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IV Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
O HOMEM DA MULTIDÃO: DISCUSSÕES SOBRE SOCIOLOGIA E
COMUNICAÇÃO NO CONTO DE EDGAR ALLAN POE
Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha1
Tiago Coutinho Parente2
Francisco das Chagas Alexandre Nunes de Sousa3
1. Introdução:
O presente estudo é um trabalho realizado como fruto das investigações e discussões
das reuniões do Grupo de Estudo de Sociologia e Teoria da Comunicação I, do qual faço parte
como bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIB).
O objetivo é demonstrar algumas indagações que giram em torno da Sociologia (a
sociedade, o fato social/relações sociais, o agir coletivo) e da Teoria da Comunicação (o
homem/sociedade/psicologia de massa) existentes no conto de Edgar Allan Poe, O Homem da
Multidão.
Por meio deste conto, pode-se investigar, problematizar e avaliar o ser humano, nos
termos acima citados a partir de sua relação de pertença dos grupos sociais. Analisaremos
como ocorre essa interação humana, o que se busca conseguir com a inserção grupal e o que
se perde nesse processo em que o indivíduo fará de tudo para compor um grupo social, que
venha a atender a suas necessidades.
2. Metodologia/Resultados:
Esta pesquisa, de caráter bibliográfica e teórica, faz uma análise do conto citado a
partir da seleção de livros, artigos e resenhas pesquisados ao longo da monitoria. A partir
deste suporte teórico, lança-se proposições e questionamentos de como é possível perceber
análises sociológicas e comunicações na ficção de Edgar Allan Poe.
Vale ressaltar que Poe foi um dos representantes do Movimento Romântico nos EUA,
responsável por inaugurar um gênero conhecido como romance policial através da obra
intitulada de Os Crimes da Rua Morgue. Imortalizou o seu nome no cenário da Literatura
Universal com a publicação do poema O Corvo e trabalhou em grandes jornais e revistas.
O conto O Homem da Multidão, escrito em 1840, cujo título original é The man of the
crowd, foi publicado pela primeira vez, em Boston, no jornal americano Saturday Evening. A
história se passa numa tarde de outubro em Londres, quando um senhor, que fora tratar de sua
enfermidade, deixa de atentar as notícias de um jornal e passa a observar a rua e as pessoas
1
Graduando do Curso de Comunicação Social e Monitora da Disciplinas de Sociologia e Teoria da
Comunicação I– Universidade Federal do Ceará– Juazeiro do Norte–CE.
franciscaraquel29@hotmail.com
2
Mestre em Socilogia pela Universidade Federal do Ceará- UFC
Universidade Federal do Ceará– Juazeiro do Norte–CE.
tiagocoutinho@cariri.ufc.br
3
Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará- UECE
Universidade Federal do Ceará– Juazeiro do Norte–CE.
alexandrenunes@cariri.ufc.br
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que lá transitam. Foca-se no que acontece fora de seu campo de vista (o Café D) e volta seu
olhar para os diferentes tipos humanos, como se fosse transportado à outra realidade, como se
estivesse vendo um filme, passando a contemplar a cena exterior.
Percebe e identifica, então, pequenos detalhes físicos, postura, modos de falar,
vestimentas, a variedade existente entre aqueles transeuntes de classes sociais e tipos de
profissão diferentes da dele. Observa detalhes que ajudam a construir certas particularidades
inerentes àquelas diferentes pessoas que se cruzavam na rua, pessoas que se destacavam da
multidão, o que revela o olhar de um homem sob os diferentes aspectos da sociedade.
Dentre aquelas pessoas, um velho se sobressai da maioria. Trazia em si, um ar de
mistério capaz de despertar a curiosidade do observador, pois não conseguia identificar a que
grupo social o idoso pertencia. O narrador passa a segui–lo. O homem estranho repete o
mesmo trajeto várias vezes, tentando encontrar um lugar ou um grupo ao qual pertença, mas
não consegue. Ao final, o narrador conclui:
“Este velho”, disse comigo, por fim, é o tipo e o gênio do crime profundo.
