SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 20
ESCOLA SECUNDÁRIA PINHEIRO E ROSA

                 NUM BAIRRO MODERNO
                   DE CESÁRIO VERDE




Professora: Armanda Mesquita
                               Trabalho Realizado por: Adriana Marta Nº1
                                                     Brigida Laranjo Nº5
                                                         Eliana Luís Nº8
                                                                    11ºE
NUM BAIRRO MODERNO
   Dez horas da manhã; os transparentes         E rota, pequenina, azafamada,
    Matizam uma casa apalaçada;                   Notei de costas uma rapariga,
    Pelos jardins estancam-se as nascentes,       Que no xadrez marmóreo duma escada,
    E fere a vista, com brancuras quentes,        Como um retalho de horta aglomerada,
    A larga macadamizada.                         Pousara, ajoelhando, a sua giga.

   Rez-de-chaussé repousam sossegados,          E eu, apesar do sol, examinei-a;
    Abriram-se, nalguns, as persianas,            Pôs-se de pé; ressoam-lhe os tamancos;
    E dum ou doutro, em quartos estucados,        E abre-se-lhe o algodão azul da meia,
    Ou entre a rama dos papéis pintados,          Se ela se curva, esguedelhada, feia
    Reluzem, num almoço as porcelanas.            E pendurando os seus bracinhos brancos.

   Como é saudável ter o seu conchego,          Do patamar responde-lhe um criado:
    E a sua vida fácil! Eu descia,                "Se te convém, despacha; não converses.
    Sem muita pressa, para o meu emprego,         Eu não dou mais." E muito descansado,
    Aonde agora quase sempre chego                Atira um cobre ignóbil oxidado,
    Com as tonturas duma apoplexia.               Que vem bater nas faces duns alperces.
   Subitamente - que visão de artista! -         As azeitonas, que nos dão o azeite,
    Se eu transformasse os simples vegetais,       Negras e unidas, entre verdes folhos,
    À luz do Sol, o intenso colorista;             São tranças dum cabelo que se ajeite;
    Num ser humano que se mova e                   E os nabos - ossos nus, da cor do
    exista                                         leite,
    Cheio de belas proporções carnais?!            E os cachos de uvas - os rosários de
                                                   olhos.
   Bóiam aromas, fumos de cozinha;
    Com o cabaz às costas, e vergando,            Há colos, ombros, bocas, um
    Sobem padeiros, claros de farinha;             semblante
    E às portas, uma ou outra campainha            Nas posições de certos frutos. E entre
    Toca, frenética, de vez em quando.             As hortaliças, túmido, fragrante,
                                                   Como dalguém que tudo aquilo jante,
   E eu recompunha, por anatomia,                 Surge um melão, que me lembrou um
                                                   ventre.
    Um novo corpo orgânico, aos
    bocados.
    Achava os tons e as formas.                   E, como um feto, enfim, que se dilate,
    Descobria                                      Vi nos legumes carnes tentadoras,
    Uma cabeça numa melancia,                      Sangue na ginja vívida, escarlate,
    E nuns repolhos seios injectados               Bons corações pulsando no tomate
                                                   E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.
   O Sol dourava o céu. E a regateira,
    Como vendera a sua fresca alface                    E pitoresca e audaz, na sua chita,
    E dera o ramo de hortelã que cheira,                 O peito erguido, os pulsos nas
    Voltando-se, gritou-me prazenteira:                  ilhargas,
    " Não passa mais ninguém! ... Se me ajudasse?!
    ..."                                                 Duma desgraça alegre que me incita,
                                                         Ela apregoa, magra, enfezadita,
                                                         As suas couves repolhudas, largas.

   Eu acerquei-me dela, sem desprezo;
    E, pelas duas asas a quebrar,
    Nós levantámos todo aquele peso                     E, como as grossas pernas dum
    Que ao chão de pedra resistia preso,                 gigante,
    Com um enorme esforço muscular.                      Sem tronco, mas atléticas, inteiras
    (...)                                                Carregam sobre a pobre caminhante,
                                                         Sobre a verdura rústica, abundante,
                                                         Duas frugais abóboras carneiras.
ANÁLISE FORMAL
   O poema é constituído por 20 estrofes, cada
    estrofe tem 5 versos (quintilha).
   Os versos são decassilábicos.
   A rima é do tipo A B A A B (rimas cruzadas e
    emparelhadas).

