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FACULDADES FACCAT
“Organização Educacional Artur Fernandes”
MERIÉLI TAMILES OLIVEIRA ALBERGARDI
CENTRO DE AGROTECNOLOGIA DO FRUTICULTOR DA NOVA
ALTA PAULISTA
Tupã - SP
2017
MERIÉLI TAMILES OLIVEIRA ALBERGARDI
CENTRO DE AGROTECNOLOGIA DO FRUTICULTOR DA NOVA
ALTA PAULISTA
Monografia apresentada ao curso de Arquitetura
e Urbanismo das Faculdades FACCAT, como
requisito parcial para o exame de qualificação e
obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e
Urbanismo.
Orientador: Prof.º Fernando Fernandes Garcia
Tupã - SP
2017
Catalogação na Publicação
Valentina T. Machado CRB-8/1822
Índice para catálogo sistemático. CDD – 22.ed.:
1. Agricultura: 630
2. Tecnologia: 600
3. Centro agrotecnológico - Arquitetura: 725.9
Albergardi, Meriéli Tamiles Oliveira
A288c Centro de agrotecnologia do fruticultor da nova Alta
Paulista / Meriéli Tamiles Oliveira Albergardi. - Tupã, 2017.
145f. : il., tabs.
Trabalho de Conclusão de Curso (T.G.I.) - Bacharelado
em Arquitetura e Urbanismo, Faculdades Faccat, Tupã,
2017.
Orientador: Prof. Fernando Fernandes Garcia.
Inclui bibliografia.
1. Agricultura. 2. Laboratório. 3. Drone. 4.
Conhecimento. 5. Criatividade. 6. Tecnologia. I. Título.
CDD: 725.9
Dedico este trabalho de graduação
interdisciplinar a quem me deu a vida e
quem sempre esteve ao meu lado
torcendo pelas minhas conquistas e
realizações dos meus ideais.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças, capacidade para
enfrentar as dificuldades, e iluminado meu caminho ao longo desta etapa. Serei
eternamente grata por todas as maravilhas que me foram proporcionadas para que pudesse
concluir a formação em arquitetura e urbanismo.
Meus agradecimentos ao meu orientador, Professor Arquiteto e Urbanista
Fernando Fernandes Garcia, por aceitar me orientar neste trabalho. Sou muito grata pelos
ensinamentos e orientações que a mim foram transmitidos, não só neste trabalho, mas por
todo o período de graduação em que sempre esteve disposto a me ajudar.
Ao meu pai Sergio, por ter me apresentado e incentivado a entrar nessa área
tão incrível da arquitetura, sempre me apoiando e acreditando em minha capacidade. E
pelos seus ensinamentos sobre construção, que proporcionou o enriquecimento de meu
aprendizado.
Minha gratidão a minha mãe Ester, por todo carinho e dedicação que sempre
teve comigo, pelos momentos em que esteve ao meu lado me apoiando, e pela
compreensão nos momentos em que a dedicação aos estudos foi exclusiva.
Ao meu irmão, Danilo, companheiro nas viagens até a faculdade, pelas
conversas e troca de ideias, e pela ajuda em vários momentos que precisei.
Ao meu namorado Welington Renan, por ter acompanhado, vivenciado e
compreendido as dificuldades deste trabalho, me apoiando e tornando alegre os
momentos mais difíceis. Obrigada por todas as dicas e sugestões, dos seus conhecimentos
de agricultura, durante a elaboração deste trabalho.
Meus agradecimentos aos meus amigos, em especial a Luciana Harumi, a
quem considero irmã por estar comigo desde o curso técnico, pelos momentos de alegria,
incentivo, companheirismo e pelo aprendizado. Obrigada por todas as dicas, sugestões e
ajuda para obter material de pesquisa no desenvolvimento deste trabalho.
Por fim, minha eterna gratidão aqueles que me forneceram material de
pesquisa e informações pertinentes, e a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram
para realização deste trabalho, e para minha graduação.
“Porque melhor é a sabedoria do que os
rubins; e de tudo o que se deseja nada se
pode comparar com ela.”
(Provérbios 8:11, ARC)
ALBERGARDI, M. T. O. Centro de agrotecnologia do fruticultor da Nova Alta
Paulista. Tupã, 2017. p. 145. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) –
Faculdades FACCAT.
RESUMO
A proposta projetual consiste na concepção de um Centro de Agrotecnologia do
Fruticultor da Nova Alta Paulista, no município de Tupã- SP, com base na preocupação
da manutenção alimentar para sobrevivência da sociedade, pela importância da
agricultura familiar, que vem sofrendo com as pragas e doenças, com a aplicação
imprecisa de fertilizantes e corretivos nas culturas, a baixa renda e a saída dos jovens do
campo. Com a entrevista realizada, ficou evidente que na região a fruticultura, é a que
precisa de maior assistência, por ter significativa produção, e ser uma alternativa para
evitar o êxodo, por isso o objetivo é levar conhecimento, com técnicas para estimular
inovação em invenções no campo, além de promover a agricultura de precisão obtida pelo
monitoramento com drones e análises científicas. O terreno foi escolhido pela facilidade
de acesso das cidades a edificação, e pelo entorno de equipamentos significativos, aliados
ao contraste do projeto com a paisagem rural, mas ao mesmo tempo em equilíbrio. A
proposta se baseia principalmente em disponibilizar auditório, oficina de invenções, salas
de agricultura de precisão com drones e laboratórios de análises. Desse modo a arquitetura
pode contribuir com inovação neste meio, diminuindo a penosidade e aumentando a
eficiência da agricultura familiar, com tecnologias que permitem produzir mais em
espaços menores com economia, reduzindo o desmatamento, favorecendo a exportação e
fornecendo alimentos seguros suficientes para a população brasileira.
Palavras-chave: Agricultura. Laboratório. Drone. Conhecimento. Criatividade.
Tecnologia.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1. Transporte do algodão colhido, em 1956 .................................................20
Ilustração 2. Mapa da Estância Turística de Tupã.........................................................22
Ilustração 3. Localização e composição da Região Nova Alta Paulista........................27
Ilustração 4. Os maiores produtores de frutas do mundo ..............................................32
Ilustração 5. As três culturas mais produzidas no estado de São Paulo, valores em
toneladas..........................................................................................................................34
Ilustração 6. Desafios para a fruticultura que podem ser transformados em oportunidades
.........................................................................................................................................37
Ilustração 7. População no campo e nas cidades de 1950 a 2010 .................................38
Ilustração 8. Invenções da mostra de máquinas, Bicicleta pulverizadora e Moedor de
pimenta............................................................................................................................42
Ilustração 9. Possibilidades de missões com RPA ........................................................47
Ilustração 10. Principais equipamentos de um drone ....................................................48
Ilustração 11. Drone eBee de asa fixa da marca SenseFly............................................50
Ilustração 12. Drone Strix-Ag de asa rotativa da marca SkyDrones.............................50
Ilustração 13. Drone Pelicano multirotor da marca SkyDrones ....................................51
Ilustração 14. Lançamento manual de drone com asa fixa............................................52
Ilustração 15. Comparativo da resolução de imagens captadas em RPA e Avião para
monitoramento de pragas................................................................................................53
Ilustração 16. Imagem de analise resultante da identificação de falhas de plantio .......54
Ilustração 17. Resultado de análises com mapas de NDVI e definição dos ambientes de
produção..........................................................................................................................55
Ilustração 18. Imagens do resultado de monitoramento de infestação de plantas daninha
e áreas de alagamento......................................................................................................55
Ilustração 19. Sala de processamento de dados da Embrapa Instrumentação...............56
Ilustração 20. Bancada com equipamentos para assistência técnica de drones.............57
Ilustração 21. Armários para organização de peças e equipamentos de drones em uma
assistência técnica ...........................................................................................................58
Ilustração 22. Capela de exaustão de bancada do GERELAB para processos químicos
.........................................................................................................................................60
Ilustração 23. Local no GERELAB do depósito temporário de resíduos......................61
Ilustração 24. Local no GERELAB onde são tratados e armazenados os resíduos.......61
Ilustração 25. Vista externa do laboratório de gerenciamento de resíduos GERELAB da
Embrapa ..........................................................................................................................62
Ilustração 26. Fachada do Complexo Agrícola do Cerrado ..........................................64
Ilustração 27. Planta do laboratório tipo do Complexo Agrícola do Cerrado ...............65
Ilustração 28. Fluxograma do Complexo Agrícola do Cerrado.....................................66
Ilustração 29. Implantação do Complexo Agrícola do Cerrado ....................................67
Ilustração 30. Planta baixa do Complexo Agrícola do Cerrado ....................................68
Ilustração 31. Perspectiva da área de laboratórios do Complexo Agrícola do Cerrado 68
Ilustração 32. Perspectiva da Fachada que leva ao campo experimental do Complexo
Agrícola do Cerrado........................................................................................................69
Ilustração 33. Detalhamento de sistema construtivo da cobertura do Complexo Agrícola
do Cerrado.......................................................................................................................70
Ilustração 34. Vista aérea da cobertura do Complexo Agrícola do Cerrado .................70
Ilustração 35. Perspectiva do interior do Complexo Agrícola do Cerrado....................71
Ilustração 36. Fachada frontal do Centro Heydar Aliyev..............................................71
Ilustração 37. Fachada do Centro Heydar Aliyev .........................................................72
Ilustração 38. Fachada do Centro Heydar Aliyev .........................................................72
Ilustração 39. Centro Heydar Aliyev.............................................................................72
Ilustração 40. Corte A-A do Centro Heydar Aliyev......................................................73
Ilustração 41. Centro Heydar Aliyev em construção.....................................................74
Ilustração 42. Implantação e Corte do Centro Heydar Aliyev ......................................75
Ilustração 43. Planta do 1º piso do Centro Heydar Aliyev............................................76
Ilustração 44. Interior do Auditório do Centro Heydar Aliyev .....................................77
Ilustração 45. Interior do Centro Heydar Aliyev...........................................................77
Ilustração 46. Vista aérea do Centro Internacional de Cultura e Artes Changsha Meixihu
.........................................................................................................................................78
Ilustração 47. Vista frontal do grande teatro do Centro Internacional de Cultura e Artes
Changsha Meixihu ..........................................................................................................79
Ilustração 48. Interior do grande teatro do Centro Internacional de Cultura e Artes
Changsha Meixihu ..........................................................................................................80
Ilustração 49. Átrio interno do Museu de arte do Centro Internacional de Cultura e Artes
Changsha Meixihu ..........................................................................................................81
Ilustração 50. Vista do Centro Internacional de Cultura e Artes Changsha Meixihu ...81
Ilustração 51. Vista aérea do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark...............82
Ilustração 52. Fachada do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark ...................83
Ilustração 53. Planta térrea do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark ............84
Ilustração 54. Interior e claraboia do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark..84
Ilustração 55. Vista da cobertura do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark ...85
Ilustração 56. Fachada noturna do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark......85
Ilustração 57. Sistema do Jardim Vertical Mamute.......................................................86
Ilustração 58. Esquema da irrigação do Jardim Vertical Mamute.................................87
Ilustração 59. Instalação do Jardim de Revestimento Vivo Modular 4L ......................88
Ilustração 60. Modulo do Jardim de Revestimento Vivo Modular 4L..........................88
Ilustração 61. Cisterna Pronta para captação de água da chuva ....................................89
Ilustração 62. Esquema de distribuição e captação da água da chuva com Cisterna Pronta
.........................................................................................................................................89
Ilustração 63. Blocos de Cimentos ................................................................................90
Ilustração 64. Concreto armado.....................................................................................91
Ilustração 65. Placas de Plástico Reforçado com Fibra de Vidro..................................92
Ilustração 66. Exemplo de aplicação do vidro verde escuro Emerald...........................93
Ilustração 67. Porcelanato líquido colorido em uma cozinha........................................94
Ilustração 68. Porcelanato líquido branco em sala/cozinha...........................................94
Ilustração 69. Jardins com iluminação LED no chão....................................................95
Ilustração 70. Fita LED .................................................................................................96
Ilustração 71. Revestimento Nuance Ondas..................................................................97
Ilustração 72. Divisória Sanitária Sanisystem Master...................................................97
Ilustração 73. Esquema de corte da instalação de um elevador hidráulico ...................99
Ilustração 74. Plataforma Elevatória ...........................................................................100
Ilustração 75. Esquema de criação da Logo ................................................................101
Ilustração 76. Logo do Centro de Agrotecnologia ......................................................101
Ilustração 77. Mapa de localização do estado de São Paulo no Brasil e do município de
Tupã no estado. .............................................................................................................102
Ilustração 78. Localização da área de intervenção ......................................................103
Ilustração 79. Vista do terreno da estrada de terra para a rodovia...............................103
Ilustração 80. Vista da estrada de terra para o cento do terreno..................................104
Ilustração 81. Vista da estrada de terra para o canto esquerdo do terreno ..................104
Ilustração 82. Vista da rodovia para a lateral do terreno.............................................104
Ilustração 83. Vista da Rotatória para a estrada que dá acesso ao terreno ..................105
Ilustração 84. Mapa ilustrativo do zoneamento da área do terreno.............................105
Ilustração 85. Dimensões do terreno escolhido...........................................................106
Ilustração 86. Topografia do terreno ...........................................................................107
Ilustração 87. Mapa ilustrativo do Sistema Viário ......................................................108
Ilustração 88. Mapa ilustrativo do Uso do Solo ..........................................................109
Ilustração 89. Primeiro Estudo da Volumetria ............................................................110
Ilustração 90. Desenho de estudo da Perspectiva da Fachada.....................................110
Ilustração 91. Organograma do projeto do Centro de Agrotecnologia........................115
Ilustração 92. Fluxograma do projeto do Centro de Agrotecnologia ..........................116
Ilustração 93. Esquema de instalação da cobertura de telhado verde..........................120
Ilustração 94. Esquema da estrutura da cobertura com Treliça Espacial ....................121
Ilustração 95. Esquema da estrutura curva e das claraboias de Malha Triangular em aço
.......................................................................................................................................121
Ilustração 96. Palmeira-sagu........................................................................................123
Ilustração 97. Palmeira-rabo-de-raposa.......................................................................124
Ilustração 98. Limoeiro................................................................................................125
Ilustração 99. Laranjeira..............................................................................................126
Ilustração 100. Macieira ..............................................................................................127
Ilustração 101. Bananeira ............................................................................................127
Ilustração 102. Coqueiro .............................................................................................128
Ilustração 103. Hibisco Branco ...................................................................................129
Ilustração 104. Aspargo...............................................................................................130
Ilustração 105. Mini Pacová........................................................................................130
Ilustração 106. Grama São Carlos...............................................................................131
Ilustração 107. Buxinho...............................................................................................132
Ilustração 108. Alamanda-de-cerca.............................................................................133
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Participação da agricultura familiar em 2006 - Total de estabelecimentos, Área
total e Valor bruto da produção.......................................................................................24
Gráfico 2. Projeções entre 2015 e 2025 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento para a produção das principais culturas no país.....................................33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Quantidade de Habitantes da Nova Alta Paulista (Dados de 2010)...............29
Tabela 2. Comparação da produção de frutas do Estado de São Paulo e da Nova Alta
Paulista do ano de 2005...................................................................................................35
Tabela 3. Programa de Necessidades...........................................................................112
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES.................................................................................................. 7
LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................ 13
LISTA DE TABELAS........................................................................................................... 14
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 15
1 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 19
1.1 Breve histórico do município de Tupã......................................................................19
1.2 Agricultura Familiar e seus aspectos.........................................................................23
1.2.1 Agricultura Familiar na região da Nova Alta Paulista...........................................26
1.2.2 A fruticultura e seus aspectos na região da Nova Alta Paulista.............................31
12.3 A importância do jovem na agricultura familiar.....................................................38
1.3 A Criatividade como método influenciador de interesses ........................................41
1.4 Agricultura de Precisão.............................................................................................43
1.4.1 Importância da agricultura de precisão para o Fruticultor familiar........................45
1.4.2 Drone RPA Agrícola..............................................................................................47
1.4.3 Laboratórios de Análise .........................................................................................58
2 PROPOSTA PROJETUAL.......................................................................................... 63
2.1 Projetos de Referência...............................................................................................63
2.2 Equipamentos e Materiais.........................................................................................86
2.3 Processo criativo da identidade visual ....................................................................100
2.4 Levantamento da área de intervenção.....................................................................101
2.5 Conceito Arquitetônico...........................................................................................109
2.6 Proposta projetual e partido arquitetônico ..............................................................110
2.7 Definição do programa de necessidades .................................................................112
2.8 Organograma...........................................................................................................115
2.9 Fluxograma .............................................................................................................116
2.10 Projeto Arquitetônico............................................................................................116
2.10.1 Memorial Justificativo .......................................................................................116
2.10.2 Memorial Descritivo ..........................................................................................118
2.10.2.1 Terreno............................................................................................................118
2.9.2.2 Fundações..........................................................................................................119
2.10.2.3 Alvenaria e Divisórias.....................................................................................119
2.10.2.4 Lajes e forros...................................................................................................119
2.10.2.5 Cobertura.........................................................................................................120
2.10.2.6 Estrutura Metálica...........................................................................................120
2.10.2.7 Revestimentos e Pintura..................................................................................121
2.10.2.8 Pisos ................................................................................................................122
2.10.2.9 Vidros..............................................................................................................122
2.10.2.10 Iluminação.....................................................................................................122
2.10.2.11 Paisagismo ....................................................................................................122
2.10.2.12 Elevador e Plataforma...................................................................................133
29.8 Corrimãos e guarda-corpos ...................................................................................133
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 134
REFERÊNCIAS..........................................................................................................136
15
INTRODUÇÃO
Este trabalho parte da convicção de que os agricultores familiares, são
fundamentais para o desenvolvimento e diversificação do agronegócio, e contribuem para
a sobrevivência da sociedade como um todo. Pois como afirma Borges e Santos (2012)
são esses produtores que fornecem alimentos que suprem necessidades básicas de
alimentação e geração de renda do país e tem, portanto, grande importância na economia
de todo o Brasil.
Apesar disso, o trabalho e a população rural contam com um êxodo crescente
desde a década de 1970 no Brasil, a última pesquisa de 2010, relata apenas 29,8 milhões
de habitantes no meio rural, que é quase a mesma quantia de pessoas no campo há mais
de meio século atrás, no ano de 1940 (ALVES et al., 2013, p. 34). Essa saída tem
motivação de vários fatores, entre os principais podem ser citados, a dificuldade em
estudar devido ao trabalho na agricultura, poucas tecnologias disponíveis, e as condições
inadequadas para conseguir renda a partir da terra (CASTRO et al., 2013, p. 20-23).
O projeto de pesquisa demonstra que na Nova Alta Paulista, há grande aptidão
para o agronegócio, com o domínio da agricultura familiar, que é composta por culturas
diversificadas e baseada na obtenção de lucro. Dentre as atividades, a fruticultura precisa
de maior assistência, por ser a quarta maior produção da região, estabelecida como
alternativa para evitar o êxodo nas cidades de baixo desenvolvimento, e pela economia
favorável. Além disso, o estado de São Paulo é um polo citrícola e o Brasil está em
terceiro lugar na produção mundial de frutas.
Um grave problema enfrentado na fruticultura dessa região, são as pragas e
doenças que se desenvolvem, evoluem e ficam resistentes com o passar do tempo,
provocando prejuízos. Na maioria das propriedades a aplicação de fertilizantes e
corretivos nas culturas é imprecisa e gera falhas, pela falta de planejamento. É necessária
a difusão da tecnologia, com soluções e informação quanto as técnicas existentes para
aprimoramento da produção como um todo.
Para pesquisas e apoio com consultorias, existem algumas parcerias próximas
como a UNESP, a APTA situada em Adamantina, dentre outras que auxiliam na melhoria
da produção. Mas os agricultores familiares da Nova Alta Paulista não possuem o
conhecimento ou o costume de buscar essas informações, geralmente aprendem apenas
em reuniões ou palestras de empresas de divulgação, ou por iniciativa da CATI
(Coordenadoria de Assistência Técnica Integral). A solução para acesso a esses dados,
16
seria reunir todas as instruções desenvolvidas para mostrar ao pequeno produtor no caso
específico da sua propriedade o que deve ser feito.
O que a maioria dos agricultores familiares da região utilizam como único
método para mapear a variabilidade da terra e das plantas, é a análise química de solo e
de tecidos vegetais, com o envio de amostras para os poucos laboratórios próximos
existentes. E as vezes há atrasos dos resultados devido à grande demanda de serviços, o
que atrapalha na antecedência para aplicar as correções que forem necessárias na cultura.
Pouca disponibilidade de recursos materiais e financeiros são os maiores
problemas do pequeno produtor, e a utilização de crédito ou empréstimos em bancos para
viabilizar essa deficiência não são eficazes. Garcias (2014, p. 86) afirma em seu estudo
que para o agricultor familiar, a atual política de crédito rural adotada, o Pronaf, não
possui efeito na produtividade da terra e do trabalho, por isso recomenda que além da
liberação dos recursos, haja também assistência técnica para que os produtores saibam
utilizar de forma eficiente esse dinheiro.
É com conhecimento e tecnologias que pode ser ampliado o rendimento e o
interesse do agricultor familiar em investir na fruticultura, assim a melhoria na qualidade
de vida e de trabalho motiva os jovens a permanecerem no campo. Se não houver
mudanças, a consequência será a falta de produtos necessários para a alimentação no país.
A solução para aumentar a produtividade e otimizar os gastos do produtor,
está na Agricultura de Precisão (AP) que mapeia e gerenciar os cultivos, monitorando a
infestação de ervas daninhas, doenças e pragas (MOLIN, 2009, p. 81-82). Como uma
opção viável a agricultura familiar, os Drones, ou Aeronaves Remotamente Pilotadas
(RPA), podem fazer essa análise completa na propriedade, e são viáveis quando utilizados
como um serviço terceirizado ou compartilhado, com acompanhamento de um técnico
preparado (MOURA, 2017, p. 1).
