2. ARGUMENTOARGUMENTO
• (...) razão, raciocínio que conduz à indução ou(...) razão, raciocínio que conduz à indução ou
dedução de algo;dedução de algo;
• prova que serve para afirmar ou negar um fato;prova que serve para afirmar ou negar um fato;
• recurso para convencer alguém, para alterar-lhe arecurso para convencer alguém, para alterar-lhe a
opinião ou o comportamentoopinião ou o comportamento (...)(...)
Fonte: Dicionário HouaissFonte: Dicionário Houaiss
Vem do latimVem do latim argumentumargumentum, onde a raiz, onde a raiz arguargu-- significasignifica
fazer brilharfazer brilhar,, iluminariluminar..
3. PROCESSO DE COMUNICAÇÃOPROCESSO DE COMUNICAÇÃO
EMISSOR RECEPTOR
Alguém que
fala/escreve
(1ª pessoa)
Alguém que
escuta/lê
(2ªpessoa)
MENSAGEM
(O diálogo, texto)
Traz uma idéia, visão de
mundo que o emissor quer
que o receptor faça ou
acredite.
5. ANÁLISE DE UM TEXTOANÁLISE DE UM TEXTO
ARGUMENTATIVOARGUMENTATIVO
Auditório: PARTICULARAuditório: PARTICULAR (leitores do jornal “A folha de São Paulo”)(leitores do jornal “A folha de São Paulo”)
Palavras chave:Palavras chave: imprensa e corrupçãoimprensa e corrupção..
Determinação do pressuposto:Determinação do pressuposto:
““A imprensa tem de ser mais séria ao denunciar osA imprensa tem de ser mais séria ao denunciar os
casos de corrupção”.casos de corrupção”.
6. Detecção dos ArgumentosDetecção dos Argumentos
Pressuposto inicial:Pressuposto inicial: Por que a imprensa não pode serPor que a imprensa não pode ser
leviana quando denuncia casosleviana quando denuncia casos
de corrupção?,de corrupção?,
1º parágrafo: Informação de como surgiu a história1º parágrafo: Informação de como surgiu a história
dasdas mil e uma noites.mil e uma noites.
““Era uma vez um sultão que descobriu que sua mulher o traía. Cortou-Era uma vez um sultão que descobriu que sua mulher o traía. Cortou-
lhe a cabeça. Triste e infeliz, dedicou o resto da vida à vingança. Todaslhe a cabeça. Triste e infeliz, dedicou o resto da vida à vingança. Todas
as noites, dormia com uma mulher diferente, que mandava matar noas noites, dormia com uma mulher diferente, que mandava matar no
dia seguinte. Sherazade, jovem princesa, se oferece para dormir com odia seguinte. Sherazade, jovem princesa, se oferece para dormir com o
cruel sultão. Caprichosa, garante que tem um plano infalível que acruel sultão. Caprichosa, garante que tem um plano infalível que a
livraria da morte. Assim aconteceu. Passa mil e uma noites com o rei,livraria da morte. Assim aconteceu. Passa mil e uma noites com o rei,
contando histórias de traições. O sultão enganado mudou seu destino.contando histórias de traições. O sultão enganado mudou seu destino.
Esquece da vingança, ouvindo muitos outros casos iguais ao seu.”Esquece da vingança, ouvindo muitos outros casos iguais ao seu.”
7. 2º parágrafo: Cosette pergunta o que teria acontecido
com o sultão.
“O que aconteceu com o sultão? Conformou-se, pois a traição faz parte da vida?
Sossegou ao saber que muitos outros também eram enganados? Perdeu a inveja
dos homens felizes? Ou simplesmente ficou entretido com as histórias de
Sherazade?”
3º parágrafo: Afirma que ninguém sabe o fim dele ou
de Sherazade.
“Não se sabe como termina a história. O rei voltou a acreditar nas mulheres ou
mandou matar Sherazade ao fim das mil e uma noites? Histórias emendadas
umas às outras distraem, divertem e não fazem pensar. Anestesiam. As histórias
têm certa magia”.