Recusa-se a estar só. É o homem da multidão. Será escusado a segui-lo: nada
mais saberei a seu respeito ou a respeito dos seus atos. O mais cruel coração
do mundo é o livro mais grosso que o Hortulus animae, e talvez seja uma
das mercês de Deus que “es lässt sich nich lesn”. (POE, 2008, p. 267)
O conto aborda assuntos discutidos na disciplina de Sociologia. A coletividade rege a
nossa vida social e a interação da sociedade dá origem à vida material. O narrador do conto
observa a vida coletiva e isso se assemelha com a faceta do fato social, objeto de estudo do
sociólogo Durkheim, definido como:
As maneiras de fazer ou pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem
susceptíveis de exercer uma influência coerciva sobre as consciências
particulares [...] Um pensamento comum a todas as consciências particulares
ou um movimento repetido por todos os indivíduos, não é por isso um fato
social [...] O que os constitui são as crenças, as tendências, as práticas do
grupo tomada coletivamente. (DURKHEIM, 2001, p. 24 e 35)
A partir dos estudos de Durkheim, a sociedade vem a ser além do que vários
indivíduos agrupados, pois as nossas ações e suas manifestações, sentimentos constituem o
que de fato somos e consequentemente é o ingrediente chave do que chamamos de sociedade.
No conto de Poe, motivados por diferentes razões, cada personagem quer ser inserido na
multidão, quer ter um vínculo social. É importante destacar a questão das consciências
existentes nos grupos sociais:
Possuímos duas consciências: uma é comum com todo o nosso grupo e [...]
representa [...] a sociedade agindo e vivendo em nós. A outra [...] só nos
representa no que temos de pessoal e distinto, nisso que faz de nós indivíduo
[...], o seu conjunto forma o ser social. E, na medida em que o indivíduo
participa da vida social, supera a si mesmo (QUINTANEIRO, 2010, p. 76 e
77).
Todos os membros dos grupos são atraídos por algo em comum manifestado naquela
massa. Max Weber diz que muitas pessoas imitam ou são influenciadas/condicionadas a
seguir certos padrões transmitidos por uma massa/multidão. Os estudos de Weber voltam-se
ao agir coletivo/relações sociais. A conduta dos indivíduos formam a relação social.
(QUINTANERO, 2010, p. 117)
Weber explica que existe tipos de dominações na vida coletiva, sendo elas, fatores de
definição dos “conteúdos das relações sociais”. Logo, a dominação é instrumento de coesão,
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importante na manutenção das relações entre os indivíduos, refletindo na própria sociedade.
(QUINTANEIRO, 2010, p. 129 e 130).
No conto, a dominação está presente na ideia do indivíduo ter a necessidade de
pertencer a um grupo social para ser reconhecido na sociedade, para fazer valer suas
necessidades. E cada grupo vai atrair de maneiras diferentes, aquele ser que anseia por fazer
parte da sociedade.
Por não se enquadrar nos padrões que identificavam os indivíduos através do olhar
atento do protagonista do conto, o velho torna-se um problema. O senhor apenas repetia os
mesmos trajetos, tentando encontrar um lugar ou um grupo ao qual pertencesse, sempre
procurando nas grandes multidões.
A postura do narrador e do velho se encaixa na definição de flâneur, e a rua é o palco
do grande espetáculo da vida social. O flâneur é uma espécie de andarilho com um olhar mais
atento para as coisas e pessoas ao seu redor, dotado de uma maior sensibilidade no que diz
respeito a captação de coisas, pessoas, fatos que passavam despercebidos às pessoas comuns,
mas que, de certa forma, parece ser realçadas e destacadas na visão do protagonista.
