1. Este trabalho aborda a Hanseníase no Brasil, que continua sendo um problema de saúde pública importante devido à sua alta endemicidade, apesar de ser uma doença curável.
2. O objetivo é demonstrar a evolução da doença no país, seus aspectos gerais, história, causas, diagnósticos e tratamentos disponíveis gratuitamente pelo SUS.
3. A importância é divulgar que a Hanseníase pode ser curada e faz parte dos programas do Ministério da Saúde para garantir o fornec
Análise parasitológica em fezes de crianças da zona rural e urbana de fernand...
Hanseníase efetividade da terapia medicamentosa
1. FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS
CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA
JAMARA OLIVEIRA LEAL DOS SANTOS
MARIO FALCÃO DA SILVA NETO
VALDIR APARECIDO DA SILVA
HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa
na rede pública de Paranaíba - MS
FERNANDÓPOLIS
2012
2. CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA
JAMARA OLIVEIRA LEAL DOS SANTOS
MÁRIO FALCÃO DA SILVA NETO
VALDIR APARECIDO DA SILVA
HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa
na rede pública de Paranaíba - MS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Banca Examinadora do Curso de Graduação em
Farmácia da Fundação Educacional de
Fernandópolis como exigência parcial para obtenção
do título de bacharel em farmácia.
Orientador: Prof. Msc. Roney Eduardo Zaparoli
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
FERNANDÓPOLIS – SP
2012
3. CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA
JAMARA OLIVEIRA LEA DOS SANTOS
MÁRIO FALCÃO DA SILVA NETO
VALDIR APARECIDO DA SILVA
HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa na rede pública de
Paranaíba – MS
Trabalho de conclusão de curso aprovado como
requisito parcial para obtenção do título de bacharel
em farmácia.
Aprovado em: 21 de novembro de 2012.
Banca examinadora Assinatura Conceito
Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli
Profa. Esp. Rosana Matsumi Kagesawa Motta
Profa. Esp. Vanessa Maira Rizzato Silveira
Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli
Presidente da Banca Examinadora
4. Dedico este trabalho de conclusão de curso
primeiramente a Deus e a Nossa Senhora
Aparecida, por ter me dado força, paciência e
sabedoria, para chegar ao meu objetivo. Dedico
também aos meus pais, família, amigos e
professores, pela confiança e incentivo de todos.
Principalmente aos meus pais, por através das suas
vidas me ensinou a amar a Deus, a humildade, a
afetividade e o respeito ao ser humano; A minha
irmã, sobrinha e o meu namorado por sempre me
apoiar e confiar no meu potencial e por
compreensão; Dedico á eles meus amores...
Carla Regina Nogueira Costa
5. Dedico este trabalho primeiramente, a Deus, pela
força e coragem que me concedeu durante esta
longa caminhada, pois nada seria de mim, sem a fé
que tenho nele. Aos meus pais, José Leal e Dinah
Paula, que já cansados e velhos, limitaram os seus
sonhos para a realização do meu. A minha irmã
Kálita que sempre acreditou em mim.
Jamara Oliveira Leal dos Santos
6. Dedico a Deus primeiramente, e a todos aqueles
que realmente me ajudaram nesta batalha.
Mario Falcão da Silva Neto
7. A minha esposa e filhos, que sempre me
incentivaram, aos meus pais, colegas de sala e a
Deus.
Valdir Aparecido da Silva
8. AGRADECIMENTOS
Agradecemos por esta conquista e todas as demais de nossas vidas, aos
nossos pais, que sempre acreditaram em nós e nos ensinaram que a vida é feita de
oportunidades, e que deveríamos agarrar esta oportunidade de concluir um curso
superior, oportunidade que muitos não tiveram.
Também queremos agradecer aos nossos irmãos, familiares e
companheiros de sala, que nesses quatro anos estiveram junto de nós,
compartilhando conhecimento e ajudando uns aos outros, na realização dos
trabalhos e demais atividades acadêmicas.
E também ao corpo docente que nos acompanhou nesta trajetória. Em
especial ao orientador prof. Roney que nos dedicou um pouco do seu tempo para a
criação deste trabalho e para a banca formada pelas professoras Rosana e
Vanessa.
Agradecemos aos mestres e professores, que sempre se encontraram
presentes no nosso dia a dia, utilizando o bom senso para nos orientar em todas as
disciplinas, especialmente neste trabalho.
9. "Viver devagar é que é bom, e entreviver-se,
amando, desejando, sofrendo, avançando e
recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima
compensação, recriando em si mesmo a reserva dos
outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e
viver afinal é questão de paciência”.(Fernando
Sabino).
10. RESUMO
A Hanseníase é um problema social que afeta todo o mundo, presente também no
Brasil, que continua sendo o segundo país em número de casos no mundo, após a
Índia. É uma doença neuro dermatológica, que pode ser infecto-contagiosa, de
evolução crônica e baixa contagiosidade, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae
que ataca os nervos periféricos, com alterações na pigmentação da pele e das
mucosas, principalmente pés, mãos e face. Tem como sintomas dores nos nervos
principais e surgimentos de partes anestesiadas com ou sem manchas. A
Hanseníase é transmitida de uma pessoa doente que não esteja em tratamento para
uma pessoa sadia, principalmente por meio da respiração durante o convívio diário.
Porém é uma doença curável, e seu tratamento é disponibilizado pela rede de
Saúde Pública, e os medicamentos utilizados no tratamento são distribuídos pelo
Ministério da Saúde gratuitamente. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce
for o diagnóstico. O fator que mais influencia para a proliferação da doença é a falta
de informação da população, pois muitas pessoas contaminadas não buscam o
tratamento adequado, e acabam contaminando outras pessoas. Na cidade de
Paranaíba – MS, onde o estudo sobre os casos de Hanseníase foi realizado, os
pacientes aderiram ao tratamento, e tiveram êxito nos resultados, inclusive a maior
parte foi curada. Assim ficou evidente que a medicação é eficaz, e que seguindo o
tratamento corretamente a doença pode ser eliminada. Para a realização deste
trabalho, foi utilizado o método dedutivo. Foram realizadas pesquisas bibliográficas
em livros, teses, sites, revistas e artigos que tratam sobre o assunto. E realizado
também um levantamento em relação à evolução e proliferação da doença, na
cidade de Paranaíba – MS.
Palavras-chaves: Hanseníase. Mycobacterium leprae. Tratamento. Cura.
11. ABSTRACT
Leprosy is a social problem that affects the whole world, this also in Brazil, which
continues to be the second country in the number of cases in the world after India. It
is a neuron dermatological disease, which can be infectious, chronic evolution and
low contagiousness, caused by the bacillus leprae Mycobacterium that attacks the
peripheral nerves, with changes in pigmentation of the skin and mucous membranes,
especially feet, hands and face. Its main nerve pain symptoms and appearances of
parties anesthetized with or without spots. Leprosy is transmitted from a sick person
who is not in treatment for a healthy person, mainly through respiration during daily
contact. But it is a curable disease, and treatment is provided by the network of
Public Health, and the drugs used in the treatment are distributed free of charge by
the Ministry of Health. Curing is easier and faster for the earlier diagnosis. The factor
that most influences the proliferation of the disease is the lack of information of the
population, because many infected people do not seek proper treatment, and end up
contaminating others. In the city of Paranaíba - MS, where the study of cases of
leprosy was performed, patients adhered to treatment, and the results were
successful, including most was healed. Thus it became evident that the medication is
effective, and that following treatment the disease can be properly eliminated. For
this work, we used the deductive method. Literature searches were conducted in
books, theses, websites, magazines and articles that deal with the subject. And also
conducted a survey regarding the evolution and proliferation of the disease in the city
of Paranaíba - MS.
Keywords: Leprosy. Leprae Mycobacterium.Treatment.Healing.
12. LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Hanseníase Indeterminada............................................................................42
Figura 2: Hanseníase Tuberculóide..............................................................................43
Figura 3: Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa....................................................44
Figura 4: Hanseníase Dimorfa ou Bordeline.................................................................45
Figura 5:Quantidade de casos de Hanseníase por sexo e faixa etária........................48
Figura 6 :Classificação do Bacilo..................................................................................49
Figura 7 : Avaliação no Grau de Incapacidade.............................................................50
Figura 8 :Levantamento Total.......................................................................................51
Figura 9 :Porcentagem de Cura e Abandono do Tratamento.......................................52
13. LISTA DE ABREVIATURAS
FIN – Ficha Individual de Notificação
IgM – Imunoglobulina M
MB – Multibacilar
MS – Mato Grosso do Sul
OMS – Organização Mundial de Saúde
PAB – Piso de Assistência Básica
PB – Paucibacilar
PQT – Poliquimioterapia
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificações
SES – Secretaria Estadual de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
SVS – Secretaria de vigilância sanitária
14. SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
1 HANSENÍASE........................................................................................................ 18
1.1 História ........................................................................................................... 18
1.2 Hanseníase no Mundo ................................................................................... 19
1.3 Hanseníase no Brasil..................................................................................... 22
2 TRATAMENTO ...................................................................................................... 24
2.1 Tratamento Quimioterápico .......................................................................... 25
2.1.1. Esquema Paucibacilar (PB) ...................................................................... 26
2.1.2. Esquema Multibacilar (MB)....................................................................... 26
2.1.3. Duração Do Tratamento e Critério De Alta ............................................... 26
2.1.4. Efeitos Adversos aos Medicamentos ........................................................ 27
2.2 Diagnóstico da Doença ................................................................................. 28
2.2.1. Diagnóstico Clínico ................................................................................... 29
2.2.2. Investigação Epidemiológica .................................................................... 29
2.2.3. Avaliação Dermatológica .......................................................................... 30
2.2.4. Avaliação Neurológica .............................................................................. 31
2.2.5. Diagnóstico Laboratorial ........................................................................... 32
2.2.6.Diagnóstico Diferencial .............................................................................. 33
3 SINAN .................................................................................................................... 34
4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS. ....................................................................... 36
4.1 Agente Etiológico .......................................................................................... 36
4.2 Modo De Transmissão................................................................................... 36
4.3 Aspectos Clínicos .......................................................................................... 37
4.3.1. Sinais e Sintomas Dermatológicos ........................................................... 38
4.3.2. Sinais e Sintomas Neurológicos ............................................................... 38
15. 4.4 Evolução da Doença ...................................................................................... 39
4.5 Prevenção e Tratamento de Incapacidades Físicas ................................... 40
4.6 Formas Clínicas Da Hanseníase ................................................................... 42
4.6.1. Hanseníase Indeterminada....................................................................... 42
4.6.2. Hanseníase Tuberculóide.........................................................................43
4.6.3. Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa ............................................... 44
4.6.4. Hanseníase Dimorfa ou Bordeline ............................................................ 45
5 OBJETIVOS........................................................................................................... 47
5.1Objetivo Geral ................................................................................................. 47
5.2 Objetivos Específicos.................................................................................... 47
6 MATERIAIS E METODOS........................................................................................48
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................49
8 CONCLUSÃO.. ...................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS.. ...................................................................................................... 56
16. 16
INTRODUÇÃO
A hanseníase apresenta-se desde a virada do milênio, e mesmo sendo
curável, é considerada uma das doenças de maior importância de Saúde Pública no
Brasil, devido a sua alta endemicidade.
