SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 65
Downloaden Sie, um offline zu lesen
2015
Pedaços de
Poucos
Poemas
Entrelinhas, entre paredes
Rafa Rodriguez
Em poucas palavras e em poucos versos sigo lançando
minhas inquietações, desejos, idéias e medos.
Um dia o que irás querer é apenas um ombro
Pra descansar a cabeça pesada,
De pensamentos, desejos e arrependimentos.
Pra chorar tristezas repetidas ou alegrias inéditas.
Pra sentir apenas um apoio num momento de fraqueza.
Um dia você vai sentir falta desses braços
Para te aparar numa possível queda
E se isso for inevitável, te levantar e te fazer seguir em
frente.
Um dia suas pernas irão se cansar,
E você irá sentir falta das minhas
Para agüentar seu peso e sua mazela.
Um dia você vai ver que nem sempre o que se acha
Na verdade é.
E que um único gesto poderia ter sido feito
Um simples gesto poderia ser perfeito.
Mas você não vê.
Só te quis o bem
Sempre procurei pra ti o melhor de mim;
Fui o mais sincero e limpo possível.
Nunca pensei em deixar-te.
Mesmo sem ter muito,
Era com esforço o que tinha pra dividir
Era com gosto que te fazia sentir
Que eu nunca desistiria.
Mas como tudo tem seu fim.
Estou nesse fim,
Estou nessa mar
Estou nessa cela.
Só.
O homem se divide tantas vezes na vida, que ao final da
mesma resta apenas uma pequena fração, que muitas
vezes também é dividida com as lembranças dos
pedaços importantes que se foram, e nunca mais voltam.
Quando o calor dos braços ausentes for sentido.
E um arrepio sem sentido te tomar as costas,
Sou eu te abraçando nos meus sonhos
E me fazendo presente no seu intimo.
Quando lágrimas involuntárias escorrerem do seu rosto
E com elas vier um sorriso,
Sou eu lembrando nossos dias alegres,
E neles, quando te fazia sorrir com coisas sem graça.
Quando uma dor e uma angústia repentinamente
Tomarem-te de uma vez só,
Sou eu em prantos, me contorcendo
Para me conformar que você, nesta vida,
Não vai mais voltar.
Você, que tanto tempo passou presente,
No meu coração.
Você, que tanto tempo foi residente,
No meu coração.
Você, que tanto tempo andou paralelo,
A mim.
Você, que tanto tempo jurou
Ser sempre minha.
Você, que há tanto tempo se foi,
E eu, que esse tempo sempre isso temeu,
Agora estou só.
Bonita.
Misteriosa e firme.
Sempre em posição,
Seja de ataque,
Seja de defesa.
Será sempre ela,
Será sempre bela.
Sempre presente
Na minha vida e na minha mente.
De hoje a amanhã
De ontem ao fim.
Eu tive um amor.
Ele era pequeno e frágil.
Claro e inocente.
Nem sabia ele que eu já o tinha.
Até eu não sabia.
Eu tive um amor.
Ele foi por etapas.
Primeiro ao olhar sem se ver.
Depois se ver sem precisar se olhar.
Eu pensava e já estava lá.
Eu tive um amor.
Era lindo como o céu.
Brilhante como o sol.
Brincante como criança
Eu já estava tomado.
Eu tive um amor.
Agora não tenho mais.
Vivo um sonho impossível.
Um tempo que não volta atrás.
Eu já estou em pedaços.
Eu estou sem meu amor.
Se você vier, venha pra ser.
Se você quiser, queira pra ser.
Se você tentar, tente pra ser.
Se você subir, suba pra ser.
Ser o melhor que puder.
Sem se importar com o tempo
Que pra isso vá levar.
Mãos vazias
Orgulho ferido,
Imagens frias,
Sentimento partido.
Estado de violência mental
Marcas de uma vida cruel.
Rastros de um acidente fatal.
Gosto na boca de sangue e fel.
Olhos abertos e vermelhos,
Sentindo o sangue nas veias correr.
Fixamente olhando no espelho,
Seu corpo em chamas morrer.
Mãos vazias e fétidas
De tocar pessoas imundas.
Nojo da água nojo da comida
Ódio e indignação profunda.
Olha aí.
Nada sou além de um escravo de um passado.
De um passado que nunca será presente,
Que muito menos será futuro.
Olha aí.
Tudo ao meu redor conspira a esse passado.
Música, comida, cheiro, até a chuva.
Penso, penso, penso e não vem nenhuma alternativa.
Preciso de uma coisa que não existe mais neste tempo.
Olha aí.
Estou procurando o que seria meu tudo
Num amontoado de nada empilhado.
Num arquivo morto que não altera o agora se queimado.
Onde fica meu botão de desligar?
Uma grande tristeza e uma imensa dor no peito do
homem.
Uma pequena alegria, um curto bom dia, um sem
tamanho adeus.
Sozinho e chorando de todo jeito, quanta falta dos beijos
seus.
Saudade persiste em ficar pra me atormentar.
-E aí?
-Tudo certo!
-Quanto tempo né?
-É? Nem notei!
-Nossa! Achei que... sei lá...tivesse sentido saudades...
-Não! Não senti não!
-Caramba! Eu então me enganei esse tempo todo!
-É uma pena! Não senti nada não!
-Tudo aquilo foi simplesmente esquecido?
-Hum rum!
-Melhor que não tivesse te encontrado.
-Também acho!
-Queria que tudo isso fosse um pesadelo e eu acordasse
e tudo estivesse bem.
-Mas não é! E acabou! Tchau!
-Não! Espera! Olha pra mim! Preciso de você!!!
-Não precisa não! Precisa é se levantar desse chão e
parar de se rastejar por quem não te quer mais e viver
essa vida de nariz erguido.
-Eu não consigo!
-Consegue sim! Eu é que não aguento mais tentar sair
daqui e ficar impedido por esse seu sentimento estúpido.
Eu sou a sua melhor parte! O seu orgulho seu idiota!Tô
querendo deixar pra trás essa sua infelicidade. Se toca
disso e sai da frente desse espelho senão vão achar que
você está louco falando consigo mesmo!
O dia termina com o sol queimando o oeste
A noite vem sorrateira trazendo o brilho da escuridão.
O sono insiste em não chegar
Os olhos teimam em não fechar.
As lágrimas repetidamente caem sem parar.
A noite termina com o sol surgindo ao leste.
E o dia vem imponente com seu calor.
O suor é a única roupa que me veste,
Nesta manhã vazia, sozinho e sem amor.
Saudade faminta, não deixa nada passar.
Seja um cheiro de uma comida,
Ou uma música que tocar.
As noites em claro vendo o sol nascer.
E sempre me deparo, com a falta de você.
Tanto vazio... tanta tristeza, pouco pano pra aquecer,
Essa dor fria e essa dureza que existe em meu ser.
Você aí!
De tão longe no tempo.
Olha um pouco pra frente e tenta me ver.
Tô aqui! Acenando com a mão aqui do presente.
Pensei daqui, que aí, eu fosse o seu futuro.
Me enganei!
Nunca fui sequer o seu presente.
Quando você virou o meu.
Que dirá futuro.
Olha! Você aí tão longe no tempo.
Não se preocupa!
Escolhe outro caminho que não aquele tá bom!
Você vai ser mais feliz!
E eu acho que serei também.
Ei você aí tão longe... Não se esquece de um dia...
Ah! Deixa pra lá. Você nunca vai saber quem eu fui
mesmo!
Então é só!
Bom futuro pra você amanhã.
E um ótimo presente no seu aniversário de 19 anos.
Bem do alto dos meus trinta e poucos anos
Eu só penso nos últimos trinta e poucos anos.
Eu vejo que se passaram trinta e poucos anos.
E em poucos anos eu fui da terra à lua.
E de lá voltei direto para o sul mais ao sul.
Aqui do alto dos meus trinta e poucos anos
Começo a ver que se passaram trinta e poucos anos
E eu ainda estou com trinta e poucos anos
Olhando com os mesmos olhos que tinha ha trinta e
poucos anos.
Com a mesma cede e a mesma vontade de comer.
Tantos trinta e poucos anos ainda virão(será?)
E eu vou contar mais um pouco desses outros trinta e
poucos anos.
E hoje com meus trinta e poucos anos,
Descubro que não sei nada sobre ter trinta e poucos
anos.
Simplesmente tenho.
Suor que cai nos olhos e queima.
Lágrimas que correm o rosto e marcam.
Grito que sai da garganta e ecoa.
Dor que rasga os músculos e paralisa.
Pés em carne.
Boca em chão.
Mãos inertes.
Mente em total escuridão.
Suor que marca o rosto
Lágrimas que queimam os olhos.
Dor que sai da garganta
Grito dos músculos em pó.
Eu tive um amor.
Ele era pequeno e frágil.
Claro e inocente.
Nem sabia ele que eu já o tinha.
Até eu não sabia.
Eu tive um amor.
Ele foi por etapas.
Primeiro ao olhar sem se ver.
Depois se ver sem precisar se olhar.
Eu pensava e já estava lá.
Eu tive um amor.
Era lindo como o céu.
Brilhante como o sol.
Brincante como criança
Eu já estava tomado.
Eu tive um amor.
Agora não tenho mais.
Vivo um sonho impossível.
Um tempo que não volta atrás.
Eu já estou em pedaços.
Eu estou sem amor.
Você é real ou um bug do meu chat
Cada dia mais chato?
Você é real ou um lapso de insanidade
A cada madrugada que entra?
Você é real ou uma nota errada de uma música
Que nunca consigo tocar?
Você é real ou um encontro do meu dedo
Com uma parede de borracha?
Você é real ou uma internet 3G
Funcionando a toda velocidade?
Você é real ou uma testemunha de Jeová
Chegando na sua casa depois das 7 da manhã?
Você é real ou um carteiro com uma carta de amor
Em plena era digital d’e-mails e whatsap?
Você é real ou uma carga de cerveja
Tombada na estrada sem ninguém pra saquear?
Você é real ou dólar
Com seus valores que sobem e descem todo dia?
Você é real?
Uma sombra, nada mais que uma sombra
De um passado que nunca existiu
De um presente que não há
De um futuro que não haverá.
Um suspiro, nada mais que um suspiro
De um sonho que não será real
De uma realidade distorcida,
De uma distorção enfraquecida
De uma fraqueza solitária.
De uma solidão resistente.
De uma resistência plena,
De uma plenitude suja.
De uma sujeira necessária.
Da necessidade de querer
Transformar tudo isso em verdade.
De ter você aqui,
E você aparecer.
E ser.
Ah! Seria bom que você me ouvisse,
Seria tão bom!
Ah! Seria bom se você gostasse um pouquinho assim de
mim,
Seria tão bom!
Ah! Seria bom se você soubesse que eu te quero e te
desejo.
Seria tão bom!
Ah! Seria bom se você deixasse minha voz te tocar,
Seria tão bom!
Mas você não vê, não nunca vê, nunca viu.
Se viu fingiu, fingiu e fugiu.
Me deixou a ver navio.
Mas você verá, sei que verá,
Quando no rádio, essa canção tocar
Seu coração vai disparar
E aí saberá que é minha voz
Ali, nas ondas do rádio,