    “Dez horas da manhã; os transparentes A
    Matizam uma casa apalaçada; B
    Pelos jardins estancam-se as nascentes, A
    E fere a vista, com brancuras quentes, A
    A larga macadamizada.“ B
TEMA / ASSUNTO

 Tema: Deambulação do sujeito poético.
 Assunto: O sujeito poético deambula por um
  bairro de Lisboa e vai encontrando várias
  personagens.
LOCALIZAÇÃO ESPÁCIO-TEMPORAL (ELEMENTO REALISTA)
VÁRIOS PLANOS FOCADOS PELO OLHAR DO SUJEITO POÉTICO


   O sujeito poético visualizou os vegetais e
    transformou o que a rapariga carregava na
    reconstituição de um ser humano.
PRESENÇA DA LUZ NOS PRIMEIROS VERSOS

   Exemplos:„‟ os transparentes/ Matizam uma
    casa‟‟, „‟ fere a vista com brancuras quentes‟‟.
SINESTESIA NA 1ª ESTROFE




   Sensações visuais e táteis (cor e
    temperatura)
CARATERIZAÇÃO DA REGATEIRA

   Aspeto físico – "pequenina", "esguedelhada,
    feia", "os (...) bracinhos brancos", "magra",
    "enfezadita; o vestuário "rota“.

   Recurso a diminutivos.

   O poeta auxilia a "regateira“.
OPOSIÇÃO CIDADE / CAMPO

 O que sentia Cesário Verde pela cidade e pelo
campo?
VALOR EXPRESSIVO DAS METÁFORAS, SÍMBOLOS DA OPOSIÇÃO CIDADE-CAMPO



    „‟Atira um cobre lívido, oxidado/ Que vem
     bater nas faces duns alperces.‟‟
OLHAR METAMORMOFOSEANTE DO SUJEITO POÉTICO /
TRANSFIGURAÇÃO DO REAL (HUMANIZAÇÃO DO CABAZ DE FRUTA)
-RELAÇÃO ENTRE A HUMANIZAÇÃO DA FRUTA
  -A COMUNICAÇÃO DIRETA COM A VENDEDEIRA
 -A TRANSFORMAÇÃO VITAL DO SUJEITO POÉTICO
-Transfiguração do real, comparando os vegetais ao
corpo humano.
Exemplo:
“As azeitonas, que nos dão o azeite,
Negras e unidas, entre verdes folhos,
São tranças dum cabelo que se ajeite”
   “Achava os tons e as formas. Descobria
    Uma cabeça numa melancia,
    E uns repolhos seios injetados”
SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “POBRE CAMINHANTE”

   Demonstração de simpatia para com as
    pessoas do campo.
   Em oposição à forma como descreve as
    pessoas da cidade.
    Exemplo: “Do patamar responde-lhe um criado:
              "Se te convém, despacha; não
    converses.
              Eu não dou mais." E muito
    descansado,
              Atira um cobre ignóbil oxidado,
              Que vem bater nas faces duns
    alperces.”
DIMENSÃO IMPRESSIONISTA DO POEMA, ATRAVÉS DE
PALAVRAS DOS CAMPOS SEMÂNTICOS DE LUZ E COR