Sua eliminação é um problema global e em toda América latina o Brasil é o
único País em que a doença não foi eliminada, mesmo com tantos avanços e
progressos na ciência e na medicina. O Brasil é o país mais endêmico do mundo,
ocupando o primeiro lugar em números de casos novos detectados, e sendo
também segundo em números absolutos (MARTELLI, 2002).
As maiores dificuldades hoje encontradas são a alta detecção de casos e a
prevalência em níveis elevados em muitos dos municípios brasileiros (problemas
epidemiológicos) e reduzida em muitos outros, muitas vezes como conseqüência da
falta de um trabalho sistematizado de divulgação de sinais e sintomas junto à
população em geral, decorrente da falta de capacitação de pessoal da rede de
serviços para diagnosticar e tratar todos os casos existentes e o preconceito social
ainda presente (ARAÚJO, 2003).
Diante destes fatos este trabalho de conclusão de curso tem como tema
central a Hanseníase como um problema social brasileiro, seus aspectos gerais, sua
história e evolução. A doença é endêmica em todo o território nacional, embora com
distribuição irregular. No Brasil as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, são as
que apresentam as maiores taxas de detecção e prevalência da doença (BRASIL,
2002).
O objetivo principal consistirá em demonstrar a evolução da Hanseníase no
Brasil, e também suas causas, diagnósticos, e tratamentos.
A importância deste trabalho consiste em divulgar as causas, sintomas e
tratamento da Hanseníase. E demonstrar que a Hanseníase é sim uma doença
curável, e que ela faz parte dos Programas Estratégicos que ainda tem aquisição e
distribuição de medicamentos pelo Ministério da Saúde, com vista a garantir o
fornecimento de medicamentos nos níveis estaduais e municipais, ou seja, o
tratamento da Hanseníase é gratuito, porém apenas uma pequena parte da
população tem este conhecimento.
A monografia será dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo apresenta
um contexto geral da hanseníase no Brasil na perspectiva de uma história social da
17. 17
saúde e da doença, para que seja possível uma compreensão melhor dos capítulos
posteriores.
Dentro desse panorama inicial o trabalho trata de questões mais gerais tais
como o surgimento da Hanseníase, suas origens, causas iniciais e a maneira como
as pessoas em épocas passadas tratavam a Hanseníase, destacando que o
preconceito que se iniciou no passado, mesmo com a evolução dos tempos está
presente nos dias atuais.
No segundo capítulo o objetivo principal consiste em abordar a evolução da
Hanseníase e seus aspectos gerais e principais, como suas causas, de que forma a
hanseníase é percebida e sentida, seus sintomas, diagnóstico e contágio.
Destacando o Tratamento adequado a ser adotado, e demonstrando que se for
seguido corretamente, o paciente pode ser curado.
No terceiro capítulo trataremos sobre o SINAN, o Sistema de Informação de
agravos de Notificações, sua importância, e a forma como as informações são
obtidas e contextualizadas por ele.
No quarto capítulo trataremos dos aspectos que envolvem a doença, como os
medicamentos, o tratamento, o relacionamento com os profissionais de saúde e as
políticas públicas, como o estigma e o preconceito influenciam na vida das pessoas
portadoras de Hanseníase.
No quinto capítulo abordaremos os aspectos epidemiológicos, destacando os
pontos que pretendíamos analisar e demonstrando a relevância que ele teria nos
dias atuais.
No sexto e último capítulo deste trabalho o foco principal será em relação à
evolução da Hanseníase na cidade de Paranaíba, estado de Mato Grosso do Sul, e
sua situação atual, levando em consideração a sua incidência e casos
diagnosticados. Destacando o alto índice de cura e o baixo índice de abandono do
tratamento.
O método adotado para a realização deste trabalho será o método dedutivo. E
para elaboração serão realizadas pesquisas bibliográficas em livros, teses, sites,
revistas e artigos que tratam sobre o assunto.
18. 18
1 HANSENÍASE
1.1 História
A hanseníase ficou conhecida oficialmente por este nome a partir de 1976,
pois desde os tempos bíblicos ela era conhecida como lepra (Bíblia Sagrada, 1992),
e é uma das doenças mais antigas na história da medicina. As referências mais
remotas datam de 600 anos Antes de Cristo, e procede da Ásia, que, juntamente
com a África, podem ser consideradas o berço da doença (BRASIL, 2002).
Ela é uma doença infecto contagiosa de evolução crônica que se manifesta,
principalmente, por lesões cutâneas com diminuição de sensibilidade térmica,
dolorosa e tátil, causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae M. leprae,
descoberto em 1873 na Noruega pelo médico Gerhard Amauer Hansen, notável
pesquisador sobre o tema, que identificou, em 1873, este bacilo como o causador da
lepra, a qual teve seu nome trocado para hanseníase em homenagem ao seu
descobridor (GOMES, 2000, apud EIDT, p. 77, 2004).
O bacilo de Hansen é um parasita que acomete principalmente a pele e os
nervos das extremidades do corpo, mas pode afetar outros órgãos como olhos, rins,
testículos, fígado e baço, e também causar uma série de problemas, desde lesões
na pele a deformidades na face, dedos das mãos e dos pés e destruição da
cartilagem do nariz (TALHARI; NEVES, 1997 apud EIDT, p. 77, 2004).
A hanseníase é uma doença de grande importância para a saúde pública
devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo principalmente as
pessoas em faixa etária economicamente ativa comprometendo seu
desenvolvimento profissional e/ou social. O alto potencial incapacitante da
hanseníase está diretamente relacionado à capacidade do bacilo penetrar a célula
nervosa e também ao seu poder imunogênico.
A doença tem um passado triste, de discriminação e isolamento dos doentes,
que hoje já não existe e nem é necessário, pois a doença pode ser tratada e curada
(FINEZ; SALOTTI, 2011).
Com período de incubação que varia entre três e cinco anos, sua primeira
manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada
19. 19
ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza
muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas. Entre os fatores
predisponentes estão o baixo nível sócio-econômico, a desnutrição e a
superpopulação doméstica. Devido a isso, a doença ainda tem grande incidência
nos países subdesenvolvidos (FINEZ; SALOTTI, 2011).
Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já
existentes aumenta e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações
em regiões, como nariz e dedos, e impedir determinados movimentos, como abrir e
fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em
razão da falta de sensibilidade nessas regiões (ARAGUAIA, 2012).
Sua transmissão ocorre através do contato direto com doentes sem
tratamento, pois estes eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior
em meio às secreções nasais e gotículas da fala, tosse e espirro. No caso dos
doentes que recebem tratamento médico, não há risco de transmissão.Outra
possibilidade é o contato direto com a pele através de feridas de doentes
(ARAGUAIA, 2012).
A hanseníase, na sua marcha invasora pelo organismo, acarreta alterações e
deformidades físicas, se não tratada precocemente. Contudo, a vitalidade orgânica e
a consciência do doente não se alteram. O hanseniano sofre mais moral do que
fisicamente (EIDT, 2004).
Esta moléstia, interpretada até mesmo como castigo divino, representa, desde
os mais remotos tempos até os dias atuais, verdadeiro estigma social. É
considerado mais do que uma doença. Por vezes representa uma humilhação
extrema e uma condenação por um mal que o doente não cometeu (EIDT, 2004).
1.2 A Hanseníase no mundo
A hanseníase, amplamente conhecida pela designação de lepra, parece ser
uma das mais antigas doenças que acomete o homem e acredita-se que seja
originária da Ásia. Outros autores também apontam a África como berço desta
doença. Ainda hoje, discute-se se a hanseníase é de origem asiática ou africana
(EIDT, p. 79, 2004).
20. 20
Conhecida há mais de três ou quatro mil anos na Índia, China e Japão, já
existia no Egito quatro mil e trezentos anos antes de Cristo, segundo um papiro da
época de Ramsés II. Há evidências objetivas da doença em esqueletos descobertos
no Egito, datando do segundo século antes de Cristo (SOUZA, 2007).
Skinsnes (2003 apud EIDT, 2004) nos reporta que uma das mais autênticas
descrições da hanseníase é encontrada no manuscrito chinês intitulado “Remédios
secretos completos”, escrito por volta de 190 Antes de Cristo, no qual encontra-se a
descrição de uma doença que provocava a perda de sensibilidade e o aparecimento
de manchas vermelhas que inchavam e depois se ulceravam, ocorrendo em seguida
queda de sobrancelhas, cegueira, deformidade nos lábios, rouquidão, ulceração das
plantas dos pés, desabamento de nariz e deslocamento de articulações. Ainda
conforme este autor há escritos da China que descrevem os primeiros sintomas do
lai ping como dormência da pele e sensação de vermes andando sob ela.
Nos tempos Babilônicos, há referências sobre a hanseníase como a palavra
lepra, mas seu significado era de uma doença escamosa. A palavra epqu, que foi
traduzida como lepra no Dicionário Assírio, também significa escamoso. A
hanseníase existia em épocas remotas no Egito e era citada no “Papiro de Ebers”
(1300-1800 a.C.) (Skinsnes, 2003 apud EIDT, 2004).