Sutilmente a te (en)cantar.
Ah! Seria tão bom ver você sorrir
Seria tão bom!
Ah! Seria tão bom ver você dormir, ao meu lado
Seria tão bom!
Ah! Seria tão bom se você fosse real
Seria tão bom!
Ah! Esse sonho sempre se repete!
Me chama quando estiver só
E se o seu desejo for bem maior.
Me chama quando estiver frio ou quente
Vou entender que está carente.
Me chama quando for chorar,
Que eu te seguro, te faço gozar
E jogo pra longe
O que está a te torturar
Cheiro que rompe as paredes nasais,
E se prende no mais fundo espaço da mente.
Que me eleva a temperatura e me deixa quente.
Sem se aproximar de mim deixa meus olhos dormentes.
Forte, frágil, imponente
De beleza ímpar, singular.
Se fores sábio, e tentas decifrar, não tente,
Pois corre grande risco de se apaixonar.
Sorriso hipnótico, que paralisa.
Somado a uma voz de tonalidade
Que eterniza.
Faz ressonante o som que entra
Nos ouvidos.
Faz esquecer os que lembram,
Faz lembrar os esquecidos.
Sabe-se lá de onde vem o canto.
Tal qual Iara no rio,
Mas causa encanto,
Tal qual leoa alfa no cio.
É fogo.
Brasa brilhante e quente.
Aquece e adormece meus olhos
Em sua direção.
Paralisa meu corpo e minha mente.
Ativa o impulso, apaga a razão.
Quero teu corpo nu e cheio de calor
Tirar cada gota de seu gosto
Numa noite selvagem de amor
Por que você esconde esse desejo efervescente
Que está te consumindo, e te enchendo de tesão?
Por que não sacia essa sede e se solta,
Caindo como uma pluma em minhas mãos.
Liberta essa fera e vem,
Sem medo nenhum se entregar.
Cai nos meus braços
E mata essa ânsia louca
De comigo californicar.
Fica sempre à sombra da dúvida.
Se está ali apenas a olhar
Ou se simplesmente quer algo dizer.
Mesmo que sem palavras,
Ou com cem palavras.
Mistério que sempre irá pairar no meu ar.
Mistério que talvez nunca eu havera de saber.
Nem sei se é bom mais perto estar.
Ou se estava melhor o antes de hoje ser.
É difícil tentar achar.
Muito mais ainda tentar ver.
O que eu nem sei o que procurar,
Ou o que eu procuro entender.
Apenas ando.
Apenas penso.
Apenas observo o movimento dessa maré.
De uma forma ou de outra,
Deixa apenas um até... Breve.
Constante e instável, às vezes volúvel às vezes imutável.
Muitas vezes muito mulher, noutras menina inocente.
Causa frisson quando passa,
Mas ainda sofre quando o assunto é amar.
Não se encontra quando se perde,
E quando se perde é pra valer.
Não tem limites para a entrega
E prefere pagar para ver.
Mesmo que seja um preço muito alto.
Arrepia-se fácil, ao sentir-se desejada.
Sem saber deixam caídos queixos
Toda vez que passa.
Com seu andar desfilante na calçada.
Não te decifro, pois não deixas
Enigma guardado a 14 chaves
Arredia e arisca ao aproximar-me
Solícita e dengosa ao afastar-me.
Nunca vou te entender,
Mas esse seu segredo hei de florescer
Essa cor que remete ao calor, ao sol.
Essa cor que faz pairar idéias... Desejos.
Esse olhar que enfeitiça, atiça.
Essa boca, carnuda, tesuda... Molhada.
Seu sorriso encanta, me arranca suspiros.
Essas curvas no seu corpo, perigos.
O seu jeito de andar, de flutuar sobre o chão.
Suave, insinuante, provocante.
O seu nome é sua cor.
Seu desatino, seu amor
Seu mistério encantador
Sua flor,
Aberta,
Ao sol.
Olha só você, apenas está aí, sozinha, sorriso amarelo.
Olha só você, depois de tanto tempo, não sabe mais o
que dizer.
Tão linda, tão longe, tão lá.
Só te olho, não tão de perto, não tão de longe
Apenas no pensamento.
Olha só você, nem me ver, nem me ter.
Pode ser apenas um delírio,
Mas eu sei que não vou mais te ver
E isso é tão forte que não sei o que.
Olha só você, aparecer assim sem avisar.
Uma ilha, uma trilha, uma longa estrada
Sempre foi minha amada
Mas hoje é só motivo pra lembrar
Sempre que abro os olhos ao acordar,
Procuro ao lado o que sei que não vou encontrar.
É só olhar mais fundo nos meus medos e verás.
Verás as cores de um antigo sorriso colorido.
Verás o brilho de um antigo olhar.
Verás palavras de um antigo novo livro.
Dizendo um dia sempre te amar.
É só olhar com um pouco mais de zelo.
E verás uma inocência antiga perdida
Verás as lágrimas acumuladas, engolidas.
Verás toda uma vida esquecida.
Sem nem ao menos tentar recuperar.
É só olhar para mim como antes.
E verás que mesmo não sendo o mesmo
Ainda mantive a mesma essência de outrora.
Sou o homem antes feliz, e que hoje só chora.
Entre seus imundos lençóis
Que tantos já passaram
Tantos já gozaram
Tantos de usaram
Eu hoje te olho
Agora morta,
Sem volta,
Sem choro
Sem adeus.
Só os olhos de quem um dia quis.
E hoje apenas olha.
Entre suas pernas
Que tanto se abriram
E por onde tantos passaram
E nasceram
E viveram
Eu hoje vejo um túmulo
Fundo,
Sujo,
A espera de um caixão
Que será enterrado
Junto com sua paz.
E junto do meu amor.
Brilham no céu do meu teto
Estrelas artificiais.
Nem curvo, nem elíptico, nem reto
Muito menos normais.
Brilho refletido em lentes
Dois belos olhos atrás.
Corpo e alma dormentes
Atiçados e querendo mais.
Nevoa soturna e circulante
Formam as nuvens desse céu
De estrelas pouco tempo brilhantes
Testemunhas de um amor carrossel.
Corpos em linha imaginária
Explorando sem cessar
Nessa viagem interplanetária.
Que infelizmente teve que acabar
Tenho medo de o medo me superar
De me fazer encolher-se num canto e chorar
De me fazer desistir de tentar
De não me deixar escolher.
Tenho medo de o medo vencer.
E o desespero bater
E toda minha coragem sumir
E nada mais existir.
E nada mais me lembrar.
Tenho medo de o medo acabar.
E toda dor ressurgir.
E todo encanto voltar,
E a resistência sumir.
Tenho medo.
Tenho medo.
Tenho medo.
Tenho medo.
Eu quero um vetor para sair dessa realidade
Eu quero a verdade, de uma forma diferente.
Quero ver gente com cores e dores flutuantes
Quero ver os amantes sorrindo sem parar
Quero sonhar acordado andando na rua
Quero voar para a lua
Quando me entorpecer
Quero sair do meu ser
E virar um cometa
Até mesmo o capeta
Vai fugir ao me ver
Quero uma boa birita
Uma linda periquita
Para dar de comer
Quero você
Nua num espelho
Com um batom vermelho
E olhando pra mim
Quero pensar no fim
Dessa viagem curta
Enquanto o mundo não surta
Sou eu quem fica assim.
Corpo levemente entorpecido
Olhos fixos num ponto só.
Mãos geladas e tremulas,
Palavras presas por um nó.
Corpos levemente juntos.
Olhos fixados no outro.
Mãos quentes e selvagens.
Palavras desconexas dessas loucas viagens.
Bocas levemente se tocam.
Olhos agora fechados.
Mãos arrancando as roupas.
Corpos totalmente suados.
Arrasto o peso do meu corpo inerte
Em um esforço falho.
Deserto-me do mundo em peste
Na medida em que meu sangue no chão espalho.
Arranco um pedaço do meu espírito
Sujo, e de tantos males.
E jogo aos abutres
Ansiosos por carniça.
Lamento o gosto do cigarro velho.
Fumaça já não tão tóxica quanto meu pulmão.
Escarro catarro preto como petróleo
Logo em seguida cuspo sangue.
E sujo toda a minha mão.
Derrotado!
Falido!
Esperando apenas o fim!
Mas uma mão suave
Se aproxima do meu rosto em chagas
E me pede pra levantar e andar.
Eu ignoro,
E continuo a escarrar.
Me conta um segredo
Me faz teu divã.
Perde de vez esse medo,
Fica comigo até de manhã.
Se solta das correntes
Vem me querer
Com as pernas dormentes
Vem sentir prazer.
Sorrindo e seduzindo
Me infeste de paixão
Com as mãos teu corpo esculpindo
Te aliviando toda a tensão.
Me hipnotiza
Me explora
Mentaliza.
Mas não vá nunca embora.
Liberte-se dos medos.
Afaste-se das dores.
Vão-se os anéis e ficam os dedos
Lute por seus amores.
Abrigue-se em meus braços
Aqueça seu agora frio coração.
Que eu guio os seus passos.
E te livro dessa escuridão.
Voe livre nesta noite linda.
Saboreie o néctar do prazer.
Essa história não acabou ainda.
Depende apenas de você.
Corra! Corra!
Não tema!
Apenas corra!
Corra das correntes!
Corra das mentes doentes.
Corra!
E se não der mais.
Não volte.
Me vem a impressão súbita de que
Seu rosto não será mais visto por meus olhos.
Sua voz não mais suavizará os ruídos nos meus ouvidos.
Sua boca não mais adocicará o amargo da minha.
Sua pele não irá mais arrepiar os pelos da minha.
Seu gosto não mais habitará meu paladar.
Em fim, que os astros trabalhem para um dia
Isso reverter isso.
E tudo volte ao normal.
Atravesso às noites, guiado pelas luzes.
Luzes vermelhas dos postes.
Luzes sem sentido, que formam formas
Que ativam a desconfiança.
Atravesso os sonhos guiado pelos sons.
Sons quem vêm da rua.
Sons que anestesiam meu pensar.
Que alertam meu despertar.
Atravesso os riscos com uma faca.
Cravada numa mesa de madeira.
Enterrada até a metade.
Cheia de marcas e de riscos.
Sonho com todas as travessias
Iluminado por todas as luzes vermelhas.
Ouvindo apenas o som do vento
Que vem riscando a areia no asfalto
Com seu arrasto.
Eu desejo que você não entre em confusão.
Não faça uma mistura de sabores,
Apenas por dois pequenos goles.
A bebida é boa, mas não entorpece.
Eu desejo que sua mente voe.
E nesse vôo eu também vou.
Mas em coordenadas diferentes.
No entanto o aeroporto é o mesmo.
Quando quiser, é só pousar.
Eu desejo seu sorriso para outros olhos.
Sua voz para outros ouvidos.
Seu calor para outra pele.
Seu sabor para outra boca.
Seu amor para outro além.
Eu desejo.
Eu não vejo.
Não almejo.
Apenas vejo.
Sutilmente chegar
Sutilmente sair.
Se olhar no espelho e não ver o que realmente é.
Olhar ao redor e ver apenas sombras.
Não se achar em um metro quadrado.
Não ver mais o chão onde pisa.
Queria um chá de cogumelo,
Talvez eu ficasse belo.
Talvez eu ficasse amarelo.
Talvez azul.
Azul.
Como cessar as lágrimas?
Como, em tão pouco tempo?
Como fazer o tempo passar?
Como tirar o peso dos olhos?
