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1a Reunião de Ministros da Saúde do BRICS
Pequim, 11 de julho de 2011


Intervenção do Ministro de Estado da Saúde do Brasil, Dr. Alexandre Padilha
Ministro Chen Zhu (Ministro da Saúde da China),
Ministro Shri Ghulam Nabi Azadi (Ministro da Saúde da Índia),
Ministro Aaron Motsoaledi (Ministro da Saúde da África do Sul),
Vice-Ministra Veronica Skirvotsova (Vice-Ministra da Saúde da Rússia),

Doutora Margaret Chan (Diretora-Geral da OMS),
Doutor Michel Sidibé (Diretor-Executivo da UNAIDS),

Senhores Embaixadores,
Senhoras e Senhores,

É uma honra e uma satisfação vir a Pequim participar da Primeira Reunião dos Ministros da Saúde do BRICS.
Agradeço, em nome da delegação brasileira, a hospitalidade do povo e do Governo chinês, que está de parabéns
pela impecável organização deste encontro.

Nossos líderes tomaram uma decisão importante em Sanya: definiram a saúde como uma nova área de
cooperação no âmbito do BRICS. É especialmente significativo que nós, Ministros da Saúde, estejamos nos
reunindo pela primeira vez em Pequim. Além de representarmos parcela considerável da população mundial,
enfrentamos desafios similares em matéria de saúde pública, como o acesso desigual aos serviços de saúde e
medicamentos, bem como os custos crescentes na área da saúde. Precisamos oferecer serviços de saúde a um
enorme contingente populacional, sobretudo os setores mais vulneráveis das nossas populações.

O fato de estarmos reunidos aqui aponta para a necessidade de somarmos forças para lidar com essas questões.
Tenho certeza de que este encontro será o passo inicial para que venhamos a estabelecer modalidades de
cooperação concretas, não somente em benefício do BRICS, como também dos demais países em
desenvolvimento e da saúde global.

Senhor Presidente,

A escolha do tema que nos reúne hoje – Acesso a Medicamentos – não poderia ser mais oportuna. Já
concordamos, desde Alma Ata, em 1978, que a ênfase na Atenção Primária em Saúde deve ser a diretriz básica da
saúde pública. Para avançar mais ainda, precisamos realizar o direito de todos à saúde tanto no âmbito interno
quanto no plano internacional. Precisamos atender às crescentes demandas sociais em matéria de saúde.

O acesso a medicamentos é um dos grandes desafios da Saúde Pública, não só no plano médico, mas também
ético e político.

Um dos maiores obstáculos são os preços altos de vários medicamentos essenciais, que contrastam com a falta
de poder aquisitivo de indivíduos ou instituições para adquiri-los. Dentro das nossas sociedades, os mais afetados
são os grupos mais vulneráveis; no plano internacional, os países de menor desenvolvimento relativo.

A comunidade internacional vem se mobilizando para fazer frente a esse desafio. Instituições internacionais como
a OMS, o UNAIDS, o Fundo Global, a GAVI, o UNICEF, a Central Internacional para Compra de Medicamentos
2



(UNITAID), entre outras, bem como fundações privadas, buscam suprir a falta de recursos de certos países para o
tratamento de doenças específicas.

A UNITAID, por exemplo, se estabeleceu como mecanismo financeiro inovador, contribuindo significativamente
para reduzir o preço dos medicamentos e para aumentar o acesso ao tratamento. Recentemente, estabeleceu o
pool de patentes, que visa a aumentar a disponibilidade de antirretrovirais a preços baixos em países em
desenvolvimento. Já o Fundo Global foi criado para aumentar exponencialmente os recursos na luta contra a
AIDS, a malária e a tuberculose. Essas iniciativas mudaram definitivamente a maneira como lidamos com a
questão do acesso e distribuição de medicamentos para as populações mais necessitadas.

Todas essas iniciativas devem ser coerentes entre si e precisam estar alinhadas com as prioridades da saúde
global. Se as necessidades imediatas e emergenciais de saúde dos recipiendários devem ser atendidas, a busca de
soluções sustentáveis deve ser uma preocupação ampla. Ações de caráter emergencial devem integrar estrutura
maior de desenvolvimento socioeconômico e saúde global.

