1. Psicologia clínica
o Introdução
O tema que nós escolhemos foi a psicologia clínica. A escolha deste tema
passou principalmente por esta ser uma área de grande interesse nosso e da qual
nós gostávamos de aprender mais sobre. Queremos desmistificar esta área,
mostrando à turma o quão importante ela é nos dias de hoje. Pretendemos
sensibilizar e também trazer à atenção o impacto que a recente pandemia teve na
saúde mental da população, evidenciando o quão fundamental é a valorização da
psicologia clínica em vários aspetos.
o O que é?
A psicologia clínica é um ramo da psicologia que privilegia o estudo e análise
da singularidade do indivíduo e que pretende entender a sua realidade, as suas
dificuldades e problemas.
2. A psicologia clínica serve para nos ajudar a entender, a prevenir e a aliviar o
sofrimento ou algumas perturbações psicológicas, promovendo o bem-estar e o
desenvolvimento pessoal de um indivíduo.
À psicologia clínica interessam todas as variáveis que afetam o indivíduo,
como a história pessoal, o passado, as perspetivas para o futuro, os valores, os
afetos e as relações importantes, entre muito outros fatores.
o História da Psicologia Clínica
O termo psicologia clínica surgiu no fim do século XIX, sendo pela primeira
vez utilizado por Witner, criador da primeira clínica psicológica na Universidade
de Pensilvânia, onde realizou avaliações para determinar diagnósticos.
Foi fundada em 1917 a Associação Americana de Psicologia Clínica, fundiu-se
em 1919 com a APA (Americana Psychological Association), tornando-se na secção
clínica desta.
A Primeira Guerra Mundial impulsionou a implantação de testes psicológicos
de inteligência e de personalidade e o estabelecimento da pesquisa sobre
transtornos e as suas respetivas causas e tratamentos. Em 1930, os locais de
aplicação da psicologia clínica foram estendidos a hospitais e prisões.
A Segunda Guerra Mundial contribuiu para o desenvolvimento da psicologia
clínica, uma vez que se focou na resolução de problemas das vítimas da guerra,
como também dos soldados, concentrando-se principalmente nos transtornos e
perturbações mentais sofridas neste contexto.
Em 1952, é publicado o primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Transtornos Mentais da American Psychological Association.
Devido a constantes avanços científicos, a psicologia clínica é um campo que
continua a ser modificado.
Autores que influenciaram o desenvolvimento da psicologia clínica:
Wunt- a psicologia experimental é um dos pilares e fundamentos mais
importantes da psicologia clínica, na atualidade;
Witmer (aluno de Wunt) - utilizou o conceito de psicologia clínica pela
primeira vez e fundou a primeira clínica psicológica.
Breuer- utilizou todos os aspetos da vida e da personalidade dos seus
pacientes e concentra-se na expressão emocional dos mesmos.
3. Kraeplin- tentou implementar o método científico experimental para
questões psiquiátricas.
Freud- a psicanálise teve grande impacto para a metodologia da psicologia
clínica.
Eysenck- identificou as quatro dimensões da personalidade.
Taylor- definiu o início da pesquisa psicoterapêutica e psicopatológica.
Na sociedade atual a psicologia clínica é uma área que está muito desenvolvida,
havendo um leque muito grande de psicólogos que atuam em diferentes áreas e
diferentes contextos, dos quais iremos abordar mais à frente.
o Quais os objetivos da psicologia clínica?
Identificar as causas do aparecimento de alguns comportamentos, de
forma a intervir antecipadamente, visando a promoção da saúde;
Identificar determinantes psicológicos dos comportamentos de risco, para
auxiliar nos processos de mudança comportamental e implementar
práticas para a prevenção das doenças;
Facilitar os processos de conflito e adaptação às doenças e aos
procedimentos médicos de diagnóstico e tratamento;
Avaliar e intervir psicologicamente com pacientes em sofrimento
psicológico ou psicopatológico associado a doenças;
Desenvolver métodos psicológicos de avaliação e promoção da qualidade
de vida na doença;
Promover o ajustamento psicológico a acontecimentos na vida, como a
transição de fases do ciclo de vida individual e familiar;
o Estrutura da Psicologia clínica
Transtorno mental-ofereceumavisãogeralarespeitodostranstornosmentais
como: classificação, epidemiologia, etiologia eanálisedefatoresdeterminantes;
Psicodiagnóstico- oferece uma introdução às técnicas para a obtenção de
informações psicológicas relevantes;
Intervenção psicológica- oferece uma visão geral das diversas formas de
intervenção, como a psicoterapia.