Como fazer parar a abstinência?
Tantas perguntas.
Poucas respostas.
Muitas palavras.
Pouca certeza.
Impressão errada.
Lágrimas não tiram o peso da dor.
Chorar não vai aliviar o peito.
Não sei se chamo de ódio
Ou se chamo de amor.
O que sei é que não tem mais jeito.
Tantas respostas.
Poucas perguntas.
Poucas palavras.
Muita certeza
Impressão errada.
Um sonho repetido
Um sono perdido.
Uma voz ressonante.
Uma linda e invisível amante.
Como cessar a lágrimas?
Onde as sombras descansam?
Onde os medos se encontram?
Onde o oculto é descoberto?
Onde os males abundam?
Onde as dores são maiores?
Onde o sofrimento amadurece?
Onde todos os humanos vivem?
Terra.
Aterra.
Enterra.
Pó.
No que consiste a paixão?
Qual a reação química que ela causa dentro de nós?
É possível que haja uma reação diferente a cada dia?
E por mais pessoas?
E pela mesma pessoa todo dia?
Eu me pergunto isso já faz um tempo.
Porém não sei se quero a resposta
Mas também não sei se quero ficar na dúvida.
Eu preciso de uma centena de respostas
Ou de uma centena de paixões. Sei-lá!
O problema é o simples e complicado fato de que,
Corro um grande risco de me apaixonar,
Mas pela mesma pessoa em outros rostos.
O auge da sua maturidade não se atinge com idade.
Não se atinge apenas vivendo muitas experiências.
O auge da sua maturidade se desenvolve no seu modo
de observar.
Na sua capacidade de ler os lances que a vida de mostra.
Não é preciso ser um ancião de uma tribo africana
Pra fazer distinção de certas coisas.
O auge da sua maturidade se desenvolve dentro de você.
E somente à você cabe senti-la e torná-la plena.
Bela.
Singela.
Quente como fogo.
Intensa como um vulcão ativo.
Grita! Se agita!
Esconde essa mulher numa cara de menina.
Concentra medos e desejos.
Concorre com o invisível.
Não mede seus passos.
Mas é intensamente sensível.
Não sei se isso é fato.
Ou o fim do filme que assisti.
Misturou tudo num sonho chato.
Onde alguém tinha que mentir.
Não se sabe de onde vem.
Nem como vem.
Apenas se sente.
Sutilmente, bem devagar.
Surge do nada como o próprio nada.
E vai te tomando o ar.
Olhos nos olhos?
Não!
Voz nos ouvidos?
Não!
Calor da pele?
Não!
Apenas chega como uma brisa da madrugada.
Como o fim de uma longa estrada.
Um cais a se atracar.
Não sei se está longe do perto.
Ou perto de mais pra não encontrar.
Apenas está lá.
Crescendo como uma flor.
Seguindo o sol.
Da aurora ao crepúsculo.
Dia após dia.
Sem saber quando vai chegar
Um gole de seu veneno
E um grito do meu corpo.
O escarro do seu ódio
Escorre no meu rosto.
Rastejo na lama da indiferença
Com a pele em chagas
Hoje não me valem as crenças
Diante de tantas malévolas pragas.
Agonizo o choro preso da dor.
Convulsiva depressão incessante.
Abalando todas as estruturas do falido amor
Num banho de lágrimas causadas por este amor infante.
Olha bem pra mim.
Não desvia.
Me foca como se fosse me desenhar,
Me pintar.
Mexe com minhas forças e músculos,
Nervos e sangue.
Eriça meus pelos com sua voz,
Faz-me pingar em ebulição.
Deixa-me ser apenas um menino.
Descobrindo as aventuras do ser,
Seja também só uma menina,
Desvendando os mistérios do prazer.
Abaixa todas as cortinas que te escondem a pele.
E agora deixa eu te levar.
Onde não há veículo senão eu,
A fazer você chegar.
Limite-se agora a ser minha descoberta.
E eu seu descobridor.
E siga assim, e vice-versa.
Sob a lua ou sob a chuva.
O que é estar só?
Olhar para os lados não ver ninguém?
Ou olhar para os lados e ter um monte de gente?
E ainda assim estar só?
Passei tanto tempo da minha vida
Acostumado com estar só, que com o passar dos anos
não estar assim é que é o incomum.
Dizem que o homem não é uma ilha,
Mas será que não é?
Escolhas erradas nos fazem ser uma ilha.
Momentos difíceis nos fazem ser uma ilha.
Vazio que se torna ainda maior, quando num intervalo da
vida, ocupamos aquele vazio, para mais tarde esvaziar
novamente.
O que é se sentir só?
Estar cercado de pessoas inúteis e que não te trarão
nenhuma companhia, ou cercado apenas dos seus
pensamentos, que a essa altura já são o suficiente para
lhe acompanhar?
Cada dia que passa eu tenho a plena certeza que no
máximo cinco pessoas irão ter alguma passagem in loco
na minha vida.
E eu mesmo acabarei expelindo um a um, por não saber
conciliar o momento de preenchimento com a sensação
de um novo vazio.
Qual será o passo a ser dado?
Num momento se está tão calmo.
Num outro não distante, totalmente alterado.
Recorre-se a alternativas não convencionais.
Expõe-se a duvidas existenciais.
Criam-se medos e anseios.
Desabam-se lágrimas aos montes.
E depois secam para nunca mais.
Espalho no mais acidentado terreno
Toda a minha infelicidade acumulada.
E tento assim, minimizá-la.
Mas não adianta.
No outro dia, ainda vou abrir os olhos.
E tudo vai voltar a ser como está.
Não serviram de nada as alternativas.
Não serviu de nada a ressaca.
Não serviu de nada o sorriso escancarado pela bebida.
Não serviu de nada a minha máscara para mim mesmo.
No outro dia, ainda vou abrir os olhos.
E tudo ainda vai estar como está.
Quando a minha viagem acabar,
Caso eu não consiga concluir nem lançar ao mundo
Minhas palavras e modos de pensar.
Quem será que vai ter coragem de fazê-lo?
Quem as lançaria por mim?
Quem colocaria uma capa dura em tudo isso
E assinaria alguns dizeres?
Sei-lá!
Acho que nesta viagem... Ninguém!
Queria ver quando eu descesse na estação da luz,
Ou da escuridão... Não sei se haverá essa manifestação.
Sei-lá!
Acho que não!
Uma mariposa não sai de junto de mim
Toda madrugada ela vem.
Não sei o que significa,
E de saber nem to afim.
Pousa na minha cabeça
Talvez queira me dizer algo
Ou talvez pra que eu não me esqueça
De deixar de ser amargo.
Uma pequena mariposa cinza,
Cinza como minha mente.
Contra o vento voando ela desliza.
Como minha alma vagando doente.
Salgado gosto escorre de dentro de você;
Aquece meus nervos, desprende minhas pernas;
Acelera meus instintos mais dezoito,
Me prende com seu olhar e seu sorriso.
Me prende com suas pernas.
Arremessa-me contra as leis e os bons costumes.
Me faz perder os direitos e deveres.
E no meio de uma movimentada avenida.
Me consome com seus grandes lábios,
Me beijando, e me falando.
O que poderia ser, e o que não seria nunca.
De qual profundeza você saiu?
Qual o seu nome de demônio?
Me conte por favor o motivo;
Deixe clara a sua missão!
Que magnetismo violento é esse?
Que polariza um lado só?
Me conte por favor o segredo;
Tenha o mínimo de dó.
Qual a origem dessa feitiçaria?
Gitana, Africana, Baiana.
Sei-lá... Norte-Americana, ou Ucraniana.
Programado para ser propagado,
Vou me auto-exorcizar.
Ficou no meu paladar,
O gosto do seu gosto.
E no meu olfato,
O cheiro do seu cheiro.
Na minha pele,
As marcas de seu delírio.
Nos meus olhos,
A imagem do seu prazer.
Ficou na minha audição,
Os sons da sua metamorfose.
E na minha intuição,
A certeza que não era para sempre.
Por serem inexatos,
Infantes momentos perturbam.
Por serem infantes,
Inexatos momentos repetem-se.
Onde quer que você esteja,
Mesmo que esteja longe, estando aí,
Eu sinto seu cheiro,
Sua temperatura quente,
Sua voz reticente,
Seu olhar caçador,
Suas mãos de veludo.
Sinto que quando fechar os olhos e dormir,
Não vou te encontrar vagando pelos meus sonhos,
Mas vou vagar nos seus,
Onde quer que você esteja,
Mesmo que estando aí, esteja bem longe.
Entro nos becos da distração.
Sento na esquina do delírio.
Caminho nas ruas do desbunde.
Nado nas águas da solidão.
Pergunto à primeira árvore que vejo,
Se ela tem a resposta para minhas dúvidas.
Depois da primeira palavra dela,
Vejo que não falamos o mesmo idioma.
Subo as escadarias da falsidade.
Me penduro nos muros da mentira.
Cavalgo sobre o pasto da maldade.
Pedalo sobre a pista da ira.
Pergunto à segunda árvore que vejo,
Se ela pode me ajudar a voltar de onde parei.
Depois da primeira palavra dela,
Vi que sou eu quem não sei.
Pulo nas areias escuras da dor.
Corro na pista infinita do medo.
Escalo o morro dos sonhos.
Mergulho no poço sem fundo dos segredos.
Pergunto agora às árvores de toda a minha alucinação,
Onde fica o botão de reiniciar o mundo.
Depois das primeiras palavras delas,
Eu entendi tudo, e em fim acordei.
Somos partes incompletas de um complexo sistema de
frações, dúvidas, medos e receios.
Somos pedaços de estrelas caídas, espalhadas pelo
globo, procurando seu pedaço exato para se completar.
Somos rabiscos de um desenho mal acabado, esperando
sempre a arte final para se completar.
Somos restos de poeira em meio ao vento do norte que
sempre procura um par de olhos para lá se alojar.
Somos um bando de seres amantes da dor, da culpa e do
amor, sempre a procura de alguém que o faça sentir tudo
isso.
E depois o ciclo recomeça.
Estes pequenos frascos de perfume comparados aos
mais letais dos venenos, com seu conteúdo recente,
absorvente como esponja, oscilante como o mar.
Bem longe do meu olfato deve ficar.
Com suas armadilhas infantes, ferindo os amantes, com
seu falso pudor.
Caiu no chão e quebrou o encanto e o efeito, do veneno
que em mim depositou.
Eu apenas olho,
Circulo o ambiente sem me mover.
Observo atentamente seu corpo se mexer,
Cada detalhe, cada gesto, cada som.
Eu apenas olho,
Calculo meus passos pra não assustar.
Conduzo meus atos sem se fazer notar.
Cada volta, cada nota, cada som.
Eu apenas olho,
Espero seu rosto se virar para o meu.
Permito meu medo em fim dizer adeus.
Cada palavra, cada cantada, cada canção.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Livro fragmentos(1) (1)
 Livro fragmentos(1) (1) Livro fragmentos(1) (1)
Livro fragmentos(1) (1)Sylvia Seny
 
