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Geologia e Religiã




                                  Geologia e Religião

	       Todo o volume de conhecimento científico conseguido até hoje teve como objetivo respon-
der os quesitos conhecidos como questões transcendentais ou questões básicas, e atrás dessas pergun-
tas esconde-se toda a curiosidade da espécie humana:
         •	 De onde viemos, ou, quem nos colocou aqui,
         •	 O que fazemos na Terra e
         •	 Para onde iremos depois da morte.

	        Tais perguntas são, ainda hoje, respondidas dentro das tradições religiosas que dizem que a
vida é um dom de Deus, que nos colocou aqui para louvá-lo e que depois da morte vamos para o céu,
ou para o inferno, conforme as coisas boas ou más que fizemos aqui na Terra.
	        Outras respostas dependeram de estudos apurados e perseguidos com denodo dentro dos
conventos, e daí que se desenvolveu tudo o que conhecemos com o nome de Ciência.
	        Não obstante, dentro do perfil que chamaremos de “conhecimento atual” continuamos a nos
comportar como nos tempos mais antigos, quando a ignorância era máxima. O estudo da Geologia
mostra que, apesar das grandes invenções, do desenvolvimento de novas técnicas, dos estudos as-
tronômicos e do desenvolvimento dos computadores, continuamos a pensar que somos os maiores e
dignos representantes de Deus aqui na Terra. O mesmo se pensava nos séculos da Idade Média, no
início da Revolução Industrial, nos anos das Grandes Guerras e continuamos com o mesmo senti-
mento neste início do Século XXI.
	        Dessa forma, as religiões continuam a oferecer a tábua de salvação para a absoluta maioria
dos homens. A manutenção dessas idéias, passadas de geração em geração, deram margem ao apare-
cimento de pessoas inescrupulosas e interessadas na exploração da idéia de castigo e perdão divinos,
para encher as igrejas de fiéis e fazer fortunas com a fé dos crédulos. Os exemplos existentes e divul-
gados pela mídia são inúmeros.
	        A Igreja continua a “beatificar” pessoas comuns, “rezar” para aplacar a ira dos deuses ou
pedir bênçãos para necessitados delas, exatamente como procediam os homens dos tempos mais
antigos. Nos esportes em geral, as transmissões são feitas por sofisticadíssimos sistemas de televisão
e comunicação, em tempo real, mas os competidores se benzem antes de entrar em campo para dis-
putar uma partida ou competição. Ao final, o campeão ou o vencedor agradece aos seus santos sem
lembrar que sua vitória é o resultado do seu esforço em treinamentos sacrificantes. Os perdedores,
que também treinam tanto quanto os campeões, não têm a quem agradecer ou creditar a derrota, o
que provoca o sentimento de que Deus é parcial ou tem preferências. Assim, nas competições, apa-
rentemente há um deus seletivo que só ajuda ao primeiro colocado, desprezando o resto.
	        Mas, no nosso dia a dia, a atuação da Igreja de hoje está longe e se distancia cada vez mais
de uma realidade cruel na vida da maioria formada pelos povos pobres: a morte pela fome, a desnu-
trição, o desemprego, a falta de escolas e a corrupção desenfreada que são características do subde-
senvolvimento dos povos. É deste caldo de cultura que a religião se alimenta. Como nos esportes,

                                               271
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

na sociedade dos homens o comportamento de Deus é o mesmo: aos ricos, a proteção divina. “Aos
pobres, as batatas”, enquanto esperam a morte para irem a um lugar inexistente, o céu, prometido por
alguns espertos.
	        Quando se estuda Geologia aparecem as contradições. Fica evidente a impossibilidade dos
fatos terem acontecidos como os relatados na Bíblia: a criação do mundo (“No princípio criou Deus
os céus e a terra e a Terra era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo”); a criação do
homem (“...do pó da terra e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida.”); a criação da mulher (“...Deus
fez cair um sono pesado sobre o homem... ...tomou-lhe, então, uma das costelas e fechou a carne em
seu lugar e da costela que o Senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem.”) e dos
outros animais não passa de uma solução absolutamente fora de propósito. Fica evidente que a ima-
ginação de Moisés nunca passou de uma maneira sutil de impor-se a seus comandados, explicando
coisas das quais não tinha conhecimento.
	        Vamos responder as questões básicas segundo princípios geológicos conseguidos no desen-
volvimento deste trabalho.

                      De onde viemos ou, quem nos colocou aqui?
	        Neste ponto há um choque entre a Geologia e as religiões. Todas elas adotam a idéia de que
foi um Deus todo poderoso que fez não somente o mundo inteiro, mas também o homem para habitar
e dominar a Terra. É a solução religiosa para um problema geológico.
	        A resposta geológica ao problema está em capítulo próprio (v. Energia). O homem, como
todos os animais e vegetais, é resultado da sedimentação dos gases de que é feita a atmosfera, como
efeito da energia do Sol aqui chegada em forma de luz. Originalmente, fórmulas químicas (compos-
tos de carbono) aglutinadas pela energia do Sol sofreram os processos evolutivos até as formas hoje
existentes. Não há qualquer interferência divina no processo, fora da energia solar.
	        Na Terra existem apenas dois reinos naturais, não três como tradicionalmente ensinados nas
escolas como fruto da cultura religiosa. O primeiro é o reino mineral (rochas, água e gases) que forma
a quase totalidade do globo, tanto interna como externamente. É a parte inanimada ou passiva do glo-
bo. O segundo é o reino orgânico: animais e vegetais, que constituem uma pequena fração do todo.
Em números irreais, apenas para dar idéia em linguagem e escala humana: os minerais constituem
99,999999% do globo terrestre, e a parte orgânica 0,000001%.
	        Ao longo do tempo geológico, precedido pelos vegetais e seguido pelos animais, o mundo
orgânico evoluiu até às formas de animais e vegetais hoje conhecidas, e a evolução continua. O
processo é contínuo e infindável até que desapareça uma das condições que lhe dão origem, a atual
constituição química da atmosfera terrestre.
	        Sermos a semelhança de Deus é mera pretensão e naturalmente desconhecimento do fenô-
meno da evolução geológica. A idéia de ter sido feito do pó da terra com o sopro divino nas narinas
serviu e continua servindo a manipuladores da ingenuidade alheia, mas é um erro abusivo. Geologi-
camente falando, a origem de todos nós, independente da espécie, está no fenômeno da sedimentação
da atmosfera sob a influência da energia do Sol.

