1. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA
PATRÍCIA DA SILVA MARTENDAL
A PRÁTICA JORNALÍSTICA EM TEMPOS DE WEB 2.0: UMA
ANÁLISE DO JORNALISMO REALIZADO NO TWITTER
SÃO JOSÉ, 2012.
2. PATRÍCIA DA SILVA MARTENDAL
A PRÁTICA JORNALÍSTICA EM TEMPOS DE WEB 2.0: UMA
ANÁLISE DO JORNALISMO REALIZADO NO TWITTER
Monografia apresentada como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em
Comunicação Social com Habilitação em
Jornalismo, da Faculdade Estácio de Sá de
Santa Catarina.
Professores orientadores:
Conteúdo: Lúcia Correia Marques de Miranda
Moreira, Doutora.
Metodologia: Savani Terezinha de Oliveira
Borges, Especialista.
SÃO JOSÉ, 2012.
3. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M377p MARTENDAL, Patrícia da Silva.
A prática jornalística em tempos de web 2.0: uma análise do
jornalismo realizado no Twitter./ Patrícia da Silva Martendal. –
São José, 2012.
105 f. ; graf. ; tab. ; il. ; 21 cm.
Trabalho Monográfico (Graduação em Comunicação Social
com Habilitação em Jornalismo) – Faculdade Estácio de Sá de
Santa Catarina, 2012.
Bibliografia: f. 94 – 100.
1. Internet. 2. Twitter (rede social). 3. Comunicação. 4.
Jornalismo. I. Título.
CDD 302
4.
5. À minha família, amigos e colegas, por direta ou
indiretamente terem contribuído com este trabalho.
6. AGRADECIMENTOS
Por diversas vezes, há anos, pessoas disseram que eu era viciada em internet e redes
sociais. Elas estavam certas! Foi esse “vício” que despertou em mim o interesse em conhecer
detalhadamente toda a história por trás da internet e das tais redes sociais, unindo isto tudo ao
jornalismo. Agradeço, primeiramente, a estas pessoas, que mesmo sem querer, passaram a
influenciar minhas escolhas, escolhas que nem eu mesma imaginei que faria.
Agradeço aos meus pais, Claudio e Salete pelo amor incondicional, carinho, educação,
puxões de orelha, preocupações, confiança, apoio e torcida durante toda minha vida, para que
eu chegasse até aqui.
Agradeço à minha família, por direta ou indiretamente, demonstrando ou não,
torcerem pelo meu sucesso.
Agradeço ao Bruno Bressiani, um baita amigão, além de namorado, por ter me
apoiado e incentivado a não desistir jamais, por ter ouvido meus desabafos e choros ao pensar
que não conseguiria chegar até aqui, por ter acreditado em mim e ter dito diversas vezes:
“Você é a melhor”! (Mesmo sabendo que não sou a melhor da melhor do mundo, talvez só
para você, você conseguia levantar meu astral!).
Agradeço às minhas orientadoras, Lúcia e Savani, pela atenção, dedicação e paciência
que tiveram comigo. Vocês contribuíram muito para este estudo. Obrigada mesmo!
Agradeço também a todos os professores que passaram por minha vida e contribuíram
com minha formação a partir de seus conhecimentos. Vocês foram fundamentais para eu
chegar até aqui.
Agradeço ao Fabiano e à Soni, companheiros de trabalho há 4 anos, por terem me
disponibilizado tempo no escritório para escrever esta monografia, sem jamais reclamar. Só
no escritório é que as ideias realmente fluíam, e fluíam às vezes até demais.
Agradeço aos meus amigos e colegas, da faculdade ou não, pelo apoio, incentivo,
elogios e ajuda na “caça” ao material para escrever este estudo. Por falar em escrever, não
poderia esquecer de agradecer à todos os que divulgaram minha pesquisa e contribuíram
assim, com o resultado do meu trabalho.
Muito obrigada a todos!
7. “Na imprensa escrita, é fácil ficar em desacordo com os
leitores quando eles encontram algo errado em seu
texto. Como jornalista, você fica na defensiva. Os
leitores de um blog colaboram com seu texto e ajudam.
Eles querem que você dê a notícia correta”.
Ben Mutzabaugh.
8. RESUMO
O estudo tem como meta analisar o jornalismo realizado no microblog Twitter, através das
mensagens postadas pelos jornalistas Moacir Pereira, Nilson Lage e Rosana Hermann aos
seus seguidores. Também serão analisadas as adaptações necessárias por parte dos jornalistas,
de forma geral, para a difusão mais eficaz de conteúdos nesta ferramenta de comunicação na
internet. O objetivo é mostrar a importância da adaptação e domínio da ferramenta pelos
profissionais de comunicação, para que as informações cheguem corretamente ao leitor. Este
estudo irá contribuir para uma possibilidade de análise e compreensão de como os
profissionais do meio online informam através do microblog. A metodologia de pesquisa
utilizada no trabalho será com base no método indutivo, pesquisa bibliográfica, exploratória e
quantitativa. Será elaborado questionário para coleta de dados e aplicado de forma online aos
membros das redes sociais Twitter, Facebook e Orkut. Os principais autores utilizados como
base para a pesquisa bibliográfica são Theodor Adorno, Pollyana Ferrari, Raquel Recuero,
Felipe Pena.
Palavras-chave: Internet. Comunicação. Jornalismo. Twitter.
9. LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1: Esquema de comunicação .................................................................................... 22
Ilustração 2: Esquema de comunicação .................................................................................... 23
Ilustração 3: Intervalo entre a descoberta de um novo meio de comunicação e sua difusão ... 27
Ilustração 4: A revolução da internet entre 1990 e 2000.......................................................... 32
Ilustração 5: Evolução do número de pessoas com acesso à internet no Brasil ....................... 33
Ilustração 6: Evolução do número de usuários ativos – Trabalho e domicílios ....................... 34
Ilustração 7: Tempo, número de usuários ativos e pessoas com acesso à internet................... 34
Ilustração 8: Tempo, número de usuários ativos e pessoas com acesso à internet................... 35
Ilustração 9: Definições das práticas de produção e disseminação de informação .................. 36
Ilustração 10: Esferas que ilustram a delimitação das terminologias ....................................... 38
Ilustração 11: Mapa de noções da web 2.0 ............................................................................... 47
Ilustração 12: Versão online do jornal impresso Diário Catarinense ....................................... 49
Ilustração 13: Seção “Eu Repórter” do Jornal O Globo Online ............................................... 50
Ilustração 14: Diagramas das redes de Paul Baran ................................................................... 52
Ilustração 15: Redes emergentes mapeadas a partir de conexões recíprocas ........................... 53
Ilustração 16: Redes de filiação/associativas a partir de conexões recíprocas ......................... 54
Ilustração 17: Lista dos 20 países com maior número de usuários no Twitter ......................... 57
Ilustração 18: Número de visitas únicas ao Twitter em março de 2012 ................................... 58
Ilustração 19: Fontes de pesquisa utilizadas pelos jornalistas no Brasil .................................. 60
Ilustração 20: Fontes de pesquisa e confirmação de informações ............................................ 60
Ilustração 21: Perfil do Jornal Nacional no Twitter ................................................................. 61
Ilustração 22: Questionário aplicado ........................................................................................ 66
Ilustração 23: Perfil de Nilson Lage ......................................................................................... 70
Ilustração 24: Comentário pessoal no perfil ............................................................................. 71
Ilustração 25: Publicação numerada ......................................................................................... 71
Ilustração 26: Perfil de Moacir Pereira ..................................................................................... 73
Ilustração 27: Publicação de Moacir Pereira sem uso de links ................................................. 74
Ilustração 28: Resposta à acadêmica ........................................................................................ 75
Ilustração 29: Perfil de Rosana Hermann ................................................................................. 76
Ilustração 30: Publicação com mapa de Berlin ........................................................................ 77
Ilustração 31: Publicação com link direcionando o leitor para o blog...................................... 77
10. Ilustração 32: Página da internet para onde o leitor foi direcionado ........................................ 78
Ilustração 33: Publicações numeradas ...................................................................................... 79
Ilustração 34: Publicação com o uso de abreviação ................................................................. 79
Ilustração 35: Sexo ................................................................................................................... 81
Ilustração 36: Idade .................................................................................................................. 81
Ilustração 37: Em qual região você mora? ............................................................................... 82
Ilustração 38: Qual sua formação? ........................................................................................... 82
Ilustração 39: Qual sua profissão? ............................................................................................ 83
Ilustração 40: Em qual local você costuma acessar a internet? ................................................ 84
Ilustração 41: Com qual freqüência você acessa o Twitter? .................................................... 84
Ilustração 42: Por qual motivo você utiliza o Twitter? ............................................................ 85
Ilustração 43: Seque perfis jornalísticos no Twitter? ............................................................... 85
Ilustração 44: Em relação aos perfis jornalísticos no Twitter, você segue: .............................. 86
Ilustração 45: Qual sua opinião sobre jornalistas que divulgam informações no Twitter
pessoal?..................................................................................................................................... 87
Ilustração 46: No Twitter, você acredita que os jornalistas devem: ......................................... 87
Ilustração 47: Quando o jornalista utiliza links nas postagens, isso é fundamental para: ........ 88
Ilustração 48: O que você acha dos jornalistas que abreviam palavras no Twitter? ................ 89
Ilustração 49: que compartilham conteúdo de forma excessiva, lhe incomodam? .................. 89
Ilustração 50: Você acha importante o jornalista ter um diferencial no uso do Twitter? ......... 90
11. SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................ 13
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 14
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 14
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................14
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 16
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 17
2.1 COMUNICAÇÃO .............................................................................................................. 17
2.2 AEVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO - PERSPECTIVAS ............................................. 18
2.3 PROCESSOS DA COMUNICAÇÃO ................................................................................ 21
2.4 CULTURA E COMUNICAÇÃO DE MASSA ................................................................. 24
2.4.1 Meios de comunicação de massa – as relações emissor/receptor .............................. 25
2.5 INTERNET......................................................................................................................... 27
2.5.1 História da internet ....................................................................................................... 30
2.5.2 O crescimento da internet ............................................................................................. 32
2.5.3 Jornalismo na internet – O Webjornalismo ................................................................ 35
2.5.4 O desenvolvimento do jornalismo na Web .................................................................. 38
2.5.4.1 Webjornalismo de primeira geração ............................................................................. 39
2.5.4.2 Webjornalismo de segunda geração ............................................................................. 40
2.5.4.3 Webjornalismo de terceira geração .............................................................................. 40
2.6 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA .................................................... 41
2.6.1 Convergência nas redações ........................................................................................... 44
2.6.2 Jornalistas e o público na difusão da informação ....................................................... 45
2.7 WEB 2.0 ............................................................................................................................. 46
2.7.1 Redes sociais ................................................................................................................... 50
2.7.2 Twitter ............................................................................................................................ 56
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 63
4 ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................................................... 69
4.1 ANÁLISE DOS PERFIS JORNALÍSTICOS NO TWITTER ........................................... 69
12. 4.1.1 Twitter Nilson Lage ....................................................................................................... 69
4.1.2 Twitter Moacir Pereira ................................................................................................. 72
4.1.3 Twitter Rosana Hermann ............................................................................................. 75
4.2 PESQUISA ......................................................................................................................... 80
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 91
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 95
APÊNDICE A – Questionário aplicado .............................................................................. 102
ANEXO A – Declaração de responsabilidade....................................................................107
13. 12
1 INTRODUÇÃO
A comunicação é um processo de troca e compartilhamento de informações,
experiências, conhecimento, opiniões e ideias, entre duas pessoas ou mais. Estes processos
estão em constante transformação devido a fatores culturais e tecnológicos.
