"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado."
(Hb 4.15)
15. “As palavras gregas peirazo (απόδειξη - lê-se apóviquici) e peiras
mossãa (δίκη - Lê-se leiquim) igualmente traduzidas por “prova” e
“julgamento” bem como por “tentar” e “tentação” (προσπαθώ - Lê-se
prustraufão). O que há de comum é a situação que nos coloca sob grande
pressão. O texto em Tiago 1 é especialmente útil para nos ajudar a tratar essas
situações, ao nos lembrar que Deus jamais tenta as pessoas, no sentido de
induzi-las ao mal (Tg 1.13). Deus, contudo, nos prova da mesma maneira que
permitiu que Satanás o fizesse com Jesus, a fim de demonstrar a nós e a todos
que podemos vencer pela sua força. Adão e Eva falharam no teste. Por meio de
Cristo você e eu somos vitoriosos”.
Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia
triunfa do juízo.
Tiago 2:13
16. Mas como seria possível Jesus ser tentado?
“Em nossa tentativa de responder a essa pergunta devemos antes de
mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. Jesus não
só era Deus; ele era também homem. Além do mais, sua alma não era dura
como uma pederneira nem fria como um bloco de gelo. Era uma alma
plenamente humana, profundamente sensível, afetada e comovida pelos
sofrimentos de todo gênero. Foi Cristo quem disse: “Tenho um batismo com o
qual hei de ser batizado; e como me angustio até que o veja concretizado” (Lc
12.50). Jesus foi capaz de expressar carinho (Mt 19.13, 14), compaixão (Mt
23.37; Jo 11.35), piedade (Mt 12.32), ira (Mt 17.17), gratidão (Mt 11.25) e
profundo anseio pela salvação dos pecadores (Mt 11.28; 23.37; Lc 15; 19.10; Jo
7.37) para a glória do Pai (Jo 17.1-5). Sendo não só Deus mas também homem,
ele sabia o que era estar cansado (Jo 4.6) e sedento (4.7; 19.28). Portanto,
realmente não deveria surpreender-nos que, depois de um jejum de quarenta
dias, ele sentisse muita fome, e que a proposta de converter pedras em pães se
constituía numa tentação bem real para ele, tanto mais sabendo que estava
revestido do poder para fazer milagres!
17. A tentação é uma realidade para todos os filhos de Deus.
18. Por que o Espírito Santo impeliu Jesus ao deserto para ser
tentado? Qual era o propósito? Que Deus tinha um propósito ao permitir
que Jesus fosse tentado no deserto é evidente pela declaração "foi
levado pelo Espírito ao deserto". Uma finalidade é assegurar-nos de que
temos um sumo sacerdote capaz de Se relacionar conosco em todas as
nossas debilidades e fraquezas (Hebreus 4.15) porque Ele mesmo foi
tentado em todos os pontos nos quais também somos. A natureza
humana do Nosso Senhor permite que Ele compreenda as nossas
próprias fraquezas por ter sido submetido à fraqueza também. "Porque,
tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de
socorrer aqueles que também estão sendo tentados" (Hebreus 2.18). A
palavra grega traduzida "tentado" aqui significa "pôr à prova". Então,
quando somos colocados à prova e testados pelas circunstâncias da vida,
podemos ter certeza de que Jesus entende e se solidariza como alguém
que sofreu as mesmas provações. O Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal (CPAD), sobre a expressão “foi tentado”, afirma:
“descreve uma ação contínua; Jesus foi tentado constantemente durante
os quarenta dias. O Espírito levou Jesus ao deserto onde Deus pôs Jesus à
19. prova - não para ver se Jesus estava pronto, mas para mostrar que Ele
estava preparado para a sua missão. Satanás, no entanto, tinha outros
planos; ele esperava distorcer a missão de Jesus tentando-o para fazer o
mal. Por que era necessário que Jesus fosse tentado? A tentação faz
parte da experiência humana. Para que Jesus fosse completamente
humano, Ele tinha que enfrentar a tentação (veja Hb 4.15). Jesus tinha
de desfazer o que Adão tinha feito. Adão, embora criado perfeito, cedeu
à tentação, e assim o pecado entrou na raça humana. Jesus, o segundo
Adão, por outro lado, resistiu a Satanás. A sua vitória oferece a salvação
aos descendentes de Adão (veja Rm 5.12-19). Durante estes quarenta
dias, Jesus não comeu coisa alguma, de modo que ao final Ele teve fome.
