinarização e profissionalização
do conhecimento.
10. Passam por processo de revitalização e transformação
Intuito: disponibilizar um lugar institucional para a criação de
conhecimento, visto que se notou a existência de múltiplas
espécies de sistemas sociais com variedades a espera de
explicações
Faculdades de Filosofia: edificação da autonomia de múltiplas
estruturas disciplinares pelos praticantes tanto das artes como das
c. naturais.
11. Ciências Naturais: atuavam fora da academia devido ao
apoio social e político angariado graças à promessa de
resultados práticos e de aplicação imediata
Demais estudiosos: foram os que mais se manifestaram
pela revitalização das universidades durante o séc. XIX
Estes atraem as C.N para o interior da academia graças ao
seu perfil positivo com vistas a obter apoio estatal para as
investigações “filosóficas”
12. Conseqüência: estabelece-se um espaço permanente
de tensão entre as artes e as ciências.
Revolução Francesa – lançou novas luzes à discussão
sobre este antagonismo, graças ao surto cultural que
trouxe consigo.
13. Houve necessidade de entendê-las e estudá-las para poder
organizá-las e racionalizá-las posteriormente, como se
desejava
O que se reivindicava: um espaço próprio do que seriam as
Ciências Sociais de fato, visto que já se demonstrava uma
necessidade social pelo seu surgimento.
14. Com a necessidade de organizá-las segundo critérios
estáveis, requereu-se um caráter exato ou “positivo” a esta
ciência, utilizando como modelo a física newtoniana
Preocupação em recompor a unidade nacional dos
Estados: favoreceu a criação de narrativas históricas
nacionais baseadas na investigação empírica de arquivos a
fim de poder assim escorar as novas ou potenciais
soberanias
15. Houve uma associação das narrativas históricas nacionais
com as c. sociais e naturais no sentido de rejeitar a
“especulação” e a “dedução”, características da Filosofia.
Porém, este tipo de história não via com bons olhos o
surgimento desta nova “ciência social” com intenções de
estabelecer leis universais para a sociedade, ou seja, o que
se acreditava ser uma mera generalização.
16. C. sociais- situada entre as humanidades e as c. naturais,
encontrando-se mais próxima desta última
História – mais próxima às faculdades de artes / letras
Entretanto, como cada uma destas esferas possuía sua ênfase
epistemológica própria, seus estudiosos viram-se divididos e
encurralados pelas respectivas questões.
17. Triunfo deste sobre a filosofia especulativa – prestígio
social no mundo do conhecimento; meritocracia
Implicações políticas: conceito de leis deterministas era
conveniente às tentativas de controle tecnocrático dos
movimentos de mudanças; tanto àqueles que se opunham as
mudanças tecnocráticas em defesa das instituições e tradições
quanto àqueles que almejavam uma interferência mais
espontânea e radical no terreno sociopolítico, interessava a
defesa do particular, do não determinado e do imaginativo.
18. Em todas as partes em detrimento da Filosofia
O que restou a Filosofia?
Redefinir, de maneira mais equivalente com o próprio ethos
científico, suas respectivas atividades, principalmente por
ser conhecida pela sua faculdade de cogitar e escrever a
respeito das próprias cogitações.
19. Estabelecem regras que prescindem às análises do mundo
social.
Física social comtiana: preocupações políticas relativas ao
partido da ordem e partido do movimento decorrentes de
uma “anarquia intelectual” datada desde a Revolução
Francesa
20. Física Social: reconciliação da ordem e do progresso graças
a um “número reduzido de inteligências de elite” dotadas de
um nível de instrução adequado aptos a resolver os
problemas sociais. Instalação de um novo poder espiritual
que findaria a Revolução finalmente. “A base tecnocrática e
a função social da nova física social tornavam-se, assim,
evidentes”
21. Enquanto a ciência positiva visava pela libertação total no
concernente a teologia e a metafísica assim como a todos os
demais modos de “explicação” da realidade, os filósofos se
tornariam “especialistas em generalidades” nesta nova
estrutura do conhecimento.
Mill: correspondente de Comte no contexto inglês; defesa
não de uma ciência positiva mas de uma ciência exata.
23. Garantir e avançar conhecimento ‘objetivo’ sobre a
realidade na base de descobertas empíricas
Descobertas empíricas: oposto ao trabalho de
‘especulação’; aprender a verdade em vez de intuí-la
Institucionalização: não linear, nem simples
24. Questão: deveria ser singular, ou dividida em
disciplinas diversas? Que tipo de epistemologia
empregar?