O surgimento da internet facilitou a comunicação entre pessoas de qualquer parte do
mundo e também o acesso à informação, que atualmente é divulgada e consumida de forma
instantânea.
A explosão da web 2.01, uma segunda geração da World Wide Web2, fez da internet
uma plataforma com inúmeras possibilidades e funcionalidades. Os sites tornaram-se muito
mais participativos, interativos e os internautas passaram a trocar mais informações e a
colaborar com a organização do conteúdo de sites e outros serviços virtuais. Isso faz com que
surjam, a todo o momento, novos canais de comunicação e ambientes socioculturais. Um
deles é o microblog3 Twitter.
O serviço norte-americano foi criado em 2006 e se tornou público em agosto do
mesmo ano. É uma rede social e servidor para microblogging baseada na comunicação
rápida, onde o emissor e receptor podem enviar e trocar mensagens instantâneas sobre
qualquer assunto.
Com o aumento da comunicação online através das ferramentas da web 2.0, o setor
jornalístico também tem se apropriado delas. Muitos jornalistas e veículos de comunicação
têm utilizado o Twitter como fonte de pauta para suas notícias, realizar coberturas
jornalísticas, transmitir notícias e informações em maior escala, de forma instantânea e
interativa. Exemplo disso é o G14, Portal de Notícias da Globo, que utiliza o Twitter5 para
divulgar links de notícias que direcionam para o site, e o jornalista William Bonner6, que
utiliza seu perfil no microblog para interagir com seus seguidores, divulgar notícias, se
expressar.
Comunicar-se através das ferramentas da web 2.0 não é tão fácil quanto parece,
1
Termo criado em 2004 para designar a segunda geração de comunidades e serviços na internet
2
Em português “Rede de Alcance Mundial”. Conhecida também como “WWW”.
3
O Twitter seria blog devido à publicação do conteúdo se dar em ordem cronológica inversa. Seria rede social
porque nele cada pessoa é representada por um perfil, há uma lista de contatos e possibilidade de interação entre
eles. Seria mensageiro instantâneo devido à limitação de tamanho de cada atualização (RECUERO; ZAGO,
2009).
4
www.g1.com.br
5
@g1
6
@realwbonner
14. 13
principalmente quando envolve o fazer jornalístico.
No exercício do jornalismo, tratando-se da disseminação de conteúdos jornalísticos no
Twitter, é necessário que os profissionais tenham disciplina, adaptação às ferramentas e à
linguagem aplicada a cada uma, para que as informações sejam transmitidas de forma eficaz e
com credibilidade.
O trabalho fará um estudo a respeito das mudanças que ocorreram no jornalismo após
o surgimento da web 2.0, bem como as adaptações necessárias por parte dos jornalistas para
adequar-se ao uso do Twitter e de seus recursos.
O estudo buscará mostrar que é necessário conhecer, saber utilizar e ter domínio das
ferramentas de comunicação desta nova era da internet. Aponta, a partir da análise do Twitter
de jornalistas, o domínio e uso que os mesmos fazem do microblog. Discute a necessidade de
adaptação dos profissionais à ferramenta, para que a comunicação seja realizada de forma
eficaz.
1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
É importante que o jornalismo esteja atualizado em relação aos fatos noticiosos, mas
também em relação aos meios de propagação da informação.
Com o advento da web 2.0, surgiram diversas ferramentas de comunicação que
passaram a ser utilizadas para disseminar informação ao público. Para que haja sucesso na
comunicação, essas ferramentas, antes de qualquer coisa, precisam ser utilizadas de forma
eficiente.
O jornalismo, cuja característica e princípio fundamental é a informação, encontra-se
em uma situação delicada neste tempo de web 2.0. As ferramentas online ampliam-se quase
em tempo real e isso exige da prática jornalística uma renovação e adequação constantes.
Deste modo questiona-se: de que forma o jornalismo vem sendo realizado no Twitter
nesta era da web 2.0?
15. 14
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Analisar o jornalismo realizado no Twitter nesta era da web 2.0, com o objetivo de
verificar o modo como os profissionais de comunicação estão utilizando esta ferramenta no
exercício do jornalismo.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Fazer revisão de literatura pertinente ao tema;
b) Analisar a inserção do jornalismo nas novas tecnologias de comunicação;
c) Observar sistematicamente o jornalismo realizado no Twitter a partir do perfil de
três jornalistas;
d) Aplicar um instrumento de coleta de dados para verificar a opinião do público
diante do jornalismo realizado no microblog.
1.3 JUSTIFICATIVA
Com a chegada da web 2.07, houve uma revolução na forma de comunicação entre
pessoas, comunidades e empresas na internet. As mesmas passaram a utilizar as redes sociais
em grande escala, com o objetivo de integração, união e aproximação com seus usuários.
Os jornalistas também têm utilizado as ferramentas da web 2.0 como forma de exercer
a profissão e precisam dominar o uso das mesmas, já que os recursos disponibilizados pelas
ferramentas possuem uma prática recente. Há formas diferentes de interagir, dar crédito à
fonte e usar os recursos multimídia (áudio, vídeo, foto e link) para que a comunicação e a
transmissão da informação sejam eficazes.
7
Também conhecida como a segunda geração da internet.
16. 15
A inserção do jornalismo nas redes sociais é um assunto pertinente, atual e seu uso
deve ser analisado e questionado. Neste caso, relacionando a apropriação do Twitter por
alguns jornalistas, principalmente aqueles tradicionalmente atuantes no jornalismo
convencional, verifica-se que muitos não conseguem se adaptar aos recursos da ferramenta e
sua linguagem, fazendo talvez um uso inadequado e ineficiente da mesma.
A internet é uma ferramenta de comunicação bastante distinta dos meios de
comunicação tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista. Cada um dos
aspectos críticos que diferenciam a rede mundial dessas mídias – não linearidade,
fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de
veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo – deve ser
mais bem conhecido e corretamente considerado para o uso adequado da internet
como instrumento de informação. (PINHO, 2003, p. 49).
É importante que o fazer jornalístico esteja atualizado, adaptado e inserido nos novos
meios de comunicação. Desta forma, para auxiliar os profissionais nesta nova prática do
jornalismo online, há necessidade de avaliação, análise e estudo do trabalho jornalístico que
vem sendo realizado nas novas ferramentas de comunicação, bem como o repasse de
informações sobre o modo mais eficiente de fazer jornalismo no microblog8 Twitter.
A ênfase dada ao estudo é relacionada à adaptação e difusão de informação no Twitter,
pois, a qualidade da informação passada e a adaptação dos jornalistas às novas ferramentas de
comunicação são fatores de suma importância para a eficácia do fazer jornalístico.
O modo de fazer jornalismo precisou ser alterado, devido ao surgimento das novas
tecnologias de comunicação e da facilidade de acesso à internet. Há também a produção
móvel de conteúdo, que independente de onde o jornalista esteja, pode divulgar informações
com ou sem imagem e em tempo real.
Porém, como as informações são repassadas de modo instantâneo, precisam ser
transmitidas de forma eficiente e com uso adequado da ferramenta, para que não haja perda de
credibilidade ou divulgações equivocadas.
Como o jornalismo realizado varia de pessoa para pessoa ou veículos de comunicação,
é necessário que se faça uma análise e comparação entre eles, para saber dos reais motivos
que os levaram a adaptar-se ou não à ferramenta, e de que forma isso pode ser melhorado.
A plataforma monográfica foi escolhida para a produção deste trabalho, por
possibilitar pesquisas e estudos minuciosos acerca do tema.
8
O microblog é uma ferramenta semelhante ao blog, mas que permite atualizações mais rápidas e curtas a partir
de suportes diferentes. Pode ser atualizado pela web, via celular ou InstantMessaging (IM).
17. 16
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho está dividido em cinco capítulos para que o tema possa ser mais bem
apresentado.
O primeiro capítulo apresentará o tema de forma geral, onde abordará a introdução,
tema, problema de pesquisa, objetivo geral e objetivos específicos e é finalizado com a
justificativa.
No segundo capítulo será apresentada a revisão de literatura, onde está toda a base
teórica para realizar o presente estudo. Neste capítulo serão abordados assuntos que tratam
desde os primórdios da comunicação e seu desenvolvimento, internet, jornalismo na era da
web 2.0, Redes Sociais e Twitter.
O terceiro capítulo trata sobre os procedimentos metodológicos, abordando desde os
métodos de pesquisa até os tipos de abordagem utilizados para a realização do trabalho.
No quarto capítulo, será apresentada a análise dos perfis jornalísticos no Twitter bem
como a análise da pesquisa aplicada.
O quinto e último capítulo apresentará a conclusão de todo o estudo e tem como
objetivo responder o problema de pesquisa apresentado no primeiro capítulo.