Com os dados coletados, por RPA, de cada particularidade e correção a ser
feita na cultura, é necessário realizar em laboratórios, análises foliar, de solo e de semente
para conhecer a fertilidade da terra, verificar as deficiências e selecionar apenas as
melhores sementes para a plantação. E com a assistência de um profissional especializado
para entregar mapas e relatórios das correções e técnicas a serem aplicadas,
acompanhando a evolução da lavoura, o agricultor, consequentemente obterá redução de
custos, produtividade e qualidade das frutas, com vantagens também aos consumidores.
Incentivar a população rural a permanecer na agricultura, com todos as
dificuldades existentes ao produtor não é uma tarefa fácil, é preciso pensar em uma
17
solução que desenvolva o interesse principalmente dos jovens. Bruno-Faria (2000, apud
LIMA, 2003, p. 111-142), afirma que a criatividade no ambiente de trabalho é essencial,
pois torna possível a produção de inovação que resulta em ganhos para a organização e a
sociedade.
Dentro da própria propriedade muitos agricultores, com poucos recursos
criam alternativas de equipamentos e máquinas próprias. Em diversos eventos e feiras
pelo pais, há mostras e concursos destinados a esse inventor rural, reafirmando a
importância da criatividade nesse setor. Com isso o interesse dos jovens pode ser
estimulado ao desenvolver invenções e adaptações, para o plantio, colheita, pós-colheita
e implementos, como forma de possuir soluções baratas e possíveis, que os auxiliem nas
práticas quotidianas, produzindo com menor esforço físico, para obter melhores
rendimentos nas atividades agrícolas.
É possível avaliar então a necessidade de um local fixo que possa ser utilizado
frequentemente pelos agricultores familiares, com técnicas que facilitem e estimulem a
inventividade. Como um ambiente que forneça palestras e workshops com a exposição e
explicação do desenvolvimento de alguns inventos de sucesso aplicados, além de gerar
novas ideias por dinâmicas em grupo, incentivando e possibilitando o produtor a utilizar
da criatividade para criar novas máquinas e implementos facilitadores do campo. O que
também proporciona a comercialização dos direitos de cada inovação para as empresas
fabricantes interessadas, de onde podem surgir tecnologias e equipamentos, com
produção em escala, que atendam essa parcela importante da população.
Pensando em todos esses aspectos, a proposta projetual visa a implantação de
um Centro de Agrotecnologia do Fruticultor da Nova Alta Paulista na cidade de Tupã,
para levar conhecimento, com atividades técnicas que estimulam a criatividade de novos
métodos no campo, além de promover uma produção precisa com dados obtido pelo
geoprocessamento do monitoramento de drones e laboratórios de análises a todos os
agricultores familiares que desenvolvem a atividade da fruticultura na região da Nova
Alta Paulista.
Na implantação do Centro, foi pensado na facilidade do acesso de todas as
cidades da região da Nova Alta Paulista, e Tupã- SP foi escolhida pela forte ligação com
a agricultura. Segundo Pereira e Lourenzani (2014, p. 233 - 234) esta cidade está
localizada na região centro-oeste do Estado de São Paulo denominada Alta Paulista. O
município possui um grande número de pequenos produtores, e conta com três
18
cooperativas rurais de abrangência regional, dois sindicatos ligados ao setor e duas
associações formalizadas.
Com a intervenção em um terreno localizado a beira da Rodovia Comandante
João Ribeiro de Barros SP-294, junto a rotatória Ramon Barrionuevo, com frente para a
estrada de terra TUP – 346, pretende-se que a edificação proporcione a melhoria das
condições econômicas, de desempenho e conhecimento do agricultor familiar produtor
de frutas na região. Através do fornecimento de serviços de qualidade e baixo custo para
o monitoramento por drones com análises e pesquisas detalhadas e relatadas por
profissionais capacitados que determinem as correções nos locais necessários com
aplicação otimizada de insumos para o desenvolvimento e maior produtividade das
culturas. Com um auditório para palestras e workshops. E para minimizar algumas das
causas do êxodo rural, uma oficina de invenções auxilia no estimulo da criatividade dos
jovens. Dessa forma, como consequência, é evitada a extinção dos alimentos seguros e
nutritivos que promovam a saúde e o bem-estar, e haverá o desenvolvimento da
agricultura familiar na produção de frutas da Nova Alta Paulista.
Inicialmente, para que o trabalho fosse direcionado exatamente as
necessidades da região, foi realizada uma entrevista, com o engenheiro agrônomo
responsável pelo Escritório de Defesa Agropecuária de Tupã, que pode responder as
questões pertinentes quanto ao tipo de agricultura e sua realidade atual na Nova Alta
Paulista. A partir daí se desenvolveu o foco da pesquisa.
Para compreensão do assunto, a sequência da revisão da literatura descreve
nos primeiros subcapítulos a problematização deste trabalho, com apresentação de um
breve histórico do município de Tupã, além do destaque da importância e dos aspectos da
agricultura familiar e da fruticultura no país e na Nova Alta Paulista, descrevendo a
relevância dos jovens para esta atividade do campo. Posteriormente a pesquisa aborda as
soluções que podem ser aplicadas para os problemas relatados, com a aplicação de
métodos de criatividade e da Agricultura de Precisão e sua importância, bem como o uso
de drones nas análises e pulverização de propriedades como uma forma viável. E por
último, o segundo capítulo, diz respeito as pesquisas de referências arquitetônicas e de
estruturas semelhantes necessárias a compreensão do programa de necessidades, bem
como os estudos preliminares e outras definições da proposta projetual deste trabalho.
19
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 Breve histórico do município de Tupã
A cidade de Tupã, cujo nome significa “Deus do Trovão ou Espírito Bom”,
representa uma homenagem aos índios que foram seus primeiros habitantes, numa terra
que era como um Sertão desconhecido. Foi fundada em 12 de outubro de 1929 por Luiz
de Souza Leão, empreendedor de origem pernambucana que previa a necessidade da
existência de um centro-chave entre as regiões Noroeste e Sorocabana do estado de São
Paulo (TUPÃ, [2015]a, p. 1).
O município fica na Alta Paulista, no oeste de São Paulo, região anteriormente
habitada pelos índios da tribo Kaingang. No início nenhuma das propriedades rurais
possuíam benfeitorias e a agricultura era de subsistência, mas com o aumento da produção
e a ampliação dos meios de transporte, devido a criação de novas estradas, houve a
expansão do comércio (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 54).
Surgiu, portanto, como uma visão empreendedora para as regiões que a
cercavam no estado de São Paulo, foi habitada pelos índios e teve desde o início a
predominância da agricultura familiar.
Foi com o cultivo do café, que a cidade se desenvolveu economicamente.
Devido a construção de uma rede de estadas de ferro, que possibilitou o deslocamento
desse tipo de cultura cada vez mais para o oeste, houve rápido crescimento da produção
cafeeira a partir de 1880, e São Paulo ultrapassou o plantio do Rio de Janeiro e do Vale
do Paraíba. Uma crise fez com que a produção de café fosse proibida em 1931 pelo
Presidente Getúlio Vargas, e foi liberada só em 1936, quando Luiz de Souza Leão em
Tupã já tinha previsto e preparado as terras e plantou 200 mil mudas, o que somado a
plantação da região tornou o município o terceiro produtor do Estado (MONTES;
MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 185-186).
De culturas diversificadas, sempre havia alguma produção de destaque:
“Além do café, algodão e amendoim, já na década de 1950, o município de Tupã foi
classificado como o 10º produtor de arroz do Estado; plantava cana para forragem,
amoreira que servia para a sericicultura, mamona e feijão” (MONTES; MORENO;
NAKAYAMA, 2012, p. 191).
20
Neste cenário, devido aos destaques em diversas culturas, Tupã sempre teve
a economia baseada na agricultura o que proporcionou seu desenvolvimento ao longo dos
anos.
Ilustração 1. Transporte do algodão colhido, em 1956
Fonte: (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 188)
Com o objetivo de desenvolver a agricultura, foram criadas organizações para
orientação e proteção aos agricultores (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p.
237-238).
Em 1948, por iniciativa do Prefeito Municipal Alonso Carvalho Braga, foi
criado a Casa do Pequeno Lavrador. [...] Incentivando e proporcionando
recursos para o melhor desempenho do homem no campo, a instituição tinha,
como objetivo primordial, oferecer apoio a classe agrária, informando sobre
novas tecnologias [...] Somente em 1997, Tupã passa a ter o Escritório de
Desenvolvimento Rural – EDR [...] Em 2012, [...] foi também instalado o
Escritório de Defesa Agropecuária – EDA, órgão que trabalha na defesa de
plantações contra pragas ou no combate às doenças que ameaçam o gado, como
a aftosa [...] (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 193-196)
Todas essas organizações e escritórios desenvolvidos auxiliaram, e ajudam
até hoje, de maneira significativa a produção dos agricultores, com a ampliação da renda
e melhores condições de apoio.
É importante destacar os problemas com o solo de Tupã, que ocorrem devido
a sua composição predominantemente arenosa, formado a partir da decomposição de
21
arenitos de Bauru, o que provoca erosão em sulcos, e facilmente destrói partes de
propriedades agrícolas. Além disso os poucos hectares de vegetação que restam estão
degradados, como resultado da retirada por muito tempo de espécies para uso na
marcenaria, carpintaria ou melhoramentos em propriedades rurais, o que destrói a
natureza e causa danos irreparáveis (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 66).
Todo o desmatamento, apesar de ter prejudicado a cidade, não impediu o
progresso agrícola das propriedades rurais.
Além disso, algumas terras adquiridas próximas ao perímetro de Tupã, foram
incluídas como distritos da cidade, como mostra a Ilustração 2, compondo uma ampla
área diversificada.
O DISTRITO DE TUPÃ foi criado junto ao município de Glicério, através do
decreto estadual nº 6.720 de 02.10.1934. Pelo Decreto Estadual nº 9.775 de
30.11.1938, foi criado o MUNICÍPIO DE TUPÃ, sua instalação ocorreu em
01.01.1939. Atualmente, integram-no 03 (três) Distritos: PARNASO, VARPA
E UNIVERSO (TUPÃ, [2015]b, p. 1).
Devido a riqueza histórica que é preservada na cidade e em seus distritos, o
município foi declarado Estância Turística pelo Governo Estadual em 2003. Como
exemplos de estabelecimentos mais conservados, é possível destacar a residência do
fundador da cidade, denominada Solar Luiz de Souza Leão, que atualmente é aberto a
visitações, e o Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre, com grande acervo indígena
que funciona desde 1966 (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 419-441).
Por todas essas condições favoráveis a receber turistas, a estância é
constantemente visitada por aqueles que desejam conhecer sua história, o que faz gerar o
comércio como um todo.
22
Ilustração 2. Mapa da Estância Turística de Tupã
Fonte: (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 69)
Segundo o último Censo (IBGE, 2010), o município possui uma população
de 60.930 habitantes na área urbana e 2.546 na área rural. Destes se constitui em 1.114
Unidades de Produção Agropecuária (UPA) (SÃO PAULO, 2008). E de acordo com
Pereira e Lourenzani (2014, p. 233): “[...] 986 UPAS são menores ou iguais a 4 módulos
fiscais, o que caracteriza o município com um grande número de pequenos produtores”.
Atualmente os produtores rurais são membros de algumas organizações que
auxiliam o desenvolvimento agrícola da região, segundo Pereira e Lourenzani (2014, p.
234):
O município conta com três cooperativas de produtores rurais de abrangência
regional: a CAMAP (Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista) que tem
como foco a produção, secagem e armazenagem de amendoim, a COPLAP
(Cooperativa dos Produtores de Leite da Alta Paulista)[...] e a CERT
(Cooperativa de eletrificação rural de Tupã) que fornece energia elétrica aos
produtores associados. O município possui também dois sindicatos ligados ao
setor rural: o Sindicato Rural patronal e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Tupã. Conta ainda com duas associações formalizadas: a Associação dos
Bananicultores de Tupã e a Associação dos Produtores de Leite de Tupã [...]
23
Todas essas cooperativas, associações e sindicatos, fornecem infraestrutura
mínima e auxiliam os agricultores a ampliar o lucro sobre as produções. Pois desde a
fundação a agricultura está relacionada ao município de Tupã.
A economia do município baseia-se no comércio forte, agricultura e pecuária.
Tupã é o maior produtor de amendoim do Estado e um dos maiores do Brasil.
A fotografia de eventos e formaturas é outro destaque, com mais de 50
empresas e 5 mil empregos diretos, conferindo a Tupã o título estadual de Polo
Regional da Fotografia de Formatura. A indústria moveleira é outro ramo que
cresce a cada dia (TUPÃ, [2015]a, p. 1).
Mesmo com a relevância da agricultura para a cidade, ainda falta muita
assistência para melhorar as culturas e alavancar a economia, que hoje se destaca
predominantemente com o amendoim. Falta o apoio as pequenas propriedades que cada
vez mais vem se extinguindo em Tupã, pela falta de organização das associações que não
se empenham para dar continuidade no trabalho, que possibilita o lucro mais vantajoso
aos produtores.
1.2 Agricultura Familiar e seus aspectos
Conforme a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, ficou definido como
agricultor e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural,
atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: não detenha, a qualquer título, área
maior do que quatro (4) módulos fiscais; utilize predominantemente mão de obra da
própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas
ao próprio empreendimento; e dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua
família (IBGE, 2006, p.15).
Ao compreender que um agricultor familiar produz em pequenas
propriedades, podendo trabalhar com diversas culturas, é preciso conhecer a relevância
desse tipo de atividade na economia do pais.
De acordo com estudos realizados sobre o último censo, o Produto Interno
Bruto (PIB) do Agronegócio no ano de 2004 representava 29,90% do total na economia
do Brasil. Somente a agricultura familiar contribuiu com 9,60% do PIB total
(GUILHOTO et al., 2007, p. 88-90).
24
O PIB da agricultura familiar, demonstra sua crescente participação no
desenvolvimento do país. Quase um terço do agronegócio brasileiro, pode parecer pouco,
mas é uma evolução relevante, visto que é composto apenas por produções em pequena
escala.
Como estimativa recente, é preciso avaliar os resultados do seminário de
Perspectivas para o Agribusiness em 2017 e 2018, que relata um crescimento na
agropecuária brasileira de 15,2% no primeiro trimestre do ano de 2017 em relação ao
mesmo período em 2016, com destaque para o forte crescimento da produção de grãos.
No atual cenário da crise nacional, foi a agropecuária que teve a maior responsabilidade
pelo crescimento na economia brasileira, o que confirma sua importância para o país
(GLOBO RURAL, 2017, p.1).
Gráfico 1. Participação da agricultura familiar em 2006 - Total de estabelecimentos, Área
total e Valor bruto da produção.
Fonte: (PINTO et al., 2012, p. 135)
Como apresentado no Gráfico 1, a participação da agricultura familiar é
significativa, representando a maioria dos estabelecimentos rurais, e que apesar de ocupar
25
a menor parte da área total dos estabelecimentos agropecuários é responsável por 38% do
Valor Bruto da Produção. O que se traduz em um Valor Bruto da Produção de R$ 677
por hectare, que é 89% superior ao gerado pela agricultura não familiar de R$ 358/ha
(PINTO et al., 2012, p. 135).
Os números relatados, fortalecem a ideia de que a agricultura é essencial para
o Brasil. E além disso, os pequenos produtores se sobressaem em alguns aspectos e
também merecem atenção.
A agricultura familiar é responsável pelo fornecimento de algumas culturas
para a alimentação da população brasileira, dentre as quais se destacam: mandioca (87%),
feijão (70%), milho (46%), café (38%), arroz (34%), trigo (21%) e soja (16%); além de
fornecer também proteína animal, como leite (58%), aves (50%), suínos (59%) e bovinos
(30%) (IBGE, 2006, p. 20).
Baseado nesses dados e pelo debate sobre desenvolvimento sustentável,
geração de renda e manutenção dos empregos no campo, segurança alimentar
e desenvolvimento local, a agricultura familiar vem ocupando lugar de
destaque na discussão sobre o desenvolvimento brasileiro [...] (PINTO et al.,
2012, p. 136).
Em busca da melhoria de renda, os agricultores familiares, para não correr
riscos, pela dependência de uma única cultura e forma de sobrevivência, buscam novas
alternativas, que em sua maioria são compostas por atividades características como: a
pluriatividade, culturas rotativas e culturas diversificas.
Conforme é relatado por Feltre e Bacha (2009, p. 2), o termo pluriatividade
representa as atividades no meio rural ou urbano, que os membros da família residentes
no campo passam a exercer, sendo pluriativas as famílias que possuem pelo menos uma
pessoa trabalhando em outro ramo que não seja a agropecuária. Esta característica está
presente na agricultura familiar e vem se expandindo, com o objetivo de ampliar ou
complementar a renda, garantindo o sustento da família e proporcionando a permanência
no meio rural (PINTO et al., 2012, p. 136). Neste caso, são amplas as possibilidades para
a melhoria da situação do produtor.
Na utilização da mão-de-obra da agropecuária, no caso exemplo da
introdução de uma monocultura ou um sistema tecnológico no decorrer do ano, se tem
necessidades variáveis, o que desequilibra a real demandada, com a sub-ocupação ou
desocupação e a redução da produtividade média de trabalho disponível na unidade
familiar. Por isso se torna importante utilizar técnicas no campo que combinam culturas
26
sob a forma de rotação em conjunto com a disponibilidade de força de trabalho familiar
(PINTO, apud SILVA, 1998, p. 136).
São as culturas rotativas, que mantem em equilíbrio a disponibilidade de mão
de obra, o que permite a produtividade e a renda dos agricultores familiares.
E a outra alternativa de renda, muito utilizada pelos pequenos produtores é a
diversificação agrícola. Que com outras atividades, como horticultura, fruticultura e
criações, seja para a comercialização ou para o consumo de sua família, o agricultor terá
alternativa de renda mensal e subsistência (SAMBUICHI, 2016, p. 1-2).
Tais constatações demonstram que o agricultor familiar, está em busca de
aperfeiçoar suas condições de trabalho e lucro, mas somente estratégias de diferentes
atividades não são totalmente eficazes. É preciso utilizar de técnicas para combater os
problemas existentes em cada cultura, com tecnologias e novos conhecimentos que
agreguem valor e gerem produtividade.
Para auxiliar na orientação sobre a utilização adequada da terra e dos recursos
tecnológicos em todas as atividades agrícolas é necessário que haja assistência técnica
eficiente. A partir disto, o sistema cooperativo e as associações de produtores são
importantes para potencializar os recursos regionais da ampla diversidade de produtos
agrícolas, característicos da agricultura familiar (PINTO et al., 2012, p. 137).
Diante do exposto, a agricultura familiar se encontra atualmente em
constantes mudanças, possui grande capacidade de diversificação da economia, e é
importante tanto para a sobrevivência das famílias produtoras quanto para os
consumidores das culturas, abrangendo a população como um todo. Mas apesar de sua
relevância, falta assistência adequada e tecnologias a serem implantadas para ampliar o
interesse da população em investir nesse segmento.
1.2.1 Agricultura Familiar na região da Nova Alta Paulista
A Nova Alta Paulista, localizada a noroeste do estado de São Paulo, foi
considerada como uma das regiões mais prósperas do Brasil nos anos de 1950, e
recentemente, passou a uma das regiões mais carentes do estado. Fato confirmado ao
observar que dos 100 municípios com menores Índices de Desenvolvimento Humano –
IDH paulista, 12 encontram-se nesta região (PINTO et al., 2012, p. 132).
27
Para entender a denominação da região de “Nova” Alta Paulista é preciso
considerar sua colonização posterior, à da Alta Paulista, que era composta pela região de
Marília. Enquanto essa foi colonizada por volta de 1910 a 1920, a Nova Alta Paulista
passou a receber intenso fluxo migratório a partir de 1930 (GIL, 2008, p. 76).
[...] composta por 30 municípios, foi uma das últimas regiões a ser ocupada no
estado de São Paulo e passou por intensas mudanças, sobretudo nos últimos 60
anos, como consequência das crises cafeeira, do algodão, etc., que leva até hoje
à construção de diferentes estratégias produtivas e de inserção nos mercados,
por parte dos agricultores, grandes responsáveis pela economia regional [...]
(PINTO et al., 2012, p. 137).
Com isso, observa-se que a região demarcada no mapa da Ilustração 3, já foi
muito importante para o pais, e tem chances de voltar a ser relevante, desde que a
agricultura, principal economia regional, busque melhorias de todos os aspectos na
produção.
Ilustração 3. Localização e composição da Região Nova Alta Paulista
Fonte: (PINTO et al., 2012, p. 138)
Nesta região até hoje há aptidão para o agronegócio, devido a gestão dos
municípios e capacidades de clima e solo, além das influências culturais e das políticas
28
macroeconômicas e setoriais. No entanto, o desenvolvimento das cadeias produtivas
agroindustriais na região é bastante heterogêneo (PINTO et al., 2012, p. 132).
A região, que surgiu em virtude do progresso do café e chegou a ser uma das
mais prósperas do país, após o encerramento do ciclo de riquezas dessa cultura
sofreu um longo período de transformação e adaptação para a agropecuária. O
gado, o algodão e o amendoim passaram a ser a nova moeda forte da região. O
trem, a industrialização da carne, do amendoim e do algodão acabariam por
delinear o progresso da cidade, ligando-a às regiões Noroeste, Sorocabana,
norte do Paraná e Mato Grosso. (PINTO et al., 2012, p. 138).
Mesmo com a expressiva produção de amendoim e algodão da região, ainda
há no campo pessoas mais pobres e que buscam o sustento da família, e tem a produção
muitas vezes prejudicada pelas variáveis ambientais e problemas adversos.
É a agricultura familiar que domina atualmente a região da Nova Alta
Paulista, com culturas rotativas ou diversificadas, o produtor planta o que acha que poderá
obter maior lucro no momento, com destaque para a fruticultura, que necessita de maior
assistência devido aos poucos investimentos do governo e sua baixa rentabilidade
(informação verbal)1
.