Na condição de fundador e contribuinte da UNITAID, o Brasil tem feito sua parte para que medicamentos vitais
sejam mais acessíveis em países pobres. Recentemente, tomamos um passo que reforça o nosso compromisso
com a iniciativa. A Presidenta Dilma Roussef sancionou em maio passado uma lei que nos autoriza o Brasil a
efetuar doação anual, por tempo indeterminado, à Central Internacional, na proporção de US$ 2 por passageiro
que embarque, em aeronave, no território brasileiro com destino ao exterior.

Temos também um programa de fornecimento de antirretrovirais denominado Laços Sul-Sul, que busca atender a
necessidades de um número limitado de países de menor desenvolvimento relativo. Quando solicitados, doamos,
sempre que possível, medicamentos e vacinas dos nossos estoques no setor público.

Precisamos incorporar a solidariedade entre os povos no discurso e na prática do acesso a medicamentos!

A cooperação Sul-Sul pode contribuir para auxiliar países em desenvolvimento a buscar suas próprias soluções. Há
amplo estoque de experiências que podem ser adaptadas a realidades dos países de renda baixa e média. Nós,
Ministros da Saúde dos BRICS, devemos encorajar mais iniciativas de cooperação entre nós e com outros
parceiros.

O imperativo da saúde pública deve sempre preponderar sobre interesses comerciais. Questões relacionadas à
propriedade intelectual também precisam ser enfrentadas. O regime de propriedade intelectual consagrado pelo
Acordo TRIPS de 1994 parece ter beneficiado, sobretudo as companhias farmacêuticas detentoras de patentes,
muitas delas estabelecidas nos países industrializados. Desde cedo, surgiram questionamentos, inclusive no
âmbito da OMS, a respeito do impacto do Acordo TRIPS sobre o acesso aos medicamentos. O Brasil, assim como a
África do Sul, foram protagonistas de conhecidos litígios jurídicos com as farmacêuticas, tendo ambos logrado
afirmar seus direitos e sua interpretação do TRIPS, em benefício da saúde dos seus cidadãos.

Há quase dez anos, foi aprovada a Declaração de Doha sobre TRIPS e Saúde Pública, graças ao engajamento de
muitos de nós. Com ela, chegamos ao entendimento de que o Acordo TRIPS não impede e não deve impedir que
os membros da OMC adotem medidas para proteger a saúde pública. Para o Brasil, a saúde é um direito humano.
Respeitamos escrupulosamente os acordos que assinamos, e o TRIPS não é exceção. Mas em se tratando de
saúde pública, temos o DEVER de explorar todas as flexibilidades permitidas naquele acordo. Para nós, a saúde
vem em primeiro lugar!

Para nós, as flexibilidades do Acordo TRIPS são um instrumento que pode ser utilizado para tornar
financeiramente sustentável o nosso programa de HIV/AIDS. Este último oferece tratamento gratuito e universal
3



àqueles que precisam de tratamento. Para que o nosso programa continue a ser bem-sucedido, precisamos ter
acesso a medicamentos a preços baixos. Tivemos oportunidade de discutir essas questões no mês passado
durante a Reunião de Alto Nível sobre HIV/AIDS da Assembleia Geral das Nações Unidas. Devemos nos
comprometer, no âmbito do BRICS, a implementar integralmente os acordos alcançados e refletidos na
Declaração Política que emanou daquele evento. A propósito, quero aqui expressar o reconhecimento do
Governo brasileiro à liderança do Dr. Michel Sidibé, que à frente do UNAIDS, tem envidado esforços incansáveis
na luta contra o HIV/AIDS.

No Brasil, o Ministério da Saúde também procura oferecer um amplo espectro de medicamentos essenciais à
população brasileira. O Programa “Farmácia Popular” oferece 103 medicamentos ao preço simbólico de um real
(cerca de 62 centavos de dólar). Nós expandimos recentemente este Programa para distribuir gratuitamente
medicamentos contra diabetes e hipertensão. Esses medicamentos podem ser encontrados nas prateleiras de
mais de cinquenta mil farmácias privadas que participam do Programa ou de outros estabelecimentos públicos.