02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativo
02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativo02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativo
02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativoNAPNE
 
Para quem gostar de poesias...
Para quem gostar de poesias...Para quem gostar de poesias...
Para quem gostar de poesias...Sayonara Sales
 
02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivo
02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivo02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivo
02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivoNAPNE
 
Ateleiótita em desenvolvimento
Ateleiótita em desenvolvimentoAteleiótita em desenvolvimento
Ateleiótita em desenvolvimentoGustavoEufrazio
 
Hipótese de um mundo perdido
Hipótese de um mundo perdidoHipótese de um mundo perdido
Hipótese de um mundo perdidoJoão Gomes
 
Duas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas Freitas
Duas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas FreitasDuas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas Freitas
Duas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas FreitasGiba Canto
 
AMOR,ALEGRIAS E LAGRIMAS
AMOR,ALEGRIAS E LAGRIMASAMOR,ALEGRIAS E LAGRIMAS
AMOR,ALEGRIAS E LAGRIMASKhamia carvalho
 
Wilfreda - Oscar
Wilfreda - OscarWilfreda - Oscar
Wilfreda - Oscarmeroga
 
As mais belas poesias ok
As mais belas poesias   okAs mais belas poesias   ok
As mais belas poesias okviniciusmarcos
 
Poemas Ilustrados
Poemas IlustradosPoemas Ilustrados
Poemas Ilustradosvales
 

Was ist angesagt? (18)

Livro fragmentos(1) (1)
 Livro fragmentos(1) (1) Livro fragmentos(1) (1)
Livro fragmentos(1) (1)
 
02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativo
02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativo02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativo
02 - Proposta de redação sobre o amor - Texto dissertativo-argumentativo
 
Para quem gostar de poesias...
Para quem gostar de poesias...Para quem gostar de poesias...
Para quem gostar de poesias...
 
AFETOS DE AMOR
AFETOS DE AMORAFETOS DE AMOR
AFETOS DE AMOR
 
02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivo
02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivo02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivo
02 - Proposta de redação sobre o amor - texto injuntivo
 
Os olhos já não podem ver
Os olhos já não podem verOs olhos já não podem ver
Os olhos já não podem ver
 
Ateleiótita em desenvolvimento
Ateleiótita em desenvolvimentoAteleiótita em desenvolvimento
Ateleiótita em desenvolvimento
 
Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias
 
Hipótese de um mundo perdido
Hipótese de um mundo perdidoHipótese de um mundo perdido
Hipótese de um mundo perdido
 
Duas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas Freitas
Duas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas FreitasDuas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas Freitas
Duas Crônicas Poéticas de Pedro Chagas Freitas
 
Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias
 
Letras Leandro de Moraes
Letras Leandro de Moraes Letras Leandro de Moraes
Letras Leandro de Moraes
 
AMOR,ALEGRIAS E LAGRIMAS
AMOR,ALEGRIAS E LAGRIMASAMOR,ALEGRIAS E LAGRIMAS
AMOR,ALEGRIAS E LAGRIMAS
 
Wilfreda - Oscar
Wilfreda - OscarWilfreda - Oscar
Wilfreda - Oscar
 
As mais belas poesias ok
As mais belas poesias   okAs mais belas poesias   ok
As mais belas poesias ok
 
Isadora e outros amores
Isadora e outros amoresIsadora e outros amores
Isadora e outros amores
 
Poemas Ilustrados
Poemas IlustradosPoemas Ilustrados
Poemas Ilustrados
 
Lamentos
LamentosLamentos
Lamentos
 

Andere mochten auch

Cristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos Bichos
Cristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos BichosCristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos Bichos
Cristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos BichosCristian B. V. de Rocco
 
POEMA PARA GOZAR TU PAZ
POEMA PARA GOZAR TU PAZPOEMA PARA GOZAR TU PAZ
POEMA PARA GOZAR TU PAZSofia Bravo
 
Alguns Poemas Escritos no Recanto das Letras
Alguns Poemas Escritos no Recanto das LetrasAlguns Poemas Escritos no Recanto das Letras
Alguns Poemas Escritos no Recanto das Letrasterreza lima
 

