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Quarta Parte
A Sísmic




                                          A Sísmica

	        Este estudo começou buscando as razões dos muitos deslizes cometidos pelo serviço de
exploração da Estatal do petróleo brasileiro na Bacia do Recôncavo. Da leitura e anotação do de-
senvolvimento dos prospectos dos poços pioneiros existentes no arquivo técnico daquela Empresa
observou-se não haver conexão, entre o que se programava nos prospectos e os resultados que eram
alcançados após as perfurações. Por que isso acontecia foi a pergunta central.
	        Os homens que conduziram o serviço de exploração da Estatal trabalharam, sem o saber,
com a estratigrafia da bacia, incorretamente definida, um legado dos cientistas pioneiros. Havia um
erro de fundo geológico que contraria uma regra básica da natureza: a Segunda Lei da Sedimentação.
	        Os paradigmas ditaram no passado, e ditam no presente, o comportamento da humanidade
de cada época. A pesquisa da origem do petróleo indica que estamos em um desses pontos cruciais:
os paradigmas atuais devem ser mudados.
	        As idéias sobre o que é e como ocorre o petróleo, atualmente em voga no mundo, vêm de
longe no tempo, e por isso estão envelhecidas. Elas precisam ser substituídas por idéias melhores e
mais novas com o fim de facilitar a sobrevivência da humanidade. Entretanto, a dificuldade de mudar
paradigmas leva o homem a preservar as idéias consideradas padrões, porque escoradas em conclu-
sões feitas por grandes nomes da ciência da época. Abaixo são exemplos do que chamamos de velhos
paradigmas:
         •	 Crê-se que o Oriente Médio possui a maior parte do petróleo do mundo, e por conta disso
            sofremos monumentais crises econômicas. O preço do petróleo sobe sem controle, ao bel-
            prazer dos seus “donos”. Sobe também pelas crises políticas e religiosas verificadas entre
            os habitantes da região.
         •	 Crê-se que o petróleo, não somente é um fator de poluição, como é uma fonte de energia
            não renovável ou em extinção.
         •	 Promovem-se reuniões tipo Protocolo de Kyoto com vista a diminuir as emissões de CO2,
            o que se convencionou chamar de poluição ambiental.
         •	 Espalha-se a notícia, sonhadora, de que podemos colonizar a Lua, Marte e outros planetas
            e inflaciona-se a economia mundial com projetos mirabolantes e irrealizáveis.
         •	 Crê-se que a Terra é um planeta de base sólida porque no século passado alguns geofísicos
            chegaram a esta conclusão e firmaram tal paradigma como correto. A partir deste primei-
            ro erro adaptaram os aparelhos geofísicos para buscar petróleo, atitude que gerou a crise
            atual de combustíveis.
         •	 Pensa-se que o mundo, o homem e a mulher foram feitos por Deus, que os pecados exis-
            tem e que vamos para o céu ou o inferno; reza-se para os santos e imagens que são entro-
            nizadas nos palácios do executivo e do legislativo, sem reparar que este ato não impede a
            corrupção existente naquelas casas.
         •	 Explicam-se fenômenos extraordinários como do “El Niño”, “efeito estufa”, animais em
            extinção, derretimento das calotas polares, elevação do nível dos mares, etc. sem conhecer

                                               121
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

           o mínimo que se exige para uma conversa lúcida sobre o assunto.

	      Quebrados os velhos paradigmas, surgem novos paradigmas que nos levam a pensar de
modo diferente sobre os mesmos temas:
       •	 Não há qualquer possibilidade de esgotarmos as reservas de petróleo existentes no plane-
          ta, mesmo a consumo mais alto do que os atuais, pois na Terra temos ainda por descobrir
          reservatórios maiores e melhores que os do Oriente Médio;
       •	 Podemos gastar maiores quantidades de petróleo, desde que isso é uma necessidade para
          a humanidade, pois temos de aumentar o índice de CO2 na composição do ar atmosféri-
          co (0,032%), que está perigosamente baixo. E são justamente as nações desenvolvidas,
          consideradas vilães do drama, que têm a possibilidade de postergar a habitabilidade do
          planeta por mais tempo.
       •	 Não podemos, nem poderemos sair do planeta para parte alguma do sistema, pois a vida
          como a conhecemos é um privilégio e uma característica da Terra e de nenhum outro pla-
          neta ou astro na nossa vizinhança cósmica imediata e principalmente remota.
       •	 A Terra é um planeta de base fluida e a sísmica não é um método de pesquisa geológica.
       •	 Não existem pecados contra seres superiores, mas transgressões das leis humanas que
          cometidas têm de ser julgadas e punidas aqui mesmo na Terra, etc.

	        A Geologia é uma ciência misteriosa ou não, dependendo de uma condição: conhecer o que
é, no campo, uma formação geológica. A experiência do autor indica que, de modo geral, os diretores
de uma companhia de pesquisa pedem mapeamentos geofísicos de qualquer natureza, especialmente
sísmicos, exatamente por não conhecerem Geologia básica. Atualmente, no Brasil, os preços cobra-
dos pelas companhias especializadas no serviço geofísico alcançam níveis que podem ser chamados
de estratosféricos: US$ 30.000,00 (trinta mil dólares) por km2. O mínimo que se pode dizer é que a
este preço é um fator impeditivo para iniciar-se qualquer trabalho de mapeamento e explica também
as desistências e fracassos na atividade da pesquisa de petróleo pela iniciativa privada: os preços da
pesquisa são proibitivos.

                              A Sísmica e a Estrutura da Terra
	       Uma premissa importante:

      	 Geologia é o estudo da Terra como planeta de maneira a poder responder quem
      somos nós, de onde viemos e para onde iremos depois da morte.

	       Para isso precisamos conhecer: a estrutura do globo tanto interior como exterior e seu fun-
cionamento; qual o seu tempo de existência, ou seja, seu passado, seu presente e projeções no futuro
e finalmente achar e aproveitar riquezas minerais e/ou orgânicas na superfície e subsuperfície, para
manter a sobrevivência dos seus habitantes.
	       A importância do estudo desses pontos prende-se ao fato de a humanidade depender desse
conhecimento para prosseguir a bordo do planeta por tempo mais longo e de maneira mais confortá-
vel.
	       Só existe um caminho para satisfazer os itens acima: substituir os mapeamentos geofísicos
pelos estratigráficos, de acordo com as Leis da Sedimentação.
	       É o mesmo que dizer, estudar a sua estratigrafia dentro de novos paradigmas geológicos. Não
há, ou não existem, no momento, aparelhos que possam fazer este serviço.

                                                  122
A Sísmic

	      Esse conhecimento da Terra tem sido buscado ao longo da história da humanidade e, se
temos conseguido alguma coisa, faltam ainda outras essenciais, que se não forem determinadas a
tempo, poderão precipitar acontecimentos lutuosos. Alguns deles já em andamento no plano social,
como por exemplo, a contradição existente entre ricos e pobres pela má distribuição da riqueza da
Terra.
	      O conhecimento do planeta sempre foi o objetivo primeiro dos estudos filosóficos e científi-
cos. Nunca foi conseguido, pois, durante esse tempo, faltaram três informações importantes, que só
recentemente apareceram:
        •	 A primeira envolve o uso das escalas;
        •	 A segunda prende-se ao conceito do tempo geológico;
        •	 A terceira relaciona-se aos movimentos da crosta terrestre que são três e não dois, como
           se pensava anteriormente.

	        Todos os estudos anteriores, não tinham como ultrapassar essas dificuldades. Eles são fruto
da parte mais recente da história (período pós II Grande Guerra) que chamamos Civilização do Petró-
leo, determinada e caracterizada pela invenção dos motores de combustão interna, no fim do século
XIX.
	        Assim, todas as pesquisas sobre a Terra foram feitas por cientistas de grande reputação à
sua época, que deram o peso do seu nome a teorias várias, as quais continuam vigindo à custa do
tradicionalismo. Entretanto, diante de novas informações, elas devem ser reconsideradas, para serem
descartadas. Elas precisam ser substituídas por novas teorias surgidas no campo, pois as velhas idéias
são, de fato, os empecilhos à modificação do pensamento científico para um novo patamar de conhe-
cimento do globo em que vivemos.
	        As novas idéias sobre o planeta e as repercussões sobre o comportamento humano na su-
perfície do mesmo trazem para o ponto zero muito do conhecimento obtido até agora com as anti-
gas idéias e reiniciam uma nova etapa de comportamento. Por isso, os novos conceitos chocam as
pessoas acostumadas aos velhos raciocínios. Esse choque é esperado no primeiro momento, mas é
também facilmente digerido principalmente pelos cientistas mais jovens. São famosos os exemplos
de passagens das idéias socráticas para as keplerianas através das de Copérnico e Galileu.
	        Vejamos as principais objeções entre as velhas e as novas teorias sobre o globo, sua lógica,
suas evidências e a vantagem da substituição das velhas pelas novas idéias.
	        O interior da Terra é um mistério insondável para a humanidade.
	        Já se disse que os humanos estão mais perto da Lua e dos planetas do sistema do que do
interior da Terra sob os nossos pés.
	        Os primórdios da geofísica datam da Antigüidade entre egípcios, chineses e gregos e não nos
aprofundaremos nesses estudos, pois há literatura especializada sobre o assunto. Além do mais, não
são eles importantes para o caso presente, sendo todos catalogados entre as aqui chamadas, idéias
antigas.
	        A história da sísmica explica o ponto em que estamos no estudo da Geologia com muita
clareza.
Sem poder penetrar o interior do planeta, tinha-se de inventar algum modo de conseguir o objetivo.
Foi o que ocorreu em 1880 a John Milne1 (1850-1913) e seus colegas (James Ewing, Thomas Gray e
F.Omori), quando tentando compreender as causas dos terremotos no Japão, propuseram o protótipo
de um aparelho que registrava a movimentação das rochas sob ele e que ficou conhecido, posterior-
mente, como sismógrafo2.
	        O aparelho só foi experimentado na pesquisa de petróleo em 1921, em Oklahoma, USA.
Em 1924, foi creditada ao método a descoberta de um campo de petróleo ainda em Oklahoma. Em

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Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

1928, a British Petroleum experimentou o método no Iran, e segundo o noticiário da época, o método
foi um sucesso. Tudo ficaria melhor depois da Segunda Guerra (1939-1945), pela altura de 1960,
quando surgiram os computadores. Em 1928 trabalhava um sistema de 4 canais. Em 1930 apareceu
um sistema de 8 canais. Nos anos 40, os canais já eram de 10 a 12. Em 1960, 48 canais. Em 1980
eram 96 canais. Passou-se a usar 480 canais nos anos 90. Os primitivos sismógrafos mecânicos foram
substituídos pelos elétricos, e a era dos computadores facilitou grandemente o trabalho dos chamados
geofísicos.
	        Como era nova, a idéia logo se propagou e apareceram os estudiosos das qualidades do
novo aparelho. Foi verificado que os abalos sísmicos provocavam pelo menos quatro tipos de ondas
sísmicas. Duas delas se propagavam na superfície da Terra: Love waves e Rayleigh waves e duas no
interior, as ondas P (primárias) e S (secundárias), que ficaram conhecidas como body waves.
	        Para a determinação da estrutura da Terra, somente podiam ser usadas as body waves, desde
que só elas, podiam penetrar o interior do globo.
	        Semelhante a evolução do telescópio de Galileu, o sismógrafo evoluiu do primitivíssimo
aparelho de Milne até as atuais maravilhas eletrônicas de precisa precisão, sem que o conhecimento
do interior do globo tivesse se alterado um milímetro sequer. A finalidade para a qual o sismógrafo
fora criado não foi conseguida, e os tremores de terra continuam, até hoje, a fazer parte dos grandes
mistérios da natureza. Continuava-se (e continua-se) ignorando o que seja ou o que fosse um terre-
moto e desconhecia-se (e desconhece-se) a sua origem. Só é possível conhecer a origem dos terre-
motos conhecendo-se rochas e sua ordem natural. Não há instrumentos ou aparelhos capazes de fazer
isso.
	        Passou-se então a usar as ondas sísmicas para especular sobre assuntos desconhecidos. Es-
pecialmente como se formavam as montanhas (uma aparente contradição da Geologia!) ou como os
continentes mudaram de lugar sobre a esfera da Terra.
	        Historicamente pode-se fazer um paralelo entre a sísmica e a paleontologia. As rochas da
Bacia do Recôncavo foram definidas e descritas, antes de se saber que os fósseis dentro dela estavam
misturados e sem valor estratigráfico. Semelhantemente, os estudos físicos do interior da Terra não
podiam estar corretos, desde que ainda não se sabia que a litosfera do globo era móvel, isto é, não se
sabia dos movimentos tangenciais da crosta. Somente no final do século XX, quase cem anos depois,
é que apareceram as condições para estudar a litosfera e com isso a possibilidade de compreender
corretamente a estrutura do interior da Terra.
	        O estudo sismológico mostrou que as ondas primárias (P) se deslocavam no sentido do
movimento e as secundárias (S) transversais a ele e aquelas eram mais velozes do que estas. As
primeiras se deslocavam independente da qualidade do meio em que vibravam e as últimas eram
bloqueadas pelos fluidos.
	        A continuidade das observações mostrou que havia uma determinada área da superfície da
Terra aonde as ondas primárias não chegavam. Essas áreas em branco ficaram conhecidas como áre-
as ou zonas de sombra ( Fig. 4.1). Mas sombra de que?
  	      Em 1906, Richard Dixon Oldham3 (1858-1936), sismólogo irlandês, explicou a existência
daquelas áreas como resultado da deflexão das ondas P, por algo que existiria no centro do globo feito
de material de alta densidade. Esse algo foi chamado de núcleo.
	        Firmava-se a crença de que a sísmica era uma ciência nova, reveladora, algo interessante a
estudar, desde que não havia possibilidade de refutá-la. A idéia do núcleo era razoável e firmou-se
no mundo científico, mais por respeito ao nome extraordinário do autor da teoria, do que por uma
evidência mais palpável. Além disso, era fruto de cálculos matemáticos que explicavam o fenômeno
de maneira simples e inteligente.
	        Três anos depois, em 1909, Andrija Mohorovicic4 (1857-1936) fez cálculos para saber em

