Canaã dos Carajás, o Assentamento que virou Município
1. Canaã dos Carajás, o Assentamento que Virou
Município
Org.Pesq. Adilson Motta, 2012
O município de Canaã dos Carajás nasceu a partir de um assentamento
agrícola. O Projeto de Assentamento Carajás, localizado na região sudeste do
Pará, foi implantado a partir de 1982, pelo Grupo de Terras do Araguaia e
Tocantins (GETAT), do Governo Federal. O objetivo era atenuar os conflitos
pela posse da terra na região, principalmente na área conhecida como Bico do
Papagaio. Ao longo de três anos, 1.551 famílias foram assentadas na área que
ficou conhecida como Centro de Desenvolvimento Regional (CEDERE). Até
1985, 816 famílias haviam recebido o título definitivo de terra. Porém, naquele
mesmo ano, as atividades de assentamento dos sem-terra terminaram e o GETAT
foi extinto. Só em outubro de 1994, o CEDERE II e III é desmembrado de
Parauapebas e vira município – o de Canaã dos Carajás.
Seu nome tem origem bíblica e significa “Terra Prometida”. A escolha é
resultado da grande quantidade de evangélicos que moram na cidade.População
em 2002 (IBGE): 11.765 habitantes.
Canaã dos Carajás é um dos municípios campeões de crescimento do PIB
no Brasil. Um município que nasceu há apenas 13 anos – desmembrado de
Parauapebas -, a partir de um assentamento agrícola (CEDERE), é hoje um dos
campeões em evolução do PIB (Produto Interno Bruto) entre os municípios
brasileiros.
Com cerca de 24 mil habitantes, a pequena Canaã dos Carajás, no sudeste do
Pará, ultrapassou 2.033 municípios em apenas dois anos, como mostra o estudo
sobre a evolução do PIB dos municípios, divulgado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e
Finanças do Pará (Sepof). Canaã saiu da 2.457ª posição em 2004 para a 424ª
em 2005. A explicação para isto está no investimento feito no município pela
VALE, que, desde julho de 2004 opera ali seu primeiro empreendimento de
produção de cobre, na mina do Sossego, e investe na implantação de outros dois
de cobre e um de níquel.
Os números mostram isso. Em 2002, o PIB de Canaã era de R$ milhões,
numa economia baseada principalmente na pecuária e na agricultura, em razão
de sua origem no assentamento de famílias de agricultores. No ano seguinte, o
PIB municipal já experimentava uma expressiva evolução, para R$ 103 milhões,
em razão do investimento que a VALE vinha fazendo na implantação do
Sossego. Mas foi a partir de 2004, com o início da atividade da mina de cobre,
que o PIB de Canaã disparou, pulando de R$ 463 milhões naquele ano para R$
2. 628 milhões em 2005. Foi o maior crescimento entre os 143 municípios
paraenses (35% entre 2004 e 2005), período em que Canaã passou do 12º para o
10º lugar). Entre esses dois anos o PIB paraense evoluiu 10,8% e o de Belém,
apenas 8,54%.
Significativa também foi a influência da VALE no aumento do PIB per
capita de Canaã. Em 2002, estava em apenas R$ 3.621, passando para R$ 8.302
em 2003, para R$ 35.593 em 2004 e para R$ 46.854 em 2005, ano em que passou
a ocupar o primeiro lugar entre os municípios paraenses. Belém ocupa apenas o
13º lugar neste ranking, com um PIB per capita de R$ 8.022.
Em Canaã dos Carajás, onde estão as bases de pelo menos quatro
empreendimentos minerais da VALE, (Sossego, Usina Hidro-Metalúrgica e o
118, na área do cobre, e o Níquel do Vermelho), a antiga Companhia Vale do
Rio Doce optou por mudar o perfil de implantação da infraestrutura de apoio,
abandonando a ideia de uma vila isolada, como na Serra dos Carajás, no vizinho
município de Parauapebas. Em Canaã, os empregados da VALE estão integrados
à comunidade local na sede do município. Desde o início da implantação da Mina
do Sossego, a empresa tem efetuado pesado investimento no município de Canaã
dos Carajás, superior a R$ 161 milhões, sendo R$ 97 milhões na construção da
estrada que liga o município de Canaã a Parauapebase mais R$ milhões nas áreas
de infraestrutura, educação, cultura, saúde, desenvolvimento econômico,
segurança e construção de equipamentos institucionais privados.