18. 17
2 REVISÃO DE LITERATURA
Evidenciando a necessidade de um maior embasamento teórico para que haja
compreensão do tema em questão, serão utilizadas referências de autores, sendo eles, em sua
maior parte, especialistas e pesquisadores do assunto. A abordagem será feita desde o
surgimento da internet e sua evolução, até a inserção do jornalismo nas ferramentas
tecnológicas de comunicação.
2.1 COMUNICAÇÃO
Em todas as sociedades, os seres humanos se ocupam com a produção e o
compartilhamento de informações. Thompson (1998, p. 19) diz que desde as mais antigas
formas de comunicação que compreendiam gestos e linguagem, até os recentes
desenvolvimentos da tecnologia computacional, “a produção, o armazenamento e a circulação
de informação têm sido aspectos centrais na vida social”.
Comunicar-se é fundamental para a construção da sociedade (SANT’ANNA, 1998). A
comunicação possibilita a vida social do homem, o relacionamento e a convivência entre as
pessoas. É através dela que as pessoas adquirem cultura, conhecimento e aprendem a viver
umas com as outras, tornando-se assim, membros da sociedade e modificando a realidade
onde estão inseridos.
Para conceituar comunicação, Chiavenato (1992, p. 122) afirma que “comunicação é o
processo de transmissão de uma informação de uma pessoa para outra, sendo então
compartilhada por ambas”.
Conforme Penteado (1964, p. 1), “a palavra ‘comunicar’ vem do latim ‘comunicare’
que significa ‘pôr em comum’”. É um processo de troca de experiências e participação. Só vai
existir comunicação quando as pessoas envolvidas participarem dela.
Bordenave (2001, p. 7) cita que apenas na década de 70 é que foi descoberto o
“homem social”, onde ele passou a ser produto e criador de sua sociedade e cultura, e também
a manter uma relação de interdependência com outras pessoas, explica que:
as décadas anteriores, particularmente as de 50 e 60, preocuparam-se com o
19. 18
conhecimento e, às vezes, com o melhoramento de tudo o que rodeia o homem.
Desenvolveram-se bastante o planejamento econômico, o urbanismo, o combate à
poluição ambiental, a racionalização do trânsito, os sistemas de comercialização em
grande escala.
Segundo Berlo (1999, p. 7), Aristóteles, no estudo da Retórica, definiu comunicação
como a procura de “todos os meios disponíveis de persuasão”, onde as pessoas adotariam o
ponto de vista de quem fala. Essa teoria foi aceita até o século XVIII.
No século XVII, apareceu uma escola de pensamento, conhecida como psicologia
das faculdades, que fazia distinção nítida entre a alma e a mente, atribuindo
faculdades distintas a cada uma. Pelo fim do século XVIII, os conceitos da
psicologia das faculdades haviam invadido a retórica. O dualismo mente-alma era
interpretado como base para dois objetivos de comunicação independentes. Um
deles era de natureza intelectual ou cognitiva; o outro, emocional. Um tocava à
mente, o outro à alma. (BERLO, 1999, p. 8).
Com base nesta teoria de Aristóteles, seriam três os objetivos da comunicação. Berlo
(1999, p. 8) as cita:
um dos objetivos da comunicação era informativo – um apelo à mente. O segundo
era persuasivo – um apelo à alma, às emoções. O terceiro era o divertimento, e
argumentava-se que poderíamos classificar as intenções do comunicador e o
material de apoio por ele usado, dentro dessas categorias.
Sant’Anna (1998) cita que a comunicação é um processo social fundamental na vida
humana para que existam grupos e sociedade. Mas, para comunicar-se, é necessário que haja
um emissor e um receptor, e como cita Penteado (1964), é necessário fazer o uso da
linguagem.
Chiavenato (1992, p. 122) complementa e cita que “para que haja comunicação é
necessário que o receptor da informação a receba e a compreenda. A informação
simplesmente transmitida, mas recebida, não foi comunicada”. A comunicação evoluiu,
portanto, é necessário um processo para que haja transmissão eficaz da mensagem.
2.2 AEVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO - PERSPECTIVAS
A sociedade passa por mudanças constantes, tanto em nível social como ideológico e
tecnológico. Com a comunicação não foi diferente.
20. 19
Linguagem, cultura e tecnologia são elementos inseparáveis e que muito contribuíram
para a evolução da comunicação. Em relação à linguagem, Tattersall (2006, p. 73) sustenta
que “[...] se estamos procurando um único fator de liberação cultural que abriu caminho para
a cognição simbólica, a invenção da linguagem é a candidata mais óbvia”. Quanto à cultura e
tecnologia, Mayer (2006, p. 95) complementa que “uma pessoa do século XXI vê o mundo de
maneira bem diferente daquela de um cidadão da era vitoriana”. Isso se dá devido ao avanço
da tecnologia que transforma o comportamento da sociedade e sua forma de ver o mundo.
Perles (2007) cita que o uso da tecnologia pelo homem não teve início relacionado à
comunicação, mas à sobrevivência, pois as primeiras ferramentas utilizadas pelos humanos
serviam para destrinchar alimentos, e que se referindo à emissão de mensagens e ao processo
de comunicação, “só muito tempo depois é que o homem se serviu de algum artefato a fim de
quebrar a barreira do espaço e do tempo”. (PERLES, 2007, p. 4).
Com o passar dos anos, o modo de as pessoas se comunicarem foi sendo adaptado às
suas descobertas e necessidades. Para que a comunicação pudesse alcançar seu estágio atual,
foram necessários diversos processos tecnológicos e transformações fisiológicas.
Segundo Perles (2007), até hoje não se tem certeza da forma como os homens
primitivos iniciaram a comunicação entre si, se por grunhidos, gritos, gestos ou pela
combinação desses elementos. A partir da associação de sons e gestos para designar um
objeto, o homem deu origem ao signo. Bordenave (1982, p. 24) fala que:
qualquer que seja o caso, o que a história mostra é que os homens encontraram a
forma de associar um determinado som ou gesto a um certo objeto ou ação. Assim
nasceram os signos, isto é, qualquer coisa que faz referência a outra coisa ou ideia, e
a significação, que consiste no uso social dos signos.
Com a invenção de diversos signos, surgiu a necessidade de organizá-los e combiná-
los entre si, para facilitar a comunicação, dando origem, portanto, à linguagem oral e escrita.
Tattersall (2006, p. 72) recorda que “os humanos tinham um trato vocal capaz de
produzir os sons de fala articulada mais de meio milhão de anos antes que surgisse evidência
de linguagem”.
Perles (2007) cita que os primeiros signos sonoros e visuais utilizados pelo homem a
fim de vencer a distância, foram o tantã, berrante, gongo e sinais de fumaça. Mas, a solução
mais definitiva para o problema do alcance aconteceu por volta do século IV antes de Cristo,
com a escrita, pois a mensagem escrita poderia ser levada de um lado para outro. Mas, ainda
durante séculos, a cultura continuou sendo transmitida de forma oral e visual. Durante a Idade
21. 20
Média, a linguagem escrita era restrita aos monges e às pessoas letradas, o povo não tinha
acesso a ela.
Enquanto a linguagem se desenvolvia, os suportes e meios de comunicação também
evoluíam e iam se aperfeiçoando. O papel inventado pelos chineses passou a substituir as
superfícies de pedra, os papiros e o pergaminho que até então eram utilizados para realizar a
comunicação escrita. “[...] Cópias manuscritas circulavam entre os poucos que decifravam
seus códigos”. (PERLES, 2007, p. 6).
De acordo com Perles (2007), a democratização da escrita e do saber aconteceu a
partir da criação da prensa tipográfica, criada entre 1438 e 1440 pelo alemão Johann
Gensfleish Gutenberg, que possibilitou a produção de livros em grande escala.
O sistema de prensa tipográfica criado por Gutenberg, associado às possibilidades
oferecidas pelo alfabeto romano, composto de pouquíssimas letras quando
comparado aos inúmeros ideogramas chineses, não somente possibilitou a produção
de livros em grande escala, como propiciou o surgimento do jornal. (PERLES, 2007,
p. 7).
Conforme Perles (2007, p. 7), “o surgimento do sistema tipográfico gutenberguiano é
considerado a origem da comunicação de massas por constituir o primeiro método viável de
disseminação de idéias e informações a partir de uma única fonte”. Com o aparecimento e
difusão da imprensa, cidades da Europa começaram a se desenvolver de forma comercial e
industrial, a cultura foi para as ruas e permitiu o surgimento do público leitor (PERLES,
2007).
Perles (2007) acrescenta que na era da eletricidade, por volta de 1900, a partir de um
conjunto de descobertas, nasceu o rádio e a televisão. O rádio possibilitou a transmissão de
som, marcou uma nova era nas comunicações e rompeu as barreiras da tecnologia da
impressão, o analfabetismo, e tornou-se principal instrumento político na época, devido seu
alcance em massa. A televisão também rompeu a segmentação de público própria da mídia
impressa e possibilitou a comunicação em massa via som e imagem em movimento.
Com a invenção dos satélites, que serviram de forma simultânea diversas localidades e
países, a comunicação foi incrementada. Mas, segundo Perles (2007), o processo de
integração dos meios de comunicação sofreria maior impacto a partir do advento da rede
mundial de computadores, denominada internet. Ela inovou a forma de comunicação e o
acesso à informação, tornando-a acessível a qualquer pessoa e de qualquer parte do mundo.
Cloutier (1975), em sua obra “A era de Emerec: ou a comunicação audio-scripto-
visual na hora dos self-média”, divide a evolução da comunicação em quatro episódios que se
22. 21
sobrepõem, onde cada um possui sua característica de comunicação interpessoal, sendo eles:
a) comunicação interpessoal: refere-se que iniciou com o Homo Sapiens. A
comunicação era feita a partir de gestos e sons (rugidos que imitavam os sons do
ambiente onde estavam inseridos). Após o Homo Sapiens, é dada origem ao
Homo Pictor, que possui habilidade manual e intelectual (desenho, música, escrita
fonética);
b) comunicação de elite: refere-se à escrita. As informações que antes eram marcadas
na parede das cavernas passam a ser escritas no papiro e pergaminho, constituindo
assim a primeira biblioteca. Nasce assim uma rede de informação, dando origem à
imprensa;
c) comunicação de massa: a comunicação que antes acontecia entre um número
reduzido de receptores, passa a acontecer entre um número elevado de receptores.