Segundo Jopling e McDougall (1991 apud EIDT, 2004), da Grécia a Doença
de Hansen foi lentamente disseminando-se para a Europa, carregada por soldados
infectados, comerciantes e colonizadores, sendo mais prevalente entre os séculos X
e XV. Acontece, porém, que a hanseníase era designada como lepra, como era
assim denominadas várias outras doenças de pele que se supunham ser idênticas
ou ter alguma relação com ela.
O diagnóstico da doença era feito de uma maneira imprópria, o que pode ter
contribuído, mais ainda, para confusões a cerca da doença hanseníase. A Lei de
Strasbourg, no final do século XV, exigia que quatro pessoas fossem designadas
para examinar um leproso: um médico, um cirurgião e dois barbeiros. Eles tinham
que realizar o teste de urina e de sangue nos pacientes (DANIELLSEN, 1999 apud
ARAÚJO, 2003).
Conforme o autor acima citado, uma pequena amostra de sangue era
depositada em um recipiente com sal. Se o sangue se descompusesse, o paciente
era são, caso contrário, era considerado doente. Outra técnica consistia em misturar
21. 21
a água com o sangue. Se a mistura dos dois líquidos fosse impossível, tratava-se do
sangue de um hanseniano. Quando se juntavam gotas de sangue ao vinagre, se não
houvesse formação de bolhas, igualmente era firmado o diagnóstico de hanseníase.
A análise de sangue tornou-se tão importante para o diagnóstico desta
doença que um médico da Alsacia escreveu que o teste sanguíneo era
absolutamente necessário para o seu diagnóstico. Convém ressaltar, aqui, que o
diagnóstico de hanseníase é, predominantemente, feito pelo exame clínico e
neurológico do doente.
Durante a Idade Média, segundo evidências de que se dispõe, a hanseníase
teve alta incidência na Europa e Oriente médio. De acordo com Pinto (1995, p.134
apud EIDT, 2004), “os médicos medievais consideravam a lepra simultaneamente
uma doença contagiosa e hereditária, ou oriunda de uma relação sexual consumada
durante a menstruação”.
Por volta de 1870, à hanseníase já havia praticamente desaparecido em
quase todos os países da Europa e, mesmo na Noruega, onde ainda podia ser
considerada endêmica, sua incidência já se achava em declínio. Admite-se que este
declínio teve como causa principal a melhoria das condições sócio-econômicas
experimentadas pelos povos europeus ao longo das Idades Modernas e
Contemporâneas (EIDT, p. 80, 2004).
Ao mesmo tempo em que a hanseníase tendia ao desaparecimento na
Europa, mantinham-se os foco sindéticos na Ásia e na África e introduzia-se a
doença no Novo Mundo, a partir das conquistas espanhola se portuguesas e da
importação de escravos africanos. Durante o período da colonização, a América
Latina tornou-se, gradativamente, uma nova área endêmica mundial (MONTEIRO,
2007, apud YAMASHITA, 2010).
Nas Américas, a hanseníase deve ter chegado entre os séculos XVI e XVII
com os colonizadores, pois não há evidências da existência da moléstia entre as
tribos indígenas do Novo Mundo. Nos Estados Unidos foram os franceses,
fundadores do Estado de Louisiana, que trouxeram a doença. Na América do Sul ela
veio, provavelmente, com os colonizadores espanhóis e portugueses, pois os
primeiros doentes de hanseníase observados na Colômbia eram de origem
espanhola. O maior fator de expansão da hanseníase nas Américas foi o tráfico de
escravos (MONTEIRO, 2007, apud YAMASHITA, 2010).
22. 22
Na atualidade, todos os países sul-americanos têm hanseníase, sendo o
Brasil o que apresenta as mais altas incidência e prevalência desta doença neste
continente (BRASIL, 2002).
1.3 A Hanseníase no Brasil
Assim como em outras regiões da América, não havia hanseníase entre os
indígenas brasileiros. A doença entrou no Brasil, por vários pontos do litoral, com os
primeiros colonizadores portugueses, principalmente açorianos, e para sua
disseminação muito contribuíramos escravos africanos. Entretanto, outros povos
europeus também colaboraram para sua disseminação posteriormente. (ARAÚJO,
2003 apud EIDT, p. 80, 2004).
No Brasil, os primeiros casos da doença foram notificados no ano de 1600, na
cidade do Rio de Janeiro, onde, anos mais tarde, seria criado o primeiro lazareto,
local destinado a abrigar os doentes de Lázaro, lazarentos ou leprosos. Os primeiros
documentos que atestam a existência da hanseníase e no território brasileiro datam
dos primeiros anos do século XVII, tanto que em 1696 o governador Artur de Sá e
Menezes procurava dar assistência, no Rio de Janeiro, aos doentes já então em
número apreciável (MONTEIRO, 2007, apud YAMASHITA, 2010).
Após os primeiros casos no Rio de Janeiro, outros focos da doença foram
identificados, principalmente na Bahia e no Pará. Tal fato, conforme Ministério da
Saúde levou as autoridades da época a solicitarem providências a Portugal, sem,
entretanto, serem atendidas (BRASIL, 2002).
Ainda segundo consta, as primeiras iniciativas do governo colonial só foram
tomadas dois séculos depois do pedido das autoridades locais, com a
regulamentação do combate à doença por ordem de D. João VI. Entretanto, as
ações de controle se limitaram à construção de asilos e à assistência precária aos
doentes (EIDT, p. 81, 2004).
São dois os documentos mais antigos, referentes à hanseníase no Estado de
São Paulo. Um é a carta enviada ao Conde de Oyeiras, em 1765, onde o
governador se refere ao perigo que corria a capitania em decorrência da doença.O
outro documento são coletâneas das atas da cidade de São Paulo (1768) sobre o
despejo de uma cigana doente a mando da vereança da cidade.O primeiro censo
23. 23
em São Paulo sobre o número de casos de hanseníase foi em 1822, cujos dados
não são conhecidos integralmente. O segundo censo foi realizado em 1851. Outros
censos foram realizados depois, notando-se sempre um aumento do número de
pacientes, o que acompanhava a marcha do progresso do Estado (CUNHA, 2007).
Em decorrência do desenvolvimento da agricultura, novas terras foram sendo
colonizadas e surgiu a necessidade de mão-de-obra. Como conseqüência houve a
migração de vários doentes às mais diferentes regiões do território brasileiro. Estes
focos, muito distantes um dos outros, correspondiam às cidades mais importantes
política ou economicamente. Pernambuco era o mais importante centro açucareiro
do mundo, a Bahia, capital da Colônia e o Rio de Janeiro progrediam tanto que se
tornou a sede do Governo posteriormente. São Paulo iniciava o desenvolvimento de
sua agricultura, abandonando o espírito aventureiro que provocara a conquista de
Minas Gerais, Goiás e todo o Sul do País (EIDT, p. 87, 2004).
De acordo com Maurano (2008 apud EIDT, p. 90, 2004), após a introdução da
moléstia por diversos pontos da costa brasileira, correspondentes aos principais
centros da Colônia, a infecção teria acompanhado a marcha da colonização. De
Pernambuco, um dos mais antigos centros da agricultura usineira, teria a moléstia se
estendido à Paraíba e a Alagoas, devido ao desenvolvimento agrícola dessas
regiões. E ao Ceará, Maranhão, Pará e Amazonas pela ocupação desses Estados.
De São Paulo, a infecção teria acompanhado os bandeirantes para Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás. E seria de São Paulo, também, o foco da hanseníase
para os Estados do Sul.
O Amazonas recebeu a hanseníase do Pará, onde era grande a prevalência
nos princípios do século XIX. As relações com Belém, Santarém e Manaus eram
intensas nessa época por causa do desenvolvimento do comércio. Esse mesmo
autor afirma que “os nordestinos que iam à Amazônia voltavam, freqüentemente,
leprosos”. O primeiro leproso registrado em Manaus data de 24 de fevereiro de 1908
(EIDT, p. 91, 2004).
24. 24
2 TRATAMENTO
Primeiramente o que deve ficar bem evidente, é que hanseníase tem cura,
basta o paciente seguir o tratamento corretamente. O tratamento do paciente com
hanseníase é fundamental para curá-lo, e fechar a fonte de infecção, interrompendo
a cadeia de transmissão da doença, sendo, portanto estratégico no controle da
endemia e para eliminar a hanseníase enquanto problema de saúde pública
(YAMASHITA, 2010).
A Hanseníase é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias,
caso o portador não esteja sendo tratado. Entretanto, segundo a Organização
Mundial de Saúde, a maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não a desenvolve.
Aproximadamente 95% (noventa e cinco por cento) dos parasitas são eliminados na
primeira dose do tratamento, já sendo incapaz de transmiti-los a outras pessoas.
Este dura até aproximadamente um ano e o paciente pode ser completamente
curado, desde que siga corretamente os cuidados necessários. Assim, buscar
auxílio médico é a melhor forma de evitar a evolução da doença e a contaminação
de outras pessoas (BRASIL, 2002).
Os pacientes devem ser tratados em regime ambulatorial. Nos serviços
básicos de saúde, administra-se uma associação de medicamentos, a
poliquimioterapia (PQT/OMS) (SOUZA, 2007).
O tratamento integral de um caso de hanseníase compreende o tratamento
quimioterápico específico, seu acompanhamento, com vista a identificar e tratar as
possíveis intercorrências e complicações da doença e a prevenção e o tratamento
das incapacidades físicas (ARAÚJO, 2003).
Há necessidade de um esforço organizado de toda a rede básica de saúde no
sentido de fornecer tratamento quimioterápico a todas as pessoas diagnosticadas
com hanseníase.
O tratamento é gratuito, porém uma grande parcela de pessoas doentes não
está ciente disso e não procuram tratamento, com receio de pagá-lo, e na maioria
das vezes não tem condição. O indivíduo, após ter o diagnóstico, deve,
periodicamente, ser visto pela equipe de saúde para avaliação e para receber a
medicação.