Os três primeiros parágrafos têm importância
fundamental na estruturação do texto, colaborando
de forma precisa para sua coerência.
8. 4º parágrafo: Vemos com clareza o assunto a ser
tratado – o descaso da imprensa nos casos de
corrupção.
“Tenho pensado sobre os inúmeros casos de corrupção contados por jornais e
revistas. Emendados uns aos outros, parecem histórias das mil e uma noites
brasileiras”.
5º parágrafo: Trata do papel da imprensa ao
denunciar os casos de corrupção.
“A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que dispõe a
democracia para combater a corrupção e saber o que acontece por trás dos
bastidores. O caso Watergate foi o resultado de exaustivas investigações dos
jornalistas do Washington Post. Coletaram dados levaram até o fim as suas
suspeitas e correram o risco de suas acusações. Não foram notícias baseadas em
diz-que-diz ou espalhadas nas páginas dos jornais por adversários políticos.
Notícias divulgadas sem investigação jornalística mais profunda acabam sendo
banalizadas”.
9. 6º parágrafo: com a alusão às mil e uma corrupções brasileiras
é que se cria um elo entre os três parágrafos introdutórios e o
tema do artigo.
“A sociedade precisa ter acesso a fatos que a convençam. A esperada e saudável
indignação não vão surgir com denúncias feitas sem provas. Histórias de
corrupção em cores, fotos cruéis, denúncias vazias levam a quê? Será que com
comédia e piadas é que se pretende apresentar fatos de tal relevância? Não há
lugar para tanto sense of humor em um país onde a miséria seja tão grande como a
nossa. Infelizmente, a hora não é para brincadeiras. Do contrário, as pessoas
esperarão os jornais e revistas apenas ansiosas para o próximo capítulo da novela
das mil uma corrupções brasileiras”.
7º parágrafo: As mesmas perguntas feitas em relação ao
sultão, Sherazade e às histórias contadas, ela as faz agora em
relação aos brasileiros, à imprensa (nossa Sherazade) e às
histórias de corrupção.
“O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar com a corrupção
pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que existem casos iguais em outros
países? Perder a admiração pelos homens honestos? Ou ficar simplesmente
entretidos com histórias de Sherazade?”
10. 8º parágrafo: Afirmação que serve de transição entre
o sétimo e o nono parágrafos. Constituído de uma só
frase, serve, ao mesmo tempo, de pausa e gancho
para a retomada do assunto.
“A corrupção não pode se tornar mais uma distração entre os brasileiros”.
9º parágrafo: A história de Sherazade entra como um
recurso de argumentação. A autora faz uma analogia
entre seu breve resumo de As mil e uma noites e o
papel da imprensa brasileira. Fecha, desta forma, o
artigo, retomando ao parágrafo inicial, dando
coerência ao seu texto argumentativo.
“Corrupção faz parte da natureza humana. Para controlar, a imprensa deve
apresentar a denúncia com o máximo possível de provas. Só assim a sociedade
pode reagir e a Justiça atuar. Os casos são contados muitas vezes apenas com
insinuações e sem fatos. Muitos são esquecidos e substituídos por outros mais
novos. Confundem as pessoas e levantam dúvidas sobre a veracidade da notícia.
Não há tempo para se perder em histórias de mil e uma noites”.
11. Retomemos a pergunta:
Por que a imprensa não pode ser leviana quando denuncia casos de
corrupção?
Teremos como resposta:
1 – A denúncia da imprensa é o instrumento mais
importante de que dispõe a democracia para combater a
corrupção e saber o que acontece por trás dos bastidores;
2 - a sociedade precisa ter acesso a fatos que convençam;
3 – A corrupção não pode se tornar mais uma distração
para brasileiros como acontece com as histórias contadas
em As mil e uma noites.
12. Recorrendo a uma conjunção conclusiva, fica mais fácil
ver como isso acontece:
1° argumento: A denúncia da imprensa é o instrumento mais importante de que
dispões a democracia para conhecer a corrupção e saber o que acontece por trás
dos bastidores,
Por isso a imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de
provas.