A saúde está relacionada com questões de ordem social, tecnológica e econômica. Para “produzir” saúde,
devemos conceber as políticas do Ministério da Saúde levando em conta as realidades do setor produtivo –
principalmente da indústria farmacêutica, dos produtos de equipamentos médicos, provedores de serviços
médicos, assim como a capacidade de pesquisa e desenvolvimento da academia e da indústria.

O Ministério da Saúde do Brasil conta com meios para estabelecer políticas para o setor produtivo. Podemos
utilizar a capacidade de pagamento de nosso sistema nacional de saúde e induzir as políticas governamentais
para alcançar nossos objetivos. Temos um orçamento para pesquisa e desenvolvimento. Procuramos encorajar a
expansão da produção doméstica, para garantir a sustentabilidade de nosso sistema público de saúde.

O Brasil está aberto à cooperação com empresas de outros países para atingir esses objetivos, por intermédio de
uma relação mutuamente vantajosa.

Meu país tem testemunhado o desenvolvimento extraordinário da indústria farmacêutica indiana e chinesa, as
quais hoje são os maiores provedores de princípios ativos para a indústria brasileira. Queremos fortalecer esta
relação, buscando aumentar a cooperação horizontal efetiva e desenvolver harmoniosamente as capacidades
entre os setores farmacêuticos dos países do BRICS.

Ao fazê-lo, poderemos também assumir papel preeminente na implementação da Estratégia Global sobre Saúde
Pública, Inovação e Propriedade, aprovada pela Assembleia Mundial da Saúde em 2008.

Medicamentos devem ser, também, seguros e eficazes, seja produzidos localmente ou comercializados
internacionalmente. A certificação apropriada dos medicamentos tem por objetivo proteger a saúde humana.
Tenho a satisfação de informar que a ANVISA, nossa autoridade de vigilância sanitária, que está ligada ao
Ministério da Saúde, foi certificada pela OPAS. Esperamos que a certificação da OMS aconteça em breve.

Os países do BRICS devem esforçar-se para alcançar altos padrões para as autoridades sanitárias. Devemos
encorajar o diálogo e a cooperação entre nossas autoridades sanitárias para identificar melhores práticas,
compartilhar conhecimentos e cooperar em geral. Podemos trabalhar em fina sintonia com vistas ao
desenvolvimento do comércio de medicamentos entre nossos mercados. A OMS também tem importante papel a
desempenhar nessa área, na medida em que pode contribuir para o fortalecimento institucional e para o
esclarecimento do processo de certificação.

Caros colegas,
4



O custo do tratamento é crescente, mobilizado pela demografia, pelo poder de compra e pelas novas tecnologias.
Para lidar com custos em constante expansão, os sistemas nacionais de saúde devem ser capazes de avaliar e
promover novos medicamentos, processos médicos e equipamentos que sejam adequados às necessidades de
saúde. Esta é uma preocupação crescente do nosso Sistema Único de Saúde, o SUS.

O Brasil sediou em junho último, no Rio de Janeiro, pela primeira vez na América Latina, a reunião anual da
Associação Internacional de Avaliação de Tecnologias da Saúde (HTAi). Em nossa visão, o desafio principal é
estimular o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à Atenção Básica em Saúde, área em que devemos
oferecer equipamentos, serviços e diagnósticos. Na ocasião, assinalei que o acesso a novas tecnologias não deve
restringir-se aos hospitais, devendo contemplar os locais onde o povo reside, vive e trabalha.

Alguns exemplos desta ideia são os testes rápidos que são usados em programas para atender gestantes. Estamos
desenvolvendo um kit diagnóstico para a AIDS que poderá apresentar resultados em 20 minutos a custo modesto
(25 reais ou menos de 16 dólares).

Estamos nos preparando para a Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU sobre a prevenção e o
controle de doenças não-transmissíveis, no próximo mês de setembro. Estamos convencidos de que o encontro
contribuirá decididamente para elevar a conscientização de todo o mundo sobre este desafio previsível e muito
sério quanto ao nosso bem-estar geral. Endossamos as declarações do México e Moscou sobre as Doenças Não-
Transmissíveis, e congratulamos os organizadores por realizarem estas importantes iniciativas.