Andere mochten auch (7)

Cristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos Bichos
Cristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos BichosCristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos Bichos
Cristian B. V. de Rocco - Poemas, Poesias, Parodias, Fabulas e menos Bichos
 
POEMA PARA GOZAR TU PAZ
POEMA PARA GOZAR TU PAZPOEMA PARA GOZAR TU PAZ
POEMA PARA GOZAR TU PAZ
 
Alguns Poemas Escritos no Recanto das Letras
Alguns Poemas Escritos no Recanto das LetrasAlguns Poemas Escritos no Recanto das Letras
Alguns Poemas Escritos no Recanto das Letras
 
Poema "Política"
Poema "Política"Poema "Política"
Poema "Política"
 
Poema de mil faces
Poema de mil facesPoema de mil faces
Poema de mil faces
 
Poemas 6 a1
Poemas 6 a1Poemas 6 a1
Poemas 6 a1
 
Poemas 6 a5
Poemas 6 a5Poemas 6 a5
Poemas 6 a5
 

Ähnlich wie PEDAÇOS DE POUCOS POEMAS

Desejos obscuros livro i
Desejos obscuros livro iDesejos obscuros livro i
Desejos obscuros livro iRaquel Alves
 
Atlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS Oficial
Atlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS OficialAtlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS Oficial
Atlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS OficialBeto Stone
 
Leninha Saudade Eterna
Leninha Saudade EternaLeninha Saudade Eterna
Leninha Saudade EternaRogerio Lulim
 
Gerações poéticas
Gerações poéticasGerações poéticas
Gerações poéticasAndre Guerra
 
Eu te amo e não sei ate quando te amarei
Eu te amo e não sei ate quando te amareiEu te amo e não sei ate quando te amarei
Eu te amo e não sei ate quando te amarei55443
 
Leninha - Saudade Eterna
Leninha - Saudade EternaLeninha - Saudade Eterna
Leninha - Saudade EternaRogerio Lulim
 
Fernando Pessoa
Fernando PessoaFernando Pessoa
Fernando PessoaNaisha Br
 
COM SOM! Fernando Pessoa
COM SOM!  Fernando PessoaCOM SOM!  Fernando Pessoa
COM SOM! Fernando PessoaNaisha Br
 
242411996 o-amor-em-poesia
242411996 o-amor-em-poesia242411996 o-amor-em-poesia
242411996 o-amor-em-poesiaRobson Mendes
 
FIGURAS DE LINGUAGEM
FIGURAS DE LINGUAGEMFIGURAS DE LINGUAGEM
FIGURAS DE LINGUAGEMAna De Paula
 
Pinturase Poesias
Pinturase PoesiasPinturase Poesias
Pinturase Poesiastaigua
 
Maninhas 4ever
Maninhas 4everManinhas 4ever
Maninhas 4everChrixtaL15
 
Epopéia do meu amor
Epopéia do meu amorEpopéia do meu amor
Epopéia do meu amorwilkerfilipel
 

Ähnlich wie PEDAÇOS DE POUCOS POEMAS (20)

Desejos obscuros livro i
Desejos obscuros livro iDesejos obscuros livro i
Desejos obscuros livro i
 
Atlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS Oficial
Atlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS OficialAtlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS Oficial
Atlas e o Pêndulo Sobre o Não Dito - TESS Oficial
 
Leninha Saudade Eterna
Leninha Saudade EternaLeninha Saudade Eterna
Leninha Saudade Eterna
 
Gerações poéticas
Gerações poéticasGerações poéticas
Gerações poéticas
 
Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02
Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02
Diamundialpoesia 100503060711-phpapp02
 
Eu te amo e não sei ate quando te amarei
Eu te amo e não sei ate quando te amareiEu te amo e não sei ate quando te amarei
Eu te amo e não sei ate quando te amarei
 
Leninha - Saudade Eterna
Leninha - Saudade EternaLeninha - Saudade Eterna
Leninha - Saudade Eterna
 
Figuras de linguagem 1
Figuras de linguagem 1Figuras de linguagem 1
Figuras de linguagem 1
 
Fernando Pessoa
Fernando PessoaFernando Pessoa
Fernando Pessoa
 
COM SOM! Fernando Pessoa
COM SOM!  Fernando PessoaCOM SOM!  Fernando Pessoa
COM SOM! Fernando Pessoa
 
FIGURAS DE LINGUAGEM.ppt
FIGURAS DE LINGUAGEM.pptFIGURAS DE LINGUAGEM.ppt
FIGURAS DE LINGUAGEM.ppt
 
Vistas Italianas
Vistas ItalianasVistas Italianas
Vistas Italianas
 
242411996 o-amor-em-poesia
242411996 o-amor-em-poesia242411996 o-amor-em-poesia
242411996 o-amor-em-poesia
 
FIGURAS DE LINGUAGEM
FIGURAS DE LINGUAGEMFIGURAS DE LINGUAGEM
FIGURAS DE LINGUAGEM
 
Pinturase Poesias
Pinturase PoesiasPinturase Poesias
Pinturase Poesias
 
Cartas de um amor imortal
Cartas de um amor imortalCartas de um amor imortal
Cartas de um amor imortal
 