25. 25
2.1 Tratamento Quimioterápico
Não é eticamente recomendável tratar o paciente com hanseníase com um só
medicamento. O tratamento específico da pessoa com hanseníase, indicado pelo
Ministério da Saúde, é a poliquimioterapia padronizada pela Organização Mundial de
Saúde, conhecida como PQT, devendo ser realizado nas unidades de saúde
(BRASIL, 2002).
A PQT mata o bacilo tornando-o inviável, evita a evolução da doença,
prevenindo as incapacidades e deformidades causadas por ela, levando à cura. O
bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia
epidemiológica da doença. Assim sendo, logo no início do tratamento, a transmissão
da doença é interrompida, e, sendo realizados de forma completa e corretos,
garante a cura da doença (ZANNATA, 2006).
A poliquimioterapia é constituída pelo conjunto dos seguintes medicamentos:
rifampicina, dapsona e clofazimina, com administração associada (BRASIL, 2002).
Essa associação evita a resistência medicamentosa do bacilo que ocorre com
freqüência quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da
doença.
Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema-
padrão é ajustada, de acordo com a sua idade. Já no caso de pessoas com
intolerância a um dos medicamentos do esquema-padrão, são indicados esquemas
alternativos (YAMASHITA, 2010). A alta por cura é dada após a administração do
número de doses preconizadas pelo esquema terapêutico.
Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo,
constituindo os casos Paucibacilares (PB), que abrigam um pequeno número de
bacilos no organismo, insuficiente para infectar outras pessoas. Os casos
Paucibacilares, portanto, não são consideradas importantes fontes de transmissão
da doença devido à sua baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até curar-se
espontaneamente (SAADEH, et. al., 2006).
26. 26
2.1.1 Esquema Paucibacilar (PB)
Este tipo de tratamento se dirige aos pacientes que possuem até cinco lesões
na pele. Neste caso é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona,
acondicionados em uma cartela, no seguinte esquema: rifampicina uma dose
mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; e
dapsona uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto-
administrada (ZANATTA, 2006).
A duração do tratamento é de seis doses mensais supervisionadas de
rifampicina. E o critério de alta é de seis doses supervisionadas em até nove meses
(SOUZA, 2007).
2.1.2 Esquema Multibacilar (MB)
Este tipo de tratamento se dirige aos pacientes que possuem mais de cinco
lesões na pele. Aqui é utilizada uma combinação da rifampicina, dapsona e de
Clofazimina, acondicionados em uma cartela, no seguinte esquema: rifampicina uma
dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada;
Clofazimina uma dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg) com
administração supervisionada e uma dose diária de 50mg auto-administrada; e
dapsona uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto-
administrada (ZANATTA, 2006).
A duração do tratamento é de doze doses mensais supervisionadas de
rifampicina. E o critério de alta é de doze doses supervisionadas em até dezoito
meses (SOUZA, 2007).
2.1.3 Duração Do Tratamento e Critério De Alta
O esquema de administração da dose supervisionada deve ser o mais regular
possível, de 28 em 28 dias. Porém, se o contato não ocorrer na unidade de saúde
no dia agendado, a medicação deve ser dada mesmo no domicílio, pois a garantia
da administração da dose supervisionada e da entrega dos medicamentos indicados
27. 27
para a automedicação é imprescindível para o tratamento adequado (YAMASHITA,
2010).
A duração do tratamento PQT deve obedecer aos prazos estabelecidos: de
seis doses mensais supervisionadas de rifampicina tomadas em até nove meses
para os casos Paucibacilares e de 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina
tomadas em até 18 meses para os casos Multibacilares (SOUZA, 2007).
A assistência regular ao paciente com hanseníase paucibacilar na unidade de
saúde ou no domicílio é essencial para completar o tratamento em seis meses. Se,
por algum motivo, houver a interrupção da medicação ela poderá ser retomada em
até três meses, com vista a completar o tratamento no prazo de até nove meses
(ARAÚJO, 2003).
Já em relação ao portador da forma Multibacilar que mantiver regularidade no
tratamento segundo o esquema preconizado, o mesmo completar-se-á em doze
meses. Havendo a interrupção da medicação está indicado o prazo de seis meses
para dar continuidade ao tratamento e para que o mesmo possa ser completado em
até dezoito meses (ARAÚJO, 2003).
O paciente que tenha completado o tratamento PQT não deverá mais ser
considerado como um caso de hanseníase, mesmo que permaneça com alguma
seqüela da doença.
Deverá, porém, continuar sendo assistido pelos profissionais da Unidade de
Saúde, especialmente nos casos de intercorrências pós-alta: reações e
monitoramento neural. Em caso de reações pós-alta, o tratamento PQT não deverá
ser reiniciado (BRASIL, 2002).
2.1.4 Efeitos Adversos aos Medicamentos
O uso da Rifampicina pode acarretar efeitos cutâneos, gastrointestinais,
hepáticos, hematopoiéticos. A Clofazimina acarreta efeitos cutâneos com
ressecamento da pele, e coloração avermelhada (YAMASHITA, 2010).
Alterações gastrointestinais também podem estar presentes, com diminuição
da peristalse e dor abdominal, devido ao deposito de cristais de Clofazimina nas
submucosas e linfonodos intestinais, resultando na inflamação da porção terminal do
intestino delgado (SOUZA, 2007).
28. 28
A Dapsona pode apresentar efeitos cutâneos (síndrome de Stevens-Johnson,
dermatite esfoliativa ou eritrodermia), hepáticos, fenômenos hemolíticos, dentre
outros. As drogas utilizadas no tratamento dos episódios reacionais (Talidomida e
corticosteróides) necessitam de monitoramento clínico (BRASIL, 2002).
A equipe de saúde deve estar sempre atenta para a possibilidade de
ocorrência de efeitos colaterais dos medicamentos utilizados na PQT e no
tratamento dos estados reacionais, devendo realizar imediatamente a conduta
adequada.
2.2 Diagnóstico da Doença
Para melhor entendimento do quadro clínico e classificação, alguns aspectos
imunológicos devem ser mencionados.
Demonstrou-se que o M. leprae é um bacilo com alto poder infectante e baixo
poder patogênico. Depois da sua entrada no organismo, não ocorrendo a sua
destruição, este irá se localizar na célula de Schwann e na pele. Sua disseminação
para outros tecidos pode ocorrer nas formas mais graves da doença, nas quais o
agente infectante não encontra resistência contra a sua multiplicação. Nesse caso,
os linfonodos, olhos, testículos e fígado podem abrigar grande quantidade do bacilo
(ARAÚJO, p. 375, 2003).
O Ministério da Saúde define como caso de hanseníase para tratamento,
quando um ou mais dos seguintes sintomas encontram-se presentes: lesão de pele
com alteração de sensibilidade, espessamento de tronco nervoso ou baciloscopia
positiva na pele.
O diagnóstico da hanseníase é realizado através do exame clínico, quando se
busca os sinais dermatoneurológicos da doença. O diagnóstico precoce da
hanseníase e o seu tratamento adequado evitam a evolução da doença, e
conseqüentemente impedem a instalação das incapacidades físicas por ela
provocadas (BRASIL, 2002).
29. 29
2.2.1Diagnóstico Clínico
O diagnóstico clínico é realizado através do exame físico onde se procede a
uma avaliação dermatoneurológica, buscando-se identificar sinais clínicos da
doença.
Já o diagnóstico epidemiológico, deve ocorrer antes de dar-se início ao
exame físico, deve-se colher informações sobre a história clínica do paciente, ou
seja, presença de sinais e sintomas dermatoneurológicos característicos da doença
e sua história epidemiológica, ou seja, sobre a sua fonte de infecção (SOUZA,
2007).
De acordo com o Ministério da Saúde o roteiro do diagnóstico clínico constitui-
se das seguintes atividades: obtenção da história clínica e epidemiológica; avaliação
dermatológica; avaliação neurológica; diagnóstico dos estados reacionais;
diagnóstico diferencial; classificação do grau de incapacidade física.
2.2.2 Investigação epidemiológica
Inicialmente deve ser realizar uma conversa com o paciente a fim de se
descobrir os sinais e sintomas da doença e possíveis vínculos epidemiológicos.
A pessoa deve ser ouvida com muita atenção e as dúvidas devem se
prontamente esclarecidas, procurando-se reforçar a relação de confiança existente
entre o indivíduo e os profissionais de saúde. Devem ser registradas
cuidadosamente no prontuário todas as informações obtidas, pois elas serão úteis
para a conclusão do diagnóstico da doença, para o tratamento e para o
acompanhamento do paciente (ZANATTA, 2006).
Além das questões rotineiras, é fundamental que sejam identificadas as
seguintes questões: alguma alteração na pele como manchas, placas, infiltrações,
tubérculos, nódulos, e há quanto tempo eles apareceram; possíveis alterações de
sensibilidade em alguma área do corpo; presença de dores nos nervos, ou fraqueza
nas mãos e nos pés e se usou algum medicamento para tais problemas e qual o
resultado (BRASIL, 2002).
As pessoas que têm hanseníase, geralmente, queixam-se de manchas
dormentes na pele, dores, câimbras, formigamento, dormência e fraqueza nas mãos
30. 30
e pés. A investigação epidemiológica é muito importante para se descobrir a origem
da doença e para o diagnóstico precoce de novos casos de hanseníase (ARAÚJO,
2003).
2.2.3 Avaliação Dermatológica
Essa avaliação visa identificar as lesões de pele próprias da hanseníase,
pesquisando a sensibilidade nas mesmas.
A alteração de sensibilidade nas lesões de pele é uma característica típica da
hanseníase. Deve ser feita uma inspeção de toda a superfície corporal, no sentido
crânio-caudal, procurando identificar as áreas acometidas por lesões de pele
(SOUZA, 2007).
As áreas onde as lesões ocorrem com maior freqüência são: face, orelhas,
nádegas, braços, pernas e costas, mas elas podem ocorrer, também, na mucosa
nasal. Devem ser realizadas as seguintes pesquisas de sensibilidade nas lesões de
pele: térmica, dolorosa, e tátil, que se complementam (BRASIL, 2002).
