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HARTZ, ZMA., org. Avaliação em Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da
implantação de programas [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997. 132 p. ISBN 85-85676-
36-1. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.
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A avaliação na área da saúde:
conceitos e métodos
André-Pierre Contandriopoulos
François Champagne
Jean-Louis Denis
Raynald Pineault
2. André-Pierre Contandriopoulos
François Champagne
Jean-Louis Denis
Raynald Pineault
I N T R O D U Ç Ã O
A avaliação é uma atividade tão velha quanto o m u n d o , banal e inerente ao
próprio processo d e aprendizagem. Hoje, a avaliação é t a m b é m u m conceito q u e está
na moda, c o m contornos vagos e q u e agrupa realidades múltiplas e diversas.
Logo após a Segunda Guerra Mundial apareceu o conceito d e avaliação dos
programas públicos. Ele é, d e certa forma, o corolário do papel q u e o Estado c o m e ç o u
a desempenhar nas áreas da educação, do social, do emprego, da saúde etc. O Esta-
do, q u e passava a substituir o mercado, devia encontrar meios para q u e a atribuição
de recursos fosse a mais eficaz possível. O s economistas desenvolveram, então, m é t o -
dos para analisar as vantagens e os custos destes programas públicos; são os pioneiros
da avaliação. M a s , rapidamente, suas abordagens revelaram-se insuficientes, especial-
mente quando queremos aplicá-las aos programas sociais e à educação. A avaliação
foi, e n t ã o , d e certo m o d o , "profissionalizada", a d o t a n d o - s e u m a perspectiva
interdisciplinar e insistindo nos aspectos metodológicos. N o continente americano,
associações c o m o a American Evaluation Association ou a Canadian Evaluation Society
contribuíram muito para esse movimento.
* Versão adaptada de um artigo dos mesmos autores, L'évaluation dans le domaine de la santé: concepts
& méthodes, publicado nas atas do colóquio editadas por LEBRUN, SAILLY & AMOURETTI (1992:14-
32). A tradução preliminar deste texto recebeu o apoio do Instituto Materno-lnfantil de Pernambuco
(IMIP - projeto financiado pelo BID), com revisão de Zulmira Maria de Araújo Hartz e Luiz Claudio S.
Thuller.
A AVALIAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE: CONCEITOS E
MÉTODOS*
3. N o decorrer dos anos 70 a necessidade d e avaliar as ações sanitárias se impôs.
O período d e implantação dos grandes programas, baseados no seguro médico, estava
terminado. A diminuição do crescimento e c o n ô m i c o e o papel do Estado no financia-
mento dos serviços d e saúde tornavam indispensável o controle dos custos do sistema
d e saúde, sem q u e , por isso, uma acessibilidade suficiente d e todos a serviços de
qualidade seja questionada.
As decisões necessárias para q u e esta dupla exigência seja respeitada são parti-
cularmente difíceis d e se tomar, por causa do caráter muito complexo do sistema d e
saúde, das grandes zonas d e incerteza q u e existem nas relações entre os problemas
d e saúde e as intervenções suscetíveis de resolvê-las, do desenvolvimento muito rápi-
do das novas tecnologias médicas e das expectativas crescentes da população. Neste
contexto, a necessidade d e informação sobre o funcionamento e a eficácia do sistema
d e saúde é considerável e a avaliação parece ser a melhor solução.
D e s d e então, a avaliação na área sanitária goza de u m prestígio enorme. A
maioria dos países (Estados Unidos, Canadá, França, Austrália etc.) criou organismos
encarregados d e avaliar as novas tecnologias. O s programas d e formação, os colóqui-
os, os seminários, os artigos, as obras sobre a avaliação já não se contam mais.
Esta proliferação é, certamente, o sinal de uma necessidade, mas ela t a m b é m é
sinal da complexidade da área. O objetivo da nossa apresentação é propor u m quadro
conceituai q u e permita uma visão mais clara.