A desigualdade de oportunidades no decorrer da história comprometeu o
desenvolvimento da região como um todo, devido a fatores sociais, econômicos, políticos
e ambientais. No período entre 1970 e 2006, a população da região da Nova Alta Paulista
aumentou. Entretanto, moradores das menores cidades tem migrado para outras regiões e
também para as cidades “pólos” da região (PINTO et al., 2012, p. 139).
Em relação ao envolvimento da família na atividade rural na região, a
sucessão está comprometida visto que muitos jovens já deixaram o campo. O motivo é a
baixa remuneração, porque como a produção requer muita mão-de-obra, há dificuldades
de ampliar novas atividades que possam aumentar a geração de renda. Assim muitos
produtores já entrando na terceira idade, enfrentam dificuldades na realização das tarefas
agrícolas, e não tem a ajuda dos filhos que não se envolvem, seja pela ausência na
propriedade ou por desenvolverem outras atividades fora do meio rural (PINTO et al.,
2010, p. 3).
E é essa cultura de apostas no maior lucro que faz a agricultura diversificada
da Nova Alta Paulista, mas de certa maneira, isto pode prejudicar o produtor, que fica
__________________________
1
Notícia fornecida por José Carlos Tolentino Prado, engenheiro agrônomo do Escritório de Defesa
Agropecuária de Tupã, em uma entrevista realizada, em Osvaldo Cruz, em junho de 2017.
29
exposto as variáveis de mercado, correndo o risco de perder tudo, por exemplo. O que
demonstra o despreparo dos mesmos, pois o foco deveria ser primeiramente na melhoria
da produção que já possuem e no beneficiamento como outra oportunidade. Com isto e a
baixa rentabilidade do produtor, é que ocorre a migração para outros lugares, como forma
de buscar melhores condições.
Para compreender a quantidade geral de habitantes de cada cidade na região,
é preciso observar os dados da Tabela 1, que apresenta o total aproximado dos municípios,
de acordo com o último Censo oficial realizado pelo IBGE.
Tabela 1. Quantidade de Habitantes da Nova Alta Paulista (Dados de 2010)
Municípios
Até
5.000
Até
10.000
Até
15.000
Até
20.000
Até
25.000
Mais
de
25.000
Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia
Paulista, Mariápolis, Monte
Castelo, Nova Guataporanga,
Pracinha, Queiroz, Sagres,
Salmourão, Santa Mercedes, São
João do Pau D’ Alho.
12
Mun.
35.276
Hab.
Herculândia, Iacri, Irapuru, Ouro
Verde, Paulicéia, Rinópolis.
6
Mun.
46.978
Hab.
Florida Paulista, Pacaembu,
Panorama, Parapuã, Tupi Paulista.
5
Mun.
65.770
Hab.
Junqueirópolis, Lucélia.
2
Mun.
38.608
Hab.
Bastos.
1
Mun.
20.445
Hab.
Adamantina, Dracena, Osvaldo
Cruz, Tupã.
4
Mun.
171.44
8 Hab.
Fonte: Censo IBGE 2010
Para fortalecer a autonomia dos municípios e unir forças com as cidades da
Nova Alta Paulista, foi criada em 1977, a AMNAP, sigla de Associação de Municípios
da Nova Alta Paulista (AMNAP, 2017, p. 1).
30
[...] a região representa 3,4% da área, 0,9% da população, 0,83% do PIB do
estado de São Paulo. Entretanto, a região mostra-se carente em organização e
coordenação dos arranjos produtivos agroindustriais. Essa deficiência
demandou a criação do Programa de Desenvolvimento Regional por iniciativa
da AMNAP. O programa orienta-se pelas ações que privilegiem os
empreendimentos e produtos que proporcionem maior geração de emprego e
renda, e mantenham a atual estrutura de produção em pequenas e médias
propriedades. Um dos principais pilares deste programa é a implantação do
Pólo Regional de Fruticultura Tropical (PINTO et al., 2012, p. 139).
Uma das estratégias da AMNAP, foi duplicar a Rodovia Comandante João
Ribeiro de Barros, SP-294 (GIL, 2008, p. 75). Esta via é a principal ligação entre a região
e as cidades de São Paulo, Marilia, Presidente Prudente e ao Estado de Mato Grosso do
Sul, e localizam-se às margens dela diversas cidades da Nova Alta Paulista (ROMA,
2012, p. 238). Pode ser considerada portanto, um dos principais acessos ás cidades dessa
região.
Somente as ações promovidas pela AMNAP não são suficientes para auxiliar
no desenvolvimento da agricultura familiar regional. É necessário a difusão da tecnologia,
com soluções e informação quanto as técnicas existentes para aprimoramento da
produção como um todo. Para isso, existem algumas parcerias relevantes na região que
auxiliam com pesquisa e consultorias (apoio técnico e de formação) fundamentais aos
trabalhadores do campo, tais como:
[...] UNESP (Ilha Solteira) que contribui estudos sobre adoção de técnicas de
manejo como irrigação e sistemas de condução das plantas e sobre a
competitividade da atividade a região; UNESP (Botucatu) que contribui com
pesquisa de produtos e subprodutos da acerola; UNESP (Tupã) que contribui
com capacitação gerencial de produtores familiares; SEBRAE, em parceria
com Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF) com o Projeto “Fruta Paulista”,
cujo objetivo é proporcionar aos produtores capacitação em Boas Práticas
Agrícolas e marketing; Organização Internacional Agropecuária (OIA –
Brasil) com orientação sobre certificação GLOBALGAP. As parcerias locais
também merecem destaque como a prefeitura municipal de Junqueirópolis com
apoio na produção de mudas, no processo de certificação e na infra-estrutura e
custeio de energia elétrica da associação de produtores e a CATI que contribui
principalmente no suporte técnico à produção (PINTO et al., 2012, p. 146-
147).
Para fornecer assistência na região há a Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios (APTA), que possui um Polo Regional Alta Paulista, localizado em
Adamantina, e tem como missão:
31
Gerar, adaptar e transferir conhecimentos e tecnologias sustentáveis para a
agropecuária, atendendo as cadeias de produção e os segmentos sócio-
econômicos relevantes nas suas áreas de abrangência, incluindo também, a
finalidade de articular o atendimento da demanda de serviços e de insumos
estratégicos para o desenvolvimento regional (APTA, 2014, p. 1).
Estas parcerias propiciam apenas estudos, consultorias e capacitação na área,
mas os agricultores familiares da região não possuem o conhecimento ou o costume de
buscar essas informações para auxílio e melhorias em sua produção, geralmente recebem
esse tipo de informação apenas em reuniões ou em palestras de empresas de divulgação,
ou por iniciativa da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) que costuma
convidar os agricultores para os eventos instrutivos. Por isso, com a baixo instrução dos
produtores que prejudica essa assimilação de informações, é relevante que todas essas
pesquisas elaboradas possam ser reunidas para mostrar, no caso específico da propriedade
estudada, o resultado do que deve ser feito em cada cultura.
Outro ponto que pode ser observado como uma dificuldade enfrentada pelos
pequenos agricultores, é que para realizar análise química de solo para determinação da
fertilidade e análise química de tecidos vegetais das produções na Nova Alta Paulista, os
agricultores familiares, enviam amostras para laboratórios próximos, como a Fundação
Shunji Nishimura de Tecnologia (FNST) em Pompéia, a Etec Eng. Herval Bellusci em
Adamantina, a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) em Presidente Prudente e a
Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista (CAMAP) com laboratório de Solos em
Tupã. Mas estes laboratórios atendem várias cidades próximas, e as vezes a espera para
se obter os resultados leva quinze dias ou mais, devido à grande demanda de serviços, o
que pode atrapalhar, pois é preciso antecedência para as correções que forem necessárias.
1.2.2 A fruticultura e seus aspectos na região da Nova Alta Paulista
A fruticultura é uma importante alternativa para os agricultores familiares,
por ser uma atividade rentável desde que se tenha mão-de-obra intensiva, compatível com
uma escala mínima de produção. E devido ao setor ser um importante empregador de
mão-de-obra no campo, isto ajuda a evitar o êxodo e o aumento da pobreza na zona rural
(BAGAIOLO et al., 2008, p. 3-4).
Ou seja, com maior necessidade de trabalhadores, há o aumento de pessoas
com renda, consequentemente é reduzido os índices de pobreza e evita-se a intenção da
32
saída do campo. Além dessa vantagem significante, o Brasil é o terceiro maior produtor
mundial de frutas (Ilustração 4), o que é um incentivo a mais a ampliação da produção.
No entanto essa classificação do país, é impulsionada principalmente pelo
mercado interno, que é o principal consumidor. Sua inserção internacional é inexpressiva,
devido as frutas frescas sofrerem com barreiras impostas, com a falta de organização
interna da produção e comercialização das frutas (LACERDA, LACERDA, ASSIS, 2004,
p. 1-5).
Por isto, é importante que os produtores além de controlar sua produção de
maneira produtiva, sejam organizados de forma geral, de maneira a propiciar a venda das
frutas também ao mercado internacional. Mas primeiramente, os agricultores precisam
visualizar essa necessidade, e serem instruídos a coloca-la em pratica.
Ilustração 4. Os maiores produtores de frutas do mundo
Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 1)
De acordo com o instituto CNA (2016, p. 95), devido à grande variedade de
culturas produzidas em todo o país, sob diferentes climas (tropical, subtropical e
temperado), a perspectiva para o ano de 2017 é que a fruticultura continue gerando
oportunidades para os pequenos negócios, com uma produção de frutas estimada em
aproximadamente 44 milhões de toneladas. Que será possível com a adoção de novas
tecnologias de produção e pós-colheita para ampliar a eficiência produtiva e contribuir
com a redução dos custos.
Ao estimar as tecnologias que vem sendo implantadas no campo e aquelas
que surgirão em um futuro próximo, é possível prever que a produção das principais
33
culturas no país tende a crescer, conforme mostra o Gráfico 2 com projeções de
crescimento de 10% na produção de frutas como a banana e o mamão, de 2015 até 2025.
Gráfico 2. Projeções entre 2015 e 2025 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento para a produção das principais culturas no país.
Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 4)
O consumo de frutas tem tendência de alta, que está relacionado ao crescente
interesse do consumidor brasileiro por uma alimentação mais saudável, e a busca pelo
combate da obesidade CNA (2016, p. 1).
O estado de São Paulo é o maior produtor de frutas frescas do Brasil. Segundo
uma pesquisa feita pelo Instituto de Economia Agrícola e a Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral (IEA/CATI), a produção de frutas (incluindo a
laranja) e de olerícolas (verduras e legumes), demandaram quase um terço da
força de trabalho empregada na agricultura paulista, em uma área equivalente
a apenas 14% do total cultivado com as principais culturas. Demonstra-se,
assim, a importância social da fruticultura para o estado (PINTO et al., 2012,
p. 141).
É possível explicar o sucesso da fruticultura paulista com dois fatores, que
são, a tradição adquirida no processo de colonização da região e a proximidade com os
maiores centros de consumo nacional (PINTO et al., 2012, p. 141).
Além do sucesso no país, o estado de São Paulo tem destaque e tendência de
alta do consumo de frutas, o que motiva a realização de ações na agricultura deste tipo de
cultura da região da Nova Alta Paulista, que está situada neste estado.
O estado de São Paulo é um polo citrícola com produção de laranjas, limões
e tangerinas, além da banana (entrega do maior volume que equivale a 60% da produção
nacional) que é a segunda maior produção mundial entre as frutas (MDA, 2016, p. 1). As
34
quantidades e a ordem de classificação das frutas mais produzidas são mencionadas na
Ilustração 5 a seguir.
Ilustração 5. As três culturas mais produzidas no estado de São Paulo, valores em
toneladas
Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 3)
Na fruticultura há grande potencial para o desenvolvimento da economia da
região Nova Alta Paulista. Mesmo com as dificuldades em implantar e executar
programas de desenvolvimento, há vantagens para a atividade, como: as condições
edafoclimáticas; o tamanho das propriedades; a predominância de mão-de-obra familiar;
e a demanda em excesso devido aos mercados crescentes e as empresas processadoras
locais que são certificadas para o comércio interno e externo (BAGAIOLO et al., 2008,
p. 4).
Esta localidade “[...] segundo o Censo Agropecuário 95/96, apresenta 12.045
estabelecimentos agropecuários” (BAGAIOLO et al., 2008, p. 13). Apesar de não ser uma
estimativa recente, possibilita uma noção da quantidade de propriedades.
Com a posição de quarto lugar na região da Nova Alta Paulista, a produção
de frutas frescas representa R$ 30,37 milhões, enquanto que o destaque vai para o grupo
de produtos animais (R$ 404,6 milhões), seguido de produtos para indústria (R$ 87,5
milhões) e de grãos e fibras (R$ 40,75 milhões) (BAGAIOLO et al., 2008, p. 13).
As frutas predominantes na região são: acerola, maracujá, manga, goiaba,
banana, abacate, tangerina ponkan, mamão, limão, caju e uva de mesa. Com economia
35
favorável, a fruticultura também evita o êxodo nessas cidades de baixo desenvolvimento
(BAGAIOLO et al., 2008, p. 3).
Diante dos números, e culturas existentes, pode-se dizer que a produção de
frutas na Nova Alta Paulista, tem grandes vantagens, tanto aos consumidores que terão a
disponibilidade de alimentos saudáveis, quantos aos produtores, o que reflete na
economia do pais como um todo.
Na pesquisa comparativa com a produção de frutas do estado de São Paulo, a
região Nova Alta Paulista apresentou relativa importância, conforme pode ser observado
na Tabela 2. De acordo com o autor que desenvolveu o estudo:
[...] Analisando o montante global das duas regiões, dado o volume, o valor e
a área total, tem-se uma discreta participação da região estudada; mas,
analisando-se cada fruta, vê-se que algumas se destacam. O mamão produzido
na Nova Alta Paulista, por exemplo, corresponde com 88,92% da produção
estadual, o maracujá com 22,35%, o abacate com 14,54% e a melancia com
10,14% da produção estadual; ficando as demais frutas com pequenas
participações na produção total (BAGAIOLO et al., 2008, p. 16).
Tabela 2. Comparação da produção de frutas do Estado de São Paulo e da Nova Alta
Paulista do ano de 2005
Fonte: (BAGAIOLO et al., 2008, apud IBGE, 2015, p. 15)
Quanto aos problemas enfrentados na fruticultura, pode-se citar as pragas e
doenças que vem atingindo a produção dos agricultores familiares da região e prejudicam
36
devido à falta de investimento financeiro disponível, tanto do governo quanto dos
produtores, para evitar e controlar esses problemas.
A exemplo das doenças e pragas que aparecem nas lavouras dos produtores
da cidade de Tupã e região, podem ser citados vários tipos diferentes de viroses, pulgão,
oídio, míldio, percevejo, traças, entre outros (informação verbal)2
.
Um dos problemas envolve a cultura do maracujazeiro, que pode ser infectada
por diversas viroses, como o vírus do endurecimento dos frutos que predomina e causa
os maiores prejuízos na região. Este só pode ser controlada com a ausência de planta vivas
doentes no campo por um determinado período de tempo. As plantas infectadas têm sua
produção reduzida quantitativa e qualitativamente, já que os frutos ficam menores,
deformados e endurecidos, e podem não atender às expectativas do mercado
(CAVICHIOLI et al., 2011, p. 411).
Com todos os problemas envolvendo diversas culturas de frutas, os
agricultores utilizam pesticidas e insumos agrícolas para controlar as infestações. Mas
esses produtos químicos prejudicam o meio ambiente.
Dentre os meios para evitar esse impacto, podem ser citados o uso mínimo de
agrotóxicos para proteção de culturas contra pragas, doenças e infestantes, e a
possibilidade de utilização de técnicas de produção integrada. Apesar de serem
importantes para diminuir o risco de contaminação dos trabalhadores, do meio ambiente,
dos frutos e dos consumidores, na Nova Alta Paulista apenas parte dos produtores
colocam em pratica esses métodos (LOURENZANI et al., 2005, p. 11).
É importante que seja feita campanhas de conscientização sobre os impactos
de agrotóxicos do meio ambiente, para que mais produtores passem a utilizar técnicas
adequadas a redução de contaminação. Pois esses procedimentos garantem vantagens
como na redução de custos, maior produtividade e no fornecimento de um produto
diferenciado, que é seguro, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável de
alimentos.
Os fruticultores também encontram dificuldades em acessar mercados
exigentes como a exportação. As dificuldades estão relacionadas, principalmente, a
questões de comercialização (exigências, distribuição, padronização, qualidade e
embalagem), de infraestrutura (processamento, sistemas de classificação e padronização)
__________________________
2
Noticia fornecida por Francisco Koji Okuyama, ex-presidente da Associação dos Bananicultores, em uma
entrevista realizada, em Tupã, em outubro de 2016.
37
e questões relacionadas à cultura associativa (profissionalização dos recursos humanos)
(CHABARIBERY et al. 2002).
Para superar esses empecilhos da melhor forma, é necessário utilizar novas
tecnologias. Com estratégias tecnológicas é possível utilizar a água de maneira
responsável na irrigação, acompanhar a instabilidade do clima, praticar ações sustentáveis
descarbonizando a produção agrícola, evitar o desperdício de alimentos da produção ao
comércio, tornar o trabalho rural atrativo aos jovens, promover uma alimentação
saudável, controlar pragas e contaminantes e proporcionar qualidade de vida e inclusão
social aos trabalhadores (GLOBO RURAL, 2014, p. 1).
Ilustração 6. Desafios para a fruticultura que podem ser transformados em oportunidades
Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 4)
É preciso vencer os desafios para a fruticultura (Ilustração 6) possibilitando
uma logística adequada, o desenvolvimento das exportações, práticas sustentáveis, o
controle de pragas e doenças, a gestão de empreendimentos rurais, e evitando desperdício
de frutas. Com isso, surgem novas oportunidades para a venda dos produtos, se tem a
redução dos custos e o aumento da produtividade, o que consequentemente amplia de
maneira significativa a renda do agricultor familiar.
No caso da Nova Alta Paulista, a vantagem que se tem para a fruticultura, é a
proximidade com os maiores polos de consumo e a estrutura para o escoamento da
produção. Mas faltam investimentos e apoio do governo, bem como a instrução dos
agricultores, por palestras que implantem a consciência das amplas possibilidades que se
tem com pequenas ações e práticas em suas propriedades, para gerar maior valor agregado
para as frutas, ampliando o poder de negociação e com acesso a inovações tecnológicas.
38
12.3 A importância do jovem na agricultura familiar
A população do Brasil cresceu de forma diferente nas últimas décadas, e os
cidadãos que vivem nas cidades aumentaram muito. Em 1960, havia mais gente no campo
do que nas cidades. De 1960 a 2010 enquanto a população das cidades aumentou cinco
vezes, a população do campo diminuiu de 39 para 29,8 milhões de pessoas, como
apresentado na Ilustração 7. Outros estudos mostram que a decisão de sair do campo tem
sido tomada por jovens rurais, pois os mais idosos continuam a morar e trabalhar no
campo (CASTRO et al., 2013, p. 15).
Ilustração 7. População no campo e nas cidades de 1950 a 2010
Fonte: (CASTRO, 2013, p. 14).
Na produção agrícola os idosos por mais debilitados que estejam mantem a
tradição familiar, enquanto os jovens em busca de uma vida melhor, cada vez mais saem
do campo e vão para as cidades.
O jovem é a garantia de reprodução agrícola como sucessores da agricultura
familiar, sem eles os alimentos necessários podem ser escassos (DOTTO, 2011, p. 17).
Por isso o principal meio de evitar o êxodo, é promover ações que incentivem os mais
novos a permanecer no campo.
Além disso, a agricultura baseada na família é muito importante para manter
os alimentos a mesa de toda a sociedade, com o diferencial competitivo de gerar renda
39
por unidade de trabalho com baixo investimento, o que reflete no aumento de empregos,
contribuindo para o equilíbrio econômico e social da vida da cidade e no campo. Por isso
é preciso atenção e incentivos nessa área (DOTTO, 2011, p. 15-16).
Como forma de manutenção a agricultura familiar, é que se tem a importância
dos jovens no meio rural, para que exista sempre a garantia de sucessão e continuidade
do trabalho que é essencial a toda população.
Estudos do IBGE e de outras pesquisas, relatam que alguns dos principais
problemas que levam o jovem a sair da agricultura, envolvem: a menor quantidade de
mulheres que faz com que os rapazes saiam para a cidade a busca de uma companheira;
o trabalho na agricultura que dificulta a educação, e ocasiona menor qualificação no
campo; menor quantidade de aparelhos domésticos o que significa a falta de conforto; a
ausência de saneamento básico e água encanada; desvalorização da vida e do trabalho no
campo pela sociedade; e condições pouco favoráveis que alguns jovens enfrentam para
conseguir renda a partir da terra (CASTRO et al., 2013, p. 20-23).
Todos os problemas descritos acima dependem principalmente de políticas
públicas para serem solucionados. Mas a sucessão da agricultura familiar é cada vez mais
evitada, se tornando a última opção aos jovens. Castro, et al. (2013, p. 15) afirma que a saída
de muitas pessoas do campo para as cidades não foi boa para o País, e nem para os que
saíram de suas comunidades, e por isso a juventude rural passou a ser pensada pelo
governo dos países.
O Programa Mundial de Ação para a Juventude (PMAJ), lançado em 1995 pela
ONU, criou a necessidade de os países terem políticas para os jovens,
melhorando suas oportunidades de trabalho e seu futuro, em especial nos
países em desenvolvimento como o Brasil (CASTRO, 2013, p. 15).
É muito importante que o pais tenha segurança da capacidade de alimentar toda a
população, como base fundamental para o desenvolvimento econômico. Diante disto, é
preocupante pensar que pode haver escassez na produção de alimentos devido ao êxodo
rural crescente, principalmente entre os agricultores familiares, por isso foi divulgado em
nível internacional o relatório da CEPAL/FAO/IICA (2009), que revela e coloca em
discussão a falta de atenção dos governantes aos agricultores:
[..] O relatório ressalta a ausência de maiores investimentos e políticas
direcionados as atividades do campo que proporcionem condições para o
40
adequado trabalho agrícola das famílias. Essa situação representa um grande
gargalo, pois a agricultura familiar demonstrou ter uma participação acima do
esperado na produção brasileira. [...] (DOTTO, 2011, p. 15).
