1. Encaminhados à Secretaria de
Serviços Públicos ficaram sem
resposta no segundo trimestre.
DOS CASOS
Ata de reunião do órgão aponta que departamento atua em condições precárias; diretor nega
Natan Dias
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
natan.dias@rac.com.br
Uma ata do Conselho Muni-
cipal de Meio Ambiente
(Comdema) publicado no
Diário Oficial da última
quarta-feira aponta que o
Departamento de Parques e
Jardins (DPJ) da Prefeitura
de Campinas agoniza, mer-
gulhado em problemas de
estrutura. Conselheiros rela-
tam que o departamento
não possui funcionários sufi-
cientes — faltam técnicos
responsáveis para a elabora-
ção de laudos e acompanha-
mento nos serviços de poda,
plantação e retirada de árvo-
res —, os equipamentos e
máquinas estão em mau es-
tado de conservação e não
há verba para reformulação
do órgão. No caso das podas
das árvores do Município,
por exemplo, há apenas dois
técnicos para acompanha-
mento. A cidade tem cerca
de 5 milhões de árvores.
O diretor Edson Roberto
Navarrete — o terceiro a as-
sumir o cargo este ano —,
no entanto, nega que a situa-
ção do departamento seja es-
sa. “O DPJ não está falido e
nunca vai estar. Pode ser
que uma outra área esteja
precária. O DPJ tem dificul-
dades, mas funciona de ven-
to em polpa. Mas é lógico
que poderia ser melhor”, dis-
se ele, que está no cargo há
duas semanas.
O departamento, além de
produzir mudas, cuida de 20
milhões de m² de áreas ver-
des da cidade, com mil fun-
cionários: são áreas de Prote-
ção Permanente (APP) e 23
parques e bosques (que pos-
suem juntos 3 milhões de
m²). Apesar do diagnóstico
feito pelo Condema, o novo
chefe do setor garante que a
quantidade de servidores es-
tá adequada para dar conta
de todos os serviços, que ten-
dem a aumentar com a che-
gada de novos empreendi-
mentos imobiliários.
Segundo a conselheira Ro-
seli Torres, bióloga e pesqui-
sadora do Instituto Agronô-
mico de Campinas (IAC), o
DPJ não cumpre sua função.
“Não há planejamento ou le-
vantamento das árvores do
Município, o viveiro que
eles têm não está funcionan-
do, faltam funcionários, má-
quinas e fiscalização. O de-
partamento está totalmente
inoperante”, afirmou. Ela
diz que a insistência por con-
tratação de mais técnicos e
para que seja seguida a Lei
de Arborização Urbana é an-
tiga. “É uma questão gravís-
sima, pois implica em efei-
tos no clima, enchentes
mais agudas e muitos outros
fatores. Não é só uma ques-
tão de arvorezinha e passari-
nho”, disse.
Do outro lado, Navarrete
contesta as afirmações do
conselho e afirma que hoje
há em torno de mil árvores
no viveiro da Prefeitura. “Ho-
je há mudas lá sim, mas é
preciso que essas árvores
maturem e cheguem a um
nível determinado por um
padrão para serem planta-
das”, afirmou. Segundo ele,
foram extraídas menos de
mil árvores este ano em
Campinas e plantadas cerca
de 15 mil.
“Mas é preciso ver em
que estado estão essas árvo-
res e que tipo elas são. Hoje
(anteontem) tivemos uma
reunião com o diretor e ele
acha que esse título (de setor
falido) não está correto, mas
está”, afirmou Tereza Pen-
teado, da Comissão Técnica
de Arborização (CTA) e da
ONG Resgate Cambuí. Ela
afirma que o DPJ não possui
equipamentos adequados
para a realização dos servi-
ços. “O serrote que eles
usam dá até pena. Está tudo
errado desde cima, da estru-
tura do departamento. Só
boa vontade não resolve”,
afirmou.
