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Antônio Conselheiro 
LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTE BARROS 
Na década de 1970, um cearense de Quixeramobim, Antônio Vicente Mendes Maciel, sobrevivente das guerras entre Araújos e Maciéis, pobre, ex-comerciante, ex-professor, ex-rábula derrotado pela força dos poderosos, "repugnado dos engodos do mundo", encontra em Ibiapina seu mestre, aquele que o guiará pelos caminhos do sertão, atravessando caatingas, vadeando rios, pregando o bem, trabalhando muito, as mãos calosas, cabelo e barba crescidos, camisão azul, no começo seguido por um carneirinho, aconselhando, percorrendo o mundo de infelicidade, palco de sua vida errante. Para o povo sofrido do sertão ele será Seu Conselheiro, Antônio dos Mares, Santo Conselheiro, Bom Jesus, Santo Antônio Aparecido (Calasans, J. - Quase biografias de jagunços. Salvador, V.F. Ba, 1986, p. 7). 
Cumprindo a missão de beato, prega a condenação da avareza, ganância, exploração, riqueza, escravidão, violência dos ímpios, a miséria, a injustiça e todas as outras "obras de Satanás", enquanto percorre vilas, povoados e fazendas ajudando os necessitados e organizando mutirões para construção e conserto de cemitérios, açudes e igrejas, tendo até, à frente de centenas de irmãos, construído a estrada do Canché, ligando Sergipe ao estado da Bahia. 
O maior genocídio de nossa história. Encerrando o nomadismo de mais de duas décadas de caminhadas, em junho de 1893, o beato Antônio Conselheiro, acompanhado por centenas de sertanejos ex-escravos, desempregados, sem-terra, doentes, sem lugar no mundo da produção nacional da época, os seus "mal-aventurados", chega, com mais de sessenta anos de idade, ao fim da peregrinação. Fugindo do confronto aberto com o governo no Fogo do Masseté, quando condenara os impostos escorchantes cobrados de um povo miserável, o Peregrino, deslumbrado com a beleza do Vaza-Barris correndo manso no sopé de colinas, rebatiza o lugar com o nome de Belo Monte, onde tentará construir finalmente um mundo de paz (sem governo, juiz e polícia), justiça e igualdade entre irmãos, segundo os ensinamentos do Evangelho. 
Milhares de pessoas acorrem para viver o mundo santo do beato, trabalhando, rezando e seguindo seus conselhos. Profundos conhecedores dos recursos naturais da região e naquela época não existindo cercas nas propriedades, plantaram todas as margens do rio e qualquer baixa (terreno mais fresco) encontrada nas caatingas, colhendo rica produção, montando até engenhos e casas de farinha. O criatório de cabras e ovelhas se desenvolveu juntamente com as indústrias dos curtumes e dos queijos de leite de cabras além de rico artesanato de couro. 
O Conselheiro, repetindo Ibiapina, ponteava os trabalhos com a Salve-Rainha ao meio- dia, o terço à boca da noite e o ofício de madrugada. Ali foram encontrá-lo seus perseguidores: juízes, governantes, intelectuais republicanos e progressistas e, por fim, todo o Exército, tendo à frente o próprio ministro da Guerra, general Bittencourt. Resistindo aos ataques de três expedições militares, aproxima-se o fim com a chegada da 4ª Expedição comandada pelos generais Artur Oscar e Savaget. Seria uma expedição vingadora das derrotas militares anteriores e exemplar, mostrando que a República não poderia ser criticada nem combatida, principalmente "por um grupo de fanáticos,
criminosos analfabetos comandados por um louco - produto degenerado das misturas raciais". 
Milhares de sertanejos marcharam dos lugares mais distantes em defesa do mundo do Conselheiro. Finalmente, em outubro de 1897, os militares entraram e degolaram os guerreiros que tombaram feridos, estupraram e mataram nas fogueiras e na marcha forçada pelo sertão centenas de prisioneiras. Para esmagar qualquer possibilidade de reorganização daqueles seguidores de beato, dividiram as crianças entre a soldadesca e entregaram nos prostíbulos da região meninas, algumas com até nove anos de idade. 