Em conjunto com as políticas públicas o agricultor deve estar disposto a agir
para melhorar suas condições, com estratégias que o motive a continuar como produtor
rural. Como no uso de tecnologias para controlar e aperfeiçoar sua produção.
Com a melhoria de vida dos jovens rurais é possível evitar a migração para
as cidades. E conhecimentos adquiridos por formação, cursos ou workshops podem ser
úteis para aperfeiçoar as técnicas de produção e comercialização, ampliando sua visão
para as melhores oportunidades no campo (CASTRO et al., 2013, p. 15-16).
Se o jovem possuir conhecimentos da sua área de atuação, também terá noção
do que pode ser feito para melhorar suas condições e assim ampliar os lucros, como uma
outra motivação a continuar no campo.
No estudo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre as mudanças
sugeridas ao governo, para favorecer a permanência do jovem rural no campo, pode-se
destacar as mais relevantes relacionadas a produção agrícola, como:
[...] Estudar o que o jovem rural deve produzir na propriedade, usando
tecnologias com custos mais baixos para aumentar a renda e o lucro da
produção agropecuária; [...] A assistência técnica deve recomendar plantações
e criações apropriadas às condições da terra e de mercados locais, além da
produção para sustento da família; [...] criar incentivos para aumentar a
produção para venda ao mercado. Estes incentivos devem ser avaliados e
aperfeiçoados continuamente (CASTRO, 2013, p. 54).
Dessa forma, o jovem precisa de uma produção pensada para ser econômica,
produtiva e rentável, que é possível com o auxílio de tecnologias, assistência técnica e
novos conhecimentos, que possibilitem a aplicação das melhores técnicas na agricultura
familiar, e isto será a maior motivação para que permaneçam no campo. Além de outras
condições que devem ser promovidas pelo governo, como políticas de incentivo e ações
para saneamento básico.
41
1.3 A Criatividade como método influenciador de interesses
Para compressão do significado da atividade de inovar, é necessário conhecer
sua definição:
Criatividade é a habilidade de idear, de um indivíduo ou um grupo, para criar
algo novo, original, útil e valioso. É entendida como resultado de um processo
de interação entre raciocínio individual, características da personalidade, de
um indivíduo ou um grupo, e variáveis ambientais (FERNANDES, 2013, p.
25).
De acordo com um estudo coordenado por Monzoni (2016, p. 45), para que o
jovem faça suas próprias escolhas e compreenda, entre outras possibilidades, a sucessão
familiar como uma oportunidade real de futuro, é preciso desenvolver competências para
o fortalecimento da agricultura familiar, dentre as quais são citadas:
• Despertar a autonomia e o empreendedorismo no jovem agricultor familiar;
• Descobrir talentos e competências, criatividade, sensibilidade e flexibilidade em
relação ao conhecimento; perceber sua capacidade de resiliência;
• Explorar a sucessão familiar como um caminho potencial.
Com a escassez de verba para adquirir equipamentos e máquinas
tecnológicas, que é uma das motivações do jovem para o êxodo rural, é possível destacar
a criatividade, como uma grande oportunidade do agricultor familiar, pois possibilita
solucionar suas necessidades, criando novas ferramentas e adaptações, que facilite o
trabalho no dia a dia da produção no campo. Dessa forma o produtor estará
empreendendo, além de desvendar novas possibilidades e a capacidade de melhorar suas
condições.
A mecanização agrícola é um dos meios necessários a qualquer processo de
melhoria do sistema produtivo da agricultura de base familiar, o que traz como
pré-requisito essencial a disponibilidade de máquinas e equipamentos para as
diferentes necessidades dessas propriedades. A carência de máquinas e
implementos adequados às unidades familiares de produção vem retardando,
em muitos casos, a adoção de sistemas produtivos mais racionais. [...]
(REICHERT; REIS; DEMENECH, 2015, p. 15)
Diante disso, é possível afirmar a necessidade dos agricultores familiares em
desenvolver opções para o plantio, colheita, pós-colheita e implementos, como invenções
e adaptações a partir de máquinas antigas ou de outros materiais encontrados no mercado.
E assim, ser uma alternativa de possuírem tecnologias e equipamentos baratos e possíveis,
42
que os auxiliem nas práticas quotidianas, em qualquer das atividades agrícolas,
produzindo com menor esforço físico, para obter melhores rendimentos.
A Embrapa organizou em 2014, um evento da 3ª Mostra de Máquinas e
Inventos para Agricultura Familiar, em Pelotas/RS, que reuniu máquinas e equipamentos
criados e/ou adaptados pelos agricultores familiares, mostrando a importância dessas
invenções para facilitar os processos de produção no trabalho do pequeno agricultor. O
destaque desse encontro fica na interação entre o agricultor, a Extensão Rural, o Ensino,
a Pesquisa e os fabricantes de máquinas e equipamentos, de tal forma que todos
compreendam as necessidades e interesses dessa área de trabalhadores (REICHERT;
REIS; DEMENECH, 2015, p. 15).
Exemplos de duas soluções simples e eficientes expostas neste evento da
Embrapa, estão abaixo na Ilustração 8.
Ilustração 8. Invenções da mostra de máquinas, Bicicleta pulverizadora e Moedor de
pimenta
Fonte: (REICHERT; REIS; DEMENECH, 2015, p. 48, 54).
Para inovar e desenvolver esses equipamentos, não é necessário ser um
pesquisador ou profissional em mecânica, visto que a grande maioria das pessoas que
produzem estas facilidades, possuem ensino básico ou até mesmo nenhum estudo. Basta
que sejam influenciados a pensar de forma criativa, como ocorre na insistência em
resolver algum problema no processo de produção do campo.
Todas as pessoas possuem capacidade para serem criativos, como método
para isso é preciso estimular os indivíduos a gerar um fluxo contínuo de ideias inovadoras
e aplicar técnicas que auxiliem nessa produção, buscando a abstração e associação de
elementos com a fuga da realidade, contribuindo para novas soluções ao problema
43
definido. Essas interferências na capacidade de pensar, estão relacionadas às
características do indivíduo, do ambiente que estão inseridos, aos aspectos da organização
e a estratégia de abertura desse procedimento (FERNANDES, 2013, p. 33).
Visto a relevância desse desenvolvimento para a criatividade, um estudo se
destaca em relação a outros métodos, que foi feito aos artesões, levando em consideração
a inovação de produtos, de processo fácil a pessoas com baixo grau de escolaridade, e por
isso é possível aplica-lo em diversos grupos da sociedade, inclusive com os agricultores
familiares para despertar a habilidade de inventar.
Essa técnica para geração de ideias, denomina “Creation”, consiste em etapas
de identificação dos participantes, quantificação e seleção dos facilitadores e seus
auxiliares, seleção de palavras para sorteio aleatório, definição do tema a ser discutido
para novos produtos, seleção dos vídeos de exemplos a serem mostrados, bem como os
demais materiais necessários e discussão da operacionalização da dinâmica
(FERNANDES, 2013, p. 95-96).
Aliando os métodos utilizados, tanto na técnica Creation, quanto nos eventos
de Mostra de Maquinas ao agricultor familiar, é possível pensar um local facilitador da
inventividade que possa ser utilizado frequentemente pelos produtores. Com o
desenvolvimento de um ambiente que forneça palestras e workshops com a exposição e
o passo a passo da execução de exemplos de sucesso, bem como a visualização de casos
existentes e um processo de criação em grupo que proporcione novas máquinas e
implementos facilitadores do campo.
1.4 Agricultura de Precisão
Segundo Inamasu e Bernardi (2014, p. 21-22), a Agricultura de Precisão,
também chamada de AP, é “[...] um sistema de gestão que leva em conta a variabilidade
espacial do campo com o objetivo de obter um resultado sustentável social, econômico e
ambiental”.
[...] a AP é uma ferramenta cada vez mais essencial na agricultura moderna,
capaz de potencializar o melhor monitoramento da propriedade, resultando no
aumento da produtividade e oferta de alimentos, sem que haja a necessidade
da expansão das fronteiras agrícolas. Ao mesmo tempo, o uso dessas
tecnologias permitirá reduzir o custo de produção, trazendo consequentes
benefícios [...] (TAVARES, 2014, p. 549).
44
Ou seja, com este tipo de gerenciamento agrícola é possível através de
tecnologias, obter informações precisas sobre a plantação de qualquer cultura e suas
variáveis de produção e qualidade, e com isso tomar as decisões com plena exatidão,
quanto a eliminação de pragas e doenças, fertilidade ou aumento da produtividade por
exemplo.
Para executar a AP, é preciso que o produtor ou o técnico inicie um trabalho
que consiste na observação, medida e registro das variações de produção, tratando cada
região plantada de modo diferente de acordo com suas potencialidades e necessidades.
Entre as tecnologias para observar essas alterações, a mais utilizada atualmente pelos
produtores, são de amostragem de solo em grades georreferenciadas para mapear as
propriedades do solo e aplicar corretivos e fertilizantes em taxas variáveis (BERNARDI
et al., 2014, p. 19).
Mas a maioria das aplicações do ferramental de Agricultura de Precisão, vem
sendo utilizado de forma isolada, sem a eficiência da AP no gerenciamento da
propriedade com as informações completas de variabilidade. O que prejudica os
benefícios ao agricultor familiar, ao solo e ao ambiente em geral.
No conjunto de técnicas empregadas para apoio à agricultura de precisão é
necessário utilizar a tecnologia de informação com sensores e mapas, que com as áreas
georreferenciadas são implantadas automações agrícolas para reduzir o tempo e
minimizar o erro no plantio e colheita, bem como reduzir os gastos com insumos. Como
exemplos de algumas tecnologias é possível citar o uso do GPS (Global Positioning
System) em máquinas agrícolas, softwares e hardwares que fornecem dados e análises,
aplicação de insumos a taxas variáveis, sistemas de navegação e autoesterçamento e
também a aplicação da robótica no campo (TAVARES, 2014, p. 549).
Apesar de ser uma técnica necessária, a maioria dos produtores tem a
impressão de que as tecnologias para aplicação da agricultura de precisão ainda são caras,
pois associam esse fato a aquisição de altíssimo custo de tratores com GPS por exemplo.
Mas estão surgindo soluções bem mais viáveis, como os Drones, que vieram para ser o
futuro da agricultura.
Os resultados que essas tecnologias proporcionam, identifica os problemas, e
mostra o caminho a ser tomado para as correções necessárias no campo, mas como e que
produtos serão aplicados, fica a critério do desenvolvimento de pesquisas em laboratório
que resultam na melhor solução.
45
Dessa forma, com a sequência de obtenção de informações geoprocessadas,
análises em laboratório, interpretação dos resultados, fornecimento de mapa com relatório
das correções a serem aplicadas e o acompanhamento da produção para ajustes
necessários, o empresário-agricultor, irá dispor de capacidade para relacionar uma gestão
com a performance otimizada de sua produção. Como consequência a constante
monitorização e utilização adequada das pesquisas, surgem recomendações que
melhoram a produtividade, a qualidade dos produtos colhidos, garantem excelente retorno
econômico ao agricultor e reduz os custos.
1.4.1 Importância da agricultura de precisão para o Fruticultor familiar
Nas lavouras geralmente a aplicação de fertilizantes e corretivos nas culturas
é feito sem levar em consideração as desuniformidades do solo, através da análise química
de uma única amostra de toda a extensão, o que pode ocasionar a falta ou excesso de
insumos, dependendo da variabilidade da demanda de cada área. Mas com a Agricultura
de Precisão (AP) é possível mapear e gerenciar os cultivos, para que as quantidades sejam
distribuídas em diferentes níveis para cada particularidade do solo, além de monitorar a
infestação de ervas daninhas, doenças e pragas, e assim proporcionar maior produtividade
e otimização de gastos ao produtor (MOLIN, 2009, p. 81-82).
Os sistemas de produção atualmente existentes na fruticultura brasileira
caracterizam-se pela execução de diversas práticas agrícolas durante o ciclo da
cultura, tendo como preocupação a quantidade e a qualidade da produção, e a
rentabilidade da atividade agrícola. Nesse contexto, cria-se uma oportunidade
para a aplicação de agricultura de precisão, como forma de auxiliar a gestão do
sistema de produção e a tomada de decisão pelo produtor. [...] (BASSOI, 2014,
p. 350).
Logo que se pensa em Agricultura de Precisão, o que vem à mente, são
máquinas ultramodernas, com pilotos automáticos direcionados via satélite, drones
monitorando as lavouras e softwares sofisticados que traçam mapas de produtividade
infalíveis. Mas há outras soluções viáveis, que ao contrário do que se pensa, pode ser
aplicada também por médios e pequenos produtores com grandes vantagens (SENAR,
2017, p. 1).
Os equipamentos, por mais sofisticados que sejam ainda não realizam a
gestão da lavoura, porém auxiliam o agricultor a identificar a variabilidade, a analisá-la e
46
a atuar, ajustando doses conforme planejado pelo mapeamento. Mas muitos dos
agricultores que investem em máquinas de alta tecnologia embarcada não conseguem usar
toda a capacidade do equipamento, pois não têm o conhecimento necessário para tal
(INAMASU e BERNARDI, 2014, p. 21-22).
Para viabilizar a utilização de todo o desempenho dessas tecnologias é
necessário, que os agricultores familiares obtenham conhecimento da área, através de
cursos a distância, workshops e palestras, para que antes de tudo entendam os conceitos
e utilizações da AP. Só assim o produtor poderá analisar melhor o que tem condições e
como aplicar no caso específico de sua propriedade.
Aos agricultores de baixo capital, para investimentos em Agricultura de
Precisão, é aconselhável obter primeiramente conhecimentos básicos, e aplicar práticas
mais precisas e recomendadas, mesmo que simples, como análise de solo para calcário e
adubação, buscando o caminho da eficiência com ganhos em produção. E também utilizar
suas próprias máquinas com elaboração de adaptações ou até mesmo, terceirizar o
serviço, contratando quem possui equipamentos disponíveis (SENAR, 2017, p. 1).
Como uma opção viável a AP, os pesquisadores da Embrapa indicam os
drones, como uma nova ferramenta, de fácil acesso a um custo razoável, que possibilita
monitorar o campo de forma completa. É a tendência do futuro, até mesmo com empresas
que prestam consultoria para pesquisa e disponibilizam comercialmente para o uso. Outra
alternativa apresentada aos pequenos produtores, é uma cooperativa ou uma associação
de produtores comprar um drone compartilhado para baratear a aquisição e um técnico
acompanhar o processo (MOURA, 2017, p. 1).
Na Região da Nova Alta Paulista, os agricultores familiares não utilizam
serviços de agricultura de precisão, somente uma pequena parcela dos grandes produtores
que usam tratores com GPS, ou avião para pulverização e analise de coloração de plantas.
Mas seria de grande importância que os pequenos agricultores também tivessem
condições e acesso a tecnologias, como drones para pulverização e visualização de áreas
plantadas, principalmente para evitar a saída dos jovens, que deixam a vida no campo
pela falta de inovações na área (informação verbal)3
.
Sendo assim, é evidente que é necessário criar bases para a consolidação da
Fruticultura de Precisão em todo o Brasil, gerando conhecimentos sobre seus usos e
__________________________
3
Notícia fornecida por José Carlos Tolentino Prado, engenheiro agrônomo do Escritório de Defesa
Agropecuária de Tupã, em uma entrevista realizada, em Osvaldo Cruz, em junho de 2017.
47
pesquisas e fornecendo possibilidades de aplicação dessas tecnologias no campo,
principalmente aos pequenos produtores, que possuem poucos recursos e tem papel
fundamental para o país.
1.4.2 Drone RPA Agrícola
“O termo “drone” é usado popularmente para descrever qualquer aeronave
(e até mesmo outros tipos de veículos) com alto grau de automatismo. De forma geral,
toda aeronave drone é considerada uma aeronave não tripulada [...]” (ANAC, 2017, p.7).
Eles podem ter vários usos, permitidos pelo formato compacto, como mostra a Ilustração
9.
Ilustração 9. Possibilidades de missões com RPA
Fonte: (ANDRADE, 2013, p. 1).
Como consta no novo regulamento da Agência Nacional de Aviação Civil, os
drones foram divididos e categorizadas da seguinte forma: “[...] Aeromodelos são
aeronaves não tripuladas utilizadas para lazer. RPA são aeronaves não tripuladas
usadas para outros fins, como corporativo ou comercial. [...]” (ANAC, 2017, p. 7).
48
As Aeronaves Remotamente Tripuladas (RPA) são uma importante opção na
agricultura de precisão. E a atual evolução do desenvolvimento tecnológico, vem
favorecendo a sua aplicação no campo e em missões de reconhecimento, principalmente
pela redução do custo e do tamanho dos equipamentos e pela necessidade de otimização
da produção (JORGE e INAMASU, 2014, p. 110).
Para compreensão do seu funcionamento na agricultura, a RPA é composta
de uma estação de controle em solo, o (Ground Control Station) GCS que possibilita
visualizar o mapa do local para planejar a missão e acompanhar todo o trabalho realizado
remotamente, com a referência da posição do drone. Acoplado ao drone há um (Sistema
de Posicionamento Global) GPS e uma unidade de navegacao inercial (IMU)4
para
garantir uma melhor precisão da posição. E outro sistema, serve para manter a aeronave
estabilizada e executando manobras que a conduza através de uma rota selecionada
(JORGE e INAMASU, 2014, p. 111).
Ilustração 10. Principais equipamentos de um drone
Fonte: (ANDRADE, 2013, p. 1).
__________________________
4
Segundo Jorge e Inamasu (2014, p. 111) “Uma unidade de navegação inercial nada mais é que um sistema
de navegação que integra as acelerações em Norte/Sul, Leste/Oeste por meio de sensores inerciais,
determinando a posição [...]”.
49
No desenvolvimento de sistemas de controle de voo para a RPA, há grandes
avanços. E existem até mesmo sistemas gratuitos, disponíveis para download na internet,
como o Ardupilot, que pode ser configurado por qualquer pessoa e funciona perfeitamente
(JORGE e INAMASU, 2014, p. 112).
Esses softwares podem auxiliar, principalmente a agricultura familiar, como
uma alternativa de menor custo, que com o drone poderá avaliar a qualidade do plantio,
e acompanhar o desenvolvimento da cultura. E assim ter precisão na identificação de
deficiências da produção, como a ocorrência de pragas, escassez hídrica, déficit de
nutrientes e danos ambientais.
Quanto as orientações para os usuários, a ANAC, dividiu as Aeronaves
Remotamente Tripuladas em três classes, de acordo com o peso máximo de decolagem,
definindo regras variáveis conforme as condições de uso. Em todos os casos as operações
só poderão ser iniciadas se houver autonomia suficiente da aeronave para realizar o voo
e pousar em segurança no local previsto, levando-se em conta as condições
meteorológicas conhecidas (ANAC, 2017, p. 7-11).
Segundo análises realizadas, as RPAs que mais se adaptam as necessidades
da agricultura familiar, vão desde a Classe 3 (peso máximo de decolagem maior que 250g
e menor ou igual a 25 kg) até a Classe 2 (peso máximo de decolagem maior que 25 kg e
até 150 kg). Então é recomendável que apenas profissionais treinados e preparados com
a documentação necessária pilotem o equipamento, neste segmento de atuação agrícola.
O que é explicado devido aos requisitos exigidos a essas classes de acordo
com a ANAC (2017, p. 8-16): Ter no mínimo 18 anos de idade; seguir as regras
da ANATEL e do DECEA; possuir seguro com cobertura de danos a terceiros; fazer uma
avaliação de risco operacional; ter o equipamento cadastrado no Sistema de Aeronaves
não Tripuladas (SISANT) da ANAC; e sendo que na Classe 2 e em alguns casos de
operações especificados nas regras para a Classe 3, é necessário portar Certificado de
Aeronavegabilidade Especial RPA (CAER) e o manual do equipamento, possuir licença
e habilitação emitidos pela ANAC, ter o projeto aprovado registrando todos os voos e ter
Certificado Médico Aeronáutico (CMA).
Esta regulamentação restringiu o uso de alguns modelos de RPAs na
agricultura, a pessoas capacitadas, e ampliou os gastos de sua utilização com licenças e
certificados exigidos, dessa forma o investimento, incluindo os equipamentos
necessários, fica difícil aos que possuem poucos recursos financeiros para tal.
50
Com limitação em termos de capacidade de carga a bordo e condições
climáticas, os RPAs são classificados segundo sua categoria funcional, e podem
transmitir em tempo real os dados recolhidos. No voo é necessário escolher a altitude para
evitar obstáculos, em geral de até 80 metros, com angulo de distorção mínimo. Além do
alcance e altitude, os drones agrícolas se dividem em Asa Fixa e Rotativa (pode ser do
tipo helicóptero convencional ou multirotor) (JORGE e INAMASU, 2014, p. 112).
Ilustração 11. Drone eBee de asa fixa da marca SenseFly
Fonte: (SENSEFLY, 2014, p. 1).
Ilustração 12. Drone Strix-Ag de asa rotativa da marca SkyDrones
Fonte: (SKYDRONES, [201-?]a, p. 1).
Um exemplo de drone com asa fixa é o eBee (Ilustração 11), que captura fotos
de alta precisão do terreno, que podem se transformar em ortomosaicos 2D precisos e
modelos 3D, cobrindo centenas de hectares/acres em um único voo. E para executar a
análise é só joga-lo no ar que a programação de voo autônomo faz o resto. O modelo
51
possibilita a criação de um mapa de refletância da cultura, que destaca exatamente as
áreas de plantação que precisam ser tratadas com maior acurácia (SENSEFLY, 2014, p.
3).
Outro exemplo é o Strix-Ag (Ilustração 12), de asa rotativa, que com sensores
RGB e Multiespectrais, é capaz de mapear a lavouras nas bandas azul, verde, vermelho,
borda de infravermelho e infravermelho próximo. Com isso ele detecta falhas, problemas
de produtividade e faz cálculos de agrimensura com fácil utilização (SKYDRONES,
[201-?]a, p. 1).