As definições da avaliação são numerosas e poderíamos até chegar a dizer que
cada avaliador constrói a sua. Patton (1981) propõe o grupamento das definições da
avaliação e m seis grandes famílias e m razão da sua natureza. Patton (1982) nota e m
seguida q u e , e m cada família, o conteúdo das definições é variável e ele agrupa os
diferentes conteúdos e m seis categorias. O autor constata q u e esta tabela que define
36 tipos d e definições da avaliação só permite classificar u m pouco mais de 5 0 % dos
trabalhos d e avaliação publicados.
Guba & Lincoln (1990) identificam quatro estágios na história da avaliação. A pas-
sagem de u m estágio para outro se faz c o m o desenvolvimento dos conceitos e a acumu-
lação dos conhecimentos. O primeiro estágio é baseado na medida (dos resultados escola-
res, da inteligência, da produtividade dos trabalhadores). O avaliador é essencialmente um
técnico que tem que saber construir e saber usar os instrumentos que permitem medir os
fenômenos estudados. O segundo estágio se fortalece nos anos 20 e 30. Ele trata de
identificar e descrever c o m o os programas permitem atingir seus resultados. O terceiro
estágio é fundamentado no julgamento. A avaliação deve permitir o julgamento de uma
intervenção. O quarto estágio está emergindo. A avaliação é então feita como um processo
de negociação entre os atores envolvidos na intervenção a ser avaliada.
C h e n (1990) propõe distinguir as avaliações q u e são baseadas nos métodos das
q u e são orientadas por uma discussão teórica sobre as relações entre a intervenção, o
contexto no qual ela é inserida e os resultados obtidos.
4. Esta breve revisão do estado dos conhecimentos mostra a vaidade q u e seria
propor uma definição universal e absoluta da avaliação. N o entanto, para tentar visualizar
melhor e para fixar o quadro no qual esta apresentação se insere, p o d e m o s adotar a
definição seguinte, q u e hoje é objeto de u m amplo consenso.
Avaliar consiste fundamentalmente e m fazer u m julgamento d e valor a respeito
d e uma intervenção ou sobre qualquer u m d e seus c o m p o n e n t e s , c o m o objetivo
de ajudar na tomada d e decisões. Este julgamento pode ser resultado da aplicação d e
critérios e d e normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de u m p r o c e d i m e n -
to científico (pesquisa avaliativa).
U m a intervenção, qualquer q u e seja, pode sofrer os dois tipos d e avaliação.
Podemos, por u m lado, buscar estudar cada u m dos componentes da intervenção e m
relação a normas e critérios. Trata-se, então, d e uma avaliação normativa. Por outro,
podemos querer examinar, por u m procedimento científico, as relações q u e existem
entre os diferentes componentes de uma intervenção. Trata-se, então, d e pesquisa
avaliativa.
Estas definições permitem a constatação de q u e a área da avaliação e a área da
pesquisa coincidem somente parcialmente (Shortell & Richardson, 1978). A avaliação
administrativa não faz parte da área da pesquisa, da mesma forma q u e existe u m
c a m p o d e pesquisa q u e não faz parte da avaliação (as pesquisas disciplinares q u e
visam fazer progredir os conhecimentos)(Figura 1).
F I G U R A 1
Pesquisa e avaliação
A pesquisa A avaliação
Pesquisa
não avaliativa
Avaliação
Normativa
Gris, Universidade de Montreal, 1992.
Para avançar, devemos precisar o q u e entendemos por intervenção. U m a inter-
venção é constituída pelo conjunto dos meios (físicos, humanos, financeiros, simbóli-
cos) organizados e m u m contexto específico, e m u m d a d o m o m e n t o , para produzir
bens ou serviços c o m o objetivo d e modificar uma situação problemática.
5. U m a intervenção é caracterizada, portanto, por cinco c o m p o n e n t e s : objeti-
v o s ; recursos; serviços, bens o u atividades; efeitos e contexto preciso e m u m d a d o
m o m e n t o (Figura 2).