A pesquisa de sensibilidade nas lesões de pele, ou em áreas suspeitas, é um
recurso muito importante no diagnóstico da hanseníase e deve ser executada com
paciência e precisão.
A sensibilidade normal depende da integridade dos troncos nervosos e das
finas terminações nervosas que se encontram sob a pele. Sem ela o paciente perde
sua capacidade normal de perceber as sensações de pressão, tato, calor, dor e frio
(YAMASHITA, 2010).
Por esse motivo, é importante, para fins de prevenção, poder detectar
precocemente essas lesões, já que a perda de sensibilidade, ainda que em pequena
área, pode significar um agravo para o paciente.
Para realização da pesquisa de sensibilidade, são necessárias algumas
considerações como, selecionar aleatoriamente, a seqüência de pontos a serem
testados; tocar apele deixando tempo suficiente para o paciente responder; repetir o
teste para confirmar os resultados em cada ponto; e realizar o teste em área próxima
dentro do mesmo território específico, quando na presença de calosidades,
cicatrizes ou úlceras (SOUZA, 2007).
31. 31
A pesquisa de sensibilidade térmica nas lesões e nas áreas suspeitas deve
ser realizada, sempre que possível, com dois tubos de vidro, um contendo água fria
e no outro água aquecida. Deve-se ter o cuidado da temperatura da água não ser
muito elevada (acima de 45º C), pois neste caso poderá despertar sensação de dor,
e não de calor. Deve ser tocada a pele sã e a área suspeita com a extremidade dos
tubos frio e quente, alternadamente, solicitando-se à pessoa que identifique as
sensações de frio e de calor (quente). As respostas como menos frio, ou menos
quente devem também ser valorizadas nessa pesquisa (BRASIL, 2002).
Já a pesquisa de sensibilidade tátil nas lesões e nas áreas suspeitas é
apenas comum a mecha fina de algodão seco. A pele sã e a área suspeita devem
ser tocadas, alternadamente, com a mecha de algodão seco e, ao indivíduo
examinado, deve-se perguntar se sente o toque. Após a comparação dos resultados
dos toques, pode-se concluir sobre a alteração de sensibilidade tátil nas lesões ou
nas áreas suspeitas (ZANATTA, 2006).
A pesquisa da sensibilidade protetora é realizada nas lesões, nos membros
inferiores e superiores utilizando-se a ponta de uma caneta esferográfica. Essa
pesquisa é a mais importante para prevenir incapacidades, pois detecta
precocemente diminuição ou ausência de sensibilidade protetora do paciente
(ZANATTA, 2006).
2.2.4 Avaliação Neurológica
A hanseníase é uma doença infecciosa, sistêmica, com repercussão
importante nos nervos periféricos.
O processo inflamatório desses nervos (neurite) é um aspecto importante da
hanseníase. Clinicamente, a neurite pode ser silenciosa, sem sinais ou sintomas, ou
pode ser evidente, aguda, acompanhada de dor intensa, hipersensibilidade, edema,
perda de sensibilidade e paralisia dos músculos (SOUZA, 2007).
No estágio inicial da doença, a neurite hansênicas não apresenta um dano
neural demonstrável, contudo, sem tratamento adequado freqüentemente, a neurite
torna-se crônica e evolui, passando a evidenciar o comprometimento dos nervos
periféricos: a perda da capacidade de suar (anidrose), a perda de pelos (alopecia), a
32. 32
perda das sensibilidades térmica, dolorosa e tátil, e a paralisia muscular (SOUZA,
2007).
Os processos inflamatórios podem ser causados tanto pela ação do bacilo
nos nervos, como pela resposta do organismo à presença do bacilo, ou por ambos,
provocando lesões neurais, que se não tratadas, podem causar dor e espessamento
dos nervos periféricos, alteração de sensibilidade e perda de força nos músculos
inervados por esses nervos, principalmente nas pálpebras e nos membros
superiores e inferiores, dando origem a incapacidades e deformidades
(YAMASHITA, 2010).
Os principais nervos periféricos acometidos na hanseníase são os que
passam pela face, que podem causar alterações na face, nos olhos e no nariz; pelos
braços, que podem causar alterações nos braços e mãos; e pelas pernas, que
podem causar alterações nas pernas e pés (ARAÚJO, 2003).
A identificação das lesões neurológicas é feita através da avaliação
neurológica e é constituída pela inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés, palpação
dos troncos nervosos periféricos, avaliação da força muscular e avaliação de
sensibilidade nos olhos, membros superiores e membros inferiores (ARAÚJO, 2003).
2.2.5 Diagnóstico Laboratorial
A baciloscopia é o exame microscópico onde se observa o Mycobacterium
leprae, diretamente nos esfregaços de raspados intradérmicos das lesões
hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados: lóbulos auriculares e/ou
cotovelos, e lesão quando houver (ZANATTA, 2006).
É um apoio para o diagnóstico e também serve como um dos critérios de
confirmação, quando comparado ao resultado no momento do diagnóstico e da cura.
Por nem sempre evidenciar o Mycobacterium leprae nas lesões hansênicas ou em
outros locais de coleta, a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da
hanseníase (SOUZA, 2007).
Mesmo sendo a baciloscopia um dos parâmetros integrantes da definição de
caso, ratifica-se que o diagnóstico da hanseníase é clínico. Quando a baciloscopia
estiver disponível e for realizada deve ser utilizada como exame complementar para
a classificação dos casos, não se deve esperar o resultado para iniciar o tratamento
33. 33
do paciente. O tratamento é iniciado imediatamente após o diagnóstico de
hanseníase.
2.2.6 Diagnóstico Diferencial
A hanseníase pode ser confundida com outras doenças de pele e com outras
doenças neurológicas que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus.
Portanto, deve ser feito diagnóstico diferencial em relação a essas doenças.
A principal diferença entre a hanseníase e outras doenças dermatológicas é
que as lesões de pele da hanseníase sempre apresentam alteração de sensibilidade
(SOUZA, 2007).
As demais doenças não apresentam essa alteração. As lesões de pele
características da hanseníase são: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas,
lesões em placa, infiltrações e nódulos (YAMASHITA, 2010).
34. 34
3 SINAN
O Sistema de Informação de agravos de Notificações – SINAN é um sistema
informatizado de base de dados, gerenciado pelo Ministério da Saúde - MS,
alimentado a partir de informações coletadas pelas Unidades de Saúde e
transferidas para o nível municipal, estadual e federal, através da notificação e
investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de
doenças de notificação compulsória (Portaria GM/MS Nº 104, de 25 de janeiro de
2011) (BRASIL, 2011).
Seu objetivo é facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e
programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões, com vistas a
contribuir para a melhoria da situação de saúde da população (BRASIL, 2011).
Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da
ocorrência de um evento na população; podendo fornecer subsídios para
explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar
riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação
da realidade epidemiológica de determinada área geográfica (ZANATTA, 2006).
O SINAN pode ser operacionalizado no nível administrativo mais periférico, ou
seja, nas unidades de saúde, seguindo a orientação de descentralização do SUS.
Caso o município não disponha de computadores em suas unidades, o SINAN pode
ser acessado nas secretarias municipais, regionais de Saúde e/ou Secretaria
Estadual de Saúde (SOUZA, 2007).
A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida pelas unidades
assistenciais para cada paciente quando da suspeita da ocorrência de problema de
saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal.
Este instrumento deve ser encaminhado aos serviços responsáveis pela informação
e/ou vigilância epidemiológica das Secretarias Municipais, que devem repassar
semanalmente os arquivos em meio magnético para as Secretarias Estaduais de
Saúde (SES). A comunicação das SES com a SVS deverá ocorrer quinzenalmente,
de acordo com o cronograma definido pela SVS no início de cada ano (BRASIL,
2011).
Caso não ocorra nenhuma suspeita de doença, as unidades precisam
preencher o formulário de notificação negativa, que tem os mesmos prazos de
35. 35
entrega. Esta é uma estratégia criada para demonstrar que os profissionais e o
sistema de vigilância da área estão alerta para a ocorrência de tais eventos e evitar
a subnotificação. Caso os municípios não alimentem o banco de dados do SINAN,
por dois meses consecutivos, são suspensos os recursos do Piso de Assistência
Básica - PAB, conforme Portaria N.º 1882/GM de 16/12/1997 (SOUZA, 2007).
As atribuições do SINAN são coletar, transmitir e consolidar dados gerados
rotineiramente pelo sistema de vigilância epidemiológica, fornecendo informações
para análise do perfil da morbidade da população nas três esferas de governo
(ZANATTA, 2006).
Vale ressaltar as atribuições do estado e dos municípios, com relação à
gestão, à estruturação e à operacionalização do Sistema de Informação
Epidemiológica Informatizada SINAN, definidas pela Portaria GM /MS n.º 1.399
(BRASIL, 1999) e Portaria GM/MS n.º 95 (BRASIL, 2001) e Instrução Normativa
SVS/MS n.º 2 (BRASIL, 2005), Portaria 3252/2009 – GM/MS, Seção IV parágrafo
XVII, a fim de garantir a alimentação permanente e regular de dados.
Assim compete aos estados: consolidar os dados do SINAN provenientes dos
municípios; prestar apoio técnico aos municípios para utilização e operacionalização
do SINAN; estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados pelo nível municipal,
respeitando os fluxos e prazos estabelecidos pela SVS/MS; distribuir as versões do
SINAN e seus instrumentos de coleta de dados para os municípios; enviar os dados
à SVS/MS regularmente, observados os prazos estabelecidos nesta Portaria;
ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país; informar à
SVS/MS a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país;
realizar análises epidemiológicas e operacionais; divulgar informações e análises
epidemiológicas; entre outras atividades (BRASIL, 2011).
O seu uso sistemático, de forma descentralizada, contribui para a
democratização da informação, permitindo que todos os profissionais de saúde
tenham acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade. É,
portanto, um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir
prioridades de intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das
intervenções (BRASIL, 2011).
36. 36
4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que se
manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões
na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés (BRASIL,
2002).