No tipo multirotor, há um conjunto de vantagens tecnológicas que otimizam
sua performance, os principais são: diferentes sistemas de captura de imagens, voos com
alta estabilidade, tamanho compacto e facilidade de operação. Mas seus motores elétricos
não superam 30 minutos de operação e a capacidade de carga é de 800g a 4Kg (JORGE
e INAMASU, 2014, p. 113-114). O modelo Pelicano (Ilustração 13), inédito no Brasil,
permite pulverizações automatizadas, com 6 bicos pulverizadores comporta até 8 litros
de produtos químicos líquidos por voo, apenas nos locais com real necessidade, sendo
ideal para pequenas culturas e correções pontuais (SKYDRONES, [201-?]b, p. 1).
Ilustração 13. Drone Pelicano multirotor da marca SkyDrones
Fonte: (SKYDRONES, [201-?]b, p. 1)
O tipo asa delta também é uma opção interessante para a área agrícola. No
entanto são muito susceptíveis aos ventos fortes. Mas de uma forma geral é o que menos
apresenta problemas de operação para usuários novos (JORGE e INAMASU, 2014, p.
114).
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Centro de Agrotecnologia: Laboratórios e Drones para a Fruticultura

  • 1. FACULDADES FACCAT “Organização Educacional Artur Fernandes” MERIÉLI TAMILES OLIVEIRA ALBERGARDI CENTRO DE AGROTECNOLOGIA DO FRUTICULTOR DA NOVA ALTA PAULISTA Tupã - SP 2017
  • 2. MERIÉLI TAMILES OLIVEIRA ALBERGARDI CENTRO DE AGROTECNOLOGIA DO FRUTICULTOR DA NOVA ALTA PAULISTA Monografia apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades FACCAT, como requisito parcial para o exame de qualificação e obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof.º Fernando Fernandes Garcia Tupã - SP 2017
  • 3. Catalogação na Publicação Valentina T. Machado CRB-8/1822 Índice para catálogo sistemático. CDD – 22.ed.: 1. Agricultura: 630 2. Tecnologia: 600 3. Centro agrotecnológico - Arquitetura: 725.9 Albergardi, Meriéli Tamiles Oliveira A288c Centro de agrotecnologia do fruticultor da nova Alta Paulista / Meriéli Tamiles Oliveira Albergardi. - Tupã, 2017. 145f. : il., tabs. Trabalho de Conclusão de Curso (T.G.I.) - Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Faculdades Faccat, Tupã, 2017. Orientador: Prof. Fernando Fernandes Garcia. Inclui bibliografia. 1. Agricultura. 2. Laboratório. 3. Drone. 4. Conhecimento. 5. Criatividade. 6. Tecnologia. I. Título. CDD: 725.9
  • 4.
  • 5. Dedico este trabalho de graduação interdisciplinar a quem me deu a vida e quem sempre esteve ao meu lado torcendo pelas minhas conquistas e realizações dos meus ideais.
  • 6. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças, capacidade para enfrentar as dificuldades, e iluminado meu caminho ao longo desta etapa. Serei eternamente grata por todas as maravilhas que me foram proporcionadas para que pudesse concluir a formação em arquitetura e urbanismo. Meus agradecimentos ao meu orientador, Professor Arquiteto e Urbanista Fernando Fernandes Garcia, por aceitar me orientar neste trabalho. Sou muito grata pelos ensinamentos e orientações que a mim foram transmitidos, não só neste trabalho, mas por todo o período de graduação em que sempre esteve disposto a me ajudar. Ao meu pai Sergio, por ter me apresentado e incentivado a entrar nessa área tão incrível da arquitetura, sempre me apoiando e acreditando em minha capacidade. E pelos seus ensinamentos sobre construção, que proporcionou o enriquecimento de meu aprendizado. Minha gratidão a minha mãe Ester, por todo carinho e dedicação que sempre teve comigo, pelos momentos em que esteve ao meu lado me apoiando, e pela compreensão nos momentos em que a dedicação aos estudos foi exclusiva. Ao meu irmão, Danilo, companheiro nas viagens até a faculdade, pelas conversas e troca de ideias, e pela ajuda em vários momentos que precisei. Ao meu namorado Welington Renan, por ter acompanhado, vivenciado e compreendido as dificuldades deste trabalho, me apoiando e tornando alegre os momentos mais difíceis. Obrigada por todas as dicas e sugestões, dos seus conhecimentos de agricultura, durante a elaboração deste trabalho. Meus agradecimentos aos meus amigos, em especial a Luciana Harumi, a quem considero irmã por estar comigo desde o curso técnico, pelos momentos de alegria, incentivo, companheirismo e pelo aprendizado. Obrigada por todas as dicas, sugestões e ajuda para obter material de pesquisa no desenvolvimento deste trabalho. Por fim, minha eterna gratidão aqueles que me forneceram material de pesquisa e informações pertinentes, e a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste trabalho, e para minha graduação.
  • 7. “Porque melhor é a sabedoria do que os rubins; e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela.” (Provérbios 8:11, ARC)
  • 8. ALBERGARDI, M. T. O. Centro de agrotecnologia do fruticultor da Nova Alta Paulista. Tupã, 2017. p. 145. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Faculdades FACCAT. RESUMO A proposta projetual consiste na concepção de um Centro de Agrotecnologia do Fruticultor da Nova Alta Paulista, no município de Tupã- SP, com base na preocupação da manutenção alimentar para sobrevivência da sociedade, pela importância da agricultura familiar, que vem sofrendo com as pragas e doenças, com a aplicação imprecisa de fertilizantes e corretivos nas culturas, a baixa renda e a saída dos jovens do campo. Com a entrevista realizada, ficou evidente que na região a fruticultura, é a que precisa de maior assistência, por ter significativa produção, e ser uma alternativa para evitar o êxodo, por isso o objetivo é levar conhecimento, com técnicas para estimular inovação em invenções no campo, além de promover a agricultura de precisão obtida pelo monitoramento com drones e análises científicas. O terreno foi escolhido pela facilidade de acesso das cidades a edificação, e pelo entorno de equipamentos significativos, aliados ao contraste do projeto com a paisagem rural, mas ao mesmo tempo em equilíbrio. A proposta se baseia principalmente em disponibilizar auditório, oficina de invenções, salas de agricultura de precisão com drones e laboratórios de análises. Desse modo a arquitetura pode contribuir com inovação neste meio, diminuindo a penosidade e aumentando a eficiência da agricultura familiar, com tecnologias que permitem produzir mais em espaços menores com economia, reduzindo o desmatamento, favorecendo a exportação e fornecendo alimentos seguros suficientes para a população brasileira. Palavras-chave: Agricultura. Laboratório. Drone. Conhecimento. Criatividade. Tecnologia.
  • 9. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1. Transporte do algodão colhido, em 1956 .................................................20 Ilustração 2. Mapa da Estância Turística de Tupã.........................................................22 Ilustração 3. Localização e composição da Região Nova Alta Paulista........................27 Ilustração 4. Os maiores produtores de frutas do mundo ..............................................32 Ilustração 5. As três culturas mais produzidas no estado de São Paulo, valores em toneladas..........................................................................................................................34 Ilustração 6. Desafios para a fruticultura que podem ser transformados em oportunidades .........................................................................................................................................37 Ilustração 7. População no campo e nas cidades de 1950 a 2010 .................................38 Ilustração 8. Invenções da mostra de máquinas, Bicicleta pulverizadora e Moedor de pimenta............................................................................................................................42 Ilustração 9. Possibilidades de missões com RPA ........................................................47 Ilustração 10. Principais equipamentos de um drone ....................................................48 Ilustração 11. Drone eBee de asa fixa da marca SenseFly............................................50 Ilustração 12. Drone Strix-Ag de asa rotativa da marca SkyDrones.............................50 Ilustração 13. Drone Pelicano multirotor da marca SkyDrones ....................................51 Ilustração 14. Lançamento manual de drone com asa fixa............................................52 Ilustração 15. Comparativo da resolução de imagens captadas em RPA e Avião para monitoramento de pragas................................................................................................53 Ilustração 16. Imagem de analise resultante da identificação de falhas de plantio .......54 Ilustração 17. Resultado de análises com mapas de NDVI e definição dos ambientes de produção..........................................................................................................................55 Ilustração 18. Imagens do resultado de monitoramento de infestação de plantas daninha e áreas de alagamento......................................................................................................55 Ilustração 19. Sala de processamento de dados da Embrapa Instrumentação...............56 Ilustração 20. Bancada com equipamentos para assistência técnica de drones.............57 Ilustração 21. Armários para organização de peças e equipamentos de drones em uma assistência técnica ...........................................................................................................58 Ilustração 22. Capela de exaustão de bancada do GERELAB para processos químicos .........................................................................................................................................60 Ilustração 23. Local no GERELAB do depósito temporário de resíduos......................61 Ilustração 24. Local no GERELAB onde são tratados e armazenados os resíduos.......61
  • 10. Ilustração 25. Vista externa do laboratório de gerenciamento de resíduos GERELAB da Embrapa ..........................................................................................................................62 Ilustração 26. Fachada do Complexo Agrícola do Cerrado ..........................................64 Ilustração 27. Planta do laboratório tipo do Complexo Agrícola do Cerrado ...............65 Ilustração 28. Fluxograma do Complexo Agrícola do Cerrado.....................................66 Ilustração 29. Implantação do Complexo Agrícola do Cerrado ....................................67 Ilustração 30. Planta baixa do Complexo Agrícola do Cerrado ....................................68 Ilustração 31. Perspectiva da área de laboratórios do Complexo Agrícola do Cerrado 68 Ilustração 32. Perspectiva da Fachada que leva ao campo experimental do Complexo Agrícola do Cerrado........................................................................................................69 Ilustração 33. Detalhamento de sistema construtivo da cobertura do Complexo Agrícola do Cerrado.......................................................................................................................70 Ilustração 34. Vista aérea da cobertura do Complexo Agrícola do Cerrado .................70 Ilustração 35. Perspectiva do interior do Complexo Agrícola do Cerrado....................71 Ilustração 36. Fachada frontal do Centro Heydar Aliyev..............................................71 Ilustração 37. Fachada do Centro Heydar Aliyev .........................................................72 Ilustração 38. Fachada do Centro Heydar Aliyev .........................................................72 Ilustração 39. Centro Heydar Aliyev.............................................................................72 Ilustração 40. Corte A-A do Centro Heydar Aliyev......................................................73 Ilustração 41. Centro Heydar Aliyev em construção.....................................................74 Ilustração 42. Implantação e Corte do Centro Heydar Aliyev ......................................75 Ilustração 43. Planta do 1º piso do Centro Heydar Aliyev............................................76 Ilustração 44. Interior do Auditório do Centro Heydar Aliyev .....................................77 Ilustração 45. Interior do Centro Heydar Aliyev...........................................................77 Ilustração 46. Vista aérea do Centro Internacional de Cultura e Artes Changsha Meixihu .........................................................................................................................................78 Ilustração 47. Vista frontal do grande teatro do Centro Internacional de Cultura e Artes Changsha Meixihu ..........................................................................................................79 Ilustração 48. Interior do grande teatro do Centro Internacional de Cultura e Artes Changsha Meixihu ..........................................................................................................80 Ilustração 49. Átrio interno do Museu de arte do Centro Internacional de Cultura e Artes Changsha Meixihu ..........................................................................................................81 Ilustração 50. Vista do Centro Internacional de Cultura e Artes Changsha Meixihu ...81 Ilustração 51. Vista aérea do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark...............82
  • 11. Ilustração 52. Fachada do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark ...................83 Ilustração 53. Planta térrea do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark ............84 Ilustração 54. Interior e claraboia do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark..84 Ilustração 55. Vista da cobertura do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark ...85 Ilustração 56. Fachada noturna do Museu Nacional Fangshan Tangshan Geopark......85 Ilustração 57. Sistema do Jardim Vertical Mamute.......................................................86 Ilustração 58. Esquema da irrigação do Jardim Vertical Mamute.................................87 Ilustração 59. Instalação do Jardim de Revestimento Vivo Modular 4L ......................88 Ilustração 60. Modulo do Jardim de Revestimento Vivo Modular 4L..........................88 Ilustração 61. Cisterna Pronta para captação de água da chuva ....................................89 Ilustração 62. Esquema de distribuição e captação da água da chuva com Cisterna Pronta .........................................................................................................................................89 Ilustração 63. Blocos de Cimentos ................................................................................90 Ilustração 64. Concreto armado.....................................................................................91 Ilustração 65. Placas de Plástico Reforçado com Fibra de Vidro..................................92 Ilustração 66. Exemplo de aplicação do vidro verde escuro Emerald...........................93 Ilustração 67. Porcelanato líquido colorido em uma cozinha........................................94 Ilustração 68. Porcelanato líquido branco em sala/cozinha...........................................94 Ilustração 69. Jardins com iluminação LED no chão....................................................95 Ilustração 70. Fita LED .................................................................................................96 Ilustração 71. Revestimento Nuance Ondas..................................................................97 Ilustração 72. Divisória Sanitária Sanisystem Master...................................................97 Ilustração 73. Esquema de corte da instalação de um elevador hidráulico ...................99 Ilustração 74. Plataforma Elevatória ...........................................................................100 Ilustração 75. Esquema de criação da Logo ................................................................101 Ilustração 76. Logo do Centro de Agrotecnologia ......................................................101 Ilustração 77. Mapa de localização do estado de São Paulo no Brasil e do município de Tupã no estado. .............................................................................................................102 Ilustração 78. Localização da área de intervenção ......................................................103 Ilustração 79. Vista do terreno da estrada de terra para a rodovia...............................103 Ilustração 80. Vista da estrada de terra para o cento do terreno..................................104 Ilustração 81. Vista da estrada de terra para o canto esquerdo do terreno ..................104 Ilustração 82. Vista da rodovia para a lateral do terreno.............................................104 Ilustração 83. Vista da Rotatória para a estrada que dá acesso ao terreno ..................105
  • 12. Ilustração 84. Mapa ilustrativo do zoneamento da área do terreno.............................105 Ilustração 85. Dimensões do terreno escolhido...........................................................106 Ilustração 86. Topografia do terreno ...........................................................................107 Ilustração 87. Mapa ilustrativo do Sistema Viário ......................................................108 Ilustração 88. Mapa ilustrativo do Uso do Solo ..........................................................109 Ilustração 89. Primeiro Estudo da Volumetria ............................................................110 Ilustração 90. Desenho de estudo da Perspectiva da Fachada.....................................110 Ilustração 91. Organograma do projeto do Centro de Agrotecnologia........................115 Ilustração 92. Fluxograma do projeto do Centro de Agrotecnologia ..........................116 Ilustração 93. Esquema de instalação da cobertura de telhado verde..........................120 Ilustração 94. Esquema da estrutura da cobertura com Treliça Espacial ....................121 Ilustração 95. Esquema da estrutura curva e das claraboias de Malha Triangular em aço .......................................................................................................................................121 Ilustração 96. Palmeira-sagu........................................................................................123 Ilustração 97. Palmeira-rabo-de-raposa.......................................................................124 Ilustração 98. Limoeiro................................................................................................125 Ilustração 99. Laranjeira..............................................................................................126 Ilustração 100. Macieira ..............................................................................................127 Ilustração 101. Bananeira ............................................................................................127 Ilustração 102. Coqueiro .............................................................................................128 Ilustração 103. Hibisco Branco ...................................................................................129 Ilustração 104. Aspargo...............................................................................................130 Ilustração 105. Mini Pacová........................................................................................130 Ilustração 106. Grama São Carlos...............................................................................131 Ilustração 107. Buxinho...............................................................................................132 Ilustração 108. Alamanda-de-cerca.............................................................................133
  • 13. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Participação da agricultura familiar em 2006 - Total de estabelecimentos, Área total e Valor bruto da produção.......................................................................................24 Gráfico 2. Projeções entre 2015 e 2025 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a produção das principais culturas no país.....................................33
  • 14. LISTA DE TABELAS Tabela 1. Quantidade de Habitantes da Nova Alta Paulista (Dados de 2010)...............29 Tabela 2. Comparação da produção de frutas do Estado de São Paulo e da Nova Alta Paulista do ano de 2005...................................................................................................35 Tabela 3. Programa de Necessidades...........................................................................112
  • 15. SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................... 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES.................................................................................................. 7 LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................ 13 LISTA DE TABELAS........................................................................................................... 14 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 15 1 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 19 1.1 Breve histórico do município de Tupã......................................................................19 1.2 Agricultura Familiar e seus aspectos.........................................................................23 1.2.1 Agricultura Familiar na região da Nova Alta Paulista...........................................26 1.2.2 A fruticultura e seus aspectos na região da Nova Alta Paulista.............................31 12.3 A importância do jovem na agricultura familiar.....................................................38 1.3 A Criatividade como método influenciador de interesses ........................................41 1.4 Agricultura de Precisão.............................................................................................43 1.4.1 Importância da agricultura de precisão para o Fruticultor familiar........................45 1.4.2 Drone RPA Agrícola..............................................................................................47 1.4.3 Laboratórios de Análise .........................................................................................58 2 PROPOSTA PROJETUAL.......................................................................................... 63 2.1 Projetos de Referência...............................................................................................63 2.2 Equipamentos e Materiais.........................................................................................86 2.3 Processo criativo da identidade visual ....................................................................100 2.4 Levantamento da área de intervenção.....................................................................101 2.5 Conceito Arquitetônico...........................................................................................109 2.6 Proposta projetual e partido arquitetônico ..............................................................110 2.7 Definição do programa de necessidades .................................................................112 2.8 Organograma...........................................................................................................115 2.9 Fluxograma .............................................................................................................116 2.10 Projeto Arquitetônico............................................................................................116
  • 16. 2.10.1 Memorial Justificativo .......................................................................................116 2.10.2 Memorial Descritivo ..........................................................................................118 2.10.2.1 Terreno............................................................................................................118 2.9.2.2 Fundações..........................................................................................................119 2.10.2.3 Alvenaria e Divisórias.....................................................................................119 2.10.2.4 Lajes e forros...................................................................................................119 2.10.2.5 Cobertura.........................................................................................................120 2.10.2.6 Estrutura Metálica...........................................................................................120 2.10.2.7 Revestimentos e Pintura..................................................................................121 2.10.2.8 Pisos ................................................................................................................122 2.10.2.9 Vidros..............................................................................................................122 2.10.2.10 Iluminação.....................................................................................................122 2.10.2.11 Paisagismo ....................................................................................................122 2.10.2.12 Elevador e Plataforma...................................................................................133 29.8 Corrimãos e guarda-corpos ...................................................................................133 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 134 REFERÊNCIAS..........................................................................................................136
  • 17. 15 INTRODUÇÃO Este trabalho parte da convicção de que os agricultores familiares, são fundamentais para o desenvolvimento e diversificação do agronegócio, e contribuem para a sobrevivência da sociedade como um todo. Pois como afirma Borges e Santos (2012) são esses produtores que fornecem alimentos que suprem necessidades básicas de alimentação e geração de renda do país e tem, portanto, grande importância na economia de todo o Brasil. Apesar disso, o trabalho e a população rural contam com um êxodo crescente desde a década de 1970 no Brasil, a última pesquisa de 2010, relata apenas 29,8 milhões de habitantes no meio rural, que é quase a mesma quantia de pessoas no campo há mais de meio século atrás, no ano de 1940 (ALVES et al., 2013, p. 34). Essa saída tem motivação de vários fatores, entre os principais podem ser citados, a dificuldade em estudar devido ao trabalho na agricultura, poucas tecnologias disponíveis, e as condições inadequadas para conseguir renda a partir da terra (CASTRO et al., 2013, p. 20-23). O projeto de pesquisa demonstra que na Nova Alta Paulista, há grande aptidão para o agronegócio, com o domínio da agricultura familiar, que é composta por culturas diversificadas e baseada na obtenção de lucro. Dentre as atividades, a fruticultura precisa de maior assistência, por ser a quarta maior produção da região, estabelecida como alternativa para evitar o êxodo nas cidades de baixo desenvolvimento, e pela economia favorável. Além disso, o estado de São Paulo é um polo citrícola e o Brasil está em terceiro lugar na produção mundial de frutas. Um grave problema enfrentado na fruticultura dessa região, são as pragas e doenças que se desenvolvem, evoluem e ficam resistentes com o passar do tempo, provocando prejuízos. Na maioria das propriedades a aplicação de fertilizantes e corretivos nas culturas é imprecisa e gera falhas, pela falta de planejamento. É necessária a difusão da tecnologia, com soluções e informação quanto as técnicas existentes para aprimoramento da produção como um todo. Para pesquisas e apoio com consultorias, existem algumas parcerias próximas como a UNESP, a APTA situada em Adamantina, dentre outras que auxiliam na melhoria da produção. Mas os agricultores familiares da Nova Alta Paulista não possuem o conhecimento ou o costume de buscar essas informações, geralmente aprendem apenas em reuniões ou palestras de empresas de divulgação, ou por iniciativa da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral). A solução para acesso a esses dados,
  • 18. 16 seria reunir todas as instruções desenvolvidas para mostrar ao pequeno produtor no caso específico da sua propriedade o que deve ser feito. O que a maioria dos agricultores familiares da região utilizam como único método para mapear a variabilidade da terra e das plantas, é a análise química de solo e de tecidos vegetais, com o envio de amostras para os poucos laboratórios próximos existentes. E as vezes há atrasos dos resultados devido à grande demanda de serviços, o que atrapalha na antecedência para aplicar as correções que forem necessárias na cultura. Pouca disponibilidade de recursos materiais e financeiros são os maiores problemas do pequeno produtor, e a utilização de crédito ou empréstimos em bancos para viabilizar essa deficiência não são eficazes. Garcias (2014, p. 86) afirma em seu estudo que para o agricultor familiar, a atual política de crédito rural adotada, o Pronaf, não possui efeito na produtividade da terra e do trabalho, por isso recomenda que além da liberação dos recursos, haja também assistência técnica para que os produtores saibam utilizar de forma eficiente esse dinheiro. É com conhecimento e tecnologias que pode ser ampliado o rendimento e o interesse do agricultor familiar em investir na fruticultura, assim a melhoria na qualidade de vida e de trabalho motiva os jovens a permanecerem no campo. Se não houver mudanças, a consequência será a falta de produtos necessários para a alimentação no país. A solução para aumentar a produtividade e otimizar os gastos do produtor, está na Agricultura de Precisão (AP) que mapeia e gerenciar os cultivos, monitorando a infestação de ervas daninhas, doenças e pragas (MOLIN, 2009, p. 81-82). Como uma opção viável a agricultura familiar, os Drones, ou Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPA), podem fazer essa análise completa na propriedade, e são viáveis quando utilizados como um serviço terceirizado ou compartilhado, com acompanhamento de um técnico preparado (MOURA, 2017, p. 1). Com os dados coletados, por RPA, de cada particularidade e correção a ser feita na cultura, é necessário realizar em laboratórios, análises foliar, de solo e de semente para conhecer a fertilidade da terra, verificar as deficiências e selecionar apenas as melhores sementes para a plantação. E com a assistência de um profissional especializado para entregar mapas e relatórios das correções e técnicas a serem aplicadas, acompanhando a evolução da lavoura, o agricultor, consequentemente obterá redução de custos, produtividade e qualidade das frutas, com vantagens também aos consumidores. Incentivar a população rural a permanecer na agricultura, com todos as dificuldades existentes ao produtor não é uma tarefa fácil, é preciso pensar em uma
  • 19. 17 solução que desenvolva o interesse principalmente dos jovens. Bruno-Faria (2000, apud LIMA, 2003, p. 111-142), afirma que a criatividade no ambiente de trabalho é essencial, pois torna possível a produção de inovação que resulta em ganhos para a organização e a sociedade. Dentro da própria propriedade muitos agricultores, com poucos recursos criam alternativas de equipamentos e máquinas próprias. Em diversos eventos e feiras pelo pais, há mostras e concursos destinados a esse inventor rural, reafirmando a importância da criatividade nesse setor. Com isso o interesse dos jovens pode ser estimulado ao desenvolver invenções e adaptações, para o plantio, colheita, pós-colheita e implementos, como forma de possuir soluções baratas e possíveis, que os auxiliem nas práticas quotidianas, produzindo com menor esforço físico, para obter melhores rendimentos nas atividades agrícolas. É possível avaliar então a necessidade de um local fixo que possa ser utilizado frequentemente pelos agricultores familiares, com técnicas que facilitem e estimulem a inventividade. Como um ambiente que forneça palestras e workshops com a exposição e explicação do desenvolvimento de alguns inventos de sucesso aplicados, além de gerar novas ideias por dinâmicas em grupo, incentivando e possibilitando o produtor a utilizar da criatividade para criar novas máquinas e implementos facilitadores do campo. O que também proporciona a comercialização dos direitos de cada inovação para as empresas fabricantes interessadas, de onde podem surgir tecnologias e equipamentos, com produção em escala, que atendam essa parcela importante da população. Pensando em todos esses aspectos, a proposta projetual visa a implantação de um Centro de Agrotecnologia do Fruticultor da Nova Alta Paulista na cidade de Tupã, para levar conhecimento, com atividades técnicas que estimulam a criatividade de novos métodos no campo, além de promover uma produção precisa com dados obtido pelo geoprocessamento do monitoramento de drones e laboratórios de análises a todos os agricultores familiares que desenvolvem a atividade da fruticultura na região da Nova Alta Paulista. Na implantação do Centro, foi pensado na facilidade do acesso de todas as cidades da região da Nova Alta Paulista, e Tupã- SP foi escolhida pela forte ligação com a agricultura. Segundo Pereira e Lourenzani (2014, p. 233 - 234) esta cidade está localizada na região centro-oeste do Estado de São Paulo denominada Alta Paulista. O município possui um grande número de pequenos produtores, e conta com três
  • 20. 18 cooperativas rurais de abrangência regional, dois sindicatos ligados ao setor e duas associações formalizadas. Com a intervenção em um terreno localizado a beira da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros SP-294, junto a rotatória Ramon Barrionuevo, com frente para a estrada de terra TUP – 346, pretende-se que a edificação proporcione a melhoria das condições econômicas, de desempenho e conhecimento do agricultor familiar produtor de frutas na região. Através do fornecimento de serviços de qualidade e baixo custo para o monitoramento por drones com análises e pesquisas detalhadas e relatadas por profissionais capacitados que determinem as correções nos locais necessários com aplicação otimizada de insumos para o desenvolvimento e maior produtividade das culturas. Com um auditório para palestras e workshops. E para minimizar algumas das causas do êxodo rural, uma oficina de invenções auxilia no estimulo da criatividade dos jovens. Dessa forma, como consequência, é evitada a extinção dos alimentos seguros e nutritivos que promovam a saúde e o bem-estar, e haverá o desenvolvimento da agricultura familiar na produção de frutas da Nova Alta Paulista. Inicialmente, para que o trabalho fosse direcionado exatamente as necessidades da região, foi realizada uma entrevista, com o engenheiro agrônomo responsável pelo Escritório de Defesa Agropecuária de Tupã, que pode responder as questões pertinentes quanto ao tipo de agricultura e sua realidade atual na Nova Alta Paulista. A partir daí se desenvolveu o foco da pesquisa. Para compreensão do assunto, a sequência da revisão da literatura descreve nos primeiros subcapítulos a problematização deste trabalho, com apresentação de um breve histórico do município de Tupã, além do destaque da importância e dos aspectos da agricultura familiar e da fruticultura no país e na Nova Alta Paulista, descrevendo a relevância dos jovens para esta atividade do campo. Posteriormente a pesquisa aborda as soluções que podem ser aplicadas para os problemas relatados, com a aplicação de métodos de criatividade e da Agricultura de Precisão e sua importância, bem como o uso de drones nas análises e pulverização de propriedades como uma forma viável. E por último, o segundo capítulo, diz respeito as pesquisas de referências arquitetônicas e de estruturas semelhantes necessárias a compreensão do programa de necessidades, bem como os estudos preliminares e outras definições da proposta projetual deste trabalho.