                                   O que fazemos na Terra?
	       Ainda dentro da tradição religiosa sabe-se que estamos aqui na Terra para amar a Deus sobre
todas as coisas, servi-lo e glorificá-lo1.
	       A conclusão que se faz da pesquisa geológica é diferente. Estamos aqui fazendo o que todos
os outros animais e vegetais também fazem: reproduzir a espécie, perpetuando a energia do Sol aqui

                                                   272
Geologia e Religiã

chegada e fixada. Esta é uma missão e obrigação dos animais perante a natureza e por extensão de
raciocínio, de todos os seres orgânicos.
	        Todos os seres de origem orgânica cumprem o que se chama, impropriamente, de ciclo vi-
tal: nascem, crescem reproduzem-se e finalmente morrem, sem nenhuma exceção. Em termos ge-
ológicos, cada ser de origem orgânica, uma planta ou um animal, após curto período na superfície
“morre”, e em seguida, reúne-se como “lixo” nas bacias de sedimentação onde se acumulam e se
transformam em petróleo.
	        Os paradigmas religiosos fizeram da nossa principal função um pecado (os outros animais
não seguem o paradigma). O ato sexual, através do qual se faz a reprodução, é um pecado, enquanto
não for “abençoado” em uma cerimônia: o casamento (“...portanto o que Deus ajuntou, não o separe
o homem”)2, (“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma
só carne.”)3. A partir dessa tradição religiosa, por ser artificial, desenvolve-se todo um drama social
que resulta em desentendimentos, frustrações, desencantos e diversos graus de infelicidade, como
desrespeito à pessoa humana, agressões, assassinatos, traições, etc.
	        Especialmente depois da II Guerra Mundial, na primeira parte do século XX, o maior grau de
liberdade conquistado pelas mulheres, a parte mais prejudicada pelas tradições religiosas4, fez do ca-
samento um ritual inteiramente desprovido de valor, isto é, o casamento é um artificialismo humano,
anti-geológico. Para cumprir a lei da natureza, como fazem todos os animais, só há necessidade do
casal que se proponha a ter filhos, tenha os meios para criá-los, de maneira que eles possam repetir a
mesma coisa no futuro: reprodução da energia do Sol, que é exatamente o que fazemos aqui na Terra.

                            Para onde iremos depois da morte?
	       A pergunta está respondida no item anterior. Vejamos alguns detalhes.
	       O “ciclo vital” dos seres orgânicos, passada a fase da reprodução entra na fase final do en-
velhecimento. O que é o envelhecimento? É a oxidação dos tecidos dos animais como resultado da
permanência na troposfera, onde a presença de 21% de oxigênio “queima ou oxida”, no sentido mais
amplo da palavra, tudo o que existe dentro dela. A lenta e inexorável perda das funções, tanto físicas
como mentais, até a falência total dos órgãos, quando sobrevém a “morte”, que completa o ciclo,
desaparecendo do rol dos vivos.
	       O envelhecimento é então o resultado da combustão dos tecidos de que somos feitos diante
de uma atmosfera oxidante. Nada na superfície da Terra resiste a esta reação química. Qualquer ser
que conseguir ultrapassar as barreiras dos acidentes de percurso existentes na modernidade (doenças,
guerras, desastres, assassinatos, etc), além dos acidentes naturais como terremotos, tsunamis, tem-
pestades, morrerá de velhice ou de senilidade.
Sob o ponto de vista humano e por tradição religiosa, com a morte há uma separação entre o corpo e
algo chamado de “espírito ou alma”. Dissertar sobre a existência da alma sem saber de onde ela vem
ou como ela é introduzida na pessoa (ao nascer ou no ato da fecundação) demonstra apenas que nada
se sabe sobre sua origem. Os animais e vegetais, perfeitos que são, não a possuem.
	       Sob o ponto de vista geológico as explicações são completamente diferentes e, mais fáceis
de serem compreendidas. Não há almas nem espíritos, apenas a energia do Sol transmitida no ato
da reprodução, a qual nos dá capacidade de memória, raciocínio, pensamentos e vibração durante
a vida. Somos a energia do Sol em três dimensões. Sobrevindo a senilidade segue-se a “morte” (o
desaparecimento do rol dos vivos), transferindo-se a energia de superfície para a subsuperfície, e
mais cedo ou mais tarde, dentro de uma bacia de sedimentação, se transformará em petróleo. Depois
da “morte”, viramos “lixo orgânico” e temos de ser enterrados ou cremados porque mal-cheirosos,
ou conservados para estudos de anatomia. Ficam as obras como registro do tempo em que estiveram


                                               273
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

à superfície, como energia tridimensional: escultores, compositores, inventores, políticos, reis, rai-
nhas, etc.
	       Alguns povos apelam para o recurso da mumificação e outros métodos de conservação de
cadáveres em gelo e/ou nitrogênio, na esperança de ressurreições inexistentes, resultantes de má
informação e ingenuidade.
A transformação dos seres vivos em petróleo é um fenômeno existente desde o início dos registros
geológicos que ocorrem na litosfera do globo.
	       Esta é a resposta para a última questão transcendental.