F I G U R A 2
O s componentes de uma Intervenção
Situação
Problemática
Efeitos Objetivos
Serviços
t
1
Recursos
Contexto
Ela p o d e ser u m a técnica, por exemplo, u m kit pedagógico para melhorar os
c o n h e c i m e n t o s sobre a alimentação, u m teste para detectar más formações fetais,
u m remédio, u m programa d e gerência e m reanimação; u m tratamento (um ato ou u m
conjunto d e atos); u m a prática (por exemplo, u m protocolo d e tratamento do câncer
d o pulmão por quimioterapia); u m a organização (um centro d e desintoxicação, uma
unidade d e tratamento); u m programa (desinstitucionalização dos pacientes psiquiá-
tricos, prevenção das doenças transmitidas sexualmente); uma política (promoção da
saúde, privatização d o financiamento dos serviços e t c ) .
É necessário c o m p r e e n d e r q u e não podemos falar d e uma intervenção sem
levar e m conta os diferentes atores q u e ela envolve (Figura 3). São eles q u e dão sua
forma particular e m u m d a d o m o m e n t o e m u m dado contexto. D e fato, cada u m dos
atores p o d e ter seus próprios objetivos e m relação à intervenção e sua avaliação.
7. É preciso entender q u e os objetivos d e u m a avaliação são numerosos, que eles
p o d e m ser oficiais ou oficiosos, explícitos ou implícitos, consensuais ou conflitantes,
aceitos por todos os atores ou somente por alguns.
O s objetivos oficiais d e uma avaliação são d e quatro tipos:
• ajudar no planejamento e na elaboração d e u m a intervenção (objetivo estratégico);
• fornecer informação para melhorar uma intervenção no seu decorrer (objetivo
formativo);
• determinar os efeitos d e u m a intervenção para decidir se ela deve ser mantida,
transformada d e forma importante ou interrompida (objetivo somativo);
• contribuir para o progresso dos conhecimentos, para a elaboração teórica (objetivo
fundamental).
O s objetivos oficiosos dos diferentes atores, muitas vezes implícitos, são t a m -
b é m muito importantes d e se considerar.
O s administradores q u e p e d e m uma avaliação p o d e m querer:
• atrasar u m a decisão;
• legitimar u m a decisão já tomada;
• ampliar seu poder e o controle q u e eles exercem sobre a intervenção;
• satisfazer as exigências dos organismos d e financiamento.
O s avaliadores p o d e m buscar:
• ampliar os conhecimentos;
• ampliar seu prestígio e poder;
• obter uma p r o m o ç ã o ;
• promover u m a idéia q u e lhes é cara.
O s usuários p o d e m buscar:
• benefícios c o m serviços diferentes dos disponíveis habitualmente;
• reduzir sua d e p e n d ê n c i a perante profissionais.
O pessoal d e uma organização pode buscar:
• atropelar as regras hierárquicas;
• obter u m adiantamento.
A A V A L I A Ç Ã O N O R M A T I V A
A avaliação normativa é a atividade q u e consiste e m fazer u m julgamento sobre
u m a intervenção, c o m p a r a n d o os recursos empregados e sua organização (estrutura),
os serviços o u os bens produzidos (processo), e os resultados obtidos, c o m critérios e
normas (Figura 4).
9. Apreciação do Processo
Trata-se d e saber e m q u e medida os serviços são adequados para atingir os
resultados esperados. Esta apreciação se faz comparando os serviços oferecidos pelo
programa o u pela intervenção c o m critérios e normas predeterminadas e m função dos
resultados visados.
A apreciação d o processo d e uma intervenção visando oferecer serviços para
u m a clientela p o d e ser decomposta e m três dimensões: a dimensão técnica, a d i m e n -
são das relações interpessoais e a dimensão organizacional.