                                                  124
A Sísmic

quanto tempo as ondas P decorrentes de um terremoto ocorrido no vale do Rio Kulpa (Croácia), le-
variam para chegar até o sismógrafo sob sua observação e comparou com o tempo real. Notou que
as ondas P do terremoto foram mais rápidas do que a velocidade calculada. Mohorovicic atribuiu o
fato às qualidades de determinado tipo de material que existiria abaixo da crosta onde as ondas sís-
micas tiveram a sua velocidade aumentada. Haveria então uma descontinuidade, uma diferença nas
rochas formativas do envoltório do globo: uma era a litosfera já conhecida da superfície, a outra era
o manto, subjacente a ela. Em homenagem ao cientista, esta descontinuidade ficou conhecida como
Mohorovicic discontinuity, ou simplesmente Moho como conhecida até hoje.
	        Em 1914, dando prosseguimento aos estudos iniciados por Oldham, Beno Gutemberg5
(1889-1960), alemão de nascimento, naturalizado americano, estudou as já conhecidas zonas de
sombra causadas pelo núcleo, e calculou que ele, o núcleo, ficava a 2.900 km de profundidade6. Em
sua homenagem deu-se o nome de Gutemberg discontinuity a esta parte da estrutura do globo.
	
	        Outra pergunta ficou para ser respondida: Por que aconteciam as zonas de sombra?

	        As zonas de sombra seriam devidas às fases do material constitutivo dos invólucros que
formavam o globo. As experiências realizadas na superfície da Terra mostravam que as ondas P e S
têm comportamento diferente frente às fases em que se encontram os diversos materiais. As ondas P
e S, com velocidades diferentes, atravessam normalmente os materiais sólidos, mas os materiais de
natureza fluida não são atravessados pelas ondas S. Repetindo para enfatizar: materiais sólidos são
atravessados tanto pelas ondas P, como pelas ondas S. Materiais fluidos são atravessados somente
pelas ondas P, enquanto as ondas S são bloqueadas (Fig. 4.2).
	        As ondas S, por serem ondas distorcionais, são bloqueadas pelos fluidos, desde que não se
pode torcer os fluidos. As ondas P, compressionais, mesmo desaceleradas, podem se propagar tanto
em sólidos como em fluidos. Determinou-se assim a natureza do material do núcleo. O núcleo era de
natureza fluida: defletiam as ondas P, causando as zonas de sombra e não permitiam a passagem das
ondas S.
	        Finalmente, em 1936, Inge Lehmann7 (1888-1993), sismóloga dinamarquesa, pesquisando
uma contradição, ondas P que, mesmo inesperadas, teimavam em aparecer onde não deviam (na zona
de sombra), determinou que isso acontecia em virtude de haver dentro do núcleo líquido, uma parte
mais interior, que era sólida. Ainda não foi, mas deveria ser chamada de Lehmann discontinuity em
homenagem à cientista dinamarquesa.
	        A conclusão era importante: a Terra era um planeta sólido de natureza, com exceção da parte
exterior do núcleo entre 2.900 e 5.500 km de profundidade.
	        Sumariamente, de 1936 até hoje, a estrutura interior da Terra, segundo a Sismologia, seria
constituída de:
         •	 Uma capa obviamente sólida, a litosfera, que transmite ondas P e S.
         •	 Seguida e separada de uma camada também sólida chamada de manto (Moho discontinu-
            ity) onde as ondas P e S também são transmitidas.
         •	 A 2900 km de profundidade a estrutura da Terra muda de estado físico, saindo do estado
            sólido para o estado líquido transmitindo somente ondas P e bloqueando as S e, finalmen-
            te,
         •	 A 5.150 km de profundidade o globo volta a ser sólido.

	        A despeito do alto gabarito e do indiscutido valor científico dos nomes envolvidos na pes-
quisa, a conclusão é equivocada, pois é contraditória com os fatos da natureza. Se o globo fosse de
base sólida, não haveria explicações para as montanhas, bacias, migração continental, a gênese do
Oceano Atlântico, os fósseis misturados tectonicamente dentro da Bacia do Recôncavo e muitos

                                              125
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

outros problemas anteriormente mostrados. A suposição da base sólida da Terra trava todas as
possibilidades da exploração do globo. A solução de todos os fenômenos sócios/econômicos do
planeta é dependente de trocar a idéia de um manto sólido, por um manto fluido.
	        Realmente, as conclusões obtidas com o método físico, não somente são contraditórias com
os fatos da natureza, como são prejudiciais para assuntos exploratórios e impedem o progresso da
humanidade.
	        Dá-lhes seriedade o fato do método envolver aparelhos sofisticados e cálculos matemáticos
complicados (porque artificiais), para corrigir uma série de desqualidades, tornando-os mais artifi-
ciais ainda.
	        É evidente que o primitivismo dos instrumentos usados para o estudo, além do uso ina-
dequado dos mesmos, e de idéias preconcebidas, levou o grupo de cientistas ao equívoco geral de
que a Terra era de base sólida. O preconceito é o ponto crucial do erro coletivo: sem que se tivesse
determinado a causa dos terremotos, os sismógrafos foram usados para determinar outra coisa tam-
bém desconhecida, mas já prejulgada. Já se sabia antecipadamente que a Terra era sólida. A sísmica
apenas confirmaria a suspeita. Observe-se como e por quê.
Em 1922 foi instalado o International Seismological Summary e nomeado para chefiá-lo um dos
mais eminentes cientistas daquele tempo: Sir Harold Jeffreys8 (1891-1989).
	        Em 1935 ele escreveu um livro em linguagem popular que chamou “Earthquakes and Moun-
tains” no qual expressou a idéia de que as ondas causadas por um terremoto não poderiam propagar-
se em um fluido. Somente uma fratura de um corpo sólido poderia produzir uma perturbação daquele
tipo, e definiu o terremoto como uma fratura das rochas formativas da Terra produzida por tensões
internas. Assim, a primeira informação vinda do ISS, onde se interpretavam os resultados dos ter-
remotos do mundo inteiro, era de que a Terra não era fluida na zona onde ocorrem os terremotos.
Ao contrário, ela seria sólida numa extensão de metade do seu raio. Ter em conta que quem estava
afirmando isso era nada mais nada menos que a maior autoridade da área, o que torna as contestações
difíceis de obterem êxito.
	        Entretanto a conclusão estava errada, pois os terremotos não ocorrem a profundidades do
manto. Eles são sempre fenômenos superficiais, em termos da litosfera. O erro de imaginação de Sir
Jeffreys (problema de escala geológica) foi fatal.
	        Em seguida publicou outro livro (1924), cuja 3a edição foi lançada em 1952 com o título
de “The Earth, Its Origin, History and Physical Constitution”, no qual afirma que a matemática é a
chave para descobrir os segredos da Terra, chegando a culpar a Terra por ter de usar recursos mate-
máticos e geofísicos para resolver seus problemas...
	        Neste exato ponto Jeffreys comete o seu segundo erro acompanhando conclusão anterior
de Pitágoras, 580 anos a.C. e Galileu, há 375 anos passados, obedecendo uma regra tradicional: os
problemas da natureza devem ser resolvidos com o auxílio da matemática8.
	        Ora, a despeito da grandeza científica de Sir Jeffreys, ele não tinha meios para, estudando
ondas sísmicas, concluir corretamente sobre a origem e a história da Terra. Este método de estudo é
inadequado para conseguir resultados sobre este assunto. Seu livro não tinha base científica para ser
escrito. Sua história era tão imaginativa quanto a de Hesíodo e Moisés, pois não havia fatos a apoiá-
la.
	        Daí por diante, o sismógrafo apenas confirmaria aquilo que se supunha conhecido e o que
o Doutor Jeffreys já afirmara nos seus trabalhos. Naquele tempo pensava-se que a Terra por dentro,
seria apenas a continuidade daquilo que aparecia por fora. A grande novidade era ela ter um dos seus
invólucros líquido. Havia, de fato, um preconceito sobre a constituição da estrutura da Terra. A nova
ciência apenas o confirmaria: a Terra era de natureza sólida como a sua superfície o demonstrava e
como os luminares da ciência daquela época o confirmavam.

                                                  126
A Sísmic

	        Não fosse a necessidade de uma mudança no raciocínio sobre exploração de petróleo, a
estrutura da Terra poderia continuar como Sir Jeffreys a concebera, a despeito das dificuldades que
isso trazia. Homem de personalidade muito forte, jamais aceitou a possibilidade dos continentes se
moverem e lutaria até a sua morte pela idéia da Terra sólida, idéia errada, mas até hoje comungada
por muitos seguidores.
	        A despeito dos brilhantes nomes envolvidos nas pesquisas, o resultado do estudo do interior
da Terra, feito com o instrumento inventado por Milne, está errado.
	        As evidências estratigráficas mostram que a Terra é de natureza fluida, como veremos a se-
guir.

        Evidências de que a Terra é de Natureza Fluida, Exceto a Litosfera.
	        De fato, a geofísica ainda é uma ciência nova e continua na infância tanto em técnicas como
em instrumentação. Tudo aparentemente ficou melhor na era dos computadores pelos anos 60, quan-
do os resultados, em belas e rápidas apresentações dão a impressão que está tudo certo, um ledo enga-
no. As máquinas trabalham maravilhosamente bem e melhoram a cada dia. O problema são os dados
a alimentá-las, tanto na obtenção como na interpretação dos mesmos. Não há relação de causa/efeito.
Não há nenhuma relação entre a realidade geológica da subsuperfície e a interpretação dada pelos
geofísicos dos sinais obtidos com os aparelhos, mesmo que sejam eles da mais moderna geração.
Para que houvesse a relação, haveria necessidade do conhecimento da geologia na subsuperfície, e
nesse caso, não haveria necessidade dos métodos geofísicos. A geofísica foi uma possibilidade da
qual se lançou mão para entender a Geologia, porque esta era absolutamente desconhecida. Dizendo
de outra maneira: se houvesse uma compreensão da Geologia, jamais haveria necessidade de criar-se
a Geofísica.
	        Na Bacia do Recôncavo seguiu-se o mesmo padrão de comportamento da estória ocorrida
na determinação da estrutura da Terra. A estratigrafia da Bacia foi definida muito antes do emprego
do método geofísico para pesquisar petróleo na mesma. O preconceito ficou firmado muito anterior-
mente e assim, durante a pesquisa de petróleo os intérpretes dos sinais da sísmica foram induzidos
a buscar uma estratigrafia inexistente e por isso, não há sequer um prospecto que tenha sido confir-
mado por um poço construído na Bacia. O petróleo achado naquela província aconteceu por meros
golpes de sorte e da abundância de petróleo existente naquela parte do Brasil.

	        Partindo da conceituação estratigráfica do globo existe uma tese central:

    O globo terrestre é um corpo fluido, exceto a delgada capa superficial chamada litosfera.