  • 21. 19 1 REVISÃO DA LITERATURA 1.1 Breve histórico do município de Tupã A cidade de Tupã, cujo nome significa “Deus do Trovão ou Espírito Bom”, representa uma homenagem aos índios que foram seus primeiros habitantes, numa terra que era como um Sertão desconhecido. Foi fundada em 12 de outubro de 1929 por Luiz de Souza Leão, empreendedor de origem pernambucana que previa a necessidade da existência de um centro-chave entre as regiões Noroeste e Sorocabana do estado de São Paulo (TUPÃ, [2015]a, p. 1). O município fica na Alta Paulista, no oeste de São Paulo, região anteriormente habitada pelos índios da tribo Kaingang. No início nenhuma das propriedades rurais possuíam benfeitorias e a agricultura era de subsistência, mas com o aumento da produção e a ampliação dos meios de transporte, devido a criação de novas estradas, houve a expansão do comércio (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 54). Surgiu, portanto, como uma visão empreendedora para as regiões que a cercavam no estado de São Paulo, foi habitada pelos índios e teve desde o início a predominância da agricultura familiar. Foi com o cultivo do café, que a cidade se desenvolveu economicamente. Devido a construção de uma rede de estadas de ferro, que possibilitou o deslocamento desse tipo de cultura cada vez mais para o oeste, houve rápido crescimento da produção cafeeira a partir de 1880, e São Paulo ultrapassou o plantio do Rio de Janeiro e do Vale do Paraíba. Uma crise fez com que a produção de café fosse proibida em 1931 pelo Presidente Getúlio Vargas, e foi liberada só em 1936, quando Luiz de Souza Leão em Tupã já tinha previsto e preparado as terras e plantou 200 mil mudas, o que somado a plantação da região tornou o município o terceiro produtor do Estado (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 185-186). De culturas diversificadas, sempre havia alguma produção de destaque: “Além do café, algodão e amendoim, já na década de 1950, o município de Tupã foi classificado como o 10º produtor de arroz do Estado; plantava cana para forragem, amoreira que servia para a sericicultura, mamona e feijão” (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 191).
  • 22. 20 Neste cenário, devido aos destaques em diversas culturas, Tupã sempre teve a economia baseada na agricultura o que proporcionou seu desenvolvimento ao longo dos anos. Ilustração 1. Transporte do algodão colhido, em 1956 Fonte: (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 188) Com o objetivo de desenvolver a agricultura, foram criadas organizações para orientação e proteção aos agricultores (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 237-238). Em 1948, por iniciativa do Prefeito Municipal Alonso Carvalho Braga, foi criado a Casa do Pequeno Lavrador. [...] Incentivando e proporcionando recursos para o melhor desempenho do homem no campo, a instituição tinha, como objetivo primordial, oferecer apoio a classe agrária, informando sobre novas tecnologias [...] Somente em 1997, Tupã passa a ter o Escritório de Desenvolvimento Rural – EDR [...] Em 2012, [...] foi também instalado o Escritório de Defesa Agropecuária – EDA, órgão que trabalha na defesa de plantações contra pragas ou no combate às doenças que ameaçam o gado, como a aftosa [...] (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 193-196) Todas essas organizações e escritórios desenvolvidos auxiliaram, e ajudam até hoje, de maneira significativa a produção dos agricultores, com a ampliação da renda e melhores condições de apoio. É importante destacar os problemas com o solo de Tupã, que ocorrem devido a sua composição predominantemente arenosa, formado a partir da decomposição de
  • 23. 21 arenitos de Bauru, o que provoca erosão em sulcos, e facilmente destrói partes de propriedades agrícolas. Além disso os poucos hectares de vegetação que restam estão degradados, como resultado da retirada por muito tempo de espécies para uso na marcenaria, carpintaria ou melhoramentos em propriedades rurais, o que destrói a natureza e causa danos irreparáveis (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 66). Todo o desmatamento, apesar de ter prejudicado a cidade, não impediu o progresso agrícola das propriedades rurais. Além disso, algumas terras adquiridas próximas ao perímetro de Tupã, foram incluídas como distritos da cidade, como mostra a Ilustração 2, compondo uma ampla área diversificada. O DISTRITO DE TUPÃ foi criado junto ao município de Glicério, através do decreto estadual nº 6.720 de 02.10.1934. Pelo Decreto Estadual nº 9.775 de 30.11.1938, foi criado o MUNICÍPIO DE TUPÃ, sua instalação ocorreu em 01.01.1939. Atualmente, integram-no 03 (três) Distritos: PARNASO, VARPA E UNIVERSO (TUPÃ, [2015]b, p. 1). Devido a riqueza histórica que é preservada na cidade e em seus distritos, o município foi declarado Estância Turística pelo Governo Estadual em 2003. Como exemplos de estabelecimentos mais conservados, é possível destacar a residência do fundador da cidade, denominada Solar Luiz de Souza Leão, que atualmente é aberto a visitações, e o Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre, com grande acervo indígena que funciona desde 1966 (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 419-441). Por todas essas condições favoráveis a receber turistas, a estância é constantemente visitada por aqueles que desejam conhecer sua história, o que faz gerar o comércio como um todo.
  • 24. 22 Ilustração 2. Mapa da Estância Turística de Tupã Fonte: (MONTES; MORENO; NAKAYAMA, 2012, p. 69) Segundo o último Censo (IBGE, 2010), o município possui uma população de 60.930 habitantes na área urbana e 2.546 na área rural. Destes se constitui em 1.114 Unidades de Produção Agropecuária (UPA) (SÃO PAULO, 2008). E de acordo com Pereira e Lourenzani (2014, p. 233): “[...] 986 UPAS são menores ou iguais a 4 módulos fiscais, o que caracteriza o município com um grande número de pequenos produtores”. Atualmente os produtores rurais são membros de algumas organizações que auxiliam o desenvolvimento agrícola da região, segundo Pereira e Lourenzani (2014, p. 234): O município conta com três cooperativas de produtores rurais de abrangência regional: a CAMAP (Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista) que tem como foco a produção, secagem e armazenagem de amendoim, a COPLAP (Cooperativa dos Produtores de Leite da Alta Paulista)[...] e a CERT (Cooperativa de eletrificação rural de Tupã) que fornece energia elétrica aos produtores associados. O município possui também dois sindicatos ligados ao setor rural: o Sindicato Rural patronal e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tupã. Conta ainda com duas associações formalizadas: a Associação dos Bananicultores de Tupã e a Associação dos Produtores de Leite de Tupã [...]
  • 25. 23 Todas essas cooperativas, associações e sindicatos, fornecem infraestrutura mínima e auxiliam os agricultores a ampliar o lucro sobre as produções. Pois desde a fundação a agricultura está relacionada ao município de Tupã. A economia do município baseia-se no comércio forte, agricultura e pecuária. Tupã é o maior produtor de amendoim do Estado e um dos maiores do Brasil. A fotografia de eventos e formaturas é outro destaque, com mais de 50 empresas e 5 mil empregos diretos, conferindo a Tupã o título estadual de Polo Regional da Fotografia de Formatura. A indústria moveleira é outro ramo que cresce a cada dia (TUPÃ, [2015]a, p. 1). Mesmo com a relevância da agricultura para a cidade, ainda falta muita assistência para melhorar as culturas e alavancar a economia, que hoje se destaca predominantemente com o amendoim. Falta o apoio as pequenas propriedades que cada vez mais vem se extinguindo em Tupã, pela falta de organização das associações que não se empenham para dar continuidade no trabalho, que possibilita o lucro mais vantajoso aos produtores. 1.2 Agricultura Familiar e seus aspectos Conforme a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, ficou definido como agricultor e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: não detenha, a qualquer título, área maior do que quatro (4) módulos fiscais; utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio empreendimento; e dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família (IBGE, 2006, p.15). Ao compreender que um agricultor familiar produz em pequenas propriedades, podendo trabalhar com diversas culturas, é preciso conhecer a relevância desse tipo de atividade na economia do pais. De acordo com estudos realizados sobre o último censo, o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio no ano de 2004 representava 29,90% do total na economia do Brasil. Somente a agricultura familiar contribuiu com 9,60% do PIB total (GUILHOTO et al., 2007, p. 88-90).
  • 26. 24 O PIB da agricultura familiar, demonstra sua crescente participação no desenvolvimento do país. Quase um terço do agronegócio brasileiro, pode parecer pouco, mas é uma evolução relevante, visto que é composto apenas por produções em pequena escala. Como estimativa recente, é preciso avaliar os resultados do seminário de Perspectivas para o Agribusiness em 2017 e 2018, que relata um crescimento na agropecuária brasileira de 15,2% no primeiro trimestre do ano de 2017 em relação ao mesmo período em 2016, com destaque para o forte crescimento da produção de grãos. No atual cenário da crise nacional, foi a agropecuária que teve a maior responsabilidade pelo crescimento na economia brasileira, o que confirma sua importância para o país (GLOBO RURAL, 2017, p.1). Gráfico 1. Participação da agricultura familiar em 2006 - Total de estabelecimentos, Área total e Valor bruto da produção. Fonte: (PINTO et al., 2012, p. 135) Como apresentado no Gráfico 1, a participação da agricultura familiar é significativa, representando a maioria dos estabelecimentos rurais, e que apesar de ocupar
  • 27. 25 a menor parte da área total dos estabelecimentos agropecuários é responsável por 38% do Valor Bruto da Produção. O que se traduz em um Valor Bruto da Produção de R$ 677 por hectare, que é 89% superior ao gerado pela agricultura não familiar de R$ 358/ha (PINTO et al., 2012, p. 135). Os números relatados, fortalecem a ideia de que a agricultura é essencial para o Brasil. E além disso, os pequenos produtores se sobressaem em alguns aspectos e também merecem atenção. A agricultura familiar é responsável pelo fornecimento de algumas culturas para a alimentação da população brasileira, dentre as quais se destacam: mandioca (87%), feijão (70%), milho (46%), café (38%), arroz (34%), trigo (21%) e soja (16%); além de fornecer também proteína animal, como leite (58%), aves (50%), suínos (59%) e bovinos (30%) (IBGE, 2006, p. 20). Baseado nesses dados e pelo debate sobre desenvolvimento sustentável, geração de renda e manutenção dos empregos no campo, segurança alimentar e desenvolvimento local, a agricultura familiar vem ocupando lugar de destaque na discussão sobre o desenvolvimento brasileiro [...] (PINTO et al., 2012, p. 136). Em busca da melhoria de renda, os agricultores familiares, para não correr riscos, pela dependência de uma única cultura e forma de sobrevivência, buscam novas alternativas, que em sua maioria são compostas por atividades características como: a pluriatividade, culturas rotativas e culturas diversificas. Conforme é relatado por Feltre e Bacha (2009, p. 2), o termo pluriatividade representa as atividades no meio rural ou urbano, que os membros da família residentes no campo passam a exercer, sendo pluriativas as famílias que possuem pelo menos uma pessoa trabalhando em outro ramo que não seja a agropecuária. Esta característica está presente na agricultura familiar e vem se expandindo, com o objetivo de ampliar ou complementar a renda, garantindo o sustento da família e proporcionando a permanência no meio rural (PINTO et al., 2012, p. 136). Neste caso, são amplas as possibilidades para a melhoria da situação do produtor. Na utilização da mão-de-obra da agropecuária, no caso exemplo da introdução de uma monocultura ou um sistema tecnológico no decorrer do ano, se tem necessidades variáveis, o que desequilibra a real demandada, com a sub-ocupação ou desocupação e a redução da produtividade média de trabalho disponível na unidade familiar. Por isso se torna importante utilizar técnicas no campo que combinam culturas
  • 28. 26 sob a forma de rotação em conjunto com a disponibilidade de força de trabalho familiar (PINTO, apud SILVA, 1998, p. 136). São as culturas rotativas, que mantem em equilíbrio a disponibilidade de mão de obra, o que permite a produtividade e a renda dos agricultores familiares. E a outra alternativa de renda, muito utilizada pelos pequenos produtores é a diversificação agrícola. Que com outras atividades, como horticultura, fruticultura e criações, seja para a comercialização ou para o consumo de sua família, o agricultor terá alternativa de renda mensal e subsistência (SAMBUICHI, 2016, p. 1-2). Tais constatações demonstram que o agricultor familiar, está em busca de aperfeiçoar suas condições de trabalho e lucro, mas somente estratégias de diferentes atividades não são totalmente eficazes. É preciso utilizar de técnicas para combater os problemas existentes em cada cultura, com tecnologias e novos conhecimentos que agreguem valor e gerem produtividade. Para auxiliar na orientação sobre a utilização adequada da terra e dos recursos tecnológicos em todas as atividades agrícolas é necessário que haja assistência técnica eficiente. A partir disto, o sistema cooperativo e as associações de produtores são importantes para potencializar os recursos regionais da ampla diversidade de produtos agrícolas, característicos da agricultura familiar (PINTO et al., 2012, p. 137). Diante do exposto, a agricultura familiar se encontra atualmente em constantes mudanças, possui grande capacidade de diversificação da economia, e é importante tanto para a sobrevivência das famílias produtoras quanto para os consumidores das culturas, abrangendo a população como um todo. Mas apesar de sua relevância, falta assistência adequada e tecnologias a serem implantadas para ampliar o interesse da população em investir nesse segmento. 1.2.1 Agricultura Familiar na região da Nova Alta Paulista A Nova Alta Paulista, localizada a noroeste do estado de São Paulo, foi considerada como uma das regiões mais prósperas do Brasil nos anos de 1950, e recentemente, passou a uma das regiões mais carentes do estado. Fato confirmado ao observar que dos 100 municípios com menores Índices de Desenvolvimento Humano – IDH paulista, 12 encontram-se nesta região (PINTO et al., 2012, p. 132).
  • 29. 27 Para entender a denominação da região de “Nova” Alta Paulista é preciso considerar sua colonização posterior, à da Alta Paulista, que era composta pela região de Marília. Enquanto essa foi colonizada por volta de 1910 a 1920, a Nova Alta Paulista passou a receber intenso fluxo migratório a partir de 1930 (GIL, 2008, p. 76). [...] composta por 30 municípios, foi uma das últimas regiões a ser ocupada no estado de São Paulo e passou por intensas mudanças, sobretudo nos últimos 60 anos, como consequência das crises cafeeira, do algodão, etc., que leva até hoje à construção de diferentes estratégias produtivas e de inserção nos mercados, por parte dos agricultores, grandes responsáveis pela economia regional [...] (PINTO et al., 2012, p. 137). Com isso, observa-se que a região demarcada no mapa da Ilustração 3, já foi muito importante para o pais, e tem chances de voltar a ser relevante, desde que a agricultura, principal economia regional, busque melhorias de todos os aspectos na produção. Ilustração 3. Localização e composição da Região Nova Alta Paulista Fonte: (PINTO et al., 2012, p. 138) Nesta região até hoje há aptidão para o agronegócio, devido a gestão dos municípios e capacidades de clima e solo, além das influências culturais e das políticas
  • 30. 28 macroeconômicas e setoriais. No entanto, o desenvolvimento das cadeias produtivas agroindustriais na região é bastante heterogêneo (PINTO et al., 2012, p. 132). A região, que surgiu em virtude do progresso do café e chegou a ser uma das mais prósperas do país, após o encerramento do ciclo de riquezas dessa cultura sofreu um longo período de transformação e adaptação para a agropecuária. O gado, o algodão e o amendoim passaram a ser a nova moeda forte da região. O trem, a industrialização da carne, do amendoim e do algodão acabariam por delinear o progresso da cidade, ligando-a às regiões Noroeste, Sorocabana, norte do Paraná e Mato Grosso. (PINTO et al., 2012, p. 138). Mesmo com a expressiva produção de amendoim e algodão da região, ainda há no campo pessoas mais pobres e que buscam o sustento da família, e tem a produção muitas vezes prejudicada pelas variáveis ambientais e problemas adversos. É a agricultura familiar que domina atualmente a região da Nova Alta Paulista, com culturas rotativas ou diversificadas, o produtor planta o que acha que poderá obter maior lucro no momento, com destaque para a fruticultura, que necessita de maior assistência devido aos poucos investimentos do governo e sua baixa rentabilidade (informação verbal)1 . A desigualdade de oportunidades no decorrer da história comprometeu o desenvolvimento da região como um todo, devido a fatores sociais, econômicos, políticos e ambientais. No período entre 1970 e 2006, a população da região da Nova Alta Paulista aumentou. Entretanto, moradores das menores cidades tem migrado para outras regiões e também para as cidades “pólos” da região (PINTO et al., 2012, p. 139). Em relação ao envolvimento da família na atividade rural na região, a sucessão está comprometida visto que muitos jovens já deixaram o campo. O motivo é a baixa remuneração, porque como a produção requer muita mão-de-obra, há dificuldades de ampliar novas atividades que possam aumentar a geração de renda. Assim muitos produtores já entrando na terceira idade, enfrentam dificuldades na realização das tarefas agrícolas, e não tem a ajuda dos filhos que não se envolvem, seja pela ausência na propriedade ou por desenvolverem outras atividades fora do meio rural (PINTO et al., 2010, p. 3). E é essa cultura de apostas no maior lucro que faz a agricultura diversificada da Nova Alta Paulista, mas de certa maneira, isto pode prejudicar o produtor, que fica __________________________ 1 Notícia fornecida por José Carlos Tolentino Prado, engenheiro agrônomo do Escritório de Defesa Agropecuária de Tupã, em uma entrevista realizada, em Osvaldo Cruz, em junho de 2017.
