O poema descreve a perspectiva de alguém que foi morto por causa de sua raça, orientação sexual ou deficiência. Apesar de ter morrido fisicamente, o eu lírico continua vivo nas memórias das gerações futuras. O poema pede às pessoas vivas que não esqueçam as vítimas de perseguição e garantam que suas histórias não sejam apagadas.
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POESIA – ESTAMOS MORTOS?
1. Poesia – Estamos mortos?
Eles disseram que eram melhores que nós, disseram ainda que éramos
piores que ratos. Eles destruíram nossas vidas, mataram nossas famílias, nos
mataram. E como eu falo? Se eles nos mataram? Porque ainda estou vivo
apesar de morto. Como estou vivo se já morri? Estou vivo nas memórias, nas
fotografias, nas lições da escola, nas mentes dos meus filhos e netos e filhas e
netas que deixei antes da partida trágica e dolorosa.
Eles nos exterminaram, acabaram com tudo que tínhamos, disseram
que gay deveria morrer, que negro era aberração sem alma, que cigano era
feiticeiro com intimidades com o mal, perseguiram até dos deficientes físicos.
Por favor, eu clamo a vocês que não se esqueçam de nós, todos nós
que morremos, mas vivemos em vocês. Não nos deixem morrer de novo, não
nos matem outra vez, a responsabilidade das nossas vidas de mortos, está em
vossas mãos, eu conto com vocês, e sei que vocês não deixarão nossas
histórias serem apagadas, serem mortas como já fomos. É duro falar tanto em
morte, mas vocês estão vivos e podem fazer alguma coisa para que isso nunca
mais aconteça, eu não, eu morri vítima de tudo isso.
Por favor, não se esqueçam de mim, eu sou milhões, de mortos e de
vivos, pois vocês não nos deixarão morrer outra vez.
Jilton Lucena 12/05/2017