SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 4
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Universidade de São Paulo
2013-08
Fonoterapia para indivíduos com disfunção
velofaríngea
Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas, 46, 2013, Bauru.
http://www.producao.usp.br/handle/BDPI/43752
Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo
Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI
Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC Comunicações em Eventos - HRAC
46º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas • HRAC-USP • Anais, Agosto 2013Curso Específico (CE25)
FONOTERAPIA PARA INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO VELOFARÍNGEA
Ms. Giovana Rinalde BRANDÃO, Maria Cristina ZIMMERMANN
Fonoaudiólogas HRAC-USP
A análise da função velofaríngea requer a avaliação perceptivo-auditiva e procedimentos
instrumentais complementares, tais como a nasoendoscopia e a videofluoroscopia da função
velofaríngea. Mais especificamente na nasoendoscopia, pode ser observado as condições do
movimento velofaríngeo durante a fala, havendo a possibilidade de determinar quais são os fatores
que estão contribuindo para a disfunção velofaríngea (DVF) e desta forma determinar o
planejamento terapêutico, seja ele cirúrgico, protético e/ou fonoterápico.
Na presença de articulações compensatórias (AC) como o golpe de glote, a fricativa faríngea
e outros, o fonoaudiólogo deverá ter primeiramente como objetivo, a eliminação desses distúrbios
uma vez que eles prejudicam o desempenho do mecanismo velofaríngeo na fala.
Uma vez definido que o tratamento é fonoterápico, ao final dos procedimentos de avaliação,
faz-se necessário verificar o modo e a qualidade dos fonemas testados, com a utilização de várias
pistas sensoriais, tais como as visuais e auditivas, dentre outras, tendo como objetivo o
direcionamento do fluxo aéreo para a cavidade oral, inibindo a AC e verificando, desta forma, quais
são as pistas facilitadoras para a produção correta. Além disso, deve-se buscar quais são os fonemas
que o paciente tem maior facilidade para produzir sem alterações, denominada prova terapêutica,
terapia diagnóstica e/ou teste de estimulabilidade.
Para a eliminação das AC deve-se, inicialmente fornecer ao paciente o modelo correto, isolado
e amplificado, com o uso das pistas sensoriais. Posteriormente, se o paciente conseguir a produção
correta isolada, deve-se passar para outra etapa, com o fonema associado à vogais e, assim por
diante, até que o mesmo consiga a produção correta em vocábulos sem conteúdo lexical, devendo
o paciente conseguir monitorar a produção correta, diferenciando da incorreta, sendo que o
fonoaudiólogo deverá estar atento aos possíveis erros e coarticulações. Devemos ainda considerar a
necessidade de manter o treino de uma etapa por um período maior que outra, dependendo do
desempenho do paciente, pulando etapas que poderão interferir no resultado do tratamento.
Para facilitar a eliminação das AC pelo paciente, o fonoaudiólogo deve utilizar: pistas visuais,
como uma tira de papel em frente aos lábios para que o paciente veja o fluxo oral na produção do
som; pistas auditivas como um garrote de borracha com uma extremidade colocada próxima ao
ouvido do paciente e a outra próxima à sua boca; pistas verbais, onde o fonoaudiólogo diz ao
paciente como ele deve posicionar os articuladores para a produção do som; pistas proprioceptivas
como sentir o fluxo aéreo oral no dorso da mão na produção do som. Após a colocação, o treino e
automonitoramento da produção correta do fonema com qualidade e velocidade, pode-se iniciar a
“técnica da língua do som”, onde se utiliza o fonema alvo dentro de um contexto lexical e prosódico
já conhecido, substituindo todas as consoantes dos vocábulos pelo fonema alvo, mantendo as
vogais, arquifonemas e encontros consonantais, com o objetivo de realizar treinamento neuromotor
para aumentar a precisão, rapidez, o grau de excursão e a sinergia de movimentos.
Em nossa experiência clínica temos vivenciado o uso da prótese de palato associado à terapia
para correção das AC, o que proporciona ao paciente pressão aérea intra-oral e, consequentemente,
maior facilidade na colocação dos elementos sonoros corretos.
Os pacientes que apresentam hipernasalidade e ausência de AC deverão ser submetidos às