	        A estrutura da Terra segundo o resultado da pesquisa estratigráfica explica todos os fenôme-
nos que se passaram antigamente e se passam atualmente no globo.
	        A atmosfera é fluida, evidente por si mesma, da mesma maneira que a litosfera é sólida. De-
monstraremos a seguir que o manto é fluido.
	        São seis as evidências que indicam que o manto da Terra é fluido, só pode ser fluido e não
pode ser sólido:
	        1- Os continentes da geografia atual são fragmentos de um continente só, que formava a ge-
ografia pretérita. Em outras palavras, houve uma paleogeografia que antecedeu a atual. Mais ênfase:
a atual geografia da Terra é o resultado da re-arrumação de uma geografia preexistente. A conclusão
natural é que houve movimento tangencial dos continentes de uma paleogeografia para a geografia
atual, o que implica:

                                               127
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

        •	 Movimentação tangencial de grandes massas continentais por milhares de quilômetros;
        •	 Expansão de parte da superfície do globo;
        •	 Absorção de parte da superfície do globo proporcional à expansão.

	        Ora, os continentes obviamente são sólidos e é impossível a movimentação de um sólido
sobre outro, sem que haja tração motora definida em pelo menos um deles. Entretanto, sobre um
fluido, é natural o movimento de um sólido tanto por tração - um navio, um barco à vela ou um peixe
a nadar, como passivamente - um tronco de árvore, um barco à deriva ou qualquer tipo de sedimento,
desde que haja movimento no fluido. No caso dos continentes o movimento foi passivo, impulsio-
nado pelas correntes convectivas tangenciais e interiores à superfície do globo havidas e passadas
exatamente no manto, em virtude da explosão de energia havida no globo. Logo, o manto é fluido
e tem movimentos próprios. A litosfera é sólida e seus movimentos são passivos e dependentes dos
movimentos do manto.

	        2- A movimentação tangencial dos segmentos da crosta fazendo parte de uma esfera que
mantém constante a sua superfície e volume, se afeta mutuamente. O fenômeno é acompanhado da
expansão de uma área (os rifts), proporcional à redução de outra. A área em redução perde-se para
dentro do globo, onde se dilui novamente. Se o manto fosse sólido seria impossível essa penetração,
pois é princípio físico primário que dois corpos sólidos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.
Se a litosfera é um corpo sólido, como de fato o é, o manto é necessariamente fluido como queremos
demonstrar.

	        3- A simples observação visual de um vulcão em erupção é a evidência óbvia de que den-
tro da Terra, o material que a forma é fluido. Se fosse sólido o material do manto, jamais poderia
ser expelido como se observa durante as erupções vulcânicas. A suposição de que o manto é sólido
nesta circunstância, encerraria uma contradição inadmissível: determinado material encontrar-se em
ambiente de alta temperatura e pressão em estado sólido e tornar-se fluido ao passar para outro am-
biente de baixa temperatura e pressão. Constituiria isso um absurdo, e a natureza não trabalha com
absurdos. Os fluidos que saem pela cratera de um vulcão em atividade são partes do mesmo fluido
existente no manto da Terra, que solidifica quando chega à superfície, mostrando que o manto é flui-
do.

	       4- A concepção do manto sólido determinaria uma geografia estática, única, e não permitiria
qualquer solução que se queira dar para a mistura de fósseis anacrônicos nos mesmos estratos, como
ocorre na Bacia do Recôncavo. Fica impossível a explicação da Falha de Salvador, pois não pode
haver um falhamento desse tipo em uma área assísmica, além dos conglomerados que preenchem a
Bacia e outros problemas da geologia da região. As montanhas e as bacias não existiriam.

	        5- A forma esferóide do globo é devida ao movimento de rotação da Terra ao redor do seu
eixo, que pela força centrífuga provoca o alongamento do raio equatorial e conseqüente encurtamen-
to do eixo ao redor do qual ela gira. Disso resulta o achatamento dos pólos. O fenômeno não acontece
nos corpos sólidos por mais rápida que seja a rotação, o que implica na fluidez do manto do globo.

	       6- Não existem movimentos convectivos em sólidos. Movimentos convectivos são próprios
e naturais dos fluidos. Ora, se existem movimentos convectivos dentro do globo terrestre é evidente
que o manto é fluido.
Recomenda-se adotar a nova concepção estratigráfica do globo terrestre. O núcleo envolvido pelo

                                                 128
A Sísmic

magma em movimento perpétuo, atualmente organizado de maneira tal que explica a geografia e sua
relação com a paleogeografia. É fluido tanto no interior como no exterior, fluidos esses separados
pela capa sólida da litosfera.
                           A Sísmica e a Pesquisa de Petróleo
	        Para mostrar a relação entre a exploração de petróleo e a performance do método sísmico,
lançaremos mão dos dados estatísticos, tabelas e gráficos oriundos dos Estados Unidos da América
(EUA)9 porque são dados comprovados por fontes fidedignas, além de serem perfeitamente contro-
lados pelas diversas entidades oficiais e particulares daquele país.
	        As poucas informações oficiais que temos do Brasil entrarão para corroborar os dados.
	        Ora, se a sísmica podia determinar (assim se pensava) a estrutura do interior da Terra, por
que não poderia determinar as estruturas mais rasas e supostamente mais simples, como deveriam ser
as estruturas que contivessem petróleo? Deve ter sido este o raciocínio que passou pela cabeça dos
cientistas da época, e era válido para aquele tempo. Hoje, os fatos mostram que o raciocínio não era
correto por duas razões:
         •	 A determinação da estrutura da Terra estava sendo definida erradamente, mas não se sabia
            disso.
         •	 A ocorrência de petróleo não depende da existência de estruturas, informação que também
            não era conhecida.
	        Eram dois erros de imaginação cometidos de uma só vez.
	        Antes de 1876 (quando foi inventado o motor ciclo Otto), o petróleo era usado para ilumi-
nação pública em lampiões a querosene, aquecimento de caldeiras a vapor, como remédio e outras
pequenas necessidades. Em muitas ocasiões foi amaldiçoado, pois aparecia quando a necessidade era
de água para agricultura, em poços furados a pá e picareta.
	        Realmente a humanidade já havia ingressado na Revolução Industrial, desencadeada em
1709 pela invenção da metalurgia, substituindo o carvão de madeira pelo carvão de pedra, de maior
poder calorífico, na obtenção do ferro maleável o qual seria usado na construção de máquinas.
	        Em 1859 constrói-se um poço na Pensilvânia (o legendário e famoso poço do “Coronel”
Drake), com a finalidade exclusiva de extrair-se dele petróleo e desse ponto em diante, desenca-
deia-se nos Estados Unidos uma corrida ao petróleo. Essa corrida pode ser facilmente avaliada pelo
crescimento da indústria de fabricação de todos os implementos que vão transformar as primitivas
máquinas de perfuração (1806), os spring-poles dos irmãos Ruffner, nas mais sofisticadas torres de
petróleo como são conhecidos hoje os ícones da indústria. Iniciava-se a transição das máquinas a
vapor, para as máquinas movidas a óleo e gasolina da chamada Civilização do Petróleo.
	        Naquele ano (1859) foram perfurados nos Estados Unidos apenas 2 poços em busca do ouro
negro. Na segunda metade do século XIX, os poços eram naturalmente rasos, desde que as técnicas
eram limitadas pelo primitivismo natural da indústria daquele tempo. A força para as máquinas era
obtida de caldeiras a vapor e as sondas eram as cable tools que foram aperfeiçoados e se tornaram,
posteriormente, instrumentos de primeira qualidade para o tempo em que trabalharam. Com o aper-
feiçoamento das sondas rotativas, elas foram pouco a pouco abandonadas.
	        A atividade na procura de petróleo foi tão intensa nos EUA, que a velocidade dessa ativida-
de pôde ser medida em poços/hora. Isso determinou a evolução das máquinas de fazer poços de tal
maneira, que saíram de um estágio extremamente rudimentar (os spring-poles), chegando às atuais
sofisticadas torres de perfuração automáticas. De fato, não havia nenhuma opção científica que pu-
desse ajudar na descoberta do petróleo. A Geologia não existia e muito menos a sísmica. Esta daria
seus primeiros passos na segunda década do século XX e aquela continua até hoje sem um rumo
definido.

                                              129
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

	        Entre os oil-men nos Estados Unidos, geólogos e Geologia tinham péssima reputação10. Con-
fiava-se nas sondas, época quando foi plantada a semente da crença que “quem descobre petróleo é a
sonda”, até hoje cultivada. E mais “estudos geológicos jamais enchem um tanque de petróleo”* ou
ainda “...Se alguém quisesse ter certeza de construir um poço seco, deveria chamar um geólogo para
fazer a locação”.**
	        De fato, àquele tempo, só perfurando o solo era possível descobrir petróleo. Não havia ne-
nhum instrumento que pudesse predizer aonde seria possível encontrar aquela substância em subsu-
perfície.
	        O fenômeno importante que disparou a corrida ao petróleo nos Estados Unidos, foi o mesmo
que motivou a corrida ao ouro. Ficava-se rico do dia para noite, bastando para isso descobrir uma
mina. A diferença era a profundidade onde ficava a mina. O ouro ficava à superfície ou a pequenas
profundidades. O petróleo verificou-se logo, precisava de uma máquina especial para encontrá-lo. A
máquina especial (a torre de perfuração) foi criada e melhorada continuadamente, constantemente,
melhoramentos esses que continuam a serem feitos até hoje sem parar.
	        Observemos qual a relação que existe entre os Estados Unidos como país produtor de petró-
leo e a pesquisa geofísica no processo.
	        Analisando a tabela abaixo, obtida no capítulo das Estatísticas do livro de Brantly9, vemos
que:

                              Número de Poços por Década Construídos nos EUA

                    Poço /                            Poço /                             Poço /            Campos
  Décadas                           Acumul.                          Poço / Dia                                       Acumul.
                   Década                               Ano                              Hora              Gigantes
  1859/69            7.193            7.193             719              1,97               -                  -         -
  1870/79           22.192           29.385            2.219             8,08               -                  2         2
  1880/89           33.541           62.926            3.354             9,2                -                  3         5
  1890/99           87.983          150.909            8.798            24,10               1                  2         7
  1900/09          174.818          325.727           17.482              48                2                 14        21
  1910/19          211.658          537.385           21.166              58               2,4                30        51
  1920/29          247.533          784.918           24.753            87,82             3,66                58       109
  1930/39          229.182         1.014.100          22.918            62,79              2,6                65       174
  1940/49          300.249         1.314.349          30.025            82,26             3,42                44       218
  1950/59          506.042         1.820.391          50.604           138,64             5,77                17       235
  1960/69          405.019         2.225.410          40.502           110,96             4,6                 2        237

	      Observação: Campo Gigante de petróleo é aquele que tem reservas recuperáveis, ou uma
produção acumulada de 100.000.000 de barris de petróleo.

       •	 De 1875 até 1899, dentro do período mais primitivo tanto dos instrumentos de perfuração,
          como das idéias técnicas, foram encontrados sete (7) campos gigantes de petróleo, um
          deles, Kern River na California, cavado a pá e picareta (...dug by hand...).
     •	 Que até 1929 foram descobertos 109 campos gigantes de petróleo, os quais resultaram do
          que chamaremos neste trabalho de “método americano de achar petróleo”, ou “método
_______________________________________________________________________________
* “Geology has never filled an oil tank”
** “ If somebody wanted to make sure of a dry hole, he would employ a geologist to select the location.”

                                                                   130
A Sísmic

      americano”. É o método de achar petróleo furando uma quantidade desproporcional de poços,
      baixando muito a porcentagem de campos achados ou descobertos.