Surge assim o telégrafo, telefone, rádio, televisão, cinema;
d) comunicação individual: a tecnologia possibilita o fácil acesso à informação,
deixando-a disponível nos mais variados suportes de emissão e recepção
permitindo a expressão individual.
Os meios de comunicação oportunizam uma explosão informacional e comunicacional
humana, e a razão disso tudo é a revolução tecnológica.
2.3 PROCESSOS DA COMUNICAÇÃO
A comunicação é uma necessidade humana de expressão e relacionamento, e para que
ela aconteça, é necessária a figura de um emissor, receptor e um meio para realizar a troca de
mensagens.
Segundo Bordenave (2001), é teórica e praticamente impossível dizer onde começa e
termina o processo da comunicação. Razões externas e internas podem motivar duas pessoas a
se comunicarem, “embora a fase visível da comunicação possa ser iniciada por uma delas, sua
decisão de comunicar pode ter sido provocada pela outra, ou por uma terceira pessoa, presente
ou ausente, ou por muitas causas coincidentes”. (BORDENAVE, 2001, p. 41).
Berlo (1999, p. 23) concorda com Bordenave, e cita que “um dicionário [...] define
‘processo’ como ‘qualquer fenômeno’ que apresente contínua mudança no tempo”. E se
aceitarmos este conceito, veremos as relações e os acontecimentos como dinâmicos, em
23. 22
evolução, sempre em mudança, contínuos.
Quando chamamos algo de processo, queremos dizer também que não tem um
começo, um fim, uma seqüência fixa de eventos. Não é coisa estática, parada. É
móvel. Os ingredientes do processo agem uns sobre os outros; cada um influencia
todos os demais. (BERLO, 1999, p. 23).
Para Berlo (1999), o interesse pela comunicação tem produzido muitas tentativas de
criar modelos do processo. Mas, todos esses modelos diferem e nenhum pode ser tido como
“correto” ou “verdadeiro”.
Aristóteles (apud BERLO, 1999) diz que se deve olhar para três ingredientes na
comunicação: quem fala, o discurso e a audiência. “Ele quis dizer que cada um desses
elementos é necessário à comunicação e que podemos organizar nosso estudo de processo sob
estes três títulos: 1) a pessoa que fala; 2) o discurso que faz e 3) a pessoa que ouve”.
(ARISTÓTELES apud BERLO, 1999, p. 29).
A maior parte dos atuais modelos de comunicação é similar ao de Aristóteles, porém,
mais complexos. O modelo criado por Vanoye (1998) é um deles.
Ilustração 1: Esquema de comunicação
Fonte: Vanoye (1998, p. 15).
Na ilustração anterior, Vanoye (1998) cita seis tipos de componentes da comunicação,
sendo eles: 1) Emissor ou Destinador: é quem codifica e envia a mensagem, podendo ser uma
ou mais pessoas. 2) Receptor ou Destinatário: É quem recebe e decodifica a mensagem,
podendo ser um grupo de pessoas, animais ou máquinas. 3) Mensagem: o objeto da
comunicação é representado pelo conteúdo das informações transmitidas. 4) Canal de
Comunicação: é a via por onde a mensagem circula até chegar ao seu destinatário. 5) Código:
a tradução da informação a partir de um conjunto de símbolos estruturados de conhecimento
24. 23
comum. 6) Referente: constitui-se do contexto (situação e circunstâncias de espaço e tempo)
relacionado ao qual a mensagem remete.
Com base neste esquema, pode-se concluir que o processo de comunicação funciona
da seguinte forma: o emissor (destinador) transmite uma mensagem por meio de um
determinado canal de comunicação, podendo ser ele oral ou escrito. A mensagem é então
recebida pelo receptor (destinatário) que a interpreta dentro de um determinado contexto.
Para que a mensagem seja interpretada corretamente pelo receptor, não podem existir
ruídos durante este processo de comunicação. Os ruídos são fatores que distorcem uma
mensagem e prejudicam o entendimento por parte do receptor.
Desta forma, Chiavenato (2004) complementa o esquema de comunicação
acrescentando outros dois componentes, o ruído e a retroação/feedback. Pode-se perceber
também, na ilustração a seguir, que algumas de suas denominações para os componentes do
esquema de comunicação se diferem das apresentadas por Vanoye (1998).
Ilustração 2: Esquema de comunicação
Fonte: Chiavenato (2004, p. 306).
Como já citado, os ruídos de comunicação são fatores que distorcem o entendimento
correto da mensagem pelo receptor. A retroação ou feedback, acontece a partir de um retorno
que o receptor dá ao emissor. Esse retorno determinará se a mensagem foi compreendida
corretamente ou não.
25. 24
2.4 CULTURA E COMUNICAÇÃO DE MASSA
A sociedade vive em um sistema econômico, político, cultural e capitalista e a
sociedade capitalista transformou manifestações culturais em produto, resultando na formação
da Cultura de Massa.
Os filósofos9 alemães Theodor W. Adorno e Max Horkheimer substituíram
posteriormente o termo “Cultura de Massa” por “Indústria Cultural”. O objetivo desta
substituição é definir o conjunto de empresas, redes e instituições de mídia que produzem e
disseminam conteúdos por meio de veículos de comunicação de massa, visando obter lucro
(ADORNO; HORKHEIMER, 1985).
“A indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto dos seus
consumidores”. (ADORNO, 1977, p. 287). Desta forma, a indústria cultural faz produtos que
são adaptados ao consumo de massa e determina esse consumo, estruturando um sistema de
concentração econômico-administrativa. “A indústria cultural realizou maldosamente o
homem como ser genérico”. (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 136).
Sob o poder do monopólio, toda cultura de massas é idêntica, e seu esqueleto, a
ossatura conceitual fabricada por aquele, começa a se delinear. Os interessados
inclinam-se a dar uma explicação tecnológica da indústria cultural. O fato de que
milhões de pessoas participam dessa indústria imporia métodos de reprodução que,
por sua vez, tornam inevitável a disseminação de bens padronizados para a
satisfação de necessidades iguais. (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p. 114).
“A cultura de massa é, portanto, o produto de uma dialética produção-consumo, no
centro de uma dialética global que é a da sociedade em sua totalidade”. (MORIN, 1969, p.
47).
A comunicação de massa se dá a partir da disseminação de conteúdos para um vasto
número de indivíduos, por meio de jornais, rádio, TV, internet, cinema, entre outros meios.
Porém, conforme cita Thompson (1998, p. 30), “o que importa na comunicação de massa não
está na quantidade de indivíduos que recebe os produtos, mas no fato de que estes produtos
estão disponíveis em princípio para uma grande pluralidade de destinatários”.
A comunicação de massa pressupõe a urbanização massiva, fenômeno que ocorre
9
Theodor W. Adorno e Max Horkheimer são filósofos alemães integrantes da Escola de Frankfurt, fundada em
1924 na Universidade de Frankfurt, na Alemanha.
26. 25
em especial ao longo do século XIX, graças à segunda Revolução Industrial,
dificultando ou mesmo impedindo que as pessoas possam se comunicar diretamente
entre si ou atingir a todo e qualquer tipo de informação de maneira pessoal,
passando a depender de intermediários para tal. Esses intermediários tanto implicam
pessoas que desenvolvam ações de buscar a informação, tratá-la e veiculá-la – os
jornalistas – quanto de tecnologias através das quais se distribuem essas
informações. (HOHLFELDT, 2003, p. 62).
Esse conjunto de elementos citados por Hohlfeldt (2003) recebe a denominação de
“meios de comunicação de massa”.
2.4.1 Meios de comunicação de massa – as relações emissor/receptor
Os meios de comunicação de massa são os canais utilizados para a transmissão de
mensagens para um grande número de receptores e possuem a função de entreter e informar.
Os mais comuns são: jornais, revistas, rádio, televisão e hoje, mais do que nunca, a internet.
Cinema, teatro e outras artes, também são considerados meios de comunicação de massa,
porém, artísticos. O conteúdo de cada meio de comunicação é desenvolvido de acordo com
seu público alvo.
As antigas mídias, sendo elas o jornal, rádio e televisão, por exemplo, “aprisionam” os
indivíduos em um espaço pré-moldado onde os consumidores devem aceitar mensagens que
estão sendo transmitidas, sem que elas possam ser questionadas ou ter a certeza de que as
informações fornecidas são verdadeiras ou não. Algumas pessoas são manipuladas devido
aquilo que lhes é transmitido, porém, estes produtos da indústria cultural não manipulam
completamente a mente de seus consumidores. “Os modernos veículos de comunicação são
capazes de fascinar as massas. Quando se é fascinado por alguma coisa, não se é inteiramente
manipulado pelo respectivo objeto. A atenção está fixada, mas com o ego desperto”.
(PROKOP, 1986, p. 149).
Para Prokop (1986), a cultura monopolista de massa possui algo de entediante.
Noticiários rápidos, sensacionalistas, músicas de sucesso que tocam diariamente nas rádios,
programas sem novidades, por exemplo, se tornam produtos repetitivos. “Muitos produtos não
se aprofundam em seu objeto. Eles formalizam as coisas mais belas e estimulantes. Músicas
de sucesso viram um lenga lenga sem sentido”. (PROKOP, 1986, p.152).
A tecnologia, a partir da criação de produtos inovadores, contribuiu com diversas
mudanças nos recursos que permitem acesso à informação. “As máquinas de informação
27. 26
baseadas em computador estão mudando as maneiras como produzimos e armazenamos
informação”. (DIZARD, 2000, p. 47). Fazem parte do cotidiano os avanços tecnológicos,
como os chips, iPad, as transmissões televisivas via satélite, televisores de alta definição
(HDTV) 10, e o crescimento do acesso ao mundo virtual.
As novas mídias tornaram-se dinâmicas, possibilitando ao receptor participar,
interagir, questionar o que lhes é transmitido, tornando os receptores que antes eram passivos,
em emissores ativos, como afirma Dizard (2000, p. 23):
a mídia velha divide o mundo entre produtores e consumidores: nós somos autores
ou leitores, emissores ou telespectadores, animadores ou audiência; como se diz
tecnicamente, essa é a comunicação um-todos. A nova mídia, pelo contrário, dá a
todos a oportunidade de falar assim como de escutar. Muitos falam com muitos – e
muitos respondem de volta.