avaliações instrumentais e provas terapêuticas, com o objetivo de verificar em qual produção sonora
ele consegue o fechamento velofaríngeo e, a partir desta situação, realizar aproximações sucessivas,
ou seja, a partir de uma emissão sonora em que o paciente consegue realizar o fechamento
velofaríngeo completo, ele produz outro som onde há falha no fechamento (exemplo: emissão do
fonema /p/ seguida por /s/). Esta é uma tentativa de generalizar o padrão correto de fechamento
velofaríngeo.
Podem ser utilizados recursos como o garrote, o espelho de Glatzel e o teste-escape no nariz
para o monitoramento do fluxo aéreo nasal que deve ser evitado nos fonemas orais.
Vários estudos já demonstraram que exercícios de sopro e sucção não auxiliam o fechamento
velofaríngeo na fala, pois apesar de também exigirem o fechamento velofaríngeo, o padrão dos
movimentos diferem daqueles realizados durante a fala. Portanto, esse tipo de exercício é contra
indicado na terapia para correção da hipernasalidade e, quando realizados, podem provocar um
movimento de retroposição da língua na fala prejudicando o tratamento.
Cabe ressaltar que a terapia para hipernasalidade é uma tentativa de tratamento, e quando
bem direcionada, caso não houver melhora em aproximadamente 24 sessões, o paciente deverá ser
submetido à avaliação objetiva do mecanismo velofaríngeo com provável indicação de cirurgia ou
prótese de palato.
Alguns critérios importantes devem ser considerados antes da fonoterapia, como idade do
paciente, nível de expectativa e condições anatômicas (fístulas, má-oclusão, aparelho ortodôntico e
insuficiência velofaríngea). A eficácia do tratamento fonoaudiológico dependerá diretamente de um
correto diagnóstico, elaboração das prioridades em cada caso com objetivos bem claros, a
frequência do treino e o envolvimento do paciente e dos seus cuidadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALTMANN, EBC. Fissuras labiopalatinas. São Paulo: Pró-Fono, 1994 p. 363-99.
2. BZOCH, KR. Rationale, method and technique of cleft palate speech therapy. In: BZOCH, K. R (ed.)
Communicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: little, Brown, 1979.p.239-303.
46º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas • HRAC-USP • Anais, Agosto 2013Curso Específico (CE25)
3. GENARO KF, FUKUSHIRO AP, SUGUIMOTO MLFCP. Avaliação e tratamento dos distúrbios da fala. In:
TRINDADE IEK, SILVA FILHO OG (Coord.). Fissuras Labiopalatinas: Uma abordagem interdisciplinar,
Editora Santos; 2007. p.109-122.
4. GOLDING-KUSHNER KJ. Treatment of articulation and resonance disorders associated with cleft palate
and VPI. In: SHPRINTZEN, R.J. Cleft palate speech management: a multidisciplinary approach. St. Louis.
Mosby, 1995.p.327-349.
5. DININNO CQMS, JESUS MSV. Terapia fonoaudiológica para alterações de fala decorrentes de fissura
labiopalatina. In: JESUS MSV, DININNO CQMS. Fissura Labiopalatina: Fundamentos para a prática
fonoaudiológica, ed. Roca: São Paulo; 2009. p.76-98.
6. PEGORARO-KROOK MI, DUTKA-SOUZA JCR, MAGALHÃES LCT, FENIMAN MR. Intervenção
fonoaudiológica na fissura palatina. In: FERREIRA LP, BEFI-LOPES DM, LIMONGI SCO. Tratado de
fonoaudiologia, ed. Roca: São Paulo; 2004. p.439-455.
7. PETERSON-FALZONE SJ, TROST-CARDAMONE JE, KARNELL MP, HARDIN-JONES MA. Treating cleft
palate speech. St Louis: Mosby; 2006.
8. PICCOLI EMH. MONTENEGRO W.,TSUJI D.H. Função velofaríngea: considerações na avaliação e no
tratamento fonoaudiológico. Pró-Fono, v.7,n.2,p.60-63, 1995.
9. SHPRINTZEN, RJ Et al. A new terapeutic technique for the treatment of velopharyngeal incompetence.
J. Speech Dis., v.40, p.69-83, 1975.
10. TOMES, LA, KUEHN, DP, PETERSON-FALZONE, SJ. Behavioral treatments of velopharyngeal
impairment. In: BZOCH, K.R (ed). Communicative disorders related to cleft lip and palate. 4.ed Austin:
Pro-ed,1997.p.529-562.
11. VAN DEMARK, DR. Speech and voice therapy techniques for school-age and adult patients with
remaining cleft palate speech disorders. In: BZOCH, K.R (ed). Communicative disorders related to cleft lip
and palate. 4.ed. Austin: Proed, 1997.p.493-508.
12. MYSAK, ED. Patologias dos sistemas da fala. 1998, 2ª edição - Rio de Janeiro: Atheneu - p.276-311.
46º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas • HRAC-USP • Anais, Agosto 2013Curso Específico (CE25)

