1. Jornal de Empregos e Estágios • 19 de agosto a 2 de setembro de 2011
12 especial
À procura...
...do candidato perfeito
presas agora requerem o conhecimento
avançado de uma terceira língua”, comen-ta
Daniela Fonseca. Paulo Pimenta acres-centa
que o Ciee-Rio deixa de preencher
certas vagas porque o estudante não tem
a fluência necessária. “À medida que te-mos
multinacionais no país, precisamos
do estudante preparado, pois ele estará
lidando diretamente com negócios es-trangeiros.
A questão do idioma tem tra-zido
dificuldades no preenchimento das
oportunidades”, diz.
TEORIA X PRÁTICA: O
QUE O MERCADO PROCURA
Muitos estudantes se perguntam se
as companhias priorizam o nível de co-nhecimento
teórico em relação à forma-ção
acadêmica. Segundo Daniela Fonse-ca,
existem empresas que exigem o coefi-ciente
de rendimento, que se traduz pela
soma das médias do aluno, mas esperam
algo que está além disso. Querem que o
estudante agregue o conhecimento à
nota. “Em uma entrevista, o aluno preci-sará
apresentar esse conhecimento e per-cebemos
que ele possui uma formação
acadêmica mais ampla, sem a profundi-dade
que ele deveria ter”, diz.
Entretanto, não é apenas o saber teóri-co
que conta. O aluno deve passar pela teo-ria
aprendida na faculdade, mas é impor-tante
constar no currículo que o estudante
teve a chance de passar pela parte prática,
que se traduz no estágio. “Com o estágio, o
jovem se torna um tipo de profissional.
Aquele que não possui, percebemos que ele
não tem o conhecimento necessário. Ele é
muito mais teoria”, avalia a coordenadora
Daniela Fonseca. Com isso, observa-se que
o candidato ideal não depende apenas da
universidade. Depende do comportamen-to
do candidato, da forma que a teoria será
absorvida, ou seja, tornar-se ideal está liga-do
também à personalidade do candidato.
“O mercado hoje em dia vai observar a ati-tude
do estudante. É como se a teoria fosse
uma obrigação. É claro que ele tem que es-tudar,
tirar boas notas e ler bastante”, expli-ca
o superintendente Paulo Pimenta. De
acordo com a gerente de políticas educaci-onais
do Provedor de Talentos, muitas
empresas querem que o candidato chegue
com novas ideias, dentro daquilo que já
participou. “A prática não existe se não tiver
um conhecimento que te acrescente”, com-plementa
a gerente.
A PRÁTICA VOLUNTÁRIA
E A ÉTICA PROFISSIONAL
Ajudando em sua formação pessoal,
o estudante deve se preocupar também
com atividades voluntárias. Os especia-listas
dos agentes de integração acredi-tam
que o estudante, ao longo de sua jor-nada,
deve mostrar que se importa com
aqueles que estão a sua volta. O fato de o
candidato já se iniciar em toda uma rela-ção
de trabalhos voluntários, o faz traba-lhar
as suas características comportamen-tais
de humanização, conscientização e
cooperação. “O voluntário vê o seu se-melhante
de uma forma diferente, pois
ele é colaborador”, realça Fabrícia Ribei-ro.
“Colocar trabalho voluntariado no
currículo mostra um amadurecimento em
termos de personalidade, vê-se que pode
contar com esse estudante dentro da
empresa. É enriquecedor”, acrescenta a
professora e gerente de políticas educaci-onais
do Provedor de Talentos, Aurenir
dos Santos Pinto. O fato de o estudante
ter consideração com o próximo facilita
para a companhia observar que ele respei-tará
as normas que a regem.
As empresas procuram, ainda, estu-dantes
que se capacitam com cursos ex-traclasses.
O superintendente do Ciee-
Rio, Paulo Pimenta, afirma que absorver
diferentes formas de aprendizado de um
mesmo tema, ajuda a construir o conhe-cimento
crítico. “O aluno absorve pontos
de vista distintos. O cérebro capta as in-formações
e cria dúvidas, que fazem a
pessoa ir atrás de mais instrução. A com-binação
de informações faz a resposta para
a dúvida vir mais rápida no cérebro”, ex-plica.
De acordo com a coordenadora de
operações do Ciee-Rio, qualquer ação
praticada de forma educativa ajuda na
formação do estudante como pessoa. “Há
escolas que já possuem Xadrez como dis-ciplina
na grade curricular, pois é um jogo
de raciocínio que estimula o cérebro. E
quanto mais ele é exigido, mais rapida-mente
ele responde”, complementa.
Seguindo a mesma linha, a diretora
do Provedor de Talentos, Fabrícia Ri-beiro
afirma que atividades extraclasses
são pontos que diferenciam os candi-datos.
“Não só cursos complementares,
mas também atividades recreativas, in-formática
e artes. Quando o aluno tem
a iniciativa de buscar algo para se quali-ficar,
ele já se diferenciou, porque tudo
que o complementa faz parte da qualifi-cação”,
explica.