Há desta forma, um estreitamento na fronteira entre o emissor e o receptor da
informação, que torna a nova mídia, além de uma expansão da mídia clássica, uma
exorbitante expansão de informações, onde o consumidor pode filtrar o que absorve e
interagir de forma direta.
Talvez essas novas mídias não promovam apenas ações benéficas. Dizard (2000)
acredita que exista um lado escuro nestes novos recursos de entretenimento e informação, que
pode resultar em uma produção contínua de produtos semelhantes e de baixa qualidade.
Aponta também a importância de todas as mídias, velhas e novas, para o acesso às
informações:
nenhuma tecnologia vai dominar. Cada uma possui suas características próprias, que
irão torná-la atraente para os consumidores individuais. [...] A ponta da lança desses
novos serviços serão os produtos interativos, dando aos consumidores uma ampla
escolha de como, quando e qual fonte de informação e entretenimento será entregue
em suas casas. (DIZARD, 2000, p. 92).
As novas mídias que possuem amplos recursos de texto, vídeo e áudio, dependem de
outros fatores externos à sua realidade. Dizard (2000, p. 97) aponta que “a transição para um
novo padrão de comunicação de massa envolve mais que inovação tecnológica. As novas
tecnologias têm de se adaptar às realidades maiores de uma sociedade pós-industrial em
revolução”.
Para fazer valer todo o investimento em tecnologia e recursos midiáticos, há uma
10
Abreviação para “High Definition Television”, no português, Televisão de Alta Definição.
28. 27
necessidade de adaptação ao uso dessas ferramentas por parte da sociedade, que deve estar
preparada para o recebimento de um novo veículo de informação. Os equipamentos das novas
mídias precisam ser utilizados de forma eficiente e pertencer àquela realidade social.
2.5 INTERNET
A internet é uma rede mundial de computadores interconectados, que possibilitam o
acesso à informação, compartilhamento de arquivos e comunicação entre pessoas de qualquer
parte do mundo que estejam conectadas à rede. Ela tem revolucionado o mundo dos
computadores e da comunicação como nenhum outro meio de massa.
Segundo Pinho (2003), o termo internet surgiu com base na expressão inglesa
“INTERaction or INTERconnection between computer NETworks” (Interação ou Interconexão
entre redes de computadores). As conexões entre estas redes possuem diversas tecnologias
como linhas de transmissão de dados, linhas telefônicas comuns, linhas de microondas e
cabos de fibra óptica.
Pinho (2003, p. 42) equivale a internet a uma “estrada da informação”, “um
mecanismo de transporte que conduz os dados por um caminho de milhões de computadores
interligados”.
A internet é o meio de comunicação que menos tempo levou para ser difundido e
aceito no mundo, conforme mostra a ilustração a seguir.
Ilustração 3: Intervalo entre a descoberta de um novo meio de comunicação e sua difusão
Fonte: Pinho (2003, p. 38).
A velocidade da disseminação da internet tornou-a um meio de massa, devido seu
poder de comunicação. “Oferecendo notícias, entretenimento, serviços e negócios, a rede
29. 28
mundial ainda é um novo meio de comunicação que rivaliza com a televisão, o jornal e outros
veículos de troca e difusão da informação”. (PINHO, 2003, p. 49).
A internet é uma ferramenta bastante diferente dos meios tradicionais como a
televisão, rádio, jornal, revista e cinema, e para se fazer o uso adequado da mesma como meio
de comunicação, é necessário saber a diferença dela em relação aos outros meios.
Segundo Pinho (2003), os aspectos críticos que diferenciam a internet dos demais
meios de comunicação, são:
a) não-linearidade: há uma grande diferença entre a visualização do material
impresso e pela internet. A leitura impressa é linear, começando do canto superior
esquerdo, palavra por palavra. A leitura na internet é não-linear, pois, o usuário
pode se movimentar de acordo com a estrutura das informações no site sem uma
sequencia predeterminada, lendo apenas o que lhe interessa, clicando em links, até
satisfazer-se;
b) fisiologia: a tela do computador afeta a visão de forma diferente que o papel.
Lendo-se à luz do monitor, os olhos piscam menos do que 16 vezes por minuto,
levando a uma maior incidência de fadiga visual. Ao ler no papel o leitor
aproxima ou afasta o documento, mantendo uma distância adequada para realizar
a leitura. O monitor do computador é fixo, forçando os olhos a se ajustarem de
acordo com o tamanho do que está sendo visualizado. Por isso, a leitura através do
monitor é mais lenta que no papel;
c) instantaneidade: nos grandes acontecimentos, nenhum outro meio de comunicação
rivaliza com a TV, que geralmente divulga os fatos ao vivo. Mas, na maioria das
vezes, é necessário esperar pelo telejornal da manhã ou noite para se manter
informado dos últimos acontecimentos. O jornal impresso é ainda mais lento, pois
os repórteres precisam cobrir o acontecimento, redigir e editar o texto, as
máquinas precisam rodar o jornal que depois é distribuído e entregue em bancas,
casas, escritórios. Já na internet, devido sua velocidade, a transmissão de
informação e arquivos pode ser feita quase instantaneamente, com som, imagens,
movimentos, para todas as partes do mundo, tornando-se também, um meio para
realizar furos de reportagem;
d) dirigibilidade: veículos de mídia impressa e eletrônica sofrem restrições de espaço
e de tempo, tendo o editor papel de determinar o que é ou não notícia e o que vai
ou não ser publicado. Já na internet a informação pode ser transmitida para a
audiência, sem filtro;
30. 29
e) qualificação: a internet atrai um amplo público no Brasil. Esse público, em sua
maior parte, é jovem e qualificado, com alto nível de escolaridade e poder
aquisitivo, sendo eles empresários, executivos e autônomos. Devido a isso, a
internet tornou-se uma importante formadora de opinião;
f) custos de produção e de veiculação: custos para produção em televisão e mídia
impressa possuem um valor elevado. Na internet, depois de diversos
investimentos tecnológicos, o uso da rede possui um custo muito baixo;
g) interatividade: no caso da televisão, o máximo de interatividade está no
telespectador poder trocar o canal até encontrar algo que lhe agrade assistir. No
jornal impresso, há apenas a possibilidade de leitura. Já a internet permite muitas
formas de interatividade. O usuário pode entrar em salas de bate papo ou
mensageiros instantâneos para conversar com outras pessoas que também estão na
rede, podem interagir, também, a partir das redes sociais. Ao receber uma
informação ele pode responder de volta, pelo mesmo meio de comunicação;
h) pessoalidade: a internet é interativa, mas a comunicação também pode ser pessoal,
pois quando se conversa com outra pessoa via a rede, geralmente ela estará
sozinha e também estará buscando a informação que você oferece, recebendo
ambas, respostas pessoais;
i) acessibilidade: os sites na internet estão disponíveis para acesso do usuário 24h por
dia, durante toda a semana e todo o ano;
j) receptor ativo: a programação na TV e no rádio transmite comercial de produtos,
marcas e serviços sem que o telespectador e o ouvinte tenham solicitado. Apenas
anunciantes com elevadas verbas publicitárias podem atingir uma grande
quantidade dos seus consumidores e prospects 11.
A internet é um meio de comunicação, entretenimento e de obter informação, que foi
crescendo e se tornando parte da vida de muitas pessoas. Modificou relações sociais,
aumentando assim, a socialização das pessoas, que hoje podem estar conectadas enquanto
trabalham ou fazem qualquer outra atividade, buscando informações, interagindo, trocando e
compartilhando ideias. A internet é o meio de comunicação mais revolucionário que existe.
11
Possíveis clientes para um vendedor.
31. 30
2.5.1 História da internet
Para melhor entender a evolução do jornalismo na internet, é necessário voltar ao
tempo para compreender a história da internet e a criação do ambiente gráfico World Wide
Web.
Para Castells (2003, p. 13), “a história da criação e do desenvolvimento da internet é a
história de uma aventura humana extraordinária”, pois valoriza a capacidade de as pessoas
superarem barreiras para criar um novo mundo.
Segundo Ferrari (2006, p. 15), “a internet foi concebida em 1969, quando a Agência
de Pesquisa e Projetos Avançados (Arpa - Advanced Research Projects Agency), criou a
Arpanet”, uma rede nacional de computadores que tinha como função, garantir a comunicação
em caráter de emergência, no auge da Guerra Fria12, caso os Estados Unidos fossem atacados
por outros países, principalmente pela União Soviética.
A ARPA foi formada em 1958 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos
com a missão de mobilizar recursos de pesquisa, particularmente do mundo
universitário, com o objetivo de alcançar superioridade tecnológica militar em
relação à União Soviética na esteira do lançamento do Sputnik13 em 1957.
(CASTELLS, 2003, p. 13).
Foram realizados diversos testes de conexão, em caráter experimental, entre Estados
distantes como Whashington e Dallas. Após isso, conforme cita Ferrari (2006, p. 15), “a
Agência de Comunicação e Defesa ganhou, em 1975, o controle da Arpanet. A missão da
agência era facilitar a comunicação com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos”.
O tráfego de dados cresceu de forma rápida e entre os usuários, havia universitários
que realizavam pesquisas na área de segurança e defesa. “Embora a comunidade acadêmica
usasse a rede para transferir arquivos extensos por meio de e-mails, o foco da Arpanet era o
serviço de informação militar”. (FERRARI, 2006, p. 15). Em 1983, a Arpanet tornou-se a
ARPA-INTERNET que foi dedicada à pesquisa.
Em 1984, a National Science Foundation14 (NSF) se tornou responsável pela
manutenção da Arpanet, e de acordo com Ferrari (2006, p. 16),
12
A Guerra Fria iniciou após a Segunda Guerra Mundial em 1945 até a extinção da União Soviética em 1991.
Foi um período histórico de disputas estratégicas e conflitos entre os Estados Unidos e a União Soviética, que
disputavam a hegemonia política, econômica e militar mundial (SÓ HISTÓRIA, 2012).