A d i m e n s ã o t é c n i c a d o s serviços
Aprecia a a d e q u a ç ã o dos serviços às necessidades. O s serviços correspondem
às necessidades dos beneficiários; dos clientes? A dimensão técnica inclui a aprecia-
ção da qualidade dos serviços. Trata-se geralmente da qualidade definida a partir dos
critérios e das normas profissionais. O s programas d e garantia da qualidade nas orga-
nizações fazem parte da apreciação d o processo.
A d i m e n s ã o d a s relações interpessoais
Aprecia a interação psicológica e social q u e existe entre os clientes e os produ-
tores d e cuidados. Nos interessamos então no apoio q u e o pessoal dá aos pacientes,
na satisfação destes, na cortesia dos produtores d e cuidados e no respeito à pessoa.
A d i m e n s ã o organizacional
A dimensão organizacional do processo diz respeito à acessibilidade aos servi-
ços, à extensão da cobertura dos serviços oferecidos pela intervenção considerada,
assim c o m o à globalidade e à continuidade dos cuidados e dos serviços. Por globalidade
e continuidade e n t e n d e m o s o caráter multiprofissional e interorganizacional dos cui-
dados, assim c o m o sua continuidade no t e m p o e no espaço.
A Apreciação dos Resultados
A apreciação dos resultados consiste e m se perguntar se os resultados observa-
dos correspondem aos esperados, isto é, aos objetivos q u e a intervenção se propôs
atingir. A apreciação dos resultados é feita comparando-se os índices dos resultados
obtidos c o m critérios e c o m normas d e resultados esperados. Esta apreciação é, m u i -
tas vezes, insuficiente para se fazer u m julgamento válido sobre os resultados de uma
intervenção. Para avaliá-los deve-se geralmente empregar uma pesquisa avaliativa.
11. P r o b l e m a s d e s a ú d e 1
i r
P r o b l e m a escolhido ( d o e n ç a s
cardiovasculares; AlDS...)
O b j e t i v o específico d a 2
I n t e r v e n ç ã o : m o d i f i c a ç ã o
d e u m fator d e risco e m u m a +.
p o p u l a ç ã o específica através d e
u m c o n j u n t o preciso d e recursos
Fazer estas análises implica q u e nos preocupemos c o m a forma c o m o a situa-
ç ã o problemática foi identificada, isto é, c o m métodos usados para apreciar as neces-
sidades, c o m o grau d e prioridade d o problema d e saúde escolhido e m relação ao
conjunto dos problemas identificados, assim c o m o c o m a pertinência da intervenção
escolhida e m relação a todas as intervenções possíveis.
A análise estratégica d e uma intervenção pode ser feita a partir d e análises de
mercado, análises d e necessidades, d e métodos d e determinação d e prioridades etc.
(Dever & C h a m p a g n e , 1984).
Análise da Intervenção
A análise da intervenção consiste e m estudar a relação q u e existe entre os o b -
jetivos da intervenção e os meios empregados. Trata-se d e interrogar sobre a capacida-
d e dos recursos q u e foram mobilizados e dos serviços q u e foram produzidos para
atingir os objetivos definidos (Figura 7).
problema considerando todos os problemas existentes? É pertinente, considerando a
estratégia d e intervenção adotada, intervir c o m o está sendo feito? O u seja, o fator d e
risco no qual quer agir a intervenção é o mais importante, a população-alvo é a d e
maior risco? O s recursos empregados são os mais adaptados?
