2. Introdução
Autor: Euclides da Cunha
Ano de publicação: 1902
Estilo de época: Pré-modernismo
Tema: Guerra de Canudos
3. A obra
Obra publicada em 1902 por Euclides da Cunha, Os Sertões é um
misto de literatura com relato histórico e jornalístico. É uma
resposta realista e pessimista à visão ufanista do Brasil, simbolizada
pela obra do Conde Afonso Celso Porque me Ufano do Meu País.
Em 1897, Euclides da Cunha havia sido enviado pelo jornal O Estado
de S. Paulo, como correspondente, ao norte da Bahia para fazer a
cobertura do conflito no arraial de Canudos, liderado por Antônio
Conselheiro. Com base no que viu e no que pesquisou depois,
escreveu seu livro.
5. A Terra
De um ponto de vista privilegiado, elevado, o narrador inicia uma
série de descrições que, como foi dito, se aproximam de uma tese
científica. Passando seu olhar arguto por análises biológicas,
climáticas e geográficas, ele descobre o espaço do sertão. Começa
pelo planalto central e chega até o norte da Bahia, no arraial de
Canudos.
Nessa descrição, Euclides da Cunha estuda de maneira detalhada o
meio que determinou a formação do homem sertanejo. Isso serve de
ratificação da teoria determinista, muito em voga na época, que
postulava a determinação do meio sobre o homem.
6. O Homem
Partindo de uma análise da gênese antropológica das raças
formadoras do homem brasileiro, o narrador decreta a
impossibilidade de unidade racial, ou seja, no Brasil seria impossível
termos uma raça homogênea.
Porém, devido ao isolamento dos paulistas desbravadores que se
tornaram vaqueiros do São Francisco, pode-se dizer que se criou
nesse povo certa homogeneidade.
O narrador discorre, também, sobre as tradições sertanejas dos
vaqueiros, descrevendo com minúcias seu modo de vida.
7. O Homem
Em virtude de fazer parte de uma família cearense que se envolvera
em querelas na região, além de ter perdido sua mulher para um
policial, Antônio Conselheiro embrenhou-se pelo sertão sem rumo
certo, peregrinando pelas cidades. Ele tinha uma imagem
messiânica, profética: trajava roupão azul, com uma cabeleira por
cortar e desgrenhada, carregando um bastão. Essa imagem
favoreceu sua associação com uma figura mística, que serviu como
uma luva para o povo fanático e desvalido.
8. A Luta
O conflito de Canudos surgiu de uma pequena desavença local.
Antônio Conselheiro havia encomendado e pago um lote de
madeiras para a construção de uma igreja no arraial de Canudos.
Como o lote não foi entregue, houve uma ameaça de ataque à cidade
de Juazeiro. O juiz da região pediu ajuda ao governador da Bahia,
que, não conseguindo resolver a situação, solicitou a presença das
tropas federais. Antônio Conselheiro também era acusado de
sonegador de impostos e de ser antirrepublicano, por manifestar-se
contra a dissociação entre Estado e Igreja no casamento – medida
surgida com o advento da República.
Esses foram os argumentos oficiais do governo brasileiro para o
ataque ao arraial de Canudos.
9. Conclusão
Estruturado em três partes que se referem à teoria determinista de
Taine, Os Sertões, de Euclides da Cunha, é a primeira obra
significativa que se contrapõe à visão ufanista e ingênua do país.
Além do valor literário, tem o grande mérito de retratar a
comunidade de Canudos, que foi liderada por Antônio Conselheiro.