   Cor: „‟a rama dos papéis pintados‟‟, „‟algodão
    azul‟‟, „‟bracinhos brancos‟‟, cobra lívido,
    oxidado‟‟, „‟faces duns alperces‟‟, „‟ o intenso
    colorista‟‟, „‟claros de farinha‟‟, „‟ as azeitonas
    (…) negras‟‟, „‟verdes folhas‟‟, „‟da cor do leite‟‟,
    „‟ginja vivida, escarlate‟‟, „‟dedos rubros‟‟,
    „‟Descolorida nas maças do rosto‟‟, „‟janela
    azul‟‟‟, „‟nuvens alvas‟‟, „‟laranja‟‟
   Luz: „‟os transparentes/ Matizam uma casa‟‟, „‟
    fere a vista com brancuras quentes‟‟, „‟
    Reluzem, num almoço, as porcelanas‟‟, „‟apesar
    do sol‟‟, „‟ á luz do sol‟‟, „‟O sol dourava‟‟, „‟joeira
    ou que borrifa estrelas‟‟, „‟e a poeira que eleva
    nuvens‟‟, „‟o sol estende pelas frontarias,/ Seus
    raios de laranja destilada‟‟.
FIM

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Gil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraDavid Caçador
 
Fernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa PreceFernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa PreceSamuel Neves
 
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaSebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaAntónio Aragão
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasAna Tapadas
 
O heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto CaeiroO heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto Caeiroguest155834
 
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A TradeOs Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A TradeOxana Marian
 
Os Maias Episódios da Vida Romântica
Os Maias   Episódios da Vida RomânticaOs Maias   Episódios da Vida Romântica
Os Maias Episódios da Vida RomânticaPatrícia Pereira
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAnabela Fernandes
 
Narrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os MaiasNarrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os MaiasDina Baptista
 
Estrutura mensagem
Estrutura mensagemEstrutura mensagem
Estrutura mensagemameliapadrao
 
O artigo de apreciação crítica
O artigo de apreciação críticaO artigo de apreciação crítica
O artigo de apreciação críticaFernanda Monteiro
 
Mensagem Fernando Pessoa
Mensagem   Fernando PessoaMensagem   Fernando Pessoa
Mensagem Fernando Pessoaguest0f0d8
 
Power point "Frei Luís de Sousa"
Power point "Frei Luís de Sousa"Power point "Frei Luís de Sousa"
Power point "Frei Luís de Sousa"gracacruz
 

Mais procurados (20)

Gil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereira
 
Fernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa PreceFernando Pessoa Prece
Fernando Pessoa Prece
 
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaSebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - Poemas
 
O heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto CaeiroO heteronimo Alberto Caeiro
O heteronimo Alberto Caeiro
 
. Maias simplificado
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificado
 
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A TradeOs Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A Trade
 
Frei Luís de Sousa, síntese
Frei Luís de Sousa, sínteseFrei Luís de Sousa, síntese
Frei Luís de Sousa, síntese
 
Mensagem - Fernando Pessoa
Mensagem - Fernando Pessoa Mensagem - Fernando Pessoa
Mensagem - Fernando Pessoa
 
Os Maias Episódios da Vida Romântica
Os Maias   Episódios da Vida RomânticaOs Maias   Episódios da Vida Romântica
Os Maias Episódios da Vida Romântica
 
Os Maias - personagens
Os Maias - personagensOs Maias - personagens
Os Maias - personagens
 
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicasAlberto caeiro biografia e caracteristicas
Alberto caeiro biografia e caracteristicas
 
Narrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os MaiasNarrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os Maias
 
Estrutura mensagem
Estrutura mensagemEstrutura mensagem
Estrutura mensagem
 
Recursos expressivos
Recursos expressivosRecursos expressivos
Recursos expressivos
 
Memorial Do Convento
Memorial Do ConventoMemorial Do Convento
Memorial Do Convento
 
O artigo de apreciação crítica
O artigo de apreciação críticaO artigo de apreciação crítica
O artigo de apreciação crítica
 
Educação n' os maias
Educação n' os maiasEducação n' os maias
Educação n' os maias
 
Mensagem Fernando Pessoa
Mensagem   Fernando PessoaMensagem   Fernando Pessoa
Mensagem Fernando Pessoa
 
Power point "Frei Luís de Sousa"
Power point "Frei Luís de Sousa"Power point "Frei Luís de Sousa"
Power point "Frei Luís de Sousa"
 

Semelhante a Num bairro moderno

Poesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilacPoesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilacMariGiopato
 
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoHomenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoConfraria Paranaense
 
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJAntologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJANTONIO CABRAL FILHO
 