	        Para achar os 109 gigantes foram furados 784.918 poços naquele intervalo de tempo.
	        Para conseguir esses números, não houve influência de qualquer técnica geológica ou geofí
sica, pois, dito anteriormente, elas não existiam.
	        As primeiras experiências com o método sísmico foram feitas em 1921 por alguns professo-
res na Universidade de Oklahoma, mas só em 1924 foi feita uma descoberta atribuída ao método.
	        As companhias que trabalhariam no mercado estavam apenas se formando. A primeira com-
panhia a ser fundada foi a Geophysical Reserach Corporation (GRC), fundada em 1925, trabalhando
pela primeira vez no Kansas, em 1926. A Geophysical Service Inc. (GSI) apareceu em 1930 seguin-
do-se a Seismograph Service Corp.(SSC) a Western Geophysical e a United Geophysical, seguidas
posteriormente de outras.
	        Evidentemente que naquele tempo, as companhias não tinham técnica e experiência sufi-
ciente para descobrir o que quer que fosse, inclusive petróleo. Elas estavam na infância das técni-
cas, tanto de obtenção de dados como de interpretação, e assim continuam hoje. Atualmente, essas
companhias continuam desenvolvendo novos métodos e aparelhos, e muitos já foram inventados e
descartados.
	        Os oil-men americanos continuavam a empregar o método do “fura que dá”, sem ligar muito
para a parte científica da exploração, ao contrário. Mas, em compensação, não tinham qualquer en-
trave burocrático tipo IBAMA e ANP aqui no Brasil. As sondas e todos os seus implementos mecâni-
cos, estes sim, modernizavam-se a cada poço, especialmente depois da II Grande Guerra (1939/45).
	        Isso então desencadeou uma nova fase exploratória nos States. As principais máquinas de
furar poços eram as chamadas sondas de percussão, as cable tools. Nos anos de 1940 começaram a
operar as rotativas hidráulicas que aos poucos iriam substituir as primeiras. As rotativas eram mais
rápidas e davam possibilidade de furar mais fundo. A máxima profundidade alcançada pelas sondas
de percussão foi de pouco mais de 2.300m, em 1925. Em 1958, uma rotativa alcançou pouco mais de
6.000m, ou seja, mais do dobro alcançado pela outra ferramenta. Isso deu novo impulso aos explo-
radores americanos. Não somente eles furariam mais poços, mas também iriam mais fundo. Novos
campos gigantes seriam descobertos.
	        Observemos a continuação da tabela tendo em conta que se passavam os anos da II Grande
Guerra. Depois da guerra tudo melhorou e o consumo de petróleo subiu bastante, especialmente nos
Estados Unidos.
	        Vimos que nos anos 20, surgiram 58 novos campos gigantes inclusive os campos de High
Island a 165m de profundidade; South Liberty a 230m; Yates a 430m; Kettleman Hills encontrado a
2.730m e o Campo de Oklahoma City a 2.030m de profundidade.

	       Na década de 1930 surgiram mais 65 gigantes a custa de furar 229.182 poços, com média de
2,6 poços/hora. A ligeira baixa da média é explicada pelos anos da grande recessão nos anos 31, 32,
33 e 34. Mas já em 1935, recobradas as forças da economia, voltou-se ao ímpeto das perfurações.
	       Nos anos de 1940 foram perfurados mais 300.249 poços, mas o número de campos gigantes
descobertos começou a diminuir, embora o esforço espetacular.
	       Na década seguinte, 1950/59, as perfurações atingem um número recorde. Foram furados
506.042 poços ou 5,77 poços/hora, distinguindo-se o ano de 1956 quando foram perfurados 58.271
poços elevando as taxas para 160 poços/dia ou quase inacreditáveis 6,6 poços/hora. Era o modelo
americano em plena função.


                                              131
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

                              O Fracasso do Método Sísmico
	        A sísmica, depois da II Guerra, tinha melhorado muito tecnicamente, mas não surtia efeito
para a pesquisa. Por essa época, já tinham entrado em ação os melhores aparelhos geofísicos, os téc-
nicos já tinham razoável experiência, tanto na obtenção como na interpretação dos dados do campo,
mas não havia nenhuma melhora para os resultados da exploração. Realmente, nos anos 1950, quan-
do as técnicas e os técnicos em geofísica, já tinham mais experiência, as coisas começaram a piorar
para a exploração. Dos 506.042 poços perfurados, surgiram apenas 17 campos gigantes.
	        Nos anos 1960, depois de perfurados mais 405.019 poços, média de 110,96 poços/dia, de-
cepcionantemente só apareceram 2 campos gigantes. O modelo americano começava a fazer água e
precisava de auxílio.
	        Neste ponto é que a sísmica atinge seus melhores dias.
	        Em 1928, as técnicas sismológicas foram experimentadas no Iran pela D’Ary Exploration
Company, mais tarde British Petroleum, onde houve (segundo eles) pleno sucesso na exploração,
enganosamente atribuído ao método. Dissemos enganosamente porque, achar petróleo no Iran, basta
andar na superfície, onde os oil-seepages abundam e onde qualquer método funciona. É como achar
chinês em Pequim.
	        Em 1953, começaram a ser usadas as fitas magnéticas e só depois disso é que foi possível o
play back. Surgiu o computador digital constituindo este o mais importante avanço do método sísmi-
co na exploração. O vibroseis, desenvolvido em 1953, teve vida curta e chegou a ser experimentado
no Brasil, debaixo de grande segredo.
	        Nada disso melhorava os índices de sucesso na pesquisa. Começa a onda de que o petróleo
vai acabar ou que está se acabando, aparecem as crises e o preço do barril vai às nuvens. E a sísmi-
ca? No fim do século, a sísmica é em 3-D e 4-D, mas não consegue minorar o quadro da decadência
da produção de petróleo. O método da perfuração em grande escala garantiu no passado e continua
garantindo agora as novas descobertas, com a desvantagem de ser um método extremamente oneroso
para os investidores, porque pobre nos resultados. De fato, o índice atual de novas descobertas, nos
EUA, continua exatamente igual ao do tempo dos pioneiros (ao redor de 12%)9 (1971,p.1488).
	        O quadro abaixo mostra que o índice de sucesso alcançado em poços pioneiros, nos anos
quando as técnicas sismológicas ainda estavam em fase experimental, com aparelhos muito primiti-
vos, quando não existiam os computadores, era de 11 a 12%. Em 1943, o índice de sucesso alcançou
17% e os instrumentos da Geofísica eram precaríssimos.
	        Para o fim do período apresentado na estatística, quando os aparelhos e intérpretes ficam
melhores (anos 60), os índices baixam a níveis preocupantes de 10, 8,5 e 9%.
	        Qual o papel da sísmica?

               Relação percentual de poços pioneiros secos/produtores nos EUA

                   Ano       Pioneiros     Produtores      %       Secos      %
                   1937        2.147          279         13.0     1.868     87.0
                   1938        2.507          343         13.7     2.164     86.3
                   1939        2.525          269         10.6     2.256     89.4
                   1940        2.871          355         12.4     2.516     87.6
                   1941        3.089          492         15.9     2.597     84.1
                   1942        3.212          470         12.2     2.569     87.8
                   1943        3.843          609         17.2     2.927     82.8

                                                 132
A Sísmic

                 1944         3.094            342       11.1      2.752     88.9
                 1945         3.028            343       11.3      2.685     88.7
                 1946         3.133            333       10.6      2.800     88.0
                 1947         3.480            394       11.3      3.086     88.7
                 1948         4.296            501       11.7      3.795     88.3
                 1949         4.449            506       11.4      3.943     86.8
                 1950         5.290            592       11.2      4.698     87.7
                 1951         6.189            684       11.1      5.505     88.9
                 1952         6.698            741       11.1      5.957     88.9
                 1953         6.925            774       11.2      6.151     88.8
                 1954         7.380            902       12.2      6.478     87.8
                 1955         8.105            919       11.3      7.186     88.7
                 1956         8.742            868        9.9      7.878     90.1
                 1957         8.014            872       10.9      7.142     89.1
                 1958         6.950            786       11.3      6.164     88.7
                 1959         7.031            772       11.0      6.259     89.0
                 1960         7.320            745       10.2      6.575     89.8
                 1961         6.909            745       10.8      6.164     89.2
                 1962         6.794            787       11.6      6.007     88.4
                 1963         6.570            769       11.7      5.801     88.3
                 1964         6.632            701       10.6      5.931     89.4
                 1965         6.182            638       10.3      5.544     89.7
                 1966         6.158            635       10.3      5.523     89.7
                 1967         5.271            544       10.3      4.727     89.7
                 1968         5.185            442        8.5      4.743     91.5
                 1969         5.956            535        9.0      5.421     91.0
		             Fonte: Brantly, J.E. History of Oil Well Drilling. 1971,p.1488

	        A produção de petróleo nos EUA, como resultado do imenso esforço de perfurar muitos
poços, saiu do mínimo em 1859, passou em ramo ascendente nos 6.000.000 de bpd em 1954, atingiu
um máximo em 1970, quando chegou a produzir 11.300.000 bpd, manteve a produção acima dos
10.000.00 até 1986 e em seguida entrou em queda livre, sem conseguir recuperar-se, até atingir os
atuais 6.830.000 bpd, sem indícios de recuperação.
A conclusão é simples. A sísmica modernizou-se enormemente depois de adaptada ao serviço de
exploração de petróleo, mas não é técnica adequada para pesquisar petróleo ou qualquer outro tipo
de riqueza, e por isso não produz resultados satisfatórios.
 	       Na figura 4.3 os gráficos publicados pela Energy Information Administration (EIA)11, e a
situação dos poços nos EUA e sua produção. Nas décadas de 1950/1960, quando as técnicas sismoló-
gicas começaram a melhorar com o advento das fitas magnéticas, dos computadores etc. a produção
de petróleo dos EUA já começara a declinar; em seguida, depois de 1972/1974 quando chegou a
produzir quase 10 milhões de bpd, entra em uma fase de decadência como indicam os gráficos A, B
e C. O número de poços produtores (gráfico D) caiu de 647.000 em 1985 para 501.000 em 2006 e a
média de produtividade por poço (gráfico E) passou de 18,6 bpd/poço em 1972, para 10,3 bpd/poço

                                             133
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

em 2006.
	        Para que serve a sísmica?
	        Todo esse quadro gera um panorama inquietante e preocupante, porque leva a crer que o
petróleo vai acabar, desde que os profissionais têm dificuldades em descobrir óleo, facilmente, com
aparelhos tão extraordinários. Fica evidente que há necessidade apenas de mudar o método de pes-
quisa e mais nada.
	        Em termos de exploração, pode-se afirmar que não há indício de que os EUA voltem aos
tempos das altas taxas de perfuração dos anos 50 (mão de obra excessivamente cara). A sísmica, que
poderia substituir o modelo americano, barateando custos, não consegue estancar a queda da produ-
ção, exatamente porque não é a técnica adequada para curar o mal.
	        E no Brasil? O quadro se repete no Brasil. Na Bacia do Recôncavo, onde começou esta pes-
quisa, existem cerca de 6.000 poços, quase todos apoiados em prospectos geofísicos. Não há um só
poço (nem poderia haver!) que tenha confirmado um prospecto da Sísmica. Em muitos desses poços
foi descoberto petróleo novo, não por méritos do método, mas como resultado natural de uma perfu-
ração que se faça em uma bacia de clásticos. O estudo desses poços mostra essa verdade na décima
parte deste trabalho.
	        A estratigrafia da Bacia, como definida, está em completo desacordo com a natureza da
gênese da Bacia, e todos os parâmetros procurados simplesmente não existem. Até 1970, quando
começaram a melhorar os métodos geofísicos, a Bacia chegou a produzir 170.000 bpd. Desse ponto
em diante, a produção da Bacia começou a fase declinante. Como nos Estados Unidos, à medida que
o método melhorou, a produção da Bacia baixou e atualmente, está em fase de abandono, produzindo
por métodos onerosos menos de 45.000 bpd. Os atuais exploradores continuam a solicitar mais linhas
sísmicas, com finalidades não esclarecidas.
	        Até 1987 tinham sido corridos 59.387 km de linhas sísmicas sem qualquer efeito prático12.
A maioria dos campos do Recôncavo foi achada independente da ajuda da sísmica, funcionando ape-
nas o fator sorte.
	        Neste momento em que a produção cai é que o método devia vir em seu socorro, e isso não
acontece. Em 2D, 3D ou 4D, há que se achar petróleo novo, ou concluir que o método é inadequado
para a finalidade a que se propõe.
	        Ainda no Brasil, durante a fase dos chamados contratos de risco, nos anos 1970/198013, o
fenômeno repetiu-se. Foram corridos 147.884 km de linhas sísmicas, (mais de três vezes o compri-
mento do equador terrestre) sem qualquer resultado. Evidente que os contratos de risco fracassaram,
exatamente pelo emprego da sísmica como carro-chefe da exploração, indo no mesmo caminho os
atuais concessionários da pesquisa de petróleo no Brasil.
	        Continua-se a descobrir petróleo porque os poços são construídos em bacias de clásticos,
onde o produto natural é petróleo.
	        Nos exemplos citados em outra parte deste trabalho verifica-se que a sísmica e seus intérpre-
tes encontram coisas que não existem em Geologia primária. Falhas, planos de falha, estruturas altas
e baixas, grabens, horsts, narizes estruturais e especialmente, contatos entre formações inexistentes.
	        Dos fatos acima expostos, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, o que se verifica é que
os melhores resultados na busca do petróleo foram obtidos quando ainda não existia o método sís-
mico. Após uma fase áurea da pesquisa quando foram encontrados grandes volumes de petróleo, foi
natural que houvesse uma queda dos sucessos. Surgiu o método sísmico, que renovou a esperança de
melhorar o sucesso já declinante da produção de petróleo. Naturalmente não aconteceu nenhum novo
grande sucesso, e automaticamente nasceu uma conclusão completamente equivocada: o petróleo
está acabando. Esta idéia passou a ser uma “falsa verdade” e um raciocínio completamente absurdo!
	        A pesquisa estratigráfica mostra: o método sísmico é caro e inadequado para pesquisa geo-

                                                  134
A Sísmic

lógica, e o petróleo é uma fonte de energia inextinguível.
	        Repetindo:

      	 Petróleo é a energia do Sol chegada e armazenada na Terra desde o princípio da
      sua história, e até agora, só foi levemente tocado.

