2. O jornal é um suporte pelo qual circulam
vários gêneros - os gêneros jornalísticos.
Entre os gêneros que caracterizam o jornal
há reportagem, notícia, charge, horóscopo,
receita, e também o editorial.
O editorial “lida com ideias, argumentos e
críticas, marcando a posição do jornal sobre
os principais fatos do momento”. Assim, o
leitor procurará, no editorial, assuntos de
repercussão momentânea, sobre os quais o
jornal irá se posicionar.
3. Texto jornalístico opinativo, escrito de
maneira impessoal e publicado sem
assinatura, sobre os assuntos ou
acontecimentos locais, nacionais ou
internacionais de maior relevância.
Define e expressa o ponto de vista do
veículo ou da empresa responsável pela
publicação (do jornal, revista, etc.) ou
emissão (do programa de televisão ou
rádio).
4. Estrutura
A página editorial tem um estilo que acompanha
as tendências do jornal, o próprio ‘estilo’ ou
“design” do jornal. Esse ‘estilo’ é equilibrado,
denso ou leve, conforme a linha do veículo.”
Geralmente, grandes jornais reservam um
espaço predeterminado para os editoriais em
duas ou mais colunas, logo nas primeiras
páginas internas.
Os boxes (quadros) dos editoriais são
normalmente demarcados com uma borda ou
tipos diferentes, para marcar claramente que
aquele texto é opinativo, e não informativo.
5. Estratégia de construção de um Editorial
Como qualquer matéria jornalística, tem início na captação de informações concretas, que se dá
pelo acompanhamento do que acontece no nosso meio e no mundo, e por uma apurada
percepção do que é tema de relevância no momento.
Parágrafo 1 - Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento
pontuado. Usar linguagem objetiva e vocabulário acessível.
Parágrafo 2 - Contextualização do tema, e indicativos concretos do problema,
apresentando dados reais, verossímeis. Mais uma vez, posicionamento sobre o
assunto.
Parágrafo 3 - Análise das possíveis motivações que tornam o tema relevante, com
argumentos de autoridade ( opinião de especialistas que reforcem credibilidade da
matéria), justificativas que reforcem o posicionamento apresentado e exemplos
concretos que ilustrem a argumentação.
Parágrafo 4 – Caráter conclusivo, apresentando o posicionamento crítico final, sem
ser impressionista. É preciso extremo cuidado para não construir editoriais
moralistas. Expor o que há de concreto, o que motiva essa afirmação, esse
posicionamento.
A conclusão do Editorial, principalmente, não deve esquecer o que motivou a
opinião, o que se afirmou no início, sem fugir do assunto. O bom arremate opinativo
é aquele que retoma o tema e traz uma projeção, aponta para uma solução, indica um
caminho ancorado em exemplos concretos.
6. Características do Editorial
Editoriais maiores e mais analíticos são chamados de artigos de fundo.
O profissional da redação encarregado de redigir os editoriais é chamado
de editorialista.
Na chamada "grande imprensa", os editoriais são apócrifos — isto é,
nunca são assinados por ninguém em particular.
A linguagem é formal, argumentativa, mantendo seu autor geralmente
anônimo (embora se possa encontrar editoriais assinados).
O vocabulário do editorial costuma ser objetivo, as frases empregadas
são curtas e não muito complexas.
Os “articuladores discursivos” estão sempre presentes e são
responsáveis pela coesão do texto, dessa forma garantem o rigor lógico
da argumentação e do encadeamento das idéias.
São produzidos por um grupo de editores, separados por assunto –
política, economia, meio-ambiente... – e nem sempre todos entram em
consenso sobre o tema, embora as discrepâncias nunca sejam graves.
7. Novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo
Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei de Biossegurança que
precisará ser votada novamente por ter sido modificada no Senado.
É muito longa a pauta de projetos à espera de apreciação: além de outras importantes leis, há projetos de
emendas constitucionais e uma série de medidas provisórias, que trancam a pauta.
