O documento discute o conceito de "politicamente correto" e apresenta diferentes perspectivas sobre o tema. Alguns defendem que o politicamente correto visa evitar ofensas, enquanto outros o veem como censura ou ditadura ideológica. Há também quem critique o uso de eufemismos e a tentativa de policiar a linguagem.
ufcd_9649_Educação Inclusiva e Necessidades Educativas Especificas_índice.pdf
Folheto5 politicamente incorreto_prova
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PROPOSTA DE REDAÇÃO
Tomando como base os textos abaixo, redija uma dissertação em prosa, expondo seu ponto de vista sobre a
imposição do "politicamente correto" na sociedade contemporânea. Dê um título à sua redação.
O politicamente correto (ou correção política) se refere a uma suposta política que consiste em tornar a
linguagem neutra em termos de discriminação e evitar que possa ser ofensiva para certas pessoas ou grupos sociais,
como a linguagem e o imaginário racista ou sexista.
pt.wikipedia.org/wiki/Politicamente_correto
Nos Estados Unidos o "politicamente correto" se espraiou de tal modo e se ampliou de tal maneira que logo
provocou a reação — às vezes correta — dos mais conservadores. Alguns conservadores mais inteligentes combateram
o "politicamente correto" por meio do humor. Ao final, até mesmo a esquerda mais liberal aderiu. Foi o tempo dos
engraçados "contos de fadas politicamente corretos", em que o Lobo Mau tinha de ser chamado de "Animal de Instintos
Excessivamente Unidirecionados" e o Pinóquio não podia ser adjetivado de mentiroso e, sim, de "Sujeito Propenso à
Conduta Antissocial" e assim por diante. Todavia, a reação não venceu. Ela foi batida pelas novas leis que foram
incorporando o "politicamente correto". Esse debate está bem minguado nos Estados Unidos. Trinta anos depois, ele
esquenta nossa imprensa.
www.observatoriodaimprensa.com.br/.../no-terremoto-do-conceit (Adaptado)
Sou contra a existência de uma polícia da linguagem, que circularia pelas nossas frases como a brigada dos
bons costumes circulava pelas ruas de Cabul, açoitando as mulheres sem véu e os homens sem barba.
É claro que não considero que tudo possa ser dito. Há palavras que acarretam consequências nefastas, mas
cuidado: seu sentido e seu alcance dependem da situação, ou seja, dependem da intenção de quem fala, do lugar que
a pessoa ocupa no momento em que abre a boca e, sobretudo, do lugar onde, falando, relega os que a escutam.
Contardo Calligaris, Folha 30/6/2011 (Adaptado)
A questão é que o rótulo vende. Ser "politicamente incorreto", no Brasil de hoje, é motivo de orgulho. Não nego
que o "politicamente correto", em suas versões mais extremadas, seja uma interdição ao pensamento, uma polícia
ideológica. Mas o "politicamente incorreto", em sua suposta heresia, na maior parte das vezes não passa de banalidade
e estupidez.
Reproduz preconceitos antiquíssimos como se fossem novidades cintilantes. "Mulheres são burras!" "Ser contra
a guerra é viadagem!" "Polícia tem de dar porrada!" "Bolsa Família serve para engordar vagabundo!" "Nordestino é
atrasado!" "Criança só endireita no couro!"
Quem diz essas coisas não é, para falar com todas as letras, "politicamente incorreto". Quem diz essas coisas
é politicamente fascista. Só que a palavra "fascista", hoje em dia, virou um termo... politicamente incorreto. Chegamos
a um paradoxo, a uma contradição. O rótulo "politicamente incorreto" acaba sendo uma forma eufemística, bem-educada
e aceitável (isto é, "politicamente correta") de se dizer reacionário, direitista, fascistoide.
Marcelo Coelho, Politicamente fascista. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/.../917484-politicamente-fascista.shtml (Adaptado)
É difícil responder quais são as atitudes linguísticas adequadas do ponto de vista da civilidade. Não há fórmulas
como “diga isto, mas não diga aquilo”. E o problema continua, pois o preconceito não está no léxico. Está nos indivíduos
e nas situações sociais em que se encontram.