A condição de Jesus como Filho de Deus não tornava o seu jejum mais
fácil; o seu corpo físico sofria a fome severa e a dor de estar sem
alimento. As três tentações registradas aqui ocorreram quando Jesus
estava na sua condição física mais enfraquecida” Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 341.
20.
21.
22.
23.
24. É essencial que analisemos cuidadosamente de que forma Jesus
venceu. Embora Jesus fora tentado várias vezes, ele enfrentou um teste
especialmente severo logo depois que foi batizado. A sutileza é
mencionada como característica distinta da serpente (Mt 10.16). Com
grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem abraçadas,
abrem caminho a desejos e atos pecaminosos. Em Gênesis, ela começa
falando com uma mulher, o vaso mais frágil, que além dessa
circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina (Gn 2.16-
17). E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a astúcia na
aproximação. Ela torce as palavras de Deus (Gn 3.1;2.16-17) e então
finge surpresa por estarem assim torcidas; dessa maneira ela
astutamente semeia dúvida e suspeitas no coração da ingênua mulher, e
ao mesmo tempo insinua que está bem qualificada para ser juiz quanto
à justiça de tal proibição. "Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras
se transformem em pães" (Lc 4.3). Jesus estava faminto; ele tinha poder
para transformar as pedras em pão. O diabo simplesmente sugeriu que
ele tirasse vantagem de seu privilégio especial para prover sua
necessidade imediata.
26. O intento de Satanás de levar Jesus transformar pedras em
pães era maior que um apelo à fome. Havia a sugestão de evitar a cruz,
tornando-se um reformador social popular. Isso quase ocorreu quando
Jesus multiplicou os pães e os peixes em João 6. Mas veja o resultado da
multiplicação e o que o Senhor Jesus fez: “Vendo, pois, os homens o sinal
que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia
vir ao mundo. Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito
de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho,
para o monte” (Jo 6.14,15). Não era e não é esse tipo de Reino que o
Senhor veio estabelecer na terra, mas um reino espiritual.
A intenção é fazer com que JESUS ponha as coisas materiais em
primeiro lugar, e uma forma que Satanás via como eficaz era apelar para
os apetites. Os desejos não são pecaminosos em si mesmos. Não há
nada de errado com o desejo de se alimentar. Todavia, quando esses
desejos ou apetites quebram algum princípio estipulado pelo Criador,
então se convertem em algo mal. JESUS venceu Satanás citando a
Palavra de DEUS que se encontra em Deuteronômio 8.3.
27.
28.
29.
30. Quando a Bíblia diz que Satanás tem poder sobre o mundo, devemos
nos lembrar de que Deus deu a ele domínio apenas sobre os incrédulos. Os
crentes não estão mais sob o domínio de Satanás (Colossenses 1:13). Os
incrédulos, por outro lado, estão presos "no laço do diabo" (2 Timóteo 2:26),
encontram-se no "poder do maligno" (1 João 5:19) e são escravos de Satanás
(Efésios 2:2). Assim, quando a Bíblia diz que Satanás é o "deus deste mundo",
ela não está dizendo que ele tem autoridade máxima. Está transmitindo a ideia
de que Satanás governa o mundo descrente de uma maneira específica. Em
quase todas as religiões falsas, merecer o favor de Deus ou ganhar a vida
eterna é um tema predominante. Ganhar a salvação pelas obras, no entanto, é
contrário à revelação bíblica. O homem não pode trabalhar para ganhar o
favor de Deus; a vida eterna é um dom gratuito (ver Efésios 2:8-9). E esse dom
gratuito está disponível por meio de Jesus Cristo e só por Ele (João 3:16; 14:6).
Você pode perguntar por que a humanidade não simplesmente recebe o dom
gratuito da salvação (João 1:12). A resposta é que Satanás - o deus deste
mundo - tem tentado a humanidade a seguir o seu orgulho em seu lugar.
Satanás define a agenda, o mundo incrédulo a segue e a humanidade continua
a ser enganada.