O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da
doença, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que
podem, inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades e deformidades
podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho,
limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também, pelo
estigma e preconceito contra a doença (SAADEH, et. al., 2006).
Por isso mesmo ratifica-se que a hanseníase é doença curável, e quanto mais
precocemente diagnostica e tratada mais rapidamente se cura o paciente.
4.1 Agente Etiológico
A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen,
que é um parasita intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por
células dos nervos periféricos, que se instala no organismo da pessoa infectada,
podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar,
em média, de 11 a 16 dias (FALCÃO, 2011).
O M.leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é infecta muitas
pessoas, no entanto só poucas adoecem. O homem é reconhecido como única fonte
de infecção (reservatório), embora tenham sido identificados animais naturalmente
infectados (BRASIL, 2002).
4.2 Modo De Transmissão
O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. O contágio
dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada,
37. 37
que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis (RUFINO,
2011).
A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase,
e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as
vias aéreas superiores, o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão do
bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada
(RUFINO, 2011).
O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e suas diferentes
manifestações clínicas, dependem dentre outros fatores, da relação parasita /
hospedeiro e pode ocorrer após um longo período de incubação, de dois a sete anos
(BRASIL, 2002).
A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos,
no entanto, raramente ocorre em crianças. Observa-se que crianças, menores de
quinze anos, adoecem mais quando há uma maior endemicidade da doença. Há
uma incidência maior da doença nos homens do que nas mulheres, na maioria das
regiões do mundo (BRASIL, 2002).
Além das condições individuais, outros fatores relacionados aos níveis de
endemia e às condições socioeconômicas desfavoráveis, assim como condições
precárias de vida e de saúde e o elevado número de pessoas convivendo em um
mesmo ambiente, influem no risco de adoecer.
Um número menor de pessoas não apresenta resistência ao bacilo, que se
multiplica no seu organismo passando a ser eliminado para o meio exterior, podendo
infectar outras pessoas. Estas pessoas constituem os casos Multibacilares (MB), que
são a fonte de infecção e manutenção da cadeia epidemiológica da doença
(BRASIL, 2002).
Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser
transmissora da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos,
torna-os incapazes de infectar outras pessoas.
Assim o diagnóstico precoce da hanseníase e o seu tratamento adequado
evitam a evolução da doença, conseqüentemente impedem a instalação das
incapacidades físicas por ela provocadas (BRASIL, 2002).
38. 38
4.3 Aspectos Clínicos
A hanseníase manifesta-se através de sinais e sintomas dermatológicos e
neurológicos que podem levar à suspeita diagnóstica da doença. As alterações
neurológicas, quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem causar
incapacidades físicas que podem evoluir para deformidades (FALCÃO, 2011).
4.3.1 Sinais e Sintomas Dermatológicos
A hanseníase manifesta-se através de lesões de pele que se apresentam com
diminuição ou ausência de sensibilidade. As lesões mais comuns são:
Manchas pigmentares ou discrômicas: resultam da ausência,
diminuição ou aumento de melanina ou depósito de outros pigmentos
ou substâncias na pele.
Placa: é lesão que se estende em superfície por vários centímetros.
Pode ser individual ou constituir aglomerado de placas.
Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, com
menor evidência dos sulcos, limites imprecisos, acompanhando-se,
às vezes, de eritema discreto.Pela vitropressão, surge fundo de cor
café com leite. Resulta da presença na derme de infiltrado celular, às
vezes com edema e vaso dilatação.
Tubérculo: designação em desuso significava pápula ou nódulo que
evolui deixando cicatriz.
Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de 1 a 3 cm de
tamanho. É processo patológico que se localiza na epiderme, derme
e/ou hipoderme. Pode ser lesão mais palpável que visível (BRASIL,
2002).
Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem,
também, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior
freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas (BRASIL, 2002).
Na hanseníase, as lesões de pele sempre apresentam alteração de
sensibilidade. Esta é uma característica que as diferencia das lesões de pele
provocadas por outras doenças dermatológicas (FALCÃO, 2011).
A sensibilidade nas lesões pode estar diminuída (hipoestesia) ou ausente
(anestesia),podendo também haver aumento da sensibilidade (hiperestesia)
(RUFINO, 2011).
39. 39
4.3.2 Sinais e Sintomas Neurológicos
A hanseníase manifesta-se, além de lesões na pele, através de lesões nos
nervos periféricos. Essas lesões são decorrentes de processos inflamatórios dos
nervos periféricos (neurites) e podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos
nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas (SOUZA, 1997).
Elas manifestam-se através de: dor e espessamento dos nervos periféricos;
perda de sensibilidade nas áreas inervadas por esses nervos, principalmente nos
olhos, mãos e pés; perda de força nos músculos inervados por esses nervos
principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores (BRASIL,
2002).
A neurite, geralmente, manifesta-se através de um processo agudo,
acompanhado de dor intensa e edema. No início, não há evidência de
comprometimento funcional do nervo, mas, freqüentemente, a neurite torna-se
crônica e passa a evidenciar esse comprometimento, através da perda da
capacidade de suar, causando ressecamento na pele (SAADEH, et. al., 2006).
Há perda de sensibilidade, causando dormência e há perda da força
muscular, causando paralisia nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos.
Quando o acometimento neural não é tratado pode provocar incapacidades e
deformidades pela alteração de sensibilidade nas áreas inervadas pelos nervos
comprometidos (BRASIL, 2002).
Alguns casos, porém, apresentam alterações de sensibilidade e alterações
motoras (perda de força muscular) sem sintomas agudos de neurite. Esses casos
são conhecidos como neurite silenciosa (SOUZA, 1997).
4.4 Evolução da Doença
As pessoas, em geral, têm imunidade contra o Mycobacterium leprae. A
maioria das pessoas não adoece. Entre as que adoecem, o grau de imunidade varia
e determina a evolução da doença (BRASIL, 2002).
A doença, inicialmente, manifesta-se através de lesões de pele: manchas
esbranquiçadas ou avermelhadas que apresentam perda de sensibilidade, sem
evidência de lesão nervosa troncular (BRASIL, 2002).
40. 40
Estas lesões de pele ocorrem em qualquer região do corpo, mas, com maior
freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas. Podem, também,
acometer a mucosa nasal (RUFINO, 2011).
Com a evolução da doença não tratada, manifestam-se as lesões nos nervos,
principalmente nos troncos periféricos. Podem aparecer nervos engrossados e
doloridos, diminuição de sensibilidade nas áreas inervadas por eles: olhos, mãos e
pés, e diminuição da força dos músculos inervados pelos nervos comprometidos.
Essas lesões são responsáveis pelas incapacidades e deformidades características
da hanseníase (FALCÃO, 2011).
4.5 Prevenção e Tratamento de Incapacidades Físicas
As atividades de prevenção e tratamento de incapacidades físicas não devem
ser dissociadas do tratamento PQT. Serão desenvolvidas durante o
acompanhamento de cada caso e devem ser integradas na rotina dos serviços da
unidade de saúde, de acordo com o seu grau de complexidade (BRASIL, 2002).
A adoção de atividades de prevenção e tratamento de incapacidades será
baseada nas informações obtidas através da avaliação neurológica, no diagnóstico
da hanseníase. Estas informações referem-se ao comprometimento neural ou às
incapacidades físicas identificadas, as quais merecem especial atenção, tendo em
vista suas conseqüências na vida econômica e social de pacientes com hanseníase,
ou mesmo suas eventuais seqüelas naqueles já curados (BRASIL, 2002).
Durante o tratamento PQT, e em alguns casos após a alta, o profissional de
saúde deve ter uma atitude de vigilância em relação ao potencial incapacitante da
doença, visando diagnosticar precocemente e tratar adequadamente as neurites e
reações, a fim de prevenir incapacidades e evitar que as mesmas evoluam para
deformidades (FALCÃO, 2011).
Deve haver um acompanhamento da evolução do comprometimento
neurológico do indivíduo, através da avaliação neurológica, durante a consulta para
administração da dose supervisionada do tratamento PQT. Serão adotadas técnicas
simples e condutas de prevenção e tratamento de incapacidades adequadas ao
caso (FALCÃO, 2011).
41. 41
A presença de incapacidades, causadas pela hanseníase em um paciente
curado, é um indicador de que o diagnóstico foi tardio ou de que o tratamento foi
inadequado (BRASIL, 2008).
No caso de identificação das neurites e reações, devem ser tomadas as
medidas adequadas cada caso, na própria unidade de saúde, ou, quando
necessário, encaminhar a pessoa em tratamento a uma unidade de referência a fim
de receber cuidados especiais (RUFINO, 2011).
Ações simples de prevenção e de tratamento de incapacidades físicas por
técnicas simples devem ser executadas na própria unidade de saúde, inclusive por
pessoal auxiliar, devidamente treinado e sob supervisão técnica adequada (BRASIL,
2008).
Casos que necessitem de cuidados mais complexos devem ser
encaminhados à unidade de referência, onde haja fisioterapeuta ou outros
profissionais especializados. Cirurgias e atividades de readaptação profissional
serão executadas em hospitais gerais ou em unidades de referência especializadas
em reabilitação (SAADEH, et. al., 2006).
Os profissionais devem alertar ao paciente para que ele também tenha uma
atitude de vigilância, orientando-o para a realização de alguns auto cuidados para
evitar a instalação de incapacidades, suas complicações e para evitar-se que elas se
agravem e evoluam para deformidades (BRASIL, 2008)
Auto cuidados são procedimentos e exercícios que a própria pessoa,
devidamente orientada e supervisionada, pode e deve realizar, para prevenir
incapacidades e deformidades (BRASIL, 2008).
Aqueles que apresentam perda de sensibilidade protetora nos olhos, nas
mãos e nos pés, e incapacidades devem ser orientados a observarem-se
diariamente, e a realizar auto cuidados específicos ao seu caso (RUFINO, 2011).
Pacientes com hanseníase que não apresentam comprometimento neural ou
incapacidades devem ser também alertados para a possibilidade de ocorrência dos
mesmo se orientados para observar-se diariamente e para procurar a unidade de
saúde ao notar qualquer alteração neurológica, tais como dor ou espessamento nos
nervos (BRASIL, 2008).