1) Onde essa institucionalização teve lugar?
Séc. XIX: a Grã-Bretanha, a França, as Alemanhas, as
Itálias e os Estados Unidos.
25. Por que essa institucionalização não ocorreu no restante do
mundo?
Universidades: não possuíam o peso / prestígio
internacional dos cinco países citados; maioria dos
estudiosos e universidades encontrava-se num destes
espaços
26. 2) De nomes de ‘assunto’ e de ‘disciplinas’ avançados
no decurso do século passado
I Guerra Mundial: consenso em torno de um punhado
de nomes específicos, principalmente em torno das
cinco apontadas
Mas por que a geografia, a psicologia e o direito não
estão inclusos nesta lista?
27. Nomotéticas: visam à investigação das leis da
natureza; buscam enquadrar os fatos dentro de leis
gerais da espécie a que pertencem (psicologia)
Idiográficas: ou culturais, que visam as formas
particulares (história, arte, direito)
28. Primeira disciplina a adquirir uma existência
institucional autônoma; muitos historiadores rejeitaram
o rótulo de ciência social;
Por que isso ocorre?
Divergências internas dentro das ciências sociais –
resulta disputa entre historiadores e demais disciplinas
das primeiras
29. Prática antiga
relatos alusivos ao passado, e em particular ao passado
dos povos e dos Estados, constituíram uma prática
muito conhecida no mundo do conhecimento
O que distinguia a ‘nova disciplina’ da história tal
como esta veio a se desenvolver no século XIX?
30. Ênfase: rigorosa na descoberta de ‘o que efetivamente
aconteceu’,
Oposição: a histórias imaginadas ou exageradas, fossem estas
por lisonjearem os leitores ou para servirem aos fins imediatos
dos governantes
Conclusão: passou a ser mais exata, menos fictícia e alegórica.
Passou então a ter como máxima a busca da verdade acima de
tudo.
31. ciência utilizou de temas como: ênfase na existência de um
mundo real e tido por objetivo e cognoscível, ênfase na
prova empírica e ênfase na neutralidade do estudioso
O historiador: ex. C.N não deve buscar informações nem
nos escritos já existentes (a biblioteca, lugar da leitura) nem
nos processos do seu próprio pensamento (o estúdio ou
estudo, lugar por excelência da reflexão)
32. Onde ele deve buscar então as informações de que precisa?
Num espaço onde é possível reunir, armazenar, controlar e
manipular uma informação objetiva e exterior (o laboratório
ou o arquivo, lugar da investigação)
33. Aproximou história e ciência, entendidos como modos de
conhecimento ‘modernos’
Moderno = a não medieval
Rejeição por parte dos historiadores: busca de esquemas
gerais capazes de explicar os dados empíricos, pq qualquer
busca de eventuais ‘leis’ cientificas do mundo social os
reconduziria necessariamente à via do erro
34. “Explica o porquê de terem sido capazes, no âmbito do seu
trabalho, não só de espelharem o novo primado da ciência
no pensamento europeu, mas também de surgirem como
arautos e defensores de uma posição idiográfica e
antiteórica.” Daí a insistência dos historiadores de
pertencerem às faculdades de letras e de mostrarem
resistência em identificar-se com as CSO.
35. Válida – historiadores enfatizaram uso dos arquivos;
Arquivos: baseado num conhecimento contextual e
aprofundado da cultura;
Resultado: fez com que a investigação histórica fosse
validada quando “o historiador a levava a cabo no seu
próprio quintal.”
36. Conseqüência: os historiadores que se haviam negado a
continuar a alinhar na justificação dos reis, se acharam na
posição de justificar ‘nações’ e com freqüência os seus
novos soberanos – ‘os povos’
Isso se tornou útil aos Estados uma vez que contribuiria
para lhes reforçar a coesão social, contudo, não os ajudou a
tomar decisões quanto às políticas mais avisadas a
empreender no presente.
37. Grande procura por especialistas(funcionários públicos
x), por parte dos Estados
Por que essa procura?
Ajuda na formulação de políticas, sobretudo nos
momentos marcadamente mercantilistas dos
respectivos percursos históricos.