Ddghh cópia
Ddghh   cópiaDdghh   cópia
Ddghh cópia
 
Maninhas 4ever
Maninhas 4everManinhas 4ever
Maninhas 4ever
 
Epopéia do meu amor
Epopéia do meu amorEpopéia do meu amor
Epopéia do meu amor
 
Marcos
MarcosMarcos
Marcos
 

PEDAÇOS DE POUCOS POEMAS

  • 2. Em poucas palavras e em poucos versos sigo lançando minhas inquietações, desejos, idéias e medos.
  • 3. Um dia o que irás querer é apenas um ombro Pra descansar a cabeça pesada, De pensamentos, desejos e arrependimentos. Pra chorar tristezas repetidas ou alegrias inéditas. Pra sentir apenas um apoio num momento de fraqueza. Um dia você vai sentir falta desses braços Para te aparar numa possível queda E se isso for inevitável, te levantar e te fazer seguir em frente. Um dia suas pernas irão se cansar, E você irá sentir falta das minhas Para agüentar seu peso e sua mazela. Um dia você vai ver que nem sempre o que se acha Na verdade é. E que um único gesto poderia ter sido feito Um simples gesto poderia ser perfeito. Mas você não vê.
  • 4. Só te quis o bem Sempre procurei pra ti o melhor de mim; Fui o mais sincero e limpo possível. Nunca pensei em deixar-te. Mesmo sem ter muito, Era com esforço o que tinha pra dividir Era com gosto que te fazia sentir Que eu nunca desistiria. Mas como tudo tem seu fim. Estou nesse fim, Estou nessa mar Estou nessa cela. Só.
  • 5. O homem se divide tantas vezes na vida, que ao final da mesma resta apenas uma pequena fração, que muitas vezes também é dividida com as lembranças dos pedaços importantes que se foram, e nunca mais voltam.
  • 6. Quando o calor dos braços ausentes for sentido. E um arrepio sem sentido te tomar as costas, Sou eu te abraçando nos meus sonhos E me fazendo presente no seu intimo. Quando lágrimas involuntárias escorrerem do seu rosto E com elas vier um sorriso, Sou eu lembrando nossos dias alegres, E neles, quando te fazia sorrir com coisas sem graça. Quando uma dor e uma angústia repentinamente Tomarem-te de uma vez só, Sou eu em prantos, me contorcendo Para me conformar que você, nesta vida, Não vai mais voltar.
  • 7. Você, que tanto tempo passou presente, No meu coração. Você, que tanto tempo foi residente, No meu coração. Você, que tanto tempo andou paralelo, A mim. Você, que tanto tempo jurou Ser sempre minha. Você, que há tanto tempo se foi, E eu, que esse tempo sempre isso temeu, Agora estou só.
  • 8. Bonita. Misteriosa e firme. Sempre em posição, Seja de ataque, Seja de defesa. Será sempre ela, Será sempre bela. Sempre presente Na minha vida e na minha mente. De hoje a amanhã De ontem ao fim.
  • 9. Eu tive um amor. Ele era pequeno e frágil. Claro e inocente. Nem sabia ele que eu já o tinha. Até eu não sabia. Eu tive um amor. Ele foi por etapas. Primeiro ao olhar sem se ver. Depois se ver sem precisar se olhar. Eu pensava e já estava lá. Eu tive um amor. Era lindo como o céu. Brilhante como o sol. Brincante como criança Eu já estava tomado. Eu tive um amor. Agora não tenho mais. Vivo um sonho impossível. Um tempo que não volta atrás. Eu já estou em pedaços. Eu estou sem meu amor.
  • 10. Se você vier, venha pra ser. Se você quiser, queira pra ser. Se você tentar, tente pra ser. Se você subir, suba pra ser. Ser o melhor que puder. Sem se importar com o tempo Que pra isso vá levar.
  • 11. Mãos vazias Orgulho ferido, Imagens frias, Sentimento partido. Estado de violência mental Marcas de uma vida cruel. Rastros de um acidente fatal. Gosto na boca de sangue e fel. Olhos abertos e vermelhos, Sentindo o sangue nas veias correr. Fixamente olhando no espelho, Seu corpo em chamas morrer. Mãos vazias e fétidas De tocar pessoas imundas. Nojo da água nojo da comida Ódio e indignação profunda.
  • 12. Olha aí. Nada sou além de um escravo de um passado. De um passado que nunca será presente, Que muito menos será futuro. Olha aí. Tudo ao meu redor conspira a esse passado. Música, comida, cheiro, até a chuva. Penso, penso, penso e não vem nenhuma alternativa. Preciso de uma coisa que não existe mais neste tempo. Olha aí. Estou procurando o que seria meu tudo Num amontoado de nada empilhado. Num arquivo morto que não altera o agora se queimado. Onde fica meu botão de desligar?
  • 13. Uma grande tristeza e uma imensa dor no peito do homem. Uma pequena alegria, um curto bom dia, um sem tamanho adeus. Sozinho e chorando de todo jeito, quanta falta dos beijos seus. Saudade persiste em ficar pra me atormentar.
  • 14. -E aí? -Tudo certo! -Quanto tempo né? -É? Nem notei! -Nossa! Achei que... sei lá...tivesse sentido saudades... -Não! Não senti não! -Caramba! Eu então me enganei esse tempo todo! -É uma pena! Não senti nada não! -Tudo aquilo foi simplesmente esquecido? -Hum rum! -Melhor que não tivesse te encontrado. -Também acho! -Queria que tudo isso fosse um pesadelo e eu acordasse e tudo estivesse bem. -Mas não é! E acabou! Tchau! -Não! Espera! Olha pra mim! Preciso de você!!! -Não precisa não! Precisa é se levantar desse chão e parar de se rastejar por quem não te quer mais e viver essa vida de nariz erguido. -Eu não consigo! -Consegue sim! Eu é que não aguento mais tentar sair daqui e ficar impedido por esse seu sentimento estúpido. Eu sou a sua melhor parte! O seu orgulho seu idiota!Tô querendo deixar pra trás essa sua infelicidade. Se toca disso e sai da frente desse espelho senão vão achar que você está louco falando consigo mesmo!
  • 15. O dia termina com o sol queimando o oeste A noite vem sorrateira trazendo o brilho da escuridão. O sono insiste em não chegar Os olhos teimam em não fechar. As lágrimas repetidamente caem sem parar. A noite termina com o sol surgindo ao leste. E o dia vem imponente com seu calor. O suor é a única roupa que me veste, Nesta manhã vazia, sozinho e sem amor. Saudade faminta, não deixa nada passar. Seja um cheiro de uma comida, Ou uma música que tocar. As noites em claro vendo o sol nascer. E sempre me deparo, com a falta de você. Tanto vazio... tanta tristeza, pouco pano pra aquecer, Essa dor fria e essa dureza que existe em meu ser.
  • 16. Você aí! De tão longe no tempo. Olha um pouco pra frente e tenta me ver. Tô aqui! Acenando com a mão aqui do presente. Pensei daqui, que aí, eu fosse o seu futuro. Me enganei! Nunca fui sequer o seu presente. Quando você virou o meu. Que dirá futuro. Olha! Você aí tão longe no tempo. Não se preocupa! Escolhe outro caminho que não aquele tá bom! Você vai ser mais feliz! E eu acho que serei também. Ei você aí tão longe... Não se esquece de um dia... Ah! Deixa pra lá. Você nunca vai saber quem eu fui mesmo! Então é só! Bom futuro pra você amanhã. E um ótimo presente no seu aniversário de 19 anos.
  • 17. Bem do alto dos meus trinta e poucos anos Eu só penso nos últimos trinta e poucos anos. Eu vejo que se passaram trinta e poucos anos. E em poucos anos eu fui da terra à lua. E de lá voltei direto para o sul mais ao sul. Aqui do alto dos meus trinta e poucos anos Começo a ver que se passaram trinta e poucos anos E eu ainda estou com trinta e poucos anos Olhando com os mesmos olhos que tinha ha trinta e poucos anos. Com a mesma cede e a mesma vontade de comer. Tantos trinta e poucos anos ainda virão(será?) E eu vou contar mais um pouco desses outros trinta e poucos anos. E hoje com meus trinta e poucos anos, Descubro que não sei nada sobre ter trinta e poucos anos. Simplesmente tenho.
  • 18. Suor que cai nos olhos e queima. Lágrimas que correm o rosto e marcam. Grito que sai da garganta e ecoa. Dor que rasga os músculos e paralisa. Pés em carne. Boca em chão. Mãos inertes. Mente em total escuridão. Suor que marca o rosto Lágrimas que queimam os olhos. Dor que sai da garganta Grito dos músculos em pó.
  • 19. Eu tive um amor. Ele era pequeno e frágil. Claro e inocente. Nem sabia ele que eu já o tinha. Até eu não sabia. Eu tive um amor. Ele foi por etapas. Primeiro ao olhar sem se ver. Depois se ver sem precisar se olhar. Eu pensava e já estava lá. Eu tive um amor. Era lindo como o céu. Brilhante como o sol. Brincante como criança Eu já estava tomado. Eu tive um amor. Agora não tenho mais. Vivo um sonho impossível. Um tempo que não volta atrás. Eu já estou em pedaços. Eu estou sem amor.
  • 20. Você é real ou um bug do meu chat Cada dia mais chato? Você é real ou um lapso de insanidade A cada madrugada que entra? Você é real ou uma nota errada de uma música Que nunca consigo tocar? Você é real ou um encontro do meu dedo Com uma parede de borracha? Você é real ou uma internet 3G Funcionando a toda velocidade? Você é real ou uma testemunha de Jeová Chegando na sua casa depois das 7 da manhã? Você é real ou um carteiro com uma carta de amor Em plena era digital d’e-mails e whatsap? Você é real ou uma carga de cerveja Tombada na estrada sem ninguém pra saquear? Você é real ou dólar Com seus valores que sobem e descem todo dia? Você é real?
  • 21. Uma sombra, nada mais que uma sombra De um passado que nunca existiu De um presente que não há De um futuro que não haverá. Um suspiro, nada mais que um suspiro De um sonho que não será real De uma realidade distorcida, De uma distorção enfraquecida De uma fraqueza solitária. De uma solidão resistente. De uma resistência plena, De uma plenitude suja. De uma sujeira necessária. Da necessidade de querer Transformar tudo isso em verdade. De ter você aqui, E você aparecer. E ser.
  • 22. Ah! Seria bom que você me ouvisse, Seria tão bom! Ah! Seria bom se você gostasse um pouquinho assim de mim, Seria tão bom! Ah! Seria bom se você soubesse que eu te quero e te desejo. Seria tão bom! Ah! Seria bom se você deixasse minha voz te tocar, Seria tão bom! Mas você não vê, não nunca vê, nunca viu. Se viu fingiu, fingiu e fugiu. Me deixou a ver navio. Mas você verá, sei que verá, Quando no rádio, essa canção tocar Seu coração vai disparar E aí saberá que é minha voz Ali, nas ondas do rádio, Sutilmente a te (en)cantar. Ah! Seria tão bom ver você sorrir Seria tão bom! Ah! Seria tão bom ver você dormir, ao meu lado Seria tão bom! Ah! Seria tão bom se você fosse real Seria tão bom! Ah! Esse sonho sempre se repete!