Cleber Pacheco, doutorando em Linguística da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
economia.ig.com.br/...politicamente+correta.../n1597131794920...
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O sistema conhecido como “linguagem não-binária” ou “linguagem neutra” é um conceito defendido por ativistas
dos movimentos feministas e LGBT que tem como objetivo descaracterizar o “binarismo” da linguagem, isto é, a ideia
de que palavras são necessariamente femininas ou masculinas.
Há diferentes sistemas de linguagem que se propõem a diminuir as diferenças entre gêneros na língua. Os
mais conhecidos substituem os “o” e “a” nas palavras com gênero masculino e feminino por “@”, “x” ou “e”. Geralmente,
isso só se aplica à linguagem escrita e quando as palavras se referem a pessoas - “a cadeira” não muda para “x cadeirx”,
por exemplo.
Há, contudo, um questionamento sobre em que medida a mudança do idioma é capaz de transformar a realidade
– e de que essa batalha é uma “ditadura do politicamente correto”, isto é, uma perseguição antinatural pelo policiamento
da língua.
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/07/10/Todxs-contra-x-l%C3%ADngua-os-problemas-e-as-solu%C3%A7%C3%B5es-do-uso-dx-
linguagem-neutrx (Adaptado)
Faz algum tempo, dentro do horroroso politicamente correto que me parece tão incorreto, resolveram castrar,
limpar, arrumar livros de Monteiro Lobato, acusando-o de preconceito racial, pois criou entre outras a deliciosa
personagem da cozinheira Tia Nastácia, que, junto com Emília e outros do Sítio do Picapau Amarelo, encheu de alegria
minha infância. Se formos atrás disso, boa parte da literatura mundial deve ser deletada ou "arrumada".
Agora, de novo para meu incorrigível assombro, em um lugar deste vasto, belo, contraditório País que a gente
tanto ama, desejam sustar a circulação do Dicionário Houaiss, porque no verbete "cigano" consta também o uso
pejorativo — que, diga-se de passagem, não foi inventado por Houaiss, mas era ou é uso de alguns falantes brasileiros,
que o autor meramente, como de sua obrigação, registrou.
O dicionarista não inventa, não acusa nem elogia, deve ser imparcial — porque é apenas alguém que registra
os fatos da língua, normalmente da língua-padrão, embora haja dicionários de dialetos, de gírias, de termos técnicos
etc. Então, se no verbete "cigano" Houaiss colocou também os modos pejorativos como a palavra é ou foi empregada,
criticá-lo por isso é uma tolice sem tamanho, que, se não cuidarmos, atingirá outros termos em outros dicionários, com
esse olhar rancoroso.
Numa mistura maligna de arrogância e ignorância — talvez simplesmente porque não temos nada melhor a
fazer — , vamos deletar as palavras que nos incomodam, os costumes que nos irritam, as pessoas que nos atrapalham
e, quem sabe, iniciar uma campanha de queima de livros. De autores, seria um segundo passo. E assim caminhará
para trás, velozmente, o que temos de humanidade.
Lya Luft, Veja, 14/3/2012 (Adaptado)
Outra questão que produz efeito contrário ao pretendido é o uso de eufemismos, quando a língua não possui
um termo específico para fazer uma designação que é vista como preconceituosa. “Por exemplo: dizer ‘pessoa
verticalmente prejudicada’ em lugar de anão; ‘pessoa de porte avantajado’ em vez de gordo; ‘pessoa em transição entre
empregos’ por desempregado. Isso gera descrédito para os que pretendem relações mais civilizadas entre as pessoas.
Por isso, as piadas já começam a surgir”, explica o professor José Luiz Fiorin, do Departamento de Linguística da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).
economia.ig.com.br/...politicamente+correta.../n1597131794920...
Empobrecer o idioma é um dos instintos automáticos das mentes totalitárias. No livro 1984, de George Orwell,
um Ministério da Verdade se dedica justamente à supressão das palavras consideradas inadequadas pelos ditadores e
à sua substituição por termos novos criados justamente para suprimir a verdade.
veja.abril.com.br/.../tentativa-de-censurar-o-dicionario-houaiss-e-o- ... (Adaptado)
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