Ética em psicologia clínica- oferece uma visão geral das questões éticas,
incluindo o trabalho clínico em geral e o trabalho clínico-psicológico;
Psicologia da reabilitação- é uma área específica da psicologia clínica que
se concentra no acompanhamento e reinserção do indivíduo no seu
4. quotidiano, depois de um tratamento extenso, quer de transtorno mental
como de doença física.
o Perturbações psicológicas abordadas na psicologia clínica
Alguns exemplos dos problemas que a psicologia clínica aborda são:
Transtornos ou problemas na infância ou na adolescência
Transtornos ou problemas do estado de ânimo
Transtornos ou sintomas de ansiedade
Transtornos de personalidade
Transtornos do sono
Transtornos alimentares
Transtornos adaptativos
Transtornos associados à doença médica
Transtornos ou problemas sexuais
Transtornos cognitivos
Transtornos relacionados com o uso de substâncias
Perturbações mais comuns abordadas pela psicologia clínica:
Depressão
A depressão é um transtorno psicológico que pode afetar todas as idades e que,
dependendo da intensidade dos sintomas, pode ser dividida em leve, moderada
ou grave. Trata-se de um conjunto de sinais e sintomas que provocam um
profundo sofrimento o que, por sua vez, leva a alterações no humor e no
comportamento.
É caracterizado pela tristezapersistentee pela falta de interessepara realizar
atividades do dia-a-dia. Embora a tristeza seja uma emoção, na depressão essa
tristeza é profunda e dura mais tempo do que o normal, acabando por afetar a
vida da pessoa, podendo até impedir a realização de tarefas básicas do dia-a-dia
como dormir ou comer.
– Sintomas
Perda de interesse ou de prazer nas atividades do dia a dia,
Tristeza generalizada,
Sentimentos de culpa,
5. Baixa autoestima,
Distúrbios do sono (dormir poucas horas por noite ou dormir por tempo
excessivo),
Mudanças nos padrões alimentares (sentir mais ou menos apetite que o
habitual),
Cansaço constante e exaustão sem causa aparente,
Falta de concentração.
O apoio emocional da família, amigos e pessoas próximas é um dos pilares
mais importantes do tratamento da depressão. Saber como agir perante uma
pessoa com depressão pode ser difícil, por isso, o melhor é reunir com um
especialista que possa orientar o tratamento para que possa informar de que
forma a família e os amigos podem ajudar em cada caso específico.
Transtorno de Ansiedade Generalizada
É muito comum que uma pessoa com depressão tenha também de lidar com
ansiedade e, por isso, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é uma das
doenças psicológicas mais comuns atualmente.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada é uma doença psicológica e é
caracterizado pela ansiedade excessiva com alguns acontecimentos da vida
quotidiana sem motivos aparentes. As pessoas com sintomas de transtorno de
ansiedade generalizada tendem sempre a esperar o pior, a ansiedade domina o
pensamento da pessoa, estando sempre extremamente preocupadas com saúde,
dinheiro, família, trabalho, escola etc.