Weitere ähnliche Inhalte

Ähnlich wie Hipernasalidade

Manobras utilizadas na reabilitação da deglutição
Manobras utilizadas na reabilitação da deglutiçãoManobras utilizadas na reabilitação da deglutição
Manobras utilizadas na reabilitação da deglutiçãoFernanda Dos Santos
 
Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...
Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...
Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...saude2010
 
Avaliação do Risco para Disfagia.pdf
Avaliação do Risco para Disfagia.pdfAvaliação do Risco para Disfagia.pdf
Avaliação do Risco para Disfagia.pdfSimone849735
 
testelinguinha_2014_livro.pdf
testelinguinha_2014_livro.pdftestelinguinha_2014_livro.pdf
testelinguinha_2014_livro.pdfSMSGRANJAMARCIO
 
O Papel da Fonoaudiologia com o Idoso
O Papel da Fonoaudiologia com o IdosoO Papel da Fonoaudiologia com o Idoso
O Papel da Fonoaudiologia com o IdosoMárcio Borges
 
Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...
Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...
Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...EnzonBrito
 
Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...
Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...
Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...lya Botler
 
Anastomose do hipoglosso facial.pdf
Anastomose do hipoglosso facial.pdfAnastomose do hipoglosso facial.pdf
Anastomose do hipoglosso facial.pdfSimone849735
 
A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...
A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...
A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...Escovas TePe, Produtos higiene bucal
 
Hábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilares
Hábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilaresHábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilares
Hábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilaresProama Projeto Amamentar
 
Intervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-crianças
Intervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-criançasIntervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-crianças
Intervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-criançasNayara Querino
 
Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...
Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...
Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...lya Botler
 
Projeto.exemplo de elaboracao monografia
Projeto.exemplo de elaboracao monografiaProjeto.exemplo de elaboracao monografia
Projeto.exemplo de elaboracao monografiaJorge Menezes
 

Ähnlich wie Hipernasalidade (20)

Manobras utilizadas na reabilitação da deglutição
Manobras utilizadas na reabilitação da deglutiçãoManobras utilizadas na reabilitação da deglutição
Manobras utilizadas na reabilitação da deglutição
 
Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...
Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...
Artigo - INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA PARA CONSULTORES EM UM SERVIÇO DE TELEAT...
 
D555217e5bc712c7723b0fa257d9e975
D555217e5bc712c7723b0fa257d9e975D555217e5bc712c7723b0fa257d9e975
D555217e5bc712c7723b0fa257d9e975
 
Avaliação do Risco para Disfagia.pdf
Avaliação do Risco para Disfagia.pdfAvaliação do Risco para Disfagia.pdf
Avaliação do Risco para Disfagia.pdf
 
testelinguinha_2014_livro.pdf
testelinguinha_2014_livro.pdftestelinguinha_2014_livro.pdf
testelinguinha_2014_livro.pdf
 
O Papel da Fonoaudiologia com o Idoso
O Papel da Fonoaudiologia com o IdosoO Papel da Fonoaudiologia com o Idoso
O Papel da Fonoaudiologia com o Idoso
 
Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...
Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...
Percepção, ProcessamentoE Treunamento Auditivo Musical Com Usuários De Implan...
 
Aem
AemAem
Aem
 
Apoio diafragmático
Apoio diafragmáticoApoio diafragmático
Apoio diafragmático
 
Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...
Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...
Apneia obstrutiva do sono: experiências dos pacientes do tratamento do aparel...
 
Disfluencia auditivo
Disfluencia  auditivoDisfluencia  auditivo
Disfluencia auditivo
 
Anastomose do hipoglosso facial.pdf
Anastomose do hipoglosso facial.pdfAnastomose do hipoglosso facial.pdf
Anastomose do hipoglosso facial.pdf
 
A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...
A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...
A importância do controle mecânico do biofilme dentário para a rotina clínica...
 
Hábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilares
Hábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilaresHábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilares
Hábitos viciosos e a ortopedia funcional dos maxilares
 
Print
PrintPrint
Print
 
Intervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-crianças
Intervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-criançasIntervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-crianças
Intervenção do fonoaudiológo em Perdas auditivas unilaterais-em-crianças
 
Sala de espera
Sala de esperaSala de espera
Sala de espera
 
Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...
Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...
Modelo de reabilitacao oronasal em criancas com sindrome da apneia obstrutiva...
 