Podemos comparar o escritor Poe como um flâneur, já que ele soube extrair de suas
observações cotidianas, vários aspectos inerentes em suas obras. O flâneur é o próprio
narrador do conto quando desperta para atentar-se a clamante realidade ao seu redor. É o
próprio velho que anda pelas ruas em busca de encontrar um grupo ao qual pertença ou
apenas sentir parte de um todo já existente.
Na definição de Baudelaire4
, flâneur tem na multidão o seu universo.
Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo
fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugido e no
infinito. Estar fora de casa, e contudo sentir–se em casa onde quer que se
encontre; ver o mundo, estar no cento do mundo e permanecer oculto no
mundo [...] Assim o apaixonado pela vida universal entra na multidão como
se isso lhe aparecesse como um reservatório de eletricidade.
(BAUDELAIRE, 1996, p. 18 e 22)
A rua é o palco de grandes acontecimentos, por onde transita a multidão, os diversos
grupos e sub-grupos humanos. É o coração pulsante de todo flâneur que se preze, é a bússola
daqueles que observam a vida e as pessoas. Ela é o ponto de partida da jornada do velho em
busca de se adequar em um grupo específico, enquanto o narrador apenas tenta decifrar o
indecifrável: o ser humano, ou seja, vem a afirmar o final do conto 'es lässt sich nich lesn',
ninguém pode ler e nem entender o ser humano, muito menos a multidão.
Edgar Allan Poe antecipa discussões sobre a sociedade de massa, assunto abordado
nas Teorias da Comunicação. Em decorrência das transformações oriundas com o processo da
industrialização, houve um grande deslocamento de pessoas para as grandes cidades que
surgiam. As relações entre as pessoas sofreram modificações, pois, com a aglomeração nas
cidades, ficou impossível as pessoas manterem um relacionamento mais íntimo, de
conhecimento entre elas mesmas, ou seja, as relações sociais que existiam, também mudaram
drasticamente. O ser humano não tem tempo para estreitar laços sociais, não tem tempo nem
para se conhecer melhor, muito menos ter tempo para se permitir conhecer os outros.
Quando se fala em “Homem–Massa”, estamos nos referindo ao termo originado no
século XIX, no qual “três princípios fizeram possível esse novo mundo: a democracia liberal,
a experimentação científica e o industrialismo”. (ORTEGA Y GASSET, 2007, p.87)
O filósofo espanhol Ortega Y Gasset entende a sociedade de massa semelhante à
4
Charles–Pierre Baudelaire foi um escritor francês, autor do livro As flores do Mal, publicado em 1857. Ícone
do século XX, Baudelaire “influencia a poesia mundial” com a tendência Simbolista. Vale ressaltar que ele foi
tradutor da biografia e das obras de Edgar Allan Poe na França.
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expansão das cidades. Seus moradores se aglomeram em multidões.
O conceito de multidão é quantitativo e visual. Se o traduzimos para a
terminologia sociológica, sem alterá-lo, encontraremos a ideia de massa
social. A sociedade é sempre uma unidade dinâmica de dois fatores:
minorias e massas. As minorias são os indivíduos ou grupos de indivíduos
especialmente qualificados. A massa é o conjunto de pessoas não
especialmente qualificados. [...] A massa pode definir-se como fator
psicológico, sem necessidade de esperar o aparecimento dos indivíduos em
aglomeração. (ORTEGA Y GASSET, 2007, p. 44 e 45)
Relacionando as discussões apontadas até agora, evidencia–se que o velho no conto de
Poe é o retrato fiel do “homem–massa” e que segundo Oliveira (2003, p. 07):
O homem das multidões de Poe era um homem–massa, incapaz de estar só,
mas também incapaz de criar relacionamentos profundos. Sua única
aspiração era ser aceito pelo grupo, mesmo que para isso precisasse
sacrificar sua identidade. Poe o abandona dizendo que nada adiantaria
continuar a segui–lo, pois tudo que se poderia saber dele já se sabe.
3. Conclusão
Com este trabalho, as pessoas têm noção de algumas discussões que dizem respeito
aos campos da Sociologia e da Teoria da Comunicação, baseando–se no conto de Poe, O
homem da Multidão.
