SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 20
ESCOLA SECUNDÁRIA PINHEIRO E ROSA

                 NUM BAIRRO MODERNO
                   DE CESÁRIO VERDE




Professora: Armanda Mesquita
                               Trabalho Realizado por: Adriana Marta Nº1
                                                     Brigida Laranjo Nº5
                                                         Eliana Luís Nº8
                                                                    11ºE
NUM BAIRRO MODERNO
   Dez horas da manhã; os transparentes         E rota, pequenina, azafamada,
    Matizam uma casa apalaçada;                   Notei de costas uma rapariga,
    Pelos jardins estancam-se as nascentes,       Que no xadrez marmóreo duma escada,
    E fere a vista, com brancuras quentes,        Como um retalho de horta aglomerada,
    A larga macadamizada.                         Pousara, ajoelhando, a sua giga.

   Rez-de-chaussé repousam sossegados,          E eu, apesar do sol, examinei-a;
    Abriram-se, nalguns, as persianas,            Pôs-se de pé; ressoam-lhe os tamancos;
    E dum ou doutro, em quartos estucados,        E abre-se-lhe o algodão azul da meia,
    Ou entre a rama dos papéis pintados,          Se ela se curva, esguedelhada, feia
    Reluzem, num almoço as porcelanas.            E pendurando os seus bracinhos brancos.

   Como é saudável ter o seu conchego,          Do patamar responde-lhe um criado:
    E a sua vida fácil! Eu descia,                "Se te convém, despacha; não converses.
    Sem muita pressa, para o meu emprego,         Eu não dou mais." E muito descansado,
    Aonde agora quase sempre chego                Atira um cobre ignóbil oxidado,
    Com as tonturas duma apoplexia.               Que vem bater nas faces duns alperces.
   Subitamente - que visão de artista! -         As azeitonas, que nos dão o azeite,
    Se eu transformasse os simples vegetais,       Negras e unidas, entre verdes folhos,
    À luz do Sol, o intenso colorista;             São tranças dum cabelo que se ajeite;
    Num ser humano que se mova e                   E os nabos - ossos nus, da cor do
    exista                                         leite,
    Cheio de belas proporções carnais?!            E os cachos de uvas - os rosários de
                                                   olhos.
   Bóiam aromas, fumos de cozinha;
    Com o cabaz às costas, e vergando,            Há colos, ombros, bocas, um
    Sobem padeiros, claros de farinha;             semblante
    E às portas, uma ou outra campainha            Nas posições de certos frutos. E entre
    Toca, frenética, de vez em quando.             As hortaliças, túmido, fragrante,
                                                   Como dalguém que tudo aquilo jante,
   E eu recompunha, por anatomia,                 Surge um melão, que me lembrou um
                                                   ventre.
    Um novo corpo orgânico, aos
    bocados.
    Achava os tons e as formas.                   E, como um feto, enfim, que se dilate,
    Descobria                                      Vi nos legumes carnes tentadoras,
    Uma cabeça numa melancia,                      Sangue na ginja vívida, escarlate,
    E nuns repolhos seios injectados               Bons corações pulsando no tomate
                                                   E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.
   O Sol dourava o céu. E a regateira,
    Como vendera a sua fresca alface                    E pitoresca e audaz, na sua chita,
    E dera o ramo de hortelã que cheira,                 O peito erguido, os pulsos nas
    Voltando-se, gritou-me prazenteira:                  ilhargas,
    " Não passa mais ninguém! ... Se me ajudasse?!
    ..."                                                 Duma desgraça alegre que me incita,
                                                         Ela apregoa, magra, enfezadita,
                                                         As suas couves repolhudas, largas.