Projeto.exemplo de elaboracao monografia
Projeto.exemplo de elaboracao monografiaProjeto.exemplo de elaboracao monografia
Projeto.exemplo de elaboracao monografia
 
CONTAMINAÇÃO TOXICA
CONTAMINAÇÃO TOXICACONTAMINAÇÃO TOXICA
CONTAMINAÇÃO TOXICA
 

Kürzlich hochgeladen

PROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTO
PROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTOPROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTO
PROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTOvilcielepazebem
 
Aula sobre ANSIEDADE & Cuidados de Enfermagem
Aula sobre ANSIEDADE & Cuidados de EnfermagemAula sobre ANSIEDADE & Cuidados de Enfermagem
Aula sobre ANSIEDADE & Cuidados de EnfermagemCarlosLinsJr
 
avaliação pratica. pdf
avaliação pratica.                           pdfavaliação pratica.                           pdf
avaliação pratica. pdfHELLEN CRISTINA
 
Dengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdf
Dengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdfDengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdf
Dengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdfEduardoSilva185439
 
AULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptx
AULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptxAULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptx
AULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptxEnfaVivianeCampos
 
1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obras
1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obras1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obras
1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obrasosnikobus1
 
DEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTAL
DEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTALDEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTAL
DEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTALCarlosLinsJr
 
aula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteina
aula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteinaaula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteina
aula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteinajarlianezootecnista
 
AULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdf
AULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdfAULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdf
AULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdfLviaParanaguNevesdeL
 
A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdf
A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdfA HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdf
A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdfMarceloMonteiro213738
 
Técnica Shantala para bebês: relaxamento
Técnica Shantala para bebês: relaxamentoTécnica Shantala para bebês: relaxamento
Técnica Shantala para bebês: relaxamentoPamelaMariaMoreiraFo
 
AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999
AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999
AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999vanessa270433
 
PLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I GESTaO.pdf
PLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I  GESTaO.pdfPLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I  GESTaO.pdf
PLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I GESTaO.pdfHELLEN CRISTINA
 
AULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdf
AULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdfAULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdf
AULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdfLviaParanaguNevesdeL
 

Kürzlich hochgeladen (14)

PROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTO
PROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTOPROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTO
PROCESSOS PSICOLOGICOS LINGUAGEM E PENSAMENTO
 
Aula sobre ANSIEDADE & Cuidados de Enfermagem
Aula sobre ANSIEDADE & Cuidados de EnfermagemAula sobre ANSIEDADE & Cuidados de Enfermagem
Aula sobre ANSIEDADE & Cuidados de Enfermagem
 
avaliação pratica. pdf
avaliação pratica.                           pdfavaliação pratica.                           pdf
avaliação pratica. pdf
 
Dengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdf
Dengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdfDengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdf
Dengue aspectos clinicos sintomas e forma de prevenir.pdf
 
AULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptx
AULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptxAULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptx
AULA 12 DESENVOLVIMENTO FETAL E MUDANÇAS NO CORPO DA MULHER.pptx
 
1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obras
1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obras1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obras
1. 2 PLACAS DE SINALIAÇÃO - (1).pptx Material de obras
 
DEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTAL
DEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTALDEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTAL
DEPRESSÃO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM - SAÚDE MENTAL
 
aula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteina
aula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteinaaula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteina
aula 7. proteínas.ppt. conceitos de proteina
 
AULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdf
AULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdfAULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdf
AULA_11 PRINCIPAIS DOENÇAS DO ENVELHECIMENTO.pdf
 
A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdf
A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdfA HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdf
A HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..pdf
 
Técnica Shantala para bebês: relaxamento
Técnica Shantala para bebês: relaxamentoTécnica Shantala para bebês: relaxamento
Técnica Shantala para bebês: relaxamento
 
AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999
AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999
AULA 12 Sistema urinário.pptx9999999999999
 
PLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I GESTaO.pdf
PLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I  GESTaO.pdfPLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I  GESTaO.pdf
PLANO DE ENSINO Disciplina Projeto Integrado I GESTaO.pdf
 
AULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdf
AULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdfAULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdf
AULA_08 SAÚDE E ALIMENTAÇÃO DO IDOSO.pdf
 