38. Jurisprudência (termo antigo) e o direito das nações
(termo novo). A primeira já era ofertada nas faculdades
de Direito da universidades;
A economia política (termo igualmente novo que
designava a macroeconomia ao nível das sociedades
politicamente organizadas);
39. A estatística (outro termo novo, que designava os
dados quantitativos relativos aos Estados)
E as Kameralwissenschaften (ciências da
administração) – que passou a ser matéria de estudo das
universidades alemãs no século XVIII
40. Séc.XIX: passa a fazer parte das faculdades de
Direito;
Encontrada antes no interior das faculdades de
Filosofia
Economia Política: expressão corrente sec. XVIII
desaparece – teorias econômicas liberais XIX- na
metade de oitocentos em favor da expressão
‘economia’
41. Deu condições aos economistas de defenderem “que o
comportamento econômico era reflexo de uma
psicologia individualista universal e não de instituições
socialmente construídas, argumento que pôde então ser
utilizado para afirmar o caráter natural dos princípios
do laissez-faire.”
42. Estudo voltado para o presente;
Conseqüência: história econômica ficou relegada a
lugares inferiores nos currículos de economia, e quando
surge como subdisciplina essa evolução dá-se a partir
da historia (da qual irá parcialmente separar) do que da
economia
43. Economia ganha solidez; surge disciplina nova: a
sociologia
Comte: a sociologia seria a rainha das ciências, na qual
seria uma ciência social integrada e unificada e
caracterizada pelo ‘positivismo’
44. Só ocorre na segunda metade sec. XIX
institucionalização e transformação, nos limites das
universidades, do trabalho realizado pelas associações
para a reforma da sociedade
45. Programa de ação: o mal-estar e os desequilíbrios vividos
pelo número incontável da população operária urbana.
Trabalho no ambiente universitário: ao fazerem isso
acabaram por abdicar da sua militância ativa em prol de
medidas legislativas imediatas
46. Ao consumar o corte com suas origens nas organizações
para a reforma social, “os sociólogos começaram a cultivar
o impulso positivista que, juntamente com a sua disposição
para o estudo do presente, os empurrou, também a eles, para
o campo nomotético.”
47. Surge ainda mais tarde em relação as disciplinas
mencionadas
Por que isso ocorreu?
Não porque seu respectivo conteúdo – o Estado
contemporâneo e a sua componente política – se prestasse
menos à análise nomotética, mas sim porque as faculdades
de Direito não queriam abrir mão do monopólio que
detinham sobre esta área;
48. reflete a importância atribuída pelos cientistas políticos
ao estudo da filosofia política – que ora assumia a
designação de teoria política – pelo menos até a
revolução behaviorista do período posterior a 1945
49. Permitiu que a ciência política reivindicasse como sua
uma herança que já vinha dos gregos, detendo-se na
leitura de autores desde há muito com lugar firmado
nos currículos universitários;
C.P cumpre outro objetivo: o de legitimar a economia
como disciplina autônoma
50. Rejeitada como matéria – o Estado e o mercado
funcionavam, e deviam funcionar, através de lógicas
distintas;
Esse argumento exigia como garantia o
estabelecimento a longo prazo de um estudo científico
autônomo da esfera política
51. “ao se tornarem disciplinas universitárias no século XIX (e
de fato até 1945), esse quarteto não só se limitou a ser
praticado nos cinco países em que elas tiveram
coletivamente origem, como se dedicou em grande medida,
a descrever a realidade social desses mesmos países. Não se
pode dizer que as universidades dos cinco países
ignorassem o resto do mundo. O que sucedia é que nelas
esse estudo era segregado para disciplinas diferentes”
52. Moderno sistema-mundo: implicou encontro – e a
conquista – de europeus com povos de diferentes
regiões do mundo;
O encontro: deu-se com dois tipos muito diferentes de
povos e de estruturas sociais
53. Grupos pequenos, sem nenhum sistema de registro escritos,
desinseridos de qualquer sistema religioso geograficamente
amplo e militarmente frágeis em relação à tecnologia
européia;
Civilizações ‘avançadas’ (orientais) possuíam: escrita,
sistemas religiosos que cobriam um vasto espaço geográfico;
uma estrutura política relativamente organizada, sob forma
imp.burócratico; uma capacidade militar significativa
54. Criou a necessidade de uma nova disciplina, que tivesse por
domínio esse objeto
= a soc. a antrop. teve início fora da universidade; praticada
por: exploradores,viajantes e funcionários dos serviços
coloniais das potências européias
Mais tarde fora institucionalizada como a soc. embora
segregada das demais ciências sociais dedicadas ao estudo
do mundo ocidental
55. Atraídos pela idéia de uma “história natural da
humanidade de contornos universais
pressões exercidas pelo mundo exterior levam os
antropólogos a tornarem-se etnógrafos deste ou daquele
povo;
objeto de estudo: os povos que encontravam nas
colônias internas ou externas dos respectivos países.