As melhoras e pioras dos processos inflamatórios e da função neural dos
portadores da doença devem ser acompanhadas e relacionadas com as suas
42. 42
atividades diárias. Aqueles que apresentarem incapacidades ou deformidades
devem também, ser orientados quanto aos cuidados nas suas atividades diárias,
tipos de calçado, adaptações necessárias (RUFINO, 2011).
Tanto as técnicas simples, como os procedimentos de auto cuidados são
selecionados a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente com
hanseníase, identificados durante a sua avaliação clínica.
4.6 Formas Clínicas Da Hanseníase
De acordo com Souza (1997) o quadro dermatológico depende
essencialmente da capacidade defensiva do organismo, por isso a hanseníase foi
dividida em quatro formas clínicas:
4.6.1 Hanseníase Indeterminada
Forma inicial evolui espontaneamente para a cura na maioria dos casos e
para as outras formas da doença em aproximadamente 25% dos casos. Geralmente,
encontra-se apenas uma lesão, de cor mais clara que a pele normal, com diminuição
da sensibilidade (SAADEH, et. al., 2006).
Figura 1: Hanseníase Indeterminada
Fonte: SAADEH et al., 2012.
Mais comum em crianças, manifesta-se por máculas hipocrômica, acrômicas,
eritematosas ou eritemato-hipocrômicas, sendo as duas primeiras mais freqüentes.
Os limites são imprecisos, algumas vezes nítidos, medindo de um a cinco
centímetros de diâmetro. O número de início é de uma ou duas manchas,
43. 43
localizadas principalmente nas nádegas, coxas e região deltoidiana e quanto maior o
número de manchas, pior é o prognóstico (BRASIL, 2002).
Há alteração da sensibilidade, vasomotora e da sudorese por acometimento
de filetes nervosos, com alopecia parcial. As provas da picada e da histamina são
usadas para diagnóstico e o exame bacterioscópico é em geral negativo. Pode
ocorrer evolução para as três outras formas clínicas comentadas a seguir (SOUZA,
1997).
4.6.2 Hanseníase Tuberculóide
Evidencia-se por micropápulas que se desenvolvem em pele aparentemente
normal ou sobre manchas do grupo indeterminado. Essas pápulas podem ser pouco
mais coradas que a pele normal, acastanhadas ou vermelho-acastanhadas,
acuminadas ou semi-esféricas, tendendo a coalescer medindo cerca de dois
milímetros (BRASIL, 2002).
Há placas bem delimitadas, únicas ou em pequeno número, com alterações
sensitivas, de sudorese e vasomotoras bem acentuadas, com alopecia. Nervos
espessados podem emergir das placas e a necrose caseosa do nervo pode levar a
distúrbios sensitivos, motores e tróficos (BRASIL, 2002).
Figura 2: Hanseníase Tuberculóide
Fonte: SOUZA, 2012.
A Hanseníase Tuberculóide em reação se caracteriza por lesões infiltradas
com acentuação do eritema. Na figura a lesão em placa, eritematoinfiltrada,
delimitada por bordas bem definidas, com tendência ao aplainamento central, na
44. 44
região do joelho (1A), e lesão hipocrômica, delimitada por micropápulas, em face
lateral do braço, próximo ao cavo axilar (1B),representam características clínicas da
hanseníase Tuberculóide (SOUZA, 1997).
A Hanseníase Tuberculóide reacional é definida como quadros de hanseníase
tuberculóide que sofrem piora aguda em conseqüência de modificações do estado
imunológico. Há agravamento do quadro cutâneo e neurites, paralisias, amiotrofias e
deformidades (BRASIL, 2002).
A Hanseníase Tuberculóide infantil ocorre em crianças de um a quatro anos e
se manifesta como pápula ou nódulo em face ou membros. Não há
comprometimento neural e tem cura espontânea (SOUZA, 1997).
4.6.3 Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa
Nestes casos a imunidade é nula e o bacilo se multiplica muito rápido,
levando a um quadro mais grave, com anestesia dos pés e mãos que favorecem os
traumatismos e feridas que podem causar deformidades, atrofia muscular, inchaço
das pernas e surgimento de lesões elevadas na pele (nódulos). Órgãos internos
também são acometidos pela doença (BRASIL, 2002).
É a forma infectante da hanseníase que tem como características: manchas
infiltradas com bordas imprecisas, com pápulas, nódulos e placas; madarose, fácies
leonina; distúrbios motores, tróficos e anestesia (que surgem tardiamente);
comprometimento de mucosa nasal, oral e laringe; comprometimento ocular;
adenopatia, anemia; infiltração do fígado, baço e supra-renais; infiltração testicular,
levando à impotência e esterilidade; rarefação; atrofia e absorção óssea (SOUZA,
1997).
Figura 3: Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa.
Fonte: SAADEH, et. al., 2012.
45. 45
Dentre os distúrbios neurológicos se destaca o mal perfurante plantar onde há
destruição e perda de tecido plantar devido a traumatismos freqüentes que não são
percebidos pelo paciente, pé caído e mão em garra. O espessamento neural
acomete principalmente os seguintes nervos: cubital, poplíteo externo, radial,
mediano e auricular (SAADEH, et. al., 2006).
As lesões oculares são observadas nas fases mais avançadas e consistem
em ceratite difusa ou pontuada, lagoftalmia, iridociclite e cegueira (BRASIL, 2002).
Existe a variedade difusa de Lucio, conhecida como hanseníase bonita, onde
há infiltração difusa sem nódulos e comprometimento visceral acentuado (SOUZA,
1997).
4.6.4 Hanseníase Dimorfa ou Bordeline
Forma intermediária que é resultado de uma imunidade também
intermediária. O número de lesões é maior, formando manchas que podem atingir
grandes áreas da pele, envolvendo partes da pele sadia. O acometimento dos
nervos é mais extenso (BRASIL, 2002).
Na Hanseníase Dimorfa ou Bordeline as lesões dermatológicas lembram pelo
aspecto e distribuição, as de reação tuberculóide (pápulas, tubérculos, máculo-
pápulas), delas se diferenciando pela imprecisão dos bordos e tonalidades da cor,
que é acastanhada, características estas próprias da hanseníase Virchowiana. Diz-
se que sua placa tem aspecto de queijo-suíço. Parecem haver no mesmo doente
características dos dois tipos de hanseníase: tuberculóide e Virchowiana(SOUZA,
1997).
46. 46
Figura 4: Hanseníase Dimorfa ou Bordeline.
Fonte: SOUZA, 2012.
Na forma Dimorfa pode haver surto eruptivo agudo. Há anestesia, distúrbio de
sudorese (anidrose) e alopecia nas lesões. Na figura 4 as lesões anelares e
foveolares difusas, em tronco (4A), cujas bordas eritematoinfiltrada apresentam
limites internos mais nítidos que os externos (4B), características que se tornam
mais acentuadas na proeminência da reação hansênicas, a exemplo deste caso
clínico de Hanseníase Dimorfa (BRASIL, 2002).
A hanseníase pode apresentar períodos de alterações imunes, os estados
reacionais. Na Hanseníase Bordeline, as lesões tornam-se avermelhadas e os
nervos inflamados e doloridos. Na forma Virchowiana, surge o eritema nodoso
hansênico: lesões nodulares, endurecidas e dolorosas nas pernas, braços e face,
que se acompanham de febre, mal-estar, queda do estado geral e inflamação de
órgãos internos. Estas reações podem ocorrer mesmo em pacientes que já
terminaram o tratamento, o que não significa que a doença não foi curada (SOUZA,
1997).
47. 47
5 OBJETIVOS
5.1 Objetivo Geral
Verificar a efetividade da terapia medicamentosa para a Hanseníase na rede
pública de Paranaíba-MS.
5.2 Objetivos Específicos
• Verificar a adesão de pacientes com Hanseníase a terapia medicamentosa;
• Verificar situações epidêmicas na região de Paranaíba – MS;
• Verificar a adesão dos pacientes ao tratamento.
.
48. 48
6 MATERIAIS E MÉTODOS
O método adotado para a realização deste trabalho foi o método dedutivo. E
para elaboração foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros, teses, sites,
revistas e artigos que tratam sobre o assunto.
Também foi realizado um levantamento de dados nos registros do SINAN
sobre a evolução da Hanseníase na cidade de Paranaíba – MS, nos anos de 2009 a
2012.
49. 49
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através do SINAN realizamos um levantamento com a população da cidade
de Paranaíba-MS, referente aos surtos ocorridos nos anos de 2009 a 2012, sendo o
Mato Grosso do Sul, o segundo maior do estado em incidência sobre casos de
hanseníase.
A meta de cura pelo Ministério da Saúde é de 85%,a Secretaria Municipal de
Saúde é obrigada a encaminhar 52 (cinqüenta e dois) lotes por ano,ou seja, 01 (um)
caso por semana, pois o SINAN tem que ser “alimentado” diariamente.
Foi realizada uma pesquisa documental, em todos os registros que a
Secretaria de Saúde, em seu departamento de Saúde Imunológica possui. As
informações coletadas seguem baixo.
Em relação ao índice por idade, consta que entre os anos de 2009 (dois mil e
nove) a 2012 (dois mil e doze), foi registrado um caso em homens, de idade entre
zero e quatorze anos, e oito casos em mulheres da mesma faixa etária. Para os
maiores de quinze anos, foram registrados cento e trinta casos em homens, e
duzentos e vinte e cinco em mulheres. Totalizando trezentos e sessenta e quatro
casos.
Figura 5: Quantidade de casos de Hanseníase por sexo e faixa etária
Masculinos (0 a 14 anos)
Masculino (< 15 anos)
120
Feminino(0 a 14 anos)
Feminino (< 15 anos)
100
80
Quantidade
60
40
20
0
2009 2010 2011 out/12
Ano
Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
50. 50
Segundo Silva (2011) os portadores de hanseníase são em sua maioria,
adultos do sexo masculino, o que caracteriza em hipótese, a predisposição do
homem a ter mais relações interpessoais, e uma maior exposição ao meio. Quanto à
faixa etária há uma predominância em pessoas com idade entre 25 a 49 anos.