13
Missão que enviou o primeiro satélite artificial da Terra.
14
Fundação Nacional de Ciência
32. 31
desenvolveu uma rede que conectava pesquisadores de todo o país por meio de
grandes centros de informática e computadores. Foi chamada de NSFNET, a espinha
dorsal da Arpant. [...] A NSFNET continuou se expandindo e, no começo da década
de 1990, eram mais de oitenta países interligados.
Ferrari (2006) cita que no final da década 80 haviam muitos computadores conectados,
principalmente computadores acadêmicos que ficavam instalados em centros e laboratórios de
pesquisa, mas que na época a internet não era como a que conhecemos hoje, pois os sites
possuíam em sua maior parte, fundo cinza, imagens pequenas e poucos links.
Segundo Pinho (2003, p. 31), “em 1990, mesmo ano em que o Brasil passou a
conectar-se com a rede mundial de computadores, ao lado da Argentina, Áustria, Bélgica, do
Chile, da Grécia, Índia, Irlanda, Coréia, Espanha e Suíça, a Arpanet foi formalmente
encerrada”, dando origem à internet, que estava pronta para fazer parte da vida das pessoas
comuns. A internet desde então, se tornou a rede de computadores de maior crescimento do
mundo.
Pinho (2003) acrescenta que em 1991, a novidade da Internet foi a World Wide Web
(Rede de Alcance mundial), criada pelo físico e engenheiro de software, o inglês Timothy
John Berners-Lee, baseada em hipertexto e sistemas de recurso para internet, um modo de
organizar informações e arquivos na rede, e que permitiam escrever páginas de documentos
na web contendo textos, sons, imagens e animações.
Timothy John Berners-Lee (ou apenas Tim Berners-Lee) é apresentando como um
“gênio”, que após momentos de inspiração criou a web que conhecemos hoje. Castells (2003,
p. 17 – 18) cita que:
o que permitiu à internet abarcar o mundo todo foi o desenvolvimento da www. [...]
Embora o próprio Berners-Lee não tivesse consciência disso (Berners-Lee, 1999, p.
5), seu trabalho continuava uma longa tradição de idéias e projetos técnicos que,
meio século antes, buscara a possibilidade de associar fontes de informação através
de computação interativa. [...] Foi Berners-Lee, porém, que transformou todos esses
sonhos em realidade, desenvolvendo o programa Enquiere que havia escrito em
1980. Teve, é claro. A vantagem decisiva de que a internet já existia, encontrando
apoio nela e se valendo de poder computacional descentralizado através de estações
de trabalho: agora utopias podiam se materializar. [...] Em colaboração com Robert
Cailliau, Berners-Lee construiu um programa navegador/editor em dezembro de
1990, e chamou esse sistema de hipertexto de World Wide Web, a rede mundial.
De acordo com Castells (2003), com a criação da internet a arquitetura da mesma
tornou-se autônoma, pois os usuários tornaram-se produtores da tecnologia e operários de
toda a rede. Adaptaram o uso da tecnologia na internet e a repassaram a todo o mundo, em
tempo real. “Foi por isso que a internet cresceu, e continua crescendo, numa velocidade sem
33. 32
precedentes, não só no número de redes, mas no âmbito de aplicações”. (CASTELLS, 2003,
p. 28),
Hoje, a internet faz parte da vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Tornou-se
um meio de comunicação e expressão, de transmitir e obter informação e conhecimento, de
criar e comercializar produtos. Seu poder, conforme cita Dizard (2000, p. 25), “está baseado
na sua habilidade de superar as barreiras que limitavam o acesso de uma enorme massa de
informações para os consumidores comuns”. O autor ainda complementa que os meios de
comunicação de massa compõem apenas uma pequena parte da indústria da informação, a
qual depende cada vez mais das ferramentas de distribuição da internet para disponibilizar
seus produtos.
2.5.2 O crescimento da internet
Com a expansão da World Wide Web, a internet obteve uma grande popularidade em
todo o mundo. O número de pessoas conectadas na rede tem crescido nos últimos anos e a
tendência é de que esse número aumente ainda mais.
Ilustração 4: A revolução da internet entre 1990 e 2000
Fonte: Siqueira (2008, p. 130).
Conforme cita Siqueira (2008, p. 130) em relação à internet, “em apenas uma década,
de 1992 a 2002, ela expandiu-se de poucos milhares para alcançar 1 bilhão de usuários em
2002. No final de 2005, quebrou a barreira do segundo bilhão”. Em 2010, a internet saltou
para cerca de 3 bilhões de usuários. A previsão para 2015 é de que sejam 4 bilhões os usuários
34. 33
da internet, cerca de 50% da população mundial naquele ano.
A última notícia divulgada pelo Ibope Nielsen Online (2011), até o presente momento,
e publicada em setembro de 2011, divulgou que no Brasil, o acesso à internet de qualquer
ambiente (trabalho, domicílios, escolas, lan houses, entre outros), atingiu 77,8 milhões já no
segundo trimestre de 2011. Sendo esse número 5,5% superior ao do segundo trimestre de
2010 e 20% superior ao do segundo trimestre de 2009.
Ilustração 5: Evolução do número de pessoas com acesso à internet no Brasil
Fonte: Ibope Nielsen Online (2011).
Segundo a notícia divulgada pelo Ibope Nielsen Online (2011), o maior crescimento
ocorreu em domicílios, onde 87% dos internautas utilizam sites sociais.
Do total de 61,2 milhões de pessoas com acesso no trabalho ou em domicílios, 45,4
milhões foram usuários ativos em agosto de 2011, o que significou um crescimento
de 1,2% em relação ao mês anterior e de 9,2% na comparação com os 41,6 milhões
de agosto de 2010. (IBOPE NIELSEN ONLINE, 2011).
Considerando apenas usuários ativos em domicílios, o número passou de 32,3 milhões
em agosto de 2010 para 37 milhões em agosto de 2011. Uma expansão de 14,4% durante esse
período.
35. 34
Ilustração 6: Evolução do número de usuários ativos – Trabalho e domicílios
Fonte: Ibope Nielsen Online (2011).
O tempo de uso do computador com internet também continuou com crescimento,
chegando a 69 horas por pessoa, em agosto de 2011. Um aumento de 6,4% em relação ao mês
anterior, como mostra a ilustração a seguir.
Ilustração 7: Tempo, número de usuários ativos e pessoas com acesso à internet
Fonte: Ibope Nielsen Online (2011).
A notícia do Ibope Nielsen Online (2011) também divulgou o número de usuários
únicos das redes sociais, no Brasil, onde no mês de agosto o Facebook atingiu o número de
30,9 milhões de usuários; o Orkut registrou 29 milhões de usuários; o Twitter também
manteve esse crescimento no Brasil e em agosto já possuía 14,2 milhões de usuários únicos.
Com base no Ibope Nielsen Online (2011), a partir dos resultados, pode-se perceber
que o Brasil se tornou um mercado com elevada utilização de sites sociais, com uso
36. 35
diversificado, refletindo dessa forma o interesse dos brasileiros pelo acesso à internet.
De acordo com uma notícia publicada no mês de fevereiro desse ano, também pelo
Ibope Nielsen Online (2012), a internet começou o ano de 2012 já com crescimento.
No mês de janeiro, das 63,5 milhões de pessoas com acesso à internet em casa ou no
trabalho, 47,5 milhões foram usuários ativos. Um crescimento de 2% em relação ao mês de
dezembro de 2011, e de 11,2% sobre os 42,7 milhões do mês de janeiro de 2011.
Ilustração 8: Tempo, número de usuários ativos e pessoas com acesso à internet
Fonte: Ibope Nielsen Online (2012).
A partir dos dados apresentados, verifica-se que a internet tem superado previsões e
seu crescimento é bastante significativo. Ela expandiu seus limites, tornando seu uso
comercial, informacional e comunicacional. Também rompeu barreiras geográficas e de
tempo, aproximando quem está longe e tornando instantâneo o acesso à comunicação e à
informação.
2.5.3 Jornalismo na internet – O Webjornalismo
O jornalismo realizado na internet é um fenômeno relativamente recente e com uma
expansão semelhante a da World Wide Web, tendo início em 1994. Modificou o modo de se
apurar, produzir e divulgar o conteúdo jornalístico.
Segundo Mielniczuk (2003, p. 40), apesar da utilização da internet com fins
jornalísticos ter acontecido há mais de uma década e significativos estudos já terem sido
realizados a respeito do assunto, “ainda não há um consenso sobre a terminologia a ser
37. 36
utilizada quando nos referimos ao jornalismo praticado na internet, para a internet ou com o
auxílio da internet”.
O jornalismo na internet possui diferentes nomenclaturas, podendo ser chamado de
jornalismo eletrônico, jornalismo digital ou multimídia, ciberjornalismo, jornalismo online e
webjornalismo.
Em linhas gerais, observa-se que autores norte-americanos utilizam o termo
“jornalismo on-line” ou “jornalismo digital”, já os autores espanhóis preferem o
termo “jornalismo eletrônico”. Também são utilizadas as nomenclaturas jornalismo
multimídia ou ciberjornalismo. De forma genérica. Pode-se dizer que os autores
brasileiros seguem os norte-americanos utilizando com maior freqüência o termo
“jornalismo on-line” ou “jornalismo digital”. (MIELNICZUK, 2003, p. 40).
Ilustração 9: Definições das práticas de produção e disseminação de informação
Fonte: Mielniczuk (2003, p. 44).
Com base em Mielniczuk (2003), é feita a seguir uma sistematização privilegiando os
meios tecnológicos, através dos quais as informações são trabalhadas, tanto na produção
quanto na difusão de conteúdos jornalísticos.
Mielniczuk (2003) enfatiza que o âmbito jornalismo eletrônico seria o mais
abrangente, pois os aparelhos tecnológicos utilizados no jornalismo são, na maioria, de
natureza eletrônica analógica ou digital. Utilizando essa aparelhagem eletrônica para obter e
difundir informações, se estaria exercendo jornalismo eletrônico.