Mas, com tudo isso, é importante que os deputados tenham consciência da necessidade de conceder aos
cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver
pesquisas na área das células-tronco embrionárias.
Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir aplicações práticas concretas, que
demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor.
Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que destina US$ 3 bilhões às
pesquisas com células-tronco, causa defendida com veemência por seu governador, o mais do que
conservador Arnold Schwarzenegger.
O caso chama a atenção porque o ex-ator, ao contrário de outros republicanos (como Ron Reagan, cujo pai
sofria do mal de Alzheimer), não tem interesse pessoal no desenvolvimento de tratamentos médicos para
doenças degenerativas hoje incuráveis.
Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher Reeve, que ficou tetraplégico
após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para
convencer Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa.
O projeto que retornou do Senado ainda inclui graves restrições à ciência, como a limitação das pesquisas
às células de embriões congelados há pelo menos três anos nas clínicas de fertilização — embriões
descartados que, com qualquer tempo de congelamento, vão acabar no lixo.
Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuticos, hoje vedada, e que é
particularmente promissora.
Ainda assim, comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da Câmara, o novo texto da Lei de
Biossegurança é um importante passo à frente. Merece ser apreciado com rapidez e aprovado pelos
deputados.
8. Autópsia de um fiasco
O fiasco da nossa educação fundamental começa a ser
percebido. Há cada vez mais brasileiros sabendo que tiramos Nesses textos, há asneiras irremediáveis e assuntos que
os últimos lugares no Programa Internacional de Avaliação de coroariam um processo de amadurecimento intelectual.
Estudantes (Pisa), uma prova internacional de compreensão Contudo, para jovens que iniciam seus estudos, são fórmulas
de leitura e de outras competências vitais em uma economia certeiras para uma grande balbúrdia mental, em uma idade
moderna. Sabem também dos resultados do Sistema que pede a consolidação de idéias claras e a compreensão
Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), rigorosa e analítica do texto escrito. Embaçamos o ensino ao
confirmando plenamente esse diagnóstico moribundo do solicitar aos alunos que "reinterpretem" o pensamento dos
ensino. Agora, cabe fazer a autópsia do fracasso, dissecando grandes cientistas e filósofos, segundo Mortimer Adler,
cuidadosamente o defunto: por que os alunos não "pedindo sua opinião a respeito de tudo".
aprendem?
Continua correto o conselho de Descartes de dividir o
Tão retumbante fracasso tem múltiplas causas. Contudo, o problema em tantas partes quantas sejam necessárias para
presente ensaio assesta suas baterias em uma causa fatal, a sua compreensão. De fato, a física de Newton é
mas pouco considerada. Vejamos uma constatação determinista. Nas melhores escolas, é com ela que se afia a
surpreendente e assustadora: o Pisa mostrou que os alunos capacidade de análise dos alunos - inclusive na terra dos
das famílias brasileiras mais ricas entendem menos um texto autores citados. As ciências sociais adotam outro
escrito do que os filhos de operários da Europa e de outros determinismo, expresso em distribuições de probabilidades.
países com educação séria. Portanto, não é a pobreza dos A filosofia requer ainda mais exatidão no uso da linguagem.
alunos ou das escolas que explica o vexame. Elegância e rigor precisam ser conquistados na língua
portuguesa, e as primeiras lições devem ser exercícios de
Por que nossos alunos não entendem um texto escrito? interpretação correta do que está escrito. Ao se enamorarem
Submeto aqui a hipótese de que reina nos impérios das idéias turvas acima citadas, nossos professores desviam
pedagógicos e nos autores da moda uma atmosfera que as atenções que deveriam colimar o uso judicioso das
desvaloriza a tarefa de compreender o que está escrito no palavras e embrenham seus alunos na indisciplina do
papel. Veja-se a seguinte citação de B. Charlot: "Os saberes relativismo, do subjetivismo e da "criatividade".