As passagens do conto servem para reafirmar as questões apontadas neste trabalho,
nos instigando a refletir sobre o homem, o fato social, a multidão, a mente coletiva,
individual, as relações sociais, os meios, ou seja, o papel de cada um na constituição da
sociedade e de suas relações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade. São Paulo, SP. Editora Paz e Terra, 1996.
Biografia de Charles Baudelaire. Disponível em
http://www.spectumgothic.com.br/literatura/autores/baudelaire.html. Acessado em 21 de
outubro de 2012.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo, SP: Editora Martin Claet
LTDA, 2011.
MENDES, Oscar (Org). Edgar Allan Poe– Ficção Completa, Poesias e Ensaios. Rio de
Janeiro: Editora Nova Aguiar, 1997.
MENEZES, Marco Antonio. O poeta Baudelaire e suas máscaras: boêmio, dândi e flâneur.
Revista fato e Versões. Nº 1, vol. 1, p. 64–81, 2009. Disponível em:
http://200.233.146.122:81/revistadigital/index.php/fatoeversoes/.../76/69. Acessado em 14 de
outubro de 2012.
OLIVEIRA, Ivan Carlo Andrade de. Teorias da Comunicação. Virtual Books Online M e M
Editores LTDA. Pará de Minas, MG, 2003. Disponível em
Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri
IV Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012
http://www.4shared.com/rar/8qavqbon/Ivan_Carlo_Andrade_de_Oliveira.html. Acessado em
14 de outubro de 2012.
ORTEGA Y GASSET, José. A Rebelião das Massas. Tradução: Marylene Pinto Michael, 3ª
edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009.
POE, Edgar Allan. Histórias Extraordinárias. Seleção, apresentação e tradução: José Paulo
Paes. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2008.
QUINTANEIRO, Tânia, Maria Lídia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardênia Monteiro de
Oliveira. Um toque de clássicos. 2ª edição revista e atualizada. Belo Horizonte, MG: Editora
UFMG, 2010.

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O Homem da Multidão: discussões sobre sociologia e comunicação no conto de Edgar Allan Poe

  • 1. Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri IV Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012 O HOMEM DA MULTIDÃO: DISCUSSÕES SOBRE SOCIOLOGIA E COMUNICAÇÃO NO CONTO DE EDGAR ALLAN POE Francisca Raquel Queiroz Alves Rocha1 Tiago Coutinho Parente2 Francisco das Chagas Alexandre Nunes de Sousa3 1. Introdução: O presente estudo é um trabalho realizado como fruto das investigações e discussões das reuniões do Grupo de Estudo de Sociologia e Teoria da Comunicação I, do qual faço parte como bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIB). O objetivo é demonstrar algumas indagações que giram em torno da Sociologia (a sociedade, o fato social/relações sociais, o agir coletivo) e da Teoria da Comunicação (o homem/sociedade/psicologia de massa) existentes no conto de Edgar Allan Poe, O Homem da Multidão. Por meio deste conto, pode-se investigar, problematizar e avaliar o ser humano, nos termos acima citados a partir de sua relação de pertença dos grupos sociais. Analisaremos como ocorre essa interação humana, o que se busca conseguir com a inserção grupal e o que se perde nesse processo em que o indivíduo fará de tudo para compor um grupo social, que venha a atender a suas necessidades. 2. Metodologia/Resultados: Esta pesquisa, de caráter bibliográfica e teórica, faz uma análise do conto citado a partir da seleção de livros, artigos e resenhas pesquisados ao longo da monitoria. A partir deste suporte teórico, lança-se proposições e questionamentos de como é possível perceber análises sociológicas e comunicações na ficção de Edgar Allan Poe. Vale ressaltar que Poe foi um dos representantes do Movimento Romântico nos EUA, responsável por inaugurar um gênero conhecido como romance policial através da obra intitulada de Os Crimes da Rua Morgue. Imortalizou o seu nome no cenário da Literatura Universal com a publicação do poema O Corvo e trabalhou em grandes jornais e revistas. O conto O Homem da Multidão, escrito em 1840, cujo título original é The man of the crowd, foi publicado pela primeira vez, em Boston, no jornal americano Saturday Evening. A história