SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
Tema: A   TRANSFERÊNCIA (parte 2)  Alexandre Simões
Continuemos com mais algumas observações sobre a transferência  na psicanálise ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Chegamos a ver que a transferência não é um processo que se desenvolve em uma única direção. Aliás, uma das características fundamentais da transferência é que ela é ambígua: O alerta de Freud sobre esta dupla face da transferência: “... na análise, a transferência surge como a resistência mais poderosa ao tratamento.” (FREUD. A dinâmica da transferência, p. 135) ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Como compreender que a transferência, até então imprescindível à análise e tida como motor da mesma, possa comportar uma considerável resistência ao trabalho da análise?“À primeira vista, parece ser uma imensa desvantagem, para a psicanálise como método, que aquilo que alhures constitui o fator mais forte no sentido do sucesso nela se transforme no mais poderoso meio de resistência” (FREUD. A dinâmica da transferência, p. 135) ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Freud indica uma cena clínica para localizar este aspecto: “... Se as associações de um paciente faltam [neste ponto, Freud faz referência a uma suspensão do discurso e não somente à evitação ou desvio de um assunto] a interrupção pode invariavelmente ser removida pela garantia de que ele está sendo dominado, momentaneamente, por uma associação relacionada com o próprio médico ou com algo a este vinculado.” (A dinâmica da transferência, p. 135) ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Esta característica da transferência leva-nos a considerar uma circunstância especialmente importante na condução de uma análise: o atrelamento ao Outro (que é mais amplo do que o espaço da transferência)    “A resistência acompanha o tratamento passo a passo. Cada associação isolada, cada ato da pessoa em tratamento tem de levar em conta a resistência e representa uma conciliação entre as forças que estão lutando no sentido do restabelecimento e as que se lhe opõem.” (A dinâmica da transferência, p. 138) ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
O vínculo amoroso com o analista Uma forma de manifestação dos fenômenos da transferência que em grande parte chamou a atenção de Freud foi a face do amor, mais precisamente, o amor do analisando dirigido ao analista ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Em vários momentos dos textos de Freud dedicados ao assunto, ele localiza o analista nesta problemática por meio da designação “figura do médico”. Isto nos ajuda a pensar que o analista, para o analisando, conta menos como aquilo que ele é e muito mais como o lugar que ele ocupa na fantasia do analisando.     No caso do amor, estamos nos referindo a um lugar de preenchimento (como resolução da demanda do paciente) ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Este vínculo preenchedor ... Conduz o paciente a “... desprezar a regra fundamental da psicanálise, que estabelece que tudo que lhe venha à cabeça deve ser comunicado sem crítica...”  (A dinâmica da transferência, p. 142)  ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Como, por outro lado, o amor também impulsiona uma análise, Freud é levado a enfrentar este problema (o da ambiguidade ou ambivalência da transferência) por meio de um artifício: a distinção entre uma “transferência positiva” (também chamada de “transferência erótica”) e uma “transferência negativa” ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Devemos ter atenção para não fazer um uso dicotômico ou meramente instrumental dessa distinção entre duas formas de transferência Freud irá nos lembrar que a “a transferência negativa (...) é encontrada lado a lado com a transferência afetuosa, amiúde dirigidas simultaneamente para a mesma pessoa.” (A dinâmica da transferência, p. 141) ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Podemos partir da premissa que a transferência positiva seja constituída por sentimentos conscientes de simpatia, envolvimento com o tratamento e cordialidade dirigidos à figura do analista; logo, como uma circunstância conveniente ao desenvolvimento da análise.     Todavia, isto é também um problema para a condução das análises.      Caso nos concentremos no campo movediço da transferência positiva, podemos cair nos erro de nos aliarmos excessivamente ao eu do analisando (e, por fim, do próprio analista) e manter, assim, a ignorância acerca de seus avessos.  ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Certamente, a face aprazível da transferência positiva é mais cômoda para a administração do setting analítico. Isto se torna mais visível (e perigoso) na medida em que tudo isto pode convergir para os fantasmas narcisistas do analista. ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Já no que tange àquilo que Freud nomeou como “transferência negativa” podemos encontrar o paciente reticente a dirigir seu discurso ao analista; ele desconfia do profissionalismo e comprometimento do analista, argumenta sobre a inocuidade do próprio trabalho terapêutico e mantem uma distância cautelosa (“não acredito nisto...”). Este posicionamento, em boa parte, responde pelos abandonos precipitados que costumam ocorrer ao início de uma análise.  ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
É este entrecruzamento que conduz Freud a propor o “manejo” ou “manobra” da transferência, com a seguinte ressalva: “Não se discute que controlar os fenômenos da transferência representa para o psicanalista as maiores dificuldades; mas não se deve esquecer que são precisamente elas que nos prestam o inestimável serviço de tornar imediatos e manifestos os impulsos eróticos ocultos e esquecidos do paciente. Pois, quando tudo está dito e feito, é impossível destruir alguém in absentia ou in effigie.”  (A dinâmica da transferência, p. 143) ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.
Prosseguiremos na  próxima aula! Prof. Alexandre Simões Contatos: www.alexandresimoes.com.br alexandresimoes@terra.com.br ALEXANDRE SIMÕES  ® Todos os direitos  de autor reservados.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Os mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa Os mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa MandyNeres7
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalistaAlexandre Simoes
 