  • 31. 29 exposto as variáveis de mercado, correndo o risco de perder tudo, por exemplo. O que demonstra o despreparo dos mesmos, pois o foco deveria ser primeiramente na melhoria da produção que já possuem e no beneficiamento como outra oportunidade. Com isto e a baixa rentabilidade do produtor, é que ocorre a migração para outros lugares, como forma de buscar melhores condições. Para compreender a quantidade geral de habitantes de cada cidade na região, é preciso observar os dados da Tabela 1, que apresenta o total aproximado dos municípios, de acordo com o último Censo oficial realizado pelo IBGE. Tabela 1. Quantidade de Habitantes da Nova Alta Paulista (Dados de 2010) Municípios Até 5.000 Até 10.000 Até 15.000 Até 20.000 Até 25.000 Mais de 25.000 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Nova Guataporanga, Pracinha, Queiroz, Sagres, Salmourão, Santa Mercedes, São João do Pau D’ Alho. 12 Mun. 35.276 Hab. Herculândia, Iacri, Irapuru, Ouro Verde, Paulicéia, Rinópolis. 6 Mun. 46.978 Hab. Florida Paulista, Pacaembu, Panorama, Parapuã, Tupi Paulista. 5 Mun. 65.770 Hab. Junqueirópolis, Lucélia. 2 Mun. 38.608 Hab. Bastos. 1 Mun. 20.445 Hab. Adamantina, Dracena, Osvaldo Cruz, Tupã. 4 Mun. 171.44 8 Hab. Fonte: Censo IBGE 2010 Para fortalecer a autonomia dos municípios e unir forças com as cidades da Nova Alta Paulista, foi criada em 1977, a AMNAP, sigla de Associação de Municípios da Nova Alta Paulista (AMNAP, 2017, p. 1).
  • 32. 30 [...] a região representa 3,4% da área, 0,9% da população, 0,83% do PIB do estado de São Paulo. Entretanto, a região mostra-se carente em organização e coordenação dos arranjos produtivos agroindustriais. Essa deficiência demandou a criação do Programa de Desenvolvimento Regional por iniciativa da AMNAP. O programa orienta-se pelas ações que privilegiem os empreendimentos e produtos que proporcionem maior geração de emprego e renda, e mantenham a atual estrutura de produção em pequenas e médias propriedades. Um dos principais pilares deste programa é a implantação do Pólo Regional de Fruticultura Tropical (PINTO et al., 2012, p. 139). Uma das estratégias da AMNAP, foi duplicar a Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, SP-294 (GIL, 2008, p. 75). Esta via é a principal ligação entre a região e as cidades de São Paulo, Marilia, Presidente Prudente e ao Estado de Mato Grosso do Sul, e localizam-se às margens dela diversas cidades da Nova Alta Paulista (ROMA, 2012, p. 238). Pode ser considerada portanto, um dos principais acessos ás cidades dessa região. Somente as ações promovidas pela AMNAP não são suficientes para auxiliar no desenvolvimento da agricultura familiar regional. É necessário a difusão da tecnologia, com soluções e informação quanto as técnicas existentes para aprimoramento da produção como um todo. Para isso, existem algumas parcerias relevantes na região que auxiliam com pesquisa e consultorias (apoio técnico e de formação) fundamentais aos trabalhadores do campo, tais como: [...] UNESP (Ilha Solteira) que contribui estudos sobre adoção de técnicas de manejo como irrigação e sistemas de condução das plantas e sobre a competitividade da atividade a região; UNESP (Botucatu) que contribui com pesquisa de produtos e subprodutos da acerola; UNESP (Tupã) que contribui com capacitação gerencial de produtores familiares; SEBRAE, em parceria com Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF) com o Projeto “Fruta Paulista”, cujo objetivo é proporcionar aos produtores capacitação em Boas Práticas Agrícolas e marketing; Organização Internacional Agropecuária (OIA – Brasil) com orientação sobre certificação GLOBALGAP. As parcerias locais também merecem destaque como a prefeitura municipal de Junqueirópolis com apoio na produção de mudas, no processo de certificação e na infra-estrutura e custeio de energia elétrica da associação de produtores e a CATI que contribui principalmente no suporte técnico à produção (PINTO et al., 2012, p. 146- 147). Para fornecer assistência na região há a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), que possui um Polo Regional Alta Paulista, localizado em Adamantina, e tem como missão:
  • 33. 31 Gerar, adaptar e transferir conhecimentos e tecnologias sustentáveis para a agropecuária, atendendo as cadeias de produção e os segmentos sócio- econômicos relevantes nas suas áreas de abrangência, incluindo também, a finalidade de articular o atendimento da demanda de serviços e de insumos estratégicos para o desenvolvimento regional (APTA, 2014, p. 1). Estas parcerias propiciam apenas estudos, consultorias e capacitação na área, mas os agricultores familiares da região não possuem o conhecimento ou o costume de buscar essas informações para auxílio e melhorias em sua produção, geralmente recebem esse tipo de informação apenas em reuniões ou em palestras de empresas de divulgação, ou por iniciativa da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) que costuma convidar os agricultores para os eventos instrutivos. Por isso, com a baixo instrução dos produtores que prejudica essa assimilação de informações, é relevante que todas essas pesquisas elaboradas possam ser reunidas para mostrar, no caso específico da propriedade estudada, o resultado do que deve ser feito em cada cultura. Outro ponto que pode ser observado como uma dificuldade enfrentada pelos pequenos agricultores, é que para realizar análise química de solo para determinação da fertilidade e análise química de tecidos vegetais das produções na Nova Alta Paulista, os agricultores familiares, enviam amostras para laboratórios próximos, como a Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (FNST) em Pompéia, a Etec Eng. Herval Bellusci em Adamantina, a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) em Presidente Prudente e a Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista (CAMAP) com laboratório de Solos em Tupã. Mas estes laboratórios atendem várias cidades próximas, e as vezes a espera para se obter os resultados leva quinze dias ou mais, devido à grande demanda de serviços, o que pode atrapalhar, pois é preciso antecedência para as correções que forem necessárias. 1.2.2 A fruticultura e seus aspectos na região da Nova Alta Paulista A fruticultura é uma importante alternativa para os agricultores familiares, por ser uma atividade rentável desde que se tenha mão-de-obra intensiva, compatível com uma escala mínima de produção. E devido ao setor ser um importante empregador de mão-de-obra no campo, isto ajuda a evitar o êxodo e o aumento da pobreza na zona rural (BAGAIOLO et al., 2008, p. 3-4). Ou seja, com maior necessidade de trabalhadores, há o aumento de pessoas com renda, consequentemente é reduzido os índices de pobreza e evita-se a intenção da
  • 34. 32 saída do campo. Além dessa vantagem significante, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas (Ilustração 4), o que é um incentivo a mais a ampliação da produção. No entanto essa classificação do país, é impulsionada principalmente pelo mercado interno, que é o principal consumidor. Sua inserção internacional é inexpressiva, devido as frutas frescas sofrerem com barreiras impostas, com a falta de organização interna da produção e comercialização das frutas (LACERDA, LACERDA, ASSIS, 2004, p. 1-5). Por isto, é importante que os produtores além de controlar sua produção de maneira produtiva, sejam organizados de forma geral, de maneira a propiciar a venda das frutas também ao mercado internacional. Mas primeiramente, os agricultores precisam visualizar essa necessidade, e serem instruídos a coloca-la em pratica. Ilustração 4. Os maiores produtores de frutas do mundo Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 1) De acordo com o instituto CNA (2016, p. 95), devido à grande variedade de culturas produzidas em todo o país, sob diferentes climas (tropical, subtropical e temperado), a perspectiva para o ano de 2017 é que a fruticultura continue gerando oportunidades para os pequenos negócios, com uma produção de frutas estimada em aproximadamente 44 milhões de toneladas. Que será possível com a adoção de novas tecnologias de produção e pós-colheita para ampliar a eficiência produtiva e contribuir com a redução dos custos. Ao estimar as tecnologias que vem sendo implantadas no campo e aquelas que surgirão em um futuro próximo, é possível prever que a produção das principais
  • 35. 33 culturas no país tende a crescer, conforme mostra o Gráfico 2 com projeções de crescimento de 10% na produção de frutas como a banana e o mamão, de 2015 até 2025. Gráfico 2. Projeções entre 2015 e 2025 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a produção das principais culturas no país. Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 4) O consumo de frutas tem tendência de alta, que está relacionado ao crescente interesse do consumidor brasileiro por uma alimentação mais saudável, e a busca pelo combate da obesidade CNA (2016, p. 1). O estado de São Paulo é o maior produtor de frutas frescas do Brasil. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto de Economia Agrícola e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (IEA/CATI), a produção de frutas (incluindo a laranja) e de olerícolas (verduras e legumes), demandaram quase um terço da força de trabalho empregada na agricultura paulista, em uma área equivalente a apenas 14% do total cultivado com as principais culturas. Demonstra-se, assim, a importância social da fruticultura para o estado (PINTO et al., 2012, p. 141). É possível explicar o sucesso da fruticultura paulista com dois fatores, que são, a tradição adquirida no processo de colonização da região e a proximidade com os maiores centros de consumo nacional (PINTO et al., 2012, p. 141). Além do sucesso no país, o estado de São Paulo tem destaque e tendência de alta do consumo de frutas, o que motiva a realização de ações na agricultura deste tipo de cultura da região da Nova Alta Paulista, que está situada neste estado. O estado de São Paulo é um polo citrícola com produção de laranjas, limões e tangerinas, além da banana (entrega do maior volume que equivale a 60% da produção nacional) que é a segunda maior produção mundial entre as frutas (MDA, 2016, p. 1). As
  • 36. 34 quantidades e a ordem de classificação das frutas mais produzidas são mencionadas na Ilustração 5 a seguir. Ilustração 5. As três culturas mais produzidas no estado de São Paulo, valores em toneladas Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 3) Na fruticultura há grande potencial para o desenvolvimento da economia da região Nova Alta Paulista. Mesmo com as dificuldades em implantar e executar programas de desenvolvimento, há vantagens para a atividade, como: as condições edafoclimáticas; o tamanho das propriedades; a predominância de mão-de-obra familiar; e a demanda em excesso devido aos mercados crescentes e as empresas processadoras locais que são certificadas para o comércio interno e externo (BAGAIOLO et al., 2008, p. 4). Esta localidade “[...] segundo o Censo Agropecuário 95/96, apresenta 12.045 estabelecimentos agropecuários” (BAGAIOLO et al., 2008, p. 13). Apesar de não ser uma estimativa recente, possibilita uma noção da quantidade de propriedades. Com a posição de quarto lugar na região da Nova Alta Paulista, a produção de frutas frescas representa R$ 30,37 milhões, enquanto que o destaque vai para o grupo de produtos animais (R$ 404,6 milhões), seguido de produtos para indústria (R$ 87,5 milhões) e de grãos e fibras (R$ 40,75 milhões) (BAGAIOLO et al., 2008, p. 13). As frutas predominantes na região são: acerola, maracujá, manga, goiaba, banana, abacate, tangerina ponkan, mamão, limão, caju e uva de mesa. Com economia
  • 37. 35 favorável, a fruticultura também evita o êxodo nessas cidades de baixo desenvolvimento (BAGAIOLO et al., 2008, p. 3). Diante dos números, e culturas existentes, pode-se dizer que a produção de frutas na Nova Alta Paulista, tem grandes vantagens, tanto aos consumidores que terão a disponibilidade de alimentos saudáveis, quantos aos produtores, o que reflete na economia do pais como um todo. Na pesquisa comparativa com a produção de frutas do estado de São Paulo, a região Nova Alta Paulista apresentou relativa importância, conforme pode ser observado na Tabela 2. De acordo com o autor que desenvolveu o estudo: [...] Analisando o montante global das duas regiões, dado o volume, o valor e a área total, tem-se uma discreta participação da região estudada; mas, analisando-se cada fruta, vê-se que algumas se destacam. O mamão produzido na Nova Alta Paulista, por exemplo, corresponde com 88,92% da produção estadual, o maracujá com 22,35%, o abacate com 14,54% e a melancia com 10,14% da produção estadual; ficando as demais frutas com pequenas participações na produção total (BAGAIOLO et al., 2008, p. 16). Tabela 2. Comparação da produção de frutas do Estado de São Paulo e da Nova Alta Paulista do ano de 2005 Fonte: (BAGAIOLO et al., 2008, apud IBGE, 2015, p. 15) Quanto aos problemas enfrentados na fruticultura, pode-se citar as pragas e doenças que vem atingindo a produção dos agricultores familiares da região e prejudicam
  • 38. 36 devido à falta de investimento financeiro disponível, tanto do governo quanto dos produtores, para evitar e controlar esses problemas. A exemplo das doenças e pragas que aparecem nas lavouras dos produtores da cidade de Tupã e região, podem ser citados vários tipos diferentes de viroses, pulgão, oídio, míldio, percevejo, traças, entre outros (informação verbal)2 . Um dos problemas envolve a cultura do maracujazeiro, que pode ser infectada por diversas viroses, como o vírus do endurecimento dos frutos que predomina e causa os maiores prejuízos na região. Este só pode ser controlada com a ausência de planta vivas doentes no campo por um determinado período de tempo. As plantas infectadas têm sua produção reduzida quantitativa e qualitativamente, já que os frutos ficam menores, deformados e endurecidos, e podem não atender às expectativas do mercado (CAVICHIOLI et al., 2011, p. 411). Com todos os problemas envolvendo diversas culturas de frutas, os agricultores utilizam pesticidas e insumos agrícolas para controlar as infestações. Mas esses produtos químicos prejudicam o meio ambiente. Dentre os meios para evitar esse impacto, podem ser citados o uso mínimo de agrotóxicos para proteção de culturas contra pragas, doenças e infestantes, e a possibilidade de utilização de técnicas de produção integrada. Apesar de serem importantes para diminuir o risco de contaminação dos trabalhadores, do meio ambiente, dos frutos e dos consumidores, na Nova Alta Paulista apenas parte dos produtores colocam em pratica esses métodos (LOURENZANI et al., 2005, p. 11). É importante que seja feita campanhas de conscientização sobre os impactos de agrotóxicos do meio ambiente, para que mais produtores passem a utilizar técnicas adequadas a redução de contaminação. Pois esses procedimentos garantem vantagens como na redução de custos, maior produtividade e no fornecimento de um produto diferenciado, que é seguro, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável de alimentos. Os fruticultores também encontram dificuldades em acessar mercados exigentes como a exportação. As dificuldades estão relacionadas, principalmente, a questões de comercialização (exigências, distribuição, padronização, qualidade e embalagem), de infraestrutura (processamento, sistemas de classificação e padronização) __________________________ 2 Noticia fornecida por Francisco Koji Okuyama, ex-presidente da Associação dos Bananicultores, em uma entrevista realizada, em Tupã, em outubro de 2016.
  • 39. 37 e questões relacionadas à cultura associativa (profissionalização dos recursos humanos) (CHABARIBERY et al. 2002). Para superar esses empecilhos da melhor forma, é necessário utilizar novas tecnologias. Com estratégias tecnológicas é possível utilizar a água de maneira responsável na irrigação, acompanhar a instabilidade do clima, praticar ações sustentáveis descarbonizando a produção agrícola, evitar o desperdício de alimentos da produção ao comércio, tornar o trabalho rural atrativo aos jovens, promover uma alimentação saudável, controlar pragas e contaminantes e proporcionar qualidade de vida e inclusão social aos trabalhadores (GLOBO RURAL, 2014, p. 1). Ilustração 6. Desafios para a fruticultura que podem ser transformados em oportunidades Fonte: (SEBRAE, 2015, p. 4) É preciso vencer os desafios para a fruticultura (Ilustração 6) possibilitando uma logística adequada, o desenvolvimento das exportações, práticas sustentáveis, o controle de pragas e doenças, a gestão de empreendimentos rurais, e evitando desperdício de frutas. Com isso, surgem novas oportunidades para a venda dos produtos, se tem a redução dos custos e o aumento da produtividade, o que consequentemente amplia de maneira significativa a renda do agricultor familiar. No caso da Nova Alta Paulista, a vantagem que se tem para a fruticultura, é a proximidade com os maiores polos de consumo e a estrutura para o escoamento da produção. Mas faltam investimentos e apoio do governo, bem como a instrução dos agricultores, por palestras que implantem a consciência das amplas possibilidades que se tem com pequenas ações e práticas em suas propriedades, para gerar maior valor agregado para as frutas, ampliando o poder de negociação e com acesso a inovações tecnológicas.
  • 40. 38 12.3 A importância do jovem na agricultura familiar A população do Brasil cresceu de forma diferente nas últimas décadas, e os cidadãos que vivem nas cidades aumentaram muito. Em 1960, havia mais gente no campo do que nas cidades. De 1960 a 2010 enquanto a população das cidades aumentou cinco vezes, a população do campo diminuiu de 39 para 29,8 milhões de pessoas, como apresentado na Ilustração 7. Outros estudos mostram que a decisão de sair do campo tem sido tomada por jovens rurais, pois os mais idosos continuam a morar e trabalhar no campo (CASTRO et al., 2013, p. 15). Ilustração 7. População no campo e nas cidades de 1950 a 2010 Fonte: (CASTRO, 2013, p. 14). Na produção agrícola os idosos por mais debilitados que estejam mantem a tradição familiar, enquanto os jovens em busca de uma vida melhor, cada vez mais saem do campo e vão para as cidades. O jovem é a garantia de reprodução agrícola como sucessores da agricultura familiar, sem eles os alimentos necessários podem ser escassos (DOTTO, 2011, p. 17). Por isso o principal meio de evitar o êxodo, é promover ações que incentivem os mais novos a permanecer no campo. Além disso, a agricultura baseada na família é muito importante para manter os alimentos a mesa de toda a sociedade, com o diferencial competitivo de gerar renda
  • 41. 39 por unidade de trabalho com baixo investimento, o que reflete no aumento de empregos, contribuindo para o equilíbrio econômico e social da vida da cidade e no campo. Por isso é preciso atenção e incentivos nessa área (DOTTO, 2011, p. 15-16). Como forma de manutenção a agricultura familiar, é que se tem a importância dos jovens no meio rural, para que exista sempre a garantia de sucessão e continuidade do trabalho que é essencial a toda população. Estudos do IBGE e de outras pesquisas, relatam que alguns dos principais problemas que levam o jovem a sair da agricultura, envolvem: a menor quantidade de mulheres que faz com que os rapazes saiam para a cidade a busca de uma companheira; o trabalho na agricultura que dificulta a educação, e ocasiona menor qualificação no campo; menor quantidade de aparelhos domésticos o que significa a falta de conforto; a ausência de saneamento básico e água encanada; desvalorização da vida e do trabalho no campo pela sociedade; e condições pouco favoráveis que alguns jovens enfrentam para conseguir renda a partir da terra (CASTRO et al., 2013, p. 20-23). Todos os problemas descritos acima dependem principalmente de políticas públicas para serem solucionados. Mas a sucessão da agricultura familiar é cada vez mais evitada, se tornando a última opção aos jovens. Castro, et al. (2013, p. 15) afirma que a saída de muitas pessoas do campo para as cidades não foi boa para o País, e nem para os que saíram de suas comunidades, e por isso a juventude rural passou a ser pensada pelo governo dos países. O Programa Mundial de Ação para a Juventude (PMAJ), lançado em 1995 pela ONU, criou a necessidade de os países terem políticas para os jovens, melhorando suas oportunidades de trabalho e seu futuro, em especial nos países em desenvolvimento como o Brasil (CASTRO, 2013, p. 15). É muito importante que o pais tenha segurança da capacidade de alimentar toda a população, como base fundamental para o desenvolvimento econômico. Diante disto, é preocupante pensar que pode haver escassez na produção de alimentos devido ao êxodo rural crescente, principalmente entre os agricultores familiares, por isso foi divulgado em nível internacional o relatório da CEPAL/FAO/IICA (2009), que revela e coloca em discussão a falta de atenção dos governantes aos agricultores: [..] O relatório ressalta a ausência de maiores investimentos e políticas direcionados as atividades do campo que proporcionem condições para o
  • 42. 40 adequado trabalho agrícola das famílias. Essa situação representa um grande gargalo, pois a agricultura familiar demonstrou ter uma participação acima do esperado na produção brasileira. [...] (DOTTO, 2011, p. 15). Em conjunto com as políticas públicas o agricultor deve estar disposto a agir para melhorar suas condições, com estratégias que o motive a continuar como produtor rural. Como no uso de tecnologias para controlar e aperfeiçoar sua produção. Com a melhoria de vida dos jovens rurais é possível evitar a migração para as cidades. E conhecimentos adquiridos por formação, cursos ou workshops podem ser úteis para aperfeiçoar as técnicas de produção e comercialização, ampliando sua visão para as melhores oportunidades no campo (CASTRO et al., 2013, p. 15-16). Se o jovem possuir conhecimentos da sua área de atuação, também terá noção do que pode ser feito para melhorar suas condições e assim ampliar os lucros, como uma outra motivação a continuar no campo. No estudo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre as mudanças sugeridas ao governo, para favorecer a permanência do jovem rural no campo, pode-se destacar as mais relevantes relacionadas a produção agrícola, como: [...] Estudar o que o jovem rural deve produzir na propriedade, usando tecnologias com custos mais baixos para aumentar a renda e o lucro da produção agropecuária; [...] A assistência técnica deve recomendar plantações e criações apropriadas às condições da terra e de mercados locais, além da produção para sustento da família; [...] criar incentivos para aumentar a produção para venda ao mercado. Estes incentivos devem ser avaliados e aperfeiçoados continuamente (CASTRO, 2013, p. 54). Dessa forma, o jovem precisa de uma produção pensada para ser econômica, produtiva e rentável, que é possível com o auxílio de tecnologias, assistência técnica e novos conhecimentos, que possibilitem a aplicação das melhores técnicas na agricultura familiar, e isto será a maior motivação para que permaneçam no campo. Além de outras condições que devem ser promovidas pelo governo, como políticas de incentivo e ações para saneamento básico.