se passa numa tarde de outubro em Londres, quando um senhor, que fora tratar de sua enfermidade, deixa de atentar as notícias de um jornal e passa a observar a rua e as pessoas 1 Graduando do Curso de Comunicação Social e Monitora da Disciplinas de Sociologia e Teoria da Comunicação I– Universidade Federal do Ceará– Juazeiro do Norte–CE. franciscaraquel29@hotmail.com 2 Mestre em Socilogia pela Universidade Federal do Ceará- UFC Universidade Federal do Ceará– Juazeiro do Norte–CE. tiagocoutinho@cariri.ufc.br 3 Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará- UECE Universidade Federal do Ceará– Juazeiro do Norte–CE. alexandrenunes@cariri.ufc.br
  • 2. Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri IV Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012 que lá transitam. Foca-se no que acontece fora de seu campo de vista (o Café D) e volta seu olhar para os diferentes tipos humanos, como se fosse transportado à outra realidade, como se estivesse vendo um filme, passando a contemplar a cena exterior. Percebe e identifica, então, pequenos detalhes físicos, postura, modos de falar, vestimentas, a variedade existente entre aqueles transeuntes de classes sociais e tipos de profissão diferentes da dele. Observa detalhes que ajudam a construir certas particularidades inerentes àquelas diferentes pessoas que se cruzavam na rua, pessoas que se destacavam da multidão, o que revela o olhar de um homem sob os diferentes aspectos da sociedade. Dentre aquelas pessoas, um velho se sobressai da maioria. Trazia em si, um ar de mistério capaz de despertar a curiosidade do observador, pois não conseguia identificar a que grupo social o idoso pertencia. O narrador passa a segui–lo. O homem estranho repete o mesmo trajeto várias vezes, tentando encontrar um lugar ou um grupo ao qual pertença, mas não consegue. Ao final, o narrador conclui: “Este velho”, disse comigo, por fim, é o tipo e o gênio do crime profundo. Recusa-se a estar só. É o homem da multidão. Será escusado a segui-lo: nada mais saberei a seu respeito ou a respeito dos seus atos. O mais cruel coração do mundo é o livro mais grosso que o Hortulus animae, e talvez seja uma das mercês de Deus que “es lässt sich nich lesn”. (POE, 2008, p. 267) O conto aborda assuntos discutidos na disciplina de Sociologia. A coletividade rege a nossa vida social e a interação da sociedade dá origem à vida material. O narrador do conto observa a vida coletiva e isso se assemelha com a faceta do fato social, objeto de estudo do sociólogo Durkheim, definido como: As maneiras de fazer ou pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem susceptíveis de exercer uma influência coerciva sobre as consciências particulares [...] Um pensamento comum a todas as consciências particulares ou um movimento repetido por todos os indivíduos, não é por isso um fato social [...] O que os constitui são as crenças, as tendências, as práticas do grupo tomada coletivamente. (DURKHEIM, 2001, p. 24 e 35) A partir dos estudos de Durkheim, a sociedade vem a ser além do que vários indivíduos agrupados, pois as nossas ações e suas manifestações, sentimentos constituem o que de fato somos e consequentemente é o ingrediente chave do que chamamos de sociedade. No conto de Poe, motivados por diferentes razões, cada personagem quer ser inserido na multidão, quer ter um vínculo social. É importante destacar a questão das consciências existentes nos grupos sociais: Possuímos duas consciências: uma é comum com todo o nosso grupo e [...] representa [...] a sociedade agindo e vivendo em nós. A outra [...] só nos representa no que temos de pessoal e distinto, nisso que faz de nós indivíduo [...], o seu conjunto forma o ser social. E, na medida em que o indivíduo participa da vida social, supera a si mesmo (QUINTANEIRO, 2010, p. 76 e 77). Todos os membros dos grupos são atraídos por algo em comum manifestado naquela massa. Max Weber diz que muitas pessoas imitam ou são influenciadas/condicionadas a seguir certos padrões transmitidos por uma massa/multidão. Os estudos de Weber voltam-se ao agir coletivo/relações sociais. A conduta dos indivíduos formam a relação social. (QUINTANERO, 2010, p. 117) Weber explica que existe tipos de dominações na vida coletiva, sendo elas, fatores de definição dos “conteúdos das relações sociais”. Logo, a dominação é instrumento de coesão,