MODERNIZAÇÃO E INFORMAÇÃO
A FAVOR DO CANDIDATO
Estar informado sobre a cultura e as
notícias do Brasil e do mundo pode não
ser um pré-requisito, mas é outro diferen-cial.
A informação proporciona visão de
mercado. Fabrícia Ribeiro acredita que a
cultura é importante para conhecermos a
evolução do povo. “O candidato deve ter
discernimento para que possa desenvol-ver
percepção versus julgamento do que
acontece no dia-a-dia. Tem que ter a ca-pacidade
de fazer uma análise em relação
ao que está a sua volta, não pode ficar
alienado e, principalmente, saber qual é o
reflexo disso no seu trabalho”, explica.
A tecnologia também é um fator usado
a favor dos candidatos a um estágio. O es-tudante
deve ter a percepção da forma em
que pode beneficiar a sua carreira profissio-nal.
“O jovem hoje faz parte da geração Y,
que diz respeito à geração que se desenvol-veu
em uma época de grandes avanços tec-nológicos.
A modernização só traz pontos
positivos à vida do estagiário”, explicita a
professora Aurenir dos Santos Pinto. Dani-ela
Fonseca compartilha da mesma ideia.
“Tecnologia é tudo. Médicos operam via
computadores, arquitetos lidam com pro-gramas
e softwares de alta tecnologia. É im-portante
a faculdade proporcionar o conta-to
com a tecnologia, pois mostra a moder-nidade
e a reciclagem do ensino”, diz.
A vivência no exterior também é um
ponto bastante valorizado pelas empre-sas,
já que o intercâmbio proporciona o
contato com diferentes culturas e experi-ência
de situações com as quais o estu-dante
não está acostumado. “Ajuda tam-bém
no conhecimento da língua. A pes-soa
enxerga diferentes culturas e adapta
para a sua vivência no Brasil”, comenta a
coordenadora Daniela Fonseca.
Segundo a diretora do Provedor de
Talentos, Fabrícia Ribeiro, outras línguas,
além do Inglês, se mostram importantes
devido às transformações políticas e eco-nômicas
do mundo. “À medida que a
China chega mais próximo de se tornar
uma potência mundial, o mandarim pas-sa
a ser uma língua interessante e quase
que fundamental na vida dos estudan-tes”,
exemplifica Fabrícia Ribeiro.
Os profissionais do Ciee-Rio e do
Provedor de Talentos concordam no
ponto em que explicam, em suma, que o
candidato ideal não existe, mas o está-gio
que chega mais próximo do ideal é
aquele que agrega valor à formação aca-dêmica.
“Empresas de grande porte não
proporcionam, necessariamente, um bom
estágio. Pequenas companhias também
são capazes de proporcionar atuações e
aprendizados fantásticos”, sinaliza Da-niela
Fonseca. “O próximo do ideal é
aquele que vai oferecer ao estudante
oportunidades de aprendizagens novas
e a consolidação do seu conhecimento”,
observa Aurenir dos Santos.
DICAS PARA MELHOR
DESENVOLVER A CARREIRA
Os profissionais do Ciee-Rio e do Pro-vedor
de Talentos, responsáveis pela co-locação
de milhares de estudantes no
mercado de trabalho, apresentam algumas
dicas para melhorar o desempenho da-queles
que desejam ingressar em um pro-grama
de estágio. A professora Aurenir
dos Santos, do Provedor de Talentos, afir-ma
que o principal é ter o desejo de acres-centar
ideias àquela empresa. “As empre-sas
valorizam uma pessoa que possa con-tribuir
e que possa enfrentar os novos
desafios sem medo de errar”.
A diretora Fabrícia Ribeiro apresenta
cerca de cinco características pessoais que
considera fundamentais para a entrada no
mercado: ousadia, motivação para enfrentar
os obstáculos do dia a dia, disciplina, segu-rança
e assertividade para mostrar que não
tem medo de errar. Aurenir dos Santos, ex-põe
mais pontos a serem desenvolvidos. “O
aluno deve ter interesse em sua profissão e
investigar muito sobre sua carreira, quais lín-guas
precisa ter fluência, que tipo de cursos
complementares são necessários, quais fer-ramentas
e as tecnologias são imprescindí-veis.
O candidato precisa aprofundar seu co-nhecimento
e deve estar sempre em busca
de oportunidades de estágio”, frisa.
O superintendente do Ciee-Rio, Paulo
Pimenta, explica que o estagiário só se tor-nará
ideal quando desempenhar bem o pa-pel
na prática. “Não adianta ter todos os
requisitos e não expor. Tem que abrir a ca-beça
e observar ao seu redor o que se pode
fazer para melhorar o ambiente de trabalho
com espírito empreendedor e criatividade”,
reforça. A coordenadora de operações do
Ciee, Daniela Fonseca, acredita que o in-vestimento
na educação é o fator de maior
importância para o estudante. “Investir na
formação acadêmica e na Língua Portugue-sa,
na tecnologia que envolve a formação
dele, ter foco na carreira profissional e, prin-cipalmente,
priorizar o que lhe agregará va-lor,
são quesitos fundamentais”, destaca.
