1) O documento resume a obra "Melhores Poemas" de João Cabral de Melo Neto, publicada em 1985. 2) A obra reúne poemas de diversos livros do autor, desde os anos 1940, abordando temas como o Nordeste, Espanha e a própria poesia. 3) João Cabral de Melo Neto é considerado um dos maiores poetas do Modernismo brasileiro, caracterizando-se por um estilo rigoroso, objetivo e preocupado com a forma.
1. Melhores Poemas
Autor: João Cabral de Melo Neto
Escola Literária: Modernismo – 3ª geração
Ano de Publicação: 1985
Gênero: Poesia
Temas: Nordeste, Espanha, metalinguagem,
poesia
Divisão de Obra: 15 livros (antologia)
2. Caráter mais objetivo, preocupada muito mais
com a forma e geometria (sensação aguda dos
objetos que delimitam o espaço do homem
moderno), sem apegos a sentimentalismos.
Sua temática gira em torno de, basicamente,
três temas: o Nordeste, a Espanha e a própria
Arte.
3. Marcas da poesia de João Cabral de Melo Neto:
- Atmosfera surrealista;
- Ideal de rigor formal;
- Poesia metalinguística;
- Poesia referencial, imagética, anti-discurso;
- O social sem o panfletário;
- Secura, aspereza, dureza; vazio;
- Texto conceitual: faca-bala-relógio
4. Coletânia feita por Antonio Carlos Secchin, a
qual reúne vários poemas das seguintes obras:
5. Pedra do Sono (1940-1941)
poemas escritos durante sua adolescência em
Pernambuco. Experimentação poética, com uma
atmosfera surrealista, já estão presentes o
racionalismo e a construção laboriosa (marcas
que o autor adotará posteriormente)
6. Poema de desintoxicação
Em densas noites
com medo de tudo:
de um anjo que é cego
de um anjo que é mudo.
Raízes de árvores
enlaçam-me os sonhos
no ar sem aves
vagando tristonhos.
Eu penso o poema
da face sonhada,
metade de flor
metade apagada
(...)
7. O Engenheiro (1942 – 1945)
Predomínio de uma perspectiva racional, do
ideal de um projeto geométrico de construção
de seus poemas. Esse rigor marcará suas
produções posteriores.
8. As nuvens
As nuvens são cabelos
crescendo como rios;
são os gestos brancos
da cantora muda;
são estátuas em voo
à beira de um mar;
a flora e a fauna leves
de países de vento;
(...)
9. Psicologia da composição (1946 – 1947)
O terceiro livro deste Melhores poemas,
intitulado Psicologia da composição, faz parte da
trilogia publicada em 1947, “Fábula de Anfion”.
“Psicologia da composição” e “Antiode”.
Na obra Psicologia da composição, percebemos
alguns traços do antilirismo do livro anterior, O
engenheiro, e marca uma ruptura maior com o
surrealismo presente em Pedra de sono. A obra
traz a marca muito forte da criação poética, a
metalinguagem.
10. O CÃO SEM PLUMAS (1950)
A partir da publicação de O cão sem plumas,
João Cabral de Melo Neto dá um novo rumo a
seus poemas e começa a trabalhar com temas
da realidade nordestina e denúncia da miséria.
Temática é o rio Capibaribe que corta a cidade
de Recife, rio-detrito, com sua sujeira, seus
detritos do subdesenvolvimento.
11. A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.
O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.
Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.
12. O Rio (excertos) (1953)
ou relação da viagem que faz o Capibaribe de
sua nascente à cidade do Recife
Em O rio, o poeta intensifica sua identificação
com o drama nordestino. Escrito em primeira
pessoa, o poema incorpora a técnica narrativa
dos antigos romanceiros da tradição ibérica.
13. Paisagens com figuras (1954 – 1955)
Intensa à medida que ele vai descrevendo a
paisagem, somos capazes de “ver” o que está
descrito. Paralelo à paisagem de Pernambuco
(do rio e de seus cemitérios), o poeta também
escreve sobre a Espanha.
14. Cemitério pernambucano
(Nossa Senhora da Luz)
Nesta terra ninguém jaz,
pois também não jaz um rio
noutro rio, nem o mar
é cemitério de rios.
Nenhum dos mortos daqui
vem vestido de caixão.
Portanto, eles não se enterram,
são derramados no chão.
15. Morte e vida Severina (Auto de Natal
Pernambucano) (1954 – 1955)
O poema possui uma estrutura dramática: é
uma peça teatral escrita em forma de poesia.
16. O Enredo
O poema conta a história do retirante Severino que
parte do sertão para o litoral (parte da morte do sertão
para encontrar a vida em Recife).
Como guia, Severino tem o Rio Capibaribe, mas,
durante o percurso, só encontra morte e miséria. Ao
chegar a Recife, a decepção: também lá há muita morte
e tristeza.
Atirando-se no Capibaribe (tenta suicídio); nesse
tempo, em conversa com o mestre José carpina, uma
mulher avisa que o filho (de José) “saltou para dentro
da vida” (nasceu). O nascimento da criança devolve-lhe
a esperança de vida, mesmo que seja uma vida
severina.
17. Uma faca só lâmina (1955)
Uma faca só lâmina é um longo poema com 88
estrofes, de 4 versos cada. O texto é escrito
tendo como foco três elementos: a faca, a bala e
o relógio.
18. Quaderna (1959)
Quando foi publicada pela primeira vez em Lisboa
(1960) e, posteriormente, em 1962, no Brasil, junto
com dois outros livros: Dois Parlamentos e Serial em
obra intitulada Terceira Feira.
Escritos ainda quando Cabral estava em Barcelona,
alguns poemas da obra abordam aspectos do país,
como é o caso dos poemas “Estudos para uma
bailadora andaluza” e “Poema(s) de Cabra”.
19. Dois Parlamentos (excertos) (1958 – 1960)
A obra Dois Parlamentos apresenta-se dividida em
duas partes, em dois grandes poemas: “Congresso no
polígono das secas” e “Festa na casa-grande”.
Serial (1959 – 1961)
Nesta obra, João Cabral retoma a convergência
Espanha-Nordeste e acrescenta outros temas.
20. A Educação pela pedra (1965)
A educação pela pedra é composta por 12 poemas.
De acordo com a crítica, é com essa obra que João
Cabral atinge seu ponto máximo da literatura.
João Cabral, nessa obra, também demonstra
preocupação com a realidade social e explora temas
como integração, a união das pessoas:
21. Tecendo a Manhã
1
Um galo sozinha não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
22. Auto do Frade (1984)
(Excertos: falas de Frei Caneca)
Auto do Frade é um poema de fundo histórico
que narra os instantes finais da vida de Frei
Caneca, condenado à morte em 1825.