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COTIDIANO
O que o aluno poderá aprender com esta aula:
-Comparar a retratação do cotidiano em crônicas e
fotografias.
-Identificar e analisar elementos que caracterizam o ofício do
cronista.
-Selecionar uma fotografia para complementar o sentido de
uma crônica produzida por algum escritor pertencente ao
jornalismo e/ ou à literatura brasileira.
-Produzir uma narrativa informativa, a partir de uma
fotografia.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Duração das atividades
6 a 8 aulas de 50 minutos.
Público Alvo: 7º ANO
Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Cotidiano
Chico Buarque
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café
Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão
Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão
Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor
Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã
Por que o compositor escolheu o título da música
“Cotidiano”? Você acha que o tema abordado na
música tem relação com sua vida? De que modo?
Qual é o tema principal da música?
Que relação podemos fazer entre as imagens de
relógios e a marcação do tempo musical?
REFLEXÃO
•Na música, Chico Buarque repete várias vezes a
expressão “ Todo dia”. Explique o motivo para
tal colocação.
E você, o que faz todo dia? São as mesmas coisas
colocadas na música? Explique.
* Faça uma pesquisa em grupos, sobre Chico
Buarque de Holanda, e sua intencionalidade
diante do cotidiano. Que momento foi esse?
Exemplifique.
“Crônica é um termo usado para definir um gênero narrativo
ou reflexivo breve, episódico e comunicativo. A crônica se
caracteriza por registrar, acima de tudo, um flagrante do
cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, com certa
dose de humor e de reflexão existencial.”
Partindo do título Pausa, da crônica de Moacyr Scliar podemos
questionar os alunos: o que tal título sugere. O que se espera
de um texto com esse início?
Após essa conversa, alguns questionamentos poderiam ser
feitos para nortear o raciocínio dos estudantes: o que nos faz
fugir da nossa realidade? Dos problemas? Da rotina? Das
obrigações?
ORALIDADE
Crônica: “Pausa”, de Moacyr Scliar
Às sete horas o despertador tocou. Samuel
saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e
lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na
cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher
apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
TEXTO PARA LEITURA, REFLEXÃO,
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a
fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a
barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto
uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara
escura.
—Todos os domingos tu sais cedo – observou a
mulher com azedume na voz.
Onde vocês acham que Samuel vai todos os
domingos?
—Temos muito trabalho no escritório – disse o
marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
—Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo
um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse
a carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel
tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao
longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças
atracadas.
Que caminho era esse por onde Samuel passava?
Vocês sabem o que significa: cais, guindastes e
barcaças?
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o
pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou
apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a
um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e
entrou furtivamente.
Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando
um homenzinho que dormia sentado numa poltrona
rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se
de pé:
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho
bom este, não é? A gente...
Por que o gerente do hotel chamou-o de Isidoro?
Você acha que ele foi lá pela primeira vez? Retido do
texto, um trecho que comprove sua afirmação.
—Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre -
Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante.
Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de
chambre floreado, olharam-no com curiosidade.
—Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo
curto.
Você poderia me dizer quem seriam essas mulheres? E
como Samuel reagiu ao pedido de uma delas?
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à
chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal,
um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia
d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas
esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de
viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de
cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho
franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos,
afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu
vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no
papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a
mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros
gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um
círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava.
Com o que você acha que Samuel sonhava?
Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um
índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o
galope.
No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale
entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e
resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor
lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos
esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a
lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor,
Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de
um vapor. Depois, silêncio.
Que vapor era esse que Samuel ouvira?
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da
cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se
rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
— Já vai, seu Isidoro?
—Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou,
conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
Por que você acha que Samuel ia lá todos os domingos?
—Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela
porta;
a noite caia.
—O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o
homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um
instante, ficou olhando os guindastes recortados
contra o céu avermelhado. Depois, seguiu.
Onde você acha que Samuel foi?
Para casa.
1. A que horas o despertador tocou no início da
história? E no final?
2. O texto começa com quais ações de Samuel?
3. Como parece ser a mulher de Samuel? Com quais
partes do texto podemos provar isso?
4. Há palavras que revelam que a cidade onde vive a
personagem Samuel é litorânea. Quais são elas?
A leitura silenciosa e compartilhada é uma boa opção
para o aluno construir sua primeira impressão sobre a
crônica. Depois desse momento, inicia-se a discussão
sobre a história, porém com a orientação do professor.
5. Samuel saiu de casa falando para a mulher que ia
para o escritório, mas, na realidade, ele foi para
outro lugar. Como era esse lugar?
6. Quem Samuel encontrou nesse lugar?
7. O que Samuel fez no hotel?
8. Por que a personagem principal usou outro nome
para se identificar?
9. Quando Samuel sai do hotel, ele está com pressa
para chegar em casa?
Após a discussão sobre o tema e a leitura do texto, o
aluno faria a ilustração do lugar onde ele gostaria de
ir para “fugir” de algum possível problema.
Para finalizar a sequência, uma produção textual com
a tipologia narrar para que o aluno pudesse criar a
própria história.
PRODUÇÃO TEXTUAL
1. As avaliações ocorrerão de forma processual, ao longo de
todas as atividades ministradas, de textos não verbais e
escrita literária/ informativa.
2. - Avaliar a participação, interesse e disposição dos alunos
para executarem as atividades individualmente e em
grupos.