56. Conseqüência: adoção metodologia muito especifica,
construída em torno do trabalho de campo (resp.exigência
ethos científico investigação empírica) e da observação
participante (exigência de se atingir um conhecimento
mais profundo em torno da cultura em estudo)
Observação participante: desde sempre ameaçou violar o
ideal da neutralidade científica.
57. Ser mediador entre o povo que estudava e o mundo dos
conquistadores europeus, principalmente por cidadão
da potência colonizadora do povo estudado;
ex: antropólogos ingleses na África Ocidental;
antropólogos italianos na Líbia; antropólogos dos EUA
que se dedicaram ao estudo da ilha Guam e dos índios
americanos)
58. fato preponderante para que mantivessem a prática da
etnografia dentro das premissas normativas da ciência
Assumem, talvez, uma posição nomotética e
debruçada sobre o presente, semelhante ao dos
economistas, e em verdade após 1945 a antropologia
estrutural viria a conhecer uma evolução desse tipo
59. prioridade à necessidade de justificar o estudo da
diferença, bem como o de defender a legitimidade
moral de não se ser europeu. “Por isso, seguindo a
lógica dos primeiros historiadores, os antropólogos
resistiram à exigência de formular leis, dedicando-se,
na sua maioria, à prática de uma epistemologia
idiográfica.”
60. mundo árabe-islâmico e a China
civilizações "avançadas“(ñ consid. Tribos)
organização política, sistemas religiosos, vasto
território, grandes impérios burocráticos capacidade
militar opunha resistência às tentativas de conquista
61. com os progressos tecnológicos europeus essas
civilizações também se tornaram colônias ou
semicolônias
institucionalização estudos orientais
caráter mais secular -participação no quadro das
estruturas disciplinares das universidades
62. Precederam a institucionalização dos estudos orientais
Antiguidade, "cultura clássica" povos antepassados da
Europa moderna
saga única – antiguidade - conquistas dos bárbaros -
continuidade assegurada pela Igreja - Renascimento -
reincorporação da herança greco-romana - criação do
mundo moderno
63. Preocupação em serem distintos da filosofia e da
teologia tinham caráter essencialmente literário, apesar
de serem uma mistura de literatura, artes e história
abriram terreno para os estudos orientais, que davam
entrada nas universidades
64. prática própria, sem interesse na reconstrução
diacrônica interesse: compreensão e avaliação correta
do conjunto de valores e práticas de civilizações vistas
como estáticas exigiam capacidades lingüísticas e
filológicas resistência à modernidade, ao ethos
científico consideravam-se integrados nas
"humanidades", mas contribuíram para as CSO por
serem os únicos que se dedicavam a tais estudos (os
comparativistas não tinham interesse nas civilizações
orientais em si mesmas)
66. prática antiga, que procedeu à sua própria reconstrução
como disciplina nova no século XIX
mesmas grandes preocupações CSO, mas resistiu à
categorização
ponte com as ciências naturais (geografia física)
67. ponte com as humanidades (geografia humana), com ênfase
nas influências do meio
preocupação em ser uma prática mundial em relação ao objeto
de estudo
mas, com a compartimentação em disciplinas no final do séc.
