Este documento analisa relatórios de avaliação externa de três agrupamentos de escolas em Lisboa entre 2006-2009, observando referências à biblioteca escolar. As referências predominam no domínio da organização e gestão, identificando aspectos do funcionamento da biblioteca. Não há menções à biblioteca nos domínios de resultados ou capacidade de melhoria, indicando a necessidade de mais integração da biblioteca nesses processos de avaliação.
1. Análise e Comentário Critico<br />Do universo de relatórios de avaliação externa das escolas ou agrupamentos de escolas efectuada pela IGE, optei por seleccionar três relatórios da região de Lisboa, sendo um do ano 2006/2007, relativo ao Agrupamento de Escolas Francisco Arruda, outro de 2007/2008, relativo ao Agrupamento de Escolas de Belém-Restelo e outro de 2008/2009, do Agrupamento de Escolas da Damaia. Desta forma pretende-se realizar uma análise diacrónica e comparativa das referências feitas à Biblioteca no âmbito da avaliação da escola.<br />Resultados, organização e gestão, liderança e capacidade de auto-regulação ou melhoria são os domínios que constituem e estruturam o modelo de avaliação proposto pela IGE. Tal como no modelo de avaliação das bibliotecas escolares, a avaliação externa da IGE organiza-se em torno de quatro domínios, sustentados em factores de análise de avaliação que contribuem para esses domínios ou campos a avaliar. O modelo da IGE define uma escala de níveis de desempenho a conseguir pela escola que vai de insuficiente ao muito bom. Comparando com o modelo de avaliação da biblioteca escolar verificamos que também que este apresenta uma escala de níveis a atingir, mas em classificação numérica de 1 a 4. Tal como o modelo de avaliação das bibliotecas escolares, também no modelo de avaliação da IGE pressupõe como princípios subjacentes à avaliação, que este constitua uma oportunidade e também a possibilidade de abrir caminho para a elaboração de um plano de melhoria tendo em conta os pontos fortes e fracos encontrados. Permite também a identificação dos constrangimentos que devem ser ultrapassados..<br />As principais fontes de recolha de informação que a avaliação externa da IGE utiliza, baseiam-se essencialmente na análise documental e entrevistas. Estes instrumentos também são previstos no modelo de avaliação das bibliotecas escolares mas este vai mais longe utilizando um leque mais variado de instrumentos na recolha de informação. <br />Da aplicação do modelo de avaliação da IGE aos agrupamentos de escolas seleccionados e da análise dos três relatórios, apresentam-se os seguintes dados:<br />Domínios /CamposResultadosOrganização e GestãoLiderançaCapacidade de auto-regulação e melhoria do agrupamentoAgrupamento/Escolas Agrupamento de Escolas da Damaia2008/2009(…)A escola sede dispõe de uma Biblioteca/Centro de Recursos Educativos, que está inserida na Rede de Bibliotecas Escolares, o que não acontece com as demais escolas do Agrupamento. Os alunos utilizam os equipamentos informáticos existentes, podendo ainda ter acesso à internet na Biblioteca Escolar/Centro de Recursos. O horário deste espaço não cobre todo o horário das escolas , o que condiciona o acesso dos utentes. (…)Agrupamento de Escola de Belém Restelo 2007/2008(…)A Biblioteca/Centro de Recursos embora razoavelmente apetrechada e disponível para utilização por toda a comunidade escolar, não constitui um espaço educativo dinâmico(…)(…)A BE/ CRE , apresenta-se razoavelmente apetrechada mas, embora esteja disponível para utilização por toda a comunidade escolar e dinamizar algumas actividades não é ainda um espaço educativo por excelência, devido as precárias condições físicas que apresenta. Os espaços, tanto exteriores como interiores, apresentam-se limpos e cuidados(…)Agrupamento de Escolas Francisco Arruda 2006/2007(..)O Agrupamentos capta recursos materiais , financeiros e humanos nos programas(…) e de bibliotecas escolares.(…)O Agrupamento aderiu ao “Plano nacional de Leitura” para alem de participar na Rede de Bibliotecas Escolares(…)<br />Da observação da informação recolhida, podemos verificar que as referências feitas à biblioteca escolar predominam no campo da organização e gestão ao longo dos três anos e em todos os agrupamentos. Constatamos assim que a IGE reconhece a biblioteca como recurso integrado na organização e gestão escolar formulando inferências avaliativas sobre aspectos pertinentes do seu funcionamento tal como podemos verificar no agrupamento de escolas de Belém - Restelo onde refere a biblioteca como espaço não dinâmico.<br />Ainda de salientar no mesmo domínio a referência à biblioteca do agrupamento de escolas da Damaia onde o horário da biblioteca não cobre o horário das actividades lectivas das escolas.<br />Quanto ao campo respeitante aos resultados das escolas, não existem referências à Biblioteca, o que pode significar a necessidade de um trabalho mais incisivo na integração da biblioteca como recurso fundamental para a melhoria dos resultados do agrupamento. O mesmo acontece com o campo relativo à capacidade de melhoria e de auto-regulação do agrupamento que denota a ausência de prática de integração da avaliação da biblioteca nas estratégias de avaliação da escola, no âmbito da sua avaliação interna.<br />Globalmente verificamos que são ainda muito poucas as referências feitas à biblioteca nos relatórios observados.<br />Em sede de conclusão, podemos referir que o modelo de avaliação externa da IGE e o modelo de avaliação das bibliotecas escolares comungam de muitos princípios que são perfeitamente articuláveis. O modelo de avaliação da biblioteca pode assim ser um instrumento importante para a melhoria da escola, mas as escolas necessitam de realizar um trabalho de integração da avaliação da biblioteca no seu processo de avaliação interna.<br />