                                       Ciência e Religião
	        As três perguntas fundamentais somente puderam ser respondidas estudando a Terra como
um todo, dentro de uma escala conveniente. Em outras palavras, a dificuldade para responder às
perguntas deveu-se à falta de um método para estudo da Terra. Antigamente, a falta desse método
levou a que se tentasse explicar os mistérios da natureza pela via das crenças religiosas, desde que a
ciência não existia. A sentença configura uma primeira constatação importantíssima para caracterizar
e separar ciência e crendices: A Religião é anterior à Ciência!
	        Como consequência do fato, o método de estudo baseado na religião fragmentou o conhe-
cimento de tal modo, que a humanidade ficou perdida no emaranhado de tantos fragmentos. Neste
ponto, surge nova conclusão: a ciência é absolutamente independente da religião. Ciência e religião
não se tocam. Elas são antônimas no significado e antagônicas no objetivo e não têm afinidades. A
ciência se opõe à religião e vice-versa. Esta, a religião, tem como instrumento de trabalho, a fé. Para
a ciência há necessidade de evidências factuais, para demonstrar verdades.
	        Chegamos a outra conclusão: Um cientista não pode ser religioso e o religioso jamais será
um cientista.
	        Quando se conhece os fatos e as leis que governam a sua natureza as explicações metafísicas
são descartáveis.
	        De fato, as soluções religiosas são aquelas dadas às multidões que não exigem evidências
daquilo que se afirma. Aceita-se a proposição pela fé como definida na carta do apóstolo Paulo aos
Hebreus, no Novo Testamento (“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova
das coisas que não se vêem”)5. Para os cientistas, em menor número, há necessidade de apresenta-
rem-se evidências das suas afirmações sem o que, nada feito.
	        Esta declaração provoca nova conclusão: a religião não é o meio adequado para estudar e
responder às questões fundamentais.
	        Entretanto, foi dentro do antigo arcabouço religioso que, dialética e naturalmente, nasceu a
ciência atual. Tal fato plasmou e influenciou fortemente toda a ciência em crescimento e os conse-
quentes cientistas. Esses mesmos costumes continuam a influenciar toda a população do mundo. As-
sim, antes de tornar-se um cientista, um homem sofre a influência da educação doméstica e escolar,
que é, por tradição, fundamentalmente religiosa. Só depois de adquirida a primeira parte da perso-
nalidade é que um homem, quando adulto, pode escolher tornar-se ou não um cientista, sobrevindo
o choque. Se ele quiser dedicar-se à Ciência estará em uma encruzilhada: seguir o ensinamento dos
pais e mestres da infância e juventude professando uma religião, ou tomar a direção de professar a
Ciência. Toda a sua personalidade, esculturada e plasmada sob a influência religiosa, tem de tomar
um novo rumo que é a antítese de tudo o que ele aprendeu anteriormente sob a influência dos pais
e professores. A maior parte dos cientistas não consegue livrar-se da primeira educação e faz uma
ciência sob a tutela invisível do pensamento religioso, ficando no meio do caminho.
	        Explicitamente, a ciência e os cientistas nasceram moldados em fundo religioso, a forma

                                                   274
Geologia e Religiã

mais primitiva de conhecimento. Até o tempo de Copérnico, o ótimo representante da fase científica
no início do século XVI, seguido por Kepler, o aperfeiçoador do copernicalismo e Galileu, o teimoso
propagandista do copernicalismo, a ciência servia para alicerçar os dogmas religiosos ditados pela
igreja. Esta ensinava como o mundo se formara, e os cientistas começavam a duvidar que aquilo
estivesse certo, brotando com eles, as sementes da desobediência ao clericalismo. Era a época da
sabedoria aristotélica-ptolomaica do geocentrismo.
	        Desde antigamente e ainda hoje, há exemplos marcantes dessa classe de cientista. Vejamos
alguns exemplos que configuram este fato.
	        Pitágoras, autor do famoso teorema que leva o seu nome, fundou o Pitagoreanismo, uma
irmandade religiosa, que ensinava que tudo podia ser reduzido a números (“all is number”!), isto é,
que a natureza no seu mais profundo sentido é por princípio um problema de matemática, além de
acreditar na alma, nas coisas do divino e que havia um significado místico em alguns símbolos.
	        Newton, cujos trabalhos marcam a culminância da ciência no século XVII-XVIII, também
pesquisou os mistérios da religião onde não teve (nem poderia ter!) qualquer sucesso. Entre suas
obras encontram-se The Chronology of Ancient Kingdoms Amended (1728); Observations Upon the
Prophecies of Daniel and the Apocalypse of St. John (1733).
	        Barão Cuvier, o fundador da anatomia comparada no século XIX, cujos trabalhos deram
sentido aos estudos paleontológicos atuais, fez renascer a velha doutrina do Catastrofismo para justi-
ficar resultados dos seus estudos. Segundo esta doutrina, de vez em quando aconteciam “catástrofes”
que destruíam as espécies existentes, modelavam a Terra, após o que, novas espécies apareciam,
dando como exemplo dessas revoluções o Dilúvio de Noé. O Catastrofismo desapareceria mais tarde
devido à inconsistência de argumentos a seu favor. O Dilúvio de Noé é um fenômeno fisicamente
impossível de ter acontecido na evolução do globo. O monte Ararat, onde a Arca de Noé teria pou-
sado, mede 5.165m de altitude e ele esteve coberto pelas águas, pois “...todos os altos montes que
havia debaixo do céu foram cobertos. Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e assim
foram cobertos”6. Moisés, o autor da lenda, criou uma capa esférica de água com mais de 5.165m de
altitude, relativa ao nível atual, sem explicação sobre três pontos geologicamente sensíveis:
         •	 De onde veio a água para concretizar o dilúvio.
         •	 O tempo necessário para aumentar o volume da água proposto pelo profeta “...farei cho-
            ver sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face da terra todas as
            criaturas que fiz.”7
         •	 Para onde foi a água do dilúvio depois que acabou o castigo de Deus.

	         Para um geólogo o fenômeno só existiu na imaginação de Moisés, assim como surgiram as
idéias atuais sobre o efeito estufa, o derretimento das calotas polares, a subida do nível do mar e o
esgotamento das reservas de petróleo nas bacias sedimentares.
	         Até hoje, na indústria do turismo moderno, o Monte Ararat tem como apelido, a Montanha
Sagrada e continua a atrair pessoas que gastam dinheiro para ver os restos da Arca de Noé, que jamais
esteve naquela altitude.
	         Agassiz, contemporâneo e aluno de Cuvier, originariamente médico, tornou-se exímio pale-
ontólogo, ictiólogo e posteriormente um “glaciólogo” exercendo grande influência nos meios cien-
tíficos, especialmente americanos. Ele proclamava:

      	 “A combinação tanto no tempo como no espaço de todas essas concepções exibem,
      não somente pensamento, mostra também premeditação, poder, inteligência, grandeza,
      presciência, onisciência e providência. Em uma palavra todos esses fatos na sua natu-
      reza proclamam em alto e bom som a existência de um Deus Único, ao qual o homem

                                               275
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

      deve conhecer, adorar e louvar; e a História Natural em boa ocasião é a intérprete dos
      pensamentos do Criador do Universo”8 (tradução do autor).