2° argumento: A sociedade precisa ter acesso a fatos que a convençam,
Por isso a imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de
provas.
3° argumento: A corrupção não pode se tornar mais uma distração para brasileiros
como acontece com as histórias contadas em As mil e uma noites,
Por isso a imprensa deve apresentar a denúncia com o máximo possível de
provas.
13. TIPOS DE ARGUMENTOTIPOS DE ARGUMENTO
1) Argumento Dedutivo:1) Argumento Dedutivo:
• Se todas as premissas são verdadeiras, aSe todas as premissas são verdadeiras, a
conclusão deve ser verdadeira.conclusão deve ser verdadeira.
• Toda a informação ou conteúdo factual daToda a informação ou conteúdo factual da
conclusão já estava, pelo menos implicitamente,conclusão já estava, pelo menos implicitamente,
nas premissas.nas premissas.
14. Ex: Por que a imprensa não pode ser leviana quando denunciaEx: Por que a imprensa não pode ser leviana quando denuncia
casos de corrupção?casos de corrupção?
R: A denúncia da imprensa é o instrumento maisR: A denúncia da imprensa é o instrumento mais
importante de que dispõe a democracia para combater aimportante de que dispõe a democracia para combater a
corrupção e saber o que acontece por trás doscorrupção e saber o que acontece por trás dos
bastidores;bastidores;
• R: A sociedade precisa ter acesso a fatos queR: A sociedade precisa ter acesso a fatos que
convençam;convençam;
• R: A corrupção não pode se tornar mais uma distraçãoR: A corrupção não pode se tornar mais uma distração
para brasileiros como acontece com as históriaspara brasileiros como acontece com as histórias
contadas emcontadas em As mil e uma noitesAs mil e uma noites..
15. 2) Argumento de Autoridade:2) Argumento de Autoridade:
• Citar autores renomados, autoridades num certoCitar autores renomados, autoridades num certo
domínio do saber.domínio do saber.
• Usar citações mostra que o falante conhece bemUsar citações mostra que o falante conhece bem
o assunto que está discutindo, porque já leu oo assunto que está discutindo, porque já leu o
que sobre este assunto já pensaram outrasque sobre este assunto já pensaram outras
pessoas.pessoas.
Ex: “Ex: “O caso Watergate foi o resultado de exaustivas investigações dos jornalistas doO caso Watergate foi o resultado de exaustivas investigações dos jornalistas do
Washington Post. Coletaram dados levaram até o fim as suas suspeitas e correram o riscoWashington Post. Coletaram dados levaram até o fim as suas suspeitas e correram o risco
de suas acusações. Não foram notícias baseadas em diz-que-diz ou espalhadas nas páginasde suas acusações. Não foram notícias baseadas em diz-que-diz ou espalhadas nas páginas
dos jornais por adversários políticos. Notícias divulgadas sem investigação jornalística maisdos jornais por adversários políticos. Notícias divulgadas sem investigação jornalística mais
profunda acabam sendo banalizadas”profunda acabam sendo banalizadas”
16. 3)3) Argumentos por Analogia:Argumentos por Analogia:
• Estabelecem uma semelhança entre dois casos eEstabelecem uma semelhança entre dois casos e
inferem da semelhança de certos atributos que os doisinferem da semelhança de certos atributos que os dois
casos serão também semelhantes noutro. A premissacasos serão também semelhantes noutro. A premissa
implícita é que serem semelhantes numas coisas implicaimplícita é que serem semelhantes numas coisas implica
que serão na outra.que serão na outra.
Ex: “Ex: “O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformarO que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar
com a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber quecom a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que
existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelosexistem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos
homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com históriashomens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias
de Sherazade?”de Sherazade?”