Mecanismos de defesa do ego c
Mecanismos de defesa do ego   cMecanismos de defesa do ego   c
Mecanismos de defesa do ego cLu1zFern4nando
 
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013Alexandre Simoes
 
Além do princípio do prazer,pdf
Além do princípio do prazer,pdfAlém do princípio do prazer,pdf
Além do princípio do prazer,pdfWagner da Matta
 
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques Lacan ?
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques  Lacan ?Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques  Lacan ?
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques Lacan ?Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...Alexandre Simoes
 
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...Alexandre Simoes
 
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a natureza
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a naturezaCURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a natureza
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a naturezaAlexandre Simoes
 
Contratransferência PERSONALIDADE
Contratransferência PERSONALIDADEContratransferência PERSONALIDADE
Contratransferência PERSONALIDADEPsicologia_2015
 
Introdução ao estudo dos processos psicológicos básicos
Introdução ao estudo dos processos psicológicos básicosIntrodução ao estudo dos processos psicológicos básicos
Introdução ao estudo dos processos psicológicos básicosCaio Maximino
 
Desenvolvimento Psicossexual
Desenvolvimento PsicossexualDesenvolvimento Psicossexual
Desenvolvimento PsicossexualKivya Damasceno
 
Freud e os mecanismos de defesa
Freud e os mecanismos de defesaFreud e os mecanismos de defesa
Freud e os mecanismos de defesaFábio Vasconcelos
 

Mais procurados (20)

Os mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa Os mecanismos de defesa
Os mecanismos de defesa
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
 
O Inconciente
O InconcienteO Inconciente
O Inconciente
 
Mecanismos de defesa do ego c
Mecanismos de defesa do ego   cMecanismos de defesa do ego   c
Mecanismos de defesa do ego c
 
Transferência em Freud
Transferência em FreudTransferência em Freud
Transferência em Freud
 
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
Sintoma, Clínica e Contemporaneidade - Jornada do Parlêtre 2013
 
Além do princípio do prazer,pdf
Além do princípio do prazer,pdfAlém do princípio do prazer,pdf
Além do princípio do prazer,pdf
 
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques Lacan ?
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques  Lacan ?Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques  Lacan ?
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 1: Quem foi Jacques Lacan ?
 
Teoria PsicanalíTica
Teoria PsicanalíTicaTeoria PsicanalíTica
Teoria PsicanalíTica
 
Mecanismos de defesa do ego
Mecanismos de defesa do egoMecanismos de defesa do ego
Mecanismos de defesa do ego
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 1: Lacan, a Psicanális...
 