	        Mais recentemente, já no século XX, temos o exemplo do maior dos cientistas do século:
Albert Einstein9 que criou teorias complicadas, tentando explicações das coisas simples do cotidiano.
Por ser religioso ele deixou de aplicar sua extraordinária inteligência na solução de problemas mais
importantes do que a curvatura do espaço, ou se o universo é finito ou infinito. É famosa a sua frase:

      	 “Eu quero saber como Deus criou este mundo. Não estou interessado neste ou naquele
      fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Quero conhecer os pensamentos
      Dele, o resto são detalhes.”10

	      Einstein morreu sem resposta.
	      Finalmente, nos dias atuais, surge o matemático britânico, S.W.Hawking, que estuda pro-
blemas semelhantes aos do Dr. Eisntein, também sem poder dar resposta clara sobre o tempo e suas
consequências, diz na sua obra, cheio de esperança, que:

      	 “Entretanto, se descobrirmos de fato uma teoria completa, ela deverá ao longo do tem-
      po ser compreendida, grosso modo, por todos e não apenas por alguns poucos cientistas.
      Então devemos todos, filósofos, cientistas, e mesmo leigos, ser capazes de fazer parte
      das discussões sobre a questão de porque nós e o universo existimos. Se encontrarmos a
      resposta para isto teremos o triunfo definitivo da razão humana; porque, então, teremos
      atingido o conhecimento da mente de Deus.”11
	
	       Nenhum dos cientistas acima citados, a despeito da qualidade e da quantidade das suas in-
teligências, conseguiu desvendar as respostas às questões fundamentais. As teorias resultantes dos
seus trabalhos são complicadas e não constituem uma contribuição muito grande para solucionar os
problemas sociais da humanidade (miséria, fome, subdesenvolvimento etc).
	       Se cientistas do calibre de Einstein, Cuvier, Newton e Pitágoras não conseguiram desvendar
os mistérios da natureza da Terra, como supor que os profetas o fariam? Do ponto de vista geológico,
o aparecimento e atuação dos profetas foi uma consequência natural da cultura existente. Não é de
admirar, portanto, que a literatura produzida naquele tempo seja apenas um retrato da cultura daquele
tempo.

	        Mas não ficam por aí as contradições entre a Geologia e os ensinamentos bíblicos. Por
exemplo, o episódio da passagem do Mar Vermelho pelo povo de Israel durante a fuga do Egito, per-
seguido pelas tropas do Faraó, quando as águas do Mar se separaram “Então Moisés estendeu a mão
sobre o mar; e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite, e fez do mar
terra seca, e as águas foram divididas.” “E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e
as águas foram-lhes qual muro à sua direita e à sua esquerda”12.
	        Historicamente, vale lembrar que em situação idêntica, em 1973, durante a chamada Guerra
do Yom Kippur, o general comandante das IDF (Forças de Defesa de Israel) sem poder usar o mes-
mo expediente de Moisés, para ultrapassar o mesmo Canal de Suez contra tropas egípcias, teve de
construir uma ponte de 170m de comprimento, em pleno deserto do Sinai e transportá-la até o ponto
escolhido para passar o canal, a custa de um sacrifício extraordinário de homens e equipamentos13.
Não existem, nem nunca existiram milagres. Apenas crendices no sobrenatural, que sobrevivem pela
tradição.
	        O mesmo método de Moisés foi usado por Josué, na passagem do Rio Jordão (Josué, cap. 3)

                                                  276
Geologia e Religiã

em direção a Jericó que seria destruída por ele. Em outro episódio, também da história de Josué, o Sol
e a Lua foram detidos: “E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos.
Não está isto escrito no livro de Jasar? O Sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-
se, quase um dia inteiro”14 até que Josué pudesse vencer os amorreus que oprimiam o povo de Israel.
	        Mais ousado ainda que fazer o Sol “parar” é aquele em que, além de parar, o Sol retrocede
por dez graus15, ou seja, ele pára e depois recua. Pouco importa quanto valia o grau naquele tempo e
qual o motivo do “recuo” do Sol, diante da impossibilidade do Sol recuar. São assuntos de natureza
geológica e quem os descreveu não tinha nenhum conhecimento disso. O movimento não era do Sol,
mas da Terra, e isso só viria a ser conhecido em 1543 com a publicação do “De Revolutionibus”, de
Copérnico. A ordem para parar o movimento teria de ser dado à Terra e não ao Sol. Ainda mais, a
Terra além de parar deveria ter invertido o seu movimento de oeste para leste, coisas impossíveis a
um geólogo imaginar. Todas essas idéias, sem a evidência de fatos que as comprovem, não passam
de meras tentativas de engrandecer o homem como semelhança de Deus, ao tempo da menoridade da
ciência. Somente a ingenuidade de incautos ou a exploração da boa fé das pessoas justificam que as
crenças de antigamente continuem a prevalecer nos dias de hoje. Se a atitude for tomada por um cien-
tista, suas teorias devem, pelo menos, ficar de quarentena para serem posteriormente descartadas.
	        Ora, se os episódios citados são geologicamente falsos não há porque pensar que haja algum
outro verdadeiro, dentro do mesmo naipe de pensamento.
	        Existe a vida, mas não há, nem nunca houve ressurreição.
	        O homem, por ignorância, criou um deus poderoso e fez de si próprio a imagem e semelhan-
ça dele, e pior de tudo, acreditou e acredita nisso. O conhecimento da Geologia desfaz tal idéia e
mostra o homem como uma entidade fragilíssima diante da natureza.
	        Não há outro mundo além deste que conhecemos, nem almas deste ou de outro mundo (san-
tos, duendes, deuses e demônios) que possam nos ajudar, ou nos castigar.
	        Geologicamente falando, ou somos eficientes ou não somos, e neste caso sofreremos as con-
sequências. Não há ajuda divina.
	        Este é o mesmo raciocínio que deve ser feito em relação à pesquisa de petróleo feita na Bacia
do Recôncavo. Há erros evidentes na definição da Estratigrafia das rochas na terceira dimensão desta
Bacia. Enquanto eles não forem corrigidos, a pesquisa do petróleo no Brasil, em qualquer das suas
bacias, será difícil e onerosa. Não há ajuda do divino para o serviço.