  • 23. Me chama quando estiver só E se o seu desejo for bem maior. Me chama quando estiver frio ou quente Vou entender que está carente. Me chama quando for chorar, Que eu te seguro, te faço gozar E jogo pra longe O que está a te torturar
  • 24. Cheiro que rompe as paredes nasais, E se prende no mais fundo espaço da mente. Que me eleva a temperatura e me deixa quente. Sem se aproximar de mim deixa meus olhos dormentes. Forte, frágil, imponente De beleza ímpar, singular. Se fores sábio, e tentas decifrar, não tente, Pois corre grande risco de se apaixonar.
  • 25. Sorriso hipnótico, que paralisa. Somado a uma voz de tonalidade Que eterniza. Faz ressonante o som que entra Nos ouvidos. Faz esquecer os que lembram, Faz lembrar os esquecidos. Sabe-se lá de onde vem o canto. Tal qual Iara no rio, Mas causa encanto, Tal qual leoa alfa no cio.
  • 26. É fogo. Brasa brilhante e quente. Aquece e adormece meus olhos Em sua direção. Paralisa meu corpo e minha mente. Ativa o impulso, apaga a razão. Quero teu corpo nu e cheio de calor Tirar cada gota de seu gosto Numa noite selvagem de amor
  • 27. Por que você esconde esse desejo efervescente Que está te consumindo, e te enchendo de tesão? Por que não sacia essa sede e se solta, Caindo como uma pluma em minhas mãos. Liberta essa fera e vem, Sem medo nenhum se entregar. Cai nos meus braços E mata essa ânsia louca De comigo californicar.
  • 28. Fica sempre à sombra da dúvida. Se está ali apenas a olhar Ou se simplesmente quer algo dizer. Mesmo que sem palavras, Ou com cem palavras. Mistério que sempre irá pairar no meu ar. Mistério que talvez nunca eu havera de saber. Nem sei se é bom mais perto estar. Ou se estava melhor o antes de hoje ser. É difícil tentar achar. Muito mais ainda tentar ver. O que eu nem sei o que procurar, Ou o que eu procuro entender. Apenas ando. Apenas penso. Apenas observo o movimento dessa maré. De uma forma ou de outra, Deixa apenas um até... Breve.
  • 29. Constante e instável, às vezes volúvel às vezes imutável. Muitas vezes muito mulher, noutras menina inocente. Causa frisson quando passa, Mas ainda sofre quando o assunto é amar. Não se encontra quando se perde, E quando se perde é pra valer. Não tem limites para a entrega E prefere pagar para ver. Mesmo que seja um preço muito alto. Arrepia-se fácil, ao sentir-se desejada. Sem saber deixam caídos queixos Toda vez que passa. Com seu andar desfilante na calçada. Não te decifro, pois não deixas Enigma guardado a 14 chaves Arredia e arisca ao aproximar-me Solícita e dengosa ao afastar-me. Nunca vou te entender, Mas esse seu segredo hei de florescer
  • 30. Essa cor que remete ao calor, ao sol. Essa cor que faz pairar idéias... Desejos. Esse olhar que enfeitiça, atiça. Essa boca, carnuda, tesuda... Molhada. Seu sorriso encanta, me arranca suspiros. Essas curvas no seu corpo, perigos. O seu jeito de andar, de flutuar sobre o chão. Suave, insinuante, provocante. O seu nome é sua cor. Seu desatino, seu amor Seu mistério encantador Sua flor, Aberta, Ao sol.
  • 31. Olha só você, apenas está aí, sozinha, sorriso amarelo. Olha só você, depois de tanto tempo, não sabe mais o que dizer. Tão linda, tão longe, tão lá. Só te olho, não tão de perto, não tão de longe Apenas no pensamento. Olha só você, nem me ver, nem me ter. Pode ser apenas um delírio, Mas eu sei que não vou mais te ver E isso é tão forte que não sei o que. Olha só você, aparecer assim sem avisar. Uma ilha, uma trilha, uma longa estrada Sempre foi minha amada Mas hoje é só motivo pra lembrar
  • 32. Sempre que abro os olhos ao acordar, Procuro ao lado o que sei que não vou encontrar.
  • 33. É só olhar mais fundo nos meus medos e verás. Verás as cores de um antigo sorriso colorido. Verás o brilho de um antigo olhar. Verás palavras de um antigo novo livro. Dizendo um dia sempre te amar. É só olhar com um pouco mais de zelo. E verás uma inocência antiga perdida Verás as lágrimas acumuladas, engolidas. Verás toda uma vida esquecida. Sem nem ao menos tentar recuperar. É só olhar para mim como antes. E verás que mesmo não sendo o mesmo Ainda mantive a mesma essência de outrora. Sou o homem antes feliz, e que hoje só chora.
  • 34. Entre seus imundos lençóis Que tantos já passaram Tantos já gozaram Tantos de usaram Eu hoje te olho Agora morta, Sem volta, Sem choro Sem adeus. Só os olhos de quem um dia quis. E hoje apenas olha. Entre suas pernas Que tanto se abriram E por onde tantos passaram E nasceram E viveram Eu hoje vejo um túmulo Fundo, Sujo, A espera de um caixão Que será enterrado Junto com sua paz. E junto do meu amor.
  • 35. Brilham no céu do meu teto Estrelas artificiais. Nem curvo, nem elíptico, nem reto Muito menos normais. Brilho refletido em lentes Dois belos olhos atrás. Corpo e alma dormentes Atiçados e querendo mais. Nevoa soturna e circulante Formam as nuvens desse céu De estrelas pouco tempo brilhantes Testemunhas de um amor carrossel. Corpos em linha imaginária Explorando sem cessar Nessa viagem interplanetária. Que infelizmente teve que acabar
  • 36. Tenho medo de o medo me superar De me fazer encolher-se num canto e chorar De me fazer desistir de tentar De não me deixar escolher. Tenho medo de o medo vencer. E o desespero bater E toda minha coragem sumir E nada mais existir. E nada mais me lembrar. Tenho medo de o medo acabar. E toda dor ressurgir. E todo encanto voltar, E a resistência sumir. Tenho medo. Tenho medo. Tenho medo. Tenho medo.
  • 37. Eu quero um vetor para sair dessa realidade Eu quero a verdade, de uma forma diferente. Quero ver gente com cores e dores flutuantes Quero ver os amantes sorrindo sem parar Quero sonhar acordado andando na rua Quero voar para a lua Quando me entorpecer Quero sair do meu ser E virar um cometa Até mesmo o capeta Vai fugir ao me ver Quero uma boa birita Uma linda periquita Para dar de comer Quero você Nua num espelho Com um batom vermelho E olhando pra mim Quero pensar no fim Dessa viagem curta Enquanto o mundo não surta Sou eu quem fica assim.
  • 38. Corpo levemente entorpecido Olhos fixos num ponto só. Mãos geladas e tremulas, Palavras presas por um nó. Corpos levemente juntos. Olhos fixados no outro. Mãos quentes e selvagens. Palavras desconexas dessas loucas viagens. Bocas levemente se tocam. Olhos agora fechados. Mãos arrancando as roupas. Corpos totalmente suados.
  • 39. Arrasto o peso do meu corpo inerte Em um esforço falho. Deserto-me do mundo em peste Na medida em que meu sangue no chão espalho. Arranco um pedaço do meu espírito Sujo, e de tantos males. E jogo aos abutres Ansiosos por carniça. Lamento o gosto do cigarro velho. Fumaça já não tão tóxica quanto meu pulmão. Escarro catarro preto como petróleo Logo em seguida cuspo sangue. E sujo toda a minha mão. Derrotado! Falido! Esperando apenas o fim! Mas uma mão suave Se aproxima do meu rosto em chagas E me pede pra levantar e andar. Eu ignoro, E continuo a escarrar.
  • 40. Me conta um segredo Me faz teu divã. Perde de vez esse medo, Fica comigo até de manhã. Se solta das correntes Vem me querer Com as pernas dormentes Vem sentir prazer. Sorrindo e seduzindo Me infeste de paixão Com as mãos teu corpo esculpindo Te aliviando toda a tensão. Me hipnotiza Me explora Mentaliza. Mas não vá nunca embora.
  • 41. Liberte-se dos medos. Afaste-se das dores. Vão-se os anéis e ficam os dedos Lute por seus amores. Abrigue-se em meus braços Aqueça seu agora frio coração. Que eu guio os seus passos. E te livro dessa escuridão. Voe livre nesta noite linda. Saboreie o néctar do prazer. Essa história não acabou ainda. Depende apenas de você. Corra! Corra! Não tema! Apenas corra! Corra das correntes! Corra das mentes doentes. Corra! E se não der mais. Não volte.
  • 42. Me vem a impressão súbita de que Seu rosto não será mais visto por meus olhos. Sua voz não mais suavizará os ruídos nos meus ouvidos. Sua boca não mais adocicará o amargo da minha. Sua pele não irá mais arrepiar os pelos da minha. Seu gosto não mais habitará meu paladar. Em fim, que os astros trabalhem para um dia Isso reverter isso. E tudo volte ao normal.
  • 43. Atravesso às noites, guiado pelas luzes. Luzes vermelhas dos postes. Luzes sem sentido, que formam formas Que ativam a desconfiança. Atravesso os sonhos guiado pelos sons. Sons quem vêm da rua. Sons que anestesiam meu pensar. Que alertam meu despertar. Atravesso os riscos com uma faca. Cravada numa mesa de madeira. Enterrada até a metade. Cheia de marcas e de riscos. Sonho com todas as travessias Iluminado por todas as luzes vermelhas. Ouvindo apenas o som do vento Que vem riscando a areia no asfalto Com seu arrasto.
  • 44. Eu desejo que você não entre em confusão. Não faça uma mistura de sabores, Apenas por dois pequenos goles. A bebida é boa, mas não entorpece. Eu desejo que sua mente voe. E nesse vôo eu também vou. Mas em coordenadas diferentes. No entanto o aeroporto é o mesmo. Quando quiser, é só pousar. Eu desejo seu sorriso para outros olhos. Sua voz para outros ouvidos. Seu calor para outra pele. Seu sabor para outra boca. Seu amor para outro além. Eu desejo. Eu não vejo. Não almejo. Apenas vejo. Sutilmente chegar Sutilmente sair.
  • 45. Se olhar no espelho e não ver o que realmente é. Olhar ao redor e ver apenas sombras. Não se achar em um metro quadrado. Não ver mais o chão onde pisa. Queria um chá de cogumelo, Talvez eu ficasse belo. Talvez eu ficasse amarelo. Talvez azul. Azul.