	       Assim:
        •	 A sísmica não serve para estudar a estrutura e o funcionamento do interior da Terra, tanto
           da sua parte mais rasa e, especialmente, no seu interior mais profundo.
        •	 Em virtude desta conclusão, a sísmica também não serve para alterar os índices explora-
           tórios em qualquer campo que seja usada, tanto no Brasil, como no exterior, tanto antiga-
           mente como atualmente, especialmente na exploração do petróleo.
        •	 Modernamente, a sísmica serve apenas para avaliar a intensidade de terremotos... Depois
           de acontecidos.




                                               135

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A sismica

  • 2. A Sísmic A Sísmica Este estudo começou buscando as razões dos muitos deslizes cometidos pelo serviço de exploração da Estatal do petróleo brasileiro na Bacia do Recôncavo. Da leitura e anotação do de- senvolvimento dos prospectos dos poços pioneiros existentes no arquivo técnico daquela Empresa observou-se não haver conexão, entre o que se programava nos prospectos e os resultados que eram alcançados após as perfurações. Por que isso acontecia foi a pergunta central. Os homens que conduziram o serviço de exploração da Estatal trabalharam, sem o saber, com a estratigrafia da bacia, incorretamente definida, um legado dos cientistas pioneiros. Havia um erro de fundo geológico que contraria uma regra básica da natureza: a Segunda Lei da Sedimentação. Os paradigmas ditaram no passado, e ditam no presente, o comportamento da humanidade de cada época. A pesquisa da origem do petróleo indica que estamos em um desses pontos cruciais: os paradigmas atuais devem ser mudados. As idéias sobre o que é e como ocorre o petróleo, atualmente em voga no mundo, vêm de longe no tempo, e por isso estão envelhecidas. Elas precisam ser substituídas por idéias melhores e mais novas com o fim de facilitar a sobrevivência da humanidade. Entretanto, a dificuldade de mudar paradigmas leva o homem a preservar as idéias consideradas padrões, porque escoradas em conclu- sões feitas por grandes nomes da ciência da época. Abaixo são exemplos do que chamamos de velhos paradigmas: • Crê-se que o Oriente Médio possui a maior parte do petróleo do mundo, e por conta disso sofremos monumentais crises econômicas. O preço do petróleo sobe sem controle, ao bel- prazer dos seus “donos”. Sobe também pelas crises políticas e religiosas verificadas entre os habitantes da região. • Crê-se que o petróleo, não somente é um fator de poluição, como é uma fonte de energia não renovável ou em extinção. • Promovem-se reuniões tipo Protocolo de Kyoto com vista a diminuir as emissões de CO2, o que se convencionou chamar de poluição ambiental. • Espalha-se a notícia, sonhadora, de que podemos colonizar a Lua, Marte e outros planetas e inflaciona-se a economia mundial com projetos mirabolantes e irrealizáveis. • Crê-se que a Terra é um planeta de base sólida porque no século passado alguns geofísicos chegaram a esta conclusão e firmaram tal paradigma como correto. A partir deste primei- ro erro adaptaram os aparelhos geofísicos para buscar petróleo, atitude que gerou a crise atual de combustíveis. • Pensa-se que o mundo, o homem e a mulher foram feitos por Deus, que os pecados exis- tem e que vamos para o céu ou o inferno; reza-se para os santos e imagens que são entro- nizadas nos palácios do executivo e do legislativo, sem reparar que este ato não impede a corrupção existente naquelas casas. • Explicam-se fenômenos extraordinários como do “El Niño”, “efeito estufa”, animais em extinção, derretimento das calotas polares, elevação do nível dos mares, etc. sem conhecer 121
  • 3. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa o mínimo que se exige para uma conversa lúcida sobre o assunto. Quebrados os velhos paradigmas, surgem novos paradigmas que nos levam a pensar de modo diferente sobre os mesmos temas: • Não há qualquer possibilidade de esgotarmos as reservas de petróleo existentes no plane- ta, mesmo a consumo mais alto do que os atuais, pois na Terra temos ainda por descobrir reservatórios maiores e melhores que os do Oriente Médio; • Podemos gastar maiores quantidades de petróleo, desde que isso é uma necessidade para a humanidade, pois temos de aumentar o índice de CO2 na composição do ar atmosféri- co (0,032%), que está perigosamente baixo. E são justamente as nações desenvolvidas, consideradas vilães do drama, que têm a possibilidade de postergar a habitabilidade do planeta por mais tempo. • Não podemos, nem poderemos sair do planeta para parte alguma do sistema, pois a vida como a conhecemos é um privilégio e uma característica da Terra e de nenhum outro pla- neta ou astro na nossa vizinhança cósmica imediata e principalmente remota. • A Terra é um planeta de base fluida e a sísmica não é um método de pesquisa geológica. • Não existem pecados contra seres superiores, mas transgressões das leis humanas que cometidas têm de ser julgadas e punidas aqui mesmo na Terra, etc. A Geologia é uma ciência misteriosa ou não, dependendo de uma condição: conhecer o que é, no campo, uma formação geológica. A experiência do autor indica que, de modo geral, os diretores de uma companhia de pesquisa pedem mapeamentos geofísicos de qualquer natureza, especialmente sísmicos, exatamente por não conhecerem Geologia básica. Atualmente, no Brasil, os preços cobra- dos pelas companhias especializadas no serviço geofísico alcançam níveis que podem ser chamados de estratosféricos: US$ 30.000,00 (trinta mil dólares) por km2. O mínimo que se pode dizer é que a este preço é um fator impeditivo para iniciar-se qualquer trabalho de mapeamento e explica também as desistências e fracassos na atividade da pesquisa de petróleo pela iniciativa privada: os preços da pesquisa são proibitivos. A Sísmica e a Estrutura da Terra Uma premissa importante: Geologia é o estudo da Terra como planeta de maneira a poder responder quem somos nós, de onde viemos e para onde iremos depois da morte. Para isso precisamos conhecer: a estrutura do globo tanto interior como exterior e seu fun- cionamento; qual o seu tempo de existência, ou seja, seu passado, seu presente e projeções no futuro e finalmente achar e aproveitar riquezas minerais e/ou orgânicas na superfície e subsuperfície, para manter a sobrevivência dos seus habitantes. A importância do estudo desses pontos prende-se ao fato de a humanidade depender desse conhecimento para prosseguir a bordo do planeta por tempo mais longo e de maneira mais confortá- vel. Só existe um caminho para satisfazer os itens acima: substituir os mapeamentos geofísicos pelos estratigráficos, de acordo com as Leis da Sedimentação. É o mesmo que dizer, estudar a sua estratigrafia dentro de novos paradigmas geológicos. Não há, ou não existem, no momento, aparelhos que possam fazer este serviço. 122
  • 4. A Sísmic Esse conhecimento da Terra tem sido buscado ao longo da história da humanidade e, se temos conseguido alguma coisa, faltam ainda outras essenciais, que se não forem determinadas a tempo, poderão precipitar acontecimentos lutuosos. Alguns deles já em andamento no plano social, como por exemplo, a contradição existente entre ricos e pobres pela má distribuição da riqueza da Terra. O conhecimento do planeta sempre foi o objetivo primeiro dos estudos filosóficos e científi- cos. Nunca foi conseguido, pois, durante esse tempo, faltaram três informações importantes, que só recentemente apareceram: • A primeira envolve o uso das escalas; • A segunda prende-se ao conceito do tempo geológico; • A terceira relaciona-se aos movimentos da crosta terrestre que são três e não dois, como se pensava anteriormente. Todos os estudos anteriores, não tinham como ultrapassar essas dificuldades. Eles são fruto da parte mais recente da história (período pós II Grande Guerra) que chamamos Civilização do Petró- leo, determinada e caracterizada pela invenção dos motores de combustão interna, no fim do século XIX. Assim, todas as pesquisas sobre a Terra foram feitas por cientistas de grande reputação à sua época, que deram o peso do seu nome a teorias várias, as quais continuam vigindo à custa do tradicionalismo. Entretanto, diante de novas informações, elas devem ser reconsideradas, para serem descartadas. Elas precisam ser substituídas por novas teorias surgidas no campo, pois as velhas idéias são, de fato, os empecilhos à modificação do pensamento científico para um novo patamar de conhe- cimento do globo em que vivemos. As novas idéias sobre o planeta e as repercussões sobre o comportamento humano na su- perfície do mesmo trazem para o ponto zero muito do conhecimento obtido até agora com as anti- gas idéias e reiniciam uma nova etapa de comportamento. Por isso, os novos conceitos chocam as pessoas acostumadas aos velhos raciocínios. Esse choque é esperado no primeiro momento, mas é também facilmente digerido principalmente pelos cientistas mais jovens. São famosos os exemplos de passagens das idéias socráticas para as keplerianas através das de Copérnico e Galileu. Vejamos as principais objeções entre as velhas e as novas teorias sobre o globo, sua lógica, suas evidências e a vantagem da substituição das velhas pelas novas idéias. O interior da Terra é um mistério insondável para a humanidade. Já se disse que os humanos estão mais perto da Lua e dos planetas do sistema do que do interior da Terra sob os nossos pés. Os primórdios da geofísica datam da Antigüidade entre egípcios, chineses e gregos e não nos aprofundaremos nesses estudos, pois há literatura especializada sobre o assunto. Além do mais, não são eles importantes para o caso presente, sendo todos catalogados entre as aqui chamadas, idéias antigas. A história da sísmica explica o ponto em que estamos no estudo da Geologia com muita clareza. Sem poder penetrar o interior do planeta, tinha-se de inventar algum modo de conseguir o objetivo. Foi o que ocorreu em 1880 a John Milne1 (1850-1913) e seus colegas (James Ewing, Thomas Gray e F.Omori), quando tentando compreender as causas dos terremotos no Japão, propuseram o protótipo de um aparelho que registrava a movimentação das rochas sob ele e que ficou conhecido, posterior- mente, como sismógrafo2. O aparelho só foi experimentado na pesquisa de petróleo em 1921, em Oklahoma, USA. Em 1924, foi creditada ao método a descoberta de um campo de petróleo ainda em Oklahoma. Em 123
  • 5. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa 1928, a British Petroleum experimentou o método no Iran, e segundo o noticiário da época, o método foi um sucesso. Tudo ficaria melhor depois da Segunda Guerra (1939-1945), pela altura de 1960, quando surgiram os computadores. Em 1928 trabalhava um sistema de 4 canais. Em 1930 apareceu um sistema de 8 canais. Nos anos 40, os canais já eram de 10 a 12. Em 1960, 48 canais. Em 1980 eram 96 canais. Passou-se a usar 480 canais nos anos 90. Os primitivos sismógrafos mecânicos foram substituídos pelos elétricos, e a era dos computadores facilitou grandemente o trabalho dos chamados geofísicos. Como era nova, a idéia logo se propagou e apareceram os estudiosos das qualidades do novo aparelho. Foi verificado que os abalos sísmicos provocavam pelo menos quatro tipos de ondas sísmicas. Duas delas se propagavam na superfície da Terra: Love waves e Rayleigh waves e duas no interior, as ondas P (primárias) e S (secundárias), que ficaram conhecidas como body waves. Para a determinação da estrutura da Terra, somente podiam ser usadas as body waves, desde que só elas, podiam penetrar o interior do globo. Semelhante a evolução do telescópio de Galileu, o sismógrafo evoluiu do primitivíssimo aparelho de Milne até as atuais maravilhas eletrônicas de precisa precisão, sem que o conhecimento do interior do globo tivesse se alterado um milímetro sequer. A finalidade para a qual o sismógrafo fora criado não foi conseguida, e os tremores de terra continuam, até hoje, a fazer parte dos grandes mistérios da natureza. Continuava-se (e continua-se) ignorando o que seja ou o que fosse um terre- moto e desconhecia-se (e desconhece-se) a sua origem. Só é possível conhecer a origem dos terre- motos conhecendo-se rochas e sua ordem natural. Não há instrumentos ou aparelhos capazes de fazer isso. Passou-se então a usar as ondas sísmicas para especular sobre assuntos desconhecidos. Es- pecialmente como se formavam