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  • 2. Geologia e Religiã Geologia e Religião Todo o volume de conhecimento científico conseguido até hoje teve como objetivo respon- der os quesitos conhecidos como questões transcendentais ou questões básicas, e atrás dessas pergun- tas esconde-se toda a curiosidade da espécie humana: • De onde viemos, ou, quem nos colocou aqui, • O que fazemos na Terra e • Para onde iremos depois da morte. Tais perguntas são, ainda hoje, respondidas dentro das tradições religiosas que dizem que a vida é um dom de Deus, que nos colocou aqui para louvá-lo e que depois da morte vamos para o céu, ou para o inferno, conforme as coisas boas ou más que fizemos aqui na Terra. Outras respostas dependeram de estudos apurados e perseguidos com denodo dentro dos conventos, e daí que se desenvolveu tudo o que conhecemos com o nome de Ciência. Não obstante, dentro do perfil que chamaremos de “conhecimento atual” continuamos a nos comportar como nos tempos mais antigos, quando a ignorância era máxima. O estudo da Geologia mostra que, apesar das grandes invenções, do desenvolvimento de novas técnicas, dos estudos as- tronômicos e do desenvolvimento dos computadores, continuamos a pensar que somos os maiores e dignos representantes de Deus aqui na Terra. O mesmo se pensava nos séculos da Idade Média, no início da Revolução Industrial, nos anos das Grandes Guerras e continuamos com o mesmo senti- mento neste início do Século XXI. Dessa forma, as religiões continuam a oferecer a tábua de salvação para a absoluta maioria dos homens. A manutenção dessas idéias, passadas de geração em geração, deram margem ao apare- cimento de pessoas inescrupulosas e interessadas na exploração da idéia de castigo e perdão divinos, para encher as igrejas de fiéis e fazer fortunas com a fé dos crédulos. Os exemplos existentes e divul- gados pela mídia são inúmeros. A Igreja continua a “beatificar” pessoas comuns, “rezar” para aplacar a ira dos deuses ou pedir bênçãos para necessitados delas, exatamente como procediam os homens dos tempos mais antigos. Nos esportes em geral, as transmissões são feitas por sofisticadíssimos sistemas de televisão e comunicação, em tempo real, mas os competidores se benzem antes de entrar em campo para dis- putar uma partida ou competição. Ao final, o campeão ou o vencedor agradece aos seus santos sem lembrar que sua vitória é o resultado do seu esforço em treinamentos sacrificantes. Os perdedores, que também treinam tanto quanto os campeões, não têm a quem agradecer ou creditar a derrota, o que provoca o sentimento de que Deus é parcial ou tem preferências. Assim, nas competições, apa- rentemente há um deus seletivo que só ajuda ao primeiro colocado, desprezando o resto. Mas, no nosso dia a dia, a atuação da Igreja de hoje está longe e se distancia cada vez mais de uma realidade cruel na vida da maioria formada pelos povos pobres: a morte pela fome, a desnu- trição, o desemprego, a falta de escolas e a corrupção desenfreada que são características do subde- senvolvimento dos povos. É deste caldo de cultura que a religião se alimenta. Como nos esportes, 271
  • 3. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa na sociedade dos homens o comportamento de Deus é o mesmo: aos ricos, a proteção divina. “Aos pobres, as batatas”, enquanto esperam a morte para irem a um lugar inexistente, o céu, prometido por alguns espertos. Quando se estuda Geologia aparecem as contradições. Fica evidente a impossibilidade dos fatos terem acontecidos como os relatados na Bíblia: a criação do mundo (“No princípio criou Deus os céus e a terra e a Terra era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo”); a criação do homem (“...do pó da terra e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida.”); a criação da mulher (“...Deus fez cair um sono pesado sobre o homem... ...tomou-lhe, então, uma das costelas e fechou a carne em seu lugar e da costela que o Senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem.”) e dos outros animais não passa de uma solução absolutamente fora de propósito. Fica evidente que a ima- ginação de Moisés nunca passou de uma maneira sutil de impor-se a seus comandados, explicando coisas das quais não tinha conhecimento. Vamos responder as questões básicas segundo princípios geológicos conseguidos no desen- volvimento deste trabalho. De onde viemos ou, quem nos colocou aqui? Neste ponto há um choque entre a Geologia e as religiões. Todas elas adotam a idéia de que foi um Deus todo poderoso que fez não somente o mundo inteiro, mas também o homem para habitar e dominar a Terra. É a solução religiosa para um problema geológico. A resposta geológica ao problema está em capítulo próprio (v. Energia). O homem, como todos os animais e vegetais, é resultado da sedimentação dos gases de que é feita a atmosfera, como efeito da energia do Sol aqui chegada em forma de luz. Originalmente, fórmulas químicas (compos- tos de carbono) aglutinadas pela energia do Sol sofreram os processos evolutivos até as formas hoje existentes. Não há qualquer interferência divina no processo, fora da energia solar. Na Terra existem apenas dois reinos naturais, não três como tradicionalmente ensinados nas escolas como fruto da cultura religiosa. O primeiro é o reino mineral (rochas, água e gases) que forma a quase totalidade do globo, tanto interna como externamente. É a parte inanimada ou passiva do glo- bo. O segundo é o reino orgânico: animais e vegetais, que constituem uma pequena fração do todo. Em números irreais, apenas para dar idéia em linguagem e escala humana: os minerais constituem 99,999999% do globo terrestre, e a parte orgânica 0,000001%. Ao longo do tempo geológico, precedido pelos vegetais e seguido pelos animais, o mundo orgânico evoluiu até às formas de animais e vegetais hoje conhecidas, e a evolução continua. O processo é contínuo e infindável até que desapareça uma das condições que lhe dão origem, a atual constituição química da atmosfera terrestre. Sermos a semelhança de Deus é mera pretensão e naturalmente desconhecimento do fenô- meno da evolução geológica. A idéia de ter sido feito do pó da terra com o sopro divino nas narinas serviu e continua servindo a manipuladores da ingenuidade alheia, mas é um erro abusivo. Geologi- camente falando, a origem de todos nós, independente da espécie, está no fenômeno da sedimentação da atmosfera sob a influência da energia do Sol. O que fazemos na Terra? Ainda dentro da tradição religiosa sabe-se que estamos aqui na Terra para amar a Deus sobre todas as coisas, servi-lo e glorificá-lo1. A conclusão que se faz da pesquisa geológica é diferente. Estamos aqui fazendo o que todos os outros animais e vegetais também fazem: reproduzir a espécie, perpetuando a energia do Sol aqui 272