Hipernasalidade

  • 1. Universidade de São Paulo 2013-08 Fonoterapia para indivíduos com disfunção velofaríngea Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas, 46, 2013, Bauru. http://www.producao.usp.br/handle/BDPI/43752 Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC Comunicações em Eventos - HRAC
  • 2. 46º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas • HRAC-USP • Anais, Agosto 2013Curso Específico (CE25) FONOTERAPIA PARA INDIVÍDUOS COM DISFUNÇÃO VELOFARÍNGEA Ms. Giovana Rinalde BRANDÃO, Maria Cristina ZIMMERMANN Fonoaudiólogas HRAC-USP A análise da função velofaríngea requer a avaliação perceptivo-auditiva e procedimentos instrumentais complementares, tais como a nasoendoscopia e a videofluoroscopia da função velofaríngea. Mais especificamente na nasoendoscopia, pode ser observado as condições do movimento velofaríngeo durante a fala, havendo a possibilidade de determinar quais são os fatores que estão contribuindo para a disfunção velofaríngea (DVF) e desta forma determinar o planejamento terapêutico, seja ele cirúrgico, protético e/ou fonoterápico. Na presença de articulações compensatórias (AC) como o golpe de glote, a fricativa faríngea e outros, o fonoaudiólogo deverá ter primeiramente como objetivo, a eliminação desses distúrbios uma vez que eles prejudicam o desempenho do mecanismo velofaríngeo na fala. Uma vez definido que o tratamento é fonoterápico, ao final dos procedimentos de avaliação, faz-se necessário verificar o modo e a qualidade dos fonemas testados, com a utilização de várias pistas sensoriais, tais como as visuais e auditivas, dentre outras, tendo como objetivo o direcionamento do fluxo aéreo para a cavidade oral, inibindo a AC e verificando, desta forma, quais são as pistas facilitadoras para a produção correta. Além disso, deve-se buscar quais são os fonemas que o paciente tem maior facilidade para produzir sem alterações, denominada prova terapêutica, terapia diagnóstica e/ou teste de estimulabilidade. Para a eliminação das AC deve-se, inicialmente fornecer ao paciente o modelo correto, isolado e amplificado, com o uso das pistas sensoriais. Posteriormente, se o paciente conseguir a produção correta isolada, deve-se passar para outra etapa, com o fonema associado à vogais e, assim por diante, até que o mesmo consiga a produção correta em vocábulos sem conteúdo lexical, devendo o paciente conseguir monitorar a produção correta, diferenciando da incorreta, sendo que o fonoaudiólogo deverá estar atento aos possíveis erros e coarticulações. Devemos ainda considerar a necessidade de manter o treino de uma etapa por um período maior que outra, dependendo do desempenho do paciente, pulando etapas que poderão interferir no resultado do tratamento. Para facilitar a eliminação das AC pelo paciente, o fonoaudiólogo deve utilizar: pistas visuais, como uma tira de papel em frente aos lábios para que o paciente veja o fluxo oral na produção do som; pistas auditivas como um garrote de borracha com uma extremidade colocada próxima ao ouvido do paciente e a outra próxima à sua boca; pistas verbais, onde o fonoaudiólogo diz ao paciente como ele deve posicionar os articuladores para a produção do som; pistas proprioceptivas como sentir o fluxo aéreo oral no dorso da mão na produção do som. Após a colocação, o treino e
  • 3. automonitoramento da produção correta do fonema com qualidade e velocidade, pode-se iniciar a “técnica da língua do som”, onde se utiliza o fonema alvo dentro de um contexto lexical e prosódico já conhecido, substituindo todas as consoantes dos vocábulos pelo fonema alvo, mantendo as vogais, arquifonemas e encontros consonantais, com o objetivo de realizar treinamento neuromotor para aumentar a precisão, rapidez, o grau de excursão e a sinergia de movimentos. Em nossa experiência clínica temos vivenciado o uso da prótese de palato associado à terapia para correção das AC, o que proporciona ao paciente pressão aérea intra-oral e, consequentemente, maior facilidade na colocação dos elementos sonoros corretos. Os pacientes que apresentam hipernasalidade e ausência de AC deverão ser submetidos às avaliações instrumentais e provas terapêuticas, com o objetivo de verificar em qual produção sonora