O crescimento das doenças não-transmissíveis em economias em desenvolvimento e emergentes tem não
somente impacto humano como também, devido aos custos elevados, deverá criar carga significativa sobre a taxa
de crescimento econômico. É tempo de começarmos a nos preparar e intercambiar experiências sobre como nos
adaptarmos a um quadro de envelhecimento das nossas populações.

O Brasil vive uma transição demográfica acelerada. Devido a melhorias nos padrões de vida, a população ainda
está em crescimento, mas deverá estabilizar-se em breve e, mais à frente, começar a diminuir. Como outras
sociedades, estamos nos planejando para um futuro não tão distante com demandas crescentes sobre os
sistemas nacionais de saúde.

Meus amigos, minhas amigas,

A reforma e o futuro do financiamento da OMS, tema que a Dra. Margaret Chan vem dedicando atenção especial,
é de suprema importância para a saúde global.

Os BRICS precisam participar e monitorar de perto este processo, que deve ser transparente e inclusivo. A agenda
da saúde internacional está se tornando cada vez mais densa e volumosa, o que traz consigo oportunidades e
desafios. Por um lado, a comunidade internacional tem se dado conta da importância da saúde para o
desenvolvimento e a paz entre as nações. Por outro, precisaremos nos coordenar cada vez mais. Ter presente os
principais aspectos de saúde pública. Para evitar duplicações desnecessárias e garantir que todas as iniciativas
mantenham o rumo adequado.

A OMS deve ser fortalecida como a autoridade multilateral central em matéria de saúde global. A reforma deve
ser dirigida pelos Estados membros e baseada no consenso. Deve ser um processo gradual, porque não podemos
nos permitir erros!
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O processo deve ser amplo e inclusivo, para buscar maior legitimidade e certificar que atenda às realidade da
saúde global atual. A sociedade civil, os doadores privados, fundos internacionais e corporações são todas partes
interessadas e devem ser ouvidas.

No entanto, a regra de ouro é que o interesse público deve ter precedência. A OMS necessita priorizar os
interesses coletivos sempre.

Como afirmamos em Genebra, durante a última Assembleia Mundial da Saúde, a principal atividade da OMS é a
promoção do direito à saúde. O fortalecimento dos sistemas de saúde, o acesso a medicamentos e a ação sobre
os determinantes econômicos e sociais da saúde são prioridades de saúde pública e devem ser buscados em
todos os níveis. A justiça social e a equidade no acesso à saúde devem estar incluídas na agenda da saúde global.

Antes de nos capacitarmos a fazer avanços significativos na questão de financiamento, precisamos concordar
sobre qual OMS desejamos, de que tamanho e com quais objetivos. Devemos começar a explorar imediatamente
a questão de financiamento, uma vez que este tópico está diretamente associado ao processo de reforma. As
duas vias devem progredir em harmonia.

Senhoras e senhores,

Quero referir-me, antes de concluir, à Conferência Mundial da OMS sobre Determinantes Sociais da Saúde, que o
Brasil sediará no período de 19 a 21 de outubro próximo, no Rio de Janeiro. Este é o ponto culminante do
processo iniciado em 2005 com o estabelecimento, pela OMS, de comissão incumbida de propor recomendações
para reduzir as iniquidades em saúde. Vamos inserir a saúde em todas as políticas, reforçando a natureza
intersetorial da produção da saúde em nossas sociedades. Acredito que a reunião do Rio nos permitirá que,
juntos, unidos em propósito e missão, façamos contribuição histórica não somente à saúde pública como também
a melhoria de nossas sociedades como um todo. Espero vê-los todos no Rio!

Por fim, quero expressar o compromisso brasileiro em avançar nas questões relacionadas à saúde no âmbito do
BRICS. Podemos certamente concentrar nossos esforços em matéria de transferência de tecnologia. O
estabelecimento de um grupo de trabalho técnico para discutir propostas específicas, inclusive a criação de uma
rede de cooperação tecnológica do BRICS é um passo importante na direção certa. Tenho certeza de que em
breve nos reuniremos para que decisões importantes para o futuro deste mecanismo de cooperação sejam
tomadas. A Declaração de Pequim, que iremos adotar hoje, constitui documento de importância singular. Ao
agradecer mais uma vez os nossos anfitriões e colegas do BRICS, estejam certos de que o Brasil atribui a máxima
importância à nossa cooperação em benefício não somente da saúde dos nossos povos, como também da saúde
global.