  • 4. Geologia e Religiã chegada e fixada. Esta é uma missão e obrigação dos animais perante a natureza e por extensão de raciocínio, de todos os seres orgânicos. Todos os seres de origem orgânica cumprem o que se chama, impropriamente, de ciclo vi- tal: nascem, crescem reproduzem-se e finalmente morrem, sem nenhuma exceção. Em termos ge- ológicos, cada ser de origem orgânica, uma planta ou um animal, após curto período na superfície “morre”, e em seguida, reúne-se como “lixo” nas bacias de sedimentação onde se acumulam e se transformam em petróleo. Os paradigmas religiosos fizeram da nossa principal função um pecado (os outros animais não seguem o paradigma). O ato sexual, através do qual se faz a reprodução, é um pecado, enquanto não for “abençoado” em uma cerimônia: o casamento (“...portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem”)2, (“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.”)3. A partir dessa tradição religiosa, por ser artificial, desenvolve-se todo um drama social que resulta em desentendimentos, frustrações, desencantos e diversos graus de infelicidade, como desrespeito à pessoa humana, agressões, assassinatos, traições, etc. Especialmente depois da II Guerra Mundial, na primeira parte do século XX, o maior grau de liberdade conquistado pelas mulheres, a parte mais prejudicada pelas tradições religiosas4, fez do ca- samento um ritual inteiramente desprovido de valor, isto é, o casamento é um artificialismo humano, anti-geológico. Para cumprir a lei da natureza, como fazem todos os animais, só há necessidade do casal que se proponha a ter filhos, tenha os meios para criá-los, de maneira que eles possam repetir a mesma coisa no futuro: reprodução da energia do Sol, que é exatamente o que fazemos aqui na Terra. Para onde iremos depois da morte? A pergunta está respondida no item anterior. Vejamos alguns detalhes. O “ciclo vital” dos seres orgânicos, passada a fase da reprodução entra na fase final do en- velhecimento. O que é o envelhecimento? É a oxidação dos tecidos dos animais como resultado da permanência na troposfera, onde a presença de 21% de oxigênio “queima ou oxida”, no sentido mais amplo da palavra, tudo o que existe dentro dela. A lenta e inexorável perda das funções, tanto físicas como mentais, até a falência total dos órgãos, quando sobrevém a “morte”, que completa o ciclo, desaparecendo do rol dos vivos. O envelhecimento é então o resultado da combustão dos tecidos de que somos feitos diante de uma atmosfera oxidante. Nada na superfície da Terra resiste a esta reação química. Qualquer ser que conseguir ultrapassar as barreiras dos acidentes de percurso existentes na modernidade (doenças, guerras, desastres, assassinatos, etc), além dos acidentes naturais como terremotos, tsunamis, tem- pestades, morrerá de velhice ou de senilidade. Sob o ponto de vista humano e por tradição religiosa, com a morte há uma separação entre o corpo e algo chamado de “espírito ou alma”. Dissertar sobre a existência da alma sem saber de onde ela vem ou como ela é introduzida na pessoa (ao nascer ou no ato da fecundação) demonstra apenas que nada se sabe sobre sua origem. Os animais e vegetais, perfeitos que são, não a possuem. Sob o ponto de vista geológico as explicações são completamente diferentes e, mais fáceis de serem compreendidas. Não há almas nem espíritos, apenas a energia do Sol transmitida no ato da reprodução, a qual nos dá capacidade de memória, raciocínio, pensamentos e vibração durante a vida. Somos a energia do Sol em três dimensões. Sobrevindo a senilidade segue-se a “morte” (o desaparecimento do rol dos vivos), transferindo-se a energia de superfície para a subsuperfície, e mais cedo ou mais tarde, dentro de uma bacia de sedimentação, se transformará em petróleo. Depois da “morte”, viramos “lixo orgânico” e temos de ser enterrados ou cremados porque mal-cheirosos, ou conservados para estudos de anatomia. Ficam as obras como registro do tempo em que estiveram 273
  • 5. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa à superfície, como energia tridimensional: escultores, compositores, inventores, políticos, reis, rai- nhas, etc. Alguns povos apelam para o recurso da mumificação e outros métodos de conservação de cadáveres em gelo e/ou nitrogênio, na esperança de ressurreições inexistentes, resultantes de má informação e ingenuidade. A transformação dos seres vivos em petróleo é um fenômeno existente desde o início dos registros geológicos que ocorrem na litosfera do globo. Esta é a resposta para a última questão transcendental. Ciência e Religião As três perguntas fundamentais somente puderam ser respondidas estudando a Terra como um todo, dentro de uma escala conveniente. Em outras palavras, a dificuldade para responder às perguntas deveu-se à falta de um método para estudo da Terra. Antigamente, a falta desse método levou a que se tentasse explicar os mistérios da natureza pela via das crenças religiosas, desde que a ciência não existia. A sentença configura uma primeira constatação importantíssima para caracterizar e separar ciência e crendices: A Religião é anterior à Ciência! Como consequência do fato, o método de estudo baseado na religião fragmentou o conhe- cimento de tal modo, que a humanidade ficou perdida no emaranhado de tantos fragmentos. Neste ponto, surge nova conclusão: a ciência é absolutamente independente da religião. Ciência e religião não se tocam. Elas