Psicologia humanista
Psicologia humanistaPsicologia humanista
Psicologia humanista
 
Psicanalise
PsicanalisePsicanalise
Psicanalise
 
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
 
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a natureza
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a naturezaCURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a natureza
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 3: A pulsão e sua ruptura com a natureza
 
Contratransferência PERSONALIDADE
Contratransferência PERSONALIDADEContratransferência PERSONALIDADE
Contratransferência PERSONALIDADE
 
Introdução ao estudo dos processos psicológicos básicos
Introdução ao estudo dos processos psicológicos básicosIntrodução ao estudo dos processos psicológicos básicos
Introdução ao estudo dos processos psicológicos básicos
 
GESTALT
GESTALTGESTALT
GESTALT
 
Desenvolvimento Psicossexual
Desenvolvimento PsicossexualDesenvolvimento Psicossexual
Desenvolvimento Psicossexual
 
Freud e os mecanismos de defesa
Freud e os mecanismos de defesaFreud e os mecanismos de defesa
Freud e os mecanismos de defesa
 

Mais de Alexandre Simoes

2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...Alexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhosAlexandre Simoes
 
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejosAlexandre Simoes
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejoAlexandre Simoes
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnósticoAlexandre Simoes
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...Alexandre Simoes
 
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...Alexandre Simoes
 
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...Alexandre Simoes
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...Alexandre Simoes
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXIAlexandre Simoes
 
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAREPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAAlexandre Simoes
 
STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014
STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014
STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014Alexandre Simoes
 

Mais de Alexandre Simoes (20)

2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 7: as incidências do significan...
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 5: sonhos chistes e atos falhos
 
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
2015 curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 4: tempo e dinheiro - seus manejos
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 3: a transferência e seu manejo
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 1   a chegada do paciente ao ...
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 1 a chegada do paciente ao ...
 
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
CURSO 'O sujeito e o outro na prática psicanalítica'- aulas 5 e 6: o Outro se...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 4, tema: O ...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 3, tema: O ...
 
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
2014 – Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 2, tema: O ...
 
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
2014- Curso “O sujeito e o outro na prática psicanalítica”- aula 1, tema: O o...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 7: Dois aspectos da re...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 7: Dois aspectos da re...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 6: Significante e estr...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 6: Significante e estr...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 5: O sujeito do incons...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 5: O sujeito do incons...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 4: Lacan e a formaliza...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 4: Lacan e a formaliza...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 3: O inconsciente em F...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 3: O inconsciente em F...
 
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan  – Aula 2: Psicanálise e práxi...
2014 - CURSO A prática psicanalítica com Lacan – Aula 2: Psicanálise e práxi...
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
 
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICAREPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
REPETIÇÃO E CLÍNICA PSICANALÍTICA
 
STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014
STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014
STOP DSM - evento ocorrido na UNIPAC/MG abril 2014
 

Psicanálise II- Aula 3 : Transferência (parte II)