científicos podem ser medidos em falsos e verdadeiros, mas
não os conteúdos de filosofia, pedagogia e história... (Fora O grande desafio dos ciclos iniciais de uma educação é
das ciências naturais) o mundo do verdadeiro e do falso é do entender as relações entre sons, letras e significados,
fanatismo, e não da cidadania". aprendendo a ler, para que se possa passar a ler para
aprender. Lembremo-nos da obsessão de George Steiner,
sempre em busca do sentido exato que os autores quiseram
dar às palavras. Sem isso, o que vem depois é ruído, é o que
Ou esta outra, de E. Morin, afirmando que, "em lugar da respondem nossos alunos às questões cuidadosamente
especialização, da fragmentação de saberes, devemos formuladas nas provas do Pisa e do Saeb. Esses miasmas
introduzir o conceito de complexidade". Critica também "o intelectuais não oferecem os alicerces para um
princípio consolidado da ciência, o determinismo - segundo o distanciamento crítico e produtivo do texto original - tarefa
qual os fenômenos dependem diretamente daqueles que os que só pode vir mais adiante.
precedem e condicionam os que lhes seguem". Ou ainda a
afirmação de D. Lerner, de que "não faz falta saber ler e
escrever no sentido convencional... Quem interpreta o faz em
relação ao que sabe... Interpretações não dependem
exclusivamente do texto em si“
9. O exemplo de São Paulo
Quando o tema é a segurança pública, a cidade de São Paulo ainda é lembrada por episódios
sangrentos, como o massacre do Carandiru, em 1992, pelas freqüentes chacinas promovidas por
policiais na periferia e pela rebelião do Primeiro Comando da Capital (PCC), em 2006. São traumas
estigmatizantes, que tiveram repercussão nacional e que vêm tendo o contraponto de ações positivas,
implementadas ao longo dos últimos anos e aos poucos reconhecidas em todo o país. A cidade dos
massacres faz prosperar, desde o início da década, uma série de iniciativas adotadas não só pela
capital, mas por todo o Estado, no sentido de reduzir a violência e a criminalidade.
São políticas de segurança implementadas pelo governo do Estado, com a participação das prefeituras,
de ONGs, de estudiosos e das comunidades, que podem inspirar atitudes semelhantes em outros
Estados. Estados com problemas crônicos de segurança e soluções sempre adiadas com a desculpa da
falta de recursos deveriam, não como simples cópia, mas como referências adaptadas às suas
realidades, implementar muitas das ações dos paulistas. Em uma década, São Paulo reduziu a grande
maioria dos casos de violência, com destaque para os homicídios. Caíram também os índices de
assaltos e furtos de automóveis, mesmo que em seis anos a frota em circulação no Estado tenha sido
ampliada em cerca de 2,4 milhões de veículos.
A melhoria no perfil da segurança fez-se, sim, com mais investimentos financeiros do Estado. O
conjunto de iniciativas revela que os ganhos são resultantes da sinergia entre as polícias civil e militar e
da vontade de superar traumas que vinham marcando as forças de segurança paulistas como
ineficientes e violentas. O Estado contratou e pôs mais 9 mil policiais nas ruas, informatizou e agilizou a
circulação de informações, estimulou iniciativas comunitárias, construiu presídios e tirou das operações
ostensivas o caráter apenas de reprimir e intimidar.