são antônimas no significado e antagônicas no objetivo e não têm afinidades. A ciência se opõe à religião e vice-versa. Esta, a religião, tem como instrumento de trabalho, a fé. Para a ciência há necessidade de evidências factuais, para demonstrar verdades. Chegamos a outra conclusão: Um cientista não pode ser religioso e o religioso jamais será um cientista. Quando se conhece os fatos e as leis que governam a sua natureza as explicações metafísicas são descartáveis. De fato, as soluções religiosas são aquelas dadas às multidões que não exigem evidências daquilo que se afirma. Aceita-se a proposição pela fé como definida na carta do apóstolo Paulo aos Hebreus, no Novo Testamento (“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem”)5. Para os cientistas, em menor número, há necessidade de apresenta- rem-se evidências das suas afirmações sem o que, nada feito. Esta declaração provoca nova conclusão: a religião não é o meio adequado para estudar e responder às questões fundamentais. Entretanto, foi dentro do antigo arcabouço religioso que, dialética e naturalmente, nasceu a ciência atual. Tal fato plasmou e influenciou fortemente toda a ciência em crescimento e os conse- quentes cientistas. Esses mesmos costumes continuam a influenciar toda a população do mundo. As- sim, antes de tornar-se um cientista, um homem sofre a influência da educação doméstica e escolar, que é, por tradição, fundamentalmente religiosa. Só depois de adquirida a primeira parte da perso- nalidade é que um homem, quando adulto, pode escolher tornar-se ou não um cientista, sobrevindo o choque. Se ele quiser dedicar-se à Ciência estará em uma encruzilhada: seguir o ensinamento dos pais e mestres da infância e juventude professando uma religião, ou tomar a direção de professar a Ciência. Toda a sua personalidade, esculturada e plasmada sob a influência religiosa, tem de tomar um novo rumo que é a antítese de tudo o que ele aprendeu anteriormente sob a influência dos pais e professores. A maior parte dos cientistas não consegue livrar-se da primeira educação e faz uma ciência sob a tutela invisível do pensamento religioso, ficando no meio do caminho. Explicitamente, a ciência e os cientistas nasceram moldados em fundo religioso, a forma 274
  • 6. Geologia e Religiã mais primitiva de conhecimento. Até o tempo de Copérnico, o ótimo representante da fase científica no início do século XVI, seguido por Kepler, o aperfeiçoador do copernicalismo e Galileu, o teimoso propagandista do copernicalismo, a ciência servia para alicerçar os dogmas religiosos ditados pela igreja. Esta ensinava como o mundo se formara, e os cientistas começavam a duvidar que aquilo estivesse certo, brotando com eles, as sementes da desobediência ao clericalismo. Era a época da sabedoria aristotélica-ptolomaica do geocentrismo. Desde antigamente e ainda hoje, há exemplos marcantes dessa classe de cientista. Vejamos alguns exemplos que configuram este fato. Pitágoras, autor do famoso teorema que leva o seu nome, fundou o Pitagoreanismo, uma irmandade religiosa, que ensinava que tudo podia ser reduzido a números (“all is number”!), isto é, que a natureza no seu mais profundo sentido é por princípio um problema de matemática, além de acreditar na alma, nas coisas do divino e que havia um significado místico em alguns símbolos. Newton, cujos trabalhos marcam a culminância da ciência no século XVII-XVIII, também pesquisou os mistérios da religião onde não teve (nem poderia ter!) qualquer sucesso. Entre suas obras encontram-se The Chronology of Ancient Kingdoms Amended (1728); Observations Upon the Prophecies of Daniel and the Apocalypse of St. John (1733). Barão Cuvier, o fundador da anatomia comparada no século XIX, cujos trabalhos deram sentido aos estudos paleontológicos atuais, fez renascer a velha doutrina do Catastrofismo para justi- ficar resultados dos seus estudos. Segundo esta doutrina, de vez em quando aconteciam “catástrofes” que destruíam as espécies existentes, modelavam a Terra, após o que, novas espécies apareciam, dando como exemplo dessas revoluções o Dilúvio de Noé. O Catastrofismo desapareceria mais tarde devido à inconsistência de argumentos a seu favor. O Dilúvio de Noé é um fenômeno fisicamente impossível de ter acontecido na evolução do globo. O monte Ararat, onde a Arca de Noé teria pou- sado, mede 5.165m de altitude e ele esteve coberto pelas águas, pois “...todos os altos montes que havia debaixo do céu foram cobertos. Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e assim foram cobertos”6. Moisés, o autor da lenda, criou uma capa esférica de água com mais de 5.165m de altitude, relativa ao nível atual, sem explicação sobre três pontos geologicamente sensíveis: • De onde veio a água para concretizar o dilúvio. • O tempo necessário para aumentar o volume da água proposto pelo profeta “...farei cho- ver sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face da terra todas as criaturas que fiz.”7 • Para onde foi a água do dilúvio depois que acabou o castigo de Deus. Para um geólogo o fenômeno só existiu na imaginação de Moisés, assim como surgiram as idéias atuais sobre o efeito estufa, o derretimento das calotas polares, a subida do nível do mar e o esgotamento das reservas de petróleo nas bacias sedimentares. Até hoje, na indústria do turismo moderno, o Monte Ararat tem como apelido, a Montanha Sagrada e continua a atrair pessoas que gastam dinheiro para ver os restos da Arca de Noé, que jamais esteve naquela altitude. Agassiz, contemporâneo e aluno de Cuvier, originariamente médico, tornou-se exímio pale- ontólogo, ictiólogo e posteriormente um “glaciólogo” exercendo grande influência nos meios cien- tíficos, especialmente americanos. Ele proclamava: “A combinação tanto no tempo como no espaço de todas essas concepções exibem, não somente pensamento, mostra também premeditação, poder, inteligência, grandeza, presciência, onisciência e providência. Em uma palavra todos esses fatos na sua natu- reza proclamam em alto e bom som a existência de um Deus Único, ao qual o homem 275
