O tripes da cebola é uma praga importante no Brasil. Seus danos são maiores em temperaturas acima de 20°C e pouca chuva, entre outubro e novembro. Seu controle envolve cultivares precoces, plantio direto, irrigação adequada e uso moderado de inseticidas quando a população atingir níveis econômicos.
AGENTES DE CONTROLE BIOLÓGICO, ÓLEO DE NIM E FERTILIZANTES FOLIARES NO MANEJO...
Tripes em cebola: cuidados no manejo
1. Tripes da cebola: cuidados no manejo
Eng. Agr. Dr. Paulo Antônio de Souza Gonçalves
Epagri, email: pasg@epagri.sc.gov.br
O tripes ou piolho da cebola é a principal praga da cebola no Brasil. O
inseto ocorre na fase pós-transplante.
Identificação
Os insetos inicialmente alojam-se nas plantas na região da bainha e em
folhas
centrais
mais
novas
e
com
o
aumento
da
temperatura
e
desenvolvimento do ciclo atingem toda a planta. O inseto é muito pequeno,
mede aproximadamente 1 mm de comprimento, na fase de ninfa com baixa
movimentação, tem coloração esbranquiçada a verde amarelada e na fase
adulta, quando voa, amarelo claro a marrom.
Danos
Temperaturas acima de 20οC e precipitação abaixo de 25 mm são
favoráveis a incidência do inseto. No sul do país a ocorrência de tripes é
observada principalmente nos meses de outubro e novembro, devido a
ocorrência de altas temperaturas e poucas chuvas. A fase crítica de incidência
para as condições de São Paulo é até 49 dias após o transplante, com
menores danos após os 70 dias, segundo pesquisa realizada pelo Dr. Mário E.
Sato.
Em altas populações de tripes a planta de cebola danificada apresentase de coloração esbranquiçada, com retorcimento, amarelecimento e
secamento de folhas, do ápice para base. Porém, isto ocorre apenas na
2. deficiência ou ausência de controle em cultivares que o ciclo coincide com altas
temperaturas na fase de desenvolvimento. Como conseqüência do dano as
plantas não tombam por ocasião da maturação fisiológica (“estalo”), o que
facilita a entrada de água da chuva até o bulbo, com futuras perdas por
apodrecimento no armazém causadas por bactérias. O tamanho e peso de
bulbos são reduzidos em condições de altas populações sobre as folhas das
plantas de cebola. Embora a possibilidade de transmissão de viroses e da
mancha de alternaria ser observada em outras regiões produtoras, em
trabalhos de pesquisa da Epagri não foi observada uma relação direta de tripes
com estas doenças em Santa Catarina.
Manejo do solo e plantio direto
O manejo de tripes, bem como das demais doenças e pragas em cebola
deve iniciar-se com o manejo ecológico do solo, a fim de se obter plantas
equilibradas nutricionalmente. Desta forma, o plantio direto, a utilização de
adubos verdes, estercos, e compostos devem ser preferidos em relação ao
tradicional uso de apenas adubo mineral e mecanização intensiva do solo para
prevenir-se pragas e patógenos. O ideal seria suprir a apenas a quantidade de
nutrientes necessárias para a cultura, sem excessos que pudessem causar
desequilíbrios e predispor a entrada de pragas e doenças. Deve-se considerar
que mesmo solos sob manejo orgânico podem gerar plantas desequilibradas,
desde que haja excessos de nutrientes.
Em sistema de plantio direto na palha tem-se observado que as plantas
de cebola, pela melhoria das condições, físicas, biológicas e químicas do solo,
toleram a presença do inseto sem perdas significativas na produtividade. As
plantas de cobertura que têm sido utilizadas em cebola no sistema de plantio
3. direto para a região do Alto Vale do Itajaí, SC, são, no inverno, nabo forrageiro,
aveia preta, e ervilhaca e no verão, mucuna, milheto e feijão de porco. No
inverno tem sido avaliado a possibilidade da utilização de plantas mais
precoces na substituição de aveia, como centeio e cevada, porém a máquina
que for utilizada no sistema de plantio direto deve ser eficaz no corte da palha
destas plantas, que são mais fibrosas e podem dificultar a operação de
abertura do sulco. A vegetação espontânea com capim-doce, conhecido por
marmelada ou papuã, também pode ser utilizada.