Muito obrigado.

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Ministro Alexandre Padilha discursa na Reunião do BRICs - julho 2011

  • 1. 1 1a Reunião de Ministros da Saúde do BRICS Pequim, 11 de julho de 2011 Intervenção do Ministro de Estado da Saúde do Brasil, Dr. Alexandre Padilha Ministro Chen Zhu (Ministro da Saúde da China), Ministro Shri Ghulam Nabi Azadi (Ministro da Saúde da Índia), Ministro Aaron Motsoaledi (Ministro da Saúde da África do Sul), Vice-Ministra Veronica Skirvotsova (Vice-Ministra da Saúde da Rússia), Doutora Margaret Chan (Diretora-Geral da OMS), Doutor Michel Sidibé (Diretor-Executivo da UNAIDS), Senhores Embaixadores, Senhoras e Senhores, É uma honra e uma satisfação vir a Pequim participar da Primeira Reunião dos Ministros da Saúde do BRICS. Agradeço, em nome da delegação brasileira, a hospitalidade do povo e do Governo chinês, que está de parabéns pela impecável organização deste encontro. Nossos líderes tomaram uma decisão importante em Sanya: definiram a saúde como uma nova área de cooperação no âmbito do BRICS. É especialmente significativo que nós, Ministros da Saúde, estejamos nos reunindo pela primeira vez em Pequim. Além de representarmos parcela considerável da população mundial, enfrentamos desafios similares em matéria de saúde pública, como o acesso desigual aos serviços de saúde e medicamentos, bem como os custos crescentes na área da saúde. Precisamos oferecer serviços de saúde a um enorme contingente populacional, sobretudo os setores mais vulneráveis das nossas populações. O fato de estarmos reunidos aqui aponta para a necessidade de somarmos forças para lidar com essas questões. Tenho certeza de que este encontro será o passo inicial para que venhamos a estabelecer modalidades de cooperação concretas, não somente em benefício do BRICS, como também dos demais países em desenvolvimento e da saúde global. Senhor Presidente, A escolha do tema que nos reúne hoje – Acesso a Medicamentos – não poderia ser mais oportuna. Já concordamos, desde Alma Ata, em 1978, que a ênfase na Atenção Primária em Saúde deve ser a diretriz básica da saúde pública. Para avançar mais ainda, precisamos realizar o direito de todos à saúde tanto no âmbito interno quanto no plano internacional. Precisamos atender às crescentes demandas sociais em matéria de saúde. O acesso a medicamentos é um dos grandes desafios da Saúde Pública, não só no plano médico, mas também ético e político. Um dos maiores obstáculos são os preços altos de vários medicamentos essenciais, que contrastam com a falta de poder aquisitivo de indivíduos ou instituições para adquiri-los. Dentro das nossas sociedades, os mais afetados são os grupos mais vulneráveis; no plano internacional, os países de menor desenvolvimento relativo. A comunidade internacional vem se mobilizando para fazer frente a esse desafio. Instituições internacionais como a OMS, o UNAIDS, o Fundo Global, a GAVI, o UNICEF, a Central Internacional para Compra de Medicamentos
  • 2. 2 (UNITAID), entre outras, bem como fundações privadas, buscam suprir a falta de recursos de certos países para o tratamento de doenças específicas. A UNITAID, por exemplo, se estabeleceu como mecanismo financeiro inovador, contribuindo significativamente para reduzir o preço dos medicamentos e para aumentar o acesso ao tratamento. Recentemente, estabeleceu o pool de patentes, que visa a aumentar a disponibilidade de antirretrovirais a preços baixos em países em desenvolvimento. Já o Fundo Global foi criado para aumentar exponencialmente os recursos na luta contra a AIDS, a malária e a tuberculose. Essas iniciativas mudaram definitivamente a maneira como lidamos com a questão do acesso e distribuição de medicamentos para as populações mais necessitadas. Todas essas iniciativas devem ser coerentes entre si e precisam estar alinhadas com as prioridades da saúde global. Se as necessidades imediatas e emergenciais de saúde dos recipiendários devem ser atendidas, a busca de soluções sustentáveis deve ser uma preocupação ampla. Ações de caráter emergencial devem integrar estrutura maior de desenvolvimento socioeconômico e saúde global. Na condição de fundador e contribuinte da UNITAID, o Brasil