  • 7. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa deve conhecer, adorar e louvar; e a História Natural em boa ocasião é a intérprete dos pensamentos do Criador do Universo”8 (tradução do autor). Mais recentemente, já no século XX, temos o exemplo do maior dos cientistas do século: Albert Einstein9 que criou teorias complicadas, tentando explicações das coisas simples do cotidiano. Por ser religioso ele deixou de aplicar sua extraordinária inteligência na solução de problemas mais importantes do que a curvatura do espaço, ou se o universo é finito ou infinito. É famosa a sua frase: “Eu quero saber como Deus criou este mundo. Não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Quero conhecer os pensamentos Dele, o resto são detalhes.”10 Einstein morreu sem resposta. Finalmente, nos dias atuais, surge o matemático britânico, S.W.Hawking, que estuda pro- blemas semelhantes aos do Dr. Eisntein, também sem poder dar resposta clara sobre o tempo e suas consequências, diz na sua obra, cheio de esperança, que: “Entretanto, se descobrirmos de fato uma teoria completa, ela deverá ao longo do tem- po ser compreendida, grosso modo, por todos e não apenas por alguns poucos cientistas. Então devemos todos, filósofos, cientistas, e mesmo leigos, ser capazes de fazer parte das discussões sobre a questão de porque nós e o universo existimos. Se encontrarmos a resposta para isto teremos o triunfo definitivo da razão humana; porque, então, teremos atingido o conhecimento da mente de Deus.”11 Nenhum dos cientistas acima citados, a despeito da qualidade e da quantidade das suas in- teligências, conseguiu desvendar as respostas às questões fundamentais. As teorias resultantes dos seus trabalhos são complicadas e não constituem uma contribuição muito grande para solucionar os problemas sociais da humanidade (miséria, fome, subdesenvolvimento etc). Se cientistas do calibre de Einstein, Cuvier, Newton e Pitágoras não conseguiram desvendar os mistérios da natureza da Terra, como supor que os profetas o fariam? Do ponto de vista geológico, o aparecimento e atuação dos profetas foi uma consequência natural da cultura existente. Não é de admirar, portanto, que a literatura produzida naquele tempo seja apenas um retrato da cultura daquele tempo. Mas não ficam por aí as contradições entre a Geologia e os ensinamentos bíblicos. Por exemplo, o episódio da passagem do Mar Vermelho pelo povo de Israel durante a fuga do Egito, per- seguido pelas tropas do Faraó, quando as águas do Mar se separaram “Então Moisés estendeu a mão sobre o mar; e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite, e fez do mar terra seca, e as águas foram divididas.” “E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas foram-lhes qual muro à sua direita e à sua esquerda”12. Historicamente, vale lembrar que em situação idêntica, em 1973, durante a chamada Guerra do Yom Kippur, o general comandante das IDF (Forças de Defesa de Israel) sem poder usar o mes- mo expediente de Moisés, para ultrapassar o mesmo Canal de Suez contra tropas egípcias, teve de construir uma ponte de 170m de comprimento, em pleno deserto do Sinai e transportá-la até o ponto escolhido para passar o canal, a custa de um sacrifício extraordinário de homens e equipamentos13. Não existem, nem nunca existiram milagres. Apenas crendices no sobrenatural, que sobrevivem pela tradição. O mesmo método de Moisés foi usado por Josué, na passagem do Rio Jordão (Josué, cap. 3) 276
  • 8. Geologia e Religiã em direção a Jericó que seria destruída por ele. Em outro episódio, também da história de Josué, o Sol e a Lua foram detidos: “E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Não está isto escrito no livro de Jasar? O Sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr- se, quase um dia inteiro”14 até que Josué pudesse vencer os amorreus que oprimiam o povo de Israel. Mais ousado ainda que fazer o Sol “parar” é aquele em que, além de parar, o Sol retrocede por dez graus15, ou seja, ele pára e depois recua. Pouco importa quanto valia o grau naquele tempo e qual o motivo do “recuo” do Sol, diante da impossibilidade do Sol recuar. São assuntos de natureza geológica e quem os descreveu não tinha nenhum conhecimento disso. O movimento não era do Sol, mas da Terra, e isso só viria a ser conhecido em 1543 com a publicação do “De Revolutionibus”, de Copérnico. A ordem para parar o movimento teria de ser dado à Terra e não ao Sol. Ainda mais, a Terra além de parar deveria ter invertido o seu movimento de oeste para leste, coisas impossíveis a um geólogo imaginar. Todas essas idéias, sem a evidência de fatos que as comprovem, não passam de meras tentativas de engrandecer o homem como semelhança de Deus, ao tempo da menoridade da ciência. Somente a ingenuidade de incautos ou a exploração da boa fé das pessoas justificam que as crenças de antigamente continuem a prevalecer nos dias de hoje. Se a atitude for tomada por um cien- tista, suas teorias devem, pelo menos, ficar de quarentena para serem posteriormente descartadas. Ora, se os episódios citados são geologicamente falsos não há porque pensar que haja algum outro verdadeiro, dentro do mesmo naipe de pensamento. Existe a vida, mas não há, nem nunca houve ressurreição. O homem, por ignorância, criou um deus poderoso e fez de si próprio a imagem e semelhan- ça dele, e pior de tudo, acreditou e acredita nisso. O conhecimento da Geologia desfaz tal idéia e mostra o homem como uma entidade fragilíssima diante da natureza. Não há outro mundo além deste que conhecemos, nem almas deste ou de outro mundo (san- tos, duendes, deuses e demônios) que possam nos ajudar, ou nos castigar. Geologicamente falando, ou somos eficientes ou não somos, e neste caso sofreremos as con- sequências. Não há ajuda divina. Este é o mesmo raciocínio que deve ser feito em relação à pesquisa de petróleo feita na Bacia do Recôncavo. Há erros evidentes na definição da Estratigrafia das rochas na terceira dimensão desta Bacia. Enquanto eles não forem corrigidos, a pesquisa do petróleo no Brasil, em qualquer das suas bacias, será difícil e onerosa. Não há ajuda do divino para o serviço. 277