  • 43. 41 1.3 A Criatividade como método influenciador de interesses Para compressão do significado da atividade de inovar, é necessário conhecer sua definição: Criatividade é a habilidade de idear, de um indivíduo ou um grupo, para criar algo novo, original, útil e valioso. É entendida como resultado de um processo de interação entre raciocínio individual, características da personalidade, de um indivíduo ou um grupo, e variáveis ambientais (FERNANDES, 2013, p. 25). De acordo com um estudo coordenado por Monzoni (2016, p. 45), para que o jovem faça suas próprias escolhas e compreenda, entre outras possibilidades, a sucessão familiar como uma oportunidade real de futuro, é preciso desenvolver competências para o fortalecimento da agricultura familiar, dentre as quais são citadas: • Despertar a autonomia e o empreendedorismo no jovem agricultor familiar; • Descobrir talentos e competências, criatividade, sensibilidade e flexibilidade em relação ao conhecimento; perceber sua capacidade de resiliência; • Explorar a sucessão familiar como um caminho potencial. Com a escassez de verba para adquirir equipamentos e máquinas tecnológicas, que é uma das motivações do jovem para o êxodo rural, é possível destacar a criatividade, como uma grande oportunidade do agricultor familiar, pois possibilita solucionar suas necessidades, criando novas ferramentas e adaptações, que facilite o trabalho no dia a dia da produção no campo. Dessa forma o produtor estará empreendendo, além de desvendar novas possibilidades e a capacidade de melhorar suas condições. A mecanização agrícola é um dos meios necessários a qualquer processo de melhoria do sistema produtivo da agricultura de base familiar, o que traz como pré-requisito essencial a disponibilidade de máquinas e equipamentos para as diferentes necessidades dessas propriedades. A carência de máquinas e implementos adequados às unidades familiares de produção vem retardando, em muitos casos, a adoção de sistemas produtivos mais racionais. [...] (REICHERT; REIS; DEMENECH, 2015, p. 15) Diante disso, é possível afirmar a necessidade dos agricultores familiares em desenvolver opções para o plantio, colheita, pós-colheita e implementos, como invenções e adaptações a partir de máquinas antigas ou de outros materiais encontrados no mercado. E assim, ser uma alternativa de possuírem tecnologias e equipamentos baratos e possíveis,
  • 44. 42 que os auxiliem nas práticas quotidianas, em qualquer das atividades agrícolas, produzindo com menor esforço físico, para obter melhores rendimentos. A Embrapa organizou em 2014, um evento da 3ª Mostra de Máquinas e Inventos para Agricultura Familiar, em Pelotas/RS, que reuniu máquinas e equipamentos criados e/ou adaptados pelos agricultores familiares, mostrando a importância dessas invenções para facilitar os processos de produção no trabalho do pequeno agricultor. O destaque desse encontro fica na interação entre o agricultor, a Extensão Rural, o Ensino, a Pesquisa e os fabricantes de máquinas e equipamentos, de tal forma que todos compreendam as necessidades e interesses dessa área de trabalhadores (REICHERT; REIS; DEMENECH, 2015, p. 15). Exemplos de duas soluções simples e eficientes expostas neste evento da Embrapa, estão abaixo na Ilustração 8. Ilustração 8. Invenções da mostra de máquinas, Bicicleta pulverizadora e Moedor de pimenta Fonte: (REICHERT; REIS; DEMENECH, 2015, p. 48, 54). Para inovar e desenvolver esses equipamentos, não é necessário ser um pesquisador ou profissional em mecânica, visto que a grande maioria das pessoas que produzem estas facilidades, possuem ensino básico ou até mesmo nenhum estudo. Basta que sejam influenciados a pensar de forma criativa, como ocorre na insistência em resolver algum problema no processo de produção do campo. Todas as pessoas possuem capacidade para serem criativos, como método para isso é preciso estimular os indivíduos a gerar um fluxo contínuo de ideias inovadoras e aplicar técnicas que auxiliem nessa produção, buscando a abstração e associação de elementos com a fuga da realidade, contribuindo para novas soluções ao problema
  • 45. 43 definido. Essas interferências na capacidade de pensar, estão relacionadas às características do indivíduo, do ambiente que estão inseridos, aos aspectos da organização e a estratégia de abertura desse procedimento (FERNANDES, 2013, p. 33). Visto a relevância desse desenvolvimento para a criatividade, um estudo se destaca em relação a outros métodos, que foi feito aos artesões, levando em consideração a inovação de produtos, de processo fácil a pessoas com baixo grau de escolaridade, e por isso é possível aplica-lo em diversos grupos da sociedade, inclusive com os agricultores familiares para despertar a habilidade de inventar. Essa técnica para geração de ideias, denomina “Creation”, consiste em etapas de identificação dos participantes, quantificação e seleção dos facilitadores e seus auxiliares, seleção de palavras para sorteio aleatório, definição do tema a ser discutido para novos produtos, seleção dos vídeos de exemplos a serem mostrados, bem como os demais materiais necessários e discussão da operacionalização da dinâmica (FERNANDES, 2013, p. 95-96). Aliando os métodos utilizados, tanto na técnica Creation, quanto nos eventos de Mostra de Maquinas ao agricultor familiar, é possível pensar um local facilitador da inventividade que possa ser utilizado frequentemente pelos produtores. Com o desenvolvimento de um ambiente que forneça palestras e workshops com a exposição e o passo a passo da execução de exemplos de sucesso, bem como a visualização de casos existentes e um processo de criação em grupo que proporcione novas máquinas e implementos facilitadores do campo. 1.4 Agricultura de Precisão Segundo Inamasu e Bernardi (2014, p. 21-22), a Agricultura de Precisão, também chamada de AP, é “[...] um sistema de gestão que leva em conta a variabilidade espacial do campo com o objetivo de obter um resultado sustentável social, econômico e ambiental”. [...] a AP é uma ferramenta cada vez mais essencial na agricultura moderna, capaz de potencializar o melhor monitoramento da propriedade, resultando no aumento da produtividade e oferta de alimentos, sem que haja a necessidade da expansão das fronteiras agrícolas. Ao mesmo tempo, o uso dessas tecnologias permitirá reduzir o custo de produção, trazendo consequentes benefícios [...] (TAVARES, 2014, p. 549).
  • 46. 44 Ou seja, com este tipo de gerenciamento agrícola é possível através de tecnologias, obter informações precisas sobre a plantação de qualquer cultura e suas variáveis de produção e qualidade, e com isso tomar as decisões com plena exatidão, quanto a eliminação de pragas e doenças, fertilidade ou aumento da produtividade por exemplo. Para executar a AP, é preciso que o produtor ou o técnico inicie um trabalho que consiste na observação, medida e registro das variações de produção, tratando cada região plantada de modo diferente de acordo com suas potencialidades e necessidades. Entre as tecnologias para observar essas alterações, a mais utilizada atualmente pelos produtores, são de amostragem de solo em grades georreferenciadas para mapear as propriedades do solo e aplicar corretivos e fertilizantes em taxas variáveis (BERNARDI et al., 2014, p. 19). Mas a maioria das aplicações do ferramental de Agricultura de Precisão, vem sendo utilizado de forma isolada, sem a eficiência da AP no gerenciamento da propriedade com as informações completas de variabilidade. O que prejudica os benefícios ao agricultor familiar, ao solo e ao ambiente em geral. No conjunto de técnicas empregadas para apoio à agricultura de precisão é necessário utilizar a tecnologia de informação com sensores e mapas, que com as áreas georreferenciadas são implantadas automações agrícolas para reduzir o tempo e minimizar o erro no plantio e colheita, bem como reduzir os gastos com insumos. Como exemplos de algumas tecnologias é possível citar o uso do GPS (Global Positioning System) em máquinas agrícolas, softwares e hardwares que fornecem dados e análises, aplicação de insumos a taxas variáveis, sistemas de navegação e autoesterçamento e também a aplicação da robótica no campo (TAVARES, 2014, p. 549). Apesar de ser uma técnica necessária, a maioria dos produtores tem a impressão de que as tecnologias para aplicação da agricultura de precisão ainda são caras, pois associam esse fato a aquisição de altíssimo custo de tratores com GPS por exemplo. Mas estão surgindo soluções bem mais viáveis, como os Drones, que vieram para ser o futuro da agricultura. Os resultados que essas tecnologias proporcionam, identifica os problemas, e mostra o caminho a ser tomado para as correções necessárias no campo, mas como e que produtos serão aplicados, fica a critério do desenvolvimento de pesquisas em laboratório que resultam na melhor solução.
  • 47. 45 Dessa forma, com a sequência de obtenção de informações geoprocessadas, análises em laboratório, interpretação dos resultados, fornecimento de mapa com relatório das correções a serem aplicadas e o acompanhamento da produção para ajustes necessários, o empresário-agricultor, irá dispor de capacidade para relacionar uma gestão com a performance otimizada de sua produção. Como consequência a constante monitorização e utilização adequada das pesquisas, surgem recomendações que melhoram a produtividade, a qualidade dos produtos colhidos, garantem excelente retorno econômico ao agricultor e reduz os custos. 1.4.1 Importância da agricultura de precisão para o Fruticultor familiar Nas lavouras geralmente a aplicação de fertilizantes e corretivos nas culturas é feito sem levar em consideração as desuniformidades do solo, através da análise química de uma única amostra de toda a extensão, o que pode ocasionar a falta ou excesso de insumos, dependendo da variabilidade da demanda de cada área. Mas com a Agricultura de Precisão (AP) é possível mapear e gerenciar os cultivos, para que as quantidades sejam distribuídas em diferentes níveis para cada particularidade do solo, além de monitorar a infestação de ervas daninhas, doenças e pragas, e assim proporcionar maior produtividade e otimização de gastos ao produtor (MOLIN, 2009, p. 81-82). Os sistemas de produção atualmente existentes na fruticultura brasileira caracterizam-se pela execução de diversas práticas agrícolas durante o ciclo da cultura, tendo como preocupação a quantidade e a qualidade da produção, e a rentabilidade da atividade agrícola. Nesse contexto, cria-se uma oportunidade para a aplicação de agricultura de precisão, como forma de auxiliar a gestão do sistema de produção e a tomada de decisão pelo produtor. [...] (BASSOI, 2014, p. 350). Logo que se pensa em Agricultura de Precisão, o que vem à mente, são máquinas ultramodernas, com pilotos automáticos direcionados via satélite, drones monitorando as lavouras e softwares sofisticados que traçam mapas de produtividade infalíveis. Mas há outras soluções viáveis, que ao contrário do que se pensa, pode ser aplicada também por médios e pequenos produtores com grandes vantagens (SENAR, 2017, p. 1). Os equipamentos, por mais sofisticados que sejam ainda não realizam a gestão da lavoura, porém auxiliam o agricultor a identificar a variabilidade, a analisá-la e
  • 48. 46 a atuar, ajustando doses conforme planejado pelo mapeamento. Mas muitos dos agricultores que investem em máquinas de alta tecnologia embarcada não conseguem usar toda a capacidade do equipamento, pois não têm o conhecimento necessário para tal (INAMASU e BERNARDI, 2014, p. 21-22). Para viabilizar a utilização de todo o desempenho dessas tecnologias é necessário, que os agricultores familiares obtenham conhecimento da área, através de cursos a distância, workshops e palestras, para que antes de tudo entendam os conceitos e utilizações da AP. Só assim o produtor poderá analisar melhor o que tem condições e como aplicar no caso específico de sua propriedade. Aos agricultores de baixo capital, para investimentos em Agricultura de Precisão, é aconselhável obter primeiramente conhecimentos básicos, e aplicar práticas mais precisas e recomendadas, mesmo que simples, como análise de solo para calcário e adubação, buscando o caminho da eficiência com ganhos em produção. E também utilizar suas próprias máquinas com elaboração de adaptações ou até mesmo, terceirizar o serviço, contratando quem possui equipamentos disponíveis (SENAR, 2017, p. 1). Como uma opção viável a AP, os pesquisadores da Embrapa indicam os drones, como uma nova ferramenta, de fácil acesso a um custo razoável, que possibilita monitorar o campo de forma completa. É a tendência do futuro, até mesmo com empresas que prestam consultoria para pesquisa e disponibilizam comercialmente para o uso. Outra alternativa apresentada aos pequenos produtores, é uma cooperativa ou uma associação de produtores comprar um drone compartilhado para baratear a aquisição e um técnico acompanhar o processo (MOURA, 2017, p. 1). Na Região da Nova Alta Paulista, os agricultores familiares não utilizam serviços de agricultura de precisão, somente uma pequena parcela dos grandes produtores que usam tratores com GPS, ou avião para pulverização e analise de coloração de plantas. Mas seria de grande importância que os pequenos agricultores também tivessem condições e acesso a tecnologias, como drones para pulverização e visualização de áreas plantadas, principalmente para evitar a saída dos jovens, que deixam a vida no campo pela falta de inovações na área (informação verbal)3 . Sendo assim, é evidente que é necessário criar bases para a consolidação da Fruticultura de Precisão em todo o Brasil, gerando conhecimentos sobre seus usos e __________________________ 3 Notícia fornecida por José Carlos Tolentino Prado, engenheiro agrônomo do Escritório de Defesa Agropecuária de Tupã, em uma entrevista realizada, em Osvaldo Cruz, em junho de 2017.
  • 49. 47 pesquisas e fornecendo possibilidades de aplicação dessas tecnologias no campo, principalmente aos pequenos produtores, que possuem poucos recursos e tem papel fundamental para o país. 1.4.2 Drone RPA Agrícola “O termo “drone” é usado popularmente para descrever qualquer aeronave (e até mesmo outros tipos de veículos) com alto grau de automatismo. De forma geral, toda aeronave drone é considerada uma aeronave não tripulada [...]” (ANAC, 2017, p.7). Eles podem ter vários usos, permitidos pelo formato compacto, como mostra a Ilustração 9. Ilustração 9. Possibilidades de missões com RPA Fonte: (ANDRADE, 2013, p. 1). Como consta no novo regulamento da Agência Nacional de Aviação Civil, os drones foram divididos e categorizadas da seguinte forma: “[...] Aeromodelos são aeronaves não tripuladas utilizadas para lazer. RPA são aeronaves não tripuladas usadas para outros fins, como corporativo ou comercial. [...]” (ANAC, 2017, p. 7).
  • 50. 48 As Aeronaves Remotamente Tripuladas (RPA) são uma importante opção na agricultura de precisão. E a atual evolução do desenvolvimento tecnológico, vem favorecendo a sua aplicação no campo e em missões de reconhecimento, principalmente pela redução do custo e do tamanho dos equipamentos e pela necessidade de otimização da produção (JORGE e INAMASU, 2014, p. 110). Para compreensão do seu funcionamento na agricultura, a RPA é composta de uma estação de controle em solo, o (Ground Control Station) GCS que possibilita visualizar o mapa do local para planejar a missão e acompanhar todo o trabalho realizado remotamente, com a referência da posição do drone. Acoplado ao drone há um (Sistema de Posicionamento Global) GPS e uma unidade de navegacao inercial (IMU)4 para garantir uma melhor precisão da posição. E outro sistema, serve para manter a aeronave estabilizada e executando manobras que a conduza através de uma rota selecionada (JORGE e INAMASU, 2014, p. 111). Ilustração 10. Principais equipamentos de um drone Fonte: (ANDRADE, 2013, p. 1). __________________________ 4 Segundo Jorge e Inamasu (2014, p. 111) “Uma unidade de navegação inercial nada mais é que um sistema de navegação que integra as acelerações em Norte/Sul, Leste/Oeste por meio de sensores inerciais, determinando a posição [...]”.
  • 51. 49 No desenvolvimento de sistemas de controle de voo para a RPA, há grandes avanços. E existem até mesmo sistemas gratuitos, disponíveis para download na internet, como o Ardupilot, que pode ser configurado por qualquer pessoa e funciona perfeitamente (JORGE e INAMASU, 2014, p. 112). Esses softwares podem auxiliar, principalmente a agricultura familiar, como uma alternativa de menor custo, que com o drone poderá avaliar a qualidade do plantio, e acompanhar o desenvolvimento da cultura. E assim ter precisão na identificação de deficiências da produção, como a ocorrência de pragas, escassez hídrica, déficit de nutrientes e danos ambientais. Quanto as orientações para os usuários, a ANAC, dividiu as Aeronaves Remotamente Tripuladas em três classes, de acordo com o peso máximo de decolagem, definindo regras variáveis conforme as condições de uso. Em todos os casos as operações só poderão ser iniciadas se houver autonomia suficiente da aeronave para realizar o voo e pousar em segurança no local previsto, levando-se em conta as condições meteorológicas conhecidas (ANAC, 2017, p. 7-11). Segundo análises realizadas, as RPAs que mais se adaptam as necessidades da agricultura familiar, vão desde a Classe 3 (peso máximo de decolagem maior que 250g e menor ou igual a 25 kg) até a Classe 2 (peso máximo de decolagem maior que 25 kg e até 150 kg). Então é recomendável que apenas profissionais treinados e preparados com a documentação necessária pilotem o equipamento, neste segmento de atuação agrícola. O que é explicado devido aos requisitos exigidos a essas classes de acordo com a ANAC (2017, p. 8-16): Ter no mínimo 18 anos de idade; seguir as regras da ANATEL e do DECEA; possuir seguro com cobertura de danos a terceiros; fazer uma avaliação de risco operacional; ter o equipamento cadastrado no Sistema de Aeronaves não Tripuladas (SISANT) da ANAC; e sendo que na Classe 2 e em alguns casos de operações especificados nas regras para a Classe 3, é necessário portar Certificado de Aeronavegabilidade Especial RPA (CAER) e o manual do equipamento, possuir licença e habilitação emitidos pela ANAC, ter o projeto aprovado registrando todos os voos e ter Certificado Médico Aeronáutico (CMA). Esta regulamentação restringiu o uso de alguns modelos de RPAs na agricultura, a pessoas capacitadas, e ampliou os gastos de sua utilização com licenças e certificados exigidos, dessa forma o investimento, incluindo os equipamentos necessários, fica difícil aos que possuem poucos recursos financeiros para tal.
  • 52. 50 Com limitação em termos de capacidade de carga a bordo e condições climáticas, os RPAs são classificados segundo sua categoria funcional, e podem transmitir em tempo real os dados recolhidos. No voo é necessário escolher a altitude para evitar obstáculos, em geral de até 80 metros, com angulo de distorção mínimo. Além do alcance e altitude, os drones agrícolas se dividem em Asa Fixa e Rotativa (pode ser do tipo helicóptero convencional ou multirotor) (JORGE e INAMASU, 2014, p. 112). Ilustração 11. Drone eBee de asa fixa da marca SenseFly Fonte: (SENSEFLY, 2014, p. 1). Ilustração 12. Drone Strix-Ag de asa rotativa da marca SkyDrones Fonte: (SKYDRONES, [201-?]a, p. 1). Um exemplo de drone com asa fixa é o eBee (Ilustração 11), que captura fotos de alta precisão do terreno, que podem se transformar em ortomosaicos 2D precisos e modelos 3D, cobrindo centenas de hectares/acres em um único voo. E para executar a análise é só joga-lo no ar que a programação de voo autônomo faz o resto. O modelo
  • 53. 51 possibilita a criação de um mapa de refletância da cultura, que destaca exatamente as áreas de plantação que precisam ser tratadas com maior acurácia (SENSEFLY, 2014, p. 3). Outro exemplo é o Strix-Ag (Ilustração 12), de asa rotativa, que com sensores RGB e Multiespectrais, é capaz de mapear a lavouras nas bandas azul, verde, vermelho, borda de infravermelho e infravermelho próximo. Com isso ele detecta falhas, problemas de produtividade e faz cálculos de agrimensura com fácil utilização (SKYDRONES, [201-?]a, p. 1). No tipo multirotor, há um conjunto de vantagens tecnológicas que otimizam sua performance, os principais são: diferentes sistemas de captura de imagens, voos com alta estabilidade, tamanho compacto e facilidade de operação. Mas seus motores elétricos não superam 30 minutos de operação e a capacidade de carga é de 800g a 4Kg (JORGE e INAMASU, 2014, p. 113-114). O modelo Pelicano (Ilustração 13), inédito no Brasil, permite pulverizações automatizadas, com 6 bicos pulverizadores comporta até 8 litros de produtos químicos líquidos por voo, apenas nos locais com real necessidade, sendo ideal para pequenas culturas e correções pontuais (SKYDRONES, [201-?]b, p. 1). Ilustração 13. Drone Pelicano multirotor da marca SkyDrones Fonte: (SKYDRONES, [201-?]b, p. 1) O tipo asa delta também é uma opção interessante para a área agrícola. No entanto são muito susceptíveis aos ventos fortes. Mas de uma forma geral é o que menos apresenta problemas de operação para usuários novos (JORGE e INAMASU, 2014, p. 114).