tem feito sua parte para que medicamentos vitais sejam mais acessíveis em países pobres. Recentemente, tomamos um passo que reforça o nosso compromisso com a iniciativa. A Presidenta Dilma Roussef sancionou em maio passado uma lei que nos autoriza o Brasil a efetuar doação anual, por tempo indeterminado, à Central Internacional, na proporção de US$ 2 por passageiro que embarque, em aeronave, no território brasileiro com destino ao exterior. Temos também um programa de fornecimento de antirretrovirais denominado Laços Sul-Sul, que busca atender a necessidades de um número limitado de países de menor desenvolvimento relativo. Quando solicitados, doamos, sempre que possível, medicamentos e vacinas dos nossos estoques no setor público. Precisamos incorporar a solidariedade entre os povos no discurso e na prática do acesso a medicamentos! A cooperação Sul-Sul pode contribuir para auxiliar países em desenvolvimento a buscar suas próprias soluções. Há amplo estoque de experiências que podem ser adaptadas a realidades dos países de renda baixa e média. Nós, Ministros da Saúde dos BRICS, devemos encorajar mais iniciativas de cooperação entre nós e com outros parceiros. O imperativo da saúde pública deve sempre preponderar sobre interesses comerciais. Questões relacionadas à propriedade intelectual também precisam ser enfrentadas. O regime de propriedade intelectual consagrado pelo Acordo TRIPS de 1994 parece ter beneficiado, sobretudo as companhias farmacêuticas detentoras de patentes, muitas delas estabelecidas nos países industrializados. Desde cedo, surgiram questionamentos, inclusive no âmbito da OMS, a respeito do impacto do Acordo TRIPS sobre o acesso aos medicamentos. O Brasil, assim como a África do Sul, foram protagonistas de conhecidos litígios jurídicos com as farmacêuticas, tendo ambos logrado afirmar seus direitos e sua interpretação do TRIPS, em benefício da saúde dos seus cidadãos. Há quase dez anos, foi aprovada a Declaração de Doha sobre TRIPS e Saúde Pública, graças ao engajamento de muitos de nós. Com ela, chegamos ao entendimento de que o Acordo TRIPS não impede e não deve impedir que os membros da OMC adotem medidas para proteger a saúde pública. Para o Brasil, a saúde é um direito humano. Respeitamos escrupulosamente os acordos que assinamos, e o TRIPS não é exceção. Mas em se tratando de saúde pública, temos o DEVER de explorar todas as flexibilidades permitidas naquele acordo. Para nós, a saúde vem em primeiro lugar! Para nós, as flexibilidades do Acordo TRIPS são um instrumento que pode ser utilizado para tornar financeiramente sustentável o nosso programa de HIV/AIDS. Este último oferece tratamento gratuito e universal
  • 3. 3 àqueles que precisam de tratamento. Para que o nosso programa continue a ser bem-sucedido, precisamos ter acesso a medicamentos a preços baixos. Tivemos oportunidade de discutir essas questões no mês passado durante a Reunião de Alto Nível sobre HIV/AIDS da Assembleia Geral das Nações Unidas. Devemos nos comprometer, no âmbito do BRICS, a implementar integralmente os acordos alcançados e refletidos na Declaração Política que emanou daquele evento. A propósito, quero aqui expressar o reconhecimento do Governo brasileiro à liderança do Dr. Michel Sidibé, que à frente do UNAIDS, tem envidado esforços incansáveis na luta contra o HIV/AIDS. No Brasil, o Ministério da Saúde também procura oferecer um amplo espectro de medicamentos essenciais à população brasileira. O Programa “Farmácia Popular” oferece 103 medicamentos ao preço simbólico de um real (cerca de 62 centavos de dólar). Nós expandimos recentemente este Programa para distribuir gratuitamente medicamentos contra diabetes e hipertensão. Esses medicamentos podem ser encontrados nas prateleiras de mais de cinquenta mil farmácias privadas que participam do Programa ou de outros estabelecimentos públicos. A saúde está relacionada com questões de ordem social, tecnológica e econômica. Para “produzir” saúde, devemos conceber as políticas do Ministério da Saúde levando em conta as realidades do setor produtivo – principalmente da indústria farmacêutica, dos produtos de equipamentos médicos, provedores de serviços médicos, assim como a