as montanhas (uma aparente contradição da Geologia!) ou como os continentes mudaram de lugar sobre a esfera da Terra. Historicamente pode-se fazer um paralelo entre a sísmica e a paleontologia. As rochas da Bacia do Recôncavo foram definidas e descritas, antes de se saber que os fósseis dentro dela estavam misturados e sem valor estratigráfico. Semelhantemente, os estudos físicos do interior da Terra não podiam estar corretos, desde que ainda não se sabia que a litosfera do globo era móvel, isto é, não se sabia dos movimentos tangenciais da crosta. Somente no final do século XX, quase cem anos depois, é que apareceram as condições para estudar a litosfera e com isso a possibilidade de compreender corretamente a estrutura do interior da Terra. O estudo sismológico mostrou que as ondas primárias (P) se deslocavam no sentido do movimento e as secundárias (S) transversais a ele e aquelas eram mais velozes do que estas. As primeiras se deslocavam independente da qualidade do meio em que vibravam e as últimas eram bloqueadas pelos fluidos. A continuidade das observações mostrou que havia uma determinada área da superfície da Terra aonde as ondas primárias não chegavam. Essas áreas em branco ficaram conhecidas como áre- as ou zonas de sombra ( Fig. 4.1). Mas sombra de que? Em 1906, Richard Dixon Oldham3 (1858-1936), sismólogo irlandês, explicou a existência daquelas áreas como resultado da deflexão das ondas P, por algo que existiria no centro do globo feito de material de alta densidade. Esse algo foi chamado de núcleo. Firmava-se a crença de que a sísmica era uma ciência nova, reveladora, algo interessante a estudar, desde que não havia possibilidade de refutá-la. A idéia do núcleo era razoável e firmou-se no mundo científico, mais por respeito ao nome extraordinário do autor da teoria, do que por uma evidência mais palpável. Além disso, era fruto de cálculos matemáticos que explicavam o fenômeno de maneira simples e inteligente. Três anos depois, em 1909, Andrija Mohorovicic4 (1857-1936) fez cálculos para saber em 124
  • 6. A Sísmic quanto tempo as ondas P decorrentes de um terremoto ocorrido no vale do Rio Kulpa (Croácia), le- variam para chegar até o sismógrafo sob sua observação e comparou com o tempo real. Notou que as ondas P do terremoto foram mais rápidas do que a velocidade calculada. Mohorovicic atribuiu o fato às qualidades de determinado tipo de material que existiria abaixo da crosta onde as ondas sís- micas tiveram a sua velocidade aumentada. Haveria então uma descontinuidade, uma diferença nas rochas formativas do envoltório do globo: uma era a litosfera já conhecida da superfície, a outra era o manto, subjacente a ela. Em homenagem ao cientista, esta descontinuidade ficou conhecida como Mohorovicic discontinuity, ou simplesmente Moho como conhecida até hoje. Em 1914, dando prosseguimento aos estudos iniciados por Oldham, Beno Gutemberg5 (1889-1960), alemão de nascimento, naturalizado americano, estudou as já conhecidas zonas de sombra causadas pelo núcleo, e calculou que ele, o núcleo, ficava a 2.900 km de profundidade6. Em sua homenagem deu-se o nome de Gutemberg discontinuity a esta parte da estrutura do globo. Outra pergunta ficou para ser respondida: Por que aconteciam as zonas de sombra? As zonas de sombra seriam devidas às fases do material constitutivo dos invólucros que formavam o globo. As experiências realizadas na superfície da Terra mostravam que as ondas P e S têm comportamento diferente frente às fases em que se encontram os diversos materiais. As ondas P e S, com velocidades diferentes, atravessam normalmente os materiais sólidos, mas os materiais de natureza fluida não são atravessados pelas ondas S. Repetindo para enfatizar: materiais sólidos são atravessados tanto pelas ondas P, como pelas ondas S. Materiais fluidos são atravessados somente pelas ondas P, enquanto as ondas S são bloqueadas (Fig. 4.2). As ondas S, por serem ondas distorcionais, são bloqueadas pelos fluidos, desde que não se pode torcer os fluidos. As ondas P, compressionais, mesmo desaceleradas, podem se propagar tanto em sólidos como em fluidos. Determinou-se assim a natureza do material do núcleo. O núcleo era de natureza fluida: defletiam as ondas P, causando as zonas de sombra e não permitiam a passagem das ondas S. Finalmente, em 1936, Inge Lehmann7 (1888-1993), sismóloga dinamarquesa, pesquisando uma contradição, ondas P que, mesmo inesperadas, teimavam em aparecer onde não deviam (na zona de sombra), determinou que isso acontecia em virtude de haver dentro do núcleo líquido, uma parte mais interior, que era sólida. Ainda não foi, mas deveria ser chamada de Lehmann discontinuity em homenagem à cientista dinamarquesa. A conclusão era importante: a Terra era um planeta sólido de natureza, com exceção da parte exterior do núcleo entre 2.900 e 5.500 km de profundidade. Sumariamente, de 1936 até hoje, a estrutura interior da Terra, segundo a Sismologia, seria constituída de: • Uma capa obviamente sólida, a litosfera, que transmite ondas P e S. • Seguida e separada de uma camada também sólida chamada de manto (Moho discontinu- ity) onde as ondas P e S também são transmitidas. • A 2900 km de profundidade a estrutura da Terra muda de estado físico, saindo do estado sólido para o estado líquido transmitindo somente ondas P e bloqueando as S e, finalmen- te, • A 5.150 km de profundidade o globo volta a ser sólido. A despeito do alto gabarito e do indiscutido valor científico dos nomes envolvidos na pes- quisa, a conclusão é equivocada, pois é contraditória com os fatos da natureza. Se o globo fosse de base sólida, não haveria explicações para as montanhas, bacias, migração continental, a gênese do Oceano Atlântico, os fósseis misturados tectonicamente dentro da Bacia do Recôncavo e muitos 125
  • 7. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa outros problemas anteriormente mostrados. A suposição da base sólida da Terra trava todas as possibilidades da exploração do globo. A solução de todos os fenômenos sócios/econômicos do planeta é dependente de trocar a idéia de um manto sólido, por um manto fluido. Realmente, as conclusões obtidas com o método físico, não somente são contraditórias com os fatos da natureza, como são prejudiciais para assuntos exploratórios e impedem o progresso da humanidade. Dá-lhes seriedade o fato do método envolver aparelhos sofisticados e cálculos matemáticos complicados (porque artificiais), para corrigir uma série de desqualidades, tornando-os mais artifi- ciais ainda. É evidente que o primitivismo dos instrumentos usados para o estudo, além do uso ina- dequado dos mesmos, e de idéias preconcebidas, levou o grupo de cientistas ao equívoco geral de que a Terra era de base sólida. O preconceito é o ponto crucial do erro coletivo: sem que se tivesse determinado a causa dos terremotos, os sismógrafos foram usados para determinar outra coisa tam- bém desconhecida, mas já prejulgada. Já se sabia antecipadamente que a Terra era sólida. A sísmica apenas confirmaria a suspeita. Observe-se como e por quê. Em 1922 foi instalado o International Seismological Summary e nomeado para chefiá-lo um dos mais eminentes cientistas daquele tempo: Sir Harold Jeffreys8 (1891-1989). Em 1935 ele escreveu um livro em linguagem popular que chamou “Earthquakes and Moun- tains” no qual expressou a idéia de que as ondas causadas por um terremoto não poderiam propagar- se em um fluido. Somente uma fratura de um corpo sólido poderia produzir uma perturbação daquele tipo, e definiu o terremoto como uma fratura das rochas formativas da Terra produzida por tensões internas. Assim, a primeira informação vinda do ISS, onde se interpretavam os resultados dos ter- remotos do mundo inteiro, era de que a Terra não era fluida na zona onde ocorrem os terremotos. Ao contrário, ela seria sólida numa extensão de metade do seu raio. Ter em conta que quem estava afirmando isso era nada mais nada menos que a maior autoridade da área, o que torna as contestações difíceis de obterem êxito. Entretanto a conclusão estava errada, pois os terremotos não ocorrem a profundidades do manto. Eles são sempre fenômenos superficiais, em termos da litosfera. O erro de imaginação de Sir Jeffreys (problema de escala geológica) foi fatal. Em seguida publicou outro livro (1924), cuja 3a edição foi lançada em 1952 com o título de “The Earth, Its Origin, History and Physical Constitution”, no qual afirma que a matemática é a chave para descobrir os segredos da Terra, chegando a culpar a Terra por ter de usar recursos mate- máticos e geofísicos para resolver seus problemas... Neste exato ponto Jeffreys comete o seu segundo erro acompanhando conclusão anterior de Pitágoras, 580 anos a.C. e Galileu, há 375 anos passados, obedecendo uma regra tradicional: os problemas da natureza devem ser resolvidos com o auxílio da matemática8. Ora, a despeito da grandeza científica de Sir Jeffreys, ele não tinha meios para, estudando ondas sísmicas, concluir corretamente sobre a origem e a história da Terra. Este método de estudo é inadequado para conseguir resultados sobre este assunto. Seu livro não tinha base científica para ser escrito. Sua história era tão imaginativa quanto a de Hesíodo e Moisés, pois não havia fatos a apoiá- la. Daí por diante, o sismógrafo apenas confirmaria aquilo que se supunha conhecido e o que o Doutor Jeffreys já afirmara nos seus trabalhos. Naquele tempo pensava-se que a Terra por dentro, seria apenas a continuidade daquilo que aparecia por fora. A grande novidade era ela ter um dos seus invólucros líquido. Havia, de fato, um preconceito sobre a constituição da estrutura da Terra. A nova ciência apenas o confirmaria: a Terra era de natureza sólida como a sua superfície o demonstrava e como os luminares da ciência daquela época o confirmavam. 126
  • 8. A Sísmic Não fosse a necessidade de uma mudança no raciocínio sobre exploração de petróleo, a estrutura da Terra poderia continuar como Sir Jeffreys a concebera, a despeito das dificuldades que isso trazia. Homem de personalidade muito forte, jamais aceitou a possibilidade dos continentes se moverem e lutaria até a sua morte pela idéia da Terra sólida, idéia errada, mas até hoje comungada por muitos seguidores. A despeito dos brilhantes nomes envolvidos nas pesquisas, o resultado do estudo do interior da Terra, feito com o instrumento inventado por Milne, está errado. As evidências estratigráficas mostram que a Terra é de natureza fluida, como veremos a se- guir. Evidências de que a Terra é de Natureza Fluida, Exceto a Litosfera. De fato, a geofísica ainda é uma ciência nova e continua na infância tanto em técnicas como em instrumentação. Tudo aparentemente ficou melhor na era dos computadores pelos anos 60, quan- do os resultados, em belas e rápidas apresentações dão a impressão que está tudo certo, um ledo enga- no. As máquinas trabalham maravilhosamente bem e melhoram a cada dia. O problema são os dados a alimentá-las, tanto na obtenção como na interpretação dos mesmos. Não há relação de causa/efeito. Não há nenhuma relação entre a realidade geológica da subsuperfície e a interpretação dada pelos geofísicos dos sinais obtidos com os aparelhos, mesmo que sejam eles da mais moderna geração. Para que houvesse a relação, haveria necessidade do conhecimento da geologia na subsuperfície, e nesse caso, não haveria necessidade dos métodos geofísicos. A geofísica foi uma possibilidade da qual se lançou mão para entender a Geologia, porque esta era absolutamente desconhecida. Dizendo de outra maneira: se houvesse uma compreensão da Geologia, jamais haveria necessidade de criar-se a Geofísica. Na Bacia do Recôncavo seguiu-se o mesmo padrão de comportamento da estória ocorrida na determinação da estrutura da Terra. A estratigrafia da Bacia foi definida muito antes do emprego do método geofísico para pesquisar petróleo na mesma. O preconceito ficou firmado muito anterior- mente e assim, durante a pesquisa de petróleo os intérpretes dos sinais da sísmica foram induzidos a buscar uma estratigrafia inexistente e por isso, não há sequer um prospecto que tenha sido confir- mado por um poço construído na Bacia. O petróleo achado naquela província aconteceu por meros golpes de sorte e da abundância de petróleo existente naquela parte do Brasil. Partindo da conceituação estratigráfica do globo existe uma tese central: O globo terrestre é um corpo fluido, exceto a delgada capa superficial chamada litosfera. A estrutura da Terra segundo o resultado da pesquisa estratigráfica explica todos os fenôme- nos que se passaram antigamente e se passam atualmente no globo. A atmosfera é fluida, evidente por si mesma, da mesma maneira que a litosfera é sólida. De- monstraremos a seguir que o manto é fluido. São seis as evidências que indicam que o manto da Terra é fluido, só pode ser fluido e não pode ser sólido: 1- Os continentes da geografia atual são fragmentos de um continente só, que formava a ge- ografia pretérita. Em outras palavras, houve uma paleogeografia que antecedeu a atual. Mais ênfase: a atual geografia da Terra é o resultado da re-arrumação de uma geografia preexistente. A conclusão natural é que houve movimento tangencial dos continentes de uma paleogeografia para a geografia atual, o que implica: 127