  • 1. Tema: A TRANSFERÊNCIA (parte 2) Alexandre Simões
  • 2. Continuemos com mais algumas observações sobre a transferência na psicanálise ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 3. Chegamos a ver que a transferência não é um processo que se desenvolve em uma única direção. Aliás, uma das características fundamentais da transferência é que ela é ambígua: O alerta de Freud sobre esta dupla face da transferência: “... na análise, a transferência surge como a resistência mais poderosa ao tratamento.” (FREUD. A dinâmica da transferência, p. 135) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 4. Como compreender que a transferência, até então imprescindível à análise e tida como motor da mesma, possa comportar uma considerável resistência ao trabalho da análise?“À primeira vista, parece ser uma imensa desvantagem, para a psicanálise como método, que aquilo que alhures constitui o fator mais forte no sentido do sucesso nela se transforme no mais poderoso meio de resistência” (FREUD. A dinâmica da transferência, p. 135) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 5. Freud indica uma cena clínica para localizar este aspecto: “... Se as associações de um paciente faltam [neste ponto, Freud faz referência a uma suspensão do discurso e não somente à evitação ou desvio de um assunto] a interrupção pode invariavelmente ser removida pela garantia de que ele está sendo dominado, momentaneamente, por uma associação relacionada com o próprio médico ou com algo a este vinculado.” (A dinâmica da transferência, p. 135) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 6. Esta característica da transferência leva-nos a considerar uma circunstância especialmente importante na condução de uma análise: o atrelamento ao Outro (que é mais amplo do que o espaço da transferência) “A resistência acompanha o tratamento passo a passo. Cada associação isolada, cada ato da pessoa em tratamento tem de levar em conta a resistência e representa uma conciliação entre as forças que estão lutando no sentido do restabelecimento e as que se lhe opõem.” (A dinâmica da transferência, p. 138) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 7. O vínculo amoroso com o analista Uma forma de manifestação dos fenômenos da transferência que em grande parte chamou a atenção de Freud foi a face do amor, mais precisamente, o amor do analisando dirigido ao analista ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 8. Em vários momentos dos textos de Freud dedicados ao assunto, ele localiza o analista nesta problemática por meio da designação “figura do médico”. Isto nos ajuda a pensar que o analista, para o analisando, conta menos como aquilo que ele é e muito mais como o lugar que ele ocupa na fantasia do analisando. No caso do amor, estamos nos referindo a um lugar de preenchimento (como resolução da demanda do paciente) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 9. Este vínculo preenchedor ... Conduz o paciente a “... desprezar a regra fundamental da psicanálise, que estabelece que tudo que lhe venha à cabeça deve ser comunicado sem crítica...” (A dinâmica da transferência, p. 142) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 10. Como, por outro lado, o amor também impulsiona uma análise, Freud é levado a enfrentar este problema (o da ambiguidade ou ambivalência da transferência) por meio de um artifício: a distinção entre uma “transferência positiva” (também chamada de “transferência erótica”) e uma “transferência negativa” ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 11. Devemos ter atenção para não fazer um uso dicotômico ou meramente instrumental dessa distinção entre duas formas de transferência Freud irá nos lembrar que a “a transferência negativa (...) é encontrada lado a lado com a transferência afetuosa, amiúde dirigidas simultaneamente para a mesma pessoa.” (A dinâmica da transferência, p. 141) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 12. Podemos partir da premissa que a transferência positiva seja constituída por sentimentos conscientes de simpatia, envolvimento com o tratamento e cordialidade dirigidos à figura do analista; logo, como uma circunstância conveniente ao desenvolvimento da análise. Todavia, isto é também um problema para a condução das análises. Caso nos concentremos no campo movediço da transferência positiva, podemos cair nos erro de nos aliarmos excessivamente ao eu do analisando (e, por fim, do próprio analista) e manter, assim, a ignorância acerca de seus avessos. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 13. Certamente, a face aprazível da transferência positiva é mais cômoda para a administração do setting analítico. Isto se torna mais visível (e perigoso) na medida em que tudo isto pode convergir para os fantasmas narcisistas do analista. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 14. Já no que tange àquilo que Freud nomeou como “transferência negativa” podemos encontrar o paciente reticente a dirigir seu discurso ao analista; ele desconfia do profissionalismo e comprometimento do analista, argumenta sobre a inocuidade do próprio trabalho terapêutico e mantem uma distância cautelosa (“não acredito nisto...”). Este posicionamento, em boa parte, responde pelos abandonos precipitados que costumam ocorrer ao início de uma análise. ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 15. É este entrecruzamento que conduz Freud a propor o “manejo” ou “manobra” da transferência, com a seguinte ressalva: “Não se discute que controlar os fenômenos da transferência representa para o psicanalista as maiores dificuldades; mas não se deve esquecer que são precisamente elas que nos prestam o inestimável serviço de tornar imediatos e manifestos os impulsos eróticos ocultos e esquecidos do paciente. Pois, quando tudo está dito e feito, é impossível destruir alguém in absentia ou in effigie.” (A dinâmica da transferência, p. 143) ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.
  • 16. Prosseguiremos na próxima aula! Prof. Alexandre Simões Contatos: www.alexandresimoes.com.br alexandresimoes@terra.com.br ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.