Edição março 2010
Edição março 2010Edição março 2010
Edição março 2010Lianeuechi
 
Proet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé AmorimProet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé Amorimoficinativa
 
Os muros de uberlândia
Os muros de uberlândiaOs muros de uberlândia
Os muros de uberlândiakrmazov76
 
Viag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartasViag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartasIsabelPereira2010
 
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemasAugusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemasericasilveira
 
Camilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasagnes2012
 
Conceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poeticaConceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poeticaLudmiilaa
 

Semelhante a Num bairro moderno (20)

Poesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilacPoesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilac
 
Poetas parnasianos e simbolistas
Poetas parnasianos e simbolistasPoetas parnasianos e simbolistas
Poetas parnasianos e simbolistas
 
Um velhinho um violao
Um velhinho um violaoUm velhinho um violao
Um velhinho um violao
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Paraná Trovadoresco - Livreto 1
Paraná Trovadoresco - Livreto 1Paraná Trovadoresco - Livreto 1
Paraná Trovadoresco - Livreto 1
 
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoHomenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
 
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJAntologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
 
Edição março 2010
Edição março 2010Edição março 2010
Edição março 2010
 
Proet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé AmorimProet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé Amorim
 
Teste cesário
Teste cesárioTeste cesário
Teste cesário
 
Os muros de uberlândia
Os muros de uberlândiaOs muros de uberlândia
Os muros de uberlândia
 
Viag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartasViag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartas
 
Um velhinho um violao
Um velhinho um violaoUm velhinho um violao
Um velhinho um violao
 
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemasAugusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
 
Camilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemas
 
Poetas da I República
Poetas da I RepúblicaPoetas da I República
Poetas da I República
 
Poesia do Realismo
Poesia do RealismoPoesia do Realismo
Poesia do Realismo
 
Quinhentismo(1)
Quinhentismo(1)Quinhentismo(1)
Quinhentismo(1)
 
Quinhentismo
Quinhentismo Quinhentismo
Quinhentismo
 
Conceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poeticaConceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poetica
 

Mais de aramalho340

Alvaro de Campos
Alvaro de CamposAlvaro de Campos
Alvaro de Camposaramalho340
 
Apresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º anoApresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º anoaramalho340
 
Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1aramalho340
 
Em petiz de tarde
Em petiz   de tardeEm petiz   de tarde
Em petiz de tardearamalho340
 
Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]aramalho340
 
Cent. manuel fonseca
Cent.   manuel fonsecaCent.   manuel fonseca
Cent. manuel fonsecaaramalho340
 

Mais de aramalho340 (10)

D. Sebastião2
D. Sebastião2D. Sebastião2
D. Sebastião2
 
D.Sebastião
D.SebastiãoD.Sebastião
D.Sebastião
 
Nevoeiro
Nevoeiro   Nevoeiro
Nevoeiro
 
Alvaro de Campos
Alvaro de CamposAlvaro de Campos
Alvaro de Campos
 
Apresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º anoApresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º ano
 
Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1
 
Em petiz de tarde
Em petiz   de tardeEm petiz   de tarde
Em petiz de tarde
 
Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]
 
Cent. manuel fonseca
Cent.   manuel fonsecaCent.   manuel fonseca
Cent. manuel fonseca
 
Alves redol
Alves redolAlves redol
Alves redol
 

Último

Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...andreiavys
 
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptxclasse gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptxLuciana Luciana
 
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPoesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPabloGabrielKdabra
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxFlviaGomes64
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLidianePaulaValezi
 
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptxCópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptxSilvana Silva
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...marcelafinkler
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedJaquelineBertagliaCe
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptNathaliaFreitas32
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...azulassessoria9
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeitotatianehilda
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Cabiamar
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*Viviane Moreiras
 
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...DirceuNascimento5
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfamarianegodoi
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...marcelafinkler
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxAntonioVieira539017
 

Último (20)

Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptxclasse gramatical Substantivo apresentação..pptx
classe gramatical Substantivo apresentação..pptx
 
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPoesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptxCópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
Cópia de AULA 2- ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS - LÍNGUA PORTUGUESA.pptx
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 