  • 46. Como cessar as lágrimas? Como, em tão pouco tempo? Como fazer o tempo passar? Como tirar o peso dos olhos? Como fazer parar a abstinência? Tantas perguntas. Poucas respostas. Muitas palavras. Pouca certeza. Impressão errada. Lágrimas não tiram o peso da dor. Chorar não vai aliviar o peito. Não sei se chamo de ódio Ou se chamo de amor. O que sei é que não tem mais jeito. Tantas respostas. Poucas perguntas. Poucas palavras. Muita certeza Impressão errada. Um sonho repetido Um sono perdido. Uma voz ressonante. Uma linda e invisível amante. Como cessar a lágrimas?
  • 47. Onde as sombras descansam? Onde os medos se encontram? Onde o oculto é descoberto? Onde os males abundam? Onde as dores são maiores? Onde o sofrimento amadurece? Onde todos os humanos vivem? Terra. Aterra. Enterra. Pó.
  • 48. No que consiste a paixão? Qual a reação química que ela causa dentro de nós? É possível que haja uma reação diferente a cada dia? E por mais pessoas? E pela mesma pessoa todo dia? Eu me pergunto isso já faz um tempo. Porém não sei se quero a resposta Mas também não sei se quero ficar na dúvida. Eu preciso de uma centena de respostas Ou de uma centena de paixões. Sei-lá! O problema é o simples e complicado fato de que, Corro um grande risco de me apaixonar, Mas pela mesma pessoa em outros rostos.
  • 49. O auge da sua maturidade não se atinge com idade. Não se atinge apenas vivendo muitas experiências. O auge da sua maturidade se desenvolve no seu modo de observar. Na sua capacidade de ler os lances que a vida de mostra. Não é preciso ser um ancião de uma tribo africana Pra fazer distinção de certas coisas. O auge da sua maturidade se desenvolve dentro de você. E somente à você cabe senti-la e torná-la plena.
  • 50. Bela. Singela. Quente como fogo. Intensa como um vulcão ativo. Grita! Se agita! Esconde essa mulher numa cara de menina. Concentra medos e desejos. Concorre com o invisível. Não mede seus passos. Mas é intensamente sensível. Não sei se isso é fato. Ou o fim do filme que assisti. Misturou tudo num sonho chato. Onde alguém tinha que mentir.
  • 51. Não se sabe de onde vem. Nem como vem. Apenas se sente. Sutilmente, bem devagar. Surge do nada como o próprio nada. E vai te tomando o ar. Olhos nos olhos? Não! Voz nos ouvidos? Não! Calor da pele? Não! Apenas chega como uma brisa da madrugada. Como o fim de uma longa estrada. Um cais a se atracar. Não sei se está longe do perto. Ou perto de mais pra não encontrar. Apenas está lá. Crescendo como uma flor. Seguindo o sol. Da aurora ao crepúsculo. Dia após dia. Sem saber quando vai chegar
  • 52. Um gole de seu veneno E um grito do meu corpo. O escarro do seu ódio Escorre no meu rosto. Rastejo na lama da indiferença Com a pele em chagas Hoje não me valem as crenças Diante de tantas malévolas pragas. Agonizo o choro preso da dor. Convulsiva depressão incessante. Abalando todas as estruturas do falido amor Num banho de lágrimas causadas por este amor infante.
  • 53. Olha bem pra mim. Não desvia. Me foca como se fosse me desenhar, Me pintar. Mexe com minhas forças e músculos, Nervos e sangue. Eriça meus pelos com sua voz, Faz-me pingar em ebulição. Deixa-me ser apenas um menino. Descobrindo as aventuras do ser, Seja também só uma menina, Desvendando os mistérios do prazer. Abaixa todas as cortinas que te escondem a pele. E agora deixa eu te levar. Onde não há veículo senão eu, A fazer você chegar. Limite-se agora a ser minha descoberta. E eu seu descobridor. E siga assim, e vice-versa. Sob a lua ou sob a chuva.
  • 54. O que é estar só? Olhar para os lados não ver ninguém? Ou olhar para os lados e ter um monte de gente? E ainda assim estar só? Passei tanto tempo da minha vida Acostumado com estar só, que com o passar dos anos não estar assim é que é o incomum. Dizem que o homem não é uma ilha, Mas será que não é? Escolhas erradas nos fazem ser uma ilha. Momentos difíceis nos fazem ser uma ilha. Vazio que se torna ainda maior, quando num intervalo da vida, ocupamos aquele vazio, para mais tarde esvaziar novamente. O que é se sentir só? Estar cercado de pessoas inúteis e que não te trarão nenhuma companhia, ou cercado apenas dos seus pensamentos, que a essa altura já são o suficiente para lhe acompanhar? Cada dia que passa eu tenho a plena certeza que no máximo cinco pessoas irão ter alguma passagem in loco na minha vida. E eu mesmo acabarei expelindo um a um, por não saber conciliar o momento de preenchimento com a sensação de um novo vazio.
  • 55. Qual será o passo a ser dado? Num momento se está tão calmo. Num outro não distante, totalmente alterado. Recorre-se a alternativas não convencionais. Expõe-se a duvidas existenciais. Criam-se medos e anseios. Desabam-se lágrimas aos montes. E depois secam para nunca mais. Espalho no mais acidentado terreno Toda a minha infelicidade acumulada. E tento assim, minimizá-la. Mas não adianta. No outro dia, ainda vou abrir os olhos. E tudo vai voltar a ser como está. Não serviram de nada as alternativas. Não serviu de nada a ressaca. Não serviu de nada o sorriso escancarado pela bebida. Não serviu de nada a minha máscara para mim mesmo. No outro dia, ainda vou abrir os olhos. E tudo ainda vai estar como está.
  • 56. Quando a minha viagem acabar, Caso eu não consiga concluir nem lançar ao mundo Minhas palavras e modos de pensar. Quem será que vai ter coragem de fazê-lo? Quem as lançaria por mim? Quem colocaria uma capa dura em tudo isso E assinaria alguns dizeres? Sei-lá! Acho que nesta viagem... Ninguém! Queria ver quando eu descesse na estação da luz, Ou da escuridão... Não sei se haverá essa manifestação. Sei-lá! Acho que não!
  • 57. Uma mariposa não sai de junto de mim Toda madrugada ela vem. Não sei o que significa, E de saber nem to afim. Pousa na minha cabeça Talvez queira me dizer algo Ou talvez pra que eu não me esqueça De deixar de ser amargo. Uma pequena mariposa cinza, Cinza como minha mente. Contra o vento voando ela desliza. Como minha alma vagando doente.
  • 58. Salgado gosto escorre de dentro de você; Aquece meus nervos, desprende minhas pernas; Acelera meus instintos mais dezoito, Me prende com seu olhar e seu sorriso. Me prende com suas pernas. Arremessa-me contra as leis e os bons costumes. Me faz perder os direitos e deveres. E no meio de uma movimentada avenida. Me consome com seus grandes lábios, Me beijando, e me falando. O que poderia ser, e o que não seria nunca.
  • 59. De qual profundeza você saiu? Qual o seu nome de demônio? Me conte por favor o motivo; Deixe clara a sua missão! Que magnetismo violento é esse? Que polariza um lado só? Me conte por favor o segredo; Tenha o mínimo de dó. Qual a origem dessa feitiçaria? Gitana, Africana, Baiana. Sei-lá... Norte-Americana, ou Ucraniana. Programado para ser propagado, Vou me auto-exorcizar.
  • 60. Ficou no meu paladar, O gosto do seu gosto. E no meu olfato, O cheiro do seu cheiro. Na minha pele, As marcas de seu delírio. Nos meus olhos, A imagem do seu prazer. Ficou na minha audição, Os sons da sua metamorfose. E na minha intuição, A certeza que não era para sempre. Por serem inexatos, Infantes momentos perturbam. Por serem infantes, Inexatos momentos repetem-se.
  • 61. Onde quer que você esteja, Mesmo que esteja longe, estando aí, Eu sinto seu cheiro, Sua temperatura quente, Sua voz reticente, Seu olhar caçador, Suas mãos de veludo. Sinto que quando fechar os olhos e dormir, Não vou te encontrar vagando pelos meus sonhos, Mas vou vagar nos seus, Onde quer que você esteja, Mesmo que estando aí, esteja bem longe.
  • 62. Entro nos becos da distração. Sento na esquina do delírio. Caminho nas ruas do desbunde. Nado nas águas da solidão. Pergunto à primeira árvore que vejo, Se ela tem a resposta para minhas dúvidas. Depois da primeira palavra dela, Vejo que não falamos o mesmo idioma. Subo as escadarias da falsidade. Me penduro nos muros da mentira. Cavalgo sobre o pasto da maldade. Pedalo sobre a pista da ira. Pergunto à segunda árvore que vejo, Se ela pode me ajudar a voltar de onde parei. Depois da primeira palavra dela, Vi que sou eu quem não sei. Pulo nas areias escuras da dor. Corro na pista infinita do medo. Escalo o morro dos sonhos. Mergulho no poço sem fundo dos segredos. Pergunto agora às árvores de toda a minha alucinação, Onde fica o botão de reiniciar o mundo. Depois das primeiras palavras delas, Eu entendi tudo, e em fim acordei.
  • 63. Somos partes incompletas de um complexo sistema de frações, dúvidas, medos e receios. Somos pedaços de estrelas caídas, espalhadas pelo globo, procurando seu pedaço exato para se completar. Somos rabiscos de um desenho mal acabado, esperando sempre a arte final para se completar. Somos restos de poeira em meio ao vento do norte que sempre procura um par de olhos para lá se alojar. Somos um bando de seres amantes da dor, da culpa e do amor, sempre a procura de alguém que o faça sentir tudo isso. E depois o ciclo recomeça.
  • 64. Estes pequenos frascos de perfume comparados aos mais letais dos venenos, com seu conteúdo recente, absorvente como esponja, oscilante como o mar. Bem longe do meu olfato deve ficar. Com suas armadilhas infantes, ferindo os amantes, com seu falso pudor. Caiu no chão e quebrou o encanto e o efeito, do veneno que em mim depositou.
  • 65. Eu apenas olho, Circulo o ambiente sem me mover. Observo atentamente seu corpo se mexer, Cada detalhe, cada gesto, cada som. Eu apenas olho, Calculo meus passos pra não assustar. Conduzo meus atos sem se fazer notar. Cada volta, cada nota, cada som. Eu apenas olho, Espero seu rosto se virar para o meu. Permito meu medo em fim dizer adeus. Cada palavra, cada cantada, cada canção.