Dentro do aspecto eletrônico está a tecnologia digital, com crescimento no modo de
capturar, processar e divulgar informação, com o auxílio de câmeras fotográficas digitais,
gravadores de som, suportes digitais para disseminar informação, entre outros recursos. Sendo
assim, o jornalismo digital, também chamado de jornalismo multimídia, implica na
possibilidade de manipular dados digitalizados de diferentes naturezas, sendo eles: texto, som
e imagem (MIELNICZUK, 2003).
Conforme Mielniczuk (2003), o ciberjornalismo remete para o jornalismo realizado
com o auxílio de tecnologias disponibilizadas pela cibernética. Pode-se dividir o ciberespaço
38. 37
em web e ambientes marginais. Os ambientes marginais expandem-se a cada dia, permitindo
localização e transferência de arquivos, uso remoto, a partir de simulação, por um computador
distante e comunicação entre os usuários da rede. “A utilização do computador para gerenciar
um banco de dados na hora da elaboração de uma matéria é um exemplo de prática do
ciberjornalismo”. (MIELNICZUK, 2003, p. 43). O desenvolvimento jornalístico neste
ciberespaço está ligado à tecnologia e adaptação das informações de acordo com o veículo
utilizado como mídia.
O jornalismo online refere-se à ideia de conexão em tempo real, com fluxo de
informação contínuo e quase instantâneo. “As possibilidades de acesso e transferência de
dados on-line utilizam-se, na maioria dos casos, de tecnologia digital. Porém, nem tudo o que
é digital é on-line”. (MIELNICZUK, 2003, p. 43).
Quanto ao uso dos termos “digital” e “online”, ambos são utilizados para especificar o
jornalismo realizado na rede, porém, o primeiro refere-se ao suporte de transmissão, o
segundo, diz respeito à forma de circulação da notícia (MIELNICZUK, 2003).
O webjornalismo refere-se a uma parte específica da internet, a web, “que
disponibiliza interfaces gráficas15 de uma forma bastante amigável. A internet envolve
recursos e processos que são mais amplos do que a web, embora esta seja, para o público
leigo, sinônimo de internet”. (MIELNICZUK, 2003, p. 43). A web pertence ao ciberespaço,
e destacou-se devido à aplicação da linguagem em hipertexto (HTML) 16, que torna a internet
de fácil uso a qualquer pessoa que não possua conhecimento específico de códigos de
informática e outros comandos (MIELNICZUK, 2003).
Conforme cita Mielniczuk (2003, p. 44), em relação às definições de jornalismo na
internet apresentadas, “um aspecto importante é que elas não são excludentes, ocorre sim é
que as práticas e os produtos elaborados perpassam e enquadram-se de forma concomitante
em distintas esferas”.
15
Segundo Elias (2010), “interfaces gráficas” é um conceito da forma de interação entre o usuário do
computador e um programa, por meio de uma tela ou representação gráfica, visual, com desenhos, imagens e etc.
A interface de um programa é a sua tela e o modo de dispor as coisas (botões, menus e outros itens) na tela.
16
Conforme Ferrari (2006, p. 99), HTML (Hypertext Markup Language): “método de codificação utilizado para
criar arquivos padronizados, de forma que sejam traduzidos igualmente por qualquer tipo de computador, É o
formato básico utilizado na criação de páginas web”.
39. 38
Ilustração 10: Esferas que ilustram a delimitação das terminologias
Fonte: Mielniczuk (2003, p. 44).
Segundo Mielniczuk (2003), o webjornalismo é considerado a forma de jornalismo
mais recente. Apesar de o termo estar relacionado à web, só passou a ser utilizado quando
começou a existir um melhor aproveitamento da plataforma.
Hoje, no webjornalismo, as novas ferramentas tecnológicas não são vistas apenas
como simples ferramentas que possibilitam a comunicação, mas sim uma parte da prática
jornalística.
2.5.4 O desenvolvimento do jornalismo na Web
Ao longo da história do jornalismo na web, surgiram diversas tentativas para
desenvolver produtos que fossem adequados ao meio e que também fossem eficientes junto ao
público.
Para facilitar a compreensão do processo de evolução pelo qual passa o
webjornalismo, Mielniczuk (2003), com base em três autores, adota a divisão destas
experiências em três categorias diferentes.
Pavlik (apud MIELNICZUK, 2003) tem como foco a produção de conteúdo e
identifica três fases. Na primeira fase, o foco são os sites que publicam material editorial
produzido, primeiramente, para edições em outros meios, como o jornal impresso. Na
segunda fase, o autor foca na produção jornalística original para a rede, com a utilização de
hyperlinks. A terceira fase está começando a emergir e caracteriza-se pela produção de
40. 39
conteúdos noticiosos originais e desenvolvidos especificamente para a web, fazendo com eu a
web seja vista como uma possibilidade de disseminação de informações jornalísticas.
Silva Jr. (apud MIELNICZUK, 2003) estabelece três estágios de desenvolvimento de
sites de jornais, sendo eles:
a) o transpositivo: modelo presente nos primeiros jornais online, onde a formatação e
a organização seguiam o mesmo modelo do impresso;
b) o perceptivo: passam a ser aplicadas as tecnologias da rede na produção do
jornalismo online, reaproveitando o conteúdo do material impresso na versão
online com organização da notícia na rede;
c) o hipermidiático: é o estágio mais atual e que faz uso de recursos hipertextuais
com publicação do produto em várias plataformas e serviços informativos.
Diferente de Pavlik que se preocupa com a produção de conteúdos noticiosos, Silva Jr.
preocupa-se também com a categorização proposta a partir da disseminação da informação na
rede (MIELNICZUK, 2003).
Palacios (apud MIELNICZUK, 2003) propõe uma classificação muito semelhante e
que contempla o webjornal a partir da esfera do produto, que pode ser expandida para se
pensar em questões relacionadas à produção e difusão de informações.
Mielniczuk (2003, p. 48) divide em três momentos o caminho percorrido pelos
produtos jornalísticos desenvolvidos para a web, sendo eles: “produtos de primeira geração ou
fase da transposição; produtos da segunda geração ou fase da metáfora; e produtos de terceira
geração ou fase da exploração das características do suporte web”, os quais são definidos
como webjornalismo de primeira, segunda e terceira geração.
2.5.4.1 Webjornalismo de primeira geração
Neste momento, os produtos oferecidos eram reproduções parciais de grandes jornais
impressos que passavam a ocupar espaço na web.
Conforme cita Mielniczuk (2003), é interessante observar as primeiras experiências de
jornalismo na internet, pois elas não passavam da transposição de algumas matérias das
principais editorias do jornal impresso, com atualizações feitas a cada 24 horas. “Os produtos
desta fase, em sua maioria, são simplesmente cópias para a web do conteúdo de jornais
existentes no papel”. (MIELNICZUK, 2003, p. 48).
41. 40
Nessa época não havia preocupação com a instantaneidade e agilidade de difusão das
informações e notícias. A rotina de produção era a mesma que a do jornal impresso, sem
preocupação de que poderiam existir formas inovadoras de apresentar narrativas jornalísticas.
Mielniczuk (2003, p. 49) acrescenta que “a disponibilização de informações jornalísticas na
web fica, então, restrita à possibilidade de ocupar um espaço, sem explorá-lo enquanto suporte
que apresenta características específicas”.
Apenas na segunda geração do webjornalismo a estrutura da internet passou a ser
explorada e os conteúdos começaram a ser adaptados à difusão na rede.
2.5.4.2 Webjornalismo de segunda geração
Essa geração foi favorecida pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento da estrutura
técnica da internet, quando mesmo ligado ao modelo do jornal impresso, o jornalismo online
na web começa a explorar as características específicas oferecidas pela rede.
Mielniczuk (2003) enfatiza que as publicações jornalísticas para a web começaram a
explorar esse novo ambiente, passando a utilizar links que redirecionam para notícias de fatos
que aconteciam no período entre as edições; e-mails para estabelecer comunicação entre os
jornalistas e leitores; uso de recursos oferecidos pelo hipertexto, entre outros.
Segundo Mielniczuk (2003, p. 49-50), a tendência nessa época é a existência de
produtos vinculados não apenas ao modelo do jornal impresso enquanto produto, “mas
também, às empresas jornalísticas cuja credibilidade e rentabilidade estavam associadas ao
jornalismo impresso”.
A elaboração de conteúdos exclusivos para difusão na rede só foi acontecer na terceira
geração da web.
2.5.4.3 Webjornalismo de terceira geração
É o fazer jornalístico na web atual. Nessa geração o cenário começou a se modificar a
partir do surgimento de iniciativas empresariais e editoriais destinadas de forma exclusiva
para a internet, onde versões de jornais impressos já existentes passaram a ser elaboradas
42. 41
especificamente para a web.
Nos produtos jornalísticos elaborados na terceira geração, Mielniczuk (2003) cita que
é possível observar a exploração e aplicação de recursos oferecidos pela web, onde os
produtos jornalísticos começaram a apresentar recursos multimídia, como sons e animações
que tinham como objetivo enriquecer a narração jornalística; recursos de interatividade, como
bate-papo com personalidades, enquetes e fóruns de discussões; utilização de hipertexto para
organizar informações da edição e narrar fatos; por fim, ocorreram mudanças relacionadas à
atualização do webjornal que antes era feita a cada 24 horas e, que a partir da terceira geração,
se tornaram contínuas.
2.6 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA
A tecnologia tem colocado a sociedade diante de diversas possibilidades
comunicacionais, onde, a partir de variados dispositivos, é possível captar e veicular
informação.
Foi-se o tempo em que os jornalistas utilizavam apenas bloco de anotações e caneta
para registrar fatos que depois seriam levados até as redações, redigidos e disseminados para o
público. Hoje, além do bloco de anotações, câmera de vídeo e fotográfica utilizados há anos
pelos jornalistas como instrumento de trabalho, existe, por exemplo, os computadores
portáteis, os aparelhos celulares de última geração, com acesso à internet e possibilidade de
registrar imagens e divulgá-las em tempo real. “A lista de instrumentos cresce continuamente
para os jornalistas”, cita Kischinhevscky (2009, p. 57).
Como há diversas plataformas para difusão de conteúdos informativos, é necessário
trabalhar nelas para que seja potencializada a qualidade daquilo que é transmitido, visto que
cada suporte possui uma forma diferente de se disseminar conteúdo (GARCIA et al. apud
BARBOSA, 2009). Dessa forma, surgiram as primeiras ideias a respeito da convergência
midiática no jornalismo.