De acordo com Joaquim
Teotônio Cavalcanti Neto,
coordenador da CTA, a estru-
tura do DPJ é precária. “Não
é só deficitário. Basta ver a
situação dos nossos bosques
e praças. Há uma inoperân-
cia completa. Quando há
uma ação, ela é maligna, pre-
judica, pois não há especia-
listas para acompanhar os
trabalhos que são feitos. Há
apenas a boa vontade dos
funcionários”, disse.
Dados da Ouvidoria Geral
do Município publicados on-
tem no DO mostram que,
no segundo trimestre, dos
339 casos encaminhados pa-
ra a Secretaria de Serviços
Públicos, da qual o DPJ faz
parte, 165 (49%) ficaram
sem resposta. Foram 101 ca-
sos solucionados (30%).
Equipamentos
O departamento, informou
Navarrete, possui 40 cami-
nhões e 40 máquinas. Essa
quantidade, afirmou, é sufi-
ciente para suportar a de-
manda do Município, de
300 milhões de m² de área
urbana. “Hoje trabalhamos
no limite que o contrato per-
mite. Custa dinheiro para
comprar bancos, arrumar
iluminação e outras manu-
tenções, mas temos que pe-
dir que seja feita a compra e
feita uma licitação, se preci-
so”, disse.
Funcionários do órgão,
entretanto, reclamam. A
quantidade de serviços, se-
gundo eles, é muito grande.
“Seria bom que contratas-
sem mais gente, porque o
número que tem hoje não
dá conta. Principalmente na
época em que começam a
cair as árvores. Não dá mes-
mo”, contou um funcioná-
rio, que preferiu não se iden-
tificar. “Às vezes falta equi-
pamento sim. Um serrote,
cordas, luvas... esse tipo de
material que a gente tem de
usar sempre. Aí o pessoal
tem que ficar correndo
atrás. Nem sempre é de qua-
lidade, mas a gente faz o
que pode”, relatou outro ser-
vidor.
Tereza ainda disse que o
problema existe na falta de
especialistas para emissão
de laudos e acompanhamen-
to dos trabalhos de poda rea-
lizados na cidade. “Não tem
laudo para várias podas por-
que não tem técnico para
acompanhar”, disse. Segun-
do o diretor do DPJ, há cer-
ca de 50 funcionários aptos
a emitir laudos devido à “ex-
periência adquirida”. “Eles
não têm formação na área
específica, mas têm expe-
riência e sabem distinguir
os problemas de uma árvo-
re.”
Ontem, o DPJ estava sem
os dois especialistas: o enge-
nheiro agrônomo, de férias,
e o técnico responsável, de
licença, por motivos pes-
soais.
Fabiana Buzzo
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
fabiana.buzzo@rac.com.br
O sistema de rastreamento de
um Honda Fit roubado em
Campinas levou a Polícia Mili-
tar de Hortolândia a estourar,
na tarde de ontem, um des-
manche de carros na Rua Ota-
viano Figueiredo Breda, no
Jardim São Sebastião. Na fa-
chada do prédio funcionava
um lava-rápido que havia si-
do inaugurado há cerca de
uma semana. No local, foram
encontradas dezenas de car-
ros picados. A suspeita da po-
lícia é de que o prédio era usa-
do pelos bandidos para o des-
manche há cerca de dois me-
ses e que eram picados no lo-
cal todos os dias uma média
de 10 veículos roubados na re-
gião de Campinas.
Em um dos barracões foi
montado uma espécie de
quarto com isolamento acús-
tico, onde os veículos eram
desmontados para não cha-
mar a atenção dos vizinhos.
Jhonatan Fernando de Souza,
de 19 anos, Valber Simões
Borges, de 19, e Ademir Doni-
zete Faria, de 31, foram pre-
sos em flagrante por recepta-
ção e formação de quadrilha.
Um adolescente de 15 anos
que trabalhava no lava-rápi-
do também foi detido e libera-
do na delegacia.
O carro roubado anteon-
tem em Campinas já estava
completamente cortado
quando foi localizado. Ape-
nas a parte de baixo e algu-
mas peças do motor continua-
vam no lugar. A organização
do local era tanta que as pe-
ças estavam amontoadas em
grupos, como peças de motor
e partes da lataria. Segundo a
PM, todos eram carros novos.