Os homens são os maiores responsáveis pela transmissão da hanseníase,
assim como descrito por Curto e Paschoal (SILVA, 2011). Ao se analisar as
características entre os gêneros, apesar de a hanseníase ser mais prevalecente em
homens, no presente estudo, constatou-se que a doença foi encontrada em maior
número de casos, entre as mulheres. Alguns estudos mostram que a hanseníase
afeta mais homens
No que tange a classificação do bacilo, conforme estudamos acima, no ano
de 2009 (dois mil e nove) tiveram 11 casos de Paucibacilares, e doze casos
Multibacilares. Em 2010 (dois mil e dez) tivemos dezenove casos Paucibacilares, e
sessenta e quatro casos Multibacilares. Em 2011 (dois mil e onze) tivemos vinte e
dois casos Paucibacilares, e setenta e quatro casos Multibacilares. E em 2012 (dois
mil e doze), quarenta e nove casos Paucibacilares e nenhum caso Multibacilares.
Figura 6: Classificação do Bacilo
2009
2010
Ano
Casos Multibacilares
2011 Casos Paucibacilares
out/12
0 20 40 60 80 100
Quantidade
Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
Estudos demonstram que 60% (sessenta por cento) dos casos
diagnosticados, são na forma multibacilar e constituem importantes fatores de risco
para re-tratamento da hanseníase (TEIXEIRA; SILVEIRA; FRANÇA, 2010).
51. 51
De acordo com o gráfico, os pacientes do sexo masculino apresentam um
maior risco de desenvolvimento da forma multibacilar, apresentando
predominantemente a forma clínica borderline, com desenvolvimento de reações
hansênicas mais freqüentes durante o tratamento (TEIXEIRA; SILVEIRA; FRANÇA,
2010).
Em relação ao grau de incapacidade, é preciso esclarecer alguns pontos,
para melhor entendimento do gráfico abaixo. O IgM é a molécula que é formada
rapidamente no corpo logo após o primeiro contato dele com um organismo invasor.
É através dessa molécula, formada perfeitamente para aquele determinado
organismo, que o corpo organiza o ataque inicial para combater essa determinada
infecção. Essa molécula tem como característica ter uma vida curta, assim não
durando muito tempo no corpo.
O grau de incapacidade é determinado a partir da avaliação neurológica dos
olhos, mãos/pés e o seu resultado expressa em valores que variam de zero a 02
(dois), onde: zero significa que não há presença de comprometimento neural; 01
(um) que há diminuição ou da perda da sensibilidade; e 02 (dois) que há presença
de incapacidades e deformidades. E não avaliado, corresponde ao número de
pacientes que não foram avaliados pelos agentes de saúde.
Assim, ficou evidenciado de acordo com os registros, o que demonstra o
gráfico abaixo:
Figura 7: Avaliação no Grau de Incapacidade
90
80
70
Avaliação de Grau
60
IGN
50
Grau Zero
40
Grau 1
30
Grau 2
20 Não Avaliado
10
0
2009 2010 2011 out/12
Ano
Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
52. 52
Segundo Finez e Salotti (2011) estudos comprovaram que na maioria dos
casos, o grau dois tem predominância em aproximadamente 53% (cinqüenta e três
por cento) dos pacientes, seguido do grau um em aproximadamente 42% (quarenta
e dois por cento) dos pacientes e do grau zero com apenas 5% (cinco por cento) dos
mesmos. Portanto segundo esses estudos, na maioria dos pacientes com
Hanseníase há a presença de alguma incapacidade ou deformidade.
Porém o estudo realizado com os registros dos pacientes da cidade de
Paranaíba – MS demonstra que na maioria dos pacientes não há presença de
comprometimento neural, em poucos casos houve a diminuição ou perda da
sensibilidade, e em nenhum caso foi encontrado deformidades ou incapacidades.
De acordo com os registros do SINAN, foi realizado um levantamento total do
número de casos ocorridos no período de 2009 (dois mil e nove) a 2012 (dois mil e
doze). Em 2009 (dois mil e nove) foram registrados trinta e oito casos, em 2010 (dois
mil e dez) oitenta e sete casos, em 2011 (dois mil e onze) noventa e seis casos, e
em 2012 (dois mil e doze) até o mês de outubro, cento e quarenta e três casos.
A figura quatro demonstra esses dados:
Figura 8: Levantamento Total
160
140
120
100
Quantidade
80 Feminino
Masculino
60
40
20
0
2009 2010 2011 out/12
Ano
Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
53. 53
Fica evidenciado assim, um grande crescimento no número de mulheres com
hanseníase, e o aumento dos casos em geral com o decorrer dos anos.
De acordo com o estudo, a redução pode ser justificada pela ampliação da
oferta de tratamento nas unidades públicas de saúde, pelo aumento da capacidade
de profissionais para realizar diagnósticos e pelo esforço dos profissionais da rede
básica e dos centros de referência (BRASIL, 2002).
Mesmo com a ampliação do tratamento e a capacitação de mais profissionais,
na cidade de Paranaíba-MS houve um aumento considerável entre os casos em
mulheres, nos anos de dois mil e nove a dois mil doze.
O estudo, que faz uma análise da situação de saúde dos brasileiros, revela
ainda que o coeficiente de detecção de casos novos por 100 mil habitantes teve uma
queda de 34% (trinta e quatro por cento).
No que diz respeito à cura e taxa de abandono do tratamento no período de
2009 (dois mil e nove) a 2012 (dois mil e doze) de Paucibacilar e Multibacilar temos
a seguinte situação representada pelo gráfico:
Figura 9: Porcentagem de Cura e Abandono do Tratamento
(2009 – 2012)
90
80
% de Cura
70
% de Abandono do Tratamento
Porcentagem
60
50
40
30
20
10
0
2009 2010 2011 out/12
Ano
Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
No ano de 2009 (dois mil e nove) tivemos 57,6% dos casos de cura, e 2,1%
dos casos de abandono, em 2010 (dois mil e dez) tivemos 73,9% dos casos de cura,
54. 54
e 4,3% dos casos de abandono, em 2011 (dois mil e onze) tivemos 80,5% dos casos
de cura, e 2,8% dos casos de abandono do tratamento, e em 2012 (dois mil e doze)
até o mês de outubro, tivemos 60,9% dos casos de cura, e 2,0% dos casos de
abandono.
Segundo Finez e Salotti (2011), houve um aumento no número de pacientes
curados, e uma diminuição em relação ao número de pacientes que abandonaram o
tratamento. Em 2009 o índice de cura em casos diagnosticados de hanseníase no
Brasil foi de 82,1%. Em 2010, a proporção de cura pulou para 82.3%. Em 2011, foi
para83% e em 2012 foi para 86,2%.
Em relação ao abandono do tratamento, de dois mil e nove a dois mil e onze,
houve uma redução de cerca de mais de 40%. Isso devido a campanhas de
conscientização, a divulgação de informações referentes ao tratamento e a
medicação (FINEZ; SALOTTI, 2011).
Os pacientes de Hanseníase perceberam que se realizarem o tratamento
corretamente, serão curados, pois ao contrário do que era praticado no passado,
como o isolamento, atualmente a cura é possível, basta apenas se tratar
corretamente e ter os cuidados necessários para que a doença não volte.
55. 55
9 CONCLUSÃO
Nos dias atuais já está comprovado que a hanseníase tem cura, se o
tratamento for seguido da maneira correta e com responsabilidade, pois muitos
pacientes, por falta de recursos e informação, abandonam o tratamento, o que pode
ocasionar reações terríveis e de difícil reversão.
Os doentes são tratados em ambulatórios municipais e fazem uso diariamente
de comprimidos que são distribuídos gratuitamente pelo governo. A prática de
isolamento, usada no passado para tratar os doentes com hanseníase, não existe
mais em nenhuma região do país, pelo menos oficialmente.
Esta pesquisa realizada na cidade de Paranaíba – MS demonstra que a
Hanseníase pode ser curada. Basta observarmos os resultados obtidos entre os
anos de dois mil e nove a dois mil e doze na cidade de Paranaíba - MS, e concluir
que o índice de cura foi relativamente considerável, crescendo a cada ano.
Para que a doença possa ser eliminada, é preciso adesão dos pacientes ao
tratamento e administração dos medicamentos. Pois eles só serão curados se
seguirem o tratamento corretamente. Vale ressaltar que o tratamento é realizado na
rede pública de saúde, e os medicamentos são distribuídos gratuitamente para os
pacientes doentes.
Apesar da hanseníase nos dias atuais ter cura, a doença ainda representa um
grave problema de saúde pública para o Brasil, pois nosso país é o segundo no
índice de prevalência de hanseníase no mundo.
Devido a esse quadro, campanhas governamentais de saúde tornam-se cada
vez mais corriqueiras a fim de atingir a meta de eliminação da doença. A
Hanseníase passou por um processo de evolução em todos os sentidos, tanto no
diagnóstico, tratamento, como nas informações relativas à doença.
Portanto, podemos concluir que na cidade de Paranaíba – MS o tratamento
foi eficaz, pois grande parte dos doentes foram curados. Os pacientes que aderiram
ao tratamento obtiveram êxito na cura em mais de 90% (noventa por cento) dos
casos. Assim fica evidente que se as demais localidades divulgarem campanhas de
prevenção, conscientização dos pacientes infectados, e a divulgação do tratamento
gratuito, a cura vai ser alcançada, e neste caso, estaremos bem próximos de
eliminar a Hanseníase em nosso país.
56. 56
REFERÊNCIAS
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setembro de 2012. Disponível em:
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atenção básica. Guia para controle da hanseníase. (2011). Pesquisado em 20 de
setembro de 2012. Disponível em:
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atenção básica. Manual de Prevenção de Incapacidades. (2008). Pesquisado em
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século XX: o Olhar e a Voz do Paciente. São Paulo, 2011. Pesquisado em 20 de
setembro de 2012. Disponível em:
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as Américas, o Brasil e o Rio Grande do Sul e sua trajetória na saúde pública
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DE-HANSENIASE>.