A convergência jornalística é um processo multidimensional que, facilitado pela
implantação generalizada das tecnologias digitais de telecomunicação, afeta os
âmbitos tecnológico, empresarial, profissional e editorial dos meios de comunicação,
propiciando uma integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e
linguagens anteriormente desagregados, de forma que os jornalistas elaboram
conteúdos que sejam distribuídos através de múltiplas plataformas, por meio das
43. 42
linguagens próprias a cada uma delas. (GARCIA et al. apud BARBOSA, 2009, p.
37).
A convergência traz mudanças em relação ao perfil dos jornalistas, produção e difusão
do conteúdo. Gradim (2012) cita que o jornalista do futuro será um homem de diversos
recursos, que trabalha sozinho e é equipado de diversas ferramentas como: câmera de vídeo,
telefone, computadores portáteis com edição de vídeo e HTML e acesso à internet sem fio.
Este homem “será capaz de produzir e editar notícias para vários media: a televisão, um jornal
impresso, o site da empresa na internet, e ainda áudio para a estação de rádio do grupo”.
(GRADIM, 2012, p. 1).
De acordo com Ferrari (2006), a internet ainda está em gestação e caminhando para
obter uma linguagem própria e não se pode encará-la como uma mídia que tem por objetivo
viabilizar a convergência entre rádio, jornal e televisão. “A internet é outra coisa, uma outra
verdade e consequentemente uma outra mídia, muito ligada à tecnologia e com
particularidades únicas . [...] Ainda estamos metaforicamente saindo da caverna”. (FERRARI,
2006, p. 45).
As inovações tecnológicas têm provocado mudanças na forma de produzir e difundir
informações. Estas mudanças podem ser atribuídas ao público que hoje interage e seleciona a
informação que deseja receber, e às novas mídias, que facilitam a difusão e o acesso à
informação a partir de ferramentas de comunicação como computadores portáteis e celulares
de última geração. De acordo com Moschetta e Rasera (2011), o campo jornalístico e a notícia
são sociais, levando em consideração que a sociedade é quem revela as notícias.
O jornalismo associado aos dispositivos tecnológicos torna-se visível a partir da
premissa básica de que novas formas de contato permanente e contínuo vêm
transformando a vivência e o modo de se comunicar na conjuntura social. A
convergência midiática não é só tecnológica, mas cultural. O jornalista muda sua
forma de trabalhar e do leitor de participar seja no plano social, organizacional e/ou
econômico. (MOSCHETTA; RASERA, 2011, p. 175).
Um dos aspectos fundamentais na convergência induzida pelas novas mídias, citado
por Gradim (2012), é que:
[...] o acesso às fontes agiliza-se, e a troca com os leitores são exponenciadas, facto
que se fragiliza o jornalista (os leitores, colectivamente, sabem mais que ele
próprio), pode e está a ser aproveitado para produzir melhor jornalismo e para
refinar os processos de verificação dos factos. (GRADIM, 2012, p. 3).
44. 43
Segundo Gradim (2012), a convergência faz surgir um novo tipo de jornalismo, o
multimídia, que une textos, fotos, vídeos, áudio, animação e gráficos e um formato não linear
e não redundante, intensificando assim as possibilidades de escolha do receptor da
informação.
A convergência também tem alterado a apuração da informação, que conforme cita
Gradim (2012), é permitida devido a possibilidade de interação e feedback por parte do
público. Os links disponibilizam material informativo com maior profundidade e o espaço
para inclusão de uma notícia aumenta de forma considerável por causa dos diversos meios
convergidos.
A convergência não está alterando apenas gênero, linguagem e a forma de produzir e
disseminar informação por parte dos jornalistas. O modo de ler na rede, a seleção de
conteúdo, os produtos que os satisfazem e a notícia que preferem consumir, passaram a mudar
o perfil dos receptores de conteúdo informativo. Estes receptores, segundo Gradim (2012, p.
11) “vêem e lêem menos notícias, sabem menos do que se passa no mundo à sua volta, e o seu
interesse por tais temas não tenderá a desenvolver-se com o passar dos anos”.
Os consumidores de conteúdo também se tornaram mais ativos e participativos,
conforme cita Jenkins (apud MOSCHETTA; RASERA, 2011, p. 181):
se os antigos consumidores eram tidos como passivos, os novos consumidores são
ativos. Se os antigos consumidores eram previsíveis e ficavam onde mandavam que
ficassem, os novos consumidores são migratórios, demonstrando uma declinante
lealdade a redes ou a meios de comunicação. Se os antigos consumidores eram
indivíduos isolados, os novos consumidores são mais conectados socialmente. Se o
trabalho de consumidores de mídia já foi silencioso e invisível, os novos
consumidores são agora barulhentos públicos.
Gradim (2012) também cita que o público da nova geração é tecnologicamente
fluente, visualmente orientado, possuem intervalos de atenção curtos, gostam de usar a
internet, mas também realizar outras atividades enquanto se mantém informados. Eles
apreciam a interatividade disponibilizada pelas novas mídias, procuram informação, mas não
as leem por completo, fazem um ‘varredura’ visual, pois estão aptos a processar de forma
simultânea informações diversificadas.
45. 44
2.6.1 Convergência nas redações
O objetivo básico do jornalismo é apresentar fatos a partir de textos escritos ou orais,
que transmitam clareza, veracidade e credibilidade. Para Melo (apud PINHO, 2003, p. 56), o
texto jornalístico pode ser entendido como:
um processo social que se articula a partir da relação (periódica/oportuna) entre
organizações formais (editoria/emissoras) e coletividades (públicos/receptores),
através de canais de difusão (jornal/revista/rádio/televisão) que asseguram a
transmissão de informações (atuais) em função de interesses e expectativas
(universos culturais ou ideológicos).
A escrita para a web vai acompanhar as modificações estabelecidas a partir das novas
mídias. Serão privilegiados textos mais curtos e diretos, palavras destacadas e sublinhadas
com cores diferentes, uso de hiperlinks, subtítulos informativos, combinação de aspectos
visuais da televisão, uma ideia por parágrafo, escrita semelhante à da televisão e sem
redundância e links para outros textos, áudios, vídeos, imagens (GRADIM, 2012)
Lage (2006) acrescenta que a produção de textos jornalísticos presume restrições ao
código linguístico e que a redução de palavras, expressões e regras operacionais facilitam o
trabalho e permitem a qualidade da informação. “O jornalismo se propõe a processar
informação em escala industrial e para consumo imediato. As variáveis formais devem ser
reduzidas, portanto, mais radicalmente do que na literatura”. (LAGE, 2006, p. 47).
Um conceito utilizado no jornalismo convencional e adaptado ao jornalismo nos
tempos de convergência é a teoria da pirâmide invertida, que consiste em publicar no primeiro
parágrafo da notícia as informações mais relevantes. Este parágrafo é chamado de lead17. Os
demais parágrafos após o lead servem como um complemento à informação.
A hipertextualidade é um recurso da linguagem disponível na era da internet. Como já
citado, ela possibilita a leitura não-linear e o acesso instantâneo a outros conteúdos. Ferrari
(2006, p. 42) complementa que “na internet não nos comportamos como se estivéssemos
lendo um livro, com começo, meio e fim. Saltamos de um lugar para outro – seja na mesma
página, em páginas diferentes, línguas distintas, países distantes, etc.” Esta interconexão de
textos, vídeos, áudio e imagens é permitida apenas a partir do uso de hiperlinks.
Gradim (2012) conclui que devido à convergência, as novidades inseridas pelo
17
O lead é caracterizado por um conjunto de cinco perguntas: “Quem?”, “O que?”, “Com?”, “Por quê?”,
“Onde?” e “Quando?”. A partir das principais informações o fato ocorrido é informado de modo mais direto.
46. 45
jornalismo multimídia afetarão de forma inevitável a linguagem dos outros meios. “É difícil,
pois, prever o futuro dos gêneros num quadro marcado pela generalização de tais práticas e
linguagens, essencialmente porque este é um caminho ainda em pleno experimentalismo, e
que se fará ao andar”. (GRADIM, 2012, p. 13).
Além da convergência nas redações, outro fator no jornalismo a ser alterado com a
convergência de mídias é o fluxo de informação que não está mais no controle apenas dos
jornalistas, pois na web 2.0 o público passa a colaborar com a difusão de conteúdos
informativos através de diversas ferramentas de comunicação online.
2.6.2 Jornalistas e o público na difusão da informação
Com a cibercultura e a convergência das mídias, a comunicação em rede centrou-se
em um modelo de cooperação e compartilhamento de informação, conhecimento, onde além
dos jornalistas, o público também contribui para a disseminação informações e notícias.
Moschetta e Rasera (2011) citam que a participação do público ligada à internet é
limitada, ainda, apenas ao conhecimento das ferramentas na rede, mas não em relação ao uso
correto das mesmas para disseminar conteúdos informativos.
Conforme Jenkins (apud MOSCHETTA; RASERA, 2011), com o crescimento da
concentração de mídias, a convergência ocorre também quando as pessoas passam a assumir o
controle das mídias. Porém, “as pessoas se multiplicam no ciberespaço, mas mantém o
mesmo comportamento de massa”. (MOSCHETTA; RASERA, 2011, p. 178). Ou seja, elas
sabem utilizar as ferramentas de comunicação da web 2.0, mas não fazer uso de forma
eficiente quando se trata de divulgar informações. Fazer uso das ferramentas de forma
eficiente objetivando a eficácia é papel fundamental para os jornalistas.
Nesta era de transformação tecnológica e participação do público na difusão de
informação, o papel do jornalista deve ser desempenhado de forma mais eficiente e
diferenciada. Gradim (2012, p. 13) cita que “no futuro, o conteúdo vai ser rei, e com a
pulverização das audiências, de meios e de oferta, desempenhar um papel ainda mais
importante que o que lhe reservam os dias de hoje”.
Hoje, com as crescentes pressões sobre o jornalista para que saibam manipular de
forma correta um pouco de cada ferramenta de comunicação, há necessidade de prepará-lo
para isso. “A formação de base é fundamental, e mais importante do que saber manipular a