– Sintomas
Preocupações e medos excessivos
Visão irreal de problemas
Inquietação ou sensação de estar sempre “nervoso”
Irritabilidade
Tensão muscular
Dores de cabeça, náuseas
Dificuldades na concentração
Fadiga e sensação de cansaço constante
Dificuldade para dormir ou manter-se acordado
Aparecimento de tremores e espasmos
6. o O papel do Psicólogo
Um psicólogo clínico é um profissional de saúde formado em psicologia e com
especialização na área da psicologia clínica. Este é capacitado para utilizar
modelos e métodos psicológicos cujo trabalho que desenvolve se centra na
intervenção ou ajuda a uma pessoa a lidar com problemas psicológicos ou
dificuldades diversas: dificuldades de adaptação, situações de stress, elaboração
de lutos, na promoção do seu autoconhecimento, entre outras questões…
O psicólogo realiza avaliações psicológicas e estas têm como objetivo principal
despistar qualquer indício psicopatológico e ou avaliar as funções cognitivas. O
seu papel é acompanhar o paciente, adotando uma postura de suporte e
contenção, procurando criar em conjunto com o paciente estratégias de
intervenção psicológica para diminuir, aliviar e até extinguir o sofrimento da
pessoa de modo a restabelecer o bem-estar e o equilíbrio emocional.
No âmbito da avaliação, o psicólogo clínico tem à sua disposição um conjunto
de metodologias que devem ser cuidadosamente selecionadas e adaptadas a cada
caso específico. Exemplodessas metodologiassão os testescognitivos que avaliam
o coeficiente intelectual dos sujeitos e testes projetivos que avaliam a
personalidadee a organização emocional do sujeito. Existemoutros instrumentos
como as escalas, inquéritos e questionários que podem avaliar diferentes
perturbações psicológicas como por exemplo as escalas de depressão, ansiedade,
hiperatividade, etc.
O psicólogo clínico identifica e avalia as perturbações mentais de acordo com
os sistemas classificativos em vigor e encaminha, se necessário para os serviços
de psiquiatria as situações psicopatológicas mais profundas, que precisam de
intervenção medico-psiquiátrica com necessidade de medicação, por exemplo.
A intervenção em Psicologia Clínica abrange atividades de terapia individual,
familiar e/ou grupal, atendendo um público que vai desde a infância à terceira
idade. Tendo como base várias conceptualizações teóricas, várias linhas de
orientação, como por exemplo a orientação psicanalítica, cognitiva-
comportamental, existencialista e a sistémica (no caso terapia de casal ou
familiar).
o Áreas de intervenção
Pode haver intervenção do psicólogo clínico em vários contextos. A psicologia
clínica em contexto escolar, em contexto de serviços de saúde (cuidados de saúde
7. primários e contexto hospitalar), em contexto da reinserção social, em contexto
comunitário, em contexto de reabilitação, entre outras.
o Mitos e verdades sobre a psicologia clínica
o Impacto da pandemia na saúde mental
Os resultados do estudo “Saúde Mentalem Tempos de Pandemia” indicamque
cerca de 25% dos participantes apresenta sintomas moderados a graves de
ansiedade, depressão e stress pós-traumático.
De acordo com os resultados, são sobretudo os jovens adultos e as mulheres
que apresentam mais sintomas de ansiedade e de depressão moderada a grave.
Efeitos da pandemia nas crianças
As creches e escolas fecharam de um dia para o outro, forçando à interrupção
das brincadeiras das crianças, e obrigando-as a ajustarem-se, de forma abrupta,
à nova realidade.
A socialização é fundamental, e as crianças são particularmente vulneráveis
porque mudanças bruscasno ambientepodem condicionar o seu desenvolvimento
social, cognitivo e emocional.
Os problemas comportamentais mais frequentes relacionados com a mudança
de rotina foram: distração, irritabilidade, medo excessivo em relação a perder
familiares, demasiada dependência em relação aos familiares e casos de
perturbação do sono e pesadelos.
Os jovens e o confinamento
Os 2 confinamentos e o consequente isolamento social geram sentimentos de
solidão; diminuição ou ausência de rotinas diáriassaudáveis (estar depijama todo
o dia / não tomar o pequeno-almoço antes das aulas); sentimentos de incerteza
perante o futuro; diminuição de partilha de emoções; redução ou ausência de
atividades fora de casa, são fatores condicionantes no aparecimento de sintomas
de ansiedade e depressivos. Verificou-se que as raparigas apresentam níveis de
medo, tristeza e raiva mais elevados do que os rapazes.
8. As pessoas na primeira linha de combate à pandemia
Os profissionais de saúde e aqueles que estão a tratar doentes com COVID19
são os que mais apresentam sintomas de ansiedade moderada e grave, sendo que
é ainda nestegrupo queos níveis de stress e burnout (exaustão física e emocional)
são mais elevados.