O tripes é favorecido em condições de altos níveis de adubação
fosfatada, presentes principalmente nas fómulas NPK, superfosfato simples e
triplo, fosfato natural. Portanto, a adubação equilibrada com fósforo é
importante para evitar-se elevadas populações deste inseto.
Cultivares
O controle cultural do inseto pode ser feito com o plantio de cultivares de
ciclo precoce para as condições do sul do país. Pois, quando há altas
infestações de tripes, em outubro e novembro, as plantas estão com o bulbo
em fase final de formação e a perda de produtividade é reduzida. Isto favorece
diminuir ou até eliminar o uso de inseticidas. As cultivares precoces
recomendadas pela Epagri para o plantio em Santa Catarina são: SCS 366
Poranga, Epagri 363 Superprecoce, Empasc 352 Bola Precoce. Porém, há
várias cultivares precoces de mesma origem genética disponíveis no comércio
do sul do país.
No Brasil algumas pesquisas já apontaram algum nível de resistência de
cultivares a incidência de tripes. Em Pernambuco, para Duquesa, Dessex e
4. Granex Ouro, em pesquisa realizada em 2004 pela Dra. Vivian Loges e
colaboradores. Em Minas Gerais, para Franciscana, CNPH 6415 e 6074, em
pesquisa de 2006 e 2007 do Dr. Germano L. D. Leite e colaboradores. No
Paraná, para BR 29, Sirius e Alfa São Francisco RT, em pesquisa de 2011 do
Dr. Vitor C.P. Silva.
Homeopatia em manejo orgânico
Em trabalho de pesquisas realizado na Estação Experimental da Epagri
de Ituporanga, SC, o uso da homeopatia tem apresentado resultados
interessantes no manejo do inseto. Os preparados homeopáticos de calcário de
conchas 6CH e Natrum muriaticum 12CH apresentaram redução na população
do inseto e incremento na produtividade em sistema orgânico.
Convém ressaltar a importância de da adoção de métodos culturais de
manejo em sistema orgânico, como adubação orgânica recomendada, plantio
direto na palha, uso de cultivares precoces, para obter aumento de rendimento.
Irrigação
A irrigação em lavouras de cebola de acordo com a necessidade hídrica
de cada região produtora é importante, pois o inseto é favorecido por condições
de seca. Convém ressaltar que o excesso de adubação e pouca disponibilidade
de água favorecem a infestação de tripes.
Controle químico apenas na hora certa
O uso de inseticidas no controle de tripes é justificável apenas quando o
inseto atinge determinados níveis populacionais. Convém ressaltar, que o uso
de inseticidas em regiões de temperaturas amenas, pode ser reduzido ou
eliminado, como observado no sul do país. Porém, para isto é necessário
adotar cultivares precoces e o sistema de plantio direto na palha. Pois, estas
5. medidas de controle cultural são eficazes para favorecer, respectivamente, o
escape a altas populações do inseto e favorecer a tolerância das plantas aos
danos.
O aumento da produtividade da cultura da cebola devido a aplicação de
inseticidas não necessariamente ocorre, principalmente em solos de alta
fertilidade, com altos níveis de matéria orgânica e bem estruturados, que geram
condições nutricionais suficientes para que as plantas tolerem o dano do
inseto.
A utilização do controle químico baseado no nível de dano econômico de
15 ninfas antes e 30 após a formação do bulbo por planta, para as condições
de Ituporanga, na região do Alto Vale, SC, favorecem a diminuição do uso de
inseticidas sem comprometer a produtividade. Desta forma, serão realizadas no
máximo de três a seis pulverizações, de acordo com o nível de dano
econômico. O menor número de pulverizações ocorre em cultivares com plantio
em junho e julho para as condições de sul do país.
O controle químico deve ser realizado com inseticidas registrados
para o controle de tripes em cebola no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, MAPA. A alternância de inseticidas de grupos químicos
diferentes é importante para se evitar o desenvolvimento de resistência no
inseto. Atualmente estão registrados os seguintes grupos químicos: análogo de
pirazol, carbamato, espinosina, neonicotinóides, organofosforados, piretróides,
piretróides com organosforados, piretróides com neonicotinóides.
O uso de subtâncias assciadas a inseticidas no controle químico, como
espalhantes, açucar, enxofre, não tem apresentado resultados significativos de
6. incremento no rendimento da cultura. Portanto, não se justifica o uso de tais
substâncias economicamente.
7. incremento no rendimento da cultura. Portanto, não se justifica o uso de tais
substâncias economicamente.