   Eu acerquei-me dela, sem desprezo;
    E, pelas duas asas a quebrar,
    Nós levantámos todo aquele peso                     E, como as grossas pernas dum
    Que ao chão de pedra resistia preso,                 gigante,
    Com um enorme esforço muscular.                      Sem tronco, mas atléticas, inteiras
    (...)                                                Carregam sobre a pobre caminhante,
                                                         Sobre a verdura rústica, abundante,
                                                         Duas frugais abóboras carneiras.
ANÁLISE FORMAL
   O poema é constituído por 20 estrofes, cada
    estrofe tem 5 versos (quintilha).
   Os versos são decassilábicos.
   A rima é do tipo A B A A B (rimas cruzadas e
    emparelhadas).

    “Dez horas da manhã; os transparentes A
    Matizam uma casa apalaçada; B
    Pelos jardins estancam-se as nascentes, A
    E fere a vista, com brancuras quentes, A
    A larga macadamizada.“ B
TEMA / ASSUNTO

 Tema: Deambulação do sujeito poético.
 Assunto: O sujeito poético deambula por um
  bairro de Lisboa e vai encontrando várias
  personagens.
LOCALIZAÇÃO ESPÁCIO-TEMPORAL (ELEMENTO REALISTA)
VÁRIOS PLANOS FOCADOS PELO OLHAR DO SUJEITO POÉTICO


   O sujeito poético visualizou os vegetais e
    transformou o que a rapariga carregava na
    reconstituição de um ser humano.
PRESENÇA DA LUZ NOS PRIMEIROS VERSOS

   Exemplos:„‟ os transparentes/ Matizam uma
    casa‟‟, „‟ fere a vista com brancuras quentes‟‟.
SINESTESIA NA 1ª ESTROFE




   Sensações visuais e táteis (cor e
    temperatura)
CARATERIZAÇÃO DA REGATEIRA

   Aspeto físico – "pequenina", "esguedelhada,
    feia", "os (...) bracinhos brancos", "magra",
    "enfezadita; o vestuário "rota“.

   Recurso a diminutivos.

   O poeta auxilia a "regateira“.
OPOSIÇÃO CIDADE / CAMPO

 O que sentia Cesário Verde pela cidade e pelo
campo?
VALOR EXPRESSIVO DAS METÁFORAS, SÍMBOLOS DA OPOSIÇÃO CIDADE-CAMPO



    „‟Atira um cobre lívido, oxidado/ Que vem
     bater nas faces duns alperces.‟‟
OLHAR METAMORMOFOSEANTE DO SUJEITO POÉTICO /
TRANSFIGURAÇÃO DO REAL (HUMANIZAÇÃO DO CABAZ DE FRUTA)
-RELAÇÃO ENTRE A HUMANIZAÇÃO DA FRUTA
  -A COMUNICAÇÃO DIRETA COM A VENDEDEIRA
 -A TRANSFORMAÇÃO VITAL DO SUJEITO POÉTICO
-Transfiguração do real, comparando os vegetais ao
corpo humano.
Exemplo:
“As azeitonas, que nos dão o azeite,
Negras e unidas, entre verdes folhos,
São tranças dum cabelo que se ajeite”
   “Achava os tons e as formas. Descobria
    Uma cabeça numa melancia,
    E uns repolhos seios injetados”
SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “POBRE CAMINHANTE”

   Demonstração de simpatia para com as
    pessoas do campo.
   Em oposição à forma como descreve as
    pessoas da cidade.
    Exemplo: “Do patamar responde-lhe um criado:
              "Se te convém, despacha; não
    converses.
              Eu não dou mais." E muito
    descansado,
              Atira um cobre ignóbil oxidado,
              Que vem bater nas faces duns
    alperces.”
DIMENSÃO IMPRESSIONISTA DO POEMA, ATRAVÉS DE
PALAVRAS DOS CAMPOS SEMÂNTICOS DE LUZ E COR