O dono do desmanche não
foi encontrado. No local tam-
bém foi apreendido um cader-
no com anotações da movi-
mentação do desmanche.
Segundo a polícia, o pré-
dio foi alugado há cerca de
dois meses. Ele fica no en-
troncamento de duas ruas,
com uma saída onde fun-
cionava o lava-rápido de fa-
chada e a outra onde fica-
vam dois barracões, onde
eram desmontados os car-
ros. Uma escada fazia a liga-
ção entre os dois prédios.
A PM foi acionada pela
empresa que fazia o rastrea-
mento do carro. Assim que
chegaram na entrada dos
barracões, um dos homens
viu o policial e todos corre-
ram. Eles chegaram a pular
muros de algumas casas,
mas foram detidos por
uma viatura que fazia o cer-
co. Souza e Borges disse-
ram que haviam começado
a trabalhar no local ontem.
Faria e o adolescente alega-
ram que trabalhavam ape-
nas no lava-rápido.
O caso foi encaminhado
para o 2º Distrito Policial
de Hortolândia. A polícia
agora investiga quem é o
dono do desmanche e ou-
tros integrantes da quadri-
lha.
Rota prende mulher
acusada de chefiar
tráfico internacional
O NÚMERO
PM estoura desmanche de carros
Comdema acusa ‘falência’ no DPJ
49%
César Rodrigues/AAN
Michele da Silva, a Ninja, também
alugava armas para quadrilhas
Carlos Sousa Ramos/AAN
Fabiana Buzzo/AAN
CRIME ||| ORGANIZADO
Lava-rápido servia de fachada para quadrilha no Jd. São Sebastião, em Hortolândia
Policiais da Ronda Ostensiva
Tobias Aguiar (Rota) prende-
ram ontem Michele Maria da
Silva, de 30 anos, a Ninja, acu-
sada de chefiar uma quadri-
lha de tráfico de drogas com
ramificação no Paraguai e
também de locação de armas
e fuzis. Ela foi presa numa
chácara na Rua Antonio
Schiavon, no bairro Chácaras
Três Marias, em Campinas.
Na casa dela foram encon-
trados sete tijolos de maco-
nha escondidos dentro de
um saco de pancada. Outros
sete tijolos da droga estavam
em um cofre adaptado sob o
banco do motorista de um
Vectra usado por Michele. Se-
gundo a polícia, para abrir o
cofre era preciso uma sequên-
cia de comandos: ligar o veí-
culo, engatar a marcha ré e
colocar a alavanca da seta no
intermediário.
Também foi encontrado
na casa um notebook com to-
da a contabilidade do tráfico.
A ação da Rota em Campinas
foi feita em conjunto com ou-
tra operação em Itapecerica
da Serra, em que foram
apreendidos pelos policiais
10 fuzis, quatro pistolas, 23
carregadores de fuzis, 2,6 mil
munições para fuzis e outras
300 para pistolas. Uma mu-
lher e dois homens que esta-
vam na casa foram presos. Os
policiais chegaram até o es-
quema por meio de denúncia
anônima.
Michele alugava as armas
para quadrilhas que faziam
assaltos a bancos, caixas ele-
trônicos e a grande empresas.
A mulher também agenciava
e coordenava a entrada de ce-
lulares em cadeias. Na casa fo-
ram apreendidos pela polícia
manuais com instruções so-
bre em que tipo de material
enrolar os aparelhos, para
não serem detectados pelos
aparelhos de raio X das pri-
sões, e também sobre onde
escondê-los. (FB/AAN)
SERVIÇO PÚBLICO ||| CRÍTICAS
Funcionários do DPJ podam árvore na Rua Antonio Alvares Lobo, no Botafogo: falta de equipamento adequado prejudica os serviços
Edson Navarrete é o terceiro a assumir o cargo de diretor do DPJ este ano
Policial observa a quantidade de peças encontradas no barracão
Segundo o conselho,
faltam funcionários
e equipamentos
ROUBO ||| PRISÃO
A8 CORREIO POPULAR CIDADES
Campinas, sábado, 3 de setembro de 2011