Uma utopia viva. No vale da Morte, onde Ângelo Reis e seus empregados enterraram cerca de 25.000 cadáveres, desobedecendo à ordem militar de deixá-los aos urubus, quase à flor da cova rasa comum, trazidos pela erosão, os restos do maior genocídio de nossa história reavivam e ressaltam a utopia vivida pelo Conselheiro. No auge dos bombardeios, amado por seu povo, considerado louco pelo arcebispo da Bahia - o mesmo D. Luís dos Santos do episódio Ibiapina, odiado pelo mundo urbano civilizado, Antônio Conselheiro dita no seu diário a despedida que explica a relação de profunda lealdade, confiança e identidade entre um homem, seu povo e a terra de origem, pedindo perdão por qualquer palavra áspera que tenha pronunciado exprobrando o pecado: ..."podeis estar certos de que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa luz e força, permanecerá em vosso espírito... peço-vos perdão se nos conselhos vos tenho ofendido... que sentimento tão vivo ocasiona esta despedida em minha alma à vista do modo benévolo, generoso e caridoso com que me tendes tratado... Adeus povo, adeus aves, adeus árvores, adeus campos, aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordações que levo de vós, que jamais se apagarão da lembrança deste peregrino, que aspira ansiosamente a vossa salvação e o bem da Igreja..." (Nogueira, A. - Antonio Conselheiro e Canudos. São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1974, pp. 181-182). 
No início do século XX, um paraibano pobre e analfabeto, José Lourenço Gomes da Silva, procura o padre Cícero no Juazeiro, pedindo-lhe orientação de penitência e proteção, para viver como beato. Primeiro na fazenda Baixa Danta e depois na fazenda Caldeirão, o beato Zé Lourenço vive o projeto de trabalho e bem proceder na caridade, até depois da morte do padre Cícero. Com quase cinco mil pessoas, em 1937 é expulso pelos salesianos herdeiros do Caldeirão pelo testamento do padre Cícero. 
Acusando o beato de negro, analfabeto e marxista prático, o comandante das tropas de extermínio da Cidade Santa, coronel José Góis de Campos Barros, elogia a capacidade de trabalho daquele povo que transformou um carrascal em terra fértil, descreve a produção local e a divisão do produto segundo a necessidade de cada família, apontando para o risco de isto ser descoberto e copiado por aventureiros. 
Em 1973, um sobrevivente do Caldeirão, seu Manuel, cuidava do túmulo do beato Zé Lourenço no cemitério do Socorro em Juazeiro, explicando a ação dos salesianos, e concluindo: "A senhora não se engane, que a igreja vai terminar como começou: sem papa, sem bispo, só com padres tementes de Deus, caridosos com o povo, sem vaidade de Satanás na santa simplicidade". (Barros, L.O.C. - "O movimento religioso de Juazeiro do Norte, padre Cícero e o fenômeno do Caldeirão", in Sousa, Simone (coordenadora) - História do Ceará, Fortaleza, U.F.C., Fund. Demócrito Rocha, 1989, p. 277).
No imaginário dos nordestinos pobres e desprotegidos, o padre Cícero é o mensageiro que leva a Deus suas histórias de vida de injustiça e miséria. Cada dia com maior fervor esperam, pela força da "utopia cristã", que se concretize na Terra o mundo de justiça, terminando por fim o secular imposto de sofrimento que os sistemas sociais lhes têm assacado, há cem anos como hoje, em nome do progresso, do desenvolvimento e da melhoria da humanidade. 
Fragmento de Cristianismo: uma utopia no sertão. In: Revista Tempo e Presença, no 283, pp.16-17. 
Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros é antropóloga, doutora em ciências sociais. É autora de A terra da mãe de Deus: um estudo do movimento religioso de Juazeiro do Norte. Rio, Ed. Francisco Alves, 1988.