   Cor: „‟a rama dos papéis pintados‟‟, „‟algodão
    azul‟‟, „‟bracinhos brancos‟‟, cobra lívido,
    oxidado‟‟, „‟faces duns alperces‟‟, „‟ o intenso
    colorista‟‟, „‟claros de farinha‟‟, „‟ as azeitonas
    (…) negras‟‟, „‟verdes folhas‟‟, „‟da cor do leite‟‟,
    „‟ginja vivida, escarlate‟‟, „‟dedos rubros‟‟,
    „‟Descolorida nas maças do rosto‟‟, „‟janela
    azul‟‟‟, „‟nuvens alvas‟‟, „‟laranja‟‟
   Luz: „‟os transparentes/ Matizam uma casa‟‟, „‟
    fere a vista com brancuras quentes‟‟, „‟
    Reluzem, num almoço, as porcelanas‟‟, „‟apesar
    do sol‟‟, „‟ á luz do sol‟‟, „‟O sol dourava‟‟, „‟joeira
    ou que borrifa estrelas‟‟, „‟e a poeira que eleva
    nuvens‟‟, „‟o sol estende pelas frontarias,/ Seus
    raios de laranja destilada‟‟.
FIM

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Características Poéticas de Álvaro de Campos
Características Poéticas de Álvaro de CamposCaracterísticas Poéticas de Álvaro de Campos
Características Poéticas de Álvaro de CamposDina Baptista
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemPaulo Vitorino
 
Estrutura mensagem
Estrutura mensagemEstrutura mensagem
Estrutura mensagemameliapadrao
 
"Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade""Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade"MiguelavRodrigues
 
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaSebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaAntónio Aragão
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaMargarida Rodrigues
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasAna Tapadas
 
Resumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa OrtónimoResumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa OrtónimoRaffaella Ergün
 
Valor modal das frases
Valor modal das frasesValor modal das frases
Valor modal das frasesnando_reis
 
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A TradeOs Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A TradeOxana Marian
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaMariana Silva
 
Auto de inês pereira
Auto de inês pereiraAuto de inês pereira
Auto de inês pereirananasimao
 
"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa Ortónimo
"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa Ortónimo"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa Ortónimo
"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa OrtónimoOxana Marian
 

Mais procurados (20)

Características Poéticas de Álvaro de Campos
Características Poéticas de Álvaro de CamposCaracterísticas Poéticas de Álvaro de Campos
Características Poéticas de Álvaro de Campos
 
Ricardo reis
Ricardo reisRicardo reis
Ricardo reis
 
Frei luís de sousa
Frei luís de sousaFrei luís de sousa
Frei luís de sousa
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
 
áLvaro de campos
áLvaro de camposáLvaro de campos
áLvaro de campos
 
Estrutura mensagem
Estrutura mensagemEstrutura mensagem
Estrutura mensagem
 
"Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade""Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade"
 
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de SousaSebastianismo - Frei Luís de Sousa
Sebastianismo - Frei Luís de Sousa
 
Análise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando PessoaAnálise de poemas de Fernando Pessoa
Análise de poemas de Fernando Pessoa
 
Nevoeiro
Nevoeiro   Nevoeiro
Nevoeiro
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - Poemas
 
Resumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa OrtónimoResumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
Resumos de Português: Fernando Pessoa Ortónimo
 
Fernando Pessoa-Ortónimo
Fernando Pessoa-OrtónimoFernando Pessoa-Ortónimo
Fernando Pessoa-Ortónimo
 
Valor modal das frases
Valor modal das frasesValor modal das frases
Valor modal das frases
 
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A TradeOs Maias - Episódio da Corneta do Diabo e  Jornal A Trade
Os Maias - Episódio da Corneta do Diabo e Jornal A Trade
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intriga
 
Auto de inês pereira
Auto de inês pereiraAuto de inês pereira
Auto de inês pereira
 
Memorial do convento
Memorial do conventoMemorial do convento
Memorial do convento
 
"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa Ortónimo
"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa Ortónimo"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa Ortónimo
"Cansa sentir quando se pensa" - Fernando Pessoa Ortónimo
 
. Maias simplificado
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificado
 

Semelhante a Num bairro moderno

Poesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilacPoesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilacMariGiopato
 
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoHomenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoConfraria Paranaense
 
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJAntologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJANTONIO CABRAL FILHO
 