  • 9. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa • Movimentação tangencial de grandes massas continentais por milhares de quilômetros; • Expansão de parte da superfície do globo; • Absorção de parte da superfície do globo proporcional à expansão. Ora, os continentes obviamente são sólidos e é impossível a movimentação de um sólido sobre outro, sem que haja tração motora definida em pelo menos um deles. Entretanto, sobre um fluido, é natural o movimento de um sólido tanto por tração - um navio, um barco à vela ou um peixe a nadar, como passivamente - um tronco de árvore, um barco à deriva ou qualquer tipo de sedimento, desde que haja movimento no fluido. No caso dos continentes o movimento foi passivo, impulsio- nado pelas correntes convectivas tangenciais e interiores à superfície do globo havidas e passadas exatamente no manto, em virtude da explosão de energia havida no globo. Logo, o manto é fluido e tem movimentos próprios. A litosfera é sólida e seus movimentos são passivos e dependentes dos movimentos do manto. 2- A movimentação tangencial dos segmentos da crosta fazendo parte de uma esfera que mantém constante a sua superfície e volume, se afeta mutuamente. O fenômeno é acompanhado da expansão de uma área (os rifts), proporcional à redução de outra. A área em redução perde-se para dentro do globo, onde se dilui novamente. Se o manto fosse sólido seria impossível essa penetração, pois é princípio físico primário que dois corpos sólidos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Se a litosfera é um corpo sólido, como de fato o é, o manto é necessariamente fluido como queremos demonstrar. 3- A simples observação visual de um vulcão em erupção é a evidência óbvia de que den- tro da Terra, o material que a forma é fluido. Se fosse sólido o material do manto, jamais poderia ser expelido como se observa durante as erupções vulcânicas. A suposição de que o manto é sólido nesta circunstância, encerraria uma contradição inadmissível: determinado material encontrar-se em ambiente de alta temperatura e pressão em estado sólido e tornar-se fluido ao passar para outro am- biente de baixa temperatura e pressão. Constituiria isso um absurdo, e a natureza não trabalha com absurdos. Os fluidos que saem pela cratera de um vulcão em atividade são partes do mesmo fluido existente no manto da Terra, que solidifica quando chega à superfície, mostrando que o manto é flui- do. 4- A concepção do manto sólido determinaria uma geografia estática, única, e não permitiria qualquer solução que se queira dar para a mistura de fósseis anacrônicos nos mesmos estratos, como ocorre na Bacia do Recôncavo. Fica impossível a explicação da Falha de Salvador, pois não pode haver um falhamento desse tipo em uma área assísmica, além dos conglomerados que preenchem a Bacia e outros problemas da geologia da região. As montanhas e as bacias não existiriam. 5- A forma esferóide do globo é devida ao movimento de rotação da Terra ao redor do seu eixo, que pela força centrífuga provoca o alongamento do raio equatorial e conseqüente encurtamen- to do eixo ao redor do qual ela gira. Disso resulta o achatamento dos pólos. O fenômeno não acontece nos corpos sólidos por mais rápida que seja a rotação, o que implica na fluidez do manto do globo. 6- Não existem movimentos convectivos em sólidos. Movimentos convectivos são próprios e naturais dos fluidos. Ora, se existem movimentos convectivos dentro do globo terrestre é evidente que o manto é fluido. Recomenda-se adotar a nova concepção estratigráfica do globo terrestre. O núcleo envolvido pelo 128
  • 10. A Sísmic magma em movimento perpétuo, atualmente organizado de maneira tal que explica a geografia e sua relação com a paleogeografia. É fluido tanto no interior como no exterior, fluidos esses separados pela capa sólida da litosfera. A Sísmica e a Pesquisa de Petróleo Para mostrar a relação entre a exploração de petróleo e a performance do método sísmico, lançaremos mão dos dados estatísticos, tabelas e gráficos oriundos dos Estados Unidos da América (EUA)9 porque são dados comprovados por fontes fidedignas, além de serem perfeitamente contro- lados pelas diversas entidades oficiais e particulares daquele país. As poucas informações oficiais que temos do Brasil entrarão para corroborar os dados. Ora, se a sísmica podia determinar (assim se pensava) a estrutura do interior da Terra, por que não poderia determinar as estruturas mais rasas e supostamente mais simples, como deveriam ser as estruturas que contivessem petróleo? Deve ter sido este o raciocínio que passou pela cabeça dos cientistas da época, e era válido para aquele tempo. Hoje, os fatos mostram que o raciocínio não era correto por duas razões: • A determinação da estrutura da Terra estava sendo definida erradamente, mas não se sabia disso. • A ocorrência de petróleo não depende da existência de estruturas, informação que também não era conhecida. Eram dois erros de imaginação cometidos de uma só vez. Antes de 1876 (quando foi inventado o motor ciclo Otto), o petróleo era usado para ilumi- nação pública em lampiões a querosene, aquecimento de caldeiras a vapor, como remédio e outras pequenas necessidades. Em muitas ocasiões foi amaldiçoado, pois aparecia quando a necessidade era de água para agricultura, em poços furados a pá e picareta. Realmente a humanidade já havia ingressado na Revolução Industrial, desencadeada em 1709 pela invenção da metalurgia, substituindo o carvão de madeira pelo carvão de pedra, de maior poder calorífico, na obtenção do ferro maleável o qual seria usado na construção de máquinas. Em 1859 constrói-se um poço na Pensilvânia (o legendário e famoso poço do “Coronel” Drake), com a finalidade exclusiva de extrair-se dele petróleo e desse ponto em diante, desenca- deia-se nos Estados Unidos uma corrida ao petróleo. Essa corrida pode ser facilmente avaliada pelo crescimento da indústria de fabricação de todos os implementos que vão transformar as primitivas máquinas de perfuração (1806), os spring-poles dos irmãos Ruffner, nas mais sofisticadas torres de petróleo como são conhecidos hoje os ícones da indústria. Iniciava-se a transição das máquinas a vapor, para as máquinas movidas a óleo e gasolina da chamada Civilização do Petróleo. Naquele ano (1859) foram perfurados nos Estados Unidos apenas 2 poços em busca do ouro negro. Na segunda metade do século XIX, os poços eram naturalmente rasos, desde que as técnicas eram limitadas pelo primitivismo natural da indústria daquele tempo. A força para as máquinas era obtida de caldeiras a vapor e as sondas eram as cable tools que foram aperfeiçoados e se tornaram, posteriormente, instrumentos de primeira qualidade para o tempo em que trabalharam. Com o aper- feiçoamento das sondas rotativas, elas foram pouco a pouco abandonadas. A atividade na procura de petróleo foi tão intensa nos EUA, que a velocidade dessa ativida- de pôde ser medida em poços/hora. Isso determinou a evolução das máquinas de fazer poços de tal maneira, que saíram de um estágio extremamente rudimentar (os spring-poles), chegando às atuais sofisticadas torres de perfuração automáticas. De fato, não havia nenhuma opção científica que pu- desse ajudar na descoberta do petróleo. A Geologia não existia e muito menos a sísmica. Esta daria seus primeiros passos na segunda década do século XX e aquela continua até hoje sem um rumo definido. 129
  • 11. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Entre os oil-men nos Estados Unidos, geólogos e Geologia tinham péssima reputação10. Con- fiava-se nas sondas, época quando foi plantada a semente da crença que “quem descobre petróleo é a sonda”, até hoje cultivada. E mais “estudos geológicos jamais enchem um tanque de petróleo”* ou ainda “...Se alguém quisesse ter certeza de construir um poço seco, deveria chamar um geólogo para fazer a locação”.** De fato, àquele tempo, só perfurando o solo era possível descobrir petróleo. Não havia ne- nhum instrumento que pudesse predizer aonde seria possível encontrar aquela substância em subsu- perfície. O fenômeno importante que disparou a corrida ao petróleo nos Estados Unidos, foi o mesmo que motivou a corrida ao ouro. Ficava-se rico do dia para noite, bastando para isso descobrir uma mina. A diferença era a profundidade onde ficava a mina. O ouro ficava à superfície ou a pequenas profundidades. O petróleo verificou-se logo, precisava de uma máquina especial para encontrá-lo. A máquina especial (a torre de perfuração) foi criada e melhorada continuadamente, constantemente, melhoramentos esses que continuam a serem feitos até hoje sem parar. Observemos qual a relação que existe entre os Estados Unidos como país produtor de petró- leo e a pesquisa geofísica no processo. Analisando a tabela abaixo, obtida no capítulo das Estatísticas do livro de Brantly9, vemos que: Número de Poços por Década Construídos nos EUA Poço / Poço / Poço / Campos Décadas Acumul. Poço / Dia Acumul. Década Ano Hora Gigantes 1859/69 7.193 7.193 719 1,97 - - - 1870/79 22.192 29.385 2.219 8,08 - 2 2 1880/89 33.541 62.926 3.354 9,2 - 3 5 1890/99 87.983 150.909 8.798 24,10 1 2 7 1900/09 174.818 325.727 17.482 48 2 14 21 1910/19 211.658 537.385 21.166 58 2,4 30 51 1920/29 247.533 784.918 24.753 87,82 3,66 58 109 1930/39 229.182 1.014.100 22.918 62,79 2,6 65 174 1940/49 300.249 1.314.349 30.025 82,26 3,42 44 218 1950/59 506.042 1.820.391 50.604 138,64 5,77 17 235 1960/69 405.019 2.225.410 40.502 110,96 4,6 2 237 Observação: Campo Gigante de petróleo é aquele que tem reservas recuperáveis, ou uma produção acumulada de 100.000.000 de barris de petróleo. • De 1875 até 1899, dentro do período mais primitivo tanto dos instrumentos de perfuração, como das idéias técnicas, foram encontrados sete (7) campos gigantes de petróleo, um deles, Kern River na California, cavado a pá e picareta (...dug by hand...). • Que até 1929 foram descobertos 109 campos gigantes de petróleo, os quais resultaram do que chamaremos neste trabalho de “método americano de achar petróleo”, ou “método _______________________________________________________________________________ * “Geology has never filled an oil tank” ** “ If somebody wanted to make sure of a dry hole, he would employ a geologist to select the location.” 130