17. 3)3) Argumentos por Analogia:Argumentos por Analogia:
• Estabelecem uma semelhança entre dois casos eEstabelecem uma semelhança entre dois casos e
inferem da semelhança de certos atributos que os doisinferem da semelhança de certos atributos que os dois
casos serão também semelhantes noutro. A premissacasos serão também semelhantes noutro. A premissa
implícita é que serem semelhantes numas coisas implicaimplícita é que serem semelhantes numas coisas implica
que serão na outra.que serão na outra.
Ex: “Ex: “O que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformarO que vai acontecer com os brasileiros? Vão se conformar
com a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber quecom a corrupção pois faz parte da vida? Sossegar ao saber que
existem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelosexistem casos iguais em outros países? Perder a admiração pelos
homens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com históriashomens honestos? Ou ficar simplesmente entretidos com histórias
de Sherazade?”de Sherazade?”
18. 3)3) Argumentos por Valoração:Argumentos por Valoração:
• Verdades que são de consenso geral. É o argumento
que utiliza conceitos e idéias respeitados e considerados
inquestionáveis, aceitos universalmente.
• Temáticas que são representadas por esse tipo de
argumento: paz, harmonia, respeito, liberdade,direito
de ir e vir,coragem, bondade,etc.
Ex: “A denúncia da imprensa é o instrumento mais
importante de que dispõe a democracia para combater a
corrupção e saber o que acontece por trás dos
19. Figuras de RetóricaFiguras de Retórica
1) Antonamásia: “O caso Watergate foi resultado...”
2) Citação: “...investigações dos jornalistas do Washington Post.”
3) Prosopopéia: “História de corrupção em cores, fotos cruéis...”
4) Sinonímia: “Será que com comédias e piadas...”
5) Perífrase: “...a história de um país com 130 milhões de habitantes.”
Exemplos de figuras retiradas do texto:
20. 1)1) InvençãoInvenção (heuresis) – Uso do Conto “As mil e uma noite” e das(heuresis) – Uso do Conto “As mil e uma noite” e das
citações presentes no texto.citações presentes no texto.
2)2) DisposiçãoDisposição (taxis) – A autora optou por começar pelos argumentos(taxis) – A autora optou por começar pelos argumentos
“mais fracos” e terminar com os “mais fortes”.“mais fracos” e terminar com os “mais fortes”.
3)3) ElocuçãoElocução (lexis) – figuras de estilo presente no texto como a(lexis) – figuras de estilo presente no texto como a
comparação, que é a base do mesmo.comparação, que é a base do mesmo.
4)4) AçãoAção (hypocrisis) – Proferição do discurso com tudo o que ele pode(hypocrisis) – Proferição do discurso com tudo o que ele pode
implicar em termos de efeitos de voz, mímicas e gestos, como veremos aimplicar em termos de efeitos de voz, mímicas e gestos, como veremos a
seguir:seguir:
As Quatro Partes da Retórica
21. Exemplo de argumentação, o filme, que traz já noExemplo de argumentação, o filme, que traz já no
título a ironia como figura de linguagem,título a ironia como figura de linguagem,
agradecendo às pessoas por fumarem, apresenta –agradecendo às pessoas por fumarem, apresenta –
em níveis diferentes – a força do discurso.em níveis diferentes – a força do discurso.
““Obrigado por fumar”Obrigado por fumar”
(Thank You for Smoking)(Thank You for Smoking)
Ano de lançamento ( EUA ) : 2006Ano de lançamento ( EUA ) : 2006
Direção: Jason reitmanDireção: Jason reitman
22. Cena I
““Isso é negociar, não argumentar”Isso é negociar, não argumentar”
23. ““ Se argumentar corretamente, nunca estará errado”Se argumentar corretamente, nunca estará errado”
Cena II
25. • VIANA, Antonio Carlos; VALENÇA, Ana; CARDOSO, Denise;
MACHADO, Sônia Maria. Roteiro de redação; lendo e argumentando.
Universidade Federal de Sergipe, 1998.
• Extratos do texto “Discurso e argumentação” de Ingedore Villaça Koch.
BIBLIOGRAFIA