Também deve ser inspirador outro mérito dos programas. Implementados desde o início da década, os
projetos passaram de um governo para outro sem que se repetisse a lamentável prática de um sucessor
depreciar e descartar idéias do antecessor. Tanto que os pontos centrais das ações são mantidos até
hoje. É evidente que medidas de combate à violência devem levar em conta o contexto social e que não
se deve ver o Estado como o melhor dos mundos na área da segurança, até porque o confronto com o
tráfico de drogas ainda não obteve o êxito esperado. O que importa é que, além das estatísticas, o
sentimento de mudança está no cotidiano da população e nas reações das próprias comunidades ao
que vem sendo feito. Os cidadãos confiam mais nas suas polícias. A recuperação da credibilidade e da
autoridade de órgãos e quadros da segurança pode ser, em meio a tantos benefícios, o mais alentador
resultado do que se faz em São Paulo
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.j
10. Exemplo a ser seguido
Com determinação e presteza, o reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marcos Maca ri, resolveu em apenas uma
semana o problema da invasão do prédio da Faculdade de Ciências e Letras, no campus de Araraquara. Depois de distribuir
uma esclarecedora nota oficial à comunidade acadêmica, comunicando que não negociaria com os estudantes sob coação,
exigindo do corpo discente “respeito à civilidade” e afirmando que ocupações de prédios públicos “são desrespeito ao Estado
de Direito”, Macari impetrou uma ação de reintegração de posse. E, assim que ela foi deferida, solicitou à Polícia Militar (PM)
que promovesse a desocupação o mais depressa possível
A rapidez com que o reitor agiu pegou os 120 invasores de surpresa. Eles não reagiram à ação da PM, realizada na
madrugada de quarta-feira. Presos em flagrante, os estudantes passaram por exame de corpo de delito no Instituto Médico
Legal e foram levados para uma delegacia, onde foram fichados, prestaram depoimento e responderão a inquérito criminal.
Segundo o advogado Jorge Bedran, indicado pela seccional da OAB para acompanhar a operação, a polícia procedeu de
forma correta, dentro da legalidade e sem violência. Após colher os depoimentos, a Polícia Civil realizou uma perícia na
Faculdade de Ciências e Letras, para avaliar os prejuízos causados, e começou a preparar as provas e a documentação que
serão enviadas ao Ministério Público estadual, encarregado de processar os estudantes por crime de invasão de patrimônio
público e desobediência a ordem judicial.
A conduta do reitor Marcos Macari, que vem agindo com a mesma determinação para desocupar as unidades da Unesp que
se encontram invadidas nas cidades de Ourinhos, Rio Claro, Assis e Franca, está servindo de exemplo para dirigentes de
instituições estaduais e federais de ensino superior cujas instalações foram ocupadas por motivos partidários e ideológicos. É
o caso do reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, que já obteve autorização judicial para a reintegração de posse do prédio da
diretoria acadêmica e prometeu punir os invasores com sanções que vão de suspensão a expulsão.
O caso mais grave continua sendo o da USP, onde a invasão da Reitoria completa 50 dias, com os alunos ameaçando
bloquear os portões de acesso à Cidade Universitária. A invasão ocorreu no início de maio e teve a participação de 200 dos
mais de 80 mil alunos da instituição. Mesmo assim, a reitora Suely Vilela aceitou negociar importantes mudanças na maior
universidade do País, como a revogação do prazo de jubilamento, com um grupo estudantil sem qualquer representatividade.
Como os invasores foram substituindo suas reivindicações e exigências à medida que elas eram aceitas pela reitora, ela
acabou perdendo o controle da situação, a ponto de os invasores terem procurado o secretário de Justiça, Luís Antonio
Marrey, para atuar como interlocutor junto ao governo estadual. A professora Suely também demorou para ingressar com uma
ação de reintegração de posse. E, quando a Justiça acolheu o pedido de desocupação, ela passou a adiar a execução da
ordem judicial. O exemplo acabou estimulando invasões em outras universidades públicas, a pretexto de defender a
“autonomia universitária”, por minorias estudantis confiantes de que nada lhes
aconteceria.
Com sua firme atuação na desocupação do prédio da Faculdade de Ciências e Letras, no campus de Araraquara, o reitor da
Unesp mostrou que, quando dirigentes universitários agem com firmeza, a baderna estudantil tem limite e alunos que incorrem
no Código Penal, independentemente da justificativa política que dão às suas transgressões, têm de arcar com as
conseqüências de seus atos. Extraído de O Estado de São Paulo, 22/06/2007