32. Para Jesus, obter o domínio do mundo mediante a adoração de
Satanás seria não apenas uma contradição (Satanás ainda estaria no
comando), mas também romperia o primeiro mandamento, “Adorarás o
Senhor, teu Deus, e só a ele servirás” (Dt 6.4,5, 13). Para realizar a sua missão
de trazer salvação ao mundo, Jesus precisaria seguir o caminho da submissão a
Deus. Matthew Henry em seu Comentário do Novo Testamento MATEUS A JOÃO
(CPAD), escreve: “Satanás exigiu dele honra e adoração: Portanto, se tu me
adorares, tudo será teu, v. 7. Em primeiro lugar, Satanás deseja que o Senhor o
adore. Talvez ele não queira dizer nunca mais adorar a Deus Pai, mas adorá-lo
junto com a adoração oferecida a Deus Pai; porque o diabo sabe, que se ele
conseguir apenas uma vez se fazer sócio, logo será o único proprietário. Em
segundo lugar, Satanás faria um contrato com o Senhor Jesus, de que quando,
de acordo com esta promessa, Ele tomasse posse dos reinos deste mundo, não
faria nenhuma alteração nas religiões do mundo, mas toleraria as nações como
havia feito até aquele momento, permitindo que sacrificassem aos demônios (1
Co 10.20). Por esta proposta, o Senhor Jesus deveria ainda manter o culto aos
demônios no mundo, e então deixá-lo tomar todo o poder e a glória dos reinos
se lhe agradasse.
33.
34.
35.
36. Aqui, pela primeira vez, Satanás fez uso das Escrituras. Os rabis
deram uma interpretação messiânica ao Salmo 91.11 e seguintes. Jesus não
argumentou contra o uso feito por Satanás dessa passagem, desde que esse
não era o conflito básico. A tentação pedia que Jesus criasse uma situação de
perigo, enquanto na primeira tentação a crise (fome) já existia. Era como se
Satanás estivesse dizendo: “Você não poderá conhecer- se, nem a veracidade
da promessa de Deus, enquanto não fizer um teste. Satanás é um ser
oportunista. Ele é como um vírus oportunista que ataca quando a nossa
imunidade está baixa. Se a nossa imunidade espiritual estiver baixa ele irá
atacar com todas as forças, embora ele ataque todos os dias, mas se a nossa
imunidade espiritual estiver baixa ele irá triunfar sobre nós. Temos como
exemplo Davi que caiu em adultério. Era tempo de guerra e ele estava em
casa. O diabo cita a Escritura; ele põe como isca no seu anzol os versículos da
Bíblia. Pessoas frequentemente aceitam qualquer ensinamento, se está
acompanhado por um bocado de versículos. Mas cuidado! O mesmo diabo que
pode disfarçar-se como um anjo celestial (2 Coríntios 11:13-15) pode,
certamente, deturpar as Escrituras para seus próprios propósitos.
38. Matthew Henry em sua obra Novo Testamento MATEUS A
JOÃO (CPAD ), comenta: “O diabo o tentou a ser o seu próprio assassino, em
uma presunçosa confiança da proteção de seu Pai, da qual Ele não tinha
nenhuma garantia. Observe: (1) O que o diabo pretendia com esta tentação: Se
tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, v. 9. [1] Ele queria que Cristo
buscasse uma nova prova de que era o Filho de DEUS, como se a prova que o
seu Pai havia lhe dado, pela voz do céu, e a descida do Espírito sobre Ele não
fossem suficientes. Isto seria uma desonra para Deus, como se Ele não tivesse
escolhido o meio mais adequado de lhe dar esta garantia; e teria sido uma falta
de confiança de que o Espírito habitava nele, o que era a maior prova e a prova
mais convincente de que o Senhor Jesus era o Filho de DEUS, Hebreus 1.8,9. [2]
Ele queria que Cristo buscasse um novo método de proclamar e anunciar isto ao
mundo. O diabo, na verdade, sugere que o Senhor Jesus foi confirmado como
sendo o Filho de Deus em uma região afastada, na companhia de pessoas
comuns, que compareceram ao batismo de João, e que estas honras foram
proclamadas nestas condições desfavoráveis; mas se Ele agora declarasse no
pináculo do templo, em meio a todas as pessoas importantes que compareciam
ao serviço no templo, que Ele era o Filho de Deus, e então, para prová-lo, se
lançasse de lá de cima e saísse ileso, com certeza seria recebido por todos como
um mensageiro enviado do céu.