F I G U R A 6
Análise Estratégica: julgamento sobre a pertinência d e uma Intervenção
12. F I G U R A 7
Análise da Intervenção
Hipótese
causal
Hipótese sobre
o mecanismo
de ação da
intervenção
Efeitos sobre o objetivo d e
saúde visado (redução das
doenças cardiovasculares;
AIDS)
Efeito direto d a
Intervenção (% d e
redução da taxa d e
colesterol o u da
infecção pelo H I V )
Objetivo
intermediário
(inibição d o
H M G - C o a ;
utilização d e
condons)
Atividades
Objetivos específicos
d a Intervenção (redução
d a taxa d e colesterol o u
d a infecção pelo H I V )
Recursos
Processo Estrutura
( u m m e d i c a m e n t o ; u m programa
d e e d u c a ç ã o sanitária)
13. Para analisar esta relação, podemos nos perguntar, por u m lado, se a teoria na
qual a intervenção foi construída é adequada e, por outro, se os recursos e as ativida-
des são suficientes e m quantidade, e m qualidade e na maneira c o m o estão organiza-
das. N o s perguntamos, assim, se o algoritmo da intervenção é válido e apropriado e se
os meios empregados para atingir os objetivos são adequados e suficientes. D a mesma
forma q u e nos interrogamos sobre a confiabilidade e a validade dos instrumentos d e
medida e m u m a pesquisa, p o d e m o s nos interrogar sobre a confiabilidade e a validade
da intervenção e m u m a pesquisa avaliativa.
O s métodos apropriados para a análise da intervenção são os que permitem
apreciar a qualidade d e u m modelo teórico, isto é, sua veracidade e sua generalidade
(Chen, 1990). Elas são extrapolações dos métodos desenvolvidos para apreciar a qua-
lidade d e u m instrumento d e medida (Mark, 1990).
Análise da Produtividade
A análise da produtividade consiste e m estudar o m o d o c o m o os recursos são
usados para produzir serviços. Aí se colocam dois tipos d e questões: poderíamos pro-
duzir mais serviços c o m os mesmos recursos? Poderíamos produzir a mesma quantida-
d e d e serviços c o m menos recursos?
A produtividade p o d e ser medida e m unidades físicas ou e m unidades monetá-
rias. N o primeiro caso, falaremos d e produtividade física, no segundo, d e produtivida-
d e econômica.
Para analisar a produtividade d e uma intervenção, deve-se poder definir e medir
sua produção. N a área da saúde, trata-se muitas vezes d e u m empreendimento difícil
e para alcançá-lo é importante d e c o m p o r o conceito d e produção.
P o d e m o s conceber (Figura 8) q u e toda intervenção na área da saúde produz
diferentes tipos d e resultados. O s recursos da intervenção servem, e m primeiro lugar,
para produzir serviços d e suporte. Trata-se essencialmente d e produtos intermediários
q u e , combinados c o m contribuições profissionais, servem para produzir serviços clíni-
cos q u e p o d e m o s chamar d e resultados primários.
Estes serviços clínicos, q u a n d o são combinados para responder aos problemas
d e saúde d e u m paciente, produzem episódios d e tratamento q u e são os resultados
finais da intervenção. Estes episódios d e tratamento, cujo objetivo é modificar u m
problema d e saúde, p o d e m eles mesmos se combinar c o m outros fatores para melho-
rar o estado d e saúde dos pacientes e m questão.
14. F I G U R A 8
Produtos de uma Intervenção d e saúde
I N T E R V E N Ç Ã O
Inputs
Gerais
Outputs
Gerais
Inputs Recursos
Gerais Profissionais
1F
'
Outputs
Primários
(Serviços
clínicos)
Inputs
Secundários
+
Julgamentos
profissionais
Processos de transformação do problema de saúde
Problema da
Saúde de um
paciente
Outputs
Secundários •
(Tratamentos) F3
Outros
determinantes
da Saúde
Outcome
ou Output
Final
efeitos-saúde,isto é,
transformação do
problema de saúde)
Contandriopoulos, A. R, Gris, 1990.
A análise da produtividade pode, portanto, ser feita e m vários níveis:
• Podemos falar da capacidade dos recursos para produzir serviços d e suporte (produ-
tividade do pessoal de manutenção d e produzir serviços d e reparação, serviços ali-
mentares de produzir refeições).
• Podemos falar da produtividade dos recursos profissionais e m serviços clínicos (recur-
sos de laboratório e de radiologia para produzir exames laboratoriais e radiológicos).
15. O s diferentes serviços clínicos p o d e m ser combinados para produzir tratamen-
tos para os pacientes específicos. Falaremos então da produtividade dos recursos para
produzir tratamentos.