Edição março 2010
Edição março 2010Edição março 2010
Edição março 2010Lianeuechi
 
Proet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé AmorimProet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé Amorimoficinativa
 
Os muros de uberlândia
Os muros de uberlândiaOs muros de uberlândia
Os muros de uberlândiakrmazov76
 
Viag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartasViag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartasIsabelPereira2010
 
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemasAugusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemasericasilveira
 
Camilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasagnes2012
 
Conceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poeticaConceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poeticaLudmiilaa
 

Semelhante a Num bairro moderno (20)

Poesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilacPoesias infantis olavo bilac
Poesias infantis olavo bilac
 
Poetas parnasianos e simbolistas
Poetas parnasianos e simbolistasPoetas parnasianos e simbolistas
Poetas parnasianos e simbolistas
 
Um velhinho um violao
Um velhinho um violaoUm velhinho um violao
Um velhinho um violao
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Paraná Trovadoresco - Livreto 1
Paraná Trovadoresco - Livreto 1Paraná Trovadoresco - Livreto 1
Paraná Trovadoresco - Livreto 1
 
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoHomenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
 
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJAntologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
Antologia Poetica Poesia Pau Brasil # Org. Antonio Cabral Filho - RJ
 
Edição março 2010
Edição março 2010Edição março 2010
Edição março 2010
 
Proet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé AmorimProet@sias, livrozine de Odé Amorim
Proet@sias, livrozine de Odé Amorim
 
Teste cesário
Teste cesárioTeste cesário
Teste cesário
 
Os muros de uberlândia
Os muros de uberlândiaOs muros de uberlândia
Os muros de uberlândia
 
Viag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartasViag11 poesia quental- semana leitura cartas
Viag11 poesia quental- semana leitura cartas
 
Um velhinho um violao
Um velhinho um violaoUm velhinho um violao
Um velhinho um violao
 
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemasAugusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
Augusto dos anjos_eu_e_outros_poemas
 
Camilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemasCamilo pessanha poemas
Camilo pessanha poemas
 
Poetas da I República
Poetas da I RepúblicaPoetas da I República
Poetas da I República
 
Poesia do Realismo
Poesia do RealismoPoesia do Realismo
Poesia do Realismo
 
Quinhentismo(1)
Quinhentismo(1)Quinhentismo(1)
Quinhentismo(1)
 
Quinhentismo
Quinhentismo Quinhentismo
Quinhentismo
 
Conceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poeticaConceito generos-e-poetica
Conceito generos-e-poetica
 

Mais de aramalho340

Alvaro de Campos
Alvaro de CamposAlvaro de Campos
Alvaro de Camposaramalho340
 
Apresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º anoApresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º anoaramalho340
 
Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1aramalho340
 
Em petiz de tarde
Em petiz   de tardeEm petiz   de tarde
Em petiz de tardearamalho340
 
Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]aramalho340
 
Cent. manuel fonseca
Cent.   manuel fonsecaCent.   manuel fonseca
Cent. manuel fonsecaaramalho340
 

Mais de aramalho340 (9)

D. Sebastião2
D. Sebastião2D. Sebastião2
D. Sebastião2
 
D.Sebastião
D.SebastiãoD.Sebastião
D.Sebastião
 
Alvaro de Campos
Alvaro de CamposAlvaro de Campos
Alvaro de Campos
 
Apresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º anoApresentação do programa do 12º ano
Apresentação do programa do 12º ano
 
Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1Criatalizações cesário1
Criatalizações cesário1
 
Em petiz de tarde
Em petiz   de tardeEm petiz   de tarde
Em petiz de tarde
 
Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]Apresentação do programa do 11º ano [1]
Apresentação do programa do 11º ano [1]
 
Cent. manuel fonseca
Cent.   manuel fonsecaCent.   manuel fonseca
Cent. manuel fonseca
 
Alves redol
Alves redolAlves redol
Alves redol
 

Último

Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 

Último (20)

Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 

Num bairro moderno

  • 1. ESCOLA SECUNDÁRIA PINHEIRO E ROSA NUM BAIRRO MODERNO DE CESÁRIO VERDE Professora: Armanda Mesquita Trabalho Realizado por: Adriana Marta Nº1 Brigida Laranjo Nº5 Eliana Luís Nº8 11ºE
  • 2. NUM BAIRRO MODERNO  Dez horas da manhã; os transparentes  E rota, pequenina, azafamada, Matizam uma casa apalaçada; Notei de costas uma rapariga, Pelos jardins estancam-se as nascentes, Que no xadrez marmóreo duma escada, E fere a vista, com brancuras quentes, Como um retalho de horta aglomerada, A larga macadamizada. Pousara, ajoelhando, a sua giga.  Rez-de-chaussé repousam sossegados,  E eu, apesar do sol, examinei-a; Abriram-se, nalguns, as persianas, Pôs-se de pé; ressoam-lhe os tamancos; E dum ou doutro, em quartos estucados, E abre-se-lhe o algodão azul da meia, Ou entre a rama dos papéis pintados, Se ela se curva, esguedelhada, feia Reluzem, num almoço as porcelanas. E pendurando os seus bracinhos brancos.  Como é saudável ter o seu conchego,  Do patamar responde-lhe um criado: E a sua vida fácil! Eu descia, "Se te convém, despacha; não converses. Sem muita pressa, para o meu emprego, Eu não dou mais." E muito descansado, Aonde agora quase sempre chego Atira um cobre ignóbil oxidado, Com as tonturas duma apoplexia. Que vem bater nas faces duns alperces.
  • 3. Subitamente - que visão de artista! -  As azeitonas, que nos dão o azeite, Se eu transformasse os simples vegetais, Negras e unidas, entre verdes folhos, À luz do Sol, o intenso colorista; São tranças dum cabelo que se ajeite; Num ser humano que se mova e E os nabos - ossos nus, da cor do exista leite, Cheio de belas proporções carnais?! E os cachos de uvas - os rosários de olhos.  Bóiam aromas, fumos de cozinha; Com o cabaz às costas, e vergando,  Há colos, ombros, bocas, um Sobem padeiros, claros de farinha; semblante E às portas, uma ou outra campainha Nas posições de certos frutos. E entre Toca, frenética, de vez em quando. As hortaliças, túmido, fragrante, Como dalguém que tudo aquilo jante,  E eu recompunha, por anatomia, Surge um melão, que me lembrou um ventre. Um novo corpo orgânico, aos bocados. Achava os tons e as formas.  E, como um feto, enfim, que se dilate, Descobria Vi nos legumes carnes tentadoras, Uma cabeça numa melancia, Sangue na ginja vívida, escarlate, E nuns repolhos seios injectados Bons corações pulsando no tomate E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.
  • 4. O Sol dourava o céu. E a regateira, Como vendera a sua fresca alface  E pitoresca e audaz, na sua chita, E dera o ramo de hortelã que cheira, O peito erguido, os pulsos nas Voltando-se, gritou-me prazenteira: ilhargas, " Não passa mais ninguém! ... Se me ajudasse?! ..." Duma desgraça alegre que me incita, Ela apregoa, magra, enfezadita, As suas couves repolhudas, largas.  Eu acerquei-me dela, sem desprezo; E, pelas duas asas a quebrar, Nós levantámos todo aquele peso  E, como as grossas pernas dum Que ao chão de pedra resistia preso, gigante, Com um enorme esforço muscular. Sem tronco, mas atléticas, inteiras (...) Carregam sobre a pobre caminhante, Sobre a verdura rústica, abundante, Duas frugais abóboras carneiras.