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Antônio conselheiro

  • 1. Antônio Conselheiro LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTE BARROS Na década de 1970, um cearense de Quixeramobim, Antônio Vicente Mendes Maciel, sobrevivente das guerras entre Araújos e Maciéis, pobre, ex-comerciante, ex-professor, ex-rábula derrotado pela força dos poderosos, "repugnado dos engodos do mundo", encontra em Ibiapina seu mestre, aquele que o guiará pelos caminhos do sertão, atravessando caatingas, vadeando rios, pregando o bem, trabalhando muito, as mãos calosas, cabelo e barba crescidos, camisão azul, no começo seguido por um carneirinho, aconselhando, percorrendo o mundo de infelicidade, palco de sua vida errante. Para o povo sofrido do sertão ele será Seu Conselheiro, Antônio dos Mares, Santo Conselheiro, Bom Jesus, Santo Antônio Aparecido (Calasans, J. - Quase biografias de jagunços. Salvador, V.F. Ba, 1986, p. 7). Cumprindo a missão de beato, prega a condenação da avareza, ganância, exploração, riqueza, escravidão, violência dos ímpios, a miséria, a injustiça e todas as outras "obras de Satanás", enquanto percorre vilas, povoados e fazendas ajudando os necessitados e organizando mutirões para construção e conserto de cemitérios, açudes e igrejas, tendo até, à frente de centenas de irmãos, construído a estrada do Canché, ligando Sergipe ao estado da Bahia. O maior genocídio de nossa história. Encerrando o nomadismo de mais de duas décadas de caminhadas, em junho de 1893, o beato Antônio Conselheiro, acompanhado por centenas de sertanejos ex-escravos, desempregados, sem-terra, doentes, sem lugar no mundo da produção nacional da época, os seus "mal-aventurados", chega, com mais de sessenta anos de idade, ao fim da peregrinação. Fugindo do confronto aberto com o governo no Fogo do Masseté, quando condenara os impostos escorchantes cobrados de um povo miserável, o Peregrino, deslumbrado com a beleza do Vaza-Barris correndo manso no sopé de colinas, rebatiza o lugar com o nome de Belo Monte, onde tentará construir finalmente um mundo de paz (sem governo, juiz e polícia), justiça e igualdade entre irmãos, segundo os ensinamentos do Evangelho. Milhares de pessoas acorrem para viver o mundo santo do beato, trabalhando, rezando e seguindo seus conselhos. Profundos conhecedores dos recursos naturais da região e naquela época não existindo cercas nas propriedades, plantaram todas as margens do rio e qualquer baixa (terreno mais fresco) encontrada nas caatingas, colhendo rica produção, montando até engenhos e casas de farinha. O criatório de cabras e ovelhas se desenvolveu juntamente com as indústrias dos curtumes e dos queijos de leite de cabras além de rico artesanato de couro. O Conselheiro, repetindo Ibiapina, ponteava os trabalhos com a Salve-Rainha ao meio- dia, o terço à boca da noite e o ofício de madrugada. Ali foram encontrá-lo seus perseguidores: juízes, governantes, intelectuais republicanos e progressistas e, por fim, todo o Exército, tendo à frente o próprio ministro da Guerra, general Bittencourt. Resistindo aos ataques de três expedições militares, aproxima-se o fim com a chegada da 4ª Expedição comandada pelos generais Artur Oscar e Savaget. Seria uma expedição vingadora das derrotas militares anteriores e exemplar, mostrando que a República não poderia ser criticada nem combatida, principalmente "por um grupo de fanáticos,