A ausência do luto
O luto é uma resposta natural à perda de alguém que gostamos. A covid-19
trouxe perdasdolorosas e inesperadas,e na situação que nos encontrámos, muitas
das famílias não puderam despedir-se ou tiveram de se despedir dos entes
queridos de forma rápida e indiferente. O funeral é uma parte importante do
processo e a impossibilidade de o cumprir, devido às normas impostas, dificulta
o processo de luto, constituindo um fator de stress, raiva e angústia. A tendência
para o isolamento que acompanha as situações de luto, confunde-se com o
isolamento imposto, que agrava os sentimentos de dor e de solidão.
As famílias e as suas preocupações
Em relação à situação face ao rendimento e ao emprego, são
principalmente aqueles que têm um rendimento mais baixo e os
desempregados, que apresentam mais sintomas de depressão moderada a
grave.
É de referir a excessiva preocupação com o facto de não conseguirem
recuperar o rendimento que tinham antes da pandemia e com o facto da sua
maneira de viver não voltar a ser a mesma que era antes.
Algumas opiniões do grupo sobre as consequências futuras da pandemia
na saúde mental da população
Teresa: Terá um grande impacto nas crianças a longo prazo, porque na idade em
que é suposto aprenderem a partilhar e a relacionar-se com outras crianças, não
o podiam fazer de forma natural. Quando crescerem, terão tendências mais
egoístas e não terão o costume de dar abraços e beijinhos, ou seja, de mostrar
afeto através do toque.
Joana: Houve um aumento da sensibilidade, principalmente ao barulho, e
diminuição da tolerância. A falta de paciência também aumentou, principalmente
em ambiente familiar, que se poderá tornar mais propenso a discussões, por
exemplo. Devido ao confinamento, as vítimas de violência doméstica foram
9. forçadas a passar mais tempo com os seus agressores, o que acabou por aumentar
os episódios de agressão.
Madalena: Aumento da dependência das tecnologias, especialmente nas idades
mais jovens. Quando a única maneira de falar com os amigos era através do
telemóvel ou do computador e não podiam brincar lá fora, as crianças tenderam
para desenvolver um hábito, que quase se tornou numa obsessão com os
aparelhos eletrónicos, que continua, mesmo após o final do confinamento.
Resultando num aumento da dificuldade a estabelecerem-se relações sociais e
também do possível aumento dos perigos relacionados com a internet e
do Cyberbulling.
Leonor: Aumento da tendência para o isolamento. Os confinamentos vieram
afastar os contactos sociais que tínhamos, tanto família como amigos. Nesses
meses aqueles que já sofriam alguns tipos de problemas, vieram a agravá-los,
desta maneira estes fatores no futuro vão refletir-se num maior isolamento
emocional, dificuldade em pedir ajuda e em exprimir emoções, mais tendência
para guardarmos os problemas para nós e deixarmos arrastar o estado da nossa
saúde mental.
Isabela:
o Conclusão
Importância da psicologia clínica
Esta área assume um papel cada vez mais importante na sociedade na medida
em que é extremamente importante para a minimização e superação do
sofrimento psicológico dos indivíduos. Cada vez mais as pessoas procuram
psicólogos para os ajudarem a resolverem os seus problemas pessoais ou
emocionais, sem necessário existir psicopatologia. Os psicólogos podem ajudar
acima de tudo a prevenir situações de saúde mental mais graves.
Com este trabalho aprofundámos os nossos conhecimentos relativamente a
esta área, conseguimos entender o papel do psicólogo e a importância da
psicologia clínica nos dias de hoje. Através da interpretação que fizemos dos
efeitos que a pandemia teve na saúde mental apercebemo-nos também do grande
impacto que esta variante teve na procura de ajuda psicológica e o quão
importante é procurar ajuda profissional quando existe necessidade.
10. Trabalho realizado por: Isabela Silvestre; Joana Rodrigues; Leonor Vintém,
Madalena Rosa e Teresa Galvão 12ºG