XIX, tornou-se anacrônica, devido ao seu caráter
generalizante
menos prestígio, "acólito da história"
68. Vs. ciências sociais, com sua ênfase temporal (negligenciando
o tratamento do espaço)
espaço, nas CSO
na abordagem universalista, determinista, era considerado
como "plataforma" em que ocorriam os acontecimentos,
na abordagem com ênfase no específico, era considerado um
contexto, com certa influência sobre os acontecimentos, mas
tido como residual, não essencial para análise
69. visão específica da espacialidade = territórios
soberanos (Estados)
fronteiras políticas como parâmetro das interações e
dos processos (sociais, políticos, econômicos),
fatores cruciais de confinamento social
70. Também cindiu da Filosofia, partilhando do ethos
científico
considerada como parte do terreno médico,
aproximação das ciências naturais
legitimidade = natureza fisiológica e química
dando entrada nas faculdades de ciências naturais
71. psicologia social – modalidades com ênfase no
indivíduo visto em sociedade, permanecendo no campo
das ciências sociais
mas não conseguiram autonomia institucional completa
marginalização por parte da psicologia
subdisciplina da sociologia
72. forte e influente teorização da psicologia, com maior
potencial de se definir como ciência social
não aconteceu, porque saiu da prática da medicina,
o ambiente de escândalo do início a tornou uma
atividade pária, levando à criação de estruturas
institucionais fora do sistema universitário
(o que preservou a psicanálise enquanto prática e
escola do pensamento, mas afastou os conceitos
freudianos dos departamentos de psicologia)
73. já existiam faculdades de Direito - formar advogados
ceticismo por parte dos cientistas sociais de vocação
nomotética, considerados muito normativos,idiográficos, sem
base na pesquisa empírica, leis que não eram científicas
a ciência política, em vez de analisá-las, dedicava-se à análise
das regras abstratas dos comportamentos políticos, dos quais
se extrairiam os sistemas jurídicos racionais
74. contexto: domínio Europa sobre o resto do mundo
Questão: “Por que razão é que esta pequena porção do mundo
foi capaz de derrotar todos os rivais e de impor a sua vontade
às Américas, à África e à Ásia?“
resposta ao nível da comparação de "civilizações" (nao ao dos
Estados soberanos)
75. poderio militar mais forte e eficaz interpretações livres
preocupação com o modo da expansão e dominação
coincindiu com a teoria evolucionista de Darwin
o paradigma da física newtoniana dominava a metodologia das
ciências sociais, mas a biologia darwinista influenciou as
teorias do social com a idéia de evolução enquanto
sobrevivência do mais apto
76. conceito que sofreu interpretações livres
justificação da superioridade da sociedade européia
ponto final do progresso – civilização
esses primeiros estudos comparativos ainda não se centravam
no Estado
acabaram vítimas do impacto das guerras mundiais, minando o
otimismo liberal das teorias progressistas industrial
77. história, antropologia e geografia marginalizam as
tradições universalizantes
sociologia, economia e ciência política, com ênfase no
Estado, consolidam-se como cerne (nomotético) das
ciências sociais
78. 1840 - 1945 - campo ciências sociais definido
institucionalização da formação acompanhada pela
institucionalização da investigação (revistas especializadas,
associações de investigadores)
esforço das disciplinas em se distinguirem das demais,
também em relação às voltadas para a realidade social
distinção entre disciplinas quanto ao conteúdo e às
metodologias
79. História - afirmavam ter relação privilegiada com os materias, e
se propunham a reconstruir a realidade do passado, relacionando-
a com as necessidades culturais do presente pela via
interpretativa e hermenêutica
antropologia - modos de organização social de povos não
ocidentais, considerados não irracionais
Orientalistas - civilizações não ocidentais "avançadas"
("religiões mundiais" vs. perspectiva cristocêntrica)
80. ciências nomotéticas - ênfase no que as distinguia da
história: interesse por leis gerais, fenômenos enquanto casos
(não entidades individualizadas), segmentação da realidade
para análise, métodos estritamente científicos, provas
produzidas de forma sistemática, observação controlada
Separados da história idiográfica, demarcaram as diferenças
em relação às demais disciplinas, tanto quanto ao conteúdo
quanto às metodologias:
81. economistas: operações do mercado
cientistas políticos: estruturas governamentais formais
sociólogos: problemática social emergente (alheia aos
economistas e as c. políticos)
o sucesso do estabelecimento de estruturas disciplinares de
investigação gerou estruturas de investigação, análise e
formação produtivas (resultanto em grande legado
bibliográfico)
82. institucionalização na maioria das universidades de todo o
mundo
Com o fim da II Guerra Mundial até instituições alemãs e
italianas se alinharam ao padrão de classificação (bloco
soviético só nos finais da década de 50)
distinção clara em relação às ciências naturais (sistemas não
humanos) e às humanidades (produção cultural, mental e
espiritual das sociedades humanas 'civilizadas')
83. Mas mesmo com as estruturas institucionais já montadas, após
a II Guerra Mundial, começa a cisão entre as práticas e
posições intelectuais e a organização formal das ciências
sociais
84. WALLERSTEIN, I. Para abrir as Ciências Sociais.
São Paulo: Cortez, 2206