Poderíamos ainda ampliar a análise e falar da produtividade dos recursos para
produzir efeitos d e saúde. Deixaríamos, então, a área da análise da produtividade d e
u m a intervenção para entrar na análise dos seus efeitos.
M é t o d o s apropriados para a análise da produtividade são derivados dos méto-
dos e c o n ô m i c o s e dos métodos da contabilidade analítica.
Análise dos Efeitos
A análise dos efeitos é aquela q u e se baseia e m avaliar a influência dos serviços
sobre os estados d e saúde. Ela consistirá e m determinar a eficácia dos serviços para
modificar os estados d e saúde. A medida dos efeitos, q u e sejam desejados, ou não,
d e p e n d e d o tipo d e pesquisa adotada (Figura 9). O conceito d e eficácia não tem um
sentido absoluto, ele d e v e ser qualificado e m virtude do contexto no qual a pesquisa é
feita, d o procedimento escolhido, da natureza da intervenção avaliada e da finalidade
d o exercício d e avaliação.
P o d e m o s falar d e eficácia teórica q u a n d o nos situamos no contexto da pesquisa
d e laboratório no qual o ambiente é inteiramente controlado e no qual não há varia-
bilidade interindividual.
A eficácia dos ensaios é a q u e é medida nos ensaios clínicos randomizados. A
intervenção é aplicada d e u m a forma total e otimizada para cada u m dos indivíduos a
ela submetidos. A eficácia dos ensaios considera as variações inter-individuais, mas
não as variações no comportamento dos usuários e dos profissionais.
A eficácia de utilização é aquela q u e estimamos ao analisar os resultados d e
u m a intervenção, e m u m contexto natural, sobre os indivíduos q u e dela se beneficia-
ram. Nesta situação, as variáveis relativas aos usuários e aos prestadores d e serviço são
observadas.
P o d e m o s ainda estender o conceito d e eficácia e falar d e eficácia populacional
considerando os efeitos d e u m a intervenção não somente para aqueles q u e benefici-
aram-se dela, mas t a m b é m para toda a população a q u e m a intervenção era destina-
da. Consideramos então o grau d e cobertura da intervenção, sua aceitabilidade e sua
acessibilidade na população-alvo.
N a análise dos efeitos, é importante considerar não somente aqueles que são
desejáveis, mas t a m b é m os efeitos não desejados. E m outros termos, é importante
considerar os efeitos externos para a população-alvo e t a m b é m eventualmente para as
outras populações não visadas diretamente pela intervenção.
N a análise dos efeitos, t a m b é m é muito importante analisar, q u a n d o for possí-
vel, não somente os efeitos a curto prazo, mas t a m b é m os efeitos a longo prazo.
17. Nas análises custo/eficácia e custo/utilidade, os custos são expressos e m termos
monetários, mas as vantagens são expressas ou por índices reais d e resultados (anos de
vida ganhos, índice d e satisfação, redução da dor etc.) ou pela utilidade que traz a
intervenção para aqueles aos quais ela se destina (QALY - Quality Adjusted Life Years).
As análises d e custo/benefício são as mais gerais. Elas implicam saber determi-
nar o valor das vantagens e dos custos d e uma intervenção para otimizar a atribuição
d e recursos. Este tipo d e análise é muito difícil d e se conduzir na área da saúde,
particularmente por causa da dificuldade q u e se tem d e dar um valor monetário para
variações nos estados de saúde.
As análises custo/eficácia ou custo/utilidade são as mais freqüentes. Consistem
e m comparar os custos d e diversas intervenções c o m sua eficácia nos usuários o u ,
ainda, c o m a utilidade q u e os usuários retiram da intervenção. O conceito de utilidade
usado nas análises custo/utilidade permite incorporar os diferentes efeitos possíveis de
uma intervenção e m u m só indicador. Ele permite, portanto, comparar entre elas as
diferentes intervenções q u e não têm os mesmos objetivos. Esta comparação é, na
maioria das vezes, impossível a partir dos resultados de análise custo/eficácia. Todavia,
a determinação da utilidade associada a diferentes tipos de efeitos traz sérios proble-
mas metodológicos e conceituais.