Num bairro moderno

  • 1. ESCOLA SECUNDÁRIA PINHEIRO E ROSA NUM BAIRRO MODERNO DE CESÁRIO VERDE Professora: Armanda Mesquita Trabalho Realizado por: Adriana Marta Nº1 Brigida Laranjo Nº5 Eliana Luís Nº8 11ºE
  • 2. NUM BAIRRO MODERNO  Dez horas da manhã; os transparentes  E rota, pequenina, azafamada, Matizam uma casa apalaçada; Notei de costas uma rapariga, Pelos jardins estancam-se as nascentes, Que no xadrez marmóreo duma escada, E fere a vista, com brancuras quentes, Como um retalho de horta aglomerada, A larga macadamizada. Pousara, ajoelhando, a sua giga.  Rez-de-chaussé repousam sossegados,  E eu, apesar do sol, examinei-a; Abriram-se, nalguns, as persianas, Pôs-se de pé; ressoam-lhe os tamancos; E dum ou doutro, em quartos estucados, E abre-se-lhe o algodão azul da meia, Ou entre a rama dos papéis pintados, Se ela se curva, esguedelhada, feia Reluzem, num almoço as porcelanas. E pendurando os seus bracinhos brancos.  Como é saudável ter o seu conchego,  Do patamar responde-lhe um criado: E a sua vida fácil! Eu descia, "Se te convém, despacha; não converses. Sem muita pressa, para o meu emprego, Eu não dou mais." E muito descansado, Aonde agora quase sempre chego Atira um cobre ignóbil oxidado, Com as tonturas duma apoplexia. Que vem bater nas faces duns alperces.
  • 3. Subitamente - que visão de artista! -  As azeitonas, que nos dão o azeite, Se eu transformasse os simples vegetais, Negras e unidas, entre verdes folhos, À luz do Sol, o intenso colorista; São tranças dum cabelo que se ajeite; Num ser humano que se mova e E os nabos - ossos nus, da cor do exista leite, Cheio de belas proporções carnais?! E os cachos de uvas - os rosários de olhos.  Bóiam aromas, fumos de cozinha; Com o cabaz às costas, e vergando,  Há colos, ombros, bocas, um Sobem padeiros, claros de farinha; semblante E às portas, uma ou outra campainha Nas posições de certos frutos. E entre Toca, frenética, de vez em quando. As hortaliças, túmido, fragrante, Como dalguém que tudo aquilo jante,  E eu recompunha, por anatomia, Surge um melão, que me lembrou um ventre. Um novo corpo orgânico, aos bocados. Achava os tons e as formas.  E, como um feto, enfim, que se dilate, Descobria Vi nos legumes carnes tentadoras, Uma cabeça numa melancia, Sangue na ginja vívida, escarlate, E nuns repolhos seios injectados Bons corações pulsando no tomate E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.
  • 4. O Sol dourava o céu. E a regateira, Como vendera a sua fresca alface  E pitoresca e audaz, na sua chita, E dera o ramo de hortelã que cheira, O peito erguido, os pulsos nas Voltando-se, gritou-me prazenteira: ilhargas, " Não passa mais ninguém! ... Se me ajudasse?! ..." Duma desgraça alegre que me incita, Ela apregoa, magra, enfezadita, As suas couves repolhudas, largas.  Eu acerquei-me dela, sem desprezo; E, pelas duas asas a quebrar, Nós levantámos todo aquele peso  E, como as grossas pernas dum Que ao chão de pedra resistia preso, gigante, Com um enorme esforço muscular. Sem tronco, mas atléticas, inteiras (...) Carregam sobre a pobre caminhante, Sobre a verdura rústica, abundante, Duas frugais abóboras carneiras.