Monique Mansur
Novas tecnologias, diferentes for-mas
de capacitação e sociedades
cada vez mais integradas são fa-tores
que levam as empresas a ter uma
maior exigência quanto ao nível de de-senvolvimento
dos candidatos em um
processo de seleção. Com isso, ingressar
em um estágio de qualidade não está nada
fácil para os estudantes. As empresas re-querem
cada vez mais conhecimentos
específicos e características pessoais que
os coloquem em um nível acima dos de-mais.
Com o aumento da procura sem o
aumento da oferta, os estudantes passam
a se perguntar se as empresas estão em
busca de um perfil ideal de estagiário. Ao
mesmo tempo, com o aumento da exi-gência
por parte das empresas, sobram
vagas por não encontrarem o candidato
que tanto procuram. A verdade é que esse
estagiário idealizado não existe, mas há
uma série de características que o candi-dato
pode desenvolver para chegar próxi-mo
do que é considerado o ideal.
ACOMPANHANDO O
MERCADO E SUAS EXIGÊNCIAS
As expectativas e as exigências das
empresas em relação aos estudantes estão
mudando de forma progressiva. As com-panhias
querem o máximo que aquele can-didato
pode oferecer e contribuir. Ter uma
boa apresentação pessoal, postura, criati-vidade,
bom relacionamento interpessoal,
espírito empreendedor e domínio da Lín-gua
Portuguesa são alguns dos requisitos
básicos para entrar em uma empresa de
qualidade. Exigências essas que, os agen-tes
de integração, instituições que firmam
parcerias com as empresas a fim de obter
um melhor suporte aos estagiários, aju-dam
a desenvolver nos candidatos.
A coordenadora de operações do
Centro de Integração Empresa-Escola do
Rio de Janeiro (Ciee-Rio), Daniela Fon-seca,
acredita que, para se chegar ao mais
próximo possível do que atualmente é
considerado ideal, o aluno deve, acima
de tudo, ter dedicação aos estudos e en-sino
de qualidade. “Investir em educação
de qualidade não se traduz em universi-dades
caras, e sim, de bom ensino e in-vestimento.
Vemos talentos em todas as
faculdades. É imprescindível, ainda, que
o estudante invista na Língua Portugue-sa,
pois é essencial, para todos os cursos
de graduação, saber se expressar de for-ma
correta”, explica.
Já para a diretora de Recursos Huma-nos
e gestão do conhecimento do Institu-to
Educacional Provedor de Talentos, Fa-brícia
Ribeiro, o candidato deve sempre
buscar pôr em prática o conteúdo aprendi-do
dentro da sala de aula. “Ele deve bus-car
aprender sempre algo diante das difi-culdades,
das propostas e das inovações
que o mercado traz”, explica. Para o supe-rintendente
do Ciee-Rio, Paulo Pimenta,
a capacitação depende, em grande parte,
da faculdade. “A universidade tem que en-tender
que, de agora em diante, ou a pes-soa
realmente se capacita e se transforma
em um bom profissional ou, em um futuro
próximo, estaremos dependendo de uma
tecnologia vinda do exterior”, comenta. Já
para a professora e gerente de políticas edu-cacionais
da Provedor de Talentos, Aure-nir
dos Santos Pinto, “a instituição acredi-ta
no potencial do estudante, pois o co-nhecimento
é dele. A faculdade apenas ho-mologa
esse conhecimento”.
Outro ponto de exigência é a fluência
do Inglês. Quando se está lidando dire-tamente
com companhias estrangeiras, o
idioma se torna imprescindível. “As em-
De cima para baixo: Fabrícia Ribeiro,
diretora de Recursos Humanos e gestão
do conhecimento do Provedor de Talentos;
Paulo Pimenta, superintendente do Ciee-
Rio; Daniela Fonseca, coordenadora de
operações do Ciee-Rio e Aurenir dos
Santos Pinto, gerente de políticas
educacionais do Provedor de Talentos
Fotos: Henrique Huber
Os interessados em oportunidades
de estágio dos agentes de integra-ção
citados devem proceder da se-guinte
forma:
Centro de Integração Empresa-Es-cola
(Ciee): Acessar o site <http://
www.ciee.org.br/portal/acesso.asp>
Instituto Educacional Provedor de
Talentos: Encaminhar currículo para
<rh@provedordetalentos.com>
As exigências do mercado criam expectati-vas
em relação à existência de um perfil ideal
de estudante. Especialistas de agentes de in-tegração
im-portantes
pontuam fatores extremamente conquista de um estágio
na