  • 3. Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri IV Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012 importante na manutenção das relações entre os indivíduos, refletindo na própria sociedade. (QUINTANEIRO, 2010, p. 129 e 130). No conto, a dominação está presente na ideia do indivíduo ter a necessidade de pertencer a um grupo social para ser reconhecido na sociedade, para fazer valer suas necessidades. E cada grupo vai atrair de maneiras diferentes, aquele ser que anseia por fazer parte da sociedade. Por não se enquadrar nos padrões que identificavam os indivíduos através do olhar atento do protagonista do conto, o velho torna-se um problema. O senhor apenas repetia os mesmos trajetos, tentando encontrar um lugar ou um grupo ao qual pertencesse, sempre procurando nas grandes multidões. A postura do narrador e do velho se encaixa na definição de flâneur, e a rua é o palco do grande espetáculo da vida social. O flâneur é uma espécie de andarilho com um olhar mais atento para as coisas e pessoas ao seu redor, dotado de uma maior sensibilidade no que diz respeito a captação de coisas, pessoas, fatos que passavam despercebidos às pessoas comuns, mas que, de certa forma, parece ser realçadas e destacadas na visão do protagonista. Podemos comparar o escritor Poe como um flâneur, já que ele soube extrair de suas observações cotidianas, vários aspectos inerentes em suas obras. O flâneur é o próprio narrador do conto quando desperta para atentar-se a clamante realidade ao seu redor. É o próprio velho que anda pelas ruas em busca de encontrar um grupo ao qual pertença ou apenas sentir parte de um todo já existente. Na definição de Baudelaire4 , flâneur tem na multidão o seu universo. Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugido e no infinito. Estar fora de casa, e contudo sentir–se em casa onde quer que se encontre; ver o mundo, estar no cento do mundo e permanecer oculto no mundo [...] Assim o apaixonado pela vida universal entra na multidão como se isso lhe aparecesse como um reservatório de eletricidade. (BAUDELAIRE, 1996, p. 18 e 22) A rua é o palco de grandes acontecimentos, por onde transita a multidão, os diversos grupos e sub-grupos humanos. É o coração pulsante de todo flâneur que se preze, é a bússola daqueles que observam a vida e as pessoas. Ela é o ponto de partida da jornada do velho em busca de se adequar em um grupo específico, enquanto o narrador apenas tenta decifrar o indecifrável: o ser humano, ou seja, vem a afirmar o final do conto 'es lässt sich nich lesn', ninguém pode ler e nem entender o ser humano, muito menos a multidão. Edgar Allan Poe antecipa discussões sobre a sociedade de massa, assunto abordado nas Teorias da Comunicação. Em decorrência das transformações oriundas com o processo da industrialização, houve um grande deslocamento de pessoas para as grandes cidades que surgiam. As relações entre as pessoas sofreram modificações, pois, com a aglomeração nas cidades, ficou impossível as pessoas manterem um relacionamento mais íntimo, de conhecimento entre elas mesmas, ou seja, as relações sociais que existiam, também mudaram drasticamente. O ser humano não tem tempo para estreitar laços sociais, não tem tempo nem para se conhecer melhor, muito menos ter tempo para se permitir conhecer os outros. Quando se fala em “Homem–Massa”, estamos nos referindo ao termo originado no século XIX, no qual “três princípios fizeram possível esse novo mundo: a democracia liberal, a experimentação científica e o industrialismo”. (ORTEGA Y GASSET, 2007, p.87) O filósofo espanhol Ortega Y Gasset entende a sociedade de massa semelhante à 4 Charles–Pierre Baudelaire foi um escritor francês, autor do livro As flores do Mal, publicado em 1857. Ícone do século XX, Baudelaire “influencia a poesia mundial” com a tendência Simbolista. Vale ressaltar que ele foi tradutor da biografia e das obras de Edgar Allan Poe na França.