capacidade de pesquisa e desenvolvimento da academia e da indústria. O Ministério da Saúde do Brasil conta com meios para estabelecer políticas para o setor produtivo. Podemos utilizar a capacidade de pagamento de nosso sistema nacional de saúde e induzir as políticas governamentais para alcançar nossos objetivos. Temos um orçamento para pesquisa e desenvolvimento. Procuramos encorajar a expansão da produção doméstica, para garantir a sustentabilidade de nosso sistema público de saúde. O Brasil está aberto à cooperação com empresas de outros países para atingir esses objetivos, por intermédio de uma relação mutuamente vantajosa. Meu país tem testemunhado o desenvolvimento extraordinário da indústria farmacêutica indiana e chinesa, as quais hoje são os maiores provedores de princípios ativos para a indústria brasileira. Queremos fortalecer esta relação, buscando aumentar a cooperação horizontal efetiva e desenvolver harmoniosamente as capacidades entre os setores farmacêuticos dos países do BRICS. Ao fazê-lo, poderemos também assumir papel preeminente na implementação da Estratégia Global sobre Saúde Pública, Inovação e Propriedade, aprovada pela Assembleia Mundial da Saúde em 2008. Medicamentos devem ser, também, seguros e eficazes, seja produzidos localmente ou comercializados internacionalmente. A certificação apropriada dos medicamentos tem por objetivo proteger a saúde humana. Tenho a satisfação de informar que a ANVISA, nossa autoridade de vigilância sanitária, que está ligada ao Ministério da Saúde, foi certificada pela OPAS. Esperamos que a certificação da OMS aconteça em breve. Os países do BRICS devem esforçar-se para alcançar altos padrões para as autoridades sanitárias. Devemos encorajar o diálogo e a cooperação entre nossas autoridades sanitárias para identificar melhores práticas, compartilhar conhecimentos e cooperar em geral. Podemos trabalhar em fina sintonia com vistas ao desenvolvimento do comércio de medicamentos entre nossos mercados. A OMS também tem importante papel a desempenhar nessa área, na medida em que pode contribuir para o fortalecimento institucional e para o esclarecimento do processo de certificação. Caros colegas,
  • 4. 4 O custo do tratamento é crescente, mobilizado pela demografia, pelo poder de compra e pelas novas tecnologias. Para lidar com custos em constante expansão, os sistemas nacionais de saúde devem ser capazes de avaliar e promover novos medicamentos, processos médicos e equipamentos que sejam adequados às necessidades de saúde. Esta é uma preocupação crescente do nosso Sistema Único de Saúde, o SUS. O Brasil sediou em junho último, no Rio de Janeiro, pela primeira vez na América Latina, a reunião anual da Associação Internacional de Avaliação de Tecnologias da Saúde (HTAi). Em nossa visão, o desafio principal é estimular o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à Atenção Básica em Saúde, área em que devemos oferecer equipamentos, serviços e diagnósticos. Na ocasião, assinalei que o acesso a novas tecnologias não deve restringir-se aos hospitais, devendo contemplar os locais onde o povo reside, vive e trabalha. Alguns exemplos desta ideia são os testes rápidos que são usados em programas para atender gestantes. Estamos desenvolvendo um kit diagnóstico para a AIDS que poderá apresentar resultados em 20 minutos a custo modesto (25 reais ou menos de 16 dólares). Estamos nos preparando para a Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU sobre a prevenção e o controle de doenças não-transmissíveis, no próximo mês de setembro. Estamos convencidos de que o encontro contribuirá decididamente para elevar a conscientização de todo o mundo sobre este desafio previsível e muito sério quanto ao nosso bem-estar geral. Endossamos as declarações do México e Moscou sobre as Doenças Não- Transmissíveis, e congratulamos os organizadores por realizarem estas importantes iniciativas. O crescimento das doenças não-transmissíveis em economias em desenvolvimento e emergentes tem não somente impacto humano como também, devido aos custos elevados, deverá criar carga significativa sobre a taxa de crescimento econômico. É tempo de começarmos a nos preparar e intercambiar experiências