3. -Observar e avaliar a leitura comparativa dos textos feita
pelos alunos e identificação/ aplicação das propriedades
específicas do gênero crônica.
4. -Analisar a produção escrita e, após a correção, reescrevê-
la observando as correções.
AVALIAÇÃO

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  • 2. O que o aluno poderá aprender com esta aula: -Comparar a retratação do cotidiano em crônicas e fotografias. -Identificar e analisar elementos que caracterizam o ofício do cronista. -Selecionar uma fotografia para complementar o sentido de uma crônica produzida por algum escritor pertencente ao jornalismo e/ ou à literatura brasileira. -Produzir uma narrativa informativa, a partir de uma fotografia. SEQUÊNCIA DIDÁTICA
  • 3. Duração das atividades 6 a 8 aulas de 50 minutos. Público Alvo: 7º ANO
  • 4. Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher Cotidiano Chico Buarque
  • 5. Diz que está me esperando pro jantar E me beija com a boca de café Todo dia eu só penso em poder parar Meio dia eu só penso em dizer não Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão Seis da tarde como era de se esperar Ela pega e me espera no portão
  • 6. Diz que está muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixão Toda noite ela diz pra eu não me afastar Meia-noite ela jura eterno amor E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã
  • 7. Por que o compositor escolheu o título da música “Cotidiano”? Você acha que o tema abordado na música tem relação com sua vida? De que modo? Qual é o tema principal da música? Que relação podemos fazer entre as imagens de relógios e a marcação do tempo musical? REFLEXÃO
  • 8. •Na música, Chico Buarque repete várias vezes a expressão “ Todo dia”. Explique o motivo para tal colocação. E você, o que faz todo dia? São as mesmas coisas colocadas na música? Explique. * Faça uma pesquisa em grupos, sobre Chico Buarque de Holanda, e sua intencionalidade diante do cotidiano. Que momento foi esse? Exemplifique.
  • 9. “Crônica é um termo usado para definir um gênero narrativo ou reflexivo breve, episódico e comunicativo. A crônica se caracteriza por registrar, acima de tudo, um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, com certa dose de humor e de reflexão existencial.” Partindo do título Pausa, da crônica de Moacyr Scliar podemos questionar os alunos: o que tal título sugere. O que se espera de um texto com esse início? Após essa conversa, alguns questionamentos poderiam ser feitos para nortear o raciocínio dos estudantes: o que nos faz fugir da nossa realidade? Dos problemas? Da rotina? Das obrigações? ORALIDADE
  • 10. Crônica: “Pausa”, de Moacyr Scliar Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando: —Vais sair de novo, Samuel? TEXTO PARA LEITURA, REFLEXÃO, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
  • 11. Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz. Onde vocês acham que Samuel vai todos os domingos?
  • 12. —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: —Por que não vens almoçar? —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu: —Volto de noite.
  • 13. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Que caminho era esse por onde Samuel passava? Vocês sabem o que significa: cais, guindastes e barcaças? Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente.
  • 14. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé: —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... Por que o gerente do hotel chamou-o de Isidoro? Você acha que ele foi lá pela primeira vez? Retido do texto, um trecho que comprove sua afirmação. —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel. — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
  • 15. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade. —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto. Você poderia me dizer quem seriam essas mulheres? E como Samuel reagiu ao pedido de uma delas?
  • 16. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
  • 17. Dormir. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Com o que você acha que Samuel sonhava?
  • 18. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio. Que vapor era esse que Samuel ouvira?
  • 19. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista. — Já vai, seu Isidoro? —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente. Por que você acha que Samuel ia lá todos os domingos?
  • 20. —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia. —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Onde você acha que Samuel foi?
  • 22. 1. A que horas o despertador tocou no início da história? E no final? 2. O texto começa com quais ações de Samuel? 3. Como parece ser a mulher de Samuel? Com quais partes do texto podemos provar isso? 4. Há palavras que revelam que a cidade onde vive a personagem Samuel é litorânea. Quais são elas? A leitura silenciosa e compartilhada é uma boa opção para o aluno construir sua primeira impressão sobre a crônica. Depois desse momento, inicia-se a discussão sobre a história, porém com a orientação do professor.
  • 23. 5. Samuel saiu de casa falando para a mulher que ia para o escritório, mas, na realidade, ele foi para outro lugar. Como era esse lugar? 6. Quem Samuel encontrou nesse lugar? 7. O que Samuel fez no hotel? 8. Por que a personagem principal usou outro nome para se identificar? 9. Quando Samuel sai do hotel, ele está com pressa para chegar em casa?
  • 24. Após a discussão sobre o tema e a leitura do texto, o aluno faria a ilustração do lugar onde ele gostaria de ir para “fugir” de algum possível problema. Para finalizar a sequência, uma produção textual com a tipologia narrar para que o aluno pudesse criar a própria história. PRODUÇÃO TEXTUAL
  • 25. 1. As avaliações ocorrerão de forma processual, ao longo de todas as atividades ministradas, de textos não verbais e escrita literária/ informativa. 2. - Avaliar a participação, interesse e disposição dos alunos para executarem as atividades individualmente e em grupos. 3. -Observar e avaliar a leitura comparativa dos textos feita pelos alunos e identificação/ aplicação das propriedades específicas do gênero crônica. 4. -Analisar a produção escrita e, após a correção, reescrevê- la observando as correções. AVALIAÇÃO