  • 4. Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri IV Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012 expansão das cidades. Seus moradores se aglomeram em multidões. O conceito de multidão é quantitativo e visual. Se o traduzimos para a terminologia sociológica, sem alterá-lo, encontraremos a ideia de massa social. A sociedade é sempre uma unidade dinâmica de dois fatores: minorias e massas. As minorias são os indivíduos ou grupos de indivíduos especialmente qualificados. A massa é o conjunto de pessoas não especialmente qualificados. [...] A massa pode definir-se como fator psicológico, sem necessidade de esperar o aparecimento dos indivíduos em aglomeração. (ORTEGA Y GASSET, 2007, p. 44 e 45) Relacionando as discussões apontadas até agora, evidencia–se que o velho no conto de Poe é o retrato fiel do “homem–massa” e que segundo Oliveira (2003, p. 07): O homem das multidões de Poe era um homem–massa, incapaz de estar só, mas também incapaz de criar relacionamentos profundos. Sua única aspiração era ser aceito pelo grupo, mesmo que para isso precisasse sacrificar sua identidade. Poe o abandona dizendo que nada adiantaria continuar a segui–lo, pois tudo que se poderia saber dele já se sabe. 3. Conclusão Com este trabalho, as pessoas têm noção de algumas discussões que dizem respeito aos campos da Sociologia e da Teoria da Comunicação, baseando–se no conto de Poe, O homem da Multidão. As passagens do conto servem para reafirmar as questões apontadas neste trabalho, nos instigando a refletir sobre o homem, o fato social, a multidão, a mente coletiva, individual, as relações sociais, os meios, ou seja, o papel de cada um na constituição da sociedade e de suas relações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BAUDELAIRE, Charles. Sobre a Modernidade. São Paulo, SP. Editora Paz e Terra, 1996. Biografia de Charles Baudelaire. Disponível em http://www.spectumgothic.com.br/literatura/autores/baudelaire.html. Acessado em 21 de outubro de 2012. DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo, SP: Editora Martin Claet LTDA, 2011. MENDES, Oscar (Org). Edgar Allan Poe– Ficção Completa, Poesias e Ensaios. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguiar, 1997. MENEZES, Marco Antonio. O poeta Baudelaire e suas máscaras: boêmio, dândi e flâneur. Revista fato e Versões. Nº 1, vol. 1, p. 64–81, 2009. Disponível em: http://200.233.146.122:81/revistadigital/index.php/fatoeversoes/.../76/69. Acessado em 14 de outubro de 2012. OLIVEIRA, Ivan Carlo Andrade de. Teorias da Comunicação. Virtual Books Online M e M Editores LTDA. Pará de Minas, MG, 2003. Disponível em
  • 5. Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri IV Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012 http://www.4shared.com/rar/8qavqbon/Ivan_Carlo_Andrade_de_Oliveira.html. Acessado em 14 de outubro de 2012. ORTEGA Y GASSET, José. A Rebelião das Massas. Tradução: Marylene Pinto Michael, 3ª edição. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009. POE, Edgar Allan. Histórias Extraordinárias. Seleção, apresentação e tradução: José Paulo Paes. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2008. QUINTANEIRO, Tânia, Maria Lídia de Oliveira Barbosa e Márcia Gardênia Monteiro de Oliveira. Um toque de clássicos. 2ª edição revista e atualizada. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 2010.