sobre como nos adaptarmos a um quadro de envelhecimento das nossas populações. O Brasil vive uma transição demográfica acelerada. Devido a melhorias nos padrões de vida, a população ainda está em crescimento, mas deverá estabilizar-se em breve e, mais à frente, começar a diminuir. Como outras sociedades, estamos nos planejando para um futuro não tão distante com demandas crescentes sobre os sistemas nacionais de saúde. Meus amigos, minhas amigas, A reforma e o futuro do financiamento da OMS, tema que a Dra. Margaret Chan vem dedicando atenção especial, é de suprema importância para a saúde global. Os BRICS precisam participar e monitorar de perto este processo, que deve ser transparente e inclusivo. A agenda da saúde internacional está se tornando cada vez mais densa e volumosa, o que traz consigo oportunidades e desafios. Por um lado, a comunidade internacional tem se dado conta da importância da saúde para o desenvolvimento e a paz entre as nações. Por outro, precisaremos nos coordenar cada vez mais. Ter presente os principais aspectos de saúde pública. Para evitar duplicações desnecessárias e garantir que todas as iniciativas mantenham o rumo adequado. A OMS deve ser fortalecida como a autoridade multilateral central em matéria de saúde global. A reforma deve ser dirigida pelos Estados membros e baseada no consenso. Deve ser um processo gradual, porque não podemos nos permitir erros!
  • 5. 5 O processo deve ser amplo e inclusivo, para buscar maior legitimidade e certificar que atenda às realidade da saúde global atual. A sociedade civil, os doadores privados, fundos internacionais e corporações são todas partes interessadas e devem ser ouvidas. No entanto, a regra de ouro é que o interesse público deve ter precedência. A OMS necessita priorizar os interesses coletivos sempre. Como afirmamos em Genebra, durante a última Assembleia Mundial da Saúde, a principal atividade da OMS é a promoção do direito à saúde. O fortalecimento dos sistemas de saúde, o acesso a medicamentos e a ação sobre os determinantes econômicos e sociais da saúde são prioridades de saúde pública e devem ser buscados em todos os níveis. A justiça social e a equidade no acesso à saúde devem estar incluídas na agenda da saúde global. Antes de nos capacitarmos a fazer avanços significativos na questão de financiamento, precisamos concordar sobre qual OMS desejamos, de que tamanho e com quais objetivos. Devemos começar a explorar imediatamente a questão de financiamento, uma vez que este tópico está diretamente associado ao processo de reforma. As duas vias devem progredir em harmonia. Senhoras e senhores, Quero referir-me, antes de concluir, à Conferência Mundial da OMS sobre Determinantes Sociais da Saúde, que o Brasil sediará no período de 19 a 21 de outubro próximo, no Rio de Janeiro. Este é o ponto culminante do processo iniciado em 2005 com o estabelecimento, pela OMS, de comissão incumbida de propor recomendações para reduzir as iniquidades em saúde. Vamos inserir a saúde em todas as políticas, reforçando a natureza intersetorial da produção da saúde em nossas sociedades. Acredito que a reunião do Rio nos permitirá que, juntos, unidos em propósito e missão, façamos contribuição histórica não somente à saúde pública como também a melhoria de nossas sociedades como um todo. Espero vê-los todos no Rio! Por fim, quero expressar o compromisso brasileiro em avançar nas questões relacionadas à saúde no âmbito do BRICS. Podemos certamente concentrar nossos esforços em matéria de transferência de tecnologia. O estabelecimento de um grupo de trabalho técnico para discutir propostas específicas, inclusive a criação de uma rede de cooperação tecnológica do BRICS é um passo importante na direção certa. Tenho certeza de que em breve nos reuniremos para que decisões importantes para o futuro deste mecanismo de cooperação sejam tomadas. A Declaração de Pequim, que iremos adotar hoje, constitui documento de importância singular. Ao agradecer mais uma vez os nossos anfitriões e colegas do BRICS, estejam certos de que o Brasil atribui a máxima importância à nossa cooperação em benefício não somente da saúde dos nossos povos, como também da saúde global. Muito obrigado.