  • 2. criminosos analfabetos comandados por um louco - produto degenerado das misturas raciais". Milhares de sertanejos marcharam dos lugares mais distantes em defesa do mundo do Conselheiro. Finalmente, em outubro de 1897, os militares entraram e degolaram os guerreiros que tombaram feridos, estupraram e mataram nas fogueiras e na marcha forçada pelo sertão centenas de prisioneiras. Para esmagar qualquer possibilidade de reorganização daqueles seguidores de beato, dividiram as crianças entre a soldadesca e entregaram nos prostíbulos da região meninas, algumas com até nove anos de idade. Uma utopia viva. No vale da Morte, onde Ângelo Reis e seus empregados enterraram cerca de 25.000 cadáveres, desobedecendo à ordem militar de deixá-los aos urubus, quase à flor da cova rasa comum, trazidos pela erosão, os restos do maior genocídio de nossa história reavivam e ressaltam a utopia vivida pelo Conselheiro. No auge dos bombardeios, amado por seu povo, considerado louco pelo arcebispo da Bahia - o mesmo D. Luís dos Santos do episódio Ibiapina, odiado pelo mundo urbano civilizado, Antônio Conselheiro dita no seu diário a despedida que explica a relação de profunda lealdade, confiança e identidade entre um homem, seu povo e a terra de origem, pedindo perdão por qualquer palavra áspera que tenha pronunciado exprobrando o pecado: ..."podeis estar certos de que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa luz e força, permanecerá em vosso espírito... peço-vos perdão se nos conselhos vos tenho ofendido... que sentimento tão vivo ocasiona esta despedida em minha alma à vista do modo benévolo, generoso e caridoso com que me tendes tratado... Adeus povo, adeus aves, adeus árvores, adeus campos, aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordações que levo de vós, que jamais se apagarão da lembrança deste peregrino, que aspira ansiosamente a vossa salvação e o bem da Igreja..." (Nogueira, A. - Antonio Conselheiro e Canudos. São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1974, pp. 181-182). No início do século XX, um paraibano pobre e analfabeto, José Lourenço Gomes da Silva, procura o padre Cícero no Juazeiro, pedindo-lhe orientação de penitência e proteção, para viver como beato. Primeiro na fazenda Baixa Danta e depois na fazenda Caldeirão, o beato Zé Lourenço vive o projeto de trabalho e bem proceder na caridade, até depois da morte do padre Cícero. Com quase cinco mil pessoas, em 1937 é expulso pelos salesianos herdeiros do Caldeirão pelo testamento do padre Cícero. Acusando o beato de negro, analfabeto e marxista prático, o comandante das tropas de extermínio da Cidade Santa, coronel José Góis de Campos Barros, elogia a capacidade de trabalho daquele povo que transformou um carrascal em terra fértil, descreve a produção local e a divisão do produto segundo a necessidade de cada família, apontando para o risco de isto ser descoberto e copiado por aventureiros. Em 1973, um sobrevivente do Caldeirão, seu Manuel, cuidava do túmulo do beato Zé Lourenço no cemitério do Socorro em Juazeiro, explicando a ação dos salesianos, e concluindo: "A senhora não se engane, que a igreja vai terminar como começou: sem papa, sem bispo, só com padres tementes de Deus, caridosos com o povo, sem vaidade de Satanás na santa simplicidade". (Barros, L.O.C. - "O movimento religioso de Juazeiro do Norte, padre Cícero e o fenômeno do Caldeirão", in Sousa, Simone (coordenadora) - História do Ceará, Fortaleza, U.F.C., Fund. Demócrito Rocha, 1989, p. 277).
  • 3. No imaginário dos nordestinos pobres e desprotegidos, o padre Cícero é o mensageiro que leva a Deus suas histórias de vida de injustiça e miséria. Cada dia com maior fervor esperam, pela força da "utopia cristã", que se concretize na Terra o mundo de justiça, terminando por fim o secular imposto de sofrimento que os sistemas sociais lhes têm assacado, há cem anos como hoje, em nome do progresso, do desenvolvimento e da melhoria da humanidade. Fragmento de Cristianismo: uma utopia no sertão. In: Revista Tempo e Presença, no 283, pp.16-17. Luitgarde Oliveira Cavalcante Barros é antropóloga, doutora em ciências sociais. É autora de A terra da mãe de Deus: um estudo do movimento religioso de Juazeiro do Norte. Rio, Ed. Francisco Alves, 1988.