  • 12. A Sísmic americano”. É o método de achar petróleo furando uma quantidade desproporcional de poços, baixando muito a porcentagem de campos achados ou descobertos. Para achar os 109 gigantes foram furados 784.918 poços naquele intervalo de tempo. Para conseguir esses números, não houve influência de qualquer técnica geológica ou geofí sica, pois, dito anteriormente, elas não existiam. As primeiras experiências com o método sísmico foram feitas em 1921 por alguns professo- res na Universidade de Oklahoma, mas só em 1924 foi feita uma descoberta atribuída ao método. As companhias que trabalhariam no mercado estavam apenas se formando. A primeira com- panhia a ser fundada foi a Geophysical Reserach Corporation (GRC), fundada em 1925, trabalhando pela primeira vez no Kansas, em 1926. A Geophysical Service Inc. (GSI) apareceu em 1930 seguin- do-se a Seismograph Service Corp.(SSC) a Western Geophysical e a United Geophysical, seguidas posteriormente de outras. Evidentemente que naquele tempo, as companhias não tinham técnica e experiência sufi- ciente para descobrir o que quer que fosse, inclusive petróleo. Elas estavam na infância das técni- cas, tanto de obtenção de dados como de interpretação, e assim continuam hoje. Atualmente, essas companhias continuam desenvolvendo novos métodos e aparelhos, e muitos já foram inventados e descartados. Os oil-men americanos continuavam a empregar o método do “fura que dá”, sem ligar muito para a parte científica da exploração, ao contrário. Mas, em compensação, não tinham qualquer en- trave burocrático tipo IBAMA e ANP aqui no Brasil. As sondas e todos os seus implementos mecâni- cos, estes sim, modernizavam-se a cada poço, especialmente depois da II Grande Guerra (1939/45). Isso então desencadeou uma nova fase exploratória nos States. As principais máquinas de furar poços eram as chamadas sondas de percussão, as cable tools. Nos anos de 1940 começaram a operar as rotativas hidráulicas que aos poucos iriam substituir as primeiras. As rotativas eram mais rápidas e davam possibilidade de furar mais fundo. A máxima profundidade alcançada pelas sondas de percussão foi de pouco mais de 2.300m, em 1925. Em 1958, uma rotativa alcançou pouco mais de 6.000m, ou seja, mais do dobro alcançado pela outra ferramenta. Isso deu novo impulso aos explo- radores americanos. Não somente eles furariam mais poços, mas também iriam mais fundo. Novos campos gigantes seriam descobertos. Observemos a continuação da tabela tendo em conta que se passavam os anos da II Grande Guerra. Depois da guerra tudo melhorou e o consumo de petróleo subiu bastante, especialmente nos Estados Unidos. Vimos que nos anos 20, surgiram 58 novos campos gigantes inclusive os campos de High Island a 165m de profundidade; South Liberty a 230m; Yates a 430m; Kettleman Hills encontrado a 2.730m e o Campo de Oklahoma City a 2.030m de profundidade. Na década de 1930 surgiram mais 65 gigantes a custa de furar 229.182 poços, com média de 2,6 poços/hora. A ligeira baixa da média é explicada pelos anos da grande recessão nos anos 31, 32, 33 e 34. Mas já em 1935, recobradas as forças da economia, voltou-se ao ímpeto das perfurações. Nos anos de 1940 foram perfurados mais 300.249 poços, mas o número de campos gigantes descobertos começou a diminuir, embora o esforço espetacular. Na década seguinte, 1950/59, as perfurações atingem um número recorde. Foram furados 506.042 poços ou 5,77 poços/hora, distinguindo-se o ano de 1956 quando foram perfurados 58.271 poços elevando as taxas para 160 poços/dia ou quase inacreditáveis 6,6 poços/hora. Era o modelo americano em plena função. 131
  • 13. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa O Fracasso do Método Sísmico A sísmica, depois da II Guerra, tinha melhorado muito tecnicamente, mas não surtia efeito para a pesquisa. Por essa época, já tinham entrado em ação os melhores aparelhos geofísicos, os téc- nicos já tinham razoável experiência, tanto na obtenção como na interpretação dos dados do campo, mas não havia nenhuma melhora para os resultados da exploração. Realmente, nos anos 1950, quan- do as técnicas e os técnicos em geofísica, já tinham mais experiência, as coisas começaram a piorar para a exploração. Dos 506.042 poços perfurados, surgiram apenas 17 campos gigantes. Nos anos 1960, depois de perfurados mais 405.019 poços, média de 110,96 poços/dia, de- cepcionantemente só apareceram 2 campos gigantes. O modelo americano começava a fazer água e precisava de auxílio. Neste ponto é que a sísmica atinge seus melhores dias. Em 1928, as técnicas sismológicas foram experimentadas no Iran pela D’Ary Exploration Company, mais tarde British Petroleum, onde houve (segundo eles) pleno sucesso na exploração, enganosamente atribuído ao método. Dissemos enganosamente porque, achar petróleo no Iran, basta andar na superfície, onde os oil-seepages abundam e onde qualquer método funciona. É como achar chinês em Pequim. Em 1953, começaram a ser usadas as fitas magnéticas e só depois disso é que foi possível o play back. Surgiu o computador digital constituindo este o mais importante avanço do método sísmi- co na exploração. O vibroseis, desenvolvido em 1953, teve vida curta e chegou a ser experimentado no Brasil, debaixo de grande segredo. Nada disso melhorava os índices de sucesso na pesquisa. Começa a onda de que o petróleo vai acabar ou que está se acabando, aparecem as crises e o preço do barril vai às nuvens. E a sísmi- ca? No fim do século, a sísmica é em 3-D e 4-D, mas não consegue minorar o quadro da decadência da produção de petróleo. O método da perfuração em grande escala garantiu no passado e continua garantindo agora as novas descobertas, com a desvantagem de ser um método extremamente oneroso para os investidores, porque pobre nos resultados. De fato, o índice atual de novas descobertas, nos EUA, continua exatamente igual ao do tempo dos pioneiros (ao redor de 12%)9 (1971,p.1488). O quadro abaixo mostra que o índice de sucesso alcançado em poços pioneiros, nos anos quando as técnicas sismológicas ainda estavam em fase experimental, com aparelhos muito primiti- vos, quando não existiam os computadores, era de 11 a 12%. Em 1943, o índice de sucesso alcançou 17% e os instrumentos da Geofísica eram precaríssimos. Para o fim do período apresentado na estatística, quando os aparelhos e intérpretes ficam melhores (anos 60), os índices baixam a níveis preocupantes de 10, 8,5 e 9%. Qual o papel da sísmica? Relação percentual de poços pioneiros secos/produtores nos EUA Ano Pioneiros Produtores % Secos % 1937 2.147 279 13.0 1.868 87.0 1938 2.507 343 13.7 2.164 86.3 1939 2.525 269 10.6 2.256 89.4 1940 2.871 355 12.4 2.516 87.6 1941 3.089 492 15.9 2.597 84.1 1942 3.212 470 12.2 2.569 87.8 1943 3.843 609 17.2 2.927 82.8 132
  • 14. A Sísmic 1944 3.094 342 11.1 2.752 88.9 1945 3.028 343 11.3 2.685 88.7 1946 3.133 333 10.6 2.800 88.0 1947 3.480 394 11.3 3.086 88.7 1948 4.296 501 11.7 3.795 88.3 1949 4.449 506 11.4 3.943 86.8 1950 5.290 592 11.2 4.698 87.7 1951 6.189 684 11.1 5.505 88.9 1952 6.698 741 11.1 5.957 88.9 1953 6.925 774 11.2 6.151 88.8 1954 7.380 902 12.2 6.478 87.8 1955 8.105 919 11.3 7.186 88.7 1956 8.742 868 9.9 7.878 90.1 1957 8.014 872 10.9 7.142 89.1 1958 6.950 786 11.3 6.164 88.7 1959 7.031 772 11.0 6.259 89.0 1960 7.320 745 10.2 6.575 89.8 1961 6.909 745 10.8 6.164 89.2 1962 6.794 787 11.6 6.007 88.4 1963 6.570 769 11.7 5.801 88.3 1964 6.632 701 10.6 5.931 89.4 1965 6.182 638 10.3 5.544 89.7 1966 6.158 635 10.3 5.523 89.7 1967 5.271 544 10.3 4.727 89.7 1968 5.185 442 8.5 4.743 91.5 1969 5.956 535 9.0 5.421 91.0 Fonte: Brantly, J.E. History of Oil Well Drilling. 1971,p.1488 A produção de petróleo nos EUA, como resultado do imenso esforço de perfurar muitos poços, saiu do mínimo em 1859, passou em ramo ascendente nos 6.000.000 de bpd em 1954, atingiu um máximo em 1970, quando chegou a produzir 11.300.000 bpd, manteve a produção acima dos 10.000.00 até 1986 e em seguida entrou em queda livre, sem conseguir recuperar-se, até atingir os atuais 6.830.000 bpd, sem indícios de recuperação. A conclusão é simples. A sísmica modernizou-se enormemente depois de adaptada ao serviço de exploração de petróleo, mas não é técnica adequada para pesquisar petróleo ou qualquer outro tipo de riqueza, e por isso não produz resultados satisfatórios. Na figura 4.3 os gráficos publicados pela Energy Information Administration (EIA)11, e a situação dos poços nos EUA e sua produção. Nas décadas de 1950/1960, quando as técnicas sismoló- gicas começaram a melhorar com o advento das fitas magnéticas, dos computadores etc. a produção de petróleo dos EUA já começara a declinar; em seguida, depois de 1972/1974 quando chegou a produzir quase 10 milhões de bpd, entra em uma fase de decadência como indicam os gráficos A, B e C. O número de poços produtores (gráfico D) caiu de 647.000 em 1985 para 501.000 em 2006 e a média de produtividade por poço (gráfico E) passou de 18,6 bpd/poço em 1972, para 10,3 bpd/poço 133
  • 15. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa em 2006. Para que serve a sísmica? Todo esse quadro gera um panorama inquietante e preocupante, porque leva a crer que o petróleo vai acabar, desde que os profissionais têm dificuldades em descobrir óleo, facilmente, com aparelhos tão extraordinários. Fica evidente que há necessidade apenas de mudar o método de pes- quisa e mais nada. Em termos de exploração, pode-se afirmar que não há indício de que os EUA voltem aos tempos das altas taxas de perfuração dos anos 50 (mão de obra excessivamente cara). A sísmica, que poderia substituir o modelo americano, barateando custos, não consegue estancar a queda da produ- ção, exatamente porque não é a técnica adequada para curar o mal. E no Brasil? O quadro se repete no Brasil. Na Bacia do Recôncavo, onde começou esta pes- quisa, existem cerca de 6.000 poços, quase todos apoiados em prospectos geofísicos. Não há um só poço (nem poderia haver!) que tenha confirmado um prospecto da Sísmica. Em muitos desses poços foi descoberto petróleo novo, não por méritos do método, mas como resultado natural de uma perfu- ração que se faça em uma bacia de clásticos. O estudo desses poços mostra essa verdade na décima parte deste trabalho. A estratigrafia da Bacia, como definida, está em completo desacordo com a natureza da gênese da Bacia, e todos os parâmetros procurados simplesmente não existem. Até 1970, quando começaram a melhorar os métodos geofísicos, a Bacia chegou a produzir 170.000 bpd. Desse ponto em diante, a produção da Bacia começou a fase declinante. Como nos Estados Unidos, à medida que o método melhorou, a produção da Bacia baixou e atualmente, está em fase de abandono, produzindo por métodos onerosos menos de 45.000 bpd. Os atuais exploradores continuam a solicitar mais linhas sísmicas, com finalidades não esclarecidas. Até 1987 tinham sido corridos 59.387 km de linhas sísmicas sem qualquer efeito prático12. A maioria dos campos do Recôncavo foi achada independente da ajuda da sísmica, funcionando ape- nas o fator sorte. Neste momento em que a produção cai é que o método devia vir em seu socorro, e isso não acontece. Em 2D, 3D ou 4D, há que se achar petróleo novo, ou concluir que o método é inadequado para a finalidade a que se propõe. Ainda no Brasil, durante a fase dos chamados contratos de risco, nos anos 1970/198013, o fenômeno repetiu-se. Foram corridos 147.884 km de linhas sísmicas, (mais de três vezes o compri- mento do equador terrestre) sem qualquer resultado. Evidente que os contratos de risco fracassaram, exatamente pelo emprego da sísmica como carro-chefe da exploração, indo no mesmo caminho os atuais concessionários da pesquisa de petróleo no Brasil. Continua-se a descobrir petróleo porque os poços são construídos em bacias de clásticos, onde o produto natural é petróleo. Nos exemplos citados em outra parte deste trabalho verifica-se que a sísmica e seus intérpre- tes encontram coisas que não existem em Geologia primária. Falhas, planos de falha, estruturas altas e baixas, grabens, horsts, narizes estruturais e especialmente, contatos entre formações inexistentes. Dos fatos acima expostos, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, o que se verifica é que os melhores resultados na busca do petróleo foram obtidos quando ainda não existia o método sís- mico. Após uma fase áurea da pesquisa quando foram encontrados grandes volumes de petróleo, foi natural que houvesse uma queda dos sucessos. Surgiu o método sísmico, que renovou a esperança de melhorar o sucesso já declinante da produção de petróleo. Naturalmente não aconteceu nenhum novo grande sucesso, e automaticamente nasceu uma conclusão completamente equivocada: o petróleo está acabando. Esta idéia passou a ser uma “falsa verdade” e um raciocínio completamente absurdo! A pesquisa estratigráfica mostra: o método sísmico é caro e inadequado para pesquisa geo- 134
  • 16. A Sísmic lógica, e o petróleo é uma fonte de energia inextinguível. Repetindo: Petróleo é a energia do Sol chegada e armazenada na Terra desde o princípio da sua história, e até agora, só foi levemente tocado. Assim: • A sísmica não serve para estudar a estrutura e o funcionamento do interior da Terra, tanto da sua parte mais rasa e, especialmente, no seu interior mais profundo. • Em virtude desta conclusão, a sísmica também não serve para alterar os índices explora- tórios em qualquer campo que seja usada, tanto no Brasil, como no exterior, tanto antiga- mente como atualmente, especialmente na exploração do petróleo. • Modernamente, a sísmica serve apenas para avaliar a intensidade de terremotos... Depois de acontecidos. 135