  • 5. ANÁLISE FORMAL  O poema é constituído por 20 estrofes, cada estrofe tem 5 versos (quintilha).  Os versos são decassilábicos.  A rima é do tipo A B A A B (rimas cruzadas e emparelhadas). “Dez horas da manhã; os transparentes A Matizam uma casa apalaçada; B Pelos jardins estancam-se as nascentes, A E fere a vista, com brancuras quentes, A A larga macadamizada.“ B
  • 6. TEMA / ASSUNTO  Tema: Deambulação do sujeito poético.  Assunto: O sujeito poético deambula por um bairro de Lisboa e vai encontrando várias personagens.
  • 8. VÁRIOS PLANOS FOCADOS PELO OLHAR DO SUJEITO POÉTICO  O sujeito poético visualizou os vegetais e transformou o que a rapariga carregava na reconstituição de um ser humano.
  • 9. PRESENÇA DA LUZ NOS PRIMEIROS VERSOS  Exemplos:„‟ os transparentes/ Matizam uma casa‟‟, „‟ fere a vista com brancuras quentes‟‟.
  • 10. SINESTESIA NA 1ª ESTROFE  Sensações visuais e táteis (cor e temperatura)
  • 11. CARATERIZAÇÃO DA REGATEIRA  Aspeto físico – "pequenina", "esguedelhada, feia", "os (...) bracinhos brancos", "magra", "enfezadita; o vestuário "rota“.  Recurso a diminutivos.  O poeta auxilia a "regateira“.
  • 12. OPOSIÇÃO CIDADE / CAMPO O que sentia Cesário Verde pela cidade e pelo campo?
  • 13. VALOR EXPRESSIVO DAS METÁFORAS, SÍMBOLOS DA OPOSIÇÃO CIDADE-CAMPO  „‟Atira um cobre lívido, oxidado/ Que vem bater nas faces duns alperces.‟‟
  • 14. OLHAR METAMORMOFOSEANTE DO SUJEITO POÉTICO / TRANSFIGURAÇÃO DO REAL (HUMANIZAÇÃO DO CABAZ DE FRUTA)
  • 15. -RELAÇÃO ENTRE A HUMANIZAÇÃO DA FRUTA -A COMUNICAÇÃO DIRETA COM A VENDEDEIRA -A TRANSFORMAÇÃO VITAL DO SUJEITO POÉTICO -Transfiguração do real, comparando os vegetais ao corpo humano. Exemplo: “As azeitonas, que nos dão o azeite, Negras e unidas, entre verdes folhos, São tranças dum cabelo que se ajeite”
  • 16. “Achava os tons e as formas. Descobria Uma cabeça numa melancia, E uns repolhos seios injetados”
  • 17. SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “POBRE CAMINHANTE”  Demonstração de simpatia para com as pessoas do campo.  Em oposição à forma como descreve as pessoas da cidade. Exemplo: “Do patamar responde-lhe um criado: "Se te convém, despacha; não converses. Eu não dou mais." E muito descansado, Atira um cobre ignóbil oxidado, Que vem bater nas faces duns alperces.”
  • 18. DIMENSÃO IMPRESSIONISTA DO POEMA, ATRAVÉS DE PALAVRAS DOS CAMPOS SEMÂNTICOS DE LUZ E COR  Cor: „‟a rama dos papéis pintados‟‟, „‟algodão azul‟‟, „‟bracinhos brancos‟‟, cobra lívido, oxidado‟‟, „‟faces duns alperces‟‟, „‟ o intenso colorista‟‟, „‟claros de farinha‟‟, „‟ as azeitonas (…) negras‟‟, „‟verdes folhas‟‟, „‟da cor do leite‟‟, „‟ginja vivida, escarlate‟‟, „‟dedos rubros‟‟, „‟Descolorida nas maças do rosto‟‟, „‟janela azul‟‟‟, „‟nuvens alvas‟‟, „‟laranja‟‟
  • 19. Luz: „‟os transparentes/ Matizam uma casa‟‟, „‟ fere a vista com brancuras quentes‟‟, „‟ Reluzem, num almoço, as porcelanas‟‟, „‟apesar do sol‟‟, „‟ á luz do sol‟‟, „‟O sol dourava‟‟, „‟joeira ou que borrifa estrelas‟‟, „‟e a poeira que eleva nuvens‟‟, „‟o sol estende pelas frontarias,/ Seus raios de laranja destilada‟‟.
  • 20. FIM