As dificuldades metodológicas desta análise estão na medida das vantagens e
na definição d e critérios q u e permitem comparar o rendimento d e várias opções.
Análise da Implantação
O último tipo d e análise que podemos fazer no quadro de uma pesquisa avaliativa
consiste, por u m lado, e m medir a influência q u e pode ter a variação no grau de
implantação d e u m a intervenção nos seus efeitos e, por outro, e m apreciar a influên-
cia d o ambiente, d o contexto, no qual a intervenção está implantada nos efeitos da
intervenção. Este tipo d e análise é pertinente q u a n d o observamos uma grande variabi-
lidade nos resultados obtidos por intervenções semelhantes implantadas e m contextos
diferentes. D e v e m o s , então, nos perguntar se esta variabilidade pode ser explicada
por diferenças existentes nos contextos. A análise da implantação é particularmente
importante q u a n d o a intervenção analisada é complexa e composta d e elementos
seqüenciais sobre os quais o contexto pode interagir d e diferentes modos.
O primeiro tipo d e análise da implantação consiste e m medir a influência da
variação no grau d e implantação da intervenção e m diferentes contextos. Até mesmo
u m a ausência d e efeito p o d e ser conseqüência do fato d e q u e a intervenção avaliada
não foi realmente implantada.
18. O segundo tipo de análise da implantação consiste e m se perguntar sobre os
efeitos da interdependência q u e pode haver entre o contexto no qual a intervenção
está implantada e a intervenção e m si.
Nos interrogamos, neste tipo d e análise, sobre o sinergismo q u e p o d e existir
entre um contexto e uma intervenção o u , pelo contrário, sobre os antagonismos exis-
tentes entre o contexto e a intervenção, isto é, sobre os efeitos inibidores d o contexto
e sobre os efeitos da intervenção.
O s métodos apropriados para analisar a implantação de u m programa são, so-
bretudo, os estudos d e casos (Yin, 1989).
C O N C L U S Ã O
Sendo o objetivo final da avaliação o d e ajudar na tomada d e decisões, é preci-
so se interrogar sobre a influência q u e as informações fornecidas pelo avaliador p o -
d e m ter nas decisões.
A avaliação normativa t e m c o m o finalidade principal ajudar os gerentes a pre-
encher suas funções habituais. Ela é normalmente feita por aqueles q u e são responsá-
veis pelo funcionamento e pela gestão da intervenção, faz parte da atividade natural
de um gerente e deveria, portanto, ter u m a forte validade pragmática ( D u n n , 1989).
N o entanto, a pesquisa avaliativa, q u e exige u m a perícia metodológica e teóri-
ca importante, geralmente não pode ser feita por aqueles q u e são responsáveis pela
intervenção e m si. Ela é mais freqüentemente confiada a pesquisadores q u e são exte-
riores à intervenção. Neste caso, a questão d e saber se seus trabalhos serão úteis para
as decisões é importante.
O quadro d e referência proposto evidencia q u e a avaliação d e u m a interven-
ção é constituída pelos resultados d e várias análises obtidas por métodos e abordagens
diferentes. Estes resultados não poderão ser facilmente resumidos e m u m p e q u e n o
número d e recomendações. E até provável q u e quanto mais u m a avaliação seja b e m ¬
sucedida, mais ela abra caminhos para novas perguntas. Ela semeia dúvidas sem ter
condições de dar todas as respostas e não pode nunca terminar realmente, d e v e ser
vista c o m o uma atividade dinâmica no tempo, apelando para atores numerosos, utili-
zando métodos diversos e envolvendo competências variadas.
A avaliação é u m a atividade, c o m o a pesquisa, útil para o estabelecimento d e
políticas, mas nunca é suficiente para estabelecer políticas (Figura 10).
20. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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