  • 5. ANÁLISE FORMAL  O poema é constituído por 20 estrofes, cada estrofe tem 5 versos (quintilha).  Os versos são decassilábicos.  A rima é do tipo A B A A B (rimas cruzadas e emparelhadas). “Dez horas da manhã; os transparentes A Matizam uma casa apalaçada; B Pelos jardins estancam-se as nascentes, A E fere a vista, com brancuras quentes, A A larga macadamizada.“ B
  • 6. TEMA / ASSUNTO  Tema: Deambulação do sujeito poético.  Assunto: O sujeito poético deambula por um bairro de Lisboa e vai encontrando várias personagens.
  • 8. VÁRIOS PLANOS FOCADOS PELO OLHAR DO SUJEITO POÉTICO  O sujeito poético visualizou os vegetais e transformou o que a rapariga carregava na reconstituição de um ser humano.
  • 9. PRESENÇA DA LUZ NOS PRIMEIROS VERSOS  Exemplos:„‟ os transparentes/ Matizam uma casa‟‟, „‟ fere a vista com brancuras quentes‟‟.
  • 10. SINESTESIA NA 1ª ESTROFE  Sensações visuais e táteis (cor e temperatura)
  • 11. CARATERIZAÇÃO DA REGATEIRA  Aspeto físico – "pequenina", "esguedelhada, feia", "os (...) bracinhos brancos", "magra", "enfezadita; o vestuário "rota“.  Recurso a diminutivos.  O poeta auxilia a "regateira“.
  • 12. OPOSIÇÃO CIDADE / CAMPO O que sentia Cesário Verde pela cidade e pelo campo?
  • 13. VALOR EXPRESSIVO DAS METÁFORAS, SÍMBOLOS DA OPOSIÇÃO CIDADE-CAMPO  „‟Atira um cobre lívido, oxidado/ Que vem bater nas faces duns alperces.‟‟
  • 14. OLHAR METAMORMOFOSEANTE DO SUJEITO POÉTICO / TRANSFIGURAÇÃO DO REAL (HUMANIZAÇÃO DO CABAZ DE FRUTA)
  • 15. -RELAÇÃO ENTRE A HUMANIZAÇÃO DA FRUTA -A COMUNICAÇÃO DIRETA COM A VENDEDEIRA -A TRANSFORMAÇÃO VITAL DO SUJEITO POÉTICO -Transfiguração do real, comparando os vegetais ao corpo humano. Exemplo: “As azeitonas, que nos dão o azeite, Negras e unidas, entre verdes folhos, São tranças dum cabelo que se ajeite”
  • 16. “Achava os tons e as formas. Descobria Uma cabeça numa melancia, E uns repolhos seios injetados”
  • 17. SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “POBRE CAMINHANTE”  Demonstração de simpatia para com as pessoas do campo.  Em oposição à forma como descreve as pessoas da cidade. Exemplo: “Do patamar responde-lhe um criado: "Se te convém, despacha; não converses. Eu não dou mais." E muito descansado, Atira um cobre ignóbil oxidado, Que vem bater nas faces duns alperces.”
  • 18. DIMENSÃO IMPRESSIONISTA DO POEMA, ATRAVÉS DE PALAVRAS DOS CAMPOS SEMÂNTICOS DE LUZ E COR  Cor: „‟a rama dos papéis pintados‟‟, „‟algodão azul‟‟, „‟bracinhos brancos‟‟, cobra lívido, oxidado‟‟, „‟faces duns alperces‟‟, „‟ o intenso colorista‟‟, „‟claros de farinha‟‟, „‟ as azeitonas (…) negras‟‟, „‟verdes folhas‟‟, „‟da cor do leite‟‟, „‟ginja vivida, escarlate‟‟, „‟dedos rubros‟‟, „‟Descolorida nas maças do rosto‟‟, „‟janela azul‟‟‟, „‟nuvens alvas‟‟, „‟laranja‟‟
  • 19. Luz: „‟os transparentes/ Matizam uma casa‟‟, „‟ fere a vista com brancuras quentes‟‟, „‟ Reluzem, num almoço, as porcelanas‟‟, „‟apesar do sol‟‟, „‟ á luz do sol‟‟, „‟O sol dourava‟‟, „‟joeira ou que borrifa estrelas‟‟, „‟e a poeira que eleva nuvens‟‟, „‟o sol estende pelas frontarias,/ Seus raios de laranja destilada‟‟.
  • 20. FIM