ele consegue o fechamento velofaríngeo e, a partir desta situação, realizar aproximações sucessivas, ou seja, a partir de uma emissão sonora em que o paciente consegue realizar o fechamento velofaríngeo completo, ele produz outro som onde há falha no fechamento (exemplo: emissão do fonema /p/ seguida por /s/). Esta é uma tentativa de generalizar o padrão correto de fechamento velofaríngeo. Podem ser utilizados recursos como o garrote, o espelho de Glatzel e o teste-escape no nariz para o monitoramento do fluxo aéreo nasal que deve ser evitado nos fonemas orais. Vários estudos já demonstraram que exercícios de sopro e sucção não auxiliam o fechamento velofaríngeo na fala, pois apesar de também exigirem o fechamento velofaríngeo, o padrão dos movimentos diferem daqueles realizados durante a fala. Portanto, esse tipo de exercício é contra indicado na terapia para correção da hipernasalidade e, quando realizados, podem provocar um movimento de retroposição da língua na fala prejudicando o tratamento. Cabe ressaltar que a terapia para hipernasalidade é uma tentativa de tratamento, e quando bem direcionada, caso não houver melhora em aproximadamente 24 sessões, o paciente deverá ser submetido à avaliação objetiva do mecanismo velofaríngeo com provável indicação de cirurgia ou prótese de palato. Alguns critérios importantes devem ser considerados antes da fonoterapia, como idade do paciente, nível de expectativa e condições anatômicas (fístulas, má-oclusão, aparelho ortodôntico e insuficiência velofaríngea). A eficácia do tratamento fonoaudiológico dependerá diretamente de um correto diagnóstico, elaboração das prioridades em cada caso com objetivos bem claros, a frequência do treino e o envolvimento do paciente e dos seus cuidadores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALTMANN, EBC. Fissuras labiopalatinas. São Paulo: Pró-Fono, 1994 p. 363-99. 2. BZOCH, KR. Rationale, method and technique of cleft palate speech therapy. In: BZOCH, K. R (ed.) Communicative disorders related to cleft lip and palate. Boston: little, Brown, 1979.p.239-303. 46º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas • HRAC-USP • Anais, Agosto 2013Curso Específico (CE25)
  • 4. 3. GENARO KF, FUKUSHIRO AP, SUGUIMOTO MLFCP. Avaliação e tratamento dos distúrbios da fala. In: TRINDADE IEK, SILVA FILHO OG (Coord.). Fissuras Labiopalatinas: Uma abordagem interdisciplinar, Editora Santos; 2007. p.109-122. 4. GOLDING-KUSHNER KJ. Treatment of articulation and resonance disorders associated with cleft palate and VPI. In: SHPRINTZEN, R.J. Cleft palate speech management: a multidisciplinary approach. St. Louis. Mosby, 1995.p.327-349. 5. DININNO CQMS, JESUS MSV. Terapia fonoaudiológica para alterações de fala decorrentes de fissura labiopalatina. In: JESUS MSV, DININNO CQMS. Fissura Labiopalatina: Fundamentos para a prática fonoaudiológica, ed. Roca: São Paulo; 2009. p.76-98. 6. PEGORARO-KROOK MI, DUTKA-SOUZA JCR, MAGALHÃES LCT, FENIMAN MR. Intervenção fonoaudiológica na fissura palatina. In: FERREIRA LP, BEFI-LOPES DM, LIMONGI SCO. Tratado de fonoaudiologia, ed. Roca: São Paulo; 2004. p.439-455. 7. PETERSON-FALZONE SJ, TROST-CARDAMONE JE, KARNELL MP, HARDIN-JONES MA. Treating cleft palate speech. St Louis: Mosby; 2006. 8. PICCOLI EMH. MONTENEGRO W.,TSUJI D.H. Função velofaríngea: considerações na avaliação e no tratamento fonoaudiológico. Pró-Fono, v.7,n.2,p.60-63, 1995. 9. SHPRINTZEN, RJ Et al. A new terapeutic technique for the treatment of velopharyngeal incompetence. J. Speech Dis., v.40, p.69-83, 1975. 10. TOMES, LA, KUEHN, DP, PETERSON-FALZONE, SJ. Behavioral treatments of velopharyngeal impairment. In: BZOCH, K.R (ed). Communicative disorders related to cleft lip and palate. 4.ed Austin: Pro-ed,1997.p.529-562. 11. VAN DEMARK, DR. Speech and voice therapy techniques for school-age and adult patients with remaining cleft palate speech disorders. In: BZOCH, K.R (ed). Communicative disorders related to cleft lip and palate. 4.ed. Austin: Proed, 1997.p.493-508. 12. MYSAK, ED. Patologias dos sistemas da fala. 1998, 2ª edição - Rio de Janeiro: Atheneu - p.276-311. 46º Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